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28 agosto 2007

Prestígio

Recebi um e-mail do prof. Alexandre Alcantara sobre este blog:


Quero parabenizá-lo pelo seu Blog "Contabilidade Financeira", foi um excelente achado.

Também sou professor, leciono "Análise de Demonstrações Contábeis", e seu site será uma das indicações para nossos alunos, ex-alunos e demais colegas professores.

Colocarei um link em nosso site pessoal para divulgar seu blog.

Um forte abraço

Alexandre Alcantara


É sempre bom receber um feedback do que está sendo postado aqui. Grato, professor.

Pesquisa e Crime

O reporter Larry Rohter, do New York Times, aquele que disse o que todo mundo falava, mas não publicava, publica no NY Times de 28/08/2007 uma reportagem sobre ciência no Brasil (As Brazil Defends Its Bounty, Rules Ensnare Scientists)

O foco são os cientistas que pesquisam na Amazônia e estão sendo acusados de piratas. O caso de Marc van Roosmalen, que já descobriu 5 espécies de macacos, mas foi condenado a 16 anos de prisão em Manaus.

Os burocratas dizem que estão tentando proteger um patrimônio natural e genético. O medo da pirataria, e a reportagem cita o caso da borracha e do captopril da Squibb, são as razões alegadas.

Clique aqui para ler

Duas posições sobre a IPO: Pessimista

Na postagem anterior (aqui) uma visão otimista do mercado de IPOs. Agora uma reportagem do dia anterior, publicada no Estado de S. Paulo e no Jornal do Commercio, pessimista. Aponta uma crise no setor:

Crise internacional freia a onda de IPOs na Bovespa
Patrícia Cançado e Ricardo Grinbaum
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 27/08/2007

Os recentes tremores no mercado financeiro trouxeram uma nova preocupação para as empresas e os bancos de investimentos brasileiros. Muitos deles foram pegos no contrapé, quando se preparavam para abrir capital e vender suas ações na Bolsa de Valores. Pelas contas de Alfried Plöger, da Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), o número de estréias na Bolsa (IPOs, sigla em inglês para oferta inicial de ações) não vai mais chegar a 70, como se previa. Do início do ano até agora, já foram feitas 49 ofertas.

"Mesmo que se queira, dificilmente se conseguirá vender tantos papéis", diz Plöger. Ou, em outras palavras: "O gato subiu no telhado, nenhum banco aconselharia uma empresa a vender ações agora", diz o advogado Luiz Octavio Lopes, do escritório Mattos Filho. Para Lopes, a festa de dinheiro farto, que incentivou todo tipo de empresa a vender ações, perdeu o gás. "Está claro que é um novo mercado, os investidores provavelmente estarão mais seletivos e mais duros."

Ninguém sabe ao certo o quanto mudou o humor do mercado, mas, por via das dúvidas, as empresas estão pensando em planos alternativos. É o caso da rede de supermercados G. Barbosa, do Nordeste. Seu dono, o fundo de investimentos americano Acon, estudava duas alternativas para vender a empresa: uma oferta de ações na Bolsa ou uma negociação com alguma grande rede, como Pão de Açúcar, Wal-Mart ou Carrefour. Agora, a segunda opção ficou mais próxima.

"O IPO desacelerou.O que se questiona é se o momento é adequado para entrar na Bolsa", diz uma fonte ligada às negociações. O medo dos donos do G. Barbosa é não conseguir vender a empresa na Bolsa de Valores pelo que eles acham que ela vale, entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.

A empresa de shopping centers Aliansce, que tem como um de seus principais sócios a Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, estava fazendo seu "road show" - apresentação a investidores - no dia em que as bolsas desabaram. A Aliansce cancelou os compromissos e pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para interromper o processo. O pedido de abertura de capital foi suspenso por 60 dias. É tempo suficiente para avaliar se o mercado vai se recuperar ou não. Adiar ou cancelar um processo de abertura de capital tem seus custos - e eles podem ser ainda mais altos que se imagina. Antes da crise, havia dinheiro fácil para as empresas se prepararem para o IPO. Num ambiente feroz de competição, os bancos de investimentos vinham emprestando muito dinheiro para engordar as empresas e deixá-las mais atraentes na hora de vender ações. Esse tipo de operação é conhecida, em geral, como ponte para o IPO. Enquanto o mercado ia bem, o pagamento da dívida e das comissões dos bancos estava garantido porque era descontado do dinheiro levantado na venda de ações.

O risco dessa operação é que a ponte não leve a lugar nenhum, uma vez que não haja ambiente para abrir capital. Nesse caso, as empresas podem ter dificuldade para pagar os empréstimos e os bancos ficarem com um mico em suas carteiras. Empresas que já pegaram dinheiro emprestado para se preparar para um IPO podem ser levadas a mudar de estratégia.

No início do ano, o banco mineiro Bonsucesso e seus donos - a família Pentagna Guimarães - pegaram dois empréstimos, no valor de R$ 230 milhões, com o banco de investimentos UBS Pactual. O Bonsucesso estava às vésperas de abrir o capital quando a crise estourou. O IPO não saiu.

Segundo o Bonsucesso, o banco perdeu o prazo para a entrega de documentos à CVM. Agora, deverá fazer nova tentativa só no final de setembro ou início de outubro, "devido à crise de liquidez", diz o presidente do Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães.

A questão agora é saber se os investidores terão o mesmo apetite que antes para comprar ações do Bonsucesso e, assim, dar os recursos necessários para pagar o UBS Pactual. O Bonsucesso não é o único caso. Um dos maiores bancos de investimentos do País emprestou mais de R$ 700 milhões em um ano para viabilizar aberturas de capital. Foi um sucesso. Por enquanto.


Observe que o foco da reportagem são os bancos e as empresas. A mensagem é: esperar.

Duas posições sobre a IPO: Otimista

É interessante observar a guerra de palavras sobre o mercado das IPOs (oferta pública de ações). De um lado, uma visão otimista, de que a crise no mercado mundial não afetará os novos lançamentos. Veja a reportagem do Valor

Volume de trabalho deve seguir em alta
Valor Econômico - 28/08/2007

Além da previsão de que os negócios com abertura de capital continuarão firmes tanto no segundo semestre deste ano, quanto no ano que vem, as auditorias estão animadas com a projeção de ganhos com os serviços de pré e pós-oferta pública. Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC), Terco e BDO relataram que um número bem maior do que aquelas cerca de 50 empresas que lançaram ações na primeira metade deste ano tem procurado os serviços de auditoria e de consultoria para se estruturarem com objetivo de fazer uma oferta. Além disso, as empresas que já abriram capital continuarão a ter que publicar suas demonstrações financeiras. "Como a maioria delas entrou no Novo Mercado, elas têm outras demandas para cumprir, como a reconciliação em US-Gaap (padrão contábil americano) e com IFRS (padrão internacional), além do balanço trimestral auditado para a CVM", lembra Bruce Mescher, sócio da Deloitte.

Sobre as companhias que estão se preparando, Mescher afirmou que "a fila é grande" e que a demanda deve "continuar aquecida nos curto e médio prazos". Fábio Cajazeira, da PwC, recorda que a elaboração para a abertura de capital envolve vários serviços, como a preparação de sucessão familiar, o planejamento fiscal e o apoio para formação da estrutura de governança corporativa da companhia. Segundo Henrique Campos, da BDO Trevisan, o mercado de candidatas a abertura de capital é o que mais está crescendo. "O 'investment grade' está chegando e o caminho para a bolsa é irreversível. As empresas sabem que se ficarem paradas serão engolidas. Por isso estão se preparando para irem ao mercado", afirma.Mauro Terepins, presidente da Terco, diz que muitas delas querem ser auditadas para conseguir investimentos de fundos de participação e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Terepins, o mercado está cada vez mais dividido entre dois tipos de empresas. "Tem aquelas que são auditadas e aquelas não são e ficam fora do jogo", diz.


Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:

Ofertas esquentam mercado de auditoria
Valor Econômico - 28/08/2007

O movimento crescente de companhias em processo de abertura de capital, um filão explorado por bancos, escritórios de advocacia e consultorias, não deixou de fora as firmas de auditoria. Apesar de o "boom" provocado pela forte demanda de empresas interessadas em ir à bolsa confirmar a concentração do mercado nas mãos das chamadas "Big Four" - (...) ainda sobra trabalho para firmas menores. Todas estão de olho em honorários que variam, em média, de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por operação, de acordo com a quantidade de horas trabalhadas por oferta.As quatro grandes auditaram os balanços de 47 das 55 empresas que fizeram ofertas de ações este ano no Brasil (incluindo operações de empresas já abertas).

Essa participação equivale a 85,45%, nível superior ao que essas firmas possuem em relação ao total de companhias já abertas no país, que estava em 56% no final de 2006, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A concentração é reflexo do domínio que as quatro grandes têm do mercado internacional. Na busca de recursos, principalmente entre investidores estrangeiros (que têm comprado de 60% a 70% das ações vendidas nessas operações), é natural que as empresas queiram uma "marca" de auditoria mais conhecida. No mercado, comenta-se que haveria também uma pressão dos bancos coordenadores dos lançamentos em favor das grandes.(...) Para Sérgio Bendoraytes, sócio da firma, a questão "não é de qualidade do trabalho, mas de 'placa internacional'". "Se [o banco] não tivesse mudado, não conseguiria fazer a oferta", afirma Bendoraytes. Ele conta ainda que, antes da abertura de capital, o fato de a auditoria não ser uma Big Four foi um dos fatores que impediram que o Cruzeiro do Sul fizesse uma emissão de 10 anos no mercado internacional. Nem mesmo a associação com a firma internacional Horwath lhe garante uma participação mais expressiva nesse mercado. "Eles não querem a sétima maior [referindo-se à posição da Horwath], tem que ser uma das quatro", diz. Segundo ele, insistir em atuar nesse mercado é querer dar "murro em ponta de faca". "Não crio expectativas de participar de ofertas públicas. Cada um tem que procurar o seu nicho, o que no nosso caso são os clientes de médio porte", afirma.


