O reporter Larry Rohter, do New York Times, aquele que disse o que todo mundo falava, mas não publicava, publica no NY Times de 28/08/2007 uma reportagem sobre ciência no Brasil (As Brazil Defends Its Bounty, Rules Ensnare Scientists)
O foco são os cientistas que pesquisam na Amazônia e estão sendo acusados de piratas. O caso de Marc van Roosmalen, que já descobriu 5 espécies de macacos, mas foi condenado a 16 anos de prisão em Manaus.
Os burocratas dizem que estão tentando proteger um patrimônio natural e genético. O medo da pirataria, e a reportagem cita o caso da borracha e do captopril da Squibb, são as razões alegadas.
Clique aqui para ler
28 agosto 2007
Duas posições sobre a IPO: Pessimista
Na postagem anterior (aqui) uma visão otimista do mercado de IPOs. Agora uma reportagem do dia anterior, publicada no Estado de S. Paulo e no Jornal do Commercio, pessimista. Aponta uma crise no setor:
Observe que o foco da reportagem são os bancos e as empresas. A mensagem é: esperar.
Crise internacional freia a onda de IPOs na Bovespa
Patrícia Cançado e Ricardo Grinbaum
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 27/08/2007
Os recentes tremores no mercado financeiro trouxeram uma nova preocupação para as empresas e os bancos de investimentos brasileiros. Muitos deles foram pegos no contrapé, quando se preparavam para abrir capital e vender suas ações na Bolsa de Valores. Pelas contas de Alfried Plöger, da Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), o número de estréias na Bolsa (IPOs, sigla em inglês para oferta inicial de ações) não vai mais chegar a 70, como se previa. Do início do ano até agora, já foram feitas 49 ofertas.
"Mesmo que se queira, dificilmente se conseguirá vender tantos papéis", diz Plöger. Ou, em outras palavras: "O gato subiu no telhado, nenhum banco aconselharia uma empresa a vender ações agora", diz o advogado Luiz Octavio Lopes, do escritório Mattos Filho. Para Lopes, a festa de dinheiro farto, que incentivou todo tipo de empresa a vender ações, perdeu o gás. "Está claro que é um novo mercado, os investidores provavelmente estarão mais seletivos e mais duros."
Ninguém sabe ao certo o quanto mudou o humor do mercado, mas, por via das dúvidas, as empresas estão pensando em planos alternativos. É o caso da rede de supermercados G. Barbosa, do Nordeste. Seu dono, o fundo de investimentos americano Acon, estudava duas alternativas para vender a empresa: uma oferta de ações na Bolsa ou uma negociação com alguma grande rede, como Pão de Açúcar, Wal-Mart ou Carrefour. Agora, a segunda opção ficou mais próxima.
"O IPO desacelerou.O que se questiona é se o momento é adequado para entrar na Bolsa", diz uma fonte ligada às negociações. O medo dos donos do G. Barbosa é não conseguir vender a empresa na Bolsa de Valores pelo que eles acham que ela vale, entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.
A empresa de shopping centers Aliansce, que tem como um de seus principais sócios a Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, estava fazendo seu "road show" - apresentação a investidores - no dia em que as bolsas desabaram. A Aliansce cancelou os compromissos e pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para interromper o processo. O pedido de abertura de capital foi suspenso por 60 dias. É tempo suficiente para avaliar se o mercado vai se recuperar ou não. Adiar ou cancelar um processo de abertura de capital tem seus custos - e eles podem ser ainda mais altos que se imagina. Antes da crise, havia dinheiro fácil para as empresas se prepararem para o IPO. Num ambiente feroz de competição, os bancos de investimentos vinham emprestando muito dinheiro para engordar as empresas e deixá-las mais atraentes na hora de vender ações. Esse tipo de operação é conhecida, em geral, como ponte para o IPO. Enquanto o mercado ia bem, o pagamento da dívida e das comissões dos bancos estava garantido porque era descontado do dinheiro levantado na venda de ações.
O risco dessa operação é que a ponte não leve a lugar nenhum, uma vez que não haja ambiente para abrir capital. Nesse caso, as empresas podem ter dificuldade para pagar os empréstimos e os bancos ficarem com um mico em suas carteiras. Empresas que já pegaram dinheiro emprestado para se preparar para um IPO podem ser levadas a mudar de estratégia.
No início do ano, o banco mineiro Bonsucesso e seus donos - a família Pentagna Guimarães - pegaram dois empréstimos, no valor de R$ 230 milhões, com o banco de investimentos UBS Pactual. O Bonsucesso estava às vésperas de abrir o capital quando a crise estourou. O IPO não saiu.
Segundo o Bonsucesso, o banco perdeu o prazo para a entrega de documentos à CVM. Agora, deverá fazer nova tentativa só no final de setembro ou início de outubro, "devido à crise de liquidez", diz o presidente do Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães.
A questão agora é saber se os investidores terão o mesmo apetite que antes para comprar ações do Bonsucesso e, assim, dar os recursos necessários para pagar o UBS Pactual. O Bonsucesso não é o único caso. Um dos maiores bancos de investimentos do País emprestou mais de R$ 700 milhões em um ano para viabilizar aberturas de capital. Foi um sucesso. Por enquanto.
Observe que o foco da reportagem são os bancos e as empresas. A mensagem é: esperar.
Duas posições sobre a IPO: Otimista
É interessante observar a guerra de palavras sobre o mercado das IPOs (oferta pública de ações). De um lado, uma visão otimista, de que a crise no mercado mundial não afetará os novos lançamentos. Veja a reportagem do Valor
Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:
O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.
