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04 maio 2023

Previsão, Economia, Astrologia e Contabilidade

Sobre a questão da previsão, a coluna de Tim Harford é bem interessante . Eis alguns trechos:

O economista Ezra Solomon certa vez brincou que "a única função da previsão econômica é fazer a astrologia parecer respeitável" (...).

Parece difícil imaginar que um meteorologista econômico jamais ganhará tais vales. Mas muitos especialistas econômicos parecem ter tido lições dos astrólogos. Considere este horóscopo: “O equilíbrio de riscos permanece inclinado para baixo, mas os riscos adversos são moderados . . . No lado positivo, um aumento mais forte da demanda reprimida em várias economias ou uma queda mais rápida da inflação são plausíveis. Por outro lado, os resultados ruins na China podem impedir a recuperação . . . "

Isso praticamente cobre tudo: boas notícias, más notícias, mais inflação, desinflação. Caso você esteja se perguntando, é o mais recente World Economic Outlook do FMI. Mas esse tipo de "previsão do arco-íris" é típico do gênero.

Especialista em previsão Philip E Tetlock, em seu livro de 2005, Julgamento político especialista, observou que os especialistas tinham uma tendência a fazer previsões vagas e a usar desculpas como "errar por precaução" ou “estar errado apenas no momento”.


Nesse caso, esses especialistas estão trilhando um caminho conhecido. Considere as seguintes frases: “Você precisa muito de outras pessoas para gostar e admirar você”.“ Você tem uma tendência a ser crítico consigo mesmo”. “Embora você tenha algumas fraquezas de personalidade, geralmente é capaz de compensá-las”. Eles soam como o tipo de coisa que um clarividente pode dizer depois de olhar para uma bola de cristal, mas essas declarações são de um artigo acadêmico, “A falácia da validação pessoal”, publicado em 1949 pelo psicólogo Bertram Forer.

Depois de fazer com que seus alunos preenchessem um questionário de diagnóstico, Forer entregou a cada um deles uma avaliação por escrito de suas características. Os alunos acreditavam que as avaliações eram adaptadas exclusivamente com base no questionário. Mas, de fato, cada aluno recebeu a mesma lista de 13 frases, incluindo as três acima. Os alunos sentiram que o diagnóstico havia feito um excelente trabalho, e a grande maioria concordou com pelo menos 10 das 13 declarações. Quando o engano foi revelado, escreveu Forer, “eles começaram a rir”.

Essas "declarações de Forer" - às vezes também chamadas de "declarações de Barnum" em homenagem ao showman PT Barnum - podem parecer estranhamente específicas. A maioria das pessoas não se dá conta de que elas são quase universais.

Em defesa dos analistas econômicos, incluindo o FMI, o palavreado barnumiano é tradicionalmente acompanhado de previsões numéricas específicas e falseáveis. Certamente, os verdadeiros incorrigíveis são os colunistas econômicos. Nós acenamos alegremente com riscos e oportunidades que podem ou não se manifestar. E, assim como os astrológos, somos mantidos por aqui apenas porque as pessoas acham nossos prognósticos divertidos.

Os paralelos não deveriam ser uma surpresa. A história da previsão econômica de Walter Friedman, Fortune Tellers, explica que clarividentes e analistas econômicos começaram em um lugar semelhante. Evangeline Adams e Roger Babson estavam perto de contemporâneos, nascidos nos EUA em 1868 e 1875, respectivamente. Ambos ofereceram consultoria de investimento em geral e previsões do mercado de ações em particular. Ambos tinham uma alta procura e morreram ricos. A principal diferença foi que Adams era um astrólogo, enquanto Babson oferecia previsões baseadas em dados inspiradas em idéias da física.


As ideias de previsão de Babson parecem muito estranhas hoje em dia. Ele era um grande fã de Isaac Newton: comprou e mudou a sala de estar da casa de Newton de Londres para Massachusetts, financiou pesquisas sobre antigravidade e suas ideias de previsão estão repletas de física newtoniana mal apropriada. Seu "Babsonchart" foi construído com base na ideia newtoniana de que cada alta acima da tendência era seguida por uma baixa igual e oposta abaixo. Em retrospecto, isso era verdade por definição, quando Babson traçava a linha de tendência no lugar certo. Infelizmente, isso oferecia pouco poder de previsão além de generalidades.

Ainda assim, as generalidades o levarão muito longe. A reputação de Babson como previsor foi garantida quando, em 5 de setembro de 1929, algumas semanas antes do grande crash, ele opinou: "mais cedo ou mais tarde, um crash está chegando, o que causará um declínio de 60 a 80 pontos no Barômetro Dow-Jones". Impressionante. O que é menos impressionante é que essas previsões sombrias começaram anos antes, em 1926, e depois disso, o índice Dow mais do que dobrou. A queda foi muito maior do que Babson havia previsto e continuou muito tempo depois que Babson começou a prever uma recuperação.

Não importa. Pouco depois do início do crash, Babson publicou um anúncio no The New York Times anunciando que "os clientes da Babson estavam preparados" e ele ainda recebe o crédito por ter previsto o crash.

Os aficionados por clarividência reconhecerão algumas semelhanças aqui. Se quiser ser admirado por suas previsões, tempere suas afirmações ousadas com imprecisão e não deixe de alardear os sucessos e minimizar os fracassos. (…)

A contabilidade é uma área que precisa lidar com diversas previsões ao longo do tempo. Uma dessas previsões é a questão da continuidade de uma entidade, que é extremamente importante para o responsável pela contabilidade. Essa previsão baseia-se na crença de que a empresa irá persistir no tempo e é usada para escolher o método de avaliação dos elementos patrimoniais.

Além disso, a contabilidade também precisa fazer previsões sobre a vida útil de ativos, como máquinas, equipamentos e outros bens. Essas previsões são importantes para determinar o desgaste desses ativos com o tempo e, consequentemente, o seu valor contábil. Essas previsões podem ser lineares ou não e devem ser precisas para garantir a acurácia das informações contábeis.

Outra previsão importante na contabilidade é a chance de receber uma dívida de um cliente. Nesses casos, é necessário fazer uma previsão sobre a probabilidade de recebimento e o prazo em que isso pode ocorrer. Essas previsões são essenciais para determinar o valor a ser registrado no balanço patrimonial e a provisão que deve ser feita para cobrir possíveis perdas.

Ao contrário dos astrólogos, a contabilidade deve trabalhar com previsões precisas e baseadas em dados concretos. É fundamental que as previsões sejam o mais exatas possível, para evitar distorções nas informações contábeis e prejuízos para a empresa.