O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.

Meio Ambiente e Contabilidade: O cético e o entusiasta

Artigo da Folha de São Paulo de 28/08/2007 (Setor busca forma de contabilizar projeto, por André Palhano)

Enquanto as empresas brasileiras priorizam seus projetos de responsabilidade socioambiental com uma visão de geração de valor a partir desses investimentos, um outro processo, complementar, ganha força no mundo corporativo: a busca por modelos de contabilização dos investimentos sociais, classificados como ativos intangíveis, que possam demonstrar de maneira precisa o retorno da aplicação dos recursos nesses projetos.

As companhias querem saber qual o impacto real dos seus investimentos socioambientais. E, os investidores, uma maior certeza sobre o retorno que essas decisões trarão no futuro. Essa combinação de interesses resultou na busca por instrumentos contábeis que mensurem, de modo objetivo, o efeito dos investimentos sociais.

O principal avanço nesse sentido, até agora, foi a criação dos balanços sociais, amplamente utilizados pelas grandes corporações. Esse tipo de relatório, no entanto, ainda se mostra limitado, sobretudo pelo seu caráter unicamente descritivo.

"Esses balanços são muito úteis, mas hoje a contabilidade caminha para incluir os chamados ativos intangíveis no caixa da companhia. A idéia é que, cada vez mais, seja possível contabilizar, de forma precisa, os investimentos sociais de uma empresa", afirma o matemático Josenildo Santos, pós-doutor em contabilidade pela USP (Universidade de São Paulo).

O matemático já catalogou cerca de 30 modelos criados por diferentes organizações, que utilizam técnicas contábeis para mensurar impactos e retornos de projetos socioambientais nos balanços. Embora a evolução seja aparente, Santos crê que, em apenas cinco anos, a contabilidade, em sua forma mais tradicional, poderá ser utilizada como ferramenta de complementação dos balanços sociais e ambientais. "Há algumas tentativas, mas ainda é preciso investir muito em pesquisa para haver um avanço significativo", diz.

Ceticismo

O presidente do conselho curador da Fipecafi e professor da USP, Eliseu Martins, é mais cético em relação à contabilização objetiva das ações de responsabilidade corporativa. Ele, que já foi um dos maiores entusiastas do assunto no país, diz não perceber uma tendência nesse sentido. "Não vejo nenhuma das instituições que deveriam se encarregar de promover essas evoluções dos aspectos contábeis se preocupando com isso. A Europa, que sempre foi avançada nesse assunto, também mostra um arrefecimento das atividades", conta Martins.

Para o pesquisador, já é possível contabilizar de maneira razoável as questões ambientais de uma companhia. "É só tirar do ativo total quanto dele é destinado a equipamentos e instalações para evitar problemas ambientais. Também é possível mensurar passivos relacionados ao meio ambiente, despesas e compromissos futuros", explica.

No caso dos projetos sociais, também se pode mensurar parte das ações de uma empresa, como as despesas com projetos voltados para a sociedade. O problema é justamente o retorno que esses investimentos darão num determinado prazo. "Para isso, são necessários modelos específicos, mas não há nada muito promissor ainda em vista", avalia Martins.

Rápida ou lenta, a evolução da contabilidade para uso na responsabilidade corporativa é considerada um passo natural no processo de conscientização socioambiental das companhias. "As ações relacionadas à responsabilidade se refletem, ainda que indiretamente, nos aspectos financeiros de uma empresa. Portanto, é esperado que a contabilização desses ativos seja melhorada com o passar do tempo", afirma Beat Grueninger, presidente da consultoria BSD, especializada em responsabilidade corporativa.


Contraponto interessante entre duas posições: uma favorável a novos modelos e outra mais cética, conforme o título afirma, dos novos modelos. Observe que a reportagem não tece considerações sobre o passivo ambiental.

GASB

Uma notícia antiga (29/05/2007), mas interessante:

"o Government Accounting Standards Board (GASB) promulgou novas exigências para os estados e municípios para calculou e evidenciação dos valor presente líquido das promessas de benefícios para aposentados. O GASB 45 é baseado na premissa de que os futuros benefícios dos aposentados, iguais a pensão, são essencialmente uma forma de diferir um passivo que pode ser reconhecido" (Accounting, Texas-Style, The Wall Street Journal, 29/05/2007, A14, por E J McMahon)

Em outras palavras, o órgão que regula a contabilidade pública dos Estados Unidos determinou que estados e municípios considerem no seu passivo uma estimativa dos benefícios que pretende pagar para seus funcionários públicos no futuro. Isto produz uma imagem mais real do verdadeiro passivo que os contribuintes terão que arcar no futuro.

No Brasil isto não é contabilizado.

27 agosto 2007

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Faculdades particulares

Faculdades em crise burlam leis trabalhistas Professores deixam de receber direitos como 13.º e, às vezes, são obrigados a se organizar em cooperativas
Eduardo Nunomura
O Estado de São Paulo - 26/08/2007

Patrão que atrasa salário, não deposita férias ou 13º, usa cooperativas para maquiar relações trabalhistas, substitui profissionais experientes por novatos, faz o que pode para cortar custos. A situação retrata um profissional que até poucos anos atrás ficou imune a esse problema, o professor universitário. "É um desastre", resume o secretário do ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.

Instituições privadas com dificuldades têm enfrentado as crises financeiras recentes como qualquer outra empresa. Cortam os maiores custos, no caso, os professores. Elas adotam diversas estratégias que já preocupam a Câmara do Ensino Superior, sindicatos, educadores e estudantes. "Está em curso um processo muito perigoso de terceirização, que afunda a qualidade da educação", avalia Mota. A Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP), foi condenada no mês passado a pagar R$ 500 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por contratar professores usando cooperativas. Só em São Paulo, o sindicato dos professores denunciou dez instituições pela mesma manobra. Até o sindicato patronal se preocupa. "Não sou favorável, não indico, nem aprovo, mesmo se fosse legal", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. Assim, as instituições deixam de arcar com direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º, INSS, FGTS.

Para reduzir a remuneração, algumas criam novos planos de carreira com carga horária menor. A redução chega a 50%. O docente, pressionado pelo fantasma do desemprego, aceita. Com o aumento de professores com títulos de doutor e mestre no mercado, as escolas demitem os que têm mais tempo de casa e contratam outros para começar a carreira. Pagando menos.

Laura Beluzzo de Campos Silva e Marli Warde eram docentes havia 16 e 11 anos, respectivamente, na Universidade São Marcos, instituição de 37 anos que desde 2006 mergulhou numa crise. Em junho, a escola demitiu 55 professores. Eles acusam a universidade de não depositar o FGTS nem recolher o INSS, atrasar salários. "Chegaram a propor que o professor trouxesse recursos para bolsas de pesquisa", diz Laura. O diretor de comunicação institucional da São Marcos, Julio Moreno, afirma que um terço dos demitidos está em vias de fechar acordo. Em Minas, a Escola Promove demitiu quase 800 docentes e, para não pagar os direitos, pediu falência. Em seguida, outro grupo, o Soebras, adquiriu as unidades e desconsiderou as dívidas. Com medo de ficar de mãos vazias, os professores aceitaram fazer acertos perdendo de 30% a 40% do que lhes era devido. "A partir do momento em que o governo autoriza, tem de fiscalizar os cursos", diz o presidente do sindicato mineiro, Gilson Reis. De acordo com Ronaldo Mota, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior cumprirá essa missão. "Temos todo o interesse em dificultar o recredenciamento das instituições que adotam essas práticas de precarização do trabalho docente", diz.

Banco do Brasil

A eleição do novo integrante da diretoria executiva do Banco do Brasil (BB), Luiz Alberto Maguito Vilela, gerou divergência no conselho de administração da instituição. O político goiano membro do diretório nacional do PMDB, partido da base aliada do governo, foi rejeitado pelos conselheiros representantes dos acionistas minoritários do banco. Mas a indicação teve maioria de votos, três contra dois.Bacharel em direito pela Faculdade de Anápolis, o ex-senador e ex-governador de Goiás foi indicado para assumir a vice-presidência de governo do BB, desmembramento da vice-presidência de agronegócios, criada na mesma reunião de conselho que o elegeu. Os representantes dos minoritários no conselho do BB também foram contra essa proposta. A reunião ocorreu em 13 de julho e a ata do encontro está disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).Os representantes dos minoritários do banco são indicados pela Previ, caixa de previdência dos funcionários do próprio BB. (...)

Maguito Vilela assume cargo no BB sem aval de minoritário no conselho - Valor Econômico - 27/08/2007

Não é a primeira vez que isto ocorre no BB. E provavelmente não será a última.

Controle e Presidente

Um controller pode aspirar subir na carreira tornando-se CFO (Chief Financial Officer) de sua companhia. Mas para transformar esse desejo em realidade, provavelmente, terá um longo caminho a percorrer. Isso porque precisará adquirir habilidades bem diferentes das utilizadas em sua função, como saber negociar e gerenciar pessoas, por exemplo. Esta é uma das razões, pela qual boa parte desses profissionais não está conseguindo hoje galgar o tão sonhado posto em suas empresas. É o que aponta pesquisa realizada pela Korn/Ferry International, consultoria especializada na seleção para o alto escalão, que ouviu mais de 500 mil executivos, entre os quais 1,5 mil CFOs, das 500 maiores empresas do mundo. De acordo com o estudo, quando a companhia busca dentro de casa um novo CFO, o candidato número um é o controller, representando 33% do universo entrevistado.