Volume de trabalho deve seguir em alta
Valor Econômico - 28/08/2007
Além da previsão de que os negócios com abertura de capital continuarão firmes tanto no segundo semestre deste ano, quanto no ano que vem, as auditorias estão animadas com a projeção de ganhos com os serviços de pré e pós-oferta pública. Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC), Terco e BDO relataram que um número bem maior do que aquelas cerca de 50 empresas que lançaram ações na primeira metade deste ano tem procurado os serviços de auditoria e de consultoria para se estruturarem com objetivo de fazer uma oferta. Além disso, as empresas que já abriram capital continuarão a ter que publicar suas demonstrações financeiras. "Como a maioria delas entrou no Novo Mercado, elas têm outras demandas para cumprir, como a reconciliação em US-Gaap (padrão contábil americano) e com IFRS (padrão internacional), além do balanço trimestral auditado para a CVM", lembra Bruce Mescher, sócio da Deloitte.
Sobre as companhias que estão se preparando, Mescher afirmou que "a fila é grande" e que a demanda deve "continuar aquecida nos curto e médio prazos". Fábio Cajazeira, da PwC, recorda que a elaboração para a abertura de capital envolve vários serviços, como a preparação de sucessão familiar, o planejamento fiscal e o apoio para formação da estrutura de governança corporativa da companhia. Segundo Henrique Campos, da BDO Trevisan, o mercado de candidatas a abertura de capital é o que mais está crescendo. "O 'investment grade' está chegando e o caminho para a bolsa é irreversível. As empresas sabem que se ficarem paradas serão engolidas. Por isso estão se preparando para irem ao mercado", afirma.Mauro Terepins, presidente da Terco, diz que muitas delas querem ser auditadas para conseguir investimentos de fundos de participação e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Terepins, o mercado está cada vez mais dividido entre dois tipos de empresas. "Tem aquelas que são auditadas e aquelas não são e ficam fora do jogo", diz.
Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:
Ofertas esquentam mercado de auditoria
Valor Econômico - 28/08/2007
O movimento crescente de companhias em processo de abertura de capital, um filão explorado por bancos, escritórios de advocacia e consultorias, não deixou de fora as firmas de auditoria. Apesar de o "boom" provocado pela forte demanda de empresas interessadas em ir à bolsa confirmar a concentração do mercado nas mãos das chamadas "Big Four" - (...) ainda sobra trabalho para firmas menores. Todas estão de olho em honorários que variam, em média, de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por operação, de acordo com a quantidade de horas trabalhadas por oferta.As quatro grandes auditaram os balanços de 47 das 55 empresas que fizeram ofertas de ações este ano no Brasil (incluindo operações de empresas já abertas).
Essa participação equivale a 85,45%, nível superior ao que essas firmas possuem em relação ao total de companhias já abertas no país, que estava em 56% no final de 2006, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A concentração é reflexo do domínio que as quatro grandes têm do mercado internacional. Na busca de recursos, principalmente entre investidores estrangeiros (que têm comprado de 60% a 70% das ações vendidas nessas operações), é natural que as empresas queiram uma "marca" de auditoria mais conhecida. No mercado, comenta-se que haveria também uma pressão dos bancos coordenadores dos lançamentos em favor das grandes.(...) Para Sérgio Bendoraytes, sócio da firma, a questão "não é de qualidade do trabalho, mas de 'placa internacional'". "Se [o banco] não tivesse mudado, não conseguiria fazer a oferta", afirma Bendoraytes. Ele conta ainda que, antes da abertura de capital, o fato de a auditoria não ser uma Big Four foi um dos fatores que impediram que o Cruzeiro do Sul fizesse uma emissão de 10 anos no mercado internacional. Nem mesmo a associação com a firma internacional Horwath lhe garante uma participação mais expressiva nesse mercado. "Eles não querem a sétima maior [referindo-se à posição da Horwath], tem que ser uma das quatro", diz. Segundo ele, insistir em atuar nesse mercado é querer dar "murro em ponta de faca". "Não crio expectativas de participar de ofertas públicas. Cada um tem que procurar o seu nicho, o que no nosso caso são os clientes de médio porte", afirma.
O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.
Meio Ambiente e Contabilidade: O cético e o entusiasta
Artigo da Folha de São Paulo de 28/08/2007 (Setor busca forma de contabilizar projeto, por André Palhano)
Contraponto interessante entre duas posições: uma favorável a novos modelos e outra mais cética, conforme o título afirma, dos novos modelos. Observe que a reportagem não tece considerações sobre o passivo ambiental.
Enquanto as empresas brasileiras priorizam seus projetos de responsabilidade socioambiental com uma visão de geração de valor a partir desses investimentos, um outro processo, complementar, ganha força no mundo corporativo: a busca por modelos de contabilização dos investimentos sociais, classificados como ativos intangíveis, que possam demonstrar de maneira precisa o retorno da aplicação dos recursos nesses projetos.
As companhias querem saber qual o impacto real dos seus investimentos socioambientais. E, os investidores, uma maior certeza sobre o retorno que essas decisões trarão no futuro. Essa combinação de interesses resultou na busca por instrumentos contábeis que mensurem, de modo objetivo, o efeito dos investimentos sociais.
O principal avanço nesse sentido, até agora, foi a criação dos balanços sociais, amplamente utilizados pelas grandes corporações. Esse tipo de relatório, no entanto, ainda se mostra limitado, sobretudo pelo seu caráter unicamente descritivo.
