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19 fevereiro 2021

Informator: uma parábola da era da informação


Quando Bob Fischer surgiu no mundo do xadrez, derrotando Donaldo Byrne, com 13 anos, naquela que é considerada a partida do século, o seu talento era inegável, mas enfrentava uma barreira: como melhorar seu nível. Nestes casos, as pessoas costumam estudar, mas a literatura de xadrez em língua inglesa, nos anos cinquenta do século XX, era restrita. Para contornar a situação, Fischer começou a estudar russo para conseguir entender os livros de xadrez publicados na antiga URSS. 

Na época da guerra fria, os principais jogadores de xadrez do mundo eram soviéticos ou dos países europeus sob a influência russa. Como eles jogavam bastante entre si, o desenvolvimento de um jogador de xadrez era obtido através de muito estudo e muita prática. Já os adversários ocidentais de Fischer estavam mais dispersos e não tinham a mesma qualidade. E Fischer não tinha acesso ao conhecimento soviético do xadrez e das partidas que eram jogadas do outro lado do muro de Berlim. 

A situação enfrentada por Fischer começa a mudar em 1966, quando foi publicado o primeiro número do Chess Informator. Uma criação de fortes jogadores iugoslavos, o Informator era publicado duas vezes ao ano e as principais partidas que foram jogadas nos últimos meses. Para criar o Informator, os criadores tiveram que superar duas barreiras. A primeira é a reunião das partidas que eram disputadas nos torneios; a segunda, estabelecer um processo de análise que fosse possível o entendimento em qualquer língua mundial. O primeiro problema era um típico problema de captação da informação; o segundo, de comunicação da informação.

Uma partida de xadrez tradicional é anotada por cada um dos jogadores. Ao final de cada partida, a anotação deve ser entregue para os organizadores dos jogos. Esta anotação era o documento de comprovação do resultado, sendo assinada pelos jogadores. Até o surgimento do Informator, muitas súmulas com os jogos se perdiam. É bem verdade que alguns jogadores possuem uma grande capacidade de lembrar os lances de cada partida, podendo reproduzir a partida posteriormente. Mas os demais praticantes não tinham, muitas vezes, acesso a estes jogos. 

O Informator começou a recolher as partidas disputadas e a divulgá-las mundialmente. Com o tempo, os jogadores também encaminhavam as planilhas com os lances para o editores do Informator. E também os organizadores dos torneios começaram a perceber como era interessante divulgar as partidas que aconteceram. Com persistência, o Informator resolveu o primeiro problema. 

O segundo é tornar a divulgação e a análise dos jogos acessíveis para todos. Quando um jogador move o peão do rei na quarta casa, nós anotamos P4R ou “Peão na casa 4 do Rei”. Assim, eu consigo anotar todos os lances de uma partida, indicando a peça que foi movimentada e a casa de destino. Dois problemas aqui, sendo um pequeno e outro enorme. O pequeno problema é que Rei em português é “R”, mas é K em inglês (de King) e assim por diante. O Informator resolveu este problema de língua substituindo a letra de rei pela figura do rei. Com isto estava resolvido a primeira parte. Mas outro problema era a análise. Quando analisamos um lance de xadrez, indicamos se o mesmo foi bom ou ruim, se existia uma alternativa melhor ou a razão de uma alternativa óbvia não ser boa o suficiente. Como “traduzir” isto para que todos os jogadores do mundo pudessem entender? O Informator “inventou” uma forma de comunicação genial para que a análise realizada fosse entendia por todos.

Se o lance era bom, o analista indicava uma exclamação como um sinal de qualidade do lance “!”; um lance melhor receberia duas exclamações e algo genial seria premiado por três exclamações. Um lance duvidoso receberia uma interrogação (?); lances onde há uma dúvida se seria bom ou não, mas era provável de ser um bom lance, teria uma anotação “!?”; sendo duvidoso, mas se o analista achasse que talvez não fosse bom, a anotação seria “?!” (atente para a inversão do sinal). E por aí vai. 

Com isto, a análise do jogo era fácil de acompanhar para quem fazia a tradução da linguagem de sinais do Informator. A publicação chamou a atenção do mundo. Era o grande manual do que acontecia no mundo do xadrez. Fischer, enquanto se preparava para vencer Spassky na Islândia, estudava as partidas do Informator. Se no início as partidas eram analisadas pelos editores do Informator, com o tempo, os maiores jogadores começaram a querer publicar sua análise. Pense em algum grande jogador de xadrez dos últimos 70 anos? Deve ter publicado uma análise no Informator: Fischer, Botvinnik, Karpov, Kasparov, Smyslov, Tal, Petrosian e Spassky, são alguns dos nomes. Petrosian, por exemplo, analisou 509 jogos para o Informator. Mais recentemente, Krmanik, Anand, Duda, Artemiev, entre tantos, contribuíram com sua análise.

Com o tempo, o Informator passou a selecionar os melhores jogos entre aqueles publicados, apresentar uma tabela com alguns finais, informar o resultado dos principais torneios, entre outras coisas. O número de partidas publicadas foi (ainda é) significativo. Somente Korchnoi teve 1709 partidas publicadas lá. A importância do Informator para o xadrez é tamanha que Kasparov declarou: Somos filhos do Informator. 

O Informator ainda existe. Seu site encontra-se aqui www.sahovski.com. Mas o Informator ficou ultrapassado pelas rápidas análises dos algoritmos. Pela base de dados enorme existente nos dias atuais na internet. Ultrapassado, talvez; mas nunca foi irrelevante. 

P.S. Comecei a escrever esta postagem inspirada em um texto do Chessbase. Terminei misturando algumas informações do texto com minhas lembranças pessoais. Cheguei a comprar alguns exemplares do Informator. Para quem algum dia sonhou em ser um bom jogador de xadrez, reproduzir as partidas do Informator era o máximo.

P.S.2 A ascensão e queda do Informator é muito parecida com outras situações, como os jornais, a televisão aberta e outras situações. 

Sobre a Fortuna de Britney Spears


A cantora Britney Spears voltou a ser assunto de comentários depois de que um documentário mostrou como sua fortuna estava sendo administrada pelo pai. Um movimento, o #FreeBritney, pedia que a cantora pudesse gerenciar sua fortuna. Segundo a Forbes, a fortuna de Britney, hoje, é de 60 milhões de dólares. Mas isto não é muito: 

Britney Spears estava no topo do mundo há vinte anos. Ela detinha uma temporada de quatro anos de álbuns de platina nº 1, um Grammy e uma série de turnês mundiais que lhe renderam dezenas de milhões de dólares. Em 2002, a Forbes a nomeou a celebridade mais poderosa do mundo, com uma receita estimada em US$ 40 milhões antes dos impostos e taxas.  

Em termos de ganhos e poder, ela estava à frente de suas contemporâneas Jessica Simpson e Jennifer Lopez. E ainda hoje é possível dizer que ela vendeu mais ingressos para shows e álbuns do que qualquer uma das duas. Mas quando se trata de patrimônio líquido, a ex-rainha do pop ficou para trás. Britney, que já foi uma força dominante e ascendente na cultura pop, tem um patrimônio líquido de US$ 60 milhões. Jessica e Jennifer construíram fortunas de mais de US$ 100 milhões cada uma, segundo estimativas da Forbes. Beyoncé, que começou sua carreira solo alguns anos depois de Britney deixar o Mickey Mouse Club, tem uma fortuna sete vezes mais valiosa, sem incluir nenhuma riqueza de seu marido bilionário Jay-Z. 

Então, o que deu errado? Depois de vários anos sofrendo com o abuso da mídia, Britney sofreu um colapso mental público e foi colocada sob tutela judicial em 2008. A juíza entregou o controle de sua carreira e finanças a seu pai, James, que agora é o vilão do movimento #FreeBritney, um ato que ocorre nas mídias sociais para “libertar” a cantora da tutela. 