"Mas se as empresas 'caçam' fora, apenas 4% dos executivos contratados para a função são controllers", afirma Jorge Maluf, sócio da Korn/Ferry. A grande maioria, 58%, já ocupa em outra empresa o cargo de diretor financeiro. Ou são presidentes de empresa, 17%.A principal causa desse fenômeno é a falta de visão de negócios e habilidade de liderança dos controllers, segundo aponta o levantamento.


Prata da casa não atende ao novo perfil dos CFOs - Valor Econômico - 27/08/2007

Santa Casa e a situação dos hospitais

Reportagem do O Globo (Santa Casa sob suspeita, 27/08/2007) mostra a situação da Santa Casa e os resultados de uma auditoria realizada na instituição.

Uma auditoria de técnicos do Ministério da Saúde traça um quadro preocupante do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, no Rio, um dos maiores do país. O documento indica problemas graves, que vão da distribuição de remédios não aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) até desvios de verbas destinadas ao custeio de atendimentos de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A investigação do Ministério da Saúde deverá ser ampliada pelo Ministério Público federal. (...)

A auditoria informa que o balancete registra o recebimento de R$198,5 mil em janeiro de 2006, mas os extratos bancários só apontam a existência de R$R$171,5 mil, uma diferença de quase R$30 mil. Nos dois meses seguintes, há uma inversão dos valores. Em fevereiro, o balancete não registra recebimento de verbas do SUS. Mas o extrato bancário indica a existência R$20,5 mil. Em março, o descompasso é mais gritante: são R$335,3 mil creditados na conta do hospital, dinheiro que não aparece no balancete.


(Parece existir uma confusão entre o saldo do balancete e a movimentação dos recursos, que ocorreu durante o mês)

(...) A direção geral do hospital não controla sequer a entrada de pacientes atendidos com base no SUS ou em nas clínicas particulares. “Não existe contrato ou qualquer outro documento entre a direção do hospital e as chefias de enfermarias definindo critérios e valores a serem pagos ao hospital pelos atendimentos a particulares realizados diretamente pelas clínicas”, destacam os auditores. O hospital também não divide com as clínicas particulares despesas básicas com energia, gás, lavanderia e telefone, entre outras. Ou seja, os custos destes serviços recaem sobre o hospital, financiado em parte pelo governo federal. (...)

A auditoria relata ainda a distribuição de insumos (luvas, agulhas, soro) para procedimentos em pacientes internados. Para os auditores, o exagero provoca desperdício e facilita o desvio de material. Os auditores descobriram que o hospital “recebe lotes de medicamentos em fase de experimentação e ainda não validados pelo Ministério da Saúde”.

A edição na Wikipedia pelas empresas

O problema da edição de verbetes na Wikipedia é tema de uma reportagem interessante da Slate (Wikipedia UnmaskedA new Web site reveals the sneak attacks and ego-fluffing of your friends and co-workers, de Michael Agger, 24/08/2007)

O texto destaca os problemas enfrentados por este tipo de enciclopédia, onde a participação de qualquer pessoa é possível. Isto faz com que as empresas tenham um interesse em "manipular" seus verbetes, reduzindo os impactos negativos. O texto destaca que a Wikipedia tem sido uma fonte importante de consultas na internet, o que torna um incentivo a edição "oficial".

A comparação da página original da Exxon sobre o episódio do Alasca e a edição realizada por se encontrada aqui. É muito interessante notar que no texto original, por exemplo, comentava dos danos causados ao meio ambiente e na edição realizada por alguém (supostamente da empresa) apareça a palavra "alegado".

Links

1. Os resultados dos fundos Hedge sugere que, apesar das diferenças, a estratégia é comum

2. O preço de fumar

3. Google - Uma visão do espaço

A história se repete?

O blog do Wall Street Journal apresenta uma comparação interessante entre os Estados Unidos de 1887 e a China em 2007. No final do século XIX os Estados Unidos era o paraíso da pirataria e escândalos de alimentos, conforme observa Stephen Mihm. Na época os Estados Unidos imprimiam livros sem permissão ou pagamento, inclusive de autores como Charles Dickens.

Existe um atrativo na idéia de que a história se repete. Mas as diferenças entre a China de 2007 e os Estados Unidos de 1887 são significativas. Mas a comparação, segundo o blog, pode ser interessante por indicar o caminho que deve percorrer um país para alcançar o desenvolvimento. Isto inclui novas tecnologias, expansão do mercado, empreendedores, expansão das cidades etc.

26 agosto 2007

Documentação contábil

Da coluna de Dora Kramer, Estado de S Paulo, 25 de agosto, A6 ou aqui

Central de produções

O contador José Appel, que acompanhou o presidente do Senado, Renan Calheiros, no depoimento aos três relatores de seu processo no Conselho de Ética, não é um contador qualquer. É dono de escritório bastante conhecido em Brasília, especializado na prestação de serviços de documentação contábil. Appel entrou na história em junho, logo depois de o senador Calheiros ter dito que não possuía comprovantes dos pagamentos feitos à jornalista Mônica Veloso a título de pensão alimentícia da filha e de, no dia seguinte, seu advogado, Eduardo Ferrão, ter entregado um maço de extratos ao Senado para, segundo ele, comprovar as transações.


O que seria "prestação de serviços de documentação contábil"?

25 agosto 2007

R$1,99 ou R$2,00?

Existem muitas teorias sobre a origem de lojas que vendem produtos a R$1,99 (ou 2,99 etc) em lugar do número exato R$2,00. Uma delas diz que o cliente tem a tendência a guardar o primeiro número, fazendo um arredondamento inapropriado. Deste modo, o R$1,99 passaria a ser "aproximadamente" R$1,00.

Agora li uma nova teoria para esta situação. Nos "caixas" antigos toda vez que era registrada uma venda tocava uma campainha que anunciava o registro da venda e a abertura da gaveta. Para o dono do estabelecimento o problema era que seus funcionários as vezes não registravam a venda e embolsavam o dinheiro. Em certas situações o dono estava muito distraído para perceber que era enganado pelo funcionário. Assim, se o cliente compra um produto por R$2,00, o funcionário não registrava e ficava com o dinheiro.

Ao colocar o preço como sendo R$1,99, o cliente passou a ajudar o dono do negócio a fiscalizar o seu funcionário, pelo módico custo de 1 centavo. O cliente espera o seu troco e o funcionário precisa registrar a venda para abrir a gaveta do caixa e assim campainha toca, indicando ao dono que mais uma venda foi registrada.

Recentemente estava escrevendo um capítulo de um livro, Contabilidade Geral e de Custos, que está sendo usado por mais de 5 mil alunos do curso de administração da Universidade Aberta (este livro foi produzido eletronicamente, em PDF). Fiz um capítulo de Caixa. Neste capítulo pensei em iniciar contando a história do "caixa" registradora, que é muito interessante. Esta pequena história da razão do R$1,99 só conheci agora, na leitura do livro The Armchair Economist, de Steve Landsburg. Uma pena.

24 agosto 2007

Rir é o melhor remédio


Em tempos de depoimentos de políticos em CPIs, o cartum mostra como identificar se Gonzalez estão mentindo ou não.

Um novo nome para ...

Notícia do Estadão (aqui) (grifo meu)

A revista Playboy mudou os planos e adiou a publicação do ensaio com a jornalista Mônica Veloso para a edição de outubro. Em reunião realizada no início da noite desta quarta-feira, 22, jornalistas optaram pela modelo e atriz Bárbara Paz na capa de setembro. O motivo foi o pouco tempo disponível para editar as fotos de Mônica até esta sexta-feira, 24, dia de fechamento da publicação.

Mônica Veloso é mãe de uma filha de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado que sofre com acusações de ter suas contas pagas por lobistas. A jornalista, de 39 anos, posou para o fotógrafo J.R. Duran no Rio de Janeiro, porque não "se sentiria bem" se o cenário fosse Brasília.


Um novo nome para Photoshop?

As grandes capas

Uma seleção de grandes capas de revistas. Em primeiro lugar, uma capa famosa de Lennon e esposa para Rolling Stone de 1981:



Em segundo, Demi Moore:



Mais capas? Clique aqui

Fixação de preço do arroz

O jornal El País talvez tenha sido o primeiro a anunciar a compra da empresa uruguaia Saman pelo grupo Camil (vide aqui, postagem). Agora uma nova reportagem discute a manutenção dos preços de arroz

Grupo brasileño que compró arrocera Saman mantiene sistema para fijar precios
El País - 22/0/2007

El grupo brasileño que compró Saman se comprometió a no tocar por dos años el sistema de fijación de precios con los productores. En el Ministerio de Ganadería se considera que la llegada de un jugador tan grande "es un riesgo" a asumir.

Luciano Quartiero, director financiero de Camil Alimentos, dijo a El País -vía telefónica desde sus oficinas en San Pablo- que las negociaciones con los accionistas de Saman "están bien avanzadas" y que la auditoría "comenzó esta semana". Se excusó de dar más detalles sobre la operación, porque las partes suscribieron un compromiso de confidencialidad.

(...) Los funcionarios dijeron, sin embargo, que es muy posible que este riesgo no se cumpla. Pusieron como ejemplo el caso de la gigante brasileña Ambev en el mercado de la cebada donde concentra todo el mercado. "Allí se han hecho las cosas bien y hay un interés de ellos porque siga creciendo la producción. Se nota en la expansión del área sembrada", dijeron en Ganadería. Para el equipo del ministro José Mujica la existencia de un sistema tan estable entre molinos y productores serviría de contrapeso a un cambio de política de parte de los inversores brasileños.