Tecnologia não é uma corrida

O artigo "Most Technologies Aren't Races" ("A maioria das tecnologias não é uma corrida", em tradução livre) começa questionando a crença popular de que a tecnologia é uma corrida em que apenas o vencedor se beneficia. A maioria das tecnologias, argumenta o autor, não são corridas, mas sim jogos de soma positiva, ou seja, um jogo em que todos os jogadores podem ganhar. Por exemplo, a tecnologia de comunicação beneficia tanto a pessoa que a desenvolve quanto as pessoas que a usam. O autor também afirma que a corrida tecnológica tem um custo, pois incentiva a adoção de tecnologias que não foram suficientemente testadas, o que pode levar a problemas no futuro.

O autor argumenta que a corrida tecnológica é mais provável de ocorrer em tecnologias com aplicativos militares ou governamentais, onde há um incentivo para superar o inimigo. No entanto, ele aponta que a corrida tecnológica é uma exceção, não a regra.

O autor cita a tecnologia de reconhecimento de voz como um exemplo de tecnologia que não é uma corrida. Embora haja várias empresas que trabalham em tecnologias de reconhecimento de voz, elas podem trabalhar juntas para desenvolver padrões e protocolos que beneficiem toda a indústria. O autor argumenta que isso é semelhante à forma como a indústria de tecnologia da informação trabalha com padrões, como o TCP/IP, para garantir que todos possam se comunicar na internet.



O autor também aborda a questão de patentes e propriedade intelectual. Ele argumenta que o sistema atual de patentes não incentiva a inovação, mas sim a aquisição de patentes para fins de litígio. O autor sugere que as empresas deveriam ser incentivadas a compartilhar suas inovações em vez de mantê-las em segredo. Ele cita o exemplo da Tesla, que abriu suas patentes para permitir que outras empresas produzam carros elétricos e, assim, acelerem a transição para uma economia de energia limpa.

O autor também discute o papel do governo na corrida tecnológica. Ele argumenta que o governo deve investir em pesquisa básica, que é menos provável de ser financiada pelo setor privado. Ele cita o exemplo da pesquisa em física de partículas, que levou ao desenvolvimento da World Wide Web. Ele também sugere que o governo deve incentivar a colaboração entre empresas concorrentes, em vez de encorajar a competição.

Em conclusão, o autor argumenta que a corrida tecnológica é uma exceção, não a regra. A maioria das tecnologias são jogos de soma positiva, onde todos os jogadores podem ganhar. Ele sugere que as empresas devem ser incentivadas a colaborar e compartilhar suas inovações, em vez de competir por patentes e propriedade intelectual. Ele também sugere que o governo deve investir em pesquisa básica e incentivar a colaboração entre empresas concorrentes.

[O texto acima foi escrito pelo ChatGPT. Não é um resumo, de duas mil palavras, que eu escreveria. Há alguns exemplos interessantes que o Chat deixou de apresentar no resumo. O texto tem uma análise não apocalíptica deste tipo de tecnologia. E o Astral traz muita sabedoria na sua análise] [Desenho aqui]

Imposto de Renda e o bem estar do profissional contábil

Muitos contadores sacrificam seu bem-estar pessoal para atender às demandas de seus clientes durante o período de declaração do imposto de renda. O texto a seguir é de uma pesquisa da QuickBooks, mas acredito ser plenamente válida para o Brasil, neste mês do imposto de renda. 

Nos meses que antecedem o final de cada ano fiscal, as pequenas empresas contam mais do que nunca com seus contadores.


De acordo com uma nova pesquisa da Intuit QuickBooks, essa dependência pode tornar o período em torno do início do novo ano fiscal um período trabalhoso e avassalador para muitos contadores que tentam manter seus clientes felizes, preparados e com baixo nível de estresse.

A pesquisa revela que 30% dos proprietários de pequenas empresas acham a preparação para o início do novo ano fiscal o período mais estressante e de alta pressão do ano, ficando em segundo lugar o período movimentado de Natal. Felizmente para os proprietários de pequenas empresas, mais de três quartos dos contadores afirmam estar preparados para trabalhar horas extras para ajudar a reduzir a carga de seus clientes durante este período.

Em média, os contadores afirmam trabalhar quatro horas a mais do que o normal a cada semana, por um período de cinco semanas, a fim de se prepararem para o novo ano fiscal, totalizando quase um dia (20 horas) em horas extras por contador.

Embora seja importante que as pequenas empresas saibam onde procurar ajuda, muitos contadores fazem sacrifícios pessoais para acomodar a demanda extra. A pesquisa da QuickBooks entre contadores sugere que quase dois terços sacrificam ter um bom equilíbrio entre vida profissional e pessoal e quase metade sacrifica ter uma boa noite de sono.

Foto: Deniz Altindas

COSO e o risco ESG

O COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission) lançou recentemente um guia para ajudar empresas a incorporar fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) em seus controles internos, o que pode ajudar os contadores a lidar com essas questões. O guia fornece orientações sobre como os controles internos podem ser usados para lidar com as questões ESG e fornece uma estrutura para que os auditores possam avaliar a eficácia desses controles. O guia também destaca a importância da liderança da empresa em apoiar a integração dos fatores ESG em seus processos de controle interno. O objetivo final é ajudar as empresas a gerenciar melhor os riscos associados às questões ESG e melhorar sua transparência e responsabilidade.



Fonte: Accounting Today

Foto: Robert Lukeman

Rir é o melhor remédio

 

Livre arbítrio na academia

03 maio 2023

Amazon: de uma livraria a uma gigante de publicidade

Eu conheci a Amazon como uma livraria há bastante tempo. Com o passar dos anos, a empresa diversificou seus negócios e hoje grande parte da sua receita não vem mais dos livros. Agora, a empresa de varejo online obtém a maior parte da sua receita com o plano de assinatura Prime, a computação na nuvem (AWS) e a venda de publicidade.


A Amazon vende publicidade? Sim, é verdade. E essa fonte de receita da empresa americana é bastante estranha, pois não é fácil imaginar a Amazon como uma plataforma publicitária. No entanto, os números contábeis da empresa mostram que, em 2022, ela obteve receita de 38 bilhões de dólares com publicidade. Para fins de comparação, o YouTube teve receita de 30 bilhões.

Apesar disso, a Amazon ainda está atrás do Google e da Meta (que inclui Facebook e Instagram) em termos de publicidade na internet. Na própria Amazon, ela só perde para os serviços web da AWS, que tiveram uma receita de 80 bilhões de dólares.

O fato da receita proveniente de publicidade ser muito atraente se deve, em parte, à provável alta rentabilidade desta área de negócios. No entanto, a Amazon não disponibiliza esses números.

Leia mais aqui 

(Um parênteses gráfico aqui. O número de crianças batizadas com o nome Alexa desabou nos últimos anos. Realmente, ter este nome é gozação certa. É a "Ana Júlia" dos americanos)



Uso da tecnologia em sala de aula há cem anos

O assunto parece estar sempre em discussão: como a tecnologia ajuda ou atrapalha a educação. Há cem anos, já existiam salas de aula com máquinas de escrever e até mesmo rádio. Esse tipo de tecnologia mudou a forma da educação, afetando tanto os professores quanto os alunos.