"Esses balanços são muito úteis, mas hoje a contabilidade caminha para incluir os chamados ativos intangíveis no caixa da companhia. A idéia é que, cada vez mais, seja possível contabilizar, de forma precisa, os investimentos sociais de uma empresa", afirma o matemático Josenildo Santos, pós-doutor em contabilidade pela USP (Universidade de São Paulo).
O matemático já catalogou cerca de 30 modelos criados por diferentes organizações, que utilizam técnicas contábeis para mensurar impactos e retornos de projetos socioambientais nos balanços. Embora a evolução seja aparente, Santos crê que, em apenas cinco anos, a contabilidade, em sua forma mais tradicional, poderá ser utilizada como ferramenta de complementação dos balanços sociais e ambientais. "Há algumas tentativas, mas ainda é preciso investir muito em pesquisa para haver um avanço significativo", diz.
Ceticismo
O presidente do conselho curador da Fipecafi e professor da USP, Eliseu Martins, é mais cético em relação à contabilização objetiva das ações de responsabilidade corporativa. Ele, que já foi um dos maiores entusiastas do assunto no país, diz não perceber uma tendência nesse sentido. "Não vejo nenhuma das instituições que deveriam se encarregar de promover essas evoluções dos aspectos contábeis se preocupando com isso. A Europa, que sempre foi avançada nesse assunto, também mostra um arrefecimento das atividades", conta Martins.
Para o pesquisador, já é possível contabilizar de maneira razoável as questões ambientais de uma companhia. "É só tirar do ativo total quanto dele é destinado a equipamentos e instalações para evitar problemas ambientais. Também é possível mensurar passivos relacionados ao meio ambiente, despesas e compromissos futuros", explica.
No caso dos projetos sociais, também se pode mensurar parte das ações de uma empresa, como as despesas com projetos voltados para a sociedade. O problema é justamente o retorno que esses investimentos darão num determinado prazo. "Para isso, são necessários modelos específicos, mas não há nada muito promissor ainda em vista", avalia Martins.
Rápida ou lenta, a evolução da contabilidade para uso na responsabilidade corporativa é considerada um passo natural no processo de conscientização socioambiental das companhias. "As ações relacionadas à responsabilidade se refletem, ainda que indiretamente, nos aspectos financeiros de uma empresa. Portanto, é esperado que a contabilização desses ativos seja melhorada com o passar do tempo", afirma Beat Grueninger, presidente da consultoria BSD, especializada em responsabilidade corporativa.
Contraponto interessante entre duas posições: uma favorável a novos modelos e outra mais cética, conforme o título afirma, dos novos modelos. Observe que a reportagem não tece considerações sobre o passivo ambiental.
GASB
Uma notícia antiga (29/05/2007), mas interessante:
"o Government Accounting Standards Board (GASB) promulgou novas exigências para os estados e municípios para calculou e evidenciação dos valor presente líquido das promessas de benefícios para aposentados. O GASB 45 é baseado na premissa de que os futuros benefícios dos aposentados, iguais a pensão, são essencialmente uma forma de diferir um passivo que pode ser reconhecido" (Accounting, Texas-Style, The Wall Street Journal, 29/05/2007, A14, por E J McMahon)
Em outras palavras, o órgão que regula a contabilidade pública dos Estados Unidos determinou que estados e municípios considerem no seu passivo uma estimativa dos benefícios que pretende pagar para seus funcionários públicos no futuro. Isto produz uma imagem mais real do verdadeiro passivo que os contribuintes terão que arcar no futuro.
No Brasil isto não é contabilizado.
"o Government Accounting Standards Board (GASB) promulgou novas exigências para os estados e municípios para calculou e evidenciação dos valor presente líquido das promessas de benefícios para aposentados. O GASB 45 é baseado na premissa de que os futuros benefícios dos aposentados, iguais a pensão, são essencialmente uma forma de diferir um passivo que pode ser reconhecido" (Accounting, Texas-Style, The Wall Street Journal, 29/05/2007, A14, por E J McMahon)
Em outras palavras, o órgão que regula a contabilidade pública dos Estados Unidos determinou que estados e municípios considerem no seu passivo uma estimativa dos benefícios que pretende pagar para seus funcionários públicos no futuro. Isto produz uma imagem mais real do verdadeiro passivo que os contribuintes terão que arcar no futuro.
No Brasil isto não é contabilizado.
27 agosto 2007
Faculdades particulares
Faculdades em crise burlam leis trabalhistas Professores deixam de receber direitos como 13.º e, às vezes, são obrigados a se organizar em cooperativas
Eduardo Nunomura
O Estado de São Paulo - 26/08/2007
Patrão que atrasa salário, não deposita férias ou 13º, usa cooperativas para maquiar relações trabalhistas, substitui profissionais experientes por novatos, faz o que pode para cortar custos. A situação retrata um profissional que até poucos anos atrás ficou imune a esse problema, o professor universitário. "É um desastre", resume o secretário do ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.
Instituições privadas com dificuldades têm enfrentado as crises financeiras recentes como qualquer outra empresa. Cortam os maiores custos, no caso, os professores. Elas adotam diversas estratégias que já preocupam a Câmara do Ensino Superior, sindicatos, educadores e estudantes. "Está em curso um processo muito perigoso de terceirização, que afunda a qualidade da educação", avalia Mota. A Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP), foi condenada no mês passado a pagar R$ 500 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por contratar professores usando cooperativas. Só em São Paulo, o sindicato dos professores denunciou dez instituições pela mesma manobra. Até o sindicato patronal se preocupa. "Não sou favorável, não indico, nem aprovo, mesmo se fosse legal", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. Assim, as instituições deixam de arcar com direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º, INSS, FGTS.