Contabilidade fictícia

Apesar de não gostar de postar temas políticos, esta reportagem da Folha de 23/08/2007 sobre as fazendas de Renan é muito sugestiva.

Fazendas de Renan têm contabilidade fictícia, afirma PF
Folha de São Paulo - 23/08/2007

Segundo perícia, maior lacuna não é valor de venda do gado, mas falta de recibos que provam despesas de custeio nas propriedades

Um dos problemas é sobre a mão-de-obra nas fazendas do senador: desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006

SILVIO NAVARRO - FERNANDA KRAKOVICS - ANDREA MICHAEL

Com um rebanho que se multiplicou ao longo dos últimos anos, mas sem registros de despesas para manter a criação de gado nas fazendas, a contabilidade rural do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "implica em resultado fictício", segundo os peritos da Polícia Federal.

Segundo o laudo da PF, a principal lacuna na atividade rural declarada pelo senador não é o valor de venda do gado mas a ausência de recibos que provam despesas de custeio nas fazendas. Além disso, essa falta de registros gerou distorções em sua evolução patrimonial.

A conclusão consta de um estudo que a PF redigiu para subsidiar as respostas às 30 perguntas feitas pelo Conselho de Ética e que acompanha o laudo entregue anteontem. Ao responder especificamente aos questionamentos, os peritos não são tão taxativos.

Mas, na análise dos livros-caixa das fazendas, eles dizem: "A ausência de registros de despesas de custeio, sob o aspecto da disponibilidade de recursos como justificativa patrimonial, implica resultado fictício da atividade rural, que se reflete na evolução patrimonial".

O exame do custeio das fazendas detalha gastos com vacinação, medicamentos, compra de sal, de animais, pagamento de funcionários, arrendamento de pasto e impostos.

Nesse ponto, aparece uma série de lacunas. Por exemplo, desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006 (R$ 31.349,12). Ou seja, nos anos anteriores, não saiu nenhum centavo do caixa para pagar mão-de-obra.

Outros exemplos são a falta de comprovantes de pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural) anteriores a 2006 e a ausência de gasto para comprar sal para o gado em 2004. Não foi encontrado recibo de pagamento de uso de pasto em 2002, quando Renan criava gado a título de "condômino".

Foram detectados problemas no estoque de bois, constatados no cruzamento das declarações de vacinação com o tamanho do rebanho declarado no Imposto de Renda. Em 2004, por exemplo, "surgiram" cem animais machos embora não haja registro de compra nem de nascimentos.

Especialistas consultados pela Folha ironizaram o sucesso pecuário de Renan. "Ele é um mágico. Por que será que o boi do Renan é diferente? O custo da produção no Brasil, hoje, é maior do que o da comercialização, há prejuízo na pecuária de corte", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).

Nas fazendas de Renan, entretanto, só houve lucro. Uma tabela elaborada pelos peritos mostra o que o percentual de lucratividade anual foi alto: 2002 (82,77%), 2003 (85,79%) e 2006 (80,47%). Em 2004 e 2005 girou em torno de 50%.

A PF também descobriu problemas nas transações de venda. A nota fiscal número 0001 discrimina a venda de 45 bois para José Leocádio de Souza no dia 11 de novembro de 2003. Mas, em agosto deste ano, o suposto comprador negou: "Em tempo algum mantive qualquer transação direta de aquisição de gado com o senador".

A defesa do senador alegou que, no caso dos empregados, eles estavam registrados em nome do espólio do pai de Renan. Sobre demais despesas, disse que as declarações de IR só consideraram aquelas efetivamente pagas.

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator aliado de Renan, afirmou que o fato de o preço do gado vendido estar de acordo com a média do mercado alagoano "prova que Renan não tinha gado de ouro".

Um novo modelo de gestão pública?

Uma longa entrevista no Valor Econômico de 24/08/2007 (Susto na elite e na periferia), João Sayad apresenta algumas idéias interessantes para a gestão da área pública. Atualmente, Sayad é secretário da Cultura de São Paulo e tem um orçamento de 250 milhões de reais anuais.

Segundo o jornal,

Organizações sociais (OSs) são entidades privadas sem fins lucrativos a quem a secretaria atribuiu por contrato a execução das políticas culturais de responsabilidade do governo estadual. Sayad está satisfeito com a parceria, que pretende manter e aperfeiçoar. É sobre a importância das OSs que o secretário prefere falar.

O próprio Sayad define OS como

São organizações sem fins lucrativos que podem prestar serviços ao governo em áreas que não são típicas do governo. Por exemplo, a administração dos teatros na área da cultura e dos hospitais na área da saúde. É como se o governo estivesse comprando o serviço. Essa forma de organização dá muita flexibilidade ao governo. Nosso projeto é adaptar a secretaria para ser composta só por gestores - administração, contabilidade, finanças - e por gente envolvida em cada uma das expressões artísticas. Nós estaremos só encomendando, acompanhando, avaliando e cobrando. A secretaria chegou a ter 2 mil funcionários. Hoje tem menos de 200. A equipe precisa ser incentivada e remontada com gente de excelente nível.


A seguir, discute-se o exemplo da compra de um piano:


Valor: Por exemplo, comprar um piano?
Sayad: Tem que abrir licitação.
Valor: E acaba comprando o pior piano pelo preço mais barato.
Sayad: A OS faz compras mediante edital simples. Mas o piano tem um problema especial. O governo tem que comprar um piano nacional, por causa da lei de similar nacional, e pianos nacionais nem sempre satisfazem alguns corpos musicais.
Valor:As organizações sociais funcionam?
Sayad:Funcionam bem. Mas para funcionar muito bem precisam de duas coisas importantes. Em princípio, a OS tem objetivos comuns aos do governo. Quer promover a inclusão social na periferia ou o ensino de música. Mas houve empreguismo político, pressões políticas ilegítimas que já foram corrigidas. Para funcionar muito bem, a OS precisa ter um conselho de administração muito zeloso, extremamente preocupado com a boa administração de suas atividades. Esse conselho de administração seria o fiscalizador. As OSs foram criadas há muito pouco tempo, não mais de três anos. Os quadros de administradores não são necessariamente adequados. Estamos trabalhando para que se profissionalizem, não dependam unicamente do governo. Em palestra recente, falei que as OSs são uma espécie de banco central independente, no sentido de que realizam tarefas definidas em contrato sem depender da vontade ou do gosto dos governantes da época.

Valor Justo

Um artigo do Financial Times de 24/08/2007 discute o problema do valor justo. Um ponto interessante apresentado pelos autores é a existência de uma certa "incoerência" conceitual: quando existe uma bolha no mercado, os números contábeis também serão afetados por esta bolha. Isto pode fazer com que uma empresa apresente números melhores do que são efetivamente. A seguir, o texto completo:

Pursuit of convergence is coming at too high a cost.
By STELLA FEARNLEY and SHYAM SUNDER - Financial Times - London Ed1, Page 19

There are a variety of problems behind the present market turmoil - chiefly reckless lending and inaccurate credit ratings of securitised debt. But one has so far had little attention - the role played by so-called "fair" value accounting.

The gold standard in financial reporting has long been "lower of cost or market", meaning an asset is on the books at either its purchase cost or its current valuation - whichever was lower. This conservativsm counterbalances the inherent tendency of managers to overstate performance by preventing them from reporting profits before cash is in hand.

But this year, US firms have been encouraged to adopt early SFAS 157 and SFAS 159, new accounting standards. Under these rules, financial instruments (including mortgage-backed securities) are stated on balance sheets at their "fair" values, which are taken from markets where possible, or for more complex securities are estimated from valuation models.

The problem is that this assumes markets have good information from inputs such as financial reports and credit ratings. But there is a circularity built in: if credit raters and investors get their information from accounting numbers, which are themselves based on prices inflated by a market bubble, the accounting numbers support the bubble.

So instead of informing markets through prudent valuation and controlling management excess, "fair" values feed the prices back to the market. For example, a drop in the market value of the borrowings of a troubled company is reported as an increase in its income because the reduced liability flows through the income statement, thus obscuring the problem.

Investment banks, early adopters of SFAS 157, have shown improved performance from the changeover. JP Morgan Chase reported that SFAS 157 increased its first-quarter earnings by Dollars 391m (Pounds 196m, Euros 289m) - 8.2 per cent of its earnings - and Goldman Sachs reported an even larger increase of Dollars 500m - 11.5 per cent of net income. Share prices rose despite the incipient problems in mortgage-backed securities.

There were warnings. In 2006 the US Federal Reserve warned that fair value accounting could make an insolvent company look solvent. The UK's Financial Services Authority expressed concerns this year that fair value might not fully represent the economic reality of a business. Four months after some banks reported high first-quarter profits using fair value accounting, the Fed has cut interest rates to stabilise markets and keep some highly leveraged investment banks and hedge funds afloat.

The "fair" value accounting edifice is built on sand. Some banks sold subprime loans to reduce risk exposure but reacquired the risk by lending to parties holding the overvalued instruments. Bank directors certified their balance sheets. Did they ask the awkward questions about the real risk, credit controls and security in their loan books? Did the buyers of these derivatives, who packaged them up and sold them on, know how dodgy they were? Someone knew.

This is the second time in seven years that widespread problems have arisen in US accounting, securities' ratings and governance. Despite the onerous and costly requirements of Sarbanes-Oxley, and stringent audit controls, the system was unable to fix something as basic as the existence and collectibility of loans.