Esse cenário não teve impactos positivos em sua carreira e em seu patrimônio. Nos últimos anos, Britney resistiu ao controle de seu pai, ao mesmo tempo em que pagava milhões de dólares em taxas legais vinculadas à tutela, que controla rigidamente seu estilo de vida e a obriga a pagar uma pensão alimentícia para seu ex-marido Kevin Federline. Documentos judiciais analisados ​​pela Forbes no ano passado revelaram que a maioria de seus ativos são mantidos em várias contas de corretagem, imóveis e dinheiro. A fortuna da estrela pop não por falta de esforço: em 2008, ela lançou cinco discos de sucesso e embarcou em seis grandes turnês. Na década seguinte, ela entregou outros quatro álbuns e quatro turnês mundiais, sendo uma delas em Las Vegas, que durou de 2013 a 2017 e arrecadou US$ 137,7 milhões, segundo a Caesars Entertainment. 

Mas as coisas começaram a ficar difíceis. Antes, a cantora era uma escolha popular para parceria com empresas como Pepsi, Skechers e Samsung, mas em 2015 ela parou de fazer comerciais de televisão. Britney não lança novas músicas desde 2016 e parou de fazer turnês em 2018. No ano seguinte, ela cancelou outra residência lucrativa em Las Vegas que a teria feito arrecadar pelo menos US$ 350 mil por noite. 

“Minha cliente me informou que tem medo do pai”, disse o advogado de Britney, Samuel D. Ingham III, no tribunal em novembro, segundo a Associated Press. “Ela não se apresentará novamente se seu pai estiver encarregado de sua carreira.” Na audiência, a cantora esperava destituir permanentemente o pai da posição de tutor. Vivian Lee Thoreen, advogada de Jamie Spears, defendeu sua administração e disse que Britney Spears estava em dívida antes da tutela: “Não acredito que existam evidências suficientes que apoiem a suspensão do meu cliente.” 

Na semana passada, um juiz concordou em manter Jamie Spears como tutor, mas atendeu ao pedido de Britney em nomear Bessemer Trust, uma fiduciária independente, como cotutora permanente. Thoreen e Spears não comentaram o ocorrido. 

Enquanto enfrentava dificuldades, vários de seus colegas astros prosperaram. Jennifer Lopez continuou a trabalhar regularmente, produzindo novas músicas, viajando pelo mundo e estrelando uma residência própria de dois anos em Las Vegas, enquanto embolsava muito dinheiro como apresentadora do “American Idol”. No ano passado, enquanto Britney seguia esquecida, J-Lo ganhou US$ 47,5 milhões ao estrelar “As Golpistas”, fazer turnês pelo mundo e ser patrocinada por marcas como L’Oreal, Kohl’s e Guess. Como artista, os ganhos de Jessica Simpson equivalem a uma pequena fração da fortuna de Jennifer e Britney, mas ela converteu sua popularidade em uma participação acionária em uma empresa de roupas e sapatos que leva o seu nome. Em 2015, ela vendeu sua participação de 62,5% no empreendimento para o Sequential Brand Group por cerca de US$ 120 milhões.  

Enquanto isso, surgia uma nova geração de ícones pop, incluindo Katy Perry, Lady Gaga, Rihanna e Taylor Swift. Taylor realizou cinco turnês mundiais desde seu álbum de estreia em 2006 – sete anos depois do lançamento de Britney Spears. Em 2018, ela embarcou no Reputation Stadium Tour 2018, que se tornou a turnê de maior bilheteria nos Estados Unidos acumulando US$ 266,1 milhões através de 2 milhões em vendas de ingressos. Suas casas, incluindo uma mansão em Rhode Island, duas em Beverly Hills e uma cobertura em Manhattan, valem mais do que toda a fortuna de Britney, sem contar seus dois jatos particulares Dassault. 

Rihanna mostrou como ganhar muito dinheiro fora dos palcos ao converter seu sucesso na música em uma mistura de empreendimentos empresariais. A Fenty Beauty, sua linha de maquiagem com a gigante francesa de luxo LVMH, acumulou mais de US$ 600 milhões em vendas em 2019. Segundo estimativas da Forbes, a participação de Rihanna na marca de cosméticos vale US$ 375 milhões. Sua participação na linha de lingerie Savage x Fenty, que na semana passada arrecadou US$ 115 milhões em sua segunda rodada de investimentos, vale mais de US$ 80 milhões. 

Ninguém sabe o que Britney teria feito se estivesse no controle de seu destino e fortuna. Mas é difícil dizer se ela teria tornado as coisas piores do que seu pai.

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Facebook versus Austrália: uma visão alternativa


Ontem a rede social Facebook bloqueou o acesso dos australianos as notícias. Era uma reação a uma medida do governo da Austrália sobre o pagamento de conteúdo na rede. Uma visão alternativa do problema aparece no The Conversation. Eis o argumento central:

Para qualquer economista, o objetivo da política de concorrência é estimular a concorrência. Nesse caso, mais opções de plataforma digital para os consumidores ou mais opções de conteúdo de notícias. 

Mas a legislação do governo parece ter sido concebida exclusivamente para cumprir nenhum dos dois. 

O código permite que as organizações de notícias negociem com grandes plataformas digitais sobre coisas como como seus algoritmos funcionam para priorizar o conteúdo e dinheiro. 

E o dinheiro é o que realmente importa. As organizações de notícias querem mais, as grandes plataformas digitais têm. É simples assim. 

O código capacita organizações de notícias a obter dinheiro de plataformas digitais por 

  • tornando-o ilegal para plataformas digitais que não pagam para fornecer links para notícias australianas, dando aos grandes meios de comunicação um poder de negociação de quase monopólio 
  • permitir que negócios sejam feitos sem a necessidade de autorização de regulador preocupado com o interesse público 
  •  fornecer um tapa-buraco regulatório caso isso não aconteça, cujo projeto é inclinado no interesse de uma das partes
Esta última etapa requer uma pequena explicação. 

Não é desconhecido, especialmente na Austrália, que a política de concorrência funcione permitindo primeiro que as partes negociem e, em seguida, impondo um acordo regulamentado apenas se elas falharem. 

E normalmente trata-se de capacitar o rapaz , na crença de que é isso que leva a resultados socialmente desejáveis. 

Saga da Wirecard continua


Um tribunal da Alemanha convocou dois auditores da empresa Ernst Young para testemunharem perante uma comissão do parlamento. O testemunho envolve o trabalho realizado na contabilidade da empresa Wirecard AG.

A empresa Wirecard entrou em colapso em 2020 e a história guarda alguns segredos ainda não revelados. Questiona-se sobre o papel de um "espião" entre os executivos da empresa, a incompetência da entidade responsável pela fiscalização do mercado de capitais do país e o lugar da contabilidade neste drama. O escandâlo só foi revelado depois de uma série de reportagens do Financial Times. Logo no início, o regulador tentou frear a investigação do jornal. Mas uma investigação realizada por outra empresa de auditoria revelou uma diferença na conta caixa da empresa de quase 2 bilhões de euros. 

A empresa EY era responsável pela auditoria da Wirecard e não viu a ausência de 2 bilhões.

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Rir é o melhor remédio


 Simplicidade em estatística

18 fevereiro 2021

Efeito do Covid nas normas contábeis

O International Accounting Standards Board (IASB), entidade que emite normas contábeis para diferentes países do mundo, inclusive o Brasil, está propondo uma alteração na norma de aluguel, a IFRS 16. Na verdade, a mudança é relativamente pequena, quando imaginamos o impacto da pandemia na empresa. 

Quando do início da pandemia, o IASB emitiu uma pequena alteração na IFRS 16. A pandemia fez com que muitos contratos de arrendamento tivessem seu pagamento alterado, uma vez que os locatários não tinham condições de arcar com os pagamentos. Em maio de 2020, o IASB propôs uma mudança na norma para adequar a situação existente. Entretanto, o problema de saúde persiste. E a medida emitida em maio partia da suposição que isto estaria "resolvido" em alguns meses. 

Mas os arrendadores continuam fazendo concessões aos arrendatários por conta do Covid. Diante da realidade que os efeitos do Covid persiste, o Iasb propõe prorrogar a emenda emitida em maio. A proposta está aberta para discussão até 25 de fevereiro de 2021 e até o final de março deve ser finalizada, devendo entrar em vigor no dia primeiro de abril. 

Provavelmente a norma deve ser aprovada no Brasil pelo CPC.  