Para reduzir a remuneração, algumas criam novos planos de carreira com carga horária menor. A redução chega a 50%. O docente, pressionado pelo fantasma do desemprego, aceita. Com o aumento de professores com títulos de doutor e mestre no mercado, as escolas demitem os que têm mais tempo de casa e contratam outros para começar a carreira. Pagando menos.
Laura Beluzzo de Campos Silva e Marli Warde eram docentes havia 16 e 11 anos, respectivamente, na Universidade São Marcos, instituição de 37 anos que desde 2006 mergulhou numa crise. Em junho, a escola demitiu 55 professores. Eles acusam a universidade de não depositar o FGTS nem recolher o INSS, atrasar salários. "Chegaram a propor que o professor trouxesse recursos para bolsas de pesquisa", diz Laura. O diretor de comunicação institucional da São Marcos, Julio Moreno, afirma que um terço dos demitidos está em vias de fechar acordo. Em Minas, a Escola Promove demitiu quase 800 docentes e, para não pagar os direitos, pediu falência. Em seguida, outro grupo, o Soebras, adquiriu as unidades e desconsiderou as dívidas. Com medo de ficar de mãos vazias, os professores aceitaram fazer acertos perdendo de 30% a 40% do que lhes era devido. "A partir do momento em que o governo autoriza, tem de fiscalizar os cursos", diz o presidente do sindicato mineiro, Gilson Reis. De acordo com Ronaldo Mota, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior cumprirá essa missão. "Temos todo o interesse em dificultar o recredenciamento das instituições que adotam essas práticas de precarização do trabalho docente", diz.
Eduardo Nunomura
O Estado de São Paulo - 26/08/2007
Patrão que atrasa salário, não deposita férias ou 13º, usa cooperativas para maquiar relações trabalhistas, substitui profissionais experientes por novatos, faz o que pode para cortar custos. A situação retrata um profissional que até poucos anos atrás ficou imune a esse problema, o professor universitário. "É um desastre", resume o secretário do ensino superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.
Instituições privadas com dificuldades têm enfrentado as crises financeiras recentes como qualquer outra empresa. Cortam os maiores custos, no caso, os professores. Elas adotam diversas estratégias que já preocupam a Câmara do Ensino Superior, sindicatos, educadores e estudantes. "Está em curso um processo muito perigoso de terceirização, que afunda a qualidade da educação", avalia Mota. A Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP), foi condenada no mês passado a pagar R$ 500 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por contratar professores usando cooperativas. Só em São Paulo, o sindicato dos professores denunciou dez instituições pela mesma manobra. Até o sindicato patronal se preocupa. "Não sou favorável, não indico, nem aprovo, mesmo se fosse legal", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. Assim, as instituições deixam de arcar com direitos trabalhistas básicos, como férias, 13º, INSS, FGTS.
Para reduzir a remuneração, algumas criam novos planos de carreira com carga horária menor. A redução chega a 50%. O docente, pressionado pelo fantasma do desemprego, aceita. Com o aumento de professores com títulos de doutor e mestre no mercado, as escolas demitem os que têm mais tempo de casa e contratam outros para começar a carreira. Pagando menos.
Laura Beluzzo de Campos Silva e Marli Warde eram docentes havia 16 e 11 anos, respectivamente, na Universidade São Marcos, instituição de 37 anos que desde 2006 mergulhou numa crise. Em junho, a escola demitiu 55 professores. Eles acusam a universidade de não depositar o FGTS nem recolher o INSS, atrasar salários. "Chegaram a propor que o professor trouxesse recursos para bolsas de pesquisa", diz Laura. O diretor de comunicação institucional da São Marcos, Julio Moreno, afirma que um terço dos demitidos está em vias de fechar acordo. Em Minas, a Escola Promove demitiu quase 800 docentes e, para não pagar os direitos, pediu falência. Em seguida, outro grupo, o Soebras, adquiriu as unidades e desconsiderou as dívidas. Com medo de ficar de mãos vazias, os professores aceitaram fazer acertos perdendo de 30% a 40% do que lhes era devido. "A partir do momento em que o governo autoriza, tem de fiscalizar os cursos", diz o presidente do sindicato mineiro, Gilson Reis. De acordo com Ronaldo Mota, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior cumprirá essa missão. "Temos todo o interesse em dificultar o recredenciamento das instituições que adotam essas práticas de precarização do trabalho docente", diz.
Banco do Brasil
A eleição do novo integrante da diretoria executiva do Banco do Brasil (BB), Luiz Alberto Maguito Vilela, gerou divergência no conselho de administração da instituição. O político goiano membro do diretório nacional do PMDB, partido da base aliada do governo, foi rejeitado pelos conselheiros representantes dos acionistas minoritários do banco. Mas a indicação teve maioria de votos, três contra dois.Bacharel em direito pela Faculdade de Anápolis, o ex-senador e ex-governador de Goiás foi indicado para assumir a vice-presidência de governo do BB, desmembramento da vice-presidência de agronegócios, criada na mesma reunião de conselho que o elegeu. Os representantes dos minoritários no conselho do BB também foram contra essa proposta. A reunião ocorreu em 13 de julho e a ata do encontro está disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).Os representantes dos minoritários do banco são indicados pela Previ, caixa de previdência dos funcionários do próprio BB. (...)
Maguito Vilela assume cargo no BB sem aval de minoritário no conselho - Valor Econômico - 27/08/2007
Não é a primeira vez que isto ocorre no BB. E provavelmente não será a última.