A utilização da tecnologia na educação não é algo recente. A aprendizagem com a tecnologia permite mais oportunidades para o ensino. Eu encontrei no Daily Jstor um estudo de caso do uso da tecnologia na área de música. A empresa Victrola usou o trabalho da educadora Frances E. Clark na aula de música.


Clark era do meio-oeste rural dos Estados Unidos e começou no ensino com aulas de canto, quando ainda era adolescente. Depois de casar, ter dois filhos e ficar viúva, ensinou música em escolas públicas e em aulas particulares. Mesmo com dificuldades, Clark se mantinha atualizada sobre a educação musical e adotava novos métodos. Em 1911, a Victor Corporation contratou Clark para chefiar a divisão de educação. Clark desejava enfatizar a "boa música" e a Victor expandir o mercado de registros sonoros de óperas e músicas clássicas.

Naquele momento, os educadores não acreditavam que a música gravada pudesse ser usada na educação musical. Existia dúvida sobre a qualidade dos produtos lançados pelas gravadoras e a possível ameaça ao emprego dos músicos profissionais.

Clark virou essa lógica de cabeça para baixo, sugerindo que registros de alta qualidade ofereciam às crianças a chance de ouvir "música real", em oposição aos esforços vacilantes de seus colegas de classe. Ela introduziu a "apreciação musical" nas escolas primárias, liderando a criação de um livro para ajudar os professores a planejar lições em torno de vários registros da Victor.

Em tempos de celular e chatgpt, a história parece repetir. 

FTX: soberba, incompetência e ganância

O relatório do administrador do processo de falência da FTX, uma empresa de criptomoedas, aponta que a companhia faliu devido à "soberba, incompetência e ganância" de seus fundadores. O relatório (vide aqui) afirma que os fundadores gastaram dinheiro exorbitante em atividades como aquisições de times esportivos e eventos luxuosos. Além disso, a empresa não conseguiu gerar receita suficiente para sustentar suas despesas, ou seja, não obteve lucro. Além disso, os gestores supostamente tentaram esconder informações financeiras da empresa e apresentar dados falsos aos investidores.


O relatório tem 39 páginas e foi apresentado no mês passado no tribunal de falências de Delaware. Os credores afirmaram que a empresa não tinha controles contábeis e financeiros básicos, e os gestores impediam a "dissidência". Esses mesmos gestores usavam de forma indevida os fundos da empresa e dos clientes, mentiam sobre os negócios e, finalmente, causaram o colapso do grupo.

Dos gestores, Sam Bankman-Fried (foto) declarou inocência. O julgamento deverá ocorrer em outubro. Gary Wang e Caroline Ellison estão cooperando com a justiça e se declararam culpados.

Na verdade, provavelmente a grande maioria das falências tem sua origem na soberba, incompetência e ganância. 

Efeito de desastres naturais na aversão ao risco

Usualmente, as pessoas são avessas ao risco em decisões financeiras. Mas quando um grande desastre natural ocorre, será que esse comportamento é afetado? Foi realizada uma pesquisa com sobreviventes do tsunami de 2004 no Oceano Índico. Nesse tipo de pesquisa, opções de escolha de fluxos de caixa imaginários são dadas ao entrevistado e eles devem escolher entre "mais vale um pássaro na mão do que dois voando" (abaixo). Cinco anos após o desastre, as pessoas fizeram sua escolha, e foi comparada com outras pessoas que não estiveram expostas ao desastre natural.


A pesquisa descobriu que um desastre natural afeta a aversão ou propensão ao risco das pessoas. Mas um aspecto interessante é que esse efeito não é permanente. Pelo contrário, ele tem uma duração relativamente curta. Na pesquisa realizada, um ano depois já não existem diferenças na disposição de assumir riscos entre os grupos estudados. Mas logo após o desastre natural ocorreu uma mudança com relação ao risco dos sobreviventes. Algo como uma "síndrome de super-herói" contaminou esse grupo de pessoas, fazendo com que assumissem um risco financeiro maior. No curto prazo, é verdade.

Essa pesquisa talvez seja um contraponto interessante para aqueles que consideram que eventos como desastres naturais terão efeitos de longo prazo sobre as pessoas. Parece não ser verdadeiro, e isso está coerente com pesquisas realizadas, por exemplo, para saber se fatos de elevado impacto na vida das pessoas - como a morte de um parente próximo ou ganhar na loteria esportiva - continuarão tendo influência por muitos anos. Tudo leva a crer que não. Da mesma forma, a atitude das pessoas pode sofrer mudanças no curto prazo, mas isso não irá perdurar. 



Rir é o melhor remédio

Yuval Robichek é um cartonista muito interessante. Seus desenhos são “simples” no traço, mas atual na representação. Em uma página do Design You Trust, eu encontrei uma série de trinta desenhos que mostra um pouco do humor deste israelense. Conforme a página afirma, são desenhos inteligentes e espirituosos, que mostra um “jogo de palavras, trocadilhos ou piadas visuais para fazer o espectador rir ou pensar de uma nova maneira”.








01 maio 2023

ChatGPT e a contabilidade

 No mês passado, a OpenAI lançou seu mais novo produto AI chatbot, o GPT-4. De acordo com o pessoal da OpenAI, o bot, que usa aprendizado de máquina para gerar texto em linguagem natural, passou no exame da ordem com uma pontuação no percentil 90, passou em 13 dos 15 exames AP e obteve uma pontuação quase perfeita no teste GRE Verbal.

As mentes indagadoras da BYU e de outras 186 universidades queriam saber como a tecnologia da OpenAI se sairia nos exames de contabilidade. Então, eles colocaram a versão original, ChatGPT, à prova. Os pesquisadores dizem que, embora ainda haja trabalho a fazer no campo da contabilidade, é uma virada de jogo que mudará a maneira como todos ensinam e aprendem – para melhor.

“Quando essa tecnologia surgiu, todos estavam preocupados que os alunos pudessem usá-la para trapacear”, disse o principal autor do estudo, David Wood, professor de contabilidade da BYU. “Mas oportunidades para trapacear sempre existiram. Então, para nós, estamos tentando focar no que podemos fazer com essa tecnologia agora que não podíamos fazer antes para melhorar o processo de ensino para o corpo docente e o processo de aprendizado para os alunos. Testá-lo foi revelador.”

Desde sua estreia em novembro de 2022, o ChatGPT se tornou a plataforma de tecnologia de crescimento mais rápido de todos os tempos, atingindo 100 milhões de usuários em menos de dois meses. Em resposta ao intenso debate sobre como modelos como o ChatGPT deveriam ser considerados na educação, Wood decidiu recrutar o maior número possível de professores para ver como a IA se saía em relação aos estudantes universitários de contabilidade.