Aqui o comunicado à imprensa. Foto aqui

Valor Fundamental das Criptomoedas

Resumo:

This paper studies the role of technological sophistication in Initial Coin Offering (ICO) successes and valuations. Using various machine learning methods, we construct technology indexes from ICO whitepapers to capture technological sophistication for all cryptocurrencies. We find that the cryptocurrencies with high technology indexes are more likely to succeed and less likely to be delisted subsequently. Moreover, the technology indexes strongly and positively predict the long-run performances of the ICOs. Overall, the results suggest that technological sophistication is an important determinant of cryptocurrency valuations.


Liu, Yukun and Sheng, Jinfei and Wang, Wanyi, Technology and Cryptocurrency Valuation: Evidence from Machine Learning (January 27, 2021). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3577208 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3577208



Valor e Preço

 


De Damodaran:

O valor, como argumentei, é uma função dos fluxos de caixa, crescimento e risco, refletindo a qualidade do modelo de negócios de uma empresa. O preço é determinado pela demanda e pela oferta, onde, além de, ou talvez até opressor, fundamentos, você tem humor, ímpeto e vingança (...) jogados na mistura. Uma vez que os dois processos são impulsionados por forças diferentes, não há garantia de que os dois produzirão o mesmo número para um investimento ou empresa em um determinado momento:

Simplificando, você pode ter o preço maior do que o valor (supervalorizado), menor do que o valor (subvalorizado) ou aproximadamente o mesmo (razoavelmente valorizado). O último cenário é aquele em que os mercados são razoavelmente eficientes e, nesse cenário, os dois processos não vazam um para o outro. Em termos de especificações, quando o valor de uma ação é aproximadamente igual ao seu preço. (...)

No mundo real, existem muito poucas pessoas que acreditam na eficiência absoluta do mercado, mesmo com os mais fortes defensores da ideia aceitando o fato de que o preço pode desviar-se do valor para algumas ou muitas empresas. Quando isso acontece, e há uma lacuna entre preço e valor, existe o potencial para um ciclo de feedback, onde o preço de uma empresa pode afetar seu valor. Esse ciclo pode ser virtuoso (em que preços fortes para uma empresa podem aumentar seu valor) ou vicioso (em que preços fracos para uma empresa podem diminuir o valor).

Foto: aqui

Fraude, Continuidade e Auditoria


 A distância entre o que o público imagina e o que o auditor faz, com respeito a fraude e a continuidade, está sendo discutida pelo IAASB. A entidade reconhece existir uma distância entre o que o usuário imagina que a auditoria entrega e o que realmente a auditoria faz. 

Eis um trecho da introdução do documento que apresenta uma perspectiva global:

The purpose of this Discussion Paper is to gather perspectives from all our stakeholders about the role of the auditor in relation to fraud and going concern in an audit of financial statements, and to obtain input on matters about whether our standards related to fraud and going concern remain fit-for-purpose in the current environment.

The information collected will help us to make an informed decision(s)  about possible further actions – we are openminded as to how we could contribute to narrowing the expectation gap, bearing in mind our role as a standard-setter, the proportionality of any proposals and the objective of a financial statement audit.

We have set out certain matters for consideration that have been raised to us through feedback forums or research, but we are not committing to any specific actions at this stage—decisions will be made once we have an informed view about the issues that we need to address and have considered the most appropriate way to address them.

Although the primary focus of this Discussion Paper is on matters that are relevant to the IAASB’s remit (i.e. audit standardsetting and related activities), we encourage all participants in the financial reporting ecosystem to evaluate the necessary changes each stakeholder needs to implement if we, collectively, are to be successful in narrowing the expectation gap.

São citados casos recentes, onde a auditoria cometeu "falhas". 

O fato da IAASB reconhecer este "gap" (como está no documento) pode ser uma evolução. Mas pareceu tímida demais. 

Facebook versus Austrália


Tudo começou quando a Austrália passou uma lei obrigando o Facebook a pagar pelas notícias produzidas pelos editores de notícias do país. Ontem, quarta, o Facebook anuncia que não irá permitir mais links para artigos de notícias na Austrália. Ou seja, os usuários australianos não poderão conectar-se a nenhum artigo de notícia e os editores de notícias não terão permissão para postar no Facebook. Mais ainda, os usuários do Facebook no resto do mundo não poderão ver ou compartilhar os links relacionados com as fontes de notícias da Austrália (via aqui

Muito radical. Mas a Facebook fez a ameaça de retaliação antes da lei ser aprovada. O Google (que hospeda este blog) tinha feito um acordo para fazer pagamentos à News Corp, um agência de notícias da Austrália, em troca das notícias. A Microsoft também parece ter concordado. 

O Facebook diz que a lei penaliza a empresa: os usuários e editores tomaram livremente a decisão de postar artigos na rede social. 

O mercado australiano é reduzido, assim como as postagens de notícias no Facebook da Austrália. A questão é mais ampla: como ficaria se todos os países começassem a aprovar leis deste tipo? Discussão boa aqui.

Cartoon aqui

Rir é o melhor remédio


 Procrastinação

17 fevereiro 2021

Uma história da Mckinsey e da Enron


Da nota de rodapé do artigo do NakedCapitalism

Alguns de vocês devem se lembrar que o prodígio da McKinsey, Jeff Skilling, tinha a Enron como seu cliente e então abandonou o barco [da empresa de consultoria] para se tornar um executivo e posteriormente CEO [da Enron]. Em um encontro de ex-alunos da McKinsey em meados dos anos 2000, uma pessoa falou na sala: “Quantos de vocês trabalharam com Jeff Skilling?”

Cerca de 1/3 das mãos se levantaram.

Próxima pergunta: “Quantos de vocês estão surpresos por ele estar envolvido em algo que não passou no teste de cheiro?”

Nenhuma mão levantada.

Imagem: aqui

McKinsey é uma empresa do mau?


A empresa de consultoria McKinsey é muito, muito influente. Fundada há quase 100 anos, pelo professor da Universidade de Chicago James McKinsey, a empresa presta consultoria estratégica para governos e outras organizações. Como afirma o verbete da Wikipedia:

a empresa está associada com numerosos escândalos notáveis, incluindo o colapso da Enron em 2001 e a crise financeira de 2007-2008. Também está envolvida na controvérsia da Purdue Pharma, a entidade de emigração dos Estados Unidos e regimes autoritários. 

Parece forte. Mas um texto do Naked Capitalism é mais ainda: Goldman é mau, mas McKinsey é pior. 

É notável a maneira como a McKinsey vai de um desastre em outro, mas consegue se retratar como uma espécie de Zelig da América corporativa: sempre em cena, mas sem fazer nada em particular. Isso apesar do fato (por exemplo) de a McKinsey ter sido a única responsável pelo maior negócio de destruição de valor de todos os tempos (...) que foi a aquisição da AOL pela Time Warner. A McKinsey apresentou a AOL ao conselho da Time Warner cinco vezes e o conselho teve coragem de rejeitá-lo apenas quatro vezes.

Ou que tal a falência da Enron? A McKinsey estava em toda a Enron, tanto quanto a Arthur Andersen, mas não deixou impressões digitais na cena do crime, como assinar os dados financeiros da Enron ... mesmo que fosse amplamente reconhecido como tendo aprovado o tratamento contábil que afundou a Arthur Andersen. 

O foco do texto é a crise dos opoides, onde a empresa parece ter desempenhado uma função crucial. Por conta disto, pagou 600 milhões de dólares. Lembram do caso da família Gupta, da África do Sul? KPMG e McKinsey?

E Isabel dos Santos? Uma lista foi postada aqui. A resposta da pergunta do título parece ser óbvia, não?