Controle e Presidente
Um controller pode aspirar subir na carreira tornando-se CFO (Chief Financial Officer) de sua companhia. Mas para transformar esse desejo em realidade, provavelmente, terá um longo caminho a percorrer. Isso porque precisará adquirir habilidades bem diferentes das utilizadas em sua função, como saber negociar e gerenciar pessoas, por exemplo. Esta é uma das razões, pela qual boa parte desses profissionais não está conseguindo hoje galgar o tão sonhado posto em suas empresas. É o que aponta pesquisa realizada pela Korn/Ferry International, consultoria especializada na seleção para o alto escalão, que ouviu mais de 500 mil executivos, entre os quais 1,5 mil CFOs, das 500 maiores empresas do mundo. De acordo com o estudo, quando a companhia busca dentro de casa um novo CFO, o candidato número um é o controller, representando 33% do universo entrevistado.
"Mas se as empresas 'caçam' fora, apenas 4% dos executivos contratados para a função são controllers", afirma Jorge Maluf, sócio da Korn/Ferry. A grande maioria, 58%, já ocupa em outra empresa o cargo de diretor financeiro. Ou são presidentes de empresa, 17%.A principal causa desse fenômeno é a falta de visão de negócios e habilidade de liderança dos controllers, segundo aponta o levantamento.
Prata da casa não atende ao novo perfil dos CFOs - Valor Econômico - 27/08/2007
Santa Casa e a situação dos hospitais
Reportagem do O Globo (Santa Casa sob suspeita, 27/08/2007) mostra a situação da Santa Casa e os resultados de uma auditoria realizada na instituição.
(Parece existir uma confusão entre o saldo do balancete e a movimentação dos recursos, que ocorreu durante o mês)
Uma auditoria de técnicos do Ministério da Saúde traça um quadro preocupante do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, no Rio, um dos maiores do país. O documento indica problemas graves, que vão da distribuição de remédios não aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) até desvios de verbas destinadas ao custeio de atendimentos de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A investigação do Ministério da Saúde deverá ser ampliada pelo Ministério Público federal. (...)
A auditoria informa que o balancete registra o recebimento de R$198,5 mil em janeiro de 2006, mas os extratos bancários só apontam a existência de R$R$171,5 mil, uma diferença de quase R$30 mil. Nos dois meses seguintes, há uma inversão dos valores. Em fevereiro, o balancete não registra recebimento de verbas do SUS. Mas o extrato bancário indica a existência R$20,5 mil. Em março, o descompasso é mais gritante: são R$335,3 mil creditados na conta do hospital, dinheiro que não aparece no balancete.
(Parece existir uma confusão entre o saldo do balancete e a movimentação dos recursos, que ocorreu durante o mês)
(...) A direção geral do hospital não controla sequer a entrada de pacientes atendidos com base no SUS ou em nas clínicas particulares. “Não existe contrato ou qualquer outro documento entre a direção do hospital e as chefias de enfermarias definindo critérios e valores a serem pagos ao hospital pelos atendimentos a particulares realizados diretamente pelas clínicas”, destacam os auditores. O hospital também não divide com as clínicas particulares despesas básicas com energia, gás, lavanderia e telefone, entre outras. Ou seja, os custos destes serviços recaem sobre o hospital, financiado em parte pelo governo federal. (...)
A auditoria relata ainda a distribuição de insumos (luvas, agulhas, soro) para procedimentos em pacientes internados. Para os auditores, o exagero provoca desperdício e facilita o desvio de material. Os auditores descobriram que o hospital “recebe lotes de medicamentos em fase de experimentação e ainda não validados pelo Ministério da Saúde”.
A edição na Wikipedia pelas empresas
O problema da edição de verbetes na Wikipedia é tema de uma reportagem interessante da Slate (Wikipedia UnmaskedA new Web site reveals the sneak attacks and ego-fluffing of your friends and co-workers, de Michael Agger, 24/08/2007)
O texto destaca os problemas enfrentados por este tipo de enciclopédia, onde a participação de qualquer pessoa é possível. Isto faz com que as empresas tenham um interesse em "manipular" seus verbetes, reduzindo os impactos negativos. O texto destaca que a Wikipedia tem sido uma fonte importante de consultas na internet, o que torna um incentivo a edição "oficial".
A comparação da página original da Exxon sobre o episódio do Alasca e a edição realizada por se encontrada aqui. É muito interessante notar que no texto original, por exemplo, comentava dos danos causados ao meio ambiente e na edição realizada por alguém (supostamente da empresa) apareça a palavra "alegado".
O texto destaca os problemas enfrentados por este tipo de enciclopédia, onde a participação de qualquer pessoa é possível. Isto faz com que as empresas tenham um interesse em "manipular" seus verbetes, reduzindo os impactos negativos. O texto destaca que a Wikipedia tem sido uma fonte importante de consultas na internet, o que torna um incentivo a edição "oficial".
A comparação da página original da Exxon sobre o episódio do Alasca e a edição realizada por se encontrada aqui. É muito interessante notar que no texto original, por exemplo, comentava dos danos causados ao meio ambiente e na edição realizada por alguém (supostamente da empresa) apareça a palavra "alegado".
A história se repete?
O blog do Wall Street Journal apresenta uma comparação interessante entre os Estados Unidos de 1887 e a China em 2007. No final do século XIX os Estados Unidos era o paraíso da pirataria e escândalos de alimentos, conforme observa Stephen Mihm. Na época os Estados Unidos imprimiam livros sem permissão ou pagamento, inclusive de autores como Charles Dickens.