Seu discurso de recrutamento de coautores nas mídias sociais explodiu: 327 coautores de 186 instituições educacionais em 14 países participaram da pesquisa, contribuindo com 25.181 questões de exames de contabilidade em sala de aula. Eles também recrutaram alunos de graduação da BYU (incluindo a filha de Wood, Jessica) para alimentar outras 2.268 perguntas do banco de testes de livros didáticos para o ChatGPT. As questões abrangiam sistemas de informação contábil (AIS), auditoria, contabilidade financeira, contabilidade gerencial e tributária, e variavam em dificuldade e tipo (verdadeiro/falso, múltipla escolha, resposta curta, etc.).

Embora o desempenho do ChatGPT tenha sido impressionante, os alunos tiveram um desempenho melhor. Os alunos obtiveram uma média geral de 76,7%, em comparação com a pontuação do ChatGPT de 47,4%. Em 11,3% das perguntas, o ChatGPT teve uma pontuação mais alta do que a média dos alunos, indo particularmente bem em AIS e auditoria. Mas o bot de IA se saiu pior em avaliações fiscais, financeiras e gerenciais, possivelmente porque o ChatGPT lutou com os processos matemáticos necessários para o último tipo.

Quando se trata do tipo de pergunta, o ChatGPT se saiu melhor em questões de verdadeiro/falso (68,7% de acerto) e questões de múltipla escolha (59,5%), mas teve dificuldades com questões de resposta curta (entre 28,7% e 39,1%). Em geral, as perguntas de ordem superior eram mais difíceis de responder pelo ChatGPT. Na verdade, às vezes o ChatGPT fornece descrições por escrito autorizadas para respostas incorretas ou responde à mesma pergunta de maneiras diferentes.

“Não é perfeito; você não vai usá-lo para tudo”, disse Jessica Wood, atualmente caloura na BYU. “Tentar aprender apenas usando o ChatGPT é uma tarefa tola.”

Os pesquisadores também descobriram algumas outras tendências fascinantes através do estudo, incluindo:

O ChatGPT nem sempre reconhece quando está fazendo matemática e comete erros sem sentido, como adicionar dois números em um problema de subtração ou dividir números incorretamente.

O ChatGPT geralmente fornece explicações para suas respostas, mesmo que estejam incorretas. Outras vezes, as descrições do ChatGPT são precisas, mas ele continuará selecionando a resposta de múltipla escolha errada.

Às vezes, o ChatGPT inventa fatos. Por exemplo, ao fornecer uma referência, gera uma referência de aparência real que é totalmente fabricada. A obra e às vezes os autores nem existem.

Dito isso, os autores esperam que o GPT-4 melhore exponencialmente nas questões contábeis colocadas em seu estudo e nas questões mencionadas acima. O que eles acham mais promissor é como o chatbot pode ajudar a melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo a capacidade de projetar e testar tarefas, ou talvez ser usado para esboçar partes de um projeto.

“É uma oportunidade para refletir se estamos ensinando informações de valor agregado ou não”, disse a coautora do estudo e professora de contabilidade da BYU, Melissa Larson. “Isso é uma interrupção e precisamos avaliar para onde vamos a partir daqui. Claro, ainda terei ATs, mas isso vai nos forçar a usá-los de maneiras diferentes.”

Fonte: aqui




26 abril 2023

Rir é o melhor remédio

 

O "melhor" Star Wars

Novas pesquisas revelaram que o filme mais lucrativo da saga Star Wars é O Despertar da Força, segundo a Forbes. Ele foi produzido em 2015 e gerou um lucro de U$ 588,2 milhões. 

Ainda segundo a Forbes, este foi o filme mais caro de todos os tempos, com um orçamento total de U$ 533,2 milhões. Para maximizar o retorno, a produção foi realizada no Reino Unido, onde os estúdios recebem um reembolso de 25% dos custos incorridos. O Despertar da Força recebeu U$ 86,6 milhões, baixando seus custos para U$ 446,6 milhões.

O filme foi o carro-chefe para uma nova série de filmes produzidos pela Disney após a aquisição de U$ 4 bilhões da Lucasfilm, que detém os direitos da saga. O estúdio previu um potencial tremendo para spin-offs sobre os personagens da série, tal como o Han Solo e o Boba Fett. Eles sabiam que alguns seriam mais populares que outros, então deram um chute inicial na nova saga com um sucesso garantido que geraria lucros suficientes para cobrir possíveis prejuízos futuros.



Por que você acompanha o blog?

Fonte da Imagem: aqui


Gostaríamos  gentilmente de solicitar a participação dos nossos leitores para entendermos um pouco mais sobre o motivo de estarem aqui hoje.

Quando conversamos sobre blogs, é comum comentarem sobre como deveríamos investir no Instagram. Entendemos o apelo, mas outras plataformas também envolvem outras demandas e focos. No caso do Instagram a necessidade adicional é o design, já que o destaque fica para os vídeos e imagens.

Acredito que falo pelos coautores quando digo que uma das nossas comodidades é exatamente repassar de uma forma simples e via computador o que consideramos interessante e relevante em nossa caminhada. Acrescentar algumas demandas talvez torne o fardo um pouco mais complicado.

Cabe destacar que temos sim Instagram e Twitter e recebemos um ótimo tráfego de lá, mas o nosso foco se recai aqui no blog.

E aí deixo novamente o questionamento: por que você está aqui e o que você acha desta e de outras plataformas?

04 abril 2023

Wirecard: EY punida

Fonte da imagem: Aqui

Em 2020 comentamos aqui no blog sobre como a EY sabia da fraude da Wirecard. Como desdobramento, agora a empresa foi multada em 500 mil euros e proibida de assinar novos contratos na Alemanha por dois anos. Adicionalmente, cinco auditores, cujos nomes não foram revelados, receberam multas variando entre 20 mil e 300 mil euros.

Em “A saga da Wirecard continua”, explicamos: A empresa Wirecard entrou em colapso em 2020 e a história guarda alguns segredos ainda não revelados. Questiona-se sobre o papel de um "espião" entre os executivos da empresa, a incompetência da entidade responsável pela fiscalização do mercado de capitais do país e o lugar da contabilidade neste drama. O escândalo só foi revelado depois de uma série de reportagens do Financial Times. Logo no início, o regulador tentou frear a investigação do jornal. Mas uma investigação realizada por outra empresa de auditoria revelou uma diferença na conta caixa da empresa de quase 2 bilhões de euros.

A empresa EY era responsável pela auditoria da Wirecard e não viu a ausência de 2 bilhões.

31 março 2023

Rir é o melhor remédio

Toda sexta às 17h eu deleto todos os meus e-mails não lidos... se for importante, eles irão escrever novamente.

