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21 julho 2025

Correios: suspensão dos pagamentos


A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) suspendeu o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações financeiras, incluindo dívidas com fornecedores, tributos e repasses a planos de saúde, para preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa. A estatal enfrenta uma grave crise financeira, com 11 trimestres consecutivos de prejuízo, e registrou no 1º trimestre de 2025 um déficit recorde de R$ 1,7 bilhão, o pior desde 2017. Entre os valores adiados estão R$ 741 milhões do INSS patronal, R$ 652 milhões para fornecedores e R$ 363 milhões ao plano Postal Saúde. A empresa também responde a cobranças judiciais de prestadores de serviços de transporte, que exigem R$ 104 milhões. Os Correios aguardam um empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento, destinado a projetos de descarbonização e reestruturação logística, sem uso para cobrir déficits. A crise resulta de mudanças regulatórias, queda no volume de postagens e forte concorrência, agravada por uma estrutura de custos fixos de 88% das despesas. A estatal, porém, garante continuidade operacional.

Fonte: aqui 

 

20 julho 2025

Os padrões internacionais não deveriam ser "free" / "open" ?

 

No passado, o FASB demonstrava maior rigor em relação aos direitos autorais, enquanto o IASB adotava uma postura relativamente mais flexível. À luz disso, o termo de uso presente na proposta do CPC 51 parece não constituir uma escolha apropriada. Surge, então, a questão: até que ponto se estendem os direitos autorais da Fundação IFRS? Embora haja um link com os termos de uso, é pouco provável que este seja efetivamente consultado pela maioria dos usuários.

Uma análise pertinente sobre a distinção entre os conceitos de free e open no contexto de software pode ser encontrada [aqui].

Talvez, em algum momento, seja oportuno examinar com maior atenção esses termos de uso.

Criatividade para enfrentar as tarifas de Trump


um exemplo curioso de como empreendedores contornaram tarifas e cotas dos EUA sobre o açúcar. O (...) chá gelado enfrentava tarifas baixas quando importado do Canadá para os EUA. Assim, as empresas criaram um “chá” gelado com alto teor de açúcar que era então importado para os EUA e filtrado para extrair o açúcar!

A Bloomberg relata uma manobra moderna semelhante. A Delta precisa de novos aviões, mas agora enfrenta tarifas altas sobre aeronaves europeias importadas [leia-se Airbus]. Como resultado, a Delta tem retirado os motores dos aviões europeus, importando-os com tarifas reduzidas, e instalando-os em aeronaves mais antigas. 

Fonte: aqui . Imagem aqui

Mudança no PCAOB

Erica Williams, presidente da Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), anunciou que deixará o cargo em 22 de julho, após ter sido pressionada a renunciar pelo novo presidente da SEC, Paul Atkins. Nomeada em janeiro de 2022 e reconduzida em 2024, Williams liderou com mão firme, implementando reformas agressivas em auditoria e impondo penalidades recorde — cerca de US$ 84 milhões em multas — mais que o triplo do total anterior da PCAOB.


Sua saída ocorre em meio a tentativas políticas de dissolver a PCAOB e transferir suas funções para a SEC, mas os esforços foram barrados pelo Senado. Williams defendeu sua estratégia como crucial para dissuadir infrações futuras e alertou para os riscos de reduzir os padrões de auditoria, destacando que investigações podem se estender por anos, independentemente da mudança de governantes. Sob sua liderança, a PCAOB também intensificou a fiscalização de firmas chinesas, modernizou padrões e aprimorou a transparência das inspeções.

O fato dela ter participado do governo Obama certamente não ajudou.  

Sage promete eliminar o processo de fehcamento contábil no futuro próximo


A gigante dos softwares contábeis Sage está agora mirando não apenas a redução do tempo gasto pelos contadores no fechamento contábil, mas a eliminação de todo o processo – uma ambição que ganhou força com a evolução da inteligência artificial (IA), especialmente da IA generativa e da IA agente. (Tom Herbert)

Durante sua conferência Sage Future 2025, a empresa apresentou robustos agentes de IA capazes de automatizar tarefas complexas em fluxos contábeis, desde fechamento até previsão de fluxo de caixa e detecção de riscos. 

Essa abordagem evoluiu em três fases: inicialmente, tarefas pontuais como classificação de transações; depois, IA generativa via Sage Copilot para relatórios e interações via linguagem natural; e agora, IA agentic para execução autônoma de workflows. A promessa é transformar processos que levavam dias em operações instantâneas, ou até eliminar etapas inteiras. Para ganhar confiança dos usuários, a Sage implementou trilhas de auditoria (audit trails) e um “AI Trust Label” para explicar decisões da IA. A previsão é que esses recursos estejam disponíveis entre 12 e 36 meses, com preços baseados no valor agregado a cada empresa. 

Bom, essa é a promessa. Mas há um bocado de julgamento que precisa ser feito. Será que as empresas deixarão tudo exclusivamente por conta da IA? Tive a impressão que isso parece com a estratégia de prometer algo grandioso, as empresas não farão nenhum investimento em software de concorrente, esperando a promessa da Sage, que não virá.  

 

Perfil dos conselheiros das empresas


Uma pesquisa, feita com 133 conselheiros entre março e abril de 2025, revela que os boards no Brasil são majoritariamente compostos por homens (77,4 %) e profissionais entre 51 e 60 anos (51,5 %), com formação predominante em finanças e economia (36,1 %), seguidos por negócios e marketing (17,3 %).