Linguagem e desempenho: duas pesquisas

 


Dois artigos interessantes. O primeiro estabelece uma relação entre legibilidade e custo do capital. Eis o abstract:

Using a large panel of U.S. public firms, we examine the relation between annual report readability and cost of equity capital. We hypothesize that complex textual reporting deters investors' ability to process and interpret annual reports, leading to higher information risk, and thus higher cost of equity financing. Consistent with our prediction, we find that greater textual complexity is associated with higher cost of equity capital. Our results are robust to a battery of sensitivity checks, including use of multiple estimation methods, alternative proxies of annual report readability and cost of equity capital measures, and potential endogeneity concerns. In addition, we hypothesize and test whether the nature of the relation between readability and cost of capital depends on the tone of 10-K filings. Our results show that the effect of annual report complexity on cost of equity is greater when disclosure tone is more negative or more ambiguous. We also find that the effect of annual report readability on cost of equity capital depends on the degree of stock market competition, level of institutional investors' ownership, and analyst coverage.

No mesmo periódico, um artigo que analisa a relação entre a linguagem positiva e o retorno do acionista. A conclusão é importante: que exagera na linguagem positiva não entrega resultado. Eis o abstract: 

We examine S&P 500 firms over 1999–2014 that characterize their annual performance with extreme positive language. Only 18% of such firms increase shareholder value, while over 80% have either negative or insignificant abnormal returns. Our evidence suggests that firms often base their claims of extreme positive performance on high raw returns or strong relative accounting performance. In comparison to firms that generate positive abnormal returns without boasting, our sample firms tend to have superior accounting performance. We conclude that boasting about performance is rarely associated with value creation and is more consistent with an emphasis on accounting metrics.

Imagem aqui

Para o IFAC, mais informação significa melhor comunicação

 


A IFAC aplaude a liderança do Conselho de Relatórios Financeiros ao estimular essa importante conversa sobre o futuro dos relatórios corporativos. A IFAC apóia a inclusão de uma gama mais ampla de informações nos relatórios corporativos para que as organizações possam se comunicar com mais eficácia - e as partes interessadas possam entender melhor - as perspectivas de criação de valor de longo prazo.

Fonte: aqui

Já destacamos aqui que criar normas pode ser um negócio. Também aqui chamamos a atenção para uma política usada quando não sabemos direito o que fazer: pedimos mais informação

Rir é o melhor remédio

 

Propaganda e asteroide. 

16 fevereiro 2021

Doutorado e Política na Alemanha


Na Alemanha, os políticos parecem gostar de ter um doutorado:

Em 2011, por exemplo, os 622 membros do Bundestag incluíam 115 com doutorado (18 por cento), enquanto no gabinete um surpreendente 10 de 16 ministros (63 por cento) tinha Ph.Ds (...) A própria chanceler Angela Merkel é famosa por ter um Ph.D. em química quântica; seus gabinetes também tiveram diversos doutores em direito, medicina, administração, sociologia, educação e até mesmo teologia.

No parlamento atual, quase 82% dos legisladores têm diploma universitário e cerca de 17% têm Ph.Ds. O antecessor de Merkel, Helmut Kohl, tinha Ph.D. em história; Primeiro-ministro da Baviera - e possível sucessor de Merkel - Markus Söder tem doutorado em direito. No Presidium dos Democratas Cristãos, um órgão de governo que geralmente compreende líderes políticos em nível federal e estadual, três dos sete membros têm doutorado.

O problema para alguns: plágio nos trabalhos. 


Sustentabilidade: custo ou investimento?


A sabedoria convencional afirma que limpar o registro ambiental de uma empresa é mais caro do que pagar multas, entrar em acordo com os demandantes ou evitar totalmente a responsabilidade. Esse entendimento guiou décadas de comportamento corporativo, desde o despejo de substâncias cancerígenas no abastecimento de água potável da Califórnia até testes de emissão falsos em carros a diesel .

Mas um crescente corpo de pesquisas desafia essa noção. Desde 2015, estudos  sugerem que o custo de melhorar o histórico ambiental de uma empresa não é custo, mas sim um investimento que aumenta os lucros, a eficiência e a competitividade.

Fanny Hermundsdottir e Arild Aspelund, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, revisaram mais de 100 artigos científicos publicados entre 2005 e 2020 medindo a correlação entre os investimentos das empresas em sustentabilidade e sua competitividade. Seus resultados, publicados no Journal of Cleaner Production , mostraram que 64 empresas exibiram uma relação positiva entre inovações em sustentabilidade e competitividade; 29 mostraram resultados mistos ou neutros; cinco foram inconclusivos e dois estudos mostraram efeitos negativos.

“Nossa principal contribuição é mostrar que a hipótese alternativa - de que a sustentabilidade é simplesmente um gerador de custos - é desmascarada”, escreveu Aspelund por e-mail. “Não há evidências científicas para apoiar tal afirmação.”

A maioria dos pesquisadores, argumenta Aspelund, está caminhando para um consenso de que as oportunidades de negócios de investir em operações sustentáveis ​​geralmente eclipsam os custos. Exemplos como a decisão lucrativa do Walmart de tornar mais ecológica (e simplificar) sua cadeia de suprimentos em 2005 estão se tornando mais comuns. Mas ele admite que poucos concordariam incondicionalmente que “sustentabilidade é lucrativa”.

(...) a comprovação da causalidade: os investimentos em sustentabilidade aumentam a competitividade de uma empresa ou as empresas altamente competitivas têm maior probabilidade de investir em sustentabilidade? Os dados são inconclusivos.

Fonte: aqui. Imagem aqui

Decisões do IFRIC


Enquanto o Board do Iasb recebe toda a atenção, o IFRIC, que tomaria pequenas decisões relacionadas com situações específicas, não recebe muita atenção. Uma publicação do IFRIC (International Financial Reporting Standards Interpretations Committee) apresenta as decisões atualizadas. Um exemplo de como isto pode afetar a vida das empresas foi apresentado aqui. Eis um exemplo:

A decisão da agenda determinou que as criptomoedas devem geralmente ser contabilizadas com base no custo, embora também tenha concluído que uma abordagem de corretor / distribuidor de valor justo pode ser usada em algumas circunstâncias. Mais de 75 por cento dos preparadores estavam usando uma abordagem de valor justo, que deve ser evitada após esta decisão, diz Hardidge. 

Ensino a distância e Humor


Eu já tinha notado isto em um curso que ministrei. Parece que humor não combina bem com ensino a distância. É uma pena, pois torna a aula mais burocrática. Um texto do The Conversation apresenta as razões da dificuldade de usar o humor em sala de aula virtual.

1. Pistas são perdidas - o humor depende das pessoas captarem pistas contextuais, como gestos, expressões faciais e postura. O ensino virtual torna isto mais difícil. 

2. Problemas técnicos - a qualidade das conexões pode distorcer a voz e imagem do professor e dos alunos, o que prejudica o humor. E o uso de celular não ajuda. 

3. O riso é menos contagioso - o humor é contagioso. A presença de colegas em um mesmo ambiente ajuda a aula ser mais engraçada. Mas isto não ocorre na aula virtual. Os problemas técnicos agravam este fato.

4. Efeito da câmera ligada - um estudo mostrou que participantes filmados assistindo uma comédia, quando perceberam a presença da filmagem, riram menos. 

5. Muitas distrações - muitos alunos não estão prestando atenção na aula, em turmas remotas. Há interrupções, que inclui animais e crianças. 

Imagem: aqui

Rir é o melhor remédio


 O terror do histórico do navegador

15 fevereiro 2021

Honestidade e Gênero


Uma pesquisa examinou se o gênero tinha alguma influência na honestidade das pessoas. Para isto, os pesquisadores usaram dados da Itália e da China em situações de trabalho. O resultado foi o mesmo: as mulheres são menos investigadas por corrupção do que os homens, nos dois países.A pesquisa pode ser encontrada aqui e o resumo, em inglês, está abaixo: 

We examine the correlation between gender and bureaucratic corruption using two distinct datasets, one from Italy and a second from China. In each case, we find that women are far less likely to be investigated for corruption than men. In our Italian data, female procurement officials are 34 percent less likely than men to be investigated for corruption by enforcement authorities; in China, female prefectural leaders are as much as 75 percent less likely to be arrested for corruption than men. While these represent correlations (rather than definitive causal effects), both are very robust relationships, which survive the inclusion of fine-grained individual and geographic controls.