20 março 2023

As maiores cidades ao longo da história da humanidade

 A listagem das maiores cidades ao longo da história da humanidade: 

Fonte: aqui

(Provavelmente os primeiros registros contábeis surgiram no atual Iraque. Mas as partidas dobradas não surgiram nas maiores cidades do mundo de então: Cairo , Hangzhou, Vijayanagara ou Yingtian)

Educação Financeira e Poupança para aposentadoria

Afinal, a educação financeira afeta as decisões financeiras das pessoas? O debate continua, agora olhando a influência na poupança para a aposentadoria: 

Since individuals are increasingly required to manage their own retirement portfolios, policy levers that increase retirement planning and saving have become increasingly important. We use variation in timing and presence of state-required personal finance coursework in high schools to estimate the effect of the financial education coursework on the likelihood of holding and amount in retirement accounts in adulthood (ages 25–40). Our results show no definitive increases in account ownership, non-retirement investment accounts, or homeownership. Since prior work finds required high school financial education improves credit and debt outcomes, we recommend that states and educators prioritize content that is more immediately relevant for 18-year-olds, such as budgeting, long-term debt, and credit.

Does financial education affect retirement savings? - Melody Harvey & Carly Urban - Journal of the Economics of Ageing, February 2023 

19 março 2023

Livro: Adeus, Senhor Portugal

 Há alguns anos, Jacob Soll lançava um livro chamado The Reckoning: Financial Accountability and the Rise and Fall of Nations. O autor mostrava que ferramentas como auditoria e as partidas dobradas permitiram construir impérios poderosos; e como a ausência desses instrumentos foram responsáveis pela queda de nações. O livro é muito forte em associar o destino das nações a boa ou má gestão das contas públicas. 

Existe um pouco desta noção na obra “Adeus, senhor Portugal”, de Rafael Criello e Thales Zamberlan Pereira. Suas quase quatrocentas páginas estão divididas em nove capítulos, com três partes principais e narra a história da independência brasileira. Na primeira parte, com quatro capítulos, é a descrição do processo de independência. O foco são os anos de 1822. A segunda parte recua no tempo, trazendo a história da fuga do rei João VI de Portugal. E a terceira parte é a consolidação do país, que levou a saída do rei Pedro I do país. 


Os autores mostram que a fuga de João VI significou a presença da corte no Rio de Janeiro. Com o tempo, a estrutura administrativa foi duplicada e isto significou um custo para os contribuintes. Era necessário sustentar a corte no Rio de Janeiro, a estrutura remanescente de Lisboa e a administração da província. Além disto, havia os encargos trazidos com a guerra contra a França e a redução da receita de alguns produtos que eram exportados pelo país. 

Há um ponto importante na obra que é o papel central do legislativo. Isto inclui os heróis da independência, Lino Coutinho e Cipriano Barata, mas não Pedro. Este papel fica muito claro ao longo da obra, mas o epílogo mostra isto de forma bem clara. A comemoração dos duzentos anos de independência brasileira também é festejar os representantes do legislativo. 

Em 1822 havia uma discussão nas Cortes Constitucionais, em Lisboa, que tinha por finalidade restabelecer os portos portugueses como parada obrigatória das cargas destinadas aos portos portugueses. Isto era uma regressão para o Brasil, pois reduziria os negócios na colônia. Do lado da despesa, o reino português apresentou um aumento substancial nos gastos, inclusive militares. Entre 1802 e 1812, as despesas militares saíram de 60% do gasto total para 78% e mantiveram elevados a partir de então. Isto só irá realmente diminuir no final dos anos de 20, do século XIX, quando o legislativo recusa a aumentar as fontes de receitas do governo, batendo de frente com o caudilho Pedro. 

O texto também segue a tendência de Jorge Caldeira e outros historiadores recentes que mostraram que existia um grande dinamismo das relações econômicas na colônia, que não dependia somente da exportação e importação. O perdulário João VI gostava de dar títulos e festas, mas isto aumentava os gastos: as despesas com a Casa Real chegaram a 29% das despesas do Estado na América portuguesa. Neste momento, os gastos militares representavam 45% . 

Um aspecto típico da época é que as finanças estatais eram tratadas como assunto secreto. Parte da história ainda está sendo reconstituída, como um quebra-cabeça, a partir de alguns documentos existentes. Assim, há lacunas e uma delas é a razão pela qual o Brasil tornou-se independente e manteve sua coesão. Uma das possíveis explicações é a universidade. Ao contrário das colônias espanholas, Portugal manteve o ensino superior centralizado, especialmente na Universidade de Coimba. As elites administrativas das diferentes partes do Brasil eram formadas em direito, em um mesmo local. Esta união pode, ironicamente, ter ajudado na homogeneidade ideológica das elites, que por sua vez explicaria o Brasil unido após a independência. 

As finanças públicas também será a principal explicação para a derrocada de Pedro. Ao insistir em manter uma guerra na província da Cisplatina, atual Uruguai, Pedro necessitava de recursos. A constituição que ele mesmo aprovara indicava que o aumento de gastos deveria ser feito pelo legislativo. Nos primeiros anos do seu governo, o país tinha obtido um grande empréstimo internacional e, por este motivo, Pedro não precisava do legislativo. Quando o dinheiro acabou, o imperador tentou usar o Banco do Brasil, através da emissão de moeda. Isto gerou inflação e descontentamento popular. O legislativo percebeu que a única maneira de manter sua vantagem na briga política era manter o governo insolvente. Em um determinado momento, o legislativo aprovou até o fechamento da instituição financeira, o que cortaria esta fonte de recurso do imperador. 

Eis um dado impressionante: entre o ano fiscal de 1830-1 e 1831-2 os gastos militares reduziram em 35% por conta da decisão parlamentar. Durante o reinado de Pedro, os recursos para a área militar era abundante e o parlamento teve o mérito de colocar as coisas no seu devido lugar. 

Enfim, a leitura de Adeus, senhor Portugal muda nossa percepção do que ocorreu ao longo da nossa história, destacando a relevância das contas públicas e do poder legislativo. 

18 março 2023

Tendências das teses no Brasil

Eis o resumo:

O presente estudo buscou identificar as abordagens paradigmáticas, teóricas e os procedimentos metodológicos de maior predominância nas teses dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) em Contabilidade do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e de abordagem qualitativa, por meio da análise de 461 estudos de doutoramento. Nesses, identificou-se que o paradigma funcionalista – aquele que busca compreender a sociedade de uma forma pragmática e objetivista – ainda domina o posicionamento dos pesquisadores contábeis no país e, no caso dos procedimentos metodológicos, as pesquisas descritivas, documentais e com abordagens quantitativas prevalecem em cena. Nos suportes teóricos, o estudo mostrou que se destaca nessa área a utilização dos pressupostos de uma teoria (majoritariamente Teoria da Agência) e a ausência de lentes teóricas em um terço dos trabalhos analisados. Tal cenário ressalta uma tendência monoparadigmática e pouca diversidade teórica nas pesquisas de maior impacto da Ciência Contábil. Como contribuição, o estudo esclarece os posicionamentos individuais dos pesquisadores da área, discute como está a produção científica nos trabalhos de maior impacto da área e traça novos caminhos de análise para a evolução da Ciência Contábil.