Existe um atrativo na idéia de que a história se repete. Mas as diferenças entre a China de 2007 e os Estados Unidos de 1887 são significativas. Mas a comparação, segundo o blog, pode ser interessante por indicar o caminho que deve percorrer um país para alcançar o desenvolvimento. Isto inclui novas tecnologias, expansão do mercado, empreendedores, expansão das cidades etc.
Existe um atrativo na idéia de que a história se repete. Mas as diferenças entre a China de 2007 e os Estados Unidos de 1887 são significativas. Mas a comparação, segundo o blog, pode ser interessante por indicar o caminho que deve percorrer um país para alcançar o desenvolvimento. Isto inclui novas tecnologias, expansão do mercado, empreendedores, expansão das cidades etc.
26 agosto 2007
Documentação contábil
Da coluna de Dora Kramer, Estado de S Paulo, 25 de agosto, A6 ou aqui
O que seria "prestação de serviços de documentação contábil"?
Central de produções
O contador José Appel, que acompanhou o presidente do Senado, Renan Calheiros, no depoimento aos três relatores de seu processo no Conselho de Ética, não é um contador qualquer. É dono de escritório bastante conhecido em Brasília, especializado na prestação de serviços de documentação contábil. Appel entrou na história em junho, logo depois de o senador Calheiros ter dito que não possuía comprovantes dos pagamentos feitos à jornalista Mônica Veloso a título de pensão alimentícia da filha e de, no dia seguinte, seu advogado, Eduardo Ferrão, ter entregado um maço de extratos ao Senado para, segundo ele, comprovar as transações.
O que seria "prestação de serviços de documentação contábil"?
25 agosto 2007
R$1,99 ou R$2,00?
Existem muitas teorias sobre a origem de lojas que vendem produtos a R$1,99 (ou 2,99 etc) em lugar do número exato R$2,00. Uma delas diz que o cliente tem a tendência a guardar o primeiro número, fazendo um arredondamento inapropriado. Deste modo, o R$1,99 passaria a ser "aproximadamente" R$1,00.
Agora li uma nova teoria para esta situação. Nos "caixas" antigos toda vez que era registrada uma venda tocava uma campainha que anunciava o registro da venda e a abertura da gaveta. Para o dono do estabelecimento o problema era que seus funcionários as vezes não registravam a venda e embolsavam o dinheiro. Em certas situações o dono estava muito distraído para perceber que era enganado pelo funcionário. Assim, se o cliente compra um produto por R$2,00, o funcionário não registrava e ficava com o dinheiro.
Ao colocar o preço como sendo R$1,99, o cliente passou a ajudar o dono do negócio a fiscalizar o seu funcionário, pelo módico custo de 1 centavo. O cliente espera o seu troco e o funcionário precisa registrar a venda para abrir a gaveta do caixa e assim campainha toca, indicando ao dono que mais uma venda foi registrada.
Recentemente estava escrevendo um capítulo de um livro, Contabilidade Geral e de Custos, que está sendo usado por mais de 5 mil alunos do curso de administração da Universidade Aberta (este livro foi produzido eletronicamente, em PDF). Fiz um capítulo de Caixa. Neste capítulo pensei em iniciar contando a história do "caixa" registradora, que é muito interessante. Esta pequena história da razão do R$1,99 só conheci agora, na leitura do livro The Armchair Economist, de Steve Landsburg. Uma pena.
Agora li uma nova teoria para esta situação. Nos "caixas" antigos toda vez que era registrada uma venda tocava uma campainha que anunciava o registro da venda e a abertura da gaveta. Para o dono do estabelecimento o problema era que seus funcionários as vezes não registravam a venda e embolsavam o dinheiro. Em certas situações o dono estava muito distraído para perceber que era enganado pelo funcionário. Assim, se o cliente compra um produto por R$2,00, o funcionário não registrava e ficava com o dinheiro.
Ao colocar o preço como sendo R$1,99, o cliente passou a ajudar o dono do negócio a fiscalizar o seu funcionário, pelo módico custo de 1 centavo. O cliente espera o seu troco e o funcionário precisa registrar a venda para abrir a gaveta do caixa e assim campainha toca, indicando ao dono que mais uma venda foi registrada.
Recentemente estava escrevendo um capítulo de um livro, Contabilidade Geral e de Custos, que está sendo usado por mais de 5 mil alunos do curso de administração da Universidade Aberta (este livro foi produzido eletronicamente, em PDF). Fiz um capítulo de Caixa. Neste capítulo pensei em iniciar contando a história do "caixa" registradora, que é muito interessante. Esta pequena história da razão do R$1,99 só conheci agora, na leitura do livro The Armchair Economist, de Steve Landsburg. Uma pena.
24 agosto 2007
Rir é o melhor remédio

Em tempos de depoimentos de políticos em CPIs, o cartum mostra como identificar se Gonzalez estão mentindo ou não.
Um novo nome para ...
Notícia do Estadão (aqui) (grifo meu)
A revista Playboy mudou os planos e adiou a publicação do ensaio com a jornalista Mônica Veloso para a edição de outubro. Em reunião realizada no início da noite desta quarta-feira, 22, jornalistas optaram pela modelo e atriz Bárbara Paz na capa de setembro. O motivo foi o pouco tempo disponível para editar as fotos de Mônica até esta sexta-feira, 24, dia de fechamento da publicação.
Mônica Veloso é mãe de uma filha de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado que sofre com acusações de ter suas contas pagas por lobistas. A jornalista, de 39 anos, posou para o fotógrafo J.R. Duran no Rio de Janeiro, porque não "se sentiria bem" se o cenário fosse Brasília.