Meanwhile, US and international accounting standard setters are pressing ahead with a global framework which would embed this aggressive accounting. They seek one global system, however defective. They want verifiability, via a market price or a management estimate, rather than reliability of the underlying substance.

Warren Buffett has warned that mark-to-market accounting turns to mark-to-model in illiquid markets and risks becoming "mark-to-myth". Auditors sign off that accounts comply with the accounting standards. What use is that to investors when it means complying with a bubble-blowing accounting model? The pursuit of convergence in accounting standards needs a radical rethink if this is what it leads to.

Most losses from the subprime debacle may fall to knowledgeable investors but our savings and pensions will not escape entirely.

Stella Fearnley will shortly be Professor of Accounting at Bournemouth University. Shyam Sunder is J. L. Frank Professor of Accounting, Economics and Finance at Yale School of Management.

23 agosto 2007

Rir é o melhor remédio



A eterna diferença entre o homem e a mulher. No espelho. Fonte, aqui

Custo Operacional

Quando compramos certos produtos, como uma casa ou um carro, nós consideramos geralmente somente o preço de compra, esquecendo do custo operacional. Manutenção, reparos e melhorias podem ser significativos em certas situações. E geralmente descobrimos isto após a compra.

Este erro também tem sido cometido por empresas, quando adquirem uma máquina ou equipamento. E por milionários, como mostra o WSJ Blog (aqui). Segundo este blog, o custo operacional de um barco é cerca de 10% do valor da aquisição. Então, um iate de 150 pés que custa 24 milhões de dólares terá um custo operacional de cerca de 2,5 milhões por ano.

Para mansões, o cálculo é mais complicado pois depende das suas características e do número de empregados. De acordo com uma revista de milionários, para manter uma mansão de 3 mil a 5 mil pés quadrados, que a revista chama de "pequena", o custo é de 100 mil dólares por ano. Já uma mansão média (entre 5 mil a 10 mil pés quadrados), o custo é maior: 650 mil dólares. Uma grande mansão pode ter um custo de 1,5 milhão por ano.

Um sortudo que ganha na loteria esportiva comete um erro em comprar uma mansão. O custo operacional anual pode acabar com a riqueza.

Em termos contábeis, é como uma empresa que investe seu capital (patrimônio líquido) num ativo (mansão), mas sem condição de gerar receita e lucro. A médio e longo prazo será necessário desfazer do ativo.

Links

1. Efeito J.K. Rowling - Dez por cento dos britânicos aspiram ser escritores

2. Google lança o Google Earth 4.2, que permite explorar o espaço

3. Uma proposta de melhorar as agências de ratings

4. Comida com baixo colesterol

5. Aproveitando a postagem sobre os heróis e a rede de relacionamentos, este link aqui apresenta um mapa da produção, por país. É interessante notar a rede de relacionamento entre os setores da economia existente no Brasil.

Super-herois e relacionamento

A estatística possui uma série de ferramentas que permite estabelecer relacionamentos entre indivíduos. Estas técnicas permitem, por exemplo, relacionar a composição de um conselho de administração de uma empresa com o de outra entidade.

O relacionamento social é, muitas vezes, parte importante da explicação de vínculos entre empresas. Seu estudo pode ser interessante para a contabilidade financeira.

Um estudo mais interessante (aqui) denominado How to become a superhero analisou a rede de colaboração no Universo Marvel dos comics books. Usando uma binary network, o autor analisou a ligação entre os personagens e o grau de correlação existente. O autor usou também outras técnicas para definir as comunidades dos heróis.

A figura abaixo apresenta parte da pesquisa do autor. SM é o Homem Aranha, T = A Coisa, B = Beast, CA = Capitão América, N = Princípe Namor e H = Hulk

E tem gente que acha que quadrinhos não é algo sério.

Pequena e grande amostra

Um dos conceitos básicos de finanças é a existência de uma relação entre risco e retorno. Em outras palavras, quanto maior o risco, maior o retorno. É algo básico e fundamental no arcabouço teórico.

Entretanto, é necessário saber se esta relação básica ocorre na prática. Um estudo interessante, publicado em julho de 2007 (aqui, link. É necessário ser assinante) no Jornaul of Financial Economics mostra algo interessante (The risk return tradeoff in the long run: 1836–2003; Christian Lundblada, University of North Carolina)


Estudos anteriores encontraram tipicamente insignificância estatística entre o prêmio pelo risco do mercado e sua volatilidade esperada. Mais ainda, muitos destes estudos estimaram um tradeoff negativo entre risco e retorno, contrário as previsões da teoria. Usando simulações, eu demonstrei que mesmo cem anos de dados constitui uma pequena amostra.


Neste link alguns comentários críticos do artigo.

Normas Norte-americanas e normas internacionais

É sabido que os Estados Unidos estão caminhando na direção de adotar as normas internacionais de contabilidade do Iasb. Entretanto, esta opção traz resistências e questionamentos, como qualquer tipo de mudança.

Um documento da SEC (aqui, em PDF) traz uma listagem de questões interessantes relacionadas com a adoção das normas internacionais. Existiria uma preocupação com a rapidez com que o processo de convergência está ocorrendo? (aqui, para ler mais)

22 agosto 2007

Rir é o melhor remédio

Uma experiência interessante


A revista Piauí (uma das melhores revistas brasileiras da atualidade) de julho publicou uma reportagem traduzida do Washigton Post. Muito interessante. Trata-se de um experimento do jornal norte-americano que colocou para tocar numa estação do metrô de Washington um dos mais destacados violinistas do mundo, Joshua Bell. Durante quase uma hora Bell tocou com um violino Stradivarius peças que geralmente apresenta em concertos e o jornal filmou a reação das pessoas (clique aqui para o link onde tem os vídeos. Vale a pena).

Poucos transeuntes pararam para escutar o violinista. Em geral as crianças viravam a cabeça na tentativa de absorver a música, mas eram contidas por suas mães. Um adulto parou para escutar e ficou durante muito tempo encostado numa pilastra. Mais tarde, quando perguntado pela reportagem, este adulto lembrou da experiência, embora não sabia quem era o violinista. E somente uma mulher reconheceu o violinista.

A experiência também colocou um boné para recolher doações. Ao final do concerto, Bell recebeu 32 dólares. Muito pouco para quem faz apresentações com ingressos a mais de 100 dólares.

Apesar de longa a reportagem, a sua leitura é agradável. Clique aqui para ler.

Gini


O Coeficiente de Gini mede o grau de desigualdade de uma nação. Quanto mais próximo de um, maior a desigualdade social na distribuição de renda. O Brasil possui um coeficiente próximo a 0,6, um dos mais elevados do mundo.

A notícia é que na Venezuela o coeficiente tem aumentado, apesar das "políticas sociais" do governo Chavez. Na foto, Caracas.

Celular não aumenta o risco no trânsito

Contra todas as evidências, uma pesquisa revela que o uso do celular no trânsito não aumenta o número de batidas. É isto mesmo.

Usando uma série histórica, dois estudantes de graduação não notaram nenhuma diferença no uso do celular.

Clique aqui, aqui e aqui

Links

1) Norte-americanos gastam mil dólares nas férias de verão

2) Empresa brasileira Camil compra empresa do Uruguai de arroz - Notícia do El País

3) O nome Páginas Amarelas vale 320 milhões

Banco do Brasil e seus patrocínios

Senador pede auditoria em patrocínios do BB
Rosa Costa Gustavo Freire
O Estado de São Paulo - 22/08/2007

Mantida em sigilo mesmo quando estava sendo investigada pela CPI dos Correios, a lista de beneficiados pelo patrocínio do Banco do Brasil mostra que nem de longe atende ao "compromisso social para preservação dos valores da cultura nacional", como determinam as diretrizes do governo para a área de publicidade. Ao contrário, revela interesses tipicamente partidários ou privados. A conclusão é do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que decidiu pedir auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) nos patrocínios do BB e apresentar projeto de lei definindo como as entidades estatais devem distribuir recursos para essa finalidade.

Entre os casos apontados por Dias está a destinação de R$ 500 mil ao 8º Congresso Nacional da CUT e de R$ 1,52 milhão para o Minas Tênis Clube de Belo Horizonte custear placas de sinalização da sede, ingressos para o jogo de futebol Brasil e Argentina, torneio interno de futebol society e uma festa de Natal.

Os dois casos são de 2003. Na época, a DNA do publicitário Marcos Valério - tido como um dos mentores do esquema do mensalão - era uma das agências que atendia ao BB. O banco patrocinou ainda com R$ 2,5 milhões organizações-não governamentais que participaram das reuniões do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.

(...) Numa relação sob o título "suspeitos e irregulares", feita pelos técnicos do Senado, estão vários casos de doação de R$ 10 mil. Esse valor foi destinado, por exemplo, à posse do prefeito peemedebista da cidade de Saquerema, ao aniversário do município de Joanópolis, às despesas de fax do Sindicato Rural de Xinguara, no Pará, à ONG Brasil-Cuba no Século 21, ao pagamento da festa de fim de ano dos funcionários da FB Projetos e ao pagamento da confraternização dos funcionários dos Supermercados Já Serve.

Saiu igualmente do banco estatal os R$ 19,5 milhões que custearam os brindes distribuídos pela DNA de Marcos Valério. O BB também patrocinou com R$ 733 mil a festa de Natal dos empregados da BBTur Viagens e Turismo. Sobrou até patrocínio, de R$ 4.780, para os "servidores do TCU que analisam as contas do BB". O dinheiro foi usado nas comemorações da festa junina e na semana do servidor do tribunal. (...)