Imagem aqui

Apple e a questão dos impostos na Europa

Acompanhamos no passado o caso da possibilidade da Apple pagar imposto de renda na Europa. A empresa usava um planejamento tributário bem agressivo, usando a Irlanda. Isto foi destaque há anos. Depois, parecia que a Apple tinha vencido o confronto, com o reconhecimento da Europa, que a empresa tinha usado as normas a seu favor. Agora, a notícia de que a Comunidade Europeia está voltando atrás e pedindo o pagamento dos impostos. Eis a notícia da Forbes (imagem aqui)

UE alega erro judicial e pede pagamento de US$ 15,7 bi em impostos pela Apple

As autoridades antitruste da União Europeia alegaram que um tribunal cometeu erros ao suspender uma ordem para que a Apple pagasse € 13 bilhões (US$ 15,7 bilhões) em impostos atrasados na Irlanda e pediram anulação da decisão.

A Comissão está apelando para o Tribunal de Justiça da União Europeia, com sede em Luxemburgo, após uma decisão do ano passado do Tribunal Geral, que disse que o executivo da UE não havia cumprido os requisitos legais para mostrar que a Apple desfrutou de uma vantagem injusta.

Em 2016, a Comissão disse que duas decisões fiscais irlandesas reduziram artificialmente a carga tributária que incide sobre a Apple por mais de duas décadas, que em 2014 era de apenas 0,005%.

“O fato de o Tribunal Geral não ter devidamente considerado a estrutura e o conteúdo da decisão e as explicações nas observações escritas da Comissão sobre as funções desempenhadas pelas sedes e pelas subsidiárias irlandesas da Apple é uma violação do procedimento”, afirmou a Comissão em documento.


A Apple disse que o julgamento do Tribunal Geral provou que sempre cumpriu as leis irlandesas, com o problema sendo mais sobre onde a companhia deveria pagar impostos do que sobre o valor de tais taxas. (Com Reuters)

Custo da energia renovável em queda, mas não significa seu uso

Texto do Popsci destaca que a energia solar ficou barata (postamos sobre isto recentemente). E questiona a razão de não estar usando mais. 

Sobre o custo, eis um trecho:

Quando se trata do custo da energia de novas usinas, a energia eólica onshore e a solar são agora as fontes mais baratas - custando menos do que gás, geotérmico, carvão ou nuclear.

Solar, em particular, barateou em um ritmo alucinante. Há apenas 10 anos, era a opção mais cara para construir um novo empreendimento energético. Desde então, esse custo caiu 90%, de acordo com dados do Relatório de Custo Nivelado de Energia e destacado recentemente por Our World in Data . Painéis solares em escala de serviço público são agora a opção mais econômica de construir e operar. A energia eólica também apresentou um declínio dramático - os custos de vida útil de novos parques eólicos caíram 71% na última década.


Existem algumas explicações para isto:

[A Energia] Solar tornou-se barato devido a forças chamadas curvas de aprendizado e ciclos virtuosos (...) Aproveitar a energia do sol costumava ser tão caro que só era usado para satélites. Em 1956, por exemplo, o custo de um watt de capacidade solar era de US $ 1.825. (Agora, a energia solar em escala de serviço público pode custar tão pouco quanto $ 0,70 por watt .)

O ciclo virtuoso, uma das explicações é o seguinte:


Quanto mais painéis eram produzidos para satélites, mais seu preço diminuía e mais eles eram adotados para outros nichos. Como o custo diminuiu ainda mais devido a melhorias tecnológicas e ao aumento das economias de escala, a energia solar foi capaz de finalmente estrear como uma fonte de energia de uso geral viável. Desde 1976, cada duplicação da capacidade solar levou a um declínio médio de 20,2% no preço dos painéis.

Há também o investimento do governo na tecnologia. Entretanto, as fontes renováveis ainda não são adotadas substancialmente na maioria dos países (o Brasil é um exceção). Há alguns desafios tecnológicos (como levar a energia produzida em um lugar para outro ou como armazenar a energia para ser usada quando estiver de noite). A explicação pode estar no custo perdido (o texto não usa este termo e faz uma confusão entre custo e gasto):

“Temos usinas fósseis onde já pagamos para construí-las e o custo de produção de mais uma unidade de eletricidade é mais barato do que usar a infraestrutura existente do que construir uma nova infraestrutura na maioria dos casos. Portanto, considerando que já pagamos o custo inicial dessa infraestrutura de combustível fóssil, a economia ainda não se alinha quando vamos facilitar uma rápida eliminação das usinas de combustível fóssil antes do final de seu ciclo de vida. ”

Isso pode mudar em breve, no entanto. O custo de construção de novas energias renováveis ​​está se tornando cada vez mais competitivo com o custo de adicionar capacidade adicional às instalações de combustíveis fósseis existentes. Na análise da Lazard de 2020, os custos vitalícios (quando incluindo subsídios) de energia são $ 31 por megawatt-hora para energia solar e $ 26 por megawatt-hora para vento. O custo de aumentar a capacidade foi de $ 41 para carvão e $ 28 para gás natural.

Outra questão são os contratos de longo prazo:

Além de já estar fortemente investido em combustíveis fósseis, há muita inércia no sistema devido aos contratos de longo prazo entre concessionárias, produtores de energia e mineradoras. E como o uso total de energia do país não aumenta tanto a cada ano, não há muito incentivo para construir novas energias renováveis.

E a questão tecnológica (comentado anteriormente):

O sol e o vento não são consistentes ao longo do dia ou do ano, e às vezes os melhores lugares para ter energia não têm muitas pessoas morando lá. As partes mais ventosas do país - geralmente nas regiões do interior como as Grandes Planícies - têm menos pessoas para usar essa energia do que as cidades costeiras superlotadas. A envelhecida rede elétrica americana não tem atualmente a capacidade de distribuir energia de fontes renováveis ​​por longas distâncias, diz Matt Oliver, economista de energia do Instituto de Tecnologia da Geórgia.

Esses desafios de intermitência e geografia não são intransponíveis - baterias e água podem armazenar energia e melhores sistemas de transmissão podem ser construídos. Mas as soluções exigirão investimentos maciços para desenvolver e construir a infraestrutura necessária.

Balanço Patrimonial impõe dúvidas sobre o futuro do Barcelona


Clubes de futebol são geralmente mal administrados. Não somente aqui, mas também na Europa. O Barcelona é um caso onde a crise financeira pode significar o fracasso futuro. O texto a seguir faz uma vinculação entre a questão do futebol e a questão contábil. 

Barcelona e o preço impagável do sucesso: clube mais rico do mundo enfrenta grave crise financeira 

Executivos culpam a pandemia, mas muitos de seus maiores problemas, incluindo sua enorme dívida com Lionel Messi, são culpa sua 

 Tariq Panja e Rory Smith, The New York Times 15 de fevereiro de 2021 | 12h00  

O cuidadoso plano traçado pelo Barcelona, o clube de futebol mais rico do mundo, desmoronou assim que seus negociadores entraram na sala. Em uma tarde sufocante de final de verão, os executivos do Barcelona foram a um dos hotéis mais exclusivos de Monte Carlo para fechar um acordo com o clube alemão Borussia Dortmund para um dos jovens candidatos mais incríveis da Europa: o atacante francês Ousmane Dembélé.  

Messi contesta multa de R$ 4,3 bi e indica que vai insistir para deixar Barcelona Messi permaneceu no Barcelona para temporada 2020-21, mas ainda pode deixar o clube em breve Foto: Albert Gea/Reuters LEIA TAMBÉM Jornal revela contrato 'faraônico' de Messi com o Barcelona de R$ 3,6 bilhões Jornal revela contrato 'faraônico' de Messi com o Barcelona de R$ 3,6 bilhões  

O Barcelona havia decidido sua estratégia e seu preço: Dembélé, aos olhos do clube, valia US$ 96 milhões e nem um centavo a mais. Por mais que o Dortmund pressionasse por uma taxa mais alta, os homens do Barcelona iriam se manter firmes. Os dois executivos se prepararam enquanto se dirigiam para a suíte que os alemães tinham reservado. Eles se abraçaram antes de bater na porta. E então eles entraram, apenas para descobrir que os executivos do Dortmund também tinham um plano em mente.  