Um novo nome para Photoshop?
A revista Playboy mudou os planos e adiou a publicação do ensaio com a jornalista Mônica Veloso para a edição de outubro. Em reunião realizada no início da noite desta quarta-feira, 22, jornalistas optaram pela modelo e atriz Bárbara Paz na capa de setembro. O motivo foi o pouco tempo disponível para editar as fotos de Mônica até esta sexta-feira, 24, dia de fechamento da publicação.
Mônica Veloso é mãe de uma filha de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado que sofre com acusações de ter suas contas pagas por lobistas. A jornalista, de 39 anos, posou para o fotógrafo J.R. Duran no Rio de Janeiro, porque não "se sentiria bem" se o cenário fosse Brasília.
Um novo nome para Photoshop?
As grandes capas
Uma seleção de grandes capas de revistas. Em primeiro lugar, uma capa famosa de Lennon e esposa para Rolling Stone de 1981:

Em segundo, Demi Moore:

Mais capas? Clique aqui

Em segundo, Demi Moore:

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Fixação de preço do arroz
O jornal El País talvez tenha sido o primeiro a anunciar a compra da empresa uruguaia Saman pelo grupo Camil (vide aqui, postagem). Agora uma nova reportagem discute a manutenção dos preços de arroz
Grupo brasileño que compró arrocera Saman mantiene sistema para fijar precios
El País - 22/0/2007
El grupo brasileño que compró Saman se comprometió a no tocar por dos años el sistema de fijación de precios con los productores. En el Ministerio de Ganadería se considera que la llegada de un jugador tan grande "es un riesgo" a asumir.
Luciano Quartiero, director financiero de Camil Alimentos, dijo a El País -vía telefónica desde sus oficinas en San Pablo- que las negociaciones con los accionistas de Saman "están bien avanzadas" y que la auditoría "comenzó esta semana". Se excusó de dar más detalles sobre la operación, porque las partes suscribieron un compromiso de confidencialidad.
(...) Los funcionarios dijeron, sin embargo, que es muy posible que este riesgo no se cumpla. Pusieron como ejemplo el caso de la gigante brasileña Ambev en el mercado de la cebada donde concentra todo el mercado. "Allí se han hecho las cosas bien y hay un interés de ellos porque siga creciendo la producción. Se nota en la expansión del área sembrada", dijeron en Ganadería. Para el equipo del ministro José Mujica la existencia de un sistema tan estable entre molinos y productores serviría de contrapeso a un cambio de política de parte de los inversores brasileños.
Grupo brasileño que compró arrocera Saman mantiene sistema para fijar precios
El País - 22/0/2007
El grupo brasileño que compró Saman se comprometió a no tocar por dos años el sistema de fijación de precios con los productores. En el Ministerio de Ganadería se considera que la llegada de un jugador tan grande "es un riesgo" a asumir.
Luciano Quartiero, director financiero de Camil Alimentos, dijo a El País -vía telefónica desde sus oficinas en San Pablo- que las negociaciones con los accionistas de Saman "están bien avanzadas" y que la auditoría "comenzó esta semana". Se excusó de dar más detalles sobre la operación, porque las partes suscribieron un compromiso de confidencialidad.
(...) Los funcionarios dijeron, sin embargo, que es muy posible que este riesgo no se cumpla. Pusieron como ejemplo el caso de la gigante brasileña Ambev en el mercado de la cebada donde concentra todo el mercado. "Allí se han hecho las cosas bien y hay un interés de ellos porque siga creciendo la producción. Se nota en la expansión del área sembrada", dijeron en Ganadería. Para el equipo del ministro José Mujica la existencia de un sistema tan estable entre molinos y productores serviría de contrapeso a un cambio de política de parte de los inversores brasileños.
Contabilidade fictícia
Apesar de não gostar de postar temas políticos, esta reportagem da Folha de 23/08/2007 sobre as fazendas de Renan é muito sugestiva.
Fazendas de Renan têm contabilidade fictícia, afirma PF
Folha de São Paulo - 23/08/2007
Segundo perícia, maior lacuna não é valor de venda do gado, mas falta de recibos que provam despesas de custeio nas propriedades
Um dos problemas é sobre a mão-de-obra nas fazendas do senador: desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006
SILVIO NAVARRO - FERNANDA KRAKOVICS - ANDREA MICHAEL
Com um rebanho que se multiplicou ao longo dos últimos anos, mas sem registros de despesas para manter a criação de gado nas fazendas, a contabilidade rural do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "implica em resultado fictício", segundo os peritos da Polícia Federal.
Segundo o laudo da PF, a principal lacuna na atividade rural declarada pelo senador não é o valor de venda do gado mas a ausência de recibos que provam despesas de custeio nas fazendas. Além disso, essa falta de registros gerou distorções em sua evolução patrimonial.
A conclusão consta de um estudo que a PF redigiu para subsidiar as respostas às 30 perguntas feitas pelo Conselho de Ética e que acompanha o laudo entregue anteontem. Ao responder especificamente aos questionamentos, os peritos não são tão taxativos.
Mas, na análise dos livros-caixa das fazendas, eles dizem: "A ausência de registros de despesas de custeio, sob o aspecto da disponibilidade de recursos como justificativa patrimonial, implica resultado fictício da atividade rural, que se reflete na evolução patrimonial".
O exame do custeio das fazendas detalha gastos com vacinação, medicamentos, compra de sal, de animais, pagamento de funcionários, arrendamento de pasto e impostos.