E o acionista minoritário?

Concentração pode mudar o ISE

O processo de seleção para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa deve sofrer mudanças para incluir apenas as melhores empresas de cada setor da economia. É o que defende o professor Rubens Mazon, coordenador do projeto de criação do índice. A modificação, segundo ele, permitiria pulverizar a composição da carteira. "É preciso incentivar a concorrência entre empresas do mesmo setor", diz.

Criado em dezembro de 2005 para reunir companhias comprometidas com boas práticas socioambientais, o ISE é composto hoje por 43 ações de 34 empresas. No entanto, devido ao critério de ponderação, leva em conta o valor de mercado e a liquidez dos papéis, 40% da oscilação do índice depende do comportamento das ações de bancos. Além disso, só as ações da Petrobras respondem por 1/4 do peso do índice.

Mazon defende um modelo mais parecido com o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), índice da Bolsa de Nova York que lista apenas as empresas que se destacam mundialmente em suas áreas de atuação.

Criador do ISE defende benchmarks setoriais - 21/08/2007 - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4 - Aluísio Alves

Mas será que a amostra é representativa? E o fato de selecionar "setores" não induziria o comportamento futuro do índice?

21 agosto 2007

Rir é o melhor remédio


Humor negro: túmulo do Steve Job´s. (Eu fico imaginando o túmulo do Bill Gates)

Sox e o custo

A certificação à Sox era necessária, mas os custos de sua adaptação precisam ser bem avaliados. Para algumas empresas tiveram preço elevado, avalia Lucas. Como exemplo ele cita o caso da General Eletric. "A GE gastou cerca de US$ 32 milhões para certificar-se. É um mau sinal. Ela poderia gastar esses recursos para investir mais seus negócios", afirmou Lucas.

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4 - Luciano Feltrin - Cresce o interesse das companhias em adaptar-se à Sox - 20/08/2007

BDO: nova Andersen?

Desde que foi condenada pela justiça de Miami a pagar uma indenização ao Banco Espírito Santo, a BDO Seidman corre o risco de fechar. Esta empresa de auditoria é a quinta maior do mundo e no Brasil é representada pela Trevisan.

Uma reportagem da Gaceta de los Negocios faz um resumo do dilema desta empresa:

El fantasma de Arthur Andersen se cierne sobre BDO Seidman
Gaceta de los Negocios - 21/08/2007

La firma es condenada a pagar una indemnización que es incapaz de afrontar
E. Úriz

El mundo de la auditoría sigue aún conmocionado por la desaparición de Arthur Andersen —en 2002, a raíz del caso Enron —, cuando una nueva firma ve peligrar su futuro, BDO Seidman. El miembro norteamericano de BDO International ha sido condenado por un juzgado de Miami a pagar 387,3 millones de euros —126,2 millones en concepto de compensación y 261,1 millones de indemnización punitiva por daños y perjuicios— al banco portugués Espirito Santo por no haber detectado las irregularidades que llevaron a la quiebra de la empresa de factoring E.S. Bankest en 2003. La cifra está por encima de las posibilidades del grupo.

El presidente, Jack Weisbaum, ha reconocido que, si no lograsen revertir la sentencia, la firma “no podría hacer frente al pago de la indemnización puntiva” y que podría verse obligada a reducir su plantilla —que ahora cuenta con 3.800 profesionales—. Los 387,3 millones de euros que se le solicitan suponen el 88,5% de sus ingresos en 2006 (437,3 millones de euros) y equivalen a sus beneficios acumulados de tres ejercicios.

Además, Weisbaum ha manifestado su preocupación por la mala imagen que les crearía el fallo. “Desde luego no tendríamos la apariencia que tenemos ahora”, ha declarado Weisbaum, que teme una depreciación de la marca BDO en todo el mundo y una pérdida de clientela.

De momento, BDO Seidman sólo puede apelar la decisión y esperar el nuevo fallo. Para ello, deberá aportar una fianza de más de 37 millones de euros, tal y como requiere la ley estatal. “Tenemos un seguro para cubrir esto, pero no puedo hablar de cuál es el montante del seguro”, ha señalado Weisbaum.

Esta vez, la defensa de BDO Seidman será un ataque contra Espirito Santo, al que acusará de haber sido consciente del fraude —tenía cuatro ejecutivos en la junta directiva de Bankest— y, por tanto, cómplice.

El fin de E.S. Bankest

Espirito Santo y Bankest Capital se unieron en 1998 para constituir E.S. Bankest, una sociedad dedicada a comprar facturas de otras compañías.

BDO Seidman no reflejó ninguna anomalía en sus auditorías. Espirito Santo asegura que esa aparente salud financiera de E.S. Bankest le llevó a conceder a la compañía un préstamo de 104 millones de euros y una línea de crédito de más de 22 millones de euros.

Al menos nueve directivos de E.S. Bankest participaron en los hechos. Su entonces presidente ha sido condenado a 20 años de prisión.

El nuevo veredicto determinará el destino de BDO.

Siemens investigada em Liechtenstein

Segundo a Panorama Brasil (Filial da Siemens está sendo investigada em Liechtenstein por lavagem de dinheiro, Rodrigo Lima, 20/08/2007) a Siemens está sendo investigada por transferir dinheiro, entre 1997 e 1999 para pagamentos de subornos na China, Índia e Indonésia. Além disto, a empresa responsável pela auditoria interna da Siemens relativo aos subornos concluiu que metade dos negócios na China são afetados pela corrupção.

Custo Perdido e a Guerra

Novamente o conceito mais difícil da contabilidade, na minha opinião, é objeto de discussão. Novamente, a questão do custo perdido e a guerra:

"Nossa falta de habilidade em pensar claramente sobre o custo perdido está impedindo nossa habilidade de fazer decisões claras sobre nosso envolvimento no Iraque."


Leia mais aqui e aqui

Economia e Rock

Mais pesquisas no rastro do Freakonomics. Um Discussion Paper (aqui, em PDF) da University of Calgary, de Robert Oxoby, usou o grupo de rock AC/DC. Este grupo vendeu mais de 160 milhões de cópias, o que o torna um dos grupos de maiores sucessos na história do rock.

A questão relevante da pesquisa é comparar os dois vocalistas da banda: Bon Scott e Brian Johnson. O primeiro, foi vocalista até 1980; o segundo, a partir desta data.

A pesquisa conclui que escutando música com Johnson, as pessoas produzem melhores "resultados", o que leva o paper a concluir que Johnson é melhor vocalista que Scott.

Clique aqui e aqui para breves comentários de dois blogs sobre esta pesquisa. Aqui, outro comentário informando que a pesquisa é uma piada.

Blu-ray x HD DVD

A decisão da Paramount, da Viacom e da DreamWorks de abandonar o formato Blu-ray e lançar videos de alta resolução em HD-DVD (vide Guerra de padrões de DVD pode demorar, 21/08/2007, Sarah McBride, The Wall Street Journal) prolonga a guerra para saber quem irá substituir o DVD.

Segundo o WS Journal, será necessário mais duas temporadas de fim de ano para saber quem vencerá a batalha.

Os estúdios obtiveram incentivos financeiros, não revelados, pelos compromissos de exclusividade no lançamento de filmes em HD DVD.

O fator decisivo "não foram os incentivos, mas o fato de que (os representantes do HD DVD) estão fazendo sua parte para tornar essa plataforma altamente atraente e bastante acessível", diz Jeffrey Katzenberg, diretor-presidente da DreamWorks.


A seguir uma tabela com a escolha de cada estúdio:

Blu Ray
Columbia Pictures/MGM
Disney
Fox
Lionsgate

HD DVD
Dreamworks
First Look Studios
Paramount
Pornográfico (exceto Vivid)
Universal Studios
The Weinstein Company/Dimension

Ambos
HBO
Image Entertainment
Magnolia Pictures
New Line Cinema
Studio Canal
Warner Bros.

Fonte: Aqui

20 agosto 2007

Convite

Rir é o melhor remédio


Os candidatos republicanos na corrida presidencial, mas ninguém quer tirar foto com o Bush. Fonte: aqui

Empresas antigas, novos problemas.

O mercado de máquinas industriais antigas é estimado em 150 bilhões por ano. Fábricas ineficientes são transferidas para os países em desenvolvimento, com impacto no mercado global de emissão de carbono. Uma suposição de alguns economistas e ambientalistas é que os países em desenvolvimento podem adotar as novas tecnologias, menos poluidoras, que foram criadas e aperfeiçoadas nos países ricos. Entretanto, a transferência de fábricas antigas pode ser uma exceção ou uma regra perigosa a esta suposição.

Fonte: WSJ Blog

Desempenho dos executivos

Sobre a notícia do NYTimes (aqui) onde se comprova a relação entre destaque dos executivos na imprensa e redução na qualidade do desempenho das empresas, Barry Ritholtz (aqui) destaca um ponto interessante: há uma confusão entre correlação e causação. O fato de uma coisa ocorrer próxima a outra não significa que uma causou a outra.

A importação de executivos

Um artigo na Slate (aqui) (Your Poor, Your Business ExecutivesWhy are big American companies hiring foreign-born CEOs? de Daniel Gross) destaca a grande quantidade de executivos estrangeiros em empresas norte-americanas. O artigo chega a citar nominalmente Alain Belda, da Alcoa, marroquino que foi educado no Brasil e fez carreira na Alcoa brasileira.

Uma razão óbvia para isto é o fato das empresas serem companhias globais. Uma pesquisa entre as empresas do SP500 (índice que reflete o desempenho das maiores ações negociadas na bolsa de Nova Iorque) encontrou que 44,2% das vendas ocorrem fora dos Estados Unidos. Como este mercado está cada vez mais saturado, um executivo estrangeiro passa a ter vantagem por sua visão global.