Interessante a tabela a seguir:

Há uma predominância do gênero feminino entre orientadores, mas a diferença entre os doutorandos é menor. Isto significa que a diferença de gênero pode reduzir nos próximos anos. Esta tabela é somente para os orientadores que realmente conduziram uma orientação com sucesso no período da pesquisa e, para os professores do Programa Multi, não foram consideradas as orientações entre 2007 a 2015. Os programas do Sul tem uma grande formação de doutoras. 


Há uma prevalência pela abordagem quantitativa (painel B)


16 março 2023

Custo para ter uma aposentadoria confortável

Usando o custo de vida de cada país, uma pesquisa calculou como seria o custo de vida, em US$, para viver entre 61 anos - idade da aposentadoria - e uma expectativa de vida de 76,15 anos. A pior opção, em termos de custo, seria Cingapura (1.118 mil) e a melhor economia o Paquistão (158 mil dólares). 

Se o seu sonho é viver na Europa, a Macedônia seria uma boa opção: 229 mil. Mas talvez a Suíça seja um pouco cara: 831 mil. Portugal, o destino de muitos brasileiros aposentados, exigiria 414 mil. Na América Latina temos opções mais interessantes: Chile, por exemplo, exigiria 283 mil, versus 271 mil no Brasil. 



Os valores foram obtidos aqui

Este executivo parece não ter sorte: Arthur Andersen, Lehman Brothers e SVB

 

Eis o currículo de Joseph Gentile, CEO da SVB. Seria bom observar qual o seu próximo emprego. 

Via aqui

PwC irá usar inteligência artificial na área jurídica

A empresa de auditoria PwC anunciou uma parceria com a startup IA Harvey para prestação de serviços na área do direito. Os funcionários da PwC terão "acesso exclusivo" na plataforma. Segundo o comunicado da empresa (via aqui), a inteligência artificial não será usada para fornecer consultoria jurídica para os clientes e não substituirá seus advogados. 

A tecnologia da IA Harvey é a mesma usada pelo ChatGPT; ou seja, usa linguagem natural, aprendizado de máquina e análise de dados para ajudar nos trabalhos jurídicos. 

Harvey ajudará a gerar insights e recomendações com base em grandes volumes de dados, fornecendo informações mais ricas que permitirão aos profissionais da PwC identificar soluções mais rapidamente. Todas as saídas serão supervisionadas e revisadas pelos profissionais da PwC.

Este acesso ocorrerá em mais de 100 países para mais de 4 mil funcionários jurídicos. 

15 março 2023

Rir é o melhor remédio

Desejo e teste de impairment
 

Sobre a quebra do SVB

No dia 10 de março, o SVB deixou, oficialmente de existir. Fazendo um retrospecto, o SVB é a sigla para Sillicon Valey Bank e sua atuação incluía principalmente uma rica região dos Estados Unidos. Foi a maior quebra de um banco daquele país, desde a crise de 2007. 

O foco de atuação do SVB eram as empresas de tecnologia. No final de 2022, a instituição tinha perdas não realizadas em valores superiores a 15 bilhões de dólares, para um patrimônio líquido de 16 bilhões. A avaliação feita pelas autoridades do Banco Central dos EUA e do FDIC - o fundo que garante os depósitos, realizada no próprio dia 10, indicava a insolvência da instituição. Neste processo, criou-se um novo banco, o Silicon Valley Bridge Bank. 

O problema com o SVB trouxe uma discussão sobre regulamentação do setor bancário (e o setor é muito regulamentado), teste de stress, a auditoria sem ressalvas da KPMG 14 dias antes da falência (Lynn Turner, que foi chefe de contabilidade da SEC no passado, diz que isto é um problema), os fundos ESG (que tinham relação com o banco), os efeitos sobre starups, a inutilidade das notas das agências de ratings, entre outros pontos.

Apesar de ser um grande banco, o SVB talvez não esteja na categoria "Grande Demais para Falir", como o Credit Suisse. Sua aposta na taxa de juros foi muito arriscada. E há aqui uma discussão sempre importante sobre o risco moral, embora Mankiw ache que isto não seja relevante.

Como ocorre em muitos casos de falência, aparecem agora as pessoas que previram os problemas, alertando para a necessidade de leitura atenta dos sinais da contabilidade. Isto pode ser uma das causas da corrida bancária que ocorreu entre fevereiro e março no SVB. (Aqui a coluna de John Cochrane, nesta linha)

Sobre a questão da auditoria é que ocorreu uma corrida bancária para sacar dinheiro da instituição a partir de fevereiro. Como a auditoria era referente a 2022, os auditores não estavam trabalhando com isto, já que seria um evento posterior. Mas deveriam destacar os riscos, mesmo depois do encerramento do exercício. Mas gostei deste trecho:

Um porta-voz da KPMG recusou-se a comentar sobre as auditorias específicas, devido à confidencialidade do cliente. Em uma declaração, a firma disse que não é responsável por coisas que acontecem depois que uma auditoria é concluída.


Maior lucro da história

 

A empresa estatal de petróleo Saudi Aramco divulgou o que talvez seja o maior lucro de uma empresa na história - sem considerar a inflação. O lucro divulgado foi de 161 bilhões de dólares, que significa 46% a mais que o ano anterior. A empresa é também a segunda empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas da Apple. 

O gráfico acima foi feito imaginando o que a Saudi Aramco poderia comprar com este lucro. Uma combinação possível seria: Campbell's, Coinbase, Etsy, eBay, Kellogg's, Crocs, Zoom, Snap, Pinterest e Ralph Lauren.

14 março 2023

Rir é o melhor remédio

 

Excel e o copo vazio

Meta-análise na contabilidade faz sentido?

A meta-análise é um importante técnica de pesquisa, que ganhou popularidade a partir do final do século passado. Em termos científicos, a meta-análise é a tentativa de juntar pesquisas realizadas separadamente e que conduziram a determinadas conclusões. A meta-análise mostra que se pesquisas separadas podem chegar a uma conclusão, a junção dos resultados pode ou solidificar o que sabemos ou destacar descobertas que não foram vistas nas pesquisas separadas. 

A figura acima é o símbolo da Cochrane Collaboration. Entre 1972 a 1981 algumas pesquisas procuraram mensurar os efeitos dos esteroides em mulheres grávidas. Cada pesquisa trouxe um resultado, que individualmente não contribuía substancialmente para a ciência.  Cada linha do símbolo acima é uma pesquisa. Entretanto, dado o número limitado de pessoas na amostra, os resultados não eram conclusivos.