Geograficamente, os conselheiros atuam principalmente nas regiões Sudeste (65,4 %) e Sul (53,4 %), com menor presença no Nordeste (13,5 %) e Centro-Oeste (10,5 %). Esta distribuição segue, aproximadamente, o perfil das grandes empresas brasileiras. 

A remuneração varia conforme porte, setor e localização da empresa. Embora detalhes exatos não tenham sido divulgados no artigo, é mencionado que existe um honorário fixo anual, complementado por componentes variáveis. 

Leia mais aqui 

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 Desafio da reforma tributária

Aversão a algoritmos


Existe e um artigo mostra uma estratégia para reduzir, através do conceito de perda.  O resumo 

Conforme as ferramentas de inteligência artificial (IA) se tornam onipresentes nas aplicações empresariais, também aumentam as interações entre IA e humanos nos processos de negócios e na tomada de decisão. Uma área crescente de pesquisa tem se concentrado na delegação de tarefas e decisões humanas para assistentes de IA. Paralelamente, estudos extensivos sobre a aversão a algoritmos — a resistência humana a ferramentas de decisão baseadas em algoritmos — têm demonstrado potenciais barreiras e problemas para o uso da IA nos negócios. Neste artigo, testamos uma estratégia simples para mitigar a aversão a algoritmos no contexto da delegação de tarefas para IA. Mostramos que apenas mudar a forma de enquadrar (framing) as tarefas de decisão pode reduzir essa aversão. Em vários estudos, observamos que os participantes preferiam fortemente assistência humana à IA quando eram recompensados pelo desempenho (ganhando dinheiro por bom desempenho), mesmo quando a IA se mostrava superior. Por outro lado, quando reformulamos a tarefa em termos de perdas (dinheiro era retirado do saldo por mau desempenho), o viés de preferência por humanos desapareceu. Nessa condição, os participantes delegaram a tarefa a humanos e IA em taxas semelhantes. Demonstramos esse resultado em tarefas com diferentes níveis de complexidade e valores de incentivo e fornecemos evidências de que o enquadramento por perdas aumenta a consciência situacional, explicando os efeitos observados. Nossos resultados oferecem insights úteis para reduzir a aversão a algoritmos, ampliando a literatura e trazendo sugestões práticas para gestores.


Dois executivos e um câmero indiscreta

Eis a notícia: 


O CEO aparentemente tendo um caso com a chefe de RH de sua empresa em um show do Coldplay é um vídeo viral para ficar na história, mas também é, infelizmente, um símbolo do atual cenário de vigilância privada [1] e do inferno [2] das redes sociais.

O vídeo (...) mostra Andy Byron, CEO da empresa Astronomer, abraçado com Kristen Cabot, chefe de RH da Astronomer. O telão corta de um fã para o que parecia ser um casal feliz. Ambos “morrem por dentro” simultaneamente; “Olhem só para este casal feliz”, diz Chris Martin, vocalista do Coldplay. A mulher cobre o rosto e se vira, enquanto o homem se abaixa para sair do foco da câmera. “Ou eles estão tendo um caso ou são muito tímidos”, brinca Martin. (...)

É difícil descrever o quão viral isso está, em um mundo onde tantas coisas horríveis acontecem, nada prende a atenção por muito tempo [3] e todos vivem em suas bolhas. “Andy Byron” [4] é, no momento, o termo mais buscado no Google nos Estados Unidos, com mais que o dobro de pesquisas em relação ao segundo colocado. 

Não sei se concordo com a análise, mas se a contabilidade pessoal tivesse teste de impairment, a de Byron teria que ser feita de imediato, com o reconhecimento de um bocado de receita futura. O promissor executivo provavelmente não terá mais condições de ser aceito em outro emprego - já pediu demissão. Mas terá também despesas futuras, talvez o advogado e do divórcio. 

A imagem aqui

[1] não sei se a questão da vigilância privada é da nossa época. Sempre existiu. Quem assistiu Notting Hill, o filme, deve lembrar que a personagem Anna Scott (com Julia Roberts) é pega pela imprensa na casa de William Thacker (Hugh Grant) e reage, dizendo para William que as fotos sempre estarão disponíveis e aquilo será lembrado. Uma pesquisa nos escritos encontrados em Pompeia revela "fofocas" como essa, com uma outra "tecnologia". 

[2] Não acredito que o caso seja suficiente para condenar as redes - na verdade mídias - sociais. 

[3] é a economia da atenção. 

[4] Veja que o foco esteve na figura hierárquica superior. Mas seria somente isso? 

Baixo custo

Quando o custo é uma característica tão importante que aparece até no nome: 


Uma versão americana dos drones de ataque unidirecional Shahed, de design iraniano e usados pela Rússia em ataques diários contra cidades ucranianas, apareceu no Pentágono esta semana.

Fotos mostram o drone, identificado em materiais promocionais como um Sistema de Ataque de Combate Não Tripulado de Baixo Custo, ou LUCAS (Low-Cost Uncrewed Combat Attack System), fabricado pela empresa americana de engenharia SpektreWorks, em exibição no pátio ao lado de vários outros protótipos de drones.

O surgimento dessa arma ocorre enquanto o Exército dos EUA busca aumentar drasticamente a produção de drones baratos usando componentes disponíveis no mercado, para acompanhar a rápida evolução da guerra, que está se tornando cada vez mais robótica e autônoma.

Bitcoin é caixa?