"Apesar da globalização, os norte-americanos (e o mundo, em geral) continuam a acreditar que os Estados Unidos são donos do monopólio da eficiência administrativa das corporações globais."

Dell


Conforme notícias da imprensa econômica, a Dell deverá republicar suas demonstrações nos períodos de 2003 a 2007 (clique aqui para ler). Entretanto os valores envolvidos aparentemente são pouco expressivos e o mercado reagiu de forma positiva (vide gráfico).

Uma pergunta importante que se deve fazer neste momento: sabendo que as mudanças são proporcionalmente reduzidas, qual(quais) a(s) razão(ões) para republicar as demonstrações de uma empresa?

Jack Ciesielski, do AAO Weblog lembra que uma pequena alteração na receita pode ter um efeito significativo no lucro da empresa em razão da alavancagem (financeira e/ou operacional). Esta já seria um bom motivo para responder afirmativamente a questão.

Uma outra questão importante é o nível de envolvimento dos executivos. Em especial, do fundador da empresa, Michael Dell. Um artigo da Reuters, Dell founder in spotlight after accounting audit, de Philipp Gollner, apresenta esta questão. Dell deixou de ser CEO da empresa em 2004, mas continuou como Chairman of the Board da empresa. Em 2007 Michael Dell volta ao comando da empresa. O envolvimento do principal executivo da empresa e seu fundador é relevante, conforme observa no artigo da Reuters. "Do ponto de vista do investidor, o risco que Michael Dell está envolvido é um dos mais importantes riscos", diz Clay Summer, uma analista. Outro analista (aqui)considera que o envolvimento da administração não pode ser considerada como irrelevante neste caso.

19 agosto 2007

Uma foto bonita



Fonte: Maciek Duczynski
Canon EOS 5D

Desempenho de executivos e destaque na imprensa

O NY Times de 18/08/2007 pergunta a razão pela qual um executivo que é destaque na imprensa perde desempenho após as notícias. Uma explicação da reportagem é que o executivo distrai com a "glória". Entretanto, uma explicação mais plausível é uma coisa chamada "reversão a média".

18 agosto 2007

Mapas


O mapa, do Wall Street Journal, mostra a crise no mercado de capitais no mundo.



Já este outro mostra as leis, no mundo, sobre a Cannabis. Fonte, aqui

17 agosto 2007

Rir é o melhor remédio

Ronald Reagan foi um presidente muito espirituoso. Uma das suas frases famosas:

Dei a meus assessores instruções de que, se ocorrer algum conflito em alguma das áreas conflagradas do mundo, eles me acordem imediatamente - nem que eu esteja numa reunião ministerial.

Legibilidade e escândalo contábil

O índice de legibilidade Flesch mede a clareza e facilidade de leitura de um texto. Quanto maior, mais claro será o texto. Uma pesquisa nas cartas aos acionistas de empresas "admiradas" apresentou o seguinte resultado:

Lou Gerstner - IBM - 2001 = 45
Jack Welch - GE - 2000 = 44
Larry Page/Sergey Brin - Google - 2004 = 44
Meg Whitman - eBay - 2003 = 44
Warren Buffet - Berkshire Hathaway - 2003 = 43
Jeff Bezos - Amazon - 2003 = 40

Agora o índice para empresas associadas a escândalos

Dennis Kozlowsky - Tyco - 2001 = 29
San Wksal - ImClone - 2001 = 22
Richard Scrushy - HealthSouth - 2001 = 20
Ken Lay/Jeffrey Skilling - Enron - 2000 = 18
John Rigas - Adelphia - 2000 = 18
Gary Winnick - Global Crossing - 2001 = 17
Richard Grasso - NYSE - 2002 = 17

Fonte: Fuger, Hardaway, Warshawsky. Por que as Pessoas de Negócios Falam como Idiotas. Best Seller, 2007, p. 53

Petrobrás e os Analistas Estrangeiros

Aqui a conferência da Petrobrás com analistas estrangeiros. As citações sobre a Bolívia foram realizadas pela direção da empresa, na apresentação. Os analistas não fizeram nenhum questionamento sobre o assunto.

CDB explica os seus números

Aqui você pode ler a conferência da Companhia Brasileira de Distribuição com os analistas estrangeiros . Depois da apresentação, um analista do Citibank parabeniza pela clareza, mas não pelos números ruins (poor numbers). Outro analista destaca o comportamento do setor não-alimentício e o fato de que a Copa do Mundo não ter afetado o desempenho.

Crise e Oferta Pública de Ação

O Valor Econômico faz uma reportagem sobre a crise a a oferta pública de novas empresas (Companhias mantêm seus planos de oferta pública e de aquisições, 17/08/2007). Como as tradicionais reportagens da imprensa, o jornal faz uma pesquisa em algumas empresas para verificar se continua o desejo de abrir o capital.

É óbvio que a crise indica que o momento adequado para a abertura do capital da empresa talvez tenha passado.

Perícia Contábil

O blog Conjuntura Contábil reproduz uma reportagem do Valor Econômico de 16/08/2007 sobre o papel da perícia contábil na investigação da escândalo de Renan Calheiros (aqui)

Uma citação destacada pelo blog é que:

"A perícia tem um peso de 60% a 70% na nossa decisão e é fundamental que seja feita com muita consistência, com avaliações profundas, para que não haja nenhuma injustiça na hora de elaborarmos o relatório " , ressaltou o relator.

CD completa 25 anos

Para quem acha que a tecnologia está mudando muito rapidamente, o CD está completando 25 anos. A história começou no dia 17 de agosto de 1982 com um disco do conjunto ABBA. Neste período, foram 200 bilhões de vendas (aqui)

Wikipedia

Em complemento a notícia anterior sobre a descoberta de que a CIA e o Vaticano participam da Wikipedia, editando verbetes, o Bluebus e outros sites (aqui, por exemplo) informam que a Fox News e o New York Times também fazem a sua contribuição para enciclopédia.

A Fox News e o New York Times foram vinculados a mudanças anônimas feitas em artigos da Wikipedia, algumas delas para retirar informaçoes negativas, outras para melhorar informaçoes sobre si mesmos ou ainda para alterar verbetes relacionados a politica. A identificaçao dos autores anônimos passou a ser mais facil apos a estreia de uma ferramenta batizada Wikipedia Scanner, criada por um estudante universitario da California. Ela permite relacionar alteraçoes realizadas no conteudo da enciclipedia aos IPs (internet protocol) de onde elas foram feitas. Como muitas empresas tendem a ter seus proprios blocos de IP, nao é dificil localizar a origem. De um IP associado a Fox News partiram mudanças em verbetes sobre apresentadores do canal e sobre concorrentes, como a CNN. De um IP relacionado ao NYT, foram feitas mudanças no verbete sobre George Bush (a palavra 'bobalhao' foi adicionada 12 vezes) e em outro sobre um politico republicano.

Dell

A principal notícia de contabilidade de hoje refere-se ao anúncio da Dell de republicação de suas demonstrações financeiras do período de 2003 a 2007 (primeiro trimestre). Isto irá reduzir o lucro de 50 a 150 milhões do período e reduzir a receita em 1% para cada ano. Mas em alguns anos a redução pode ser maior: em 2003 (primeiro trimestre) e 2004 (segundo trimestre) pode ser de 10 a 13%.

Aparentemente, e conforme a empresa admitiu, a contabilização inadequada (que alguns chamam claramente de manipulação) ocorreu com o objetivo de atingir metas financeiras.

Os problemas envolvem contas do passivo e ajustes realizados no período. O porta-voz da empresa foi questionado pela imprensa se algum executivo senior estaria envolvido e se o mesmo continuaria na empresa, mas não respondeu diretamente.

Apesar do impacto negativo, o mercado reagiu de forma interessante. As ações aumentaram de 25,93 para 26,46. Provavelmente a notícia reduziu uma incerteza sobre a empresa desde que a Dell anunciou que iria atrasar a publicação das demonstrações financeiras.

Clique aqui e aqui para ler mais

16 agosto 2007

Rir é o melhor remédio

1 - vá para o Google - http://www.google.com.br/

2 - digite: político honesto

3 - selecione páginas em português

4 - clique em "Estou com sorte", e não em "pesquisa Google"

5 - veja o resultado (leia com atenção)!!!!! realmente é mto bom...

Estrutura Conceitual no Brasil

A CVM e o CPC divulgaram o edital "Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis".

Este documento terá uma audiência pública e tendem a melhorar a convergência das normas internacionais de contabilidadem, em especial a norma internacional Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements (adotada pelo IASB em abril de 2001).

Conforme a nota da CVM

A finalidade deste Pronunciamento Técnico é estabelecer as bases para a apresentação das informações contábeis através do entendimento sobre a participação das demonstrações contábeis no processo de tomada de decisões econômicas, dos pressupostos básicos que determinam o significado das informações e das características qualitativas das informações contábeis. Além disso, fornece definições de ativos, exigibilidades, receitas e despesas, e dos critérios de reconhecimento e mensuração desses itens. A estrutura conceitual, em seus objetivos, privilegia o fornecimento de informações sobre os recursos econômicos, úteis na previsão de geração de caixa no futuro, e sobre a liquidez e solvência. A compreensão dos pressupostos de competência e continuidade é necessária para o entendimento de que a informação contábil trata dos registros dos eventos quando ocorrem e não quando são liquidados no caixa, e da presunção que a entidade não entrará em liquidação em futuro próximo e, portanto, está em marcha e continuará em operação.