Nesse ponto, aparece uma série de lacunas. Por exemplo, desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006 (R$ 31.349,12). Ou seja, nos anos anteriores, não saiu nenhum centavo do caixa para pagar mão-de-obra.
Outros exemplos são a falta de comprovantes de pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural) anteriores a 2006 e a ausência de gasto para comprar sal para o gado em 2004. Não foi encontrado recibo de pagamento de uso de pasto em 2002, quando Renan criava gado a título de "condômino".
Foram detectados problemas no estoque de bois, constatados no cruzamento das declarações de vacinação com o tamanho do rebanho declarado no Imposto de Renda. Em 2004, por exemplo, "surgiram" cem animais machos embora não haja registro de compra nem de nascimentos.
Especialistas consultados pela Folha ironizaram o sucesso pecuário de Renan. "Ele é um mágico. Por que será que o boi do Renan é diferente? O custo da produção no Brasil, hoje, é maior do que o da comercialização, há prejuízo na pecuária de corte", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
Nas fazendas de Renan, entretanto, só houve lucro. Uma tabela elaborada pelos peritos mostra o que o percentual de lucratividade anual foi alto: 2002 (82,77%), 2003 (85,79%) e 2006 (80,47%). Em 2004 e 2005 girou em torno de 50%.
A PF também descobriu problemas nas transações de venda. A nota fiscal número 0001 discrimina a venda de 45 bois para José Leocádio de Souza no dia 11 de novembro de 2003. Mas, em agosto deste ano, o suposto comprador negou: "Em tempo algum mantive qualquer transação direta de aquisição de gado com o senador".
A defesa do senador alegou que, no caso dos empregados, eles estavam registrados em nome do espólio do pai de Renan. Sobre demais despesas, disse que as declarações de IR só consideraram aquelas efetivamente pagas.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator aliado de Renan, afirmou que o fato de o preço do gado vendido estar de acordo com a média do mercado alagoano "prova que Renan não tinha gado de ouro".
Fazendas de Renan têm contabilidade fictícia, afirma PF
Folha de São Paulo - 23/08/2007
Segundo perícia, maior lacuna não é valor de venda do gado, mas falta de recibos que provam despesas de custeio nas propriedades
Um dos problemas é sobre a mão-de-obra nas fazendas do senador: desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006
SILVIO NAVARRO - FERNANDA KRAKOVICS - ANDREA MICHAEL
Com um rebanho que se multiplicou ao longo dos últimos anos, mas sem registros de despesas para manter a criação de gado nas fazendas, a contabilidade rural do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "implica em resultado fictício", segundo os peritos da Polícia Federal.
Segundo o laudo da PF, a principal lacuna na atividade rural declarada pelo senador não é o valor de venda do gado mas a ausência de recibos que provam despesas de custeio nas fazendas. Além disso, essa falta de registros gerou distorções em sua evolução patrimonial.
A conclusão consta de um estudo que a PF redigiu para subsidiar as respostas às 30 perguntas feitas pelo Conselho de Ética e que acompanha o laudo entregue anteontem. Ao responder especificamente aos questionamentos, os peritos não são tão taxativos.
Mas, na análise dos livros-caixa das fazendas, eles dizem: "A ausência de registros de despesas de custeio, sob o aspecto da disponibilidade de recursos como justificativa patrimonial, implica resultado fictício da atividade rural, que se reflete na evolução patrimonial".
O exame do custeio das fazendas detalha gastos com vacinação, medicamentos, compra de sal, de animais, pagamento de funcionários, arrendamento de pasto e impostos.
Nesse ponto, aparece uma série de lacunas. Por exemplo, desde 2002, só há registro de despesa com funcionários em 2006 (R$ 31.349,12). Ou seja, nos anos anteriores, não saiu nenhum centavo do caixa para pagar mão-de-obra.
Outros exemplos são a falta de comprovantes de pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural) anteriores a 2006 e a ausência de gasto para comprar sal para o gado em 2004. Não foi encontrado recibo de pagamento de uso de pasto em 2002, quando Renan criava gado a título de "condômino".
Foram detectados problemas no estoque de bois, constatados no cruzamento das declarações de vacinação com o tamanho do rebanho declarado no Imposto de Renda. Em 2004, por exemplo, "surgiram" cem animais machos embora não haja registro de compra nem de nascimentos.
Especialistas consultados pela Folha ironizaram o sucesso pecuário de Renan. "Ele é um mágico. Por que será que o boi do Renan é diferente? O custo da produção no Brasil, hoje, é maior do que o da comercialização, há prejuízo na pecuária de corte", afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
Nas fazendas de Renan, entretanto, só houve lucro. Uma tabela elaborada pelos peritos mostra o que o percentual de lucratividade anual foi alto: 2002 (82,77%), 2003 (85,79%) e 2006 (80,47%). Em 2004 e 2005 girou em torno de 50%.
A PF também descobriu problemas nas transações de venda. A nota fiscal número 0001 discrimina a venda de 45 bois para José Leocádio de Souza no dia 11 de novembro de 2003. Mas, em agosto deste ano, o suposto comprador negou: "Em tempo algum mantive qualquer transação direta de aquisição de gado com o senador".
A defesa do senador alegou que, no caso dos empregados, eles estavam registrados em nome do espólio do pai de Renan. Sobre demais despesas, disse que as declarações de IR só consideraram aquelas efetivamente pagas.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator aliado de Renan, afirmou que o fato de o preço do gado vendido estar de acordo com a média do mercado alagoano "prova que Renan não tinha gado de ouro".
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