Em "To Bitcoin or Not To Bitcoin? A Corporate Cash Question!", Damodaran analisa a onda de empresas que consideram aplicar parte do caixa em Bitcoin. Esse ativo (1) não deve ser confundido com o caixa em razão da volatilidade e não cumprir as funções que o caixa faz. 

Relembrando a teoria, há três funções clássicas do caixa: transação, precaução e especulação. Apesar de existirem alguns setores específicos onde é possível comprar e vender bens e serviços, as criptomoedas ainda não são usadas para isso de maneira corrente. Já li alguns autores defendendo que as cripto poderiam ser usadas como precaução, em substituição ao ouro e a própria moeda corrente, diante das crises futuras que ameaçam o sistema. Mas acredito que falta ainda experiências maiores para imaginar que isso seja real. Sobrou a especulação, e o Bitcoin pode ter essa função. 

Mas será que os investidores acreditam também nisso? Ou não seria melhor a empresa distribuir dividendos e deixar essa decisão para os investidores? 

Respondendo a pergunta do título da postagem: Bitcoin não pode ser considerado como caixa. Pelo menos por enquanto.  

Como a IA pode afetar a pesquisa contábil

Eis o resumo:

Desenvolvimentos recentes em inteligência artificial levantam questões fundamentais sobre o futuro da pesquisa acadêmica em contabilidade. Utilizando insights da teoria institucional, estruturas institucionais existentes e entrevistas com editores seniores e coordenadores de programas de doutorado, examinamos como os avanços da IA podem transformar a pesquisa contábil e suas instituições de apoio. Nossa análise destaca quatro conclusões principais. Primeiro, identificamos duas dimensões em que os humanos podem manter vantagens sobre a IA: habilidades de raciocínio de ordem superior e controle sobre o acesso a dados. A IA pode remodelar métodos e tópicos de pesquisa com base nessas vantagens, tornando particularmente vulneráveis à concorrência os estudos quantitativos em que nenhuma das dimensões oferece forte proteção contra a IA. Segundo, a IA pode desafiar os processos tradicionais de publicação, uma vez que longos prazos de revisão correm o risco de tornar a pesquisa obsoleta em um campo em rápida evolução. Terceiro, a IA pode transformar a formação doutoral ao enfatizar a seleção e o treinamento de estudantes com base nas duas dimensões em que os humanos mantêm vantagens sobre a IA. Quarto e último, essas mudanças podem ser moldadas por forças institucionais mais amplas, como grandes editoras cujas plataformas e políticas padronizadas podem não atender plenamente às necessidades da pesquisa contábil. Embora nossa análise presuma um progresso gradual da IA, permitindo tempo para adaptação, também consideramos cenários de avanços mais rápidos que poderiam gerar uma disrupção mais dramática. Nossas conclusões sugerem que as instituições de pesquisa contábil parecem notavelmente despreparadas para essas mudanças. 

Keloharju, Matti and Keloharju, Roope, Accounting Research in the Age of AI (July 04, 2025). IFN Working Paper No. 1528, Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=5345050 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.5345050
Imagem: aqui 

18 julho 2025

Foi provisionado ou não - 2

Sobre essa notícia, eis um desdobramento:


Mark Zuckerberg e os atuais e ex-diretores e executivos da Meta chegaram a um acordo nesta quinta-feira para encerrar o litígio que pede US$ 8 bilhões por danos que eles supostamente causaram à empresa ao permitir repetidas violações da privacidade dos usuários do Facebook, disse um advogado dos acionistas a um juiz de Delaware na quinta-feira.

As partes não revelaram detalhes do acordo e os advogados de defesa não se dirigiram à juíza, Kathaleen McCormick, do Tribunal de Chancelaria de Delaware. McCormick suspendeu o julgamento no momento em que ele entrava em seu segundo dia e parabenizou as partes.

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Um novo logo
 

17 julho 2025

Sofisticação da malandragem: pesquisadores estão inserindo mensagens secretas nos artigos


Pesquisadores têm inserido mensagens secretas em seus artigos na tentativa de enganar ferramentas de inteligência artificial (IA) para obter relatórios positivos de revisão por pares. A Nature identificou de forma independente 18 estudos de pré-publicação em ciência da computação contendo essas mensagens ocultas — em que o texto é especificamente elaborado para manipular modelos de linguagem de grande escala (LLMs). Muitos editores proíbem o uso de IA na revisão por pares, mas há evidências de que alguns pesquisadores utilizam LLMs para avaliar manuscritos ou ajudar na redação de relatórios de revisão. Isso cria uma vulnerabilidade que outros agora parecem estar tentando explorar, afirma o metacientista forense James Heathers.

Fonte: aqui 

Imposto sobre perda: uma novidade

Uma mudança tributária proposta pelo governo Trump traz um elemento realmente inusitado na forma de pagamento ao fisco — e pode ser perigosa, caso outros governos adotem a mesma lógica. O foco recai sobre os jogadores profissionais.

Pelas novas regras, os jogadores pagarão mais impostos quando tiverem ganhos, mas haverá uma limitação no valor a ser abatido em caso de perdas. E é justamente nesse ponto que está o aspecto mais estranho.

Suponha que um apostador ganhe um milhão em jogos e perca também um milhão, ficando empatado. A regra só permite compensar até 90% do prejuízo. Em outras palavras, mesmo sem obter ganho líquido, apenas 900 mil poderão ser deduzidos, restando 100 mil sujeitos à tributação.