Os alemães disseram aos convidados que precisavam pegar um avião. Eles não tinham tempo para conversar sobre trivialidades e não estavam ali para negociar. Se o Barcelona quisesse Dembélé, teria que pagar quase o dobro da avaliação dos espanhóis: US$ 193 milhões. O preço faria do francês de 20 anos o segundo jogador de futebol mais caro da história.  

O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, ficou chocado. Mas ele não foi embora. Ele rapidamente concordou em pagar quase todo o valor, estabelecendo uma taxa inicial de US$ 127 milhões, com mais US$ 50 milhões em bônus de desempenho facilmente alcançáveis. Apesar de todas as suas intenções de fazer jogo duro, ele sentia que não tinha escolha.  

Apenas algumas semanas antes, o Barcelona vira um de seus valiosos jogadores, Neymar, ser levado pelo Paris Saint-Germain. Bartomeu não podia arriscar decepcionar uma base de fãs que ainda se recuperava do golpe e voltar para casa de mãos vazias. Ele precisava contratar uma estrela, um troféu, uma joia de pequeno valor. Ele teve que pagar o preço.  

O CLUBE DE UM BILHÃO DE DÓLARES 
Durante grande parte da última década, o Barcelona teve a imagem de um colosso esportivo e comercial. Neste século, seu sucesso em campo e sua riqueza fora dele atiçaram a inveja até de seus rivais mais acirrados. É a primeira (e única) equipe a ultrapassar US$ 1 bilhão em receita anual. Ele emprega indiscutivelmente o melhor jogador da história, Lionel Messi. Nos dias de jogos, o cavernoso e icônico estádio que ele chama de lar fica lotado com quase 100 mil sócios do clube que pagam suas taxas como associados.  

Mas o Barcelona tem vivido no limite durante grande parte de sua história recente, uma consequência de anos de administração impulsiva, decisões precipitadas e contratos imprudentes. Durante anos, o aumento das receitas ajudou a esconder seus piores erros, mas agora o novo coronavírus mudou a matemática.  

Um ex-integrante da diretoria acredita que a pandemia acabará custando ao time mais de meio bilhão de dólares em receita. Sua folha de pagamento é a mais cara da Europa. Ele já quebrou as cláusulas de dívidas que fez com seus credores, o que quase certamente significará maiores custos com juros no futuro.  

O resultado é que o clube que arrecada mais dinheiro do que qualquer outro no futebol mundial agora enfrenta uma crise: não apenas um aperto financeiro esmagador, mas uma eleição presidencial controversa e potencialmente até a perda de sua joia da coroa, Messi. Sua busca precipitada por Dembélé, entre outros, é apenas uma parte de como chegou até aqui.  

Mesmo quando Bartomeu finalizou a negociação, em agosto de 2017, o Barcelona sabia que havia sido ferido. O clube arrecadou US$ 222 milhões com a venda de Neymar semanas antes e agora precisava de uma contratação chamativa para mudar a conversa. Todo negociante na Europa, entretanto, sabia que Barcelona era rico em dinheiro e pobre em tempo. “Você tem uma posição de negociação mais fraca”, disse Jordi Moix, ex-vice-presidente de Bartomeu para assuntos econômicos. "Eles estão esperando por você."  

Se algum clube podia pagar a mais, porém, era o Barcelona. Na década anterior, ele havia se transformado não apenas no melhor time do mundo - o vencedor de três títulos da Champions League em sete anos -, mas também na sua maior máquina de fazer dinheiro.  

Suas receitas então se aproximavam cada vez mais da meta de 1 bilhão de euros estabelecida por Bartomeu em 2015. Ele atingiu a marca - em dólares, pelo menos - em 2019, dois anos antes do previsto. Os planos para um distrito elegante de entretenimento e lazer ao redor do estádio do time e o lançamento do Barcelona Innovation Hub manteriam o fluxo de dinheiro.  

Ao mesmo tempo, porém, o clube caminhava em uma corda bamba financeira cada vez mais delicada. Há outro marco financeiro de um bilhão de dólares que ele ultrapassou: sua dívida total, incluindo o valor devido a bancos, autoridades fiscais, times rivais e seus próprios jogadores, aumentou para mais de 1,1 bilhão de euros.  

Mais de 60% disso é considerado dívida de curto prazo - mais do que qualquer time da Europa -, mas isso não impediu os gastos extravagantes no mercado de transferências: não apenas o preço pago por Dembélé, mas, alguns meses depois, os US$ 145 milhões comprometido pela contratação de Philippe Coutinho do Liverpool - outra negociação em que o Barcelona desistiu e concordou com um preço que não podia pagar.  

O fardo de pagar aos jogadores que já estão nas contas do clube também continuou a crescer. De acordo com Carles Tusquets, seu presidente interino desde que Bartomeu foi deposto no ano passado, o gasto anual com salários do Barcelona de US$ 771 milhões agora consome 74% da receita anual do clube, uma fatia muito maior do que outros clubes, muitos dos quais pretendem manter essa porcentagem não superior a 60. “É uma quantidade absurda”, disse Tusquets.  

De certa forma, o Barcelona foi vítima de seu próprio sucesso. Quanto mais seus jogadores ganhavam, maiores eram os números que eles poderiam exigir nas negociações salariais. O fato de grande parte de sua equipe - como Messi, mas também Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba - serem vistos como a alma do clube, uma prova visível do caminho desde a academia La Masia até o time principal, deu aos jogadores, não ao clube, vantagem.  

“É evidente que a falta de liderança, a liderança da diretoria com medo de dizer não, é uma das principais coisas que deve ser evitada no futuro”, disse Víctor Font, um dos candidatos a se tornar o próximo presidente do clube quando as eleições forem realizadas em março. “Os salários subiram demais.”  

Mas quando o clube podia contar com receitas de US$ 1 bilhão todos os anos, pagar quase US$ 700 milhões em salários era "um estresse, mas suportável", disse Moix, acrescentando: "Isso não nos deu muito espaço para economizar, mas eles eram a espinha dorsal da equipe. Se não tivéssemos feito os acordos, eles teriam ido embora.”  

Com a previsão de receita para o próximo ano revisada para baixo em US$ 250 milhões, os salários dos jogadores podem em breve representar até 80 centavos de cada dólar trazido para o clube. A mesma equipe que trouxe ao Barcelona tanta glória no passado recente parece, agora, dar sinal do trabalho árduo no futuro imediato.  

E não há exemplo mais claro disso do que o jogador que - acima de tudo - veio a simbolizar este Barcelona, o jogador em cujos ombros repousou a sua ascensão à superioridade global e cujo salário, agora, representa o seu maior compromisso financeiro: Lionel Messi.  

FARAÓ 
O contrato que Messi assinou com o Barcelona - no outono de 2017, logo após a saída de Neymar - tem 30 páginas, segundo um jornal espanhol que vazou uma cópia do documento. Ele contém uma série de custos de fazer chorar: um bônus de assinatura de US$ 139 milhões. Um bônus de “fidelidade” de US$ 93 milhões. Um valor total, se Messi cumprir todas as cláusulas e todas as condições, de quase US$ 675 milhões.  

No mês passado, o jornal que divulgou seu conteúdo, o El Mundo, o descreveu como “faraônico”, um negócio que estava “arruinando Barcelona”. O fato de Messi ser o jogador mais bem pago do mundo não foi uma surpresa: foi relatado na época em que o contrato foi fechado que ele ganharia um salário anual de cerca de US$ 132 milhões.  

Para quem está fora do Barcelona, ver a escala da negociação preto no branco foi mais impressionante. Para quem está dentro do clube, porém, o problema não são os números, mas o fato de eles terem sido revelados ao público. Ronald Koeman, o treinador do Barcelona, pediu a cabeça de quem quer que tenha sido responsável pelo vazamento do contrato. O clube ameaçou entrar com uma ação legal. Messi também ficou furioso com o que considerou uma tentativa de sabotar sua reputação no clube.  

A relação de Messi com o Barcelona está tensa há algum tempo. Mas no verão passado, após uma terceira temporada consecutiva de decepções e um histórico 8-2 de humilhação na Champions League, sua frustração transbordou e ele deu ao clube uma notificação formal de que pretendia encerrar seu contrato e ir embora.  