Em 1989 foi realizada uma meta-análise, juntando os dados dos experimentos. A conclusão é que o esteroide reduz o risco de que os bebês morram em razão do nascimento prematuro. Veja que no final do símbolo há um losango. A reunião dos dados de diferentes pesquisa mostrou isto. Isto tudo pode ser lido no livro Ciência Picareta, de Ben Goldacre, como um exemplo de como a ciência pode ajudar a humanidade. 

O tempo passou e hoje a meta-análise é bastante utilizada em diversas ciências. Mas a técnica, se bem usada, pode contribuir para evolução do conhecimento humano, se for usada de maneira inadequada, pode ser um problema. Recentemente, um estudo de meta-análise sobre o efeito do empurrão (nudge) ganhou destaque. Mas uma análise crítica do mesmo revelou os dois perigos da meta-análise. 

O primeiro problema é que alguns estudos são melhores do que outros. A meta-análise tende a considerar que todos estudos são bons. E isto é algo que precisa ser visto com cuidado. O estudo do empurrão, citado anteriormente, usou 283 resultados e não excluiu nenhum em razão da qualidade. É difícil imaginar que todos os estudos eram de boa qualidade. 

Há aqui também o problema do viés de publicação. Isto pode induzir a certos resultados. É bem verdade que existem técnicas para resolver em parte este problema, mas acredito que dificilmente o pesquisador conhece e aplica tais técnicas. 

O segundo problema é a possibilidade de combinar resultados que não são comparáveis. Os estudos comportamentais podem ser usar de experimentos. E cada experimento pode ter uma visão e um desenho diferente. O que torna difícil fazer comparações, ao contrário do que ocorreu com o estudo original da meta-análise. 

Estas críticas estão bem apresentadas em um texto crítico do DataColada. Veja o texto aqui

Contabilidade - Os aspectos apresentados anteriormente são válidos para a contabilidade. Veja uma questão importante para a contabilidade financeira, que poderia ser resolvida pela meta-análise: o uso das normas internacionais é bastante positiva para um país. Os estudos individuais podem ser agrupados para tentar responder a esta questão. Considere que um pesquisador investigou o caso com empresas de diversos países, que fizeram a convergência entre 2000 a 2015. E outro pesquisador fez pesquisa semelhante, com convergência entre 2005 a 2020. Havendo superposição temporal e, possivelmente entre os países, o uso da meta-análise pode levar a conclusões inadequadas, já que podemos ter um caso de dupla contagem. Este é o ponto que faz com que a meta-análise, na contabilidade financeira, deva ser considerada com cautela. 

Temos aqui uma terceira crítica ao uso da técnica, que não apareceu no texto do DataColada: a possibilidade de existir dupla contagem nas pesquisas, onde uma mesma empresa, para um mesmo período, faz parte da amostra de mais de uma pesquisa. É quase certo que isto não seria um problema na contabilidade gerencial, mas merece o cuidado na contabilidade financeira.

Assim, com respeito a pergunta do título, a meta-análise pode ser usada na contabilidade, com o cuidado indicado no texto: fazer uma análise da qualidade da pesquisa, ter o cuidado de combinar resultados compatíveis e evitar uma dupla contagem. Com o cuidado devido, a técnica pode ser fundamental para solidificar conhecimentos. Mas sem este cuidado, pode levar a conclusões inadequadas. 

(Alguns dos pontos colocados neste texto foram frutos de discussão com o mestrando Antônio, que apresentou uma visão bem madura sobre o assunto. Nesta discussão, conclui que até o presente momento não tivemos, na nossa área e no Brasil, uma pesquisa de qualidade sobre o assunto. Espero estar enganado)


13 março 2023

Bem-estar financeiro também é importante

Quando pensamos em bem-estar, frequentemente pensamos em nossa saúde, incluindo nosso estado mental. Pesquisas descobriram que a boa saúde financeira tem uma enorme influência na melhoria do bem-estar geral, enquanto a saúde financeira precária está ligada ao estresse, depressão e falta de produtividade. Pessoas que recebem informações financeiras a educação geralmente informa que se sente mais confiante, mais no controle das finanças pessoais e exibe melhores comportamentos financeiros. Também é importante observar o impacto positivo adicional que as boas finanças têm sobre a comunidade em geral e as gerações vindouras.

A economia comportamental tem sido amplamente utilizada para explicar o baixa eficácia das iniciativas de alfabetização financeira e as razões das más decisões financeiras que as pessoas tomam.


Segundo a autora, a opção é a alfabetização financeira. Muito esforço é focado nos programas, mas nem sempre é possível imaginar um sucesso na mudança no comportamento dos participantes. Vários dos programas, não levam em conta fatores psicológicos. A intenção de mudar o comportamento financeiro é importante. 

O fim é o bem-estar financeiro. 



Teóricos ou Gurus: quem está certo (ou errado) em finanças pessoais

No final do ano passado, o professor James Choi publicou um artigo no NBER onde fazia uma análise dos livros mais populares na área de finanças pessoais. Choi comparou os conselhos dos autores com as recomendações da teoria. Há algumas diferenças interessantes. Um exemplo, a teoria aconselha que uma pessoa deve tentar quitar as dívidas com elevado custo em primeiro lugar. Isto faz sentido, já que a teoria olha a taxa de juros das dívidas. Mas os gurus de finanças pessoais indicam que você deveria começar com as dívidas de pequeno montante, deixando de lado a taxa de juros. O sentido é que ao quitar pequenas dívidas, a pessoa começa a criar um hábito saudável de tentar resolver sua vida financeira. O conselho dos gurus é mais no sentido comportamental. 

Quem está certo: a teoria ou os gurus? Depende, segundo Tim Harford


Às vezes, os livros populares estão simplesmente errados. Por exemplo, uma afirmação comum é que quanto mais tempo você mantém ações, mais seguras elas se tornam. Não é verdade. As ações oferecem mais riscos e mais recompensas, independentemente de você as manter por semanas ou décadas. 

Em outro trecho do artigo de Harfor:

o conselho econômico padrão é que devemos facilitar o consumo ao longo de nosso ciclo de vida, acumulando dívidas enquanto jovens, acumulando economias na próspera meia-idade e gastando essa riqueza na aposentadoria. Tudo bem, mas a idéia de um "ciclo de vida" carece de imaginação sobre todas as coisas que podem acontecer na vida. As pessoas morrem jovens, passam por divórcios caros, deixam empregos bem remunerados para seguir suas paixões, herdam quantias arrumadas de tias ricas, ganham promoções inesperadas ou sofrem de problemas de saúde crônicos.

Não é que esses sejam resultados inimagináveis - eu apenas os imaginei -, mas que a vida é tão incerta que a idéia de alocar o consumo de maneira ideal ao longo de várias décadas começa a parecer muito estranha. O conselho financeiro bem usado de economizar 15% de sua renda, não importa o que aconteça, pode ser ineficiente, mas tem uma certa robustez.