Se mudarmos um pouco os números, a situação fica ainda pior. Imagine que o jogador ganhe um milhão e perca um milhão e cem mil. Foi um período ruim, com prejuízo líquido de 100 mil. Ainda assim, apenas 90% de um milhão e cem mil poderão ser abatidos — ou seja, 990 mil. No fim, além de perder 100 mil, o jogador ainda deverá pagar imposto sobre 10 mil.

Ou seja, o grande vencedor é a “casa”, neste caso o imposto de renda. A regra entrará em vigor a partir de 2026. Quase imediatamente, surgiu reação no legislativo, com a apresentação do projeto Fair Accounting for Income Realized From Betting Earnings Taxation Act (FAIR BET Act), que busca tornar a contabilidade mais justa, permitindo a dedução integral das perdas. O projeto foi apresentado por um congressista de Nevada, onde o jogo é uma atividade econômica relevante.

(Baseado no texto de Ian Frisch, da newsletter do NYTimes)

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Alguns outdors engraçados:




16 julho 2025

Um erro de marketing, com impacto no custo: um caso curioso


Encontrei no Quora

Em 1984, as Olimpíadas voltaram aos Estados Unidos, e o McDonald's investiu pesado em seu patrocínio aos jogos. Para demonstrar confiança na equipe olímpica americana, a rede lançou a promoção "If the U.S. wins, you win!" (“Se os EUA ganharem, você ganha!”). Os clientes recebiam cartões com um evento olímpico impresso; se os americanos ganhassem medalha de ouro, prata ou bronze naquela modalidade, o cliente ganhava um Big Mac, batatas fritas ou Coca-Cola, respectivamente.

Nenhuma empresa lança uma promoção de “ganhe um ___ grátis” sem estimar bem os custos. O McDonald's provavelmente baseou seus cálculos no desempenho dos EUA nos últimos jogos em que participaram, em 1976, quando conquistaram 94 medalhas (34 de ouro). Na época, a União Soviética e a Alemanha Oriental dominaram com 125 e 90 medalhas, respectivamente.

O que o McDonald's não considerou foi que, em 1984, os jogos ocorreriam nos EUA, e a URSS e seus aliados boicotariam as Olimpíadas (em retaliação ao boicote americano em 1980). Sem a competição do bloco oriental, os EUA explodiram no quadro de medalhas, conquistando 174 medalhas no total, sendo 83 de ouro.

Resultado: o McDonald's teve que distribuir muito mais comida do que previa, incluindo mais que o dobro de Big Macs do planejado. Circularam rumores de que algumas lojas ficaram sem Big Macs e até histórias bizarras, como a de que o então CEO do McDonald's teria cuspido pessoalmente em cada 50º sanduíche — supostamente para afastar clientes (embora ninguém saiba se isso realmente aconteceu).
 

Temperatura e o comportamento da pessoas


Quem não se lembra de Tristes Trópicos? Parece que sempre escutamos que a elevada temperatura dos países tropicais influenciam no comportamento das pessoas. Uma nova pesquisa mostra o seguinte:

Evidências acumuladas indicam que a temperatura ambiental afeta substancialmente os resultados econômicos e a violência, mas as razões para essa ligação são apenas parcialmente compreendidas. Nós estudamos se a temperatura influencia diretamente o comportamento, avaliando o efeito do estresse térmico em múltiplas dimensões da tomada de decisão econômica, do julgamento e do comportamento destrutivo com 2.000 participantes no Quênia e nos Estados Unidos, que foram aleatoriamente designados para diferentes temperaturas em um laboratório. O principal achado é que a maioria das dimensões importantes da tomada de decisão econômica não é afetada pela temperatura. Também constatamos que o calor aumenta significativamente a disposição de destruir voluntariamente os ativos de outros participantes na amostra do Quênia. 

Destructive Behaviour, Judgement, and Economic Decision-making under Thermal Stress - Ingvild Almås et al. Economic Journal, forthcoming (Via aqui)

Há outro interesse aqui: com o aquecimento global, o tema passa a ter um relevância adicional, 

Efeito nas receitas públicas da política de Trump


Veja que interessante:

Os parceiros comerciais dos Estados Unidos, em grande parte, não retaliaram contra as amplas tarifas impostas por Donald Trump, permitindo que um presidente zombado por “sempre recuar” arrecadasse quase US$ 50 bilhões em receitas extras de alfândega a um custo relativamente baixo.

Quatro meses após Trump dar o tiro de abertura em sua guerra comercial, apenas China e Canadá ousaram revidar contra Washington, que impôs uma tarifa global mínima de 10%, taxas de 50% sobre aço e alumínio e 25% sobre automóveis.

Ao mesmo tempo, as receitas dos EUA provenientes de tarifas alfandegárias atingiram um recorde de US$ 64 bilhões no segundo trimestre — US$ 47 bilhões a mais do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Tesouro dos EUA na sexta-feira.

As tarifas retaliatórias da China sobre importações americanas, as mais consistentes e significativas entre todos os países, não tiveram o mesmo efeito, com a receita geral proveniente de tarifas alfandegárias apenas 1,9% maior em maio de 2025 do que no ano anterior.
 

Não tinha lido isso na imprensa brasileira. O fato de não ter existido retaliação seria por receio de começar uma guerra econômica ou por acharem que Trump irá recuar?  Imagem aqui

Foi provisionado ou não?

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, deve depor em um julgamento de US$ 8 bilhões movido por acionistas que o acusam, junto com outros executivos, de operar o Facebook de forma ilegal ao violar um acordo de 2012 com a FTC para proteger dados de usuários. O caso está relacionado ao escândalo da Cambridge Analytica, que, em 2018, acessou indevidamente dados de milhões de pessoas para fins políticos. Os acionistas exigem que Zuckerberg e os réus reembolsem a Meta pelos custos e multas, incluindo um pagamento recorde de US$ 5 bilhões à FTC em 2019.