Bartomeu se recusou até a aceitar a ideia. Se algum pretendente quisesse contratar Messi, declarou ele, teria que pagar uma taxa. Embora Messi tenha visto isso como uma quebra não apenas de uma promessa, mas de uma obrigação contratual, ele acabou desistindo, não querendo levar o clube que representa desde os 13 anos ao tribunal para forçar sua saída.  

Seis meses depois, seu futuro não é mais certo. Seu acordo expira em junho. Desde 1º de janeiro, ele está livre para concordar com uma mudança neste verão para qualquer clube fora da Espanha. Em uma entrevista à televisão no mês passado, ele disse que “esperaria até o fim da temporada” antes de tomar qualquer decisão. “Se eu for embora”, disse ele, “quero partir da melhor maneira possível”.  

Embora seja um tabu para ser dito em público - e embora ninguém fique à vontade para isso -, há quem dentro do Barcelona acredite que a saída de Messi possa ser um mal necessário. No verão passado, alguns falaram pelos cantos que fazia sentido lucrar com Messi enquanto o clube ainda podia, e não apenas porque a taxa de transferência e a economia em seu salário de nove dígitos poderiam adicionar mais US$ 250 milhões ao balanço final do time.  

QUEIMA DE ESTOQUE 
À medida que a eleição presidencial do clube se aproxima, cada candidato tenta se posicionar como o único homem - e são todos homens - com uma solução para a crise financeira. Mas o charme do Barcelona, em certo sentido, também é sua maldição: cada movimento do clube deve ser feito não apenas com o apoio de quem quer que ganhe a eleição em 7 de março, mas também com o apoio de seus 140 mil ferrenhos associados.  

“Isso torna a situação um pouco mais difícil de gerenciar”, disse Moix. “Mas esse fato também é um dos diferenciais que usamos para tentar atrair patrocinadores e negócios. Os associados são os verdadeiros proprietários.”  

No passado, isso contribuiu para a generosidade do clube: Bartomeu poderia não ter ficado tão desesperado para conseguir Dembélé, qualquer que fosse seu preço, se ele não temesse uma revolta de fãs caso falhasse. Font, um de seus sucessores em potencial, está convencido de que a falta de experiência profissional entre as diretorias anteriores levou a algumas das tomadas de decisão equivocadas.  

Assim como o Borussia Dortmund percebeu que o Barcelona, em 2017, não estava em condições de pechinchar, o futebol europeu - devastado pela pandemia - sabe muito bem que agora ele é, na verdade, um negociante em apuros. É improvável que seus jogadores exijam preços premium, se os compradores em posição de pagar salários distorcidos por estrelas envelhecidas puderem ser encontrados em primeiro lugar.  

Isso obrigou os executivos a examinar outras medidas para tentar aliviar a pressão financeira. Alguns dos custos - como um pagamento anual de 5 milhões de euros ao Atlético Madrid, um suposto rival, pela primeira recusa de qualquer um de seus jogadores - fazem pouco sentido. Outros, como pagamentos de sete dígitos por contratações anteriores, já estão incluídos.  

Por enquanto, o clube tem se esforçado para renegociar parte do que deve a seus credores, mas é provável que qualquer tentativa signifique fazer isso em condições piores. Claro, existe uma outra opção. Permitir a saída de Messi pode resolver muitos dos problemas no balanço patrimonial de uma só vez e dar ao clube algum espaço para respirar. Mas, embora todos os candidatos falem da necessidade de restaurar a sanidade financeira, esse é um caminho que ninguém está disposto a seguir.  

“O melhor jogador da história desse esporte gera muito valor comercial”, disse Font. Ele está tão determinado a garantir a permanência de Messi que lhe ofereceria um contrato vitalício, que ligaria o jogador ao clube mesmo depois de ele se aposentar. Afinal, seria uma recompensa adequada para o jogador que - mais do que qualquer outro - trouxe o Barcelona até aqui. 
/ TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

NBC TG 25 - Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes

Rir é o melhor remédio

 


14 fevereiro 2021

Quanto custou o descobrimento da América

 

A Gazeta, edição infantil, 1930, ed. 55, p. 7

Cafeteria e produtividade


Algumas das pessoas mais bem-sucedidas da história fizeram seu melhor trabalho em cafeterias. Pablo Picasso , JK Rowling , Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Bob Dylan - sejam eles pintores, cantores e compositores, filósofos ou escritores, pessoas de várias nações e séculos usaram sua criatividade trabalhando em uma mesa de café .

O texto da BBC cita uma pesquisa de 2012 que mostrou que um nível baixo/moderado de ruído, como existe em uma cafeteria (mas não em uma bar) pode aumentar a produção criativa. 

Interessante. Talvez por este motivo é possível encontrar sites que simulam ruídos existentes em uma cafeteria, como o Murmur. (Foto: café onde JK Rowling escreveu Harry Potter)

Partida Tripla

 A "piadinha" eu encontrei em um jornal infantil existente na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. O autor da piada desconhece contabilidade, mas vale a pena transcrever aqui (fiz ajustes para adequar ao português atual e a leitura ficar mais fluída):

As partidas tríplices

O João Firmino, lendo, num jornal da tarde, que certa firma comercial necessitava de um guarda-livros, apresentou-se como candidato. Recebido pelo chefe do estabelecimento e tendo respondido as primeiras perguntas satisfatoriamente, o homem declarou:

- Estou inclinado a dar-lhe o lugar...

Fez uma pequena pausa, para logo prosseguir:

- ... desde que o senhor entende do sistema de partidas dobradas na contabilidade. Entende?

- Sim, entendo.

- Dê-me então uma prova concreta.
- No outro emprego que eu tive era obrigado a usar partidas triplas
- Como assim?
- Uma para o sócio principal, mostrando grandes lucros; a segunda, para o sócio minoritário, mostrando um lucro pequeno; e a terceira, para o imposto, mostrando prejuízo. 

Fonte: A Gazeta, ed infantil, 1935, ed. 112. 

Doxxing e o ato de blogar

 


Doxxing é a prática de divulgar dados privados sobre uma pessoa ou sobre uma entidade. A divulgação destas informações pode ter várias razões, incluindo extorsão, assédio, humilhação e outras possibilidades. 

No ano passado, o New York Times resolveu fazer uma reportagem sobre o blog Slate Star Codex, de autoria de Scott Alexander. Este blog tinha uma grande influencia e apresentava alguns argumentos pouco usuais em diversos assuntos. [Chegamos a fazer uma postagem usando dados e argumentos de Alexander sobre o ambientalismo, em meados de 2020]. O problema é que o jornal resolveu revelar a identidade de Alexander, mesmo o autor tendo pedido para não fazê-lo. Diversos protestos surgiram na internet (aqui um espaço criado por um deles)

Alexander resolveu apagar o blog em protesto contra a atitude do jornal. Agora, em 2021, Alexander volta a escrever através de um site chamado AstralCodexten, hospedado no “Substack”. E comenta o episódio em uma longa postagem

Após ter seu nome revelado, Alexander, cujo nome verdadeiro é Scott Siskind, perdeu seu emprego. Sobre isto, ele escreve:

Aparentemente, se você tem um blog sobre sua área, isso pode tornar mais difícil conseguir ou manter um emprego na academia . Não tenho certeza do que achamos que estamos ganhando ao garantir que as pessoas mais inteligentes e educadas ao redor não sejam capazes de falar abertamente sobre as áreas em que são especialistas, mas espero que valha a pena.

[Será que em algum momento isto aconteceu no Brasil, com algum blogueiro? Será que temos algum blogueiro que possa contar uma história de discriminação, por ser blogueiro? Não duvido]

Em outro trecho:

E uma pesquisa recente descobriu que 62% das pessoas sentem medo de expressar suas crenças políticas. Não se trata apenas de conservadores - também são moderados (64%), liberais (52%) e até mesmo muitos liberais fortes (42%). Isso é verdade mesmo entre grupos minoritários, com mais latinos (65%) sentindo medo de falar do que brancos (64%), e negros (49%) logo atrás. 32% das pessoas temem que seriam demitidas se suas opiniões políticas se tornassem conhecidas, incluindo 28% dos democratas e 38% dos republicanos. Pessoas pobres e hispânicos têm mais probabilidade de expressar essa preocupação do que pessoas ricas e brancos, mas pessoas com pós-graduação têm pior do que qualquer outro grupo demográfico. E o retrocesso é que esses números aumentaram quase dez pontos percentuais em relação à última pesquisa, três anos atrás. O maior declínio na sensação de segurança foi entre os "liberais fortes", que se sentem 12 pontos percentuais menos seguros para expressar sua opinião agora do que nos velhos tempos de 2017. 

