Translate

20 dezembro 2020

Dívidas e redes sociais

 


Eis algo interessante que mostra o poder da rede social:

Quando os usuários baixam o aplicativo de empréstimos móveis do Quênia, OKash, os T & Cs discretamente dão permissão para acessar seus contatos. Se eles atrasarem o pagamento, o aplicativo passa a enviar mensagens a todos esses contatos - familiares, colegas, ex-parceiros - para envergonhar o usuário e fazê-lo pagar a dívida. [ Morris Kiruga via aqui] Imagem aqui

Rir é o melhor remédio

 

Qual o débito? Qual o crédito?

19 dezembro 2020

Aumento do poder do PCAOB


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou um lei que foi considerada, pela imprensa, contrária aos interesses das empresas chinesas com ações nas bolsas dos EUA. Segundo a lei, empresas estrangeiras que não cumprirem os padrões de auditoria dos EUA serão impedