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17 outubro 2006

Lançamento de ação de um banco chinês

Reportagem da The Economist, traduzida para o Valor Econômico de hoje, comenta a abertura de capital do BICC. Observe o conteúdo do último parágrafo sobre a contabilidade.

Demanda por ação de banco chinês coloca à prova a economia do país

The Economist
Se uma única transação pudesse somar as certezas e as incertezas que cercam a aquecida economia da China, ela seria a abertura de capital do BICC, o Banco Industrial e Comercial da China.

O maior dos grandes bancos da China e o último dos relativamente saudáveis a listar suas ações em bolsa de valores, deverá colocar o preço em suas ações em 20 de outubro, com os negócios tendo início na semana seguinte. Essas datas estão sendo ansiosamente aguardadas em algumas partes da China.

No dia 9 de outubro, o prospecto preliminar foi publicado como um calhamaço de 600 páginas que foi parar nos escritórios de todos os bancos e fundos de hedge de Hong Kong. Qualquer um com um talão de cheques tinha uma opinião. É quase certo que a nova emissão, que será vendida em Hong Kong e Xangai, baterá o recorde de uma abertura de capital - os US$ 18,4 bilhões captados por uma companhia de telefonia móvel do Japão em 1998. Se o preço ficar perto do topo da faixa estabelecida (o que é provável), a venda vai levantar US$ 22 bilhões, colocando o BICC entre os dez bancos mais valiosos do mundo, com um valor de mercado próximo de US$ 130 bilhões. Como resultado, ele terá um grande peso nos índices de ações da região. Apostas no BICC farão - ou arruinarão - carreiras.

Uma apresentação feita em Hong Kong no início do mês para 170 investidores convidados atraiu uma multidão duas vezes maior. Ela deu início ao "road show" que chegou à Europa no fim de semana e vai seguir agora para os Estados Unidos. Magnatas de Hong Kong e investidores do Oriente Médio já estão envolvidos. Investidores institucionais americanos deverão ficar com a maior fatia separada.

É discutível o quanto desse marketing é necessário. Uma hora após o início da solicitação formal de ofertas pelos investidores institucionais, todos os papéis disponíveis haviam sido reservados. No fim do primeiro dia, os investidores haviam feito propostas para três vezes o número de ações em oferta. No fim do dia seguinte a subscrição havia sido nove vezes subscrita. Uma pequena fatia será reservada para os investidores de varejo nesta segunda-feira; a demanda deverá ser enorme, principalmente porque não haverá restrições à "troca" rápida de ações pelos investidores comuns se, conforme esperado, houver um estouro nos preços na abertura dos negócios.

Normalmente, com um negócio quente como este, banqueiros e executivos da companhia envolvida aumentariam o tamanho e o preço da oferta. Mas o BICC está sujeito a considerações políticas incomuns. Desde a problemática abertura de capital da China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), em 1999, que fracassou em seu primeiro esforço, a China ansiava vender ações de maneira que satisfaça os investidores e não provoque embaraços ao governo - principalmente porque possui muitas companhias para colocar no mercado.

Uma venda bem-sucedida seria particularmente gratificante para o governo porque, para os investidores internacionais, o BICC é meio que um representante da própria China: imenso, diversificado, em rápido crescimento e com espaço extraordinário para reestruturação interna. Ele é, por todas as medidas relevantes, o maior banco da China, e o setor bancário chinês está ainda mais aquecido que a economia do país. Nos últimos cinco anos, todos os anos, os empréstimos pessoais cresceram 30%, os depósitos cresceram 19% e os empréstimos corporativos, cerca de 15%. Como as taxas dos depósitos são, por lei, baixas, e o spread entre eles e os juros dos empréstimos bem grande, o crescimento tem sido muito lucrativo. Os lucros do BICC dobraram nos últimos dois anos. Isso despertou a cobiça de outros bancos. O Goldman Sachs recebeu permissão para adquirir participação de 5,8% em abril por US$ 2,6 bilhões, o maior investimento que o banco americano já fez. O Goldman provavelmente terá triplicado o dinheiro investido até o fim do mês. Outros bancos americanos, que não conseguiram criar uma base no BICC, estão lutando para isso da maneira que podem. O Citigroup está nos estágios finais de dois anos para a compra de possivelmente 20% a 25% do Guangdong Development Bank (GDB), uma instituição problemática. O Morgan Stanley anunciou a aquisição do Nan Tung Bank, um dos poucos bancos chineses que, graças a uma brecha (é controlado pelo Banco da China através de uma subsidiária em Macau), poderá ser comprado. O negócio vai render licenças valiosas, mas o Nan Tung Bank é bem pequeno. Com apenas uma agência, 40 funcionários e negócios voltados exclusivamente para moedas que não a chinesa.

Mas o BICC, por mais valioso que seja, também reflete o lado mais sombrio da vida na economia chinesa. As considerações políticas sempre vêm primeiro, as informações não são confiáveis e a abertura do sistema bancário é questionável, apesar das condições impostas para a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Foi somente no ano passado que o governo injetou US$ 15 bilhões para cobrir créditos podres do BICC. Na ocasião, mais de um quinto do portfólio do banco era, segundo banqueiros, "non-performing" (empréstimos vencidos não pagos). Mesmo agora, apesar da implementação de sistemas de crédito modernos e da coibição das pressões de políticos pela concessão de empréstimos pouco vantajosos, quase 5% do portfólio envolve créditos podres.

Na última década ele reduziu o número de agências de 42 mil para 18 mil, mas poderá ter de enxugar mais. Ao contrário de muitos bancos chineses, o BICC não vem registrando problemas legais em seus escalões superiores, mas mesmo assim escândalos estão ocorrendo. Em fevereiro de 2005 o gerente da agência de Hunan foi condenado por suborno e sentenciado a 19 anos. Em abril, o assistente do gerente de uma agência em Guangdong foi declarado culpado em uma acusação parecida e pegou 12 anos de cadeia. O Tamanho do BICC também o torna vulnerável a fraudes do consumidor. Os bureaus de crédito são novos e inexperientes, o que significa que as análises dos tomadores de empréstimos podem não detectar aqueles que estão recebendo empréstimos de várias fontes.

Dependendo do preço final, o BICC provavelmente será avaliado em duas vezes o seu valor contábil, pouco abaixo dos valores de seus congêneres. Este é um múltiplo modesto para um bom banco de uma boa economia, mas maior que os dos bancos da Coréia do Sul e de Taiwan, que não têm as mesmas perspectivas de crescimento. Por outro lado, eles não estão envoltos nos mesmos mistérios. Na China, os céticos (e eles são raros) perguntam, o que é contabilidade? Quanto os ativos valem realmente? Suas vozes certamente não serão ouvidas em meio ao forte clamor pelas ações.

Vivo acusada de pirataria

A empresa telefônica Vivo está sendo acusada de pirataria de software. A empresa está sendo acusada de usar sem autorização um software da empresa frances Four J´s. A seguir a notícia publicada no Valor Econômico de hoje sobre o caso:


Justiça penhora conta da Vivo

Josette Goulart
A empresa de telefonia celular Vivo está há um ano às voltas com um processo na Justiça paulista em que é acusada de pirataria por supostamente usar sem autorização um software que comandaria toda a sua base de atuação no sistema pré-pago. Até agora, o resultado da disputa judicial com a empresa francesa Four J's, dona do software, foi uma penhora de R$ 30 milhões nas contas da telefônica feita no início de outubro - por descumprimento de uma ordem judicial - e uma condenação em primeira instância ao pagamento de uma indenização de R$ 14 milhões. A Vivo tenta provar nos processos que já desinstalou o programa, mas enfrentará agora uma outra ação de execução que pede o pagamento de mais R$ 23 milhões por ainda usar o software ilegalmente, segundo a alegação do advogado Hugo Orrico, que defende a Four J'S.

A multa já executada de R$ 30 milhões foi mantida pela Justiça paulista de primeira instância no início de outubro. Segundo a decisão do juiz Ricardo José Rizkallah, a empresa não tomou as providências determinadas e a multa foi fixada e não paga por mais de três meses. "Não há nenhuma razão para a mudança da multa, até porque se examinado com bastante atenção o contrato, verificar-se-á que as cifras eram mesmo exorbitantes, deve ela ser mantida", disse o juiz na ordem de execução da penhora. "Ao invés de a executada alegar enriquecimento ilícito, por que então tentou obstar a realização da constatação e desinstalação do programa?".

Já na sentença que condenou a Vivo ao pagamento de indenização de R$ 14 milhões, proferida em meados de setembro, o juiz Rizkallah disse que a empresa de telefonia celular não juntou aos autos prova documental comprovando que passou a utilizar novos programas. A empresa apresentou apenas testemunhas que, segundo o juízo, devem ser vistas com reservas, já que são funcionários da companhia. O resultado é que o juiz determinou o pagamento de uma indenização que, segundo ele, corresponde ao valor do contrato de software. A Vivo se defendeu no processo, entretanto, alegando que o valor firmado com a Four J'S era muito inferior.

O advogado da Four J'S, Hugo Orrico, diz que o acordo firmado entre as duas companhias previa um prazo de utilização provisório do software, de um ano, e que isso custaria R$ 2 milhões à Vivo, mas que o contrato para uso por tempo indeterminado do software corresponderia a R$ 14 milhões. O juiz entendeu que todos os documentos acrescentados aos autos revelam que o valor da licença seria o alegado pela Four J'S. O juiz baseou sua decisão em duas perícias judiciais feita na empresa.

O embate ainda continua na primeira instância da Justiça, pois a Vivo entrou com um pedido de explicações sobre a sentença, recurso denominado embargos de declaração. Somente depois da análise desse recurso é que começa a contar o prazo para recorrer em segunda instância. As duas partes podem recorrer: a Vivo, para tentar derrubar a decisão, e a Four J'S, para aumentar o valor da multa. Isso porque os advogados da francesa pedem a aplicação da lei de direitos autorais, que prevê uma multa de três mil vezes o valor da obra. Ainda há na Justiça brasileira uma discussão sobre o uso desta lei em direito sobre a propriedade de software. A Convenção de Berna, por exemplo, qualificou o programa de computador como obra literária, sujeita a proteção internacional, assegurada a proteção legal de seus titulares. Mesmo reconhecendo a convenção, o juiz entendeu que não foi comprovada a reprodução ou edição do programa de computador pela Vivo. "Razão pela qual não restou configurada a figura da edição fraudulenta, o que impossibilita a aplicação da sanção", disse o juiz em sua decisão.

Procurada pelo Valor, a Vivo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre o processo.

Rir é o melhor Remédio - 11

16 outubro 2006

Coca Cola



A Coca Cola anunciou o lançamento em fevereiro de uma bebida que ajuda a queimar calorias. O grafico apresenta o comportamento do mercado acionário nos últimos cinco dias. Ou seja, na visão do mercado a bebida parece ter futuro...

A LRF contribuiu para o aumento dos gastos


Um estudo feito pelo IPEA tentou avaliar o impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal nas finanças municipais. Esta Lei estabeleceu limites no endividamento dos municípios e uma relação entre os gastos com pessoal e receita corrente de 60%. O problema é que este teto estava muito acima da média dos municípios brasileiros. Conforme o texto diz:

"Isso sugere um ´erro de calibragem´ na fixação daqueles, dado que um dos objetivos era evitar o aumento sem critério dos gastos com pessoal. (...) a imposição do limite de 60% estimulou o aumento dessa despesa para a maioria dos municípios que apresentavam gastos muito inferiores ao teto determinado. No entanto, a minoria que ultrapassava esse teto se ajustou."

Em outras palavras, a LRF, tão defendida pelos puristas de finanças públicas, contribuiu para o descontrole dos gastos municipais.

Fonte: Lei de Responsabilidade Fiscal e Finanças Públicas Municipais: Impactos Sobre Despesas com Pessoal e Endividamento. de Dea Guerra Fioravante, Maurício Mota Saboya Pinheiro e Roberta da Silva Vieira / Brasília, 2006.

Isto é Dinheiro



A foto mostra o descuido da revista no seu índice. Observe que o responsável colocou "X" na reportagem do Lula.

Provisão em Bancos

O Banco Central está exigindo que os bancos reconheçam no passivo o provisionamento integral dos montantes que estão sendo questionados na justiça. A contabilização deste fato pode ter consequências nos índices de capital dos bancos, em especial dos bancos de médio porte. Abaixo a reportagem:

Bancos têm de elevar provisões Já está saindo mais caro para os bancos questionar na Justiça a constitucionalidade de impostos federais- e o problema não é a inflação em honorários dos advogados de primeira linha. Nos últimos meses a fiscalização do Banco Central está obrigando o provisionamento integral dos valores devidos enquanto não há decisão definitiva.

Não adianta argumentar sobre a existência de decisões favoráveis relativas ao mesmo assunto para outras instituições ou pareceres de advogados indicando a chance de vitória judicial. Os casos mais comuns de discussão constitucional são incidência ou aumento de alíquotas de PIS, Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

A regra que a fiscalização do Banco Central passou a exigir foi editada pelo Instituto dos Contadores (Ibracon) em janeiro e começou a ser exigida nos balanços de junho. A nova regra (norma de procedimento contábil número 22), reforçada por uma resolução da CVM, deve ter grande impacto no volume de provisões- os questionamentos tributários dos bancos são gigantescos. Teoricamente, o ajuste à regulamentação deve ser exigido pelos auditores no fechamento dos balanços dos bancos, mas a fiscalização já encontrou vários casos que precisaram de ajustes. Até o ano passado, o provisionamento era arbitrário, baseado em pareceres de advogados.

Os balanços dos maiores bancos privados do país demonstram a relevância da mudança. Em junho, o Itaú elevou as provisões para obrigações legais no semestre de R$ 2,2 bilhões para R$ 2,8 bilhões e informou em nota explicativa já estar cumprindo o novo critério expresso na resolução da CVM. No Bradesco, o total de provisões fiscais e previdenciárias aumentou de R$ 3,9 bilhões em março para R$ 4,6 bilhões em junho. O banco contesta a constitucionalidade de R$ 2 bilhões em Contribuição Social sobre Lucro Líquido e Cofins.

Para os gigantes do mercado, o aumento de provisão representa uma pequena variação em seu patrimônio líquido. Mas para bancos de porte médio o impacto é maior. Alguns bancos temem ficar mais "apertados" no índice mínimo de capital, porque a provisão é deduzida do patrimônio. Por isso terão que ceder parcelas maiores de suas carteiras de crédito para fazer novas operações.

Um diretor de uma instituição média diz que no seu nicho de atuação, "as provisões legais estão muito abaixo dos 100% que a norma do Ibracon exige". Os bancos pequenos também dizem que a fiscalização do BC está sendo mais rígida ao aplicar a norma do Ibracon do que a da Susep, responsável pelas seguradoras. Segundo os executivos, a Susep tem sido mais flexível na aplicação da regra. Consultado, o Banco Central disse não acreditar numa diferença expressiva de critério, mas que a Susep tem autonomia para fiscalizar as seguradoras independentes- que não são consolidadas em balanços de bancos.

O diretor da agência de rating Fitch, Rafael Guedes, diz que, quando a fiscalização começou a aplicar a nova regra, houve alvoroço no mercado porque havia a impressão de que todos os processos tributários precisariam ser provisionados integralmente. Muitos bancos diziam que a orientação de seus departamentos jurídicos era não aumentar as provisões. Hoje, a situação já está mais clara.

"Os valores envolvidos na discussão sobre a existência de fato gerador de um imposto são maiores do que nos questionamentos de constitucionalidade", diz Guedes. Um exemplo é a discussão no Conselho de Contribuintes sobre multas de R$ 4 bilhões envolvendo instituições como o Itaú, que assessoraram clientes que recebem alto volume de cheques (principalmente postos de gasolina) para reduzir a incidência de CPMF. Em casos como este, no qual a discussão é sobre a existência de um fato gerador de arrecadação, continua a valer o provisionamento parcial ou até dispensado, de acordo com pareceres de advogados estimando a chance de vitória.

Publicado no Valor Econômico - 13/10/2006

Google compra Youtube

A compra do YouTube pelo Google foi considerada positiva pelo mercado. (Clique aqui para ler. Obrigado pela reportagem, Pedro Duarte). Entretanto tenho dúvidas sobre a sinergia pois acho que foi mais uma medida defensia da Google de reduzir as possibilidades dos concorrentes. (Clique aqui para uma entrevista com a mesma posição)

Hacker é risco de Cliente

Decisões mostram que risco de hacker é do cliente do banco


O cliente de um grande banco acessa sua conta pelo seu computador pessoal e identifica uma transferência de R$ 50 mil não autorizada por ele. O banco se exime da responsabilidade, alegando que a transferência foi feita com o uso do login e senha do cliente, e o caso vai parar na Justiça. Pela jurisprudência do Judiciário brasileiro, cabe ao banco provar que o cliente fez a transferência, certo? Errado. A tendência dos juízes hoje tem sido a de, diante da prova feita pelo banco de que seu sistema de segurança é eficiente, exigir que o próprio cliente comprove que utilizou todas as medidas de segurança possíveis - como a atualização de antivírus - para evitar a ocorrência de fraudes virtuais em sua máquina pessoal. Se o acesso for feito de um cibercafé, por exemplo, a chance de o cliente perder a ação é grande.

De acordo com o advogado especialista em direito digital Renato Opice Blum, presidente do conselho de comércio eletrônico da Fecomercio, trata-se de uma nova interpretação do Código de Defesa do Consumidor que vem ganhando espaço nos Tribunais de Justiça (TJs) - há decisões no Paraná, no Distrito Federal e no Maranhão - e no próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a recente jurisprudência, os bancos não podem fazer prova negativa contra eles. Em outros tribunais, ainda persiste o entendimento tradicional de que o cliente é parte hipossuficiente na relação com o banco e que, por isso, cabe a este último o ônus da prova - como estabelece o Código do Consumidor.

No caso descrito acima, o juiz de primeira instância da Justiça paulista determinou uma perícia no sistema de segurança do banco e concluiu que não havia prova de negligência da instituição - negando a indenização ao cliente, que está recorrendo da decisão no TJSP.

O caso é um exemplo da jurisprudência que vem sendo formada pelos diferentes níveis da Justiça brasileira com relação a temas que envolvem a internet. Segundo uma pesquisa feita pelo conselho de comércio eletrônico da Fecomercio, há hoje 3.214 decisões judiciais de tribunais superiores que tratam de assuntos relacionados à internet no país - incluindo o STJ, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Nos TJs, as decisões já somam 5.146, e nos Tribunais Regionais Federais (TRFs), são 716. A pesquisa foi realizada com a busca da palavra-chave "internet" nos tribunais em que há decisões disponíveis na própria rede - todos os TRFs, os superiores e 21 TJs.

Segundo a opinião de especialistas em direito digital, os temas mais recorrentes no Judiciário são os relacionados a fraudes virtuais, comércio eletrônico, uso indevido de imagens, calúnia, injúria e difamação e concorrência desleal - como a divulgação pela internet de dados confidenciais de empresas. Em todos eles, há divergência de decisões judiciais. Os casos envolvendo comércio eletrônico são dos mais recorrentes. Nas ações, a discussão principal é se a responsabilidade pela indenização do cliente que comprou um produto não recebeu, por exemplo, atinge também o portal que intermediou o negócio, além da empresa que vendeu. O advogado André de Almeida, sócio do escritório Almeida Advogados e coordenador do comitê jurídico da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, defende um portal que agencia serviços para empresas e que freqüentemente é acionado na Justiça em ações que pedem sua responsabilização por falhas nos serviços adquiridos. "Há decisões o condenando e decisões o inocentando", diz.

A jurisprudência que vem sendo formada pelos tribunais brasileiros é importante pela ausência de legislação que regule os temas da internet hoje. Embora existam cerca de 150 projetos de lei que tratam da rede em tramitação no Congresso Nacional hoje, poucas são as legislações já existentes ou adaptadas para o mundo virtual. Sem legislação, os juízes, ao se depararem com esses temas, acabam julgando de forma divergente nas diversas regiões do país. "As decisões são conflitantes porque quando há um vazio na legislação a Justiça usa de interpretações por analogia, o que é muito subjetivo, cria divergências e provoca insegurança jurídica", diz André de Almeida.

As decisões são divergentes também porque há questões complicadas a serem analisadas pelos juízes no que se refere à internet. Tome-se como exemplo um caso de furto de dados. "A doutrina define furto quando, para subtrair algo, é preciso tornar algo indisponível", diz a advogada especialista em direito digital Patrícia Peck, do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados. Mas, no caso de furto de bancos de dados de empresas, não é o que acontece. "Na internet se leva mas deixa", afirma. Segundo ela, em casos de roubo de informações virtuais às vezes há dificuldades em se configurar o furto perante a Justiça.

FONTE: VALOR ONLINE - 04/10/2006


Grato Caio Tibúrcio

15 outubro 2006

Pagamento de Propina em diversos países


A organização Transparência Internacional fez uma pesquisa entre 11.232 executivos de negócios para saber a propensão que a empresa tem que pagar propinas para fazer negócios em certos países. Os respondentes tinham uma escala de 1 (propinas são comuns) a 7 (proprinas nunca ocorrem). Os resultados foram convertidos numa escala de zero a dez e refletem uma média das respostas.

A pesquisa analisou 30 economias, entre elas o Brasil. A escolha da amostra deveu-se a liderança internacional ou regional de um país exportador. Os países que fizeram parte da amostra respondem com 82% do comércio mundial.

1317 executivos responderam sobre o Brasil, que obteve uma nota média de 5,65 e ficou em 23o. lugar. Os três países mais corruptos fazem parte dos países emergentes: Russia, China e Índia, com média de 5,16, 4,94 e 4,62, nesta ordem.

O relatório separou os 30 países em quatro grupos: muito pouco provável ter propina, alguma possibilidade de propina, provável ter propina e muito provável ter propina. O nosso país foi classificado no terceiro grupo.

Uma análise interessante seria comparar esta pesquisa com duas anteriores (1999 e 2002). Infelizmente o sítio não permite acesso aos relatórios anteriores e o atual relatório não faz esta análise

Clique aqui para ler o relatório completo, em PDF e inglês

Clique aqui para ler um resumo em espanhol

14 outubro 2006

Evidenciação Contábil através de Blogs

O executivo Jonathan Schwartz, da Sun Microsystems (Nasdaq: SUNW) pergunto a Securities and Exchange Commission se as empresas podem evidenciar suas informações financeiras através de blogs.

Existem hoje um número cada vez maior de empresas que utilizam os blogs para comunicar com seus clientes e usuários. 30 das grandes empresas norte-americanas publicam agora em blogs corporativos, o dobro do número existente de dezembro de 2005. Fazem parte deste seleto grupo de empresas a Amazon.com, a Cisco Systems e a Oracle. Além disto, executivos de empresas como a Boeing e a General Motors também estão utilizando o blog como canal de comunicação.

Clique aqui para ler mais

Statoil condenada por subornar

A SEC, órgão de fiscalização do mercado norte-americano, anunciou que está investigando a Statoil, ASA, uma empresa norueguesa com ações negociadas na bolsa de Nova Iorque por violação do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA).

Esta legislação proibe suborno a oficiais de governos estrangeiros. No caso da empresa, a SEC encontrou que a Statoil pagou propina para servidores do governo iraniano para obter contratos e abrir as portas para projetos adicionais naquele país.

A empresa terá que pagar uma penalidade de $10.5 milhões de dólares e desistir de tais práticas.

Para ler a notícia da SEC, clique aqui

Nobel para os banqueiros dos pobres

O Nobel da Paz saiu para a área de finanças. O ganhador é conhecido como "Banqueiro dos Pobres".

Como em 2004, quando o ganhador foi Wangari Maathai, a fundação Nobel expandiu a definição de "paz" para incluir também o desenvolvimento econômico e social.

Apesar de prêmios serem importantes para destacar certos comportamentos aceitáveis das pessoas, será que a microfinanças irá ter um papel decisivo no desenvolvimento de países pobres? Não existe uma evidência neste sentido e por esta razão talvez o prêmio questionável. Clique aqui para um crítica neste sentido

No Brasil os conceitos de Yunus foram "aplicados" no Banco Popular, do Banco do Brasil. Foi um fracasso. Eis a reportagem do Estadão:

'Banqueiro dos pobres' de Bangladesh ganha o Nobel da Paz

REUTERS, AP, EFE e AFP

O Banco Grameen (Banco Rural) de Bangladesh e seu fundador, o economista bengali Muhamad Yunus, ganharam ontem o Nobel da Paz de 2006 por criar uma rede de microcréditos para os pobres e bases para o desenvolvimento social e econômico, ajudando milhões de pessoas a sair da pobreza.

Ao anunciar o prêmio, o Comitê do Nobel disse que o trabalho de Yunus mostrou como o esforço para a eliminar a pobreza pode resultar em uma paz duradoura: “Essa paz não pode ser alcançada a menos que grandes grupos da população encontrem meios de sair da pobreza. O microcrédito é um desses meios. O desenvolvimento que vem de baixo também serve para ampliar a democracia e os direitos humanos.”

O economista muçulmano de 66 anos formado nos EUA, apelidado de “banqueiro dos pobres”, e o banco que ele ajudou a fundar em 1976 dividirão o prêmio e o cheque de US$ 1,4 milhão, que serão entregues em 11 de dezembro em Oslo. Eles foram citados por seus esforços para ajudar a “criar o desenvolvimento econômico e social” em seu país com seu inovador programa econômico de microcréditos.

Yunus, o primeiro bengali a ganhar o Nobel da Paz, disse que usará parte do dinheiro de seu prêmio na criação de uma empresa para produzir alimentos de baixo custo, mas altamente nutritivos, para os pobres. Outra parte será usada na criação de um hospital oftalmológico para pobres em Bangladesh.
“Nem posso acreditar. É uma notícia fantástica não apenas para mim, mas também para toda a nação e as pessoas no mundo que receberam um microcrédito”, declarou Yunus em sua casa em Daca. Segundo ele, o Nobel da Paz dará um novo impulso a seu movimento e à luta contra a pobreza em todo o mundo.

Yunus não dá esmolas e sua filosofia é ajudar os pobres a ajudar a si mesmos. Seu sonho é a erradicação da pobreza. “O Grameen é uma mensagem de esperança, um programa para colocar os destituídos e os sem-teto em um museu que nossas crianças visitarão um dia e perguntarão como permitimos que coisas terríveis como essas durassem tanto”, disse Yunus.

O Banco Grameen foi o primeiro a conceder microcréditos, fazendo pequenos empréstimos a bengalis pobres que não tinham qualificações para empréstimos em bancos convencionais. O chamado “banco dos pobres” informou ter mais de 6,7 milhões de tomadores de empréstimos, 96% deles, mulheres. O Grameen ampliou suas formas de crédito alternativo oferecendo empréstimos imobiliários, financiando pesca e irrigação e oferecendo as tradicionais contas de poupança.

A escolha de Yunus para o Nobel foi uma surpresa, pois ele venceu candidatos mais citados, como o ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari, o ex-chanceler australiano Gareth Evans e o roqueiro Bono, do U2. Segundo o comitê, sua decisão de escolher Yunus entre os 191 candidatos teve o objetivo de encorajar processos em andamento em prol da paz, em vez de premiar missões já concluídas.

Yunus viu seu país afetado pela fome em 1974 ao voltar dos EUA, onde concluiu uma bolsa de estudos. Ele disse que teve seu “momento Eureka” ao conversar em 1976 com uma bengali que fazia bancos de bambu em um vilarejo. Ela lhe contou que havia feito um empréstimo com um agiota para comprar o bambu e ele ficava com quase todo o lucro de seu trabalho. Yunus fez uma pesquisa e descobriu que 43 moradores tinham empréstimos com o agiota no valor de US$ 27. “Dei-lhes os US$ 27 e disse que podiam me pagar quando pudessem. A idéia era que comprassem seu material sem usar o agiota.” Todos pagaram o empréstimo e sua generosidade cresceu até transformar-se em um conceito de negócio que levou à criação do Grameen.

13 outubro 2006

Rir é o melhor remédio - 10




Escondendo do orientador

Novo Escândalo Corporativo nos Estados Unidos

Backdating de opções de ações faz cabeças rolar e pode custar caro a empresas americanas
October 13, 2006 4:05 a.m. Por Charles Forele e James Bandler
The Wall Street Journal

A mais recente onda de escândalos corporativos nos Estados Unidos não tem feito tantas manchetes internacionais como a debacle da Enron. Mas a descoberta de empresas que fazem "backdating" — opções retroativas de compra de ações para a alta diretoria que dão aos beneficiários um ganho imediato e sem risco — tem feito cabeças rolar e pode levar grandes empresas a sair das bolsas de valores.

Dentre as baixas mais recentes, Shelby Bonnie, fundador e diretor presidente do provedor de conteúdo online CNET Networks Inc., e George Samenuk, presidente da fabricante de softwares de segurança do computador McAfee Inc., deixaram os cargos após investigações internas revelarem a prática de backdating. Até agora, mais de 20 executivos ou diretores de empresas já foram demitidos, suspensos ou renunciaram diante das investigações. Entre eles estão executivos de alto escalão da Apple Computer Inc., do operador de websites Monster Worldwide Inc., e da fabricante de softwares Comverse Technology Inc., cujo ex-diretor-presidente enfrenta um processo de extradição na Namíbia.

Especialistas dizem que mais baixas são prováveis. Mais de cem empresas estão sob investigação por backdating, e centenas de outras ainda estão conduzindo sindicâncias internas. As empresas enfrentam pressão para encerrar as investigações porque podem não conseguir fechar seu balanço trimestral no prazo legal se não souberem se precisarão fazer provisões ligadas a possíveis irregularidades.

Muitas empresas já informaram que não conseguirão cumprir os prazos para o trimestre. Isso cria o risco de terem suas ações excluídas das bolsas, de caras disputas com portadores de títulos de dívida — que têm o direito de receber relatórios financeiros no prazo apropriado — e prejuízos potencialmente grandes em qualquer processo por parte dos acionistas.

Charles Elson, diretor do Centro John L. Weinberg para Governança Corporativa na Universidade de Delaware, acredita que mais pessoas vão perder seus empregos. "É uma quebra fundamental na confiança dos investidores", disse.

O backdating equivale a fingir que uma opção de ação foi dada antes da data verdadeira, durante um momento benéfico, quando a ação era cotada por um preço menor. Já que opções de ações dão aos beneficiários o direito de lucrar diante de uma alta na cotação, fazer o benefício retroagir a um período em que as ações estavam em baixa pode fornecer ao recipiente um lucro imediato.

No mínimo, backdating geralmente envolve violações de práticas contábeis e de transparência nos EUA. A prática também pode constituir fraude.

As resoluções na CNET e McAfee, juntamente com outras demissões recentes, mostram que os conselhos estão levando o problema a sério.

Num comunicado, Samenuk expressou "arrependimento" por alguns dos problemas ocorridos "sob a minha responsabilidade". O diretor superintendente Kevin Weiss, que teve sua demissão anunciada quarta-feira, não estava disponível para comentar. Exatamente o quê Samenuk e Weiss fizeram que apressou suas demissões não é conhecido; uma porta-voz da McAfee informou que os dois "estavam envolvidos no escândalo de backdating", mas se recusou a revelar detalhes.

A CNET disse que a sua sindicância, conduzida pela firma de advocacia Davis Polk & Wardwell e liderada por um comitê especial de conselheiros, descobriu "episódios de backdating" na abertura de capital em 1996 até "pelo menos 2003".

11 outubro 2006

Rir é o melhor remédio 09


Da série PhD Comics.

Wikipedia e propaganda

Clique aqui para link sobre os problemas que as empresas estão enfrentando na Wikipedia. Postado em 21/9

Melhora a qualidade das informações

O coordenador do prêmio Abrasca diz que as demonstrações contábeis estão melhores. Fonte: Gazeta Mercantil. Vide abaixo:

Cresce qualidade dos relatórios financeiros

São Paulo, 11 de Outubro de 2006 - As empresas estão ampliando o esmero na confecção dos relatórios anuais. A conclusão é do professor Lélio Lauretti, coordenador do prêmio Melhor Relatório Anual, promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Segundo ele, o número de companhias que chegaram perto da nota máxima cresceu do ano passado para cá. "Mesmo com elevação da nota de corte, o desempenho das empresas foi bem maior", diz.

Na categoria empresa aberta, das 71 que se inscreveram, foram escolhidas 20 finalistas: ALL, Aracruz, Banco do Brasil, Itaú, Brasil Telecom, Cemig, Vale do Rio Doce, CPFL, CSN, Duratex, Embraer, Energias do Brasil, Gerdau, Itausa, Natura, Petrobras, Sadia, Unibanco, Usiminas e VCP. Serão premiadas as que obtiverem as cinco melhores pontuações.

Na categoria empresas fechadas, foram selecionadas sete dentre as 13 inscritas. São elas: Aché Laboratórios Farmacêuticos, Santander Banespa, Camargo Corrêa, Coimex, Petroquímica Triunfo, Primav Ecorodovias e Serasa. Serão premiadas as três primeiras.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Aluísio Alves)

A Cauda Longa 01

Para quem leu A Cauda Longa, uma reportagem do Wall Street Journal comentando sobre a reação dos varejista ao DVD distribuído on line. Segundo o Wall Street Journal, grandes varejistas que vendem DVDs não querem que os serviços de download de filmes pela internet sejam vistos pelos consumidores como uma vantagem.

Recentemente a Apple Computer Inc. anunciou um acordo com a Walt Disney Co. para vender online cópias eletrônicas dos filmes da Disney na Apple iTunes Store, por US$ 12,99 cada lançamento. A maior preocupação dos varejistas está relacionada à Apple, pois outros participantes pagam preços de atacado compatíveis com os pagos pelos varejistas de DVD.

Até agora, os serviços de download têm representando pouco perigo aos varejistas convencionais. Porém, o corte de preço obtido pela alarmaram os varejistas

Clique aqui para ler a reportagem completa.

Ou aqui

Machismo 02

Onde foi postado uma reportagem sobre o machismo no Brasil. (Clique aqui)
Hoje uma reportagem do Wall Street comenta as demissões de duas mulheres poderosas da HP, Fiorina e Dunn, as semelhanças e diferenças dos casos. Também lá fora é raro uma mulher chegar ao poder. A seguir:

O lado feminino da crise na HP

October 11, 2006 4:05 a.m.

Por Alan Murray
The Wall Street Journal

Se existissem mais mulheres no topo da pirâmide corporativa, talvez fosse mais fácil ignorar o fato de que o conselho de administração da Hewlett-Packard expulsou duas delas nos últimos 20 meses. Mas não existem. Então você tem que se perguntar: será que o sexo tem alguma coisa a ver com isso?

Não há ressentimento entre Carly Fiorina, demitida do cargo de diretora-presidente da HP em fevereiro de 2005, e Patricia Dunn, que foi cortada da presidência do conselho no mês passado. Dunn teve um papel importante na demissão de Fiorina. De acordo com os outros membros do conselho, ela foi um dos últimos integrantes a tomar partido na briga amarga sobre a ex-diretora-presidente.

Fiorina suspeita que Dunn, no final das contas, juntou-se aos seus oponentes como parte de um acordo para tornar-se presidente do conselho. Dunn diz que o cargo só foi discutido com ela depois que o conselho votou pela saída de Fiorina. Fiorina critica Dunn em seu novo livro, Tough Choices (Escolhas Difíceis), ao escrever que "suas opiniões eram freqüentemente difíceis de discernir". Dunn acusa Fiorina de fechar os ouvidos para o conselho de administração.

Mesmo assim, há uma estranha irmandade entre as duas mulheres. Elas têm quase a mesma idade — Fiorina tem 52 anos e Dunn, 53. Dunn ainda refere-se a Fiorina como uma "heroína" e escreveu-lhe um recado carinhoso depois que ela foi demitida e que dizia quase a mesma coisa. Fiorina é menos amigável com Dunn, mas a poupa da maioria das acusações lançadas sobre os outros integrantes do conselho. As duas foram forçadas a sair principalmente sob o incentivo dos mesmos homens: George "Jay" Keyworth, um ex-conselheiro científico para o presidente Ronald Reagan, e Tom Perkins, um milionário capitalista de risco.

A similaridade ainda mais impressionante é esta: ambas as mulheres deixaram seus empregos com demonstrações de indignação. Ambas caíram atirando.

Fiorina soube da sua demissão numa reunião do conselho de administração perto do aeroporto de Chicago. Dunn, portadora da má notícia, sugeriu que Fiorina anunciasse ter decidido sair por conta própria. É um truque comum no mundo corporativo. O predecessor de Fiorina na HP, Lewis Platt, retratou sua demissão como se fosse uma decisão dele, mesmo que, como é revelado no livro de Fiorina, ele estivesse sob intensa pressão dos conselheiros para ir embora. Ainda mais, Fiorina facilmente poderia sustentar a farsa, já que havia rumores de que ela poderia deixar o cargo para ocupar um posto no gabinete de George W. Bush.

Depois de pensar sobre o pedido de Dunn durante algumas horas, Fiorina recusou. Quando a perguntei por que, ela respondeu: "Porque não era verdade. Eu não poderia explicar a decisão do conselho. Então eu não iria nem tentar."

Desde então, as críticas de Fiorina sobre o que chamava de "um conselho que não funcionava" vêm murchando, e ela diz que o conselho nunca explicou o motivo pelo qual ela foi demitida — mesmo que as preocupações do conselho tivessem sido explicitadas, dentre outros lugares, em um artigo de primeira página do Wall Street Journal.

Dezenove meses depois, a própria Dunn enfrentou uma escolha similar. Nessa hora, a empresa estava afogada num escândalo sobre a investigação iniciada por Dunn para esclarecer um vazamento no conselho. Seria fácil para ela dizer que estava saindo da HP por conta própria, para poupar de mais controvérsias a empresa que amava. Ao invés, como Fiorina, ela continuou lutando. Em seu testemunho ao Congresso americano, Dunn culpou outros por a terem enganado e recusou-se, sob intenso interrogatório, a aceitar qualquer responsabilidade. Diferentemente do diretor-presidente Mark Hurd, que disse ao comitê do Congresso que "a troca de acusações acaba aqui", Dunn continou acusando.

Resumindo, Fiorina e Dunn escolheram retratar a si mesmas como vítimas. Fiorina diz que o fato de ela ser mulher tem alguma coisa a ver com o motivo pelo qual o conselho a tratou da maneira como tratou; Dunn diz não ter tanta certeza. Mas enquanto o número de diretoras-presidentes nas 500 maiores empresas da revista Fortune puder ser contado nos dedos, é inevitável que suas experiências serão generalizadas. Certo ou errado, a queda destas duas mulheres talentosas reflete sobre todas as mulheres.


Fonte: Wall Street Journal de hoje

10 outubro 2006

Uma empresa e os índios



É preocupante quando uma empresa brasileira, com ações negociadas na bolsa, uma das maiores produtoras do mundo do seu setor, utiliza outdoors para jogar a população de um local contra os índios.

O caso envolve a Aracruz e os índios do Espírito Santo. Conforme pode ser visto nas imagens, os outdoors são agressivos.

Abaixo, uma reportagem do jornal Independente, que defende o lado dos índios:

Aracruz usa mídia e outdoors para voltar a população contra comunidades indígenas
Por ARACRUZ CELULOSE X COMUNIDADES INDÍGENAS 07/10/2006 às 22:46

"A Aracruz trouxe o progresso. A Funai, os índios". Espalhando frases como esta em outdoors pelo Espírito Santo, a multinacional Aracruz Celulose espera ter apoio da população para impedir a demarcação de 11 mil hectares como terras indígenas. O ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos tem aproximadamente 4 dias para assinar uma portaria que declara a área propriedade das comunidades Tupinikim e Guarani, acusadas pela Aracruz de não serem índios e índias de verdade.

Além dos outdoors, a Aracruz vem usando a mídia local para criminalizar o movimento indígena. Um exemplo é a nota do "empresário e escritor" Carlos Lindenberg Filho, um dos diretores da Rede Gazeta, uma subsidiária da Rede Globo no Espírito Santo. A multinacional também conseguiu apoio de seus funcionários por meio de ameaças de desemprego indiretas e apoio da população do município de Aracruz, que agora reage com medo de supostos saques e violência por partes de indígenas.

Durante a Copa do Mundo deste ano, a empresa lançou um comercial de TV sob o slogan "O Brasil fazendo um bonito papel no mundo inteiro", com a música "Balé de Berlim", do ministro da Cultura, Gilberto Gil. De fato, a maior parte do papel produzido pela Aracruz é produto de exportação. Segundo a geógrafa Simone Batista Ferreira, da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, "99% são exportados para a produção européia de fraldas descartáveis, absorventes femininos e lenços de papel, e não para a produção brasileira do papel utilizado nas escolas, tão necessários". Destroem as reservas naturais brasileiras, expulsam comunidades quilombolas e indígenas de suas terras e "fazem um bonito papel" lá fora.

Em defesa das comunidades indígenas, a artista Ana Amorim escreveu uma carta para Gilberto Gil. A carta traz dados de um relatório feito pela Swed Watch, apontando todos os danos causados pela Aracruz no Brasil. E ela conta que "antes da expansão da Aracruz, em 1967, havia 40 vilarejos indígenas na área onde a Aracruz atuava. Após a Aracruz ter estabelecido todas as suas plantações de eucalipto na área, restaram somente três vilarejos". A artista sugere que Gil seja mais responsável antes de participar de uma próxima campanha a favor desta empresa.


A seguir, uma nota da Aracruz, divulgada no sítio Bluebus:


"A comunidade de Aracruz, cidade no centro-norte do Espírito Santo, realizou manifestaçao no dia 15 de setembro, em solidariedade aos funcionários e fornecedores da Aracruz Celulose, que vem sendo intimidados constantemente por manifestaçoes de índios e de organizaçoes como o MST. Os outdoors foram veiculados como parte dessa manifestaçao, que reuniu 6 mil moradores da cidade com total apoio do comércio local".

"O conteúdo dos outdoors é uma reaçao da sociedade, talvez um pouco carregada nas tintas, aos atos extremistas que vem sendo praticados na regiao como forma de pressionar o Ministério da Justiça a tomar uma decisao favorável à ampliação da reserva indígena no Espírito Santo (,,,,,) Nesta 5a feira, 12, expira o prazo para o Ministro da Justiça se pronunciar sobre a questao da ampliação em 11 mil hectares da reserva indígena em Aracruz, no Espírito Santo. A Aracruz Celulose confia em uma decisao favorável, já que sua contestaçao, com 15 mil páginas de documentos, apresentou argumentos fundamentados em ampla pesquisa histórica, realizada por grupo multidisciplinar, que trabalhou durante 8 meses com o intuito de fazer um resgate histórico e investigar a questao da terra no Espírito Santo (.....)".

Segue - "A Aracruz Celulose gostaria de esclarecer que respeita as comunidades indígenas do Espírito Santo, a quem reconhece como uma de suas partes interessadas importantes, e com as quais gostaria de desenvolver um relacionamento construtivo e duradouro. Trabalham hoje na empresa, entre funcionários e colaboradores, quase uma centena de descendentes de índios (.....)".

Esclarece - "A Aracruz nao patrocinou a colocaçao dos outdoors, nem apóia mensagens que possam vir a ser interpretadas como discriminatórias. Por outro lado, nao tem como impedir que os diversos movimentos sociais de apoio à empresa que vem surgindo no Estado expressem as suas posiçoes".


Sendo irônico, será que isto consta do Balanço Social da Aracruz?

Artigo de Phelps

O ganhador do Nobel de Economia deste ano escreveu o seguinte artigo para o Project Syndicate, traduzido pelo Valor de hoje. Gostei muito do primeiro parágrafo, que poderia ser aplicado a própria contabilidade e finanças.

Ciência econômica deve ser baseada em evidências

Edmund S. Phelps
Existe um movimento na medicina que exige que as solicitações das licenças para a venda de um novo medicamento sejam "baseadas em evidências". Os economistas experientes, por outro lado, consideram que sua disciplina já teria alcançado este padrão científico. Afinal, eles manifestam as suas opiniões com a matemática e chegam a estimativas quantitativas de relações implícitas a partir de dados empíricos.

A ciência econômica não é baseada em evidência na seleção dos seus paradigmas teóricos. Iniciativas de política econômica são muitas vezes tomadas sem todos os pré-testes empíricos que poderiam ter sido realizados.

Um exemplo notório é a elaboração de política macroeconômica posterior à Segunda Guerra Mundial sob os keynesianos radicais. Eles se basearam na teoria não testada de Keynes de que o desemprego dependia da "demanda efetiva" em relação à "renda assalariada", porém suas políticas ignoraram a parte sobre salários e procuraram estabilizar a demanda num nível suficientemente elevado para assegurar "pleno" emprego.

Cecil Pigou e Franco Modigliani objetaram, afirmando que, se a demanda fosse elevada com êxito, o nível de renda assalariada aumentaria, se equipararia à demanda, e empurraria o nível de emprego de volta ao seu nível anterior. O nível de emprego não pode ser sustentado acima da sua linha de equilíbrio inflacionando a demanda efetiva.

Apesar disso, os radicais triunfaram por meio daquilo que o economista Harry Johnsom chamou de "desdém e escárnio". As políticas macroeconômicas do pós-guerra foram dedicadas ao "pleno" emprego, sem nenhuma evidência de que a renda assalariada não atrapalharia.

No fim da década de 50, os neokeynesianos finalmente reconheceram o argumento postulado por Pigou e Modigliani. O trabalho de Will Phillips sobre salários não lhes deixou nenhuma escolha. Eles ainda insistiam, porém, que aumentos regulares na demanda a uma taxa suficientemente elevada manteriam a demanda um passo adiante do nível da renda assalariada, de forma que o nível de emprego poderia ser mantido num patamar alto, embora ao custo de uma inflação constante.

De formas distintas, Milton Friedman e eu nos opusemos, argumentando que esse tipo de política exigiria uma taxa de inflação em alta constante. A renda assalariada ficará defasada em relação à demanda, sustentei, somen-te enquanto uma determinada empresa for dissuadida de elevar os salários pela falsa percepção de que os salários nas demais empresas já estariam num nível inferior em relação aos seus - um desequilíbrio que não pode durar.

A exemplo dos radicais, os neokeynesianos não desafiaram esses questionamentos com testes empíricos. A eficácia da demanda elevada era uma questão de fé. Os eventos da década de 70, porém, submeteram aquela fé a um teste cruel. Quando os choques de oferta atingiram a economia dos EUA, a reação dos neokeynesianos foi despejar mais demanda, acreditando que ela poderia ressuscitar a taxa de emprego. Houve pouca recuperação - apenas mais inflação.

A época atual oferece um paralelo. Ainda que a política tenha mudado desde então, para refletir a economia do lado da oferta e a teoria do ciclo de negócios real, os novos elaboradores e defensores de paradigmas da vez mostram a mesma aversão à verificação dos dados na busca de erros graves.

Uma lição acadêmica anterior foi bem-fundamentada: alíquotas de imposto temporariamente abaixo do normal que incidem sobre o trabalho neste ano, quando combinadas com a perspectiva de um retorno às alíquotas normais no próximo ano, estimularão as famílias a concentrar mais trabalho neste ano e a trabalhar menos nos anos futuros. Esta proposição foi recentemente testada de novo em dados da Islândia e deu bons resultados.

Os defensores da economia do lado da oferta tiraram as conclusões temerárias de que um corte permanente nas alíquotas dos impostos que incidem sobre o trabalho incentivariam mais produto do trabalho permanentemente, sem nenhuma diminuição da eficácia. Larry Summers e eu duvidamos que essa afirmação pudesse ser geralmente verdadeira. Se cada aumento na taxa de salário líquido [após a dedução do imposto] conferisse um estímulo permanente à quantidade de trabalho ofertada, ponderamos, salários líquidos em altas crescentes a partir de meados do século XIX teriam produzido um aumento extraordinário no número total de horas de trabalho semanais e nas idades de aposentadoria. Ambas registraram queda, porém, e na Europa continental o nível de desemprego é maior.

Em minha opinião, este dogma central da economia do lado da oferta está calcado sobre um erro crasso simples. O que interessa para a quantidade de trabalho ofertado é a taxa de salário líquido relativa à renda proveniente das fortunas. Se por um lado as taxas salariais líquidas dispararam por mais de um século, por outro, as fortunas e os rendimentos que gerava cresciam à mesma velocidade.

Certamente, se as alíquotas dos impostos fossem reduzidas permanentemente neste ano, haveria inicialmente um efeito fortemente positivo sobre o trabalho ofertado. Mas também haveria um efeito positivo sobre a poupança e, portanto, sobre as fortunas no próximo ano e depois. No longo prazo, as fortunas tenderiam a subir na mesma proporção dos salários líquidos. O efeito sobre o trabalho desapareceria.

Precisamos avançar com cautela, contudo. Em análises padronizadas, o corte nos impostos provoca uma redução nas compras governamentais de bens e serviços, como gastos com defesa. Mas um corte de impostos poderia, por sua vez, fazer encolher o Estado do bem-estar social - a assistência social e a seguridade social, que constituem a riqueza social. Neste caso, o corte de imposto, ainda que aumente gradualmente a riqueza privada, poderá reduzir a riqueza social. O tema é de natureza empírica.

Pesquisas que realizei com Gylfi Zoega há uma década confirmaram que cortes em impostos que incidem sobre o trabalho elevam a taxa de emprego no curto prazo. Mas e o longo prazo? Os vastos efeitos de longo prazo das alíquotas de imposto ficam realmente evidentes nas diferenças internacionais existentes na taxa de emprego?

Em 1998 examinamos dados da OCDE para [estabelecer] uma correlação entre as taxas de desemprego nacionais em meados da década de 90 e as alíquotas de imposto atuais sobre o trabalho. Não encontramos nenhuma. Em 2004, verificamos as taxas de participação na força de trabalho e, mais uma vez, verificamos a taxa de desemprego. Ainda sem nenhuma correlação.

Países com altas taxas de desemprego incluíam países com altos impostos, como Alemanha, França e Itália, mas também Japão e Espanha, que têm impostos mais baixos. Países com baixos níveis de desemprego incluíam aqueles com baixos impostos, como Reino Unido e os EUA, mas também países com impostos extremamente elevados, como Dinamarca e Suécia.

Os neoliberais estão agora dizendo à Europa continental que cortes dos impostos que incidem sobre o trabalho podem dissolver as altas taxas de desemprego. Mas a eficácia destes cortes de impostos seria grandemente, se não completamente, transitória - especialmente se o Estado de bem-estar social fosse poupado. Em duas décadas, as altas taxas de desemprego voltariam sorrateiramente.

As falsas esperanças provocadas pelos cortes de impostos teriam afastado os formuladores de políticas das reformas fundamentais necessárias para o continente [europeu] alcançar o dinamismo, do qual dependem as altas taxas de inovação, a geração abundante de empregos, e a produtividade em nível mundial.

Copyright: Project Syndicate 2006 - www.project-syndicate.org

Edmund S. Phelps, ganhador do prêmio Nobel em Economia para 2006, é professor de Economia na Universidade Colúmbia (EUA), onde dirige o Center on Capitalism and Society

Machismo

Reportagem do Valor Econômico de hoje fala sobre o machismo na gestão das empresas brasileiras:

Perfume de mulher

Por Daniele Camba
O mercado de capitais no Brasil é conhecido como um segmento em que os homens reinam e as mulheres ainda são exceção. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - o xerife do mercado - é uma boa fotografia dessa relação desigual. Nos 30 anos da autarquia, o percentual de mulheres aprovadas em concursos que exigem nível superior evoluiu, mas num ritmo muito lento para um período tão longo. No primeiro concurso da CVM, em 1978, das 146 vagas, 12% foram ocupadas por mulheres. No último, em 2003, 17% das 108 vagas ficaram com o público feminino. Mas se numericamente elas ainda são minoria, nos últimos anos, já têm ocupado cargos importantes, como os de diretoria. Dos 57 profissionais que chegaram à direção da autarquia, apenas quatro são mulheres - Flora Valladares Coelho, Maria Isabel do Prado Bocater, Maria Cecília Rossi e Norma Jonssen Parente. A quinta é Maria Helena Santana, que este ano deixou a Bovespa a caminho do órgão regulador.

Algumas dessas mulheres viram a CVM nascer. Em 1978, a ex-diretora Norma Parente era funcionária do banco Banerj e fez parte da equipe de cinco advogados emprestados para a autarquia, até que os concursados começassem. O que era para ser transitório durou sete anos. Em 1985, já como gerente jurídica, Norma deixou a autarquia para ser procuradora do Estado do Rio e trabalhar no escritório de seu colega Nelson Eizirik.

Quinze anos depois, em 2000, Norma cogitou que talvez fosse hora de voltar, só que desta vez como diretora. "Pensei em pedir para o meu primo Pedro Parente (na época ministro-chefe da Casa Civil) que me indicasse, mas logo mudei de idéia", confessa Norma. Não foi preciso ter um padrinho: no mês seguinte, José Luis Osório tomou posse como presidente e convidou-a para fazer parte da diretoria. "Apenas liguei para tia Bebel (mãe de Pedro Parente) pedindo que avisasse ao Pedro, que estava no governo, que eu seria diretora da CVM", recorda a advogada.

Recém-formada, Maria Isabel Bocater viu na autarquia a chance de uma carreira promissora. "A idéia era muito atraente, acompanhar de perto a formação do principal órgão do mercado, a criação das primeiras regras e ainda ser bem remunerada por isso", diz Maria Isabel, que lembra que os salários eram ótimos no início e foram sendo achatados no decorrer dos anos. Ela foi um dos 20 advogados que passaram no primeiro concurso da autarquia, em 1978. Diferentemente dos outros concursos, desse total, a maioria (12) era de mulheres. Pouco tempo depois, Maria Isabel licenciou-se para acompanhar seu marido, que estava de mudança para Nova York.

Quando regressou ao Brasil, assim como Norma, Maria Isabel voltou para a CVM como gerente jurídica. Foi galgando postos até ganhar a cadeira de diretora, na qual permaneceu de 1993 a 1999 - o maior mandato entre todas as mulheres do colegiado.

Além das diretoras, outras mulheres fizeram carreira na CVM e hoje ocupam postos importantes. Elizabeth Machado entrou no primeiro concurso como analista de mercado e hoje é superintendente de Relações com Empresas. Isso significa que tudo que diz respeito a companhias abertas necessariamente passa por suas mãos. Nesses 26 anos ininterruptos de CVM, Elizabeth pensou algumas vezes em deixar a autarquia - principalmente na década de 80, quando os salários estavam muito achatados -, para ter uma vida mais tranqüila e cuidar dos três filhos.

"Ainda bem que ficou apenas no pensamento, os meus filhos estão grandes e o lado profissional ganhou ainda mais peso na minha vida", diz Elizabeth. Além dela, há apenas mais uma superintendente mulher: Lúcia Amorim, responsável pela regional de Brasília.

Apesar do número de diretoras caber nos dedos de uma única mão, essas mulheres testemunharam e foram peças imprescindíveis em fatos que fizeram a história do mercado. Antes de ser diretora, Norma acompanhou, por exemplo, o julgamento da primeira oferta de compra hostil no mercado, quando a Cemig tentou adquirir a Companhia Mineira de Eletricidade, e também o primeiro caso de informação privilegiada da diretoria da Cervix Engenharia.

Já como diretora, Norma lidou com questões importantes, como a reformulação da Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), sendo a representante da autarquia junto aos deputados e senadores em Brasília. "Eu discuti com políticos importantes que faziam lobby para derrubar alguns avanços da Lei, aprendi muito com tanta pressão", diz Norma, que foi diretora por cinco anos, deixando a autarquia no ano passado para ser consultora. Conhecida como "a defensora dos minoritários", Norma comprou boas brigas em prol do mercado, como a multa histórica de R$ 62,5 milhões que aplicou ao empresário da Bombril Sérgio Cragnotti. Sem contar os desafetos que deve ter angariado nas empresas de consultoria, como ferrenha defensora do rodízio de auditores.

Na época como superintendente jurídica, Maria Isabel Bocater acompanhou de perto o caso Naji Nahas. "Foi um golpe muito duro, a CVM estava enfraquecida, com os quadros de técnicos esvaziados pelos baixos salários, e tendo de cuidar de uma fraude sem precedentes", lembra ela. Já como diretora, Maria Isabel pegou toda a fase de privatização, em que a CVM atuou ativamente em questões como a definição do valor do "tag along" aos minoritários das estatais. Hoje, como sócia do escritório Bocater Camargo Costa e Silva Advogados, ela acredita que os anos de CVM contribuem para que ela preveja quais serão as indagações da autarquia nos casos dos seus clientes.

Enquanto algumas passaram boa parte de sua vida profissional a serviço da CVM, outras vieram do mercado. Antes da autarquia, Maria Cecília Rossi passou pela BM&F, onde ajudou a criar os contratos futuros. Depois, foi ser gerente de novos produtos da Bovespa. Na CVM, Maria Cecília acompanhou toda a abertura do mercado, com a criação do Anexo IV, instrumento que regulamentou a entrada de capital estrangeiro no país, e os ADRs, recibos de ações negociadas no exterior. "A CVM foi um divisor de águas na minha carreira, passei a ter uma visão mais global do mercado e a entender as preocupações de um órgão fiscalizador", diz Maria Cecília, que hoje tem uma consultoria - a Interlink.

A atual diretora, Maria Helena Santana, também veio da Bovespa, onde era superintendente de relações com empresas e foi uma das grandes responsáveis pela criação do Novo Mercado. Flora Valladares Coelho foi diretora da CVM entre 1991 e 1992 e hoje é secretária de Gestão Administrativa do Estado do Acre.

09 outubro 2006

Mea Culpa 02

As palavras que coloquei no Mea Culpa também são das professoras Ducineli e Fernanda, ambas da UnB, que se sentiram prejudicadas com o ocorrido.

Aproveito para agradecer o apoio de Rodrigo Rodrigues Pereira e de Olavo Pereira Gomes.

Ações da Gol caem após o acidente



Ações da Gol caem após acidente, em dia de alta na Bovespa

Segunda-feira 2 de Outubro, 2006 2:01 GMT

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Gol foram bem movimentadas na bolsa paulista e chegaram a sofrer queda acentuada na abertura desta segunda-feira, primeiro pregão após o acidente com o vôo 1907, em que morreram 155 pessoas que estavam a bordo, conforme informações da Força Aérea Brasileira.

Ao longo da manhã, porém, a desvalorização arrefeceu e, às 13h54, os papéis da companhia aérea operavam em baixa de 1,45 por cento, a 73,91 reais, após escorregar 4,65 por cento, para 71,51 reais, nos primeiros minutos de negócio.

O Ibovespa, que desde o início do dia operava em forte alta, subia 2,08 por cento

Para um analista que acompanha o setor, a queda brusca dos papéis da Gol foi um reflexo instantâneo do mercado e tende a ser absorvido nos próximos dias.

"A gente pegou oito acidentes nos últimos anos e percebeu que, nesses casos, as ações caíram 5 por cento na primeira semana de negociação... é uma reação extremamente de curto prazo", disse o especialista, que não quis se identificar. "Não vejo razão para a demanda no Brasil e a demanda por vôos da Gol serem afetados."

Segundo ele, em alguns acidentes aéreos até a demanda por vôos em geral chegou a ser abalada, mas havia o temor de ataques terroristas envolvidos.

"No caso do Brasil não tem nada disso, então não acredito numa queda mais longa das ações", acrescentou.

De acordo com a Bovespa, os papéis iniciariam em baixa de quase 6 por cento, o que os levou automaticamente a leilão e retardou sua abertura para 10h18. Segundo a bolsa, o limite de oscilação para papéis de liquidez como os da Gol é de 3 por cento, entre um negócio e outro.

As ordens na pré-abertura estavam acima desse limite e se deu início ao leilão, que dura inicialmente 5 minutos. Depois disso, a operação foi prorrogada por 13 vezes, por um minuto cada. As extensões se deveram, disse a bolsa, a ordens colocadas no final do tempo. Quando finalmente abriram, as ações caíam 3,3 por cento.

Toda a agitação da manhã colocou os papéis da companhia aérea, que não fazem parte do Ibovespa, entre os mais negociados na bolsa. O giro era de 30,9 milhões de reais dos 1,35 bilhão de reais de volume financeiro do pregão.

O Boeing 737-800, que caiu no norte do Mato Grosso após colidir com um Legacy, de fabricação da Embraer, havia sido entregue à Gol em 12 de setembro e tinha 234 horas de vôo, conforme a própria Gol.

O Legacy também era novo, acabara de deixar o hangar da fabricante brasileira, em São José dos Campos, e resistiu à colisão, pousando na base aérea da Serra do Cachimbo, no sul do Pará.

As ações da Embraer, que fazem parte do Ibovespa, apresentavam alta de 0,52 por cento, e giro financeiro de 10,097 milhões de reais.

(Por Marcelo Mota)


(Enviado por Pedro Duarte. Grato.)

Encontro do Mestrado de Ciências Contábeis

Será realizado, na UERJ, nos dias 23 e 24 de novembro de 2006, o "VIII
Encontro do Mestrado em Ciências Contábeis". Para este ano foi escolhido o
tema "A Contabilidade no Século XXI: Os Desafios da Inserção Profissional e
Acadêmica". As inscrições são gratuitas e o prazo para envio de trabalhos vai
até o dia 20 de outubro de 2006. Mais informações:

Secretaria do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ:
Tel. (21) 2587-7362

ou no sítio do congresso, clique aqui

Normas internacionais em Português

Acabo de receber do professor Uverlan (do Ceará) uma versão das normas internacionais do IASB em português, de Portugal.

Grato.

Nobel de Economia

Parece que as previsões falharam: Phelps é o vencedor do Nobel de Economia.

Análise Técnica

Será que a análise técnica pode funcionar? Um dos problemas para verificar isto é a dificuldade de testar a análise técnica. Uma das formas que os pesquisadores encontraram para testar é através da verificação se os números de Fibonacci funcionam no mercado.

Fibonacci foi um italiano que estabeleceu uma seqüência de números formados pela soma dos anteriores. Os primeiros números da seqüência de Fibonacci são 1, 1, 2, 3, 5, 8 e assim por diante. O número 5, por exemplo, é formado pela soma de 2 mais 3. O número 8 é resultante de 3 mais 5, e assim por diante. A matemática já descobriu que a relação entre os componentes tende a 1.618 e este número é conhecido como golden ratio na arquitetura e desenho.

Alguns investidores passaram a acreditar que o movimento futuro dos preços das ações pode ser decorrente dos dados passados. Um estudo de Batchelor e Ramyar não encontrou nenhuma evidência que os números de Fibonacci funcionam no mercado de capitais dos Estados Unidos. O período coberto pelos pesquisadores foi de 1914 a 2002. Os defensores da análise técnica tendem a contra argumentar com a seguinte questão: “se a análise técnica não funciona, por que existem pessoas que ficaram ricas utilizando-a”? Obviamente que isto é um típico problema de viés de sobrevivência pois ignora os inúmeros investidores que, utilizando a análise técnica, saíram do mercado.

Para os pesquisadores, o problema é que a análise técnica não estabelece regras claras que possam ser usadas para testar de forma científica se a mesma funciona ou não. A regra dos números de Fibonacci é uma exceção e por isto a preferência dos testes neste sentido. Um trabalho de revisão destas pesquisas foi realizado por Park e Irwin em “The profitability of technical Analysis: a review.

Fonte: The Economist, Technical Failure, 23/09/2006, p. 85

Privilégio e da Hipocrisia

A The Economist faz um comentário interessante sobre o livro “The Price of Admission: How America´s Ruling Class Buys Its Ways into Elite Colleges – and Who Gets Left Outside the Gates”, de Daniel Golden.

O livro trata de um assunto de como as universidades norte-americanas escolhem seus alunos. Os exemplos são interessantes e ajudam a explicar as razões pelas quais os dois candidatos na última eleição presidencial, George Bush e John Kerry, foram alunos de Yale apesar de não serem brilhantes. Ambos eram filhos de famílias que contribuíram financeiramente com a universidade. O que o livro parece deixar claro é que a entrada numa universidade de elite depende não somente do mérito acadêmico mas também da importância da família. A Duke University mandou o diretor de admissão na casa de Steven Spielberg para entrevistar sua filha adotiva. Princeton encontrou um jeito de arrumar um lugar para Lauren Bush, sobrinha do presidente, mesmo depois dela ter perdido a data do exame. A Brown University admitiu o filho de Michael Ovitz, ex-executivo da Disney.

Parte dos alunos que entram sem o mérito acadêmico decorre do desempenho esportivo. Enquadram nesta categoria não somente os jogadores de basquete mas também de squash, vela, corrida, golfe e outros que são mais elitizados.

Fonte: The Economist, 23/09/2006, p. 38

08 outubro 2006

Previsão do Nobel de Economia

Segunda deve ser divulgado o(s) vencedor(es) do Nobel de Economia. Este prêmio tem um interesse especial pois alguns dos pesquisadores já premiados desenvolveram trabalhos em áreas afins da contabilidade.

Além disto, a premiação pode chamar a atenção para algumas linhas de pesquisas, como já ocorreu anteriormente com finanças comportamentais.

Diversos palpites estão sendo considerados:

1) Uma reportagem do Wall Street Journal, citada no sítio de Greg Mankiw, apresenta as seguintes sugestões:

a) Oliver Hart, pelo trabalho sobre contratos
b) Robert Wilson e Paul Milgrom em auction theory
c) Jagdish Bhagwati, que estudou teoria do comércio
d) Eugene Fama, da área de finanças.

A reportagem lembra o prêmio da Thomson Scientific, já citada anteriormente no "Contabilidade Financeira" que produz três possíveis combinações:

a) Mr. Bhagwati, Avinash Dixit e Paul Krugman;
b) Mr. Jorgenson
c) Mr. Hart, Bengt Holmstrom e Oliver Williamson

2) O prestigiado sítio Marginal Revolution traz também uma discussão sobre este assunto. Tyler Cowen considera as chances dos potenciais candidados de acordo com a possibilidade da Academia promover uma discussão mais politizada ou não. O sítio cita como candidatos Paul Krugman, Gordon Tullock, Oliver Hart, Wilson e Milgrom, Paul Romer, Fama e Thaler. Cowen aposta nestes dois últimos. Cita também Oliver Williamson e Bhagwati.

3) O blog Division of Labour faz a previsão para Bhagwati, Dixit e Krugman, pelos trabalhos em teoria internacional do comércio. Mas a preferência do blog é para

a) Tullock e Krueger
b) Baumol e Kirzner para empreendedorismo
c) Hanushek e ? para economia da educação
d) Richard Muth, Edwin Mills e Jan Brueckner, para modelagem em urbanismo

4) Este mesmo endereço traz a previsão para William Baumol

07 outubro 2006

Rir é o melhor remédio 08




Do sítio PhD Comics

Dinheiro traz felicidade

Jonathan Gardner e Andrew Oswald fizeram um estudo dos ganhadores de loteria esportiva da Inglaterra que receberam entre 1.000 e 120 mil libras de prêmio. Utilizaram o teste chamado General Health Questionnaire (GHQ), que embora eu não tenha encontrado nenhuma referência ao mesmo na Wikipedia, os autores afirmam que o mesmo é comum em pesquisa médica e como indicador de stress.

Dois anos após vencerem na loteria, os ganhadores apresentaram uma melhoria no resultado do GHQ de 1.4 pontos.

Fonte: Money and mental wellbeing: a longitudinal study of medium-sized lottery wins
Journal of Health Economics, prelo, 2006.

Clique aqui para ter acesso ao texto em PDF e inglês

06 outubro 2006

O fracasso do acordo da Nissan com a GM


As negociações entre a Nissan e a GM fracassaram, mas parece que os acionistas da Nissan gostaram. As ações subiram nos mercados japonês e norte-americano. Os investidores provavelmente acredita que a junção com a GM seriam ruim para a empresa japonesa.

O gráfico mostra o comportamento das ações da empresa.

Fonte: Seeking Alpha

A Ford está queimando seu caixa

Reportagem do Wall Street Journal comenta as dificuldades da Ford.

Com despesas em alta, caixa da Ford começa a cair e a preocupar analistas
October 6, 2006 4:05 a.m.

Por Jeffrey McCracken e Dennis K. Berman
The Wall Street Journal

Enquanto a Ford Motor Co. tenta novamente uma reviravolta, um assunto que vem atraindo atenção especial é a situação apertada de caixa da montadora, que já a obrigou a eliminar dividendos e pode levar à venda de ativos ou outras mudanças num futuro próximo.

A Ford está iniciando sua última reestruturação com uma razoável reserva financeira: quase US$ 23 bilhões. Essa quantia, porém, está abaixo dos US$ 25 bilhões do começo de 2006 e provavelmente continuará caindo até o final deste ano e início do próximo.

Analistas e empresas de classificação de crédito dizem que o custo de encolher a Ford está ficando maior conforme a montadora acumula gastos com rescisões de contratos por demissões em massa, aposentadoria antecipada e planos de demissão voluntária numa tentativa de eliminar aproximadamente 44.000 funcionários até o final de 2008. As metas da Ford são cortar empregos, fechar diversas fábricas e tornar a montadora rentável na América do Norte até 2009.
[heard]

O diretor financeiro da Ford, Don Leclair, diz que o caixa bruto das operações automobilísticas da empresa vai cair até o fim do ano para cerca de US$ 20 bilhões — um resultado suplementado por US$ 3,4 bilhões sacados de um fundo criado pelos funcionários para pagar custos de assistência médica para aposentados. Em 2006 a Ford gastará surpreendentes US$ 8,4 bilhões.

As ações da Ford, que até um ano atrás estavam sendo negociadas a US$ 10 cada, caíram para US$ 6,19 em julho último mas recuperaram-se e flutuaram entre US$ 8 e US$ 9 no último mês. Elas caíram mais de US$ 1 em 15 de setembro, quando a montadora divulgou seu último plano de reestruturação. Seu valor de mercado está na casa dos US$ 16 bilhões.

Só um dos 15 analistas que cobrem a Ford tem uma recomendação de "compra" para a empresa, de acordo com a Thomson Financial. As outras 14 recomendações variam entre "manter" e "vender". Em média, eles prevêem para a Ford em 2007 um prejuízo de US$ 0,23 por ação, comparada com lucro de US$ 4,36 por ação da General Motors e US$ 8,45 na Toyota.

Os custos de reestruturação, juntamente com o enorme corte de produção de veículos e os já esperados e sempre crescentes prejuízos trimestrais continuarão minando o caixa da Ford, fazendo com que a venda de ativos como as marcas Jaguar ou Land Rover e até mesmo a Ford Motor Credit, tornem-se inevitáveis, dizem analistas.

"Ao partir para uma tentativa de recuperação como esta, fica claro que a Ford irá gastar muito dinheiro em 2006 e 2007 entre reestruturação e custos operacionais. Eles ainda gastarão muito dinheiro antes de verem os benefícios do plano," diz Bruce Clark, vice-presidente da Moody's Investors Service, que na semana passada abaixou a classificação da dívida da Ford para B3, ou seja, seis graus abaixo no nível de investimento.

"Bem, se o plano não começar a dar resultados, eles continuarão queimando dinheiro e se precisarem fazer outra reestruturação como essa, não terão mais folga financeira. Eles têm de acertar desta vez.", diz Clark.

Ele diz que a Ford tem "um razoável colchão" de caixa, mas alerta que ele pode ser torrado rapidamente. Clark diz que a probabilidade de não pagamento da dívida das empresas B3 é de aproximadamente 26%.

Se o caixa tornar-se de fato uma preocupação, a Ford tem diversas, e ainda pouco discutidas, opções para o problema, de acordo com pessoas a par da situação. Uma das opções é começar a emitir títulos de dívida.

Uma outra opção ainda, segundo uma pessoa familiarizada com o problema, seria vender participações nas subsidiárias internacionais da Ford Motor Credit (Banco Ford). A empresa financeira tem operações na América Latina, Europa e na Ásia.

Eric J. Selle, do J.P.Morgan, diz em um relatório que a Ford está sendo otimista ao dizer que espera ter US$ 20 bilhões em caixa até o fim do ano, e estima que a montadora poderia ganhar até US$ 3,1 bilhões com a venda das marcas Aston Martin, Jaguar e Land Rover, com esta última arrecadando quase US$ 1,9 bilhão. Ele espera que estas marcas sejam vendidas nos próximos 12 meses.

05 outubro 2006

Conseqüências do Desastre


O desastre aéreo entre o avião da Embraer e o Boeing trouxe uma conseqüência inesperada: o aumento pela procura do jato Legancy!. Veja o notícia do sítio Blue Bus de hoje:
Sobrevivência ao acidente aumenta consultas para compra do Legacy 10:00 O fato de ter sobrevivido a uma colisao com um Boeing 737/800 pode ter transformado o jatinho Legacy, da Embraer, numa lenda da aviaçao mundial, diz esta manha a Folha Online. O número de empresários dispostos a pagar US$ 24,7 milhoes pelo aviao brasileiro aparentemente cresceu após a tragédia da última 6a. A Folha Online apurou que a Embraer recebia no máximo 3 consultas por mês de pessoas físicas interessadas no Legacy. Somente nesta semana já foram pelo menos 9 consultas. 05/10 Blue Bus

Uma questão de definição. Uma questão de mensuração

O que é um país desenvolvido, pergunta a The Economist? Para uns, são os países membros da OECD, chamado de clube dos ricos. Mas fazem parte da OECD hoje o México e a Polônia, que são pobres; e não fazem parte Hong Kong, Cingapura ou União dos Emiratos Árabes.

Para piorar, diferentes entidades utilizam diferentes definições. O JP Morgan considera Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan como emergentes. Já o Morgan Stanley Capital considera Hong Kong e Cingapura como mercado desenvolvido. Já o FMI considera Hongo Kong economia emergente.

Além disto, os termos em desenvolvimento, terceiro mundo e economia emergente são utilizados como sinônimos.

Como mensurar? Geralmente se utiliza o PIB. Mas o PIB pode se medido de várias formas com vários resultados:

Maiores economias pelo PIB (a taxa de câmbio do mercado) em 2005:
Estados Unidos, Japão, Alemanha, China, Inglaterra, França, Itália, Canadá, Espanha e Brasil

Maiores Economias pelo Poder Paritário da Moeda em 2005:
Estados Unidos, China, Japão, Índia, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Brasil e Rússia

Previsão das Maiores Economia pelo PIB (taxa de câmbio do mercado) em 2040
China, Estados Unidos, India, Japão, México, Rússia, Brasil, Alemanha, Inglaterra e França

Fonte: The Economist, 16/9/2006

04 outubro 2006

Lucram mais e vendem mais caro que os concorrentes

Tem sido dito que os carros japoneses vendidos nos Estados Unidos lucro US$2.400 a unidade. Isto ocorrer devido a eficiência da fábrica e dos menores custos em pensão. Além disto, os automóveis da Toyota, Nissa e Honda possuem um preço médio de US$24 289, 12% a mais que os fabricantes norte-americanos.

Alguns dados interessantes:
=> os fabricantes japoneses pagam $1.400 menos de custo de pensão
=> a GM possui 338 mil aposentados
=> Toyota gasta $348 por carro com garantia, versus $500 da GM e Chrysler
=> os fabricantes norte-americanos tem um custo de $70 a mais por carro pelo absenteísmo
=> Toyota economiza $1.000 por veículo pelo desenho padronizado nos diferentes tipos de carros
=> A taxa de câmbio também favorece, em $1.054 por veículo, os japoneses

Fonte: Seeking Alpha

Genético

O prêmio Nobel de Química foi dado hoje a Roger Kornberg por seu trabalho na transcrição do DNA. Seu pai, Arthur Kornberg, venceu o Nobel de Medicina em 1959 por seu trabalho em genética.

É verdade...

Custos versus Segurança

O relato do WSJ sobre a decisão de uma empresa em continuar o vôo. O dilema entre redução de custo e segurança dos passageiros:

Um vôo sobre o mar sem uma turbina
October 4, 2006 4:05 a.m.

Por Scott McCartney
The Wall Street Journal

No ano passado, um Boeing 747 da British Airways havia acabado de decolar do aeroporto de Los Angeles rumo a Londres quando um de seus motores foi tomado por uma espetacular bola de fogo.

O fogo se extinguiu rapidamente, mas a polêmica continua ardendo.

A torre de controle mandou um alerta via rádio ao vôo, o 268. Na torre, os controladores esperavam que o avião fizesse meia-volta. Para espanto de todos, porém, os pilotos consultaram a empresa e seguiram em frente, para tentar "avançar o máximo possível", segundo o comandante. O jato acabou voando mais de 8.000 quilômetros sem um motor antes de fazer um pouso de emergência em Manchester, Inglaterra, porque o combustível estaria no fim.

As gravações da torre de controle em Los Angeles, a que este jornal teve acesso à luz da Lei de Liberdade de Informação americana, mostram que os controladores que testemunharam a séria falha na turbina ficaram imediatamente preocupados com o vôo e prontos a trazê-lo de volta ao aeroporto com segurança (ver quadro). Mas a decisão de voltar ou seguir em frente coube aos pilotos — e às diretrizes da empresa.

Desde então, pilotos e autoridades da aviação vêm discutindo a decisão do comandante e da British Airways. A grande dúvida é: ainda que o jato fosse capaz de chegar ao destino, e autorizado por lei a prosseguir, foi sensato tentar? Foi seguro?

O incidente mais uma vez chamou atenção para um velho dilema da aviação: segurança versus finanças. Embora a companhia aérea tenha frisado que a decisão não teve motivos financeiros, e que era permitida pelas normas britânicas, certos pilotos se perguntaram se a tripulação foi pressionada a assumir riscos para poupar à empresa milhares de dólares em combustível (pois em um pouso de emergência teria sido preciso alijar combustível) e ressarcimento aos passageiros pelo atraso, exigência então recente na União Européia. A British Airways nega veementemente que considerações financeiras tenham influenciado a decisão.

O vôo 268 também causou uma disputa entre autoridades dos EUA e do Reino Unido em relação às normas que seriam válidas no caso — as de qual país? — e àquilo que é permitido por normas americanas. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) acusou a British Airways de prosseguir em "condições impróprias para vôo", em violação às normas de segurança do país. No mês passado, porém, desistiu de aplicar uma multa máxima de US$ 25.000 à empresa para evitar uma briga na Justiça. Embora o 747 seja autorizado a voar com três turbinas apenas, a tolerância a imprevistos cai muito. Se houver pane em mais uma turbina — sobretudo sobre o mar, a horas de distância da terra —, pode ser difícil manter o avião no ar ou pousar com segurança.

Investigadores no Reino Unido descobriram que de abril de 2001 para cá a British Airways fez 15 vôos de longa distância com um 747 com apenas três motores funcionando. Segundo a companhia, a prática é segura e evita inconvenientes para os passageiros. Mas certos pilotos, incluindo do sindicato dos próprios pilotos da empresa, gostariam de saber se a British pressionou o vôo 268 a tentar chegar a Londres para não ter de ressarcir os passageiros, algo previsto por normas da União Européia que haviam entrado em vigor uma semana antes do incidente. A British Airways nega que esse temor tenha exercido qualquer papel na decisão.

Autoridades britânicas concluíram que a decisão da empresa não violou as normas de segurança. Já a British Airways alegou que, à luz de leis internacionais, estava sob jurisdição das normas britânicas, não dos EUA. Segundo a empresa, as normas americanas são ambíguas, pois ditam que em caso de perda de um motor o piloto deve pousar no aeroporto compatível mais próximo — mas abrem exceção para aviões de quatro turbinas caso o piloto decida que seguir em frente é "tão seguro quanto pousar no aeroporto compatível mais próximo".

O braço que investiga acidentes aéreos no Reino Unido sugeriu que a British Airways reexaminasse suas diretrizes para esses casos, bem como o treinamento para gestão de combustível em situações de pane em motores. A companhia disse que concordou em levar em conta "questões surgidas desse incidente" em caso de falhas futuras em um motor de 747.

Perigo nos céus

Uma das quatro turbinas de um 747 da British Airways irrompeu em chamas segundos depois de levantar vôo de Los Angeles, em 19 de fevereiro de 2005. Eis alguns trechos da comunicação entre a torre de controle e o piloto:

Controlador 1: Parece que há chamas em seu motor um ou dois.

Piloto: Vamos desligá-lo. (O avião atinge os 1.500 metros.)

* * *

Piloto: Desligamos a turbina dois. Vamos consultar a empresa para saber o que devemos fazer.