Entre os acusados estão Sheryl Sandberg, Marc Andreessen, Peter Thiel e Reed Hastings. O julgamento, em Delaware, será sem júri e deve durar oito dias. Os investidores alegam que Zuckerberg e outros executivos falharam no dever de supervisão e mantiveram práticas enganosas de privacidade. A defesa nega as acusações e argumenta que o Facebook criou equipes de compliance e foi enganado pela Cambridge Analytica.

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Fonte: aqui
 

15 julho 2025

CPC 51 finalmente disponível (IFRS 18)

Depois de levar quase um ano para "traduzir" uma norma, a CVM colocou em audiência pública o documento. E concedeu dois meses e meio para discussão e manifestação da norma. 

O documento pode ser obtido aqui 

Lacuna Tributária Britânica

Relatórios recentes revelam que empresas estrangeiras operando no Reino Unido deixaram de pagar cerca de £19 bilhões em impostos, um valor que pode indicar que a lacuna tributária britânica (tax gap) está significativamente subestimada. Os dados, obtidos pela consultoria UHY Hacker Young e baseados em números da HMRC, apontam que empresas norte-americanas são responsáveis por £8,8 bilhões desse montante, o que representa aproximadamente 46% do total.

O blog Tax Research UK argumenta que o valor oficial da lacuna tributária divulgado pela HMRC não leva em conta toda a evasão de grandes corporações internacionais, sugerindo que o déficit real pode ser muito maior.


Já o Accountancy Daily destaca que a maior parte do valor corresponde a impostos corporativos subdeclarados por multinacionais, sobretudo do setor de tecnologia e serviços. 

Mentiras e os documentos históricos

Sobre o uso de documentos históricos para tentar entender o passado:  


Historiadores têm problemas de confiança — e deveriam ter. Quando estudiosos avaliam textos, obras de arte, objetos materiais e histórias orais do passado, eles estão mergulhando em fontes profundamente pessoais e inerentemente humanas. E os humanos mentem o tempo todo. Como profissionais, entendemos que nenhuma fonte isolada é uma voz de autoridade. O processo de pesquisa exige contextualização, sobreposição de informações e uma compreensão sutil das dinâmicas interpessoais. Na minha sala de aula, isso é um problema.

Meus alunos frequentemente têm dificuldade em ver os personagens históricos como pessoas reais. Eles não têm dificuldade em entender que Abraham Lincoln foi uma pessoa real — que nasceu em 1809 e viveu uma vida concreta até sua morte prematura. O problema deles está em pensar em Lincoln como um adolescente preocupado em entrar para o time de luta livre. (...)

Assim como hoje, as pessoas no passado distorciam a verdade em documentos pessoais porque sabiam que esses documentos poderiam ser usados mais tarde para sustentar reivindicações em tribunais ou para verificar a posse de propriedades para fins de tributação. Mesmo em nossos diários e cartas mais pessoais, os humanos descontextualizam e exageram para salvar as aparências. O trabalho de um historiador é ver as pessoas como elas são — humanas

Isso é muito interessante. Há alguns exemplos no texto que mostra isso, levando o pesquisador a questionar as fontes. 

Parecido com achar que as demonstrações contábeis contam a vida de uma empresa. Humanos mentem e contadores são humanos.  

BRB e Master


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu, no fim de junho, uma investigação contra a administração do Banco de Brasília (BRB) para apurar possíveis irregularidades relacionadas às demonstrações financeiras de 2024 e convocação de Assembleia Geral Ordinária (AGO) fora do prazo legal [1]. No total, são 14 acusados — entre eles, Paulo Henrique Costa, CEO do banco, Dario Garcia Junior, diretor financeiro, e Marcelo Talarico, presidente do comitê de auditoria. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo E-Investidor.

O processo foi aberto em 23 de junho e, três dias depois, encaminhado à Gerência de Controle de Processos Sancionadores (GCP) da CVM. Isso indica que, após uma investigação preliminar, a autarquia já começou a formular acusações e avaliar a aplicação de penalidades. Agora, os envolvidos estão sendo citados. Procurado, o BRB informou que ainda não teve acesso ao processo e vai se manifestar no “momento oportuno”.

As demonstrações financeiras do BRB já haviam sido questionadas por acionistas minoritários anteriormente. Em maio, durante a assembleia para aprovação das contas referentes a 2024, investidores apontaram falta de transparência sobre o impacto da compra do Banco Master, anunciada em março, nos números do banco. Também afirmaram que as DFs estavam fora do padrão internacional de contabilidade, conhecido como IFRS [2], e que não continham informações detalhadas sobre subsidiárias.

[1] Parece que levou tanto tempo para isso acontecer. Deixaram "esfriar" a notícia?

[2] Se for só isso, todas empresas brasileiras deveriam ser condenadas 

Fonte: aqui 

Agregação de valor com IA


Sobre a agregação de valor com IA: 

Quando líderes respondem ao pânico imediato, novos riscos de negócios e medidas de mitigação frequentemente surgem. Dois exemplos recentes destacam as consequências de se apressar em implementar e publicar resultados positivos sobre a adoção de IA. O Wall Street Journal relatou, em abril de 2025, empresas enfrentando dificuldades para obter retornos com IA. Semanas depois, noticiou a retratação, pelo MIT, de um artigo técnico sobre IA cujos resultados que justificaram sua publicação não puderam ser comprovados.