O trabalho de Choi é bem interessante. Mas creio que supor que exista "uma" teoria talvez seja otimismo demais. 

Foto: Jannes Jacobs

09 março 2023

Crise de publicação

Sobre a crise de publicação:

Em cinco anos consecutivos, 2018-2019-2020-2021-2022, John Ioannidis possui 89-81-82-74-46 publicações indexadas PubMed. Isso seria um total de 372 ou 74 por ano (não auditei esse total manualmente). Nas primeiras oito semanas de 2023, o Dr. Ioannidis teve 17 publicações indexadas no PubMed até 27 de fevereiro.  Este será um ano verdadeiramente marcante para ele, se essa tendência persistir.


A título de comparação, Francis Crick [do DNA] publicou menos de 55 artigos (alguns na lista são duplicados) iniciando uma carreira com mais de 40 anos de idade em 1952, quando ele tinha 36 anos.  E encontrei uma reimpressão do artigo da Nature que resultou no Prêmio Nobel, no American Journal of Psychiatry (2003) como parte do 50o. aniversário do artigo que deu início a moderna biologia molecular (including mRNA vaccines)!  

Nota adicionaal: Recebo e-mail, desta vez da Nature intitulado "Hiperautoria", que significa a ciência da "grande equipe" (2 de março de 2023, p. 175-177). Peter Higgs postulou o bóson homônimo em 1964.  Sozinho. A confirmação experimental exigiu 2.932 autores.  Uma medição precisa subsequente da massa do bóson de Higgs exigiu 5.154 “coautores”. Um artigo de 9 páginas sobre o efeito da vacinação SARS-CoV-2 nos resultados pós-cirúrgicos incluiu 15.025 “coautores” em um consórcio. 

Fraude ou blefe?

A empresa Ozy atua na área de mídia e entretenimento desde 2013. Seu principal executivo é Carlos Watson. Ao longo da sua história, a Ozy chegou a estabelecer parcerias com o The  New York Times e Wireless, com Oprah Winfrey, BBC e History Channel. 

Em setembro de 2021, o antigo parceiro, o New York Times, anunciou que a empresa tinha feito algumas ações que aparentavam fraude. Uma delas é que o COO da empresa, Samir Rao, se fez passar por um executivo do YouTube em uma teleconferência com o Goldman Sachs. A empresa queria obter um investimento de 40 milhões e foi desmascarada quando o Goldman entrou em contato com o YouTube e confirmou que nenhum executivo da empresa estava participando da teleconferência.  


Aparentemente o Conselho de Administração da Ozy exigiu a demissão de Rao. A CNBC consultou Sharon Osbourne se ela seria investidora da empresa, conforme uma declaração do CEO da empresa em 2019. Sharon negou e informou ter recebido ações da empresa como parte de um acordo legal. 

O fechamento da empresa e a investigação de fraude aconteceram logo após. Rao, o falso executivo do YouTube, se declarou culpado; Watson, o principal executivo, foi preso e disse que era inocente. 

Mas a acusação inclui mentiras sobre o desempenho da empresa e fabricação de documentos. Na newsletter DealBook do NYTimes, uma questão interessante: 

ao nomear uma listagem de investidores no negócio - quando nem todos estivessem aportado dinheiro na empresa - o executivo estava sendo antiético. Mas esta prática é mais comum do que pensamos: quantas vezes um corretor imobiliário exagera nas pessoas que compraram um imóvel semelhante? ou quantas vezes uma empresa destaca que há um grande interesse por um produto? No mundo dos negócios isto chama-se blefe. 

Enquanto a fraude é condenável, o blefe é defensável. Mas qual a fronteira entre ambos? 

Foto: aqui

06 março 2023

Vantagens da moeda corrente

Em um texto sobre o uso de moeda corrente na Suíça, uma relação de três vantagens da moeda corrente:


Primeiro, o dinheiro torna o gerenciamento do seu dinheiro claro e simples. É mais fácil manter uma compreensão firme de seus gastos com notas e moedas. Você só precisa abrir sua carteira para ver se pode pagar despesas adicionais. É por uma boa razão que os pais geralmente dão dinheiro aos filhos em dinheiro. Por outro lado, quando você mantém um cartão de plástico em um terminal de pagamento, tudo o que vê é um valor que será debitado da sua conta em algum momento no futuro.

Segundo, graças à sua simplicidade de uso, o dinheiro permite que todos participem da economia na vida social. Você não precisa de uma conta ou telefone celular para pagar com moedas e notas, nem precisa de uma afinidade com a tecnologia digital.

Terceiro, ao pagar em dinheiro, você não precisa fornecer detalhes pessoais, como seu nome ou número do cartão. Com pagamentos eletrônicos, no entanto, são armazenadas informações sobre as pessoas que efetuam o pagamento e seu comportamento de pagamento.

A notícia é que pode existir um plebiscito para obrigar o governo a garantir as moedas e notas em quantidade suficiente e que qualquer tentativa de substituir o franco suíço por outra moeda só pode ser feito por referendo. Isto inclui moeda digital. 

Balanço Global

Assim como um balanço corporativo pode fornecer informações sobre a saúde financeira de uma empresa, um balanço global (GBS), contabilizando os ativos e passivos de governos, empresas, famílias e instituições financeiras, pode fazer o mesmo para economia mundial.

Este é o início do artigo publicado por Andrew Sheng, indicando a existência de um balanço global. Bom, na prática, o GBS não é tão global assim, já que combina dados de dez países, representando 60% do PIB. O GBS é calculado pela McKinsey Global Institute. 


O comparativo do GBS é realizado em termos de outra medida, no caso o PIB. O gráfico abaixo mostra que atualmente a China tem a maior parcela do balanço global, uma posição que já foi do Japão, nos anos 80. 

Sobre o fato do comparativo ser o PIB é natural que exista uma medida de "fluxo" - que seria esta medida econômica de produção. Neste caso, se o GBS corresponde ao Balanço, o PIB seria a DRE. O texto informa que os ativos correspondem a 18,1 vezes o PIB. Seria a medida inversa ao giro do ativo, que corresponderia dizer que os ativos mundiais provocariam uma geração de riqueza de 5%.

(Tenho dúvidas se isto tudo faz sentido. Seria necessário mais leitura sobre o tema)

Rir é o melhor remédio

 

Quando se aprende um pouco por dia e quando você tenta aprender tudo no mesmo dia. Fonte: aqui

05 março 2023

Curva do tempo está mudando?

 Parece que a curva da temperatura está mudando:

Aparentemente a temperatura média está mais elevada e há um aumento na variância. Ou seja, a curva da temperatura está mais achatada, com o deslocamento da média para o lado direito. É uma explicação para o problema ambiental? 




Rir é o melhor remédio

 Chatbot não irão substituir os advogados:

Fonte: aqui