* * *

Piloto: Decidimos manter o plano de vôo e avançar o máximo que pudermos. Assim, pedimos autorização para seguir nosso plano de vôo.

(O controlador, num gesto de rotina, autorizou o piloto a ganhar altitude.)

* * *

Controlador 1: Ele vai?

Controlador 2: Está indo.

Controlador 1: Se você tivesse visto o que vimos aqui da janela, estaria surpreso com isso.

03 outubro 2006

Rir é o melhor remédio 07




Do sítio Statistical Modeling, Causal Inference, and Social Science

Contratar é mais caro

Uma notícia dos jornais (Valor, 3/10/2006) sobre o custo de contratar um funcionário no Brasil. Baseado num estudo do Ipea:

Contratar com carteira custa 26,8% mais, diz Ipea

Agência O Globo
Um funcionário com emprego formal no Brasil custa, em média, 26,8% a mais para o empregador do que de fato o empregado recebe no fim do mês, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Bancar um funcionário formalizado custa muito mais aqui do que no resto da América Latina e no Caribe, onde a diferença entre o que um empregado custa e o que ele recebe é de 15,9%.

Para os autores do estudo, os economistas Gabriel Ulyssea e Maurício Cortez Reis, o custo é muito alto e estimula a informalidade no país. Os economistas usaram uma metodologia do Banco Mundial para calcular a diferença líquida entre os custos do empregador e os benefícios pagos na folha de salário. A conta considera que parte dos encargos voltam para o funcionário mais tarde sob a forma de 13º salário, adicional de férias e FGTS, por exemplo.

O levantamento também mostra que o Brasil tem um índice altíssimo de "dificuldade de contratação": 67, contra a média de 30 dos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesse cálculo, além dos custos do empregador ao longo do período de vigência do contrato de trabalho, também são computados os encargos com demissões.

No Brasil, o empregador paga 50% sobre o saldo do FGTS em caso de demissão, sendo 40% para o funcionário e 10% para o governo. "O índice brasileiro é mais que o dobro da média dos países-membros da OCDE, 50% maior do que a média da América Latina e Caribe. Além disso, 50% dos 155 países pesquisados têm menos da metade do custo brasileiro", diz Ulyssea.

Lançar ações ficou mais barato

Uma reportagem do Valor Econômico de hoje (3/10/2006) diz que ficou mais barato para uma empresa lançar ações no mercado de capitais. A explicação é o aumento no número de lançamentos (que aumenta a concorrência):

Lançar ações fica mais barato

Maria Christina Carvalho e Altamiro Silva Júnior

O aumento dos bancos especializados em coordenar emissões de ações e de empresas interessadas em entrar no mercado de capitais brasileiro está derrubando os custos das operações. No início de 2004, quando começou a temporada de lançamentos de ações, as comissões totais pagas aos bancos coordenadores e corretoras chegaram a bater em 5% do valor da operação, como no caso da Gol ou do laboratórios Diagnósticos da América (Dasa). Este ano, algumas empresas conseguiram captar com taxas bem menores, como a CSU CardSystem (0,76%), Localiza (1,54%) ou Nossa Caixa (1%).

Para o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger, vários fatores explicam a queda das taxas. Um deles é a melhoria do mercado de ações. "As colocações estão mais fáceis com os investidores mais dispostos a comprar. Durante vários anos o mercado esteve retraído. Com a melhoria do mercado, o risco de colocação é menor e é natural que a comissão cobrada seja menor", disse.

Outro motivo citado por ele foi o aumento do valor dos lançamentos. Além disso, acrescentou, cresceu a concorrência entre os bancos. Instituições como o Deutsche e o Fator estruturaram áreas para o mercado de capitais. O Fator promete para breve sua primeira operação. Para Plöger, quando o mercado estava ruim, poucos bancos se interessaram em ter um departamento especializado em emissões. "Com o mercado mais líquido e o crescimento dos negócios, a concorrência se acirrou em todos os sentidos. Basta ver a briga violenta por profissionais especializados na área, que são altamente disputados".

Apesar de tudo, o presidente da Abrasca afirma que o custo dos lançamentos de ações poderia cair mais. "As comissões no Brasil ainda estão longe do patamar do mercado internacional", afirmou. Entre as taxas cobradas, as comissões de garantia de colocação ainda são as mais caras, podendo atingir 4% a 5%.

A Localiza Rent a Car é uma das empresas que fez duas emissões de ações no espaço de menos de um ano e pagou comissões 60% menores entre o primeiro e o segundo lançamento. O diretor de finanças e relações com investidores da Localiza, Roberto Antonio Mendes, atribuiu a redução dos custos de lançamento o fato de as duas operações terem sido realizadas com intervalo pequeno, a primeira emissão foi de maio de 2005 e a segunda, em abril de 2006, além de ter feito um lançamento de debêntures em maio de 2005 no valor de R$ 350 milhões.

O primeiro lançamento, que marcou a abertura do capital da empresa, foi uma oferta pública secundária das ações que estavam em poder do banco americano DLJ desde 1997 e resolveu se desfazer do investimento, equivalente 34,4% do capital total da empresa. Segundo Mendes, o DLJ pagou US$ 50 milhões por um terço da empresa e apurou US$ 100 milhões na venda das ações e mais US$ 20 milhões em dividendos. A operação de venda de ações avaliou a Localiza em US$ 1,4 bilhão. A comissão total somou 3,8% da operação.

Neste ano, houve a chamada "follow on", o lançamento seguinte, no valor de R$ 450 milhões, sendo cerca de R$ 300 milhões em papéis dos fundadores e o restante em emissão primária. Os custos da oferta foram rateados proporcionalmente entre os fundadores e a empresa. "Negociamos uma redução de custo em vista do fato de as operações terem sido feitas com os mesmos parceiros", disse Mendes. As taxas caíram para 1,54%. A comissão do banco coordenador, o Pactual, baixou de 0,80% na primeira operação para 0,25%.

O diretor da Localiza informou que, em um lançamento de ações, os custos mais caros são os de colocação dos papéis. A comissão de venda varia de 2,5% a 3,5%. Há ainda os custos de estruturação, que incluem advogados e roadshows, e vão de 0,5% a 1%.

Para Marcelo Kayath, diretor da área de equity do Credit Suisse, banco responsável por 40% das emissões do país, a queda das taxas não é generalizada. Elas têm caído em alguns casos, para operações maiores. Já a concorrência entre os bancos têm aumentado, avalia. "O mercado está bastante atrativo para os bancos, em crescimento, mas nem todos vão ter os mesmos resultados", diz. A razão é que o mercado está mais seletivo.

Para Kayath, empresas de "altíssima qualidade" resolveram acessar o mercado desde 2004. Nos últimos meses, porém, já se nota operações de "menor qualidade, mais especulativas". Para ele, o mercado de capitais brasileiro passa por uma revolução sem paralelos, marcado por empresas com capital pulverizado, maior governança e transparência. "Isso veio para ficar", diz.

Rir é o melhor remédio 07

02 outubro 2006

Custo ambiental na China

O cálculo do PIB verde da China mostra que a destruição do meio-ambiente pode afetar o crescimento da economia chinesa no longo prazo - Clique aqui para ler

Água e Óleo

Segundo Faisal Laljee a água será o novo óleo. 70% da terra é coberta de água, mas somente 3% é para consumo humano. Destes 2/3 são geladas ou são difíceis de serem extraídas, o que sobra 1%.

A quantidade de água existente hoje na terra é a mesma de um milhão de anos atrás. Mas temos hoje mais de 6 bilhões de pessoas, o que significa que a demanda por água também aumentou. Faisal cita também que, segundo a ONU, 50% dos pacientes dos hospitais do mundo são doentes devido a água contaminada. O número de pessoas que não tem acesso a água também é impressionante: talvez mais de 1 bilhão de pessoas.

Os problemas do mundo moderno também dificulta encontra uma água saudável. Um dos grandes responsáveis pela contaminação da água é a agricultura e o uso de pesticidas.

O método científico e o método real

Venda de uma cidade

LEILãO
Cidade à venda em Minas

Cemig anuncia vila operária com 70 casas, hotel, igreja, escola e um único morador. Lance mínimo é de R$ 6 milhões

Trancar as portas de casa ao sair e usar cinto de segurança enquanto dirige pelas ruas arborizadas. A rotina do engenheiro Nilton Braz, 48, seria comum se ele não fosse o único morador de um vilarejo com jeitão de cidade no Estado de Minas Gerais. Esse lugar em que só o engenheiro vive foi colocado à venda em leilão por, no mínimo, R$ 6 milhões. A venda deve acontecer em março de 2007.

A Vila Residencial Jaguara pertence ao Município de Sacramento, e fica a dez quilômetros do centro. A "cidade" de Braz tem área de 238 hectares - o equivalente a 310 campos de futebol -, 70 casas de três e quatro quartos, hotel, igreja, escola, ambulatório, clube, lago para lazer, aeroporto, infra-estrutura de água, esgoto, asfalto e iluminação.

A vila foi construída em 1970 para abrigar trabalhadores da usina hidrelétrica de Jaguara, implantada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Até a década de 90, cerca de 400 moradores faziam do local uma verdadeira cidade, mesmo sem a área aparecer no mapa do Estado. A comunidade nem precisava sair de Jaguara para tratar da saúde, passear, ir à igreja ou às compras.

Por um programa de incentivo da empresa, ainda na década de 90, os moradores começaram a se mudar para cidades próximas, como Uberaba, Rifaina e Sacramento, em busca da casa própria. Desde então, ninguém nada mais nas piscinas do clube, as casas estão fechadas, a igreja não tem mais padre nem fiéis e o salão de festas não realiza mais bailes.

Mas o técnico industrial da hidrelétrica Júlio César de Oliveira, 43, tem um bom motivo para não esquecer de Jaguara: ele se casou na igreja da vila em 1986. Antes, quando solteiro, dividia uma casa de três quartos com outros amigos de trabalho. "Escolhi a igreja porque era bonita e diferente", relembra.

Segundo o gerente regional das usinas da Cemig, Márcio José Peres, as vilas construídas para abrigar os trabalhadores foram perdendo a importância com o passar dos anos, já que o sistema de transporte público evoluiu e os empregados hoje podem ir para as usinas somente para trabalhar.

Espaços comuns
Em Jaguara, ninguém podia escolher casa e não havia distinção de classe. Morar em uma casa de três ou quatro quartos só dependia do tamanho da família. Do operário ao diretor, todos podiam usufruir dos espaços comuns.

"Ficava tudo cheio de barco, as mulheres tomando sol e as pessoas nadando no rio. Tinha muita criança de bicicleta pelas ruas. Quem vê isso aqui hoje não imagina como era", afirma Braz. Atualmente, apenas ele e as 51 crianças que estudam na escola rural, que fica na vila, impedem que Jaguara se transforme numa cidade fantasma.

A Vila Residencial Jaguara vai a leilão pela segunda vez. A primeira foi no ano passado, mas não apareceram compradores. Segundo Braz, faltou divulgação para mostrar os benefícios que o empreendimento pode trazer ao turismo. Em outras vilas desativadas pela empresa, os imóveis foram vendidos separadamente. A usina Jaguara está no quarto lugar do ranking da Cemig de produção energética, com 424 mil kw.

Enviado por Caio Tibúrcio
Publicado em: 24/09/2006 no Jornal de Brasília

01 outubro 2006

Cartel e Xadrez


Xadrez e Fraude - 02/10/2006 - Dois pesquisadores da Universidade de Washington, Charles Moul e John Nye, estudaram a possível existência de cartel entre os jogadores da antiga União Soviética no período da guerra fria. - Clique aqui para ler

Rir é o melhor remédio - 06


A luz no fim do tunel da Tese. Você pode ver?