Embora esses relatos demonstrem os riscos de dependência excessiva da IA sem salvaguardas de bom senso, nem tudo está fora dos trilhos no cenário corporativo de adoção de IA. Resultados incríveis têm sido alcançados com o uso criterioso da IA e de tecnologias correlatas na automação de processos em diversos setores. Agora que superamos a fase do “medo de ficar para trás” e podemos nos concentrar nos negócios, onde estão os melhores lugares para buscar valor ao aplicar IA na automação de sua empresa?

Embora chatbots sejam quase tão onipresentes quanto novos aplicativos baixados para celulares, as aplicações de IA que de fato geram ganhos em automação e produtividade estão alinhadas ao propósito específico e à arquitetura do sistema de IA em que são construídas. Os padrões dominantes onde os ganhos com IA são obtidos atualmente se resumem a duas áreas: linguagem (tradução e identificação de padrões) e dados (criação de novos formatos e busca em bases de dados).

O texto prossegue com mais detalhes. Clique no link para continuar a leitura. 

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Conselhos para um Pequeno Empresário: Como maximizar o que você paga de imposto 

  1. Encontre o contador mais barato que conseguir. Ponto extra se for amigo do primo do seu cunhado, que acabou de formar 
  2. Entregue seus livros contábeis em cima da hora — de preferência, numa sacola de supermercado. 
  3. Não envolva seu contador em decisões importantes — deixe que ele “resolva depois”. 
  4. Tire quanto quiser da conta bancária da sua empresa - afinal, o dinheiro é seu, né? 
  5. Pague seus impostos com atraso e entregue as declarações depois do prazo - a Receita Federal adora um juro extra. 
  6. Sempre escute o seu amigo Davi do bar. A situação dele parece exatamente com a sua. 
  7. Ignore todos os avisos da Receita — se for urgente, eles entram em contato.
  8. Trate seu contador como um preenchedor de formulários, não como um consultor — pra quê desperdiçar o cérebro dele? 
  9. Mantenha registros ruins — ou melhor, não registre nada. 
  10. E por fim, sempre reclame do valor cobrado pelo seu contador. Afinal, economizar algumas centenas de reais ali é bem mais importante do que os milhares que você poderia economizar em impostos. 

Adaptado: daqui 

14 julho 2025

IESBA e IAASB nas normas de sustentabilidade


A IESBA (International Ethics Standards Board for Accountants) e a IAASB (International Auditing and Assurance Standards Board) formaram recentemente dois grupos técnicos de especialistas para apoiar a implementação global de normas de sustentabilidade. O IIMAG (IESSA Implementation Monitoring Advisory Group), da IESBA, dará suporte à adoção dos International Ethics Standards for Sustainability Assurance e revisões ao código de ética para relatórios sustentáveis. Já o TICG (ISSA 5000 Technical Implementation Contact Group), da IAASB, auxiliará na aplicação do International Standard on Sustainability Assurance (ISSA 5000). 

Com profissionais diversos e experientes, os grupos fornecerão feedback periódico e desenvolverão recursos práticos, garantindo que os padrões sejam relevantes, consistentes e eficazes na promoção de confiança e qualidade em auditorias de sustentabilidade no mundo. 

Por enquanto as normas serão convergentes com as emitidas pelo ISSB. Esta entidade, vinculada a Fundação IFRS, busca a questão do relato, o que difere da busca de asseguração (IAASB) e ética e independência (IESBA). 

Ancelotti condenado por fraude fiscal

Um tribunal de Madrid condenou o técnico de futebol Carlo Ancelotti a um ano de prisão por não pagar impostos sobre direitos de imagem.

Ancelotti recebeu uma pena de 12 meses por fraude fiscal, com o tribunal concluindo que ele cometeu “um delito contra a Fazenda Pública”.

No entanto, ele não cumprirá pena de prisão, já que na Espanha sentenças inferiores a dois anos geralmente são suspensas.

O treinador também foi multado em €386.361,93 (£327 mil) por fraude fiscal relacionada a rendimentos de 2014 — um valor bem abaixo dos €3,2 milhões (£2,7 milhões) originalmente exigidos pela Agência Tributária Espanhola.

A sentença foi proferida após julgamento em abril, no qual Ancelotti respondia por evasão fiscal referente a €1 milhão (£834.275) não pagos sobre direitos de imagem durante sua primeira passagem pelo Real Madrid, entre 2013 e 2015.

Na audiência, Ancelotti afirmou que o clube estruturou seu salário com 15% pagos como direitos de imagem e que confiou essa parte ao seu assessor britânico, sem questionar mais.

Os promotores, no entanto, alegaram que sua estrutura financeira era “complexa” e “confusa”, utilizando empresas de fachada no Reino Unido e nas Ilhas Virgens Britânicas para ocultar os ganhos.

A Agência Tributária saiu frustrada, pois buscava uma pena mínima de quatro anos e nove meses. Ainda assim, como em outros casos de evasão fiscal envolvendo técnicos e jogadores na Espanha, Ancelotti não cumprirá pena em regime fechado.

Fonte: aqui. O caso dele não foi o primeiro nem o último. 

Regras são fáceis de serem emitidas e difíceis de serem revogadas: um exemplo

 

Richard Reid (foto) é britânico de nascimento e também conhecido como o homem do sapato bomba. No caso, ele tentou explodir uma bomba em um voo em 2001. Convertido ao Islã e membro da al-Qaeda, Reid embarcou em um voo que ia de Paris para Miami, mas foi preso e condenado por terrorismo, com uma sentença de 110 anos, sem perdão. 