Diante disto tudo, Alexander escreve o seguinte:

Meus pacientes estão se saindo melhor do que poderiam - alguns deles muito melhores - por causa de coisas que aprendi com todos vocês no processo de blogar. A maior parte do progresso intelectual que fiz nos últimos dez anos tem acompanhado as ligações que as pessoas me enviaram por causa do meu blog. Na medida em que o mundo faz sentido para mim, na medida em que fui capaz de desatar alguns dos nós mais espinhosos e ser recompensado com o alívio da clareza mental, muito disso foi por causa de coisas que aprendi enquanto blogava . (...) E depois de ler algumas centenas de seus e-mails, percebi, perfeitamente claro, que vou passar o resto da minha vida tentando merecer pelo menos um por cento do amor que você [leitor] demonstrou e dos presentes que você me deu.

[Sinto que minha aula, minhas orientações, meus livros e minhas pesquisas melhoraram muito depois de começar a blogar] 

Imagem: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Tirando férias

13 fevereiro 2021

Trabalho em casa e a Pandemia


Tim Harford, sobre a experiência de trabalhar em casa na pandemia:

Em fevereiro de 2014, o metrô de Londres foi parcialmente fechado por uma greve que forçou muitos passageiros a encontrar novas maneiras de chegar ao trabalho. A interrupção durou apenas 48 horas, mas quando três economistas (Shaun Larcom, Ferdinand Rauch e Tim Willems) estudaram dados da rede de transporte da cidade, descobriram algo interessante.

Dezenas de milhares de passageiros não retornaram às suas rotas originais, presumivelmente tendo encontrado maneiras mais rápidas ou mais agradáveis ​​de chegar ao seu destino. Algumas horas de interrupção foram suficientes para fazê-los perceber que estavam errando no deslocamento durante toda a vida adulta. (...)

O que a greve do metrô de 2014 nos ensina é que interrupções temporárias podem ter efeitos permanentes. Às vezes, há cicatrizes que não cicatrizam; às vezes, uma crise nos ensina lições que podemos usar quando ela passar. Então, o que aprendemos com o experimento de trabalho remoto? E até que ponto isso continuará depois que o vírus tiver retrocedido?

Fatalmente a pandemia irá mudar muita coisa. Mas seria arriscado (muito arriscado) dizer que será uma mudança radical. 

Dyatlov Pass

 


Um dos grande mistérios modernos parece ter encontrado uma explicação. O Dyatlov Pass foi um evento que ocorreu na antiga URSS, no ano de 1959. Uma expedição com dez pessoas de um instituto politécnico de Yekaterinburg foi encontrada morta, de maneira muito estranha.

Diversas teorias foram apresentadas para justificar o ocorrido, de experiência secreta do governo russo até sinais estranhos no céu. Os russos reabriram o caso em 2019, diante do interesse pelo caso (há até um site específico sobre o assunto)

Agora, dois cientistas suíços estão propondo uma explicação para o caso. Estudando os arquivos e aplicando novas técnicas de análise, os pesquisadores demonstraram que a causa da morte pode ter sido um tipo de deslizamento de neve chamado "avalanche de laje". Isto ajudaria a explicar os "estranhos" ferimentos encontrados. Assim, eles teriam sido mortos por causas naturais. 

(Não é bem interessante usar técnicas atuais para investigar eventos históricos?)


Imposto sobre tudo

 Nos dias atuais, o governo cobra impostos de quase tudo. Mas no passado, a cobrança de impostos era algo mais difícil e alguns impostos cobrados eram realmente peculiares. Eis uma lista inicial. 

ÓLEO DE COZINHA

Onde foi cobrado: Egito antigo

Razão: Uma forma de reduzir a utilização do óleo. O súdito teria que comprar um óleo de cozinha novo, pagando os impostos

URINA

Onde foi cobrado: Roma, imperador Vespasiano

Razão: A amônia proveniente da urina era muito usada em diversos processos. Os compradores de urina compravam a urina para, por exemplo, produzir lã. Há uma frase, Pecunia non olet (dinheiro não fede) que é atribuída ao próprio Vespasiano

SOLTEIROS

Onde foi cobrado: Roma, durante o reinado de Augusto. Mas também Inglaterra no século XVII e URSS após 1941

Razão: enquanto recompensava as famílias com três ou mais filhos, Augusto penalizava os solteiros. Na URSS a razão era combater o declínio demográfico

COVARDES

Onde foi cobrado: Inglaterra medieval

Razão: um convocado para lutar em uma guerra, poderia escapar pagando um valor, chamado de “imposto dos covardes”. Muitas vezes era cobrado mesmo o país não estando em guerra.

INIMIGOS

Onde foi cobra: Inglaterra, entre 1653 a 1658

Razão: o imposto era cobrado pois o reino precisava financiar a milícia que era usada contra os conspiradores


BARBAS

Onde foi cobrado: Rússia, de Pedro, o Grande (vide a série The Great) (foto)

Razão: tentativa de adotar hábitos ocidentais. Os mais pobres podiam usar barba por apenas dois copeques por ano e os mais ricos pagavam 100 rublos. Quem sonegasse teria a barba cortada pela polícia. 

JANELA

Onde foi cobrado: Inglaterra, a partir de 1696

Razão: taxar as pessoas conforme sua riqueza. Se uma casa tivesse mais janelas, a pessoa teria que pagar mais impostos, pois seria mais rico. Problemas com a definição de janela e o fato de que os donos começaram a “fechar” as janelas para reduzir o imposto. Foi revogado em 1851. 

Baseado aqui

Rir é o melhor remédio

 

O histórico de um navegador pode ser bem comprometedor

12 fevereiro 2021

Faz sentido um empresa investir em Bitcoin - 2


Investidores da montadora de carros elétricos Tesla estão questionando se o gasto de US$ 1,5 bilhão de Elon Musk em bitcoin será tão bom para a empresa quanto foi para a criptomoeda.

O anúncio da Tesla na segunda (8) de que havia movido quase 8% de suas reservas para bitcoin elevou o preço da criptomoeda a níveis históricos, subindo mais de 16% nesta semana, enquanto as ações da Tesla caíram quase 6%. Outras empresas podem seguir o exemplo da Tesla, com o vice-presidente financeiro do Twitter dizendo à CNBC que a empresa considerou adicionar bitcoin ao seu balanço patrimonial.

Acionistas expressaram preocupação de que o investimento da Tesla, que recentemente se juntou ao índice de ações S&P 500, possa alimentar mais oscilações nas ações da empresa.

“Isso aumentará a volatilidade das ações devido à exposição ao bitcoin”, disse King Lip, estrategista-chefe da Baker Avenue Wealth Management, que possui ações da Tesla desde 2015. “Isso é melhor para o bitcoin do que para o Tesla.”

Gary Black, ex-presidente-executivo da Aegon Asset Management e agora um investidor privado que está otimista com a Tesla desde 2019, anunciou na segunda no Twitter que havia vendido suas ações da Tesla. Ele citou a ausência de uma meta de entregas para 2021 e a estratégia de alocação de capital mais arriscada da empresa, entre outros motivos.

A dificuldade de avaliar a criptomoeda notoriamente volátil no longo prazo também era motivo de preocupação para os investidores.

“Elon Musk expôs a Tesla a um imenso risco de avaliação de mercado”, escreveu Peter Garnry, chefe de estratégia de ações do Saxo Bank, em relatório, referindo-se a um método contábil desenvolvido para medir o valor justo das contas – ativos e passivos – para fornecer uma medida do desempenho financeiro atual.

Fonte: aqui

Já tínhamos discutido este ponto no blog antes. Vide aqui