Os critérios qualitativos buscados pela norma são: (i) compreensibilidade, ou o entendimento pelo usuário; (ii) a relevância das informações para a tomada de decisões; (iii) a materialidade, no sentido dos montantes e quantidades que devem ser considerados; (iv) a confiabilidade, ou representação com propriedade; e (v) a primazia da essência sobre a forma, ou seja, que as transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua realidade econômica para que a informação seja útil ao investidor e não atenda meramente a sua forma legal.

A norma relaciona também as seguintes características da informação essenciais para que as demonstrações contábeis sejam efetivamente úteis: neutralidade, prudência, integridade e comparabilidade.

A importância desta norma está em criar um arcabouço conceitual para a emissão de novas normas contábeis e estabelecer uma referência para a interpretação de fatos e eventos econômicos cuja contabilização ainda não está suportada pela regulação contábil.



Duas observações:

1) Pela sua importância, esta notícia deveria ser destaque nos jornais econômicos brasileiros. NÃO EXISTE nenhuma nota na edição de hoje. Ou seja, nossos periódicos são deploráveis no que diz respeito a notícias na área contábil.

2) Pela importância do assunto, o prazo de 45 dias é reduzido demais.

National Geographic e o Mercado

A National Geographic de julho de 2007 trouxe uma reportagem muito interessante sobre a inteligência coletiva. Para quem estuda finanças ou tem conhecimento sobre o mercado eficiente, o comportamento dos animais pode ser uma réplica adequada para o que ocorre no mercado de capitais.

"Uma colonia é capza de resolver problemas inconcebíveis para cada formiga, tal como achar o caminho mais curto para a melhor fonte de comida. Individualmente, as formigas podem ser criaturas estúpidas, mas reunidas em formigueiro reagem ao ambiente com rapidez e eficiência. Ao fazer isso, revelam algo que ficou conhecido de ´inteligência de enxame´"

Risco Moral e a crise financeira

Deve o governo de uma país ajudar o mercado num momento de crise? Alguns acham que sim, pois evitaria uma crise maior.

Entretanto, existe um grupo considerável de analistas que acreditam que a entrada do governo em situações de crise, como ocorreu recentemente na crise do Subprime, pode ser danosa. A explicação está no conceito do Moral Hazard (ou Risco de Moral).

A idéia do Moral Hazard é muito interessante. Um exemplo simples ocorre com o dono de um carro que possui seguro. O seu comportamento tende a ser menos cuidadoso pois ele sabe que qualquer dano causado no automóvel pode ser coberto pela seguradora.

Nesta linha de raciocínio, a atuação dos governos em momentos de crise tendem a aumentar o comportamento descuidado de certos especuladores, podendo encorajar as pessoas a serem mais agressivas e aumentando o risco. Clique aqui para ler mais sobre isto

Passivo e Advogados

Advogados defendem que OAB deva participar da normatização contábil (vide negrito):

Para os advogados que militam na área tributária, especialmente os que atuam com planejamento tributário, a expressão "possível contingência", tal qual a adotada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), vem causando uma série de dúvidas e até alguns transtornos, especialmente no que tange à elaboração dos relatórios solicitados pelos auditores independentes para fins de auditoria dos balanços das empresas - a chamada circularização dos consultores jurídicos, prevista na Resolução nº 1.022, de 2005, do CFC. Isto porque operações legalmente estruturadas estão sendo questionadas por alguns auditores no sentido de classificá-las como possíveis contingências.

No entendimento deles, devem ser inseridas ressalvas a essas operações no balanço das empresas, com o detalhamento de todas as suas etapas e os respectivos dispositivos legais que, na avaliação dos mesmos, serviriam de base para uma eventual autuação por parte do fisco.Como se não bastasse, esta pretensão persiste nos casos em que já houve uma ou mais fiscalizações formais por parte do ente tributante, não tendo este constatado nenhuma ilegalidade. O agravante é que os contadores responsáveis pelos balanços das empresas tendem a criar empecilhos para assinar os mesmos se os pontos levantados pelos auditores não forem devidamente mencionados nas ressalvas.Esta postura por parte destes auditores e contadores decorre, certamente, do receio de que venham a ser questionados, e até sancionados - seja por parte do CFC, seja por parte do próprio fisco -, sobre o fato de não terem reportado tais contingências de forma transparente. Os advogados, por sua vez, tendem a fazer a interpretação jurídica dos normativos emanados pelo CFC e pelo Ibracon, que em boa parte dos casos diverge da realizada por auditores e contadores. Isto acontece devido à ausência de normativos emanados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no sentido de classificar/definir o que vem a ser uma possível contingência. A divergência ocorre principalmente por conta da própria acepção da palavra "contingência", que significa ao mesmo tempo algo que pode acontecer (definição metafísica) ou algo que não sabemos se pode acontecer ou não (definição epistemológica).As dúvidas e transtornos mencionadas aprofundaram-se com o advento da Deliberação nº 489, de 2005, da Comissão de Valores Mobiliário (CVM), que aprovou e tornou obrigatório o Pronunciamento NPC nº 22 do Ibracon sobre provisões, passivos, contingências passivas e contingências ativas para as companhias de capital aberto no que tange às demonstrações contábeis que abrangem os períodos que se iniciam em 1º de janeiro de 2006. Isto porque, com base no referido documento, uma contingência passiva é definida como (1) uma possível obrigação presente cuja existência será confirmada somente pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros, que não estejam totalmente sob o controle da entidade ou (2) uma obrigação presente que surge de eventos passados. Na segunda hipótese, temos ainda que a contingência passiva pode não ser reconhecida porque (1) é improvável que a entidade tenha de liquidá-la ou (2) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente segurança.Desta forma, toda e qualquer operação de planejamento tributário realizada pelas empresas que não tenha sido submetida a exame por parte dos tribunais administrativos e/ou judiciais poderia ser enquadrada como uma possível contingência. Ou seja, seria passível de divulgação em seus balanços, na medida em que poderia ou não ser questionada pelo fisco, gerando, assim, uma obrigação.Além disso, em alguns casos, nem mesmo após o exame da operação por parte desses tribunais seria possível que se chegasse a um consenso sobre a classificação mencionada. Isto porque este primeiro entendimento poderia ser alterado posteriormente, como bem vimos no vai-e-vem das decisões em torno do caso do crédito-prêmio IPI. Isto é, por conta da insegurança jurídica que vigora no Brasil, o impasse da classificação do que vem a ser uma possível contingência iria persistir.Convém destacar que a problemática repercute não somente nos casos de planejamento tributário, mas também nos casos de natureza contenciosa, como, por exemplo, nas demandas judiciais nas áreas cível, ambiental e trabalhista. Nesses casos, a falta de critério jurídico para a análise de contingências tem levado à realização de classificações equivocadas acerca dos riscos judiciais nos quais estão incorridas as companhias, resultando, em boa parte das vezes, em uma contingência maior do que a prevista anteriormente.O impasse em torno da classificação de contingências poderia ser dirimido, ou ao menos atenuado, por meio da elaboração conjunta de normativos por parte do CFC, do Ibracon, da CVM e da OAB, pela qual as contingências passariam a ser analisadas sob todos os pontos de vista cabíveis, para que, assim, auditores, contadores e advogados cheguem a um consenso sobre o enquadramento da contingência, isto é, se ela é provável, possível ou remota.Para esta elaboração conjunta, acreditamos que um modelo que poderia servir de referência para o Brasil é o da Inglaterra e País de Gales. Nestes países, o Institute of Chartered Accountants - órgão equivalente ao CFC brasileiro - trabalhou em conjunto com a Law Society - que equivale à OAB britânica - na elaboração do "Statement 903" do "Auditing Standards and Guidance for Members", que tratava da apuração e confirmação de contingências decorrentes de questões legais.Tendo em vista o crescente número de IPOs no Brasil, bem como o aumento das atividades transnacionais das empresas brasileiras, as quais necessitam de planejamentos tributários complexos, urge a adoção de medidas conjuntas por parte das entidades de classe e dos órgãos reguladores para minimizar a publicação de ressalvas nos balanços. Isto porque, além de abrirem espaço para autuações descabidas por parte do fisco, as mesmas poderiam levar à desvalorização das ações destas companhias nas bolsas de valores.

Robert Ellis Williams e Luís Guilherme B. Gonçalves
Classificação contábil X classificação jurídica - Valor Econômico - 16/08/2007
Grifo meu.

Diretor Financeiro

(...) O diretor financeiro, depois dos grandes escândalos empresariais nos Estados Unidos, assumiu a posição de uma espécie de guardião das boas práticas de governança corporativa, diz Antonio de Pádua Santos Teixeira, presidente da PKT Desenvolvimento Empresarial, consultoria que é parceira da Fundação Dom Cabral no programa Paex- Parceria para Excelência.

"O novo diretor financeiro não pode ser mais aquele que cuida apenas dos números precisa estar preparado para participar das decisões estratégicas da companhia. Antes o diretor financeiro era o especialista em números e em geral tendia a adotar uma posição bastante conservadora em relação ao crescimento da empresa, por exemplo", conta Teixeira. Num passado recente o perfil de profissional que ocupava o cargo de diretor financeiro costumava ser o de uma pessoa mais introvertida. Hoje isso mudou e o profissional da área precisa ter mais poder de comunicação interna e externa. "Ele não é o salvador da pátria, mas é o cara que mais entende da gestão financeira da empresa e precisa saber compartilhar isso para ajudar na tomada decisões estratégicas para o crescimento do negócio", acrescenta.


Diretor financeiro é o novo guardião de boas práticas nas empresas
Gazeta Mercantil - 16/08/2007 (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 6)(Lucia Rebouças)