Como uma medida de segurança, muitas pessoas que viajam são obrigadas a retirar seus sapatos nos aeroportos, por conta da tentativa de ataque de Reid. Mas somente agora alguns países estão retirando as exigências de passar por regra que foi imposta após os atentados de 2001. 

Uma medida teatral, que durou quase 25 anos. Há tanta regra que afeta a contabilidade que poderia ser revogada. 

Movendo de uma Big Four para uma não Big Four

Um estudo entrevistou 38 profissionais sobre a mudança de emprego, de uma Big Four para uma não Big Four. Apesar do número reduzido de entrevista, o tema despertou interesse e foi aprovado em um dos melhores periódicos de contabilidade, o CAR

No estudo, os pesquisadores usaram a sociologia de Bourdieu e mostraram que apesar que muitos enxergarem a nas Big 4 como ideal, alguns aspectos levam os profissionais a repensarem suas aspirações. Após a mudança, esses profissionais ajustam seu habitus e capital para se adaptar ao novo contexto. O estudo questiona a superioridade presumida dos profissionais das Big 4 e a complexidade da mobilidade dentro do campo contábil.

 

Criptos na Europa


A ESMA publicou, em 11 de julho de 2025, diretrizes que estabelecem critérios mínimos de conhecimento e competência para colaboradores de prestadores de serviços de criptoativos (CASPs), seja ao fornecer informação ou aconselhamento. As regras aplicam-se a todos os colaboradores, não apenas aos que prestam aconselhamento, e contemplam formação profissional, experiência prática e desenvolvimento profissional contínuo (CPD), incluindo adequação às características específicas dos criptoativos, como alta volatilidade e riscos cibernéticos. O objetivo principal é reforçar a proteção dos investidores e promover confiança e consistência no mercado de criptoativos na UE. 

O documento de 42 páginas, em língua inglesa, pode ser encontrado aqui 

KPMG, PCAOB, BBVA

Parece digno de uma novela coreana. A Europa criou uma regra de rodízio das empresas de auditoria. Essa regra exige que a cada dez anos, na maioria dos países, exista um mudança na empresa que faz a auditoria: 

Desde 1990 o banco espanhol BBVA era auditado pela empresa Deloitte. Em 2017, o banco mudou a empresa de auditoria para a KPMG, seguindo as regras estabelecidas. Nesse ano, a empresa de auditoria estava enfrentando o escândalo do PCAOB

Para quem já esqueceu, o escândalo foi o seguinte: o PCAOB é entidade criada pela Sarbox com objetivo de fiscalizar a qualidade dos trabalhos das empresas de auditoria. Como a KPMG estava sofrendo com a fiscalização da entidade, adotou uma medida questionável de contratar funcionários do PCAOB para compor seus quadros de funcionários. O grande problema é que os funcionários levaram segredos do regulador para a fiscalizada; sendo mais claro, os ex-empregados do PCAOB trouxeram documentos que ajudavam a KPMG a melhorar seu desempenho na fiscalização.

Em um desdobramento interessante, descobriu-se que um dos ex-funcionários do PCAOB, Brian Sweet, usou seus contatos no PCAOB para favorecer a KPMG na disputa da auditoria do BBVA e isso parece ter dado uma vantagem na disputa do contrato de auditoria. 

Não se sabe qual o nome do funcionário da KPMG Espanha que esteve envolvido. E também se sabe que Brian Sweet, o ex-PCAOB e ex-KPMG, também usou dados sobre as auditorias do Santander. 

Rir é o melhor remédio

 

O cartoon é português, mas você pode substituir TAP - a empresa aérea de Portugal - por Correios, Telebras, ...

IA: Bicicleta para a Mente?


O resumo:

Steve Jobs descreveu os computadores como “bicicletas para a mente”, uma ferramenta que permite às pessoas amplificar significativamente suas capacidades. Este artigo apresenta um modelo formal de ferramentas e tecnologias cognitivas que ampliam as capacidades mentais. Consideramos agentes envolvidos na melhoria iterativa de tarefas, onde as ferramentas cognitivas são assumidas como substitutas das habilidades de implementação e podem ou não ser complementares ao julgamento, dependendo do tipo. A capacidade de reconhecer oportunidades para iniciar ou melhorar um processo — que chamamos de julgamento de oportunidade — mostra-se sempre complementar às ferramentas cognitivas. Já a capacidade de saber qual ação tomar em um determinado estado — que chamamos de julgamento de retorno — não é necessariamente complementar às ferramentas cognitivas. Com base nesses conceitos, podemos sintetizar a literatura empírica sobre o impacto dos computadores e da inteligência artificial (IA) na produtividade e na desigualdade. Especificamente, embora tanto os computadores quanto a IA pareçam aumentar a produtividade, os computadores também contribuíram para o aumento da desigualdade. Estudos empíricos sobre o impacto da IA na desigualdade mostram tanto aumentos quanto reduções, dependendo do contexto. Também aplicamos o modelo para entender como ferramentas cognitivas podem influenciar os incentivos para automatizar processos e para alocar autoridade de tomada de decisão dentro de equipes.

E na conclusão:

Esses insights ajudam a reconciliar descobertas empíricas aparentemente contraditórias: os computadores aumentaram tanto a produtividade quanto a desigualdade ao amplificar o valor de habilidades cognitivas não rotineiras, enquanto a inteligência artificial (IA) frequentemente reduz a desigualdade dentro das empresas que a adotam, ao ajudar desproporcionalmente os trabalhadores com habilidades de implementação mais fracas. Nosso modelo prevê que esse efeito equalizador pode se reverter à medida que as ferramentas de IA se tornam mais sofisticadas, passando a favorecer trabalhadores com capacidades superiores de julgamento e criando um padrão em forma de U na desigualdade salarial.

Tenho a impressão que isso já está ocorrendo

13 julho 2025

Impostos e Prêmios esportivos


Recentemente muitas pessoas no Brasil perceberam que os vencedores/participantes de competições esportivas pagam impostos. O campeonato de clubes, que encerrou agora nos Estados Unidos, teve clube ganhando uma boa quantia de prêmio, mas um parte substancial seria destinada ao fisco. 

Mas o futebol não é a única modalidade que é tributada. Veja a notícia:  

O italiano Jannik Sinner [foto] garantiu na sexta-feira (11) sua vaga na final de Wimbledon, que será disputada no domingo (13) contra o espanhol Carlos Alcaraz. Já a americana Amanda Anisimova e a polonesa Iga Swiatek se enfrentam neste sábado na decisão feminina. Todos os finalistas estão de olho no prêmio de 3 milhões de libras (R$ 22,5 milhões, na cotação atual) do Grand Slam, mas especialistas ouvidos pela Forbes afirmam que os ganhos dos vencedores serão reduzidos quase pela metade após o pagamento dos impostos exigidos.

O Reino Unido tributa os prêmios em dinheiro de Wimbledon e também os ganhos com patrocínios relacionados aos equipamentos usados no torneio. Segundo Andreas Bosse, consultor jurídico especializado em tributação internacional baseado em Mônaco, os atletas ainda enfrentam uma retenção inicial de 20%, além de um imposto que pode chegar a 45%, após a dedução das despesas relacionadas.
 

É sempre bom lembrar que o "absurdo" da alíquota acima é sobre uma premiação bem substancial.  

HSBC abandona o compromisso climático


Segundo o jornal The Guardian (via aqui), o HSBC 

tornou-se o primeiro banco do Reino Unido a deixar o grupo global da indústria bancária voltado para a definição de metas de emissões líquidas zero, o que levou ativistas a alertarem que se trata de um sinal “preocupante” sobre o compromisso do banco com o enfrentamento da crise climática.

O sistema financeiro tem sido um suporte para os defensores de políticas contábeis climáticas. A pressão dos bancos para empresas poluidores seria poderoso para atingir as metas globais. A saída de um grande banco pode ser um sinal de que o acordo está por um triz. 

Ouro do Brasil e maldição dos recursos em Portugal


Eis o resumo, sobre a maldição dos recursos minerais em Portugal:  

 Ainda em 1750, Portugal apresentava um alto produto per capita pelos padrões da Europa Ocidental. No entanto, apenas um século depois, era o país mais pobre da região. Neste artigo, mostramos que a descoberta de enormes quantidades de ouro no Brasil ao longo do século XVIII desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de longo prazo de Portugal. O país sofreu os efeitos de uma maldição dos recursos, tanto econômica quanto política. Uma análise contrafactual baseada em métodos de controle sintético sugere que, em 1800, o PIB per capita de Portugal era 40% menor do que teria sido na ausência da dotação de ouro brasileiro.

O gráfico abaixo mostra a evolução da exportação do ouro


 

Uma lição de Federer


Nas 1.526 partidas de simples que joguei na minha carreira, venci quase 80% delas... Agora, tenho uma pergunta para vocês: que porcentagem dos PONTOS vocês acham que eu venci nessas partidas?

Apenas 54%.

Em outras palavras, mesmo os tenistas mais bem colocados vencem pouco mais da metade dos pontos que disputam.

Quando você perde, em média, um a cada dois pontos, aprende a não se prender a cada jogada.

Você se ensina a pensar: ‘OK, cometi uma dupla falta. É só um ponto.’

‘OK, fui à rede e fui passado de novo. É só um ponto.

Mesmo uma grande jogada — um smash de backhand por cima que acaba no Top 10 da ESPN — ainda assim, é só um ponto.

E aqui está o motivo pelo qual estou dizendo isso:

Quando você está jogando um ponto, ele é a coisa mais importante do mundo.

Mas, quando ele fica para trás, ficou para trás... Essa mentalidade é realmente crucial, porque te liberta para se comprometer totalmente com o próximo ponto… e com o seguinte… com intensidade, clareza e foco.

A verdade é que, seja qual for o jogo que você jogue na vida… às vezes você vai perder. Um ponto, uma partida, uma temporada, um emprego… é uma montanha-russa, cheia de altos e baixos.

E é natural, quando você está por baixo, duvidar de si mesmo. Sentir pena de si mesmo.

E, aliás, seus adversários também têm dúvidas. Nunca se esqueça disso.

Mas energia negativa é energia desperdiçada.

Você precisa se tornar um mestre em superar momentos difíceis. Para mim, isso é o que define um campeão.

Os melhores do mundo não são os melhores porque vencem todos os pontos...
É porque sabem que vão perder… de novo e de novo… e aprenderam a lidar com isso.

Federer (fonte original aqui)

12 julho 2025

Alguns dados sobre a pós-graduação no Brasil

 A fonte é o Plano Nacional de Pós-graduação, produzido pela Capes. 









O gráfico acima eu achei o mais interessante de todos. Veja o percentual de desligamento de homens na pós é muito maior que as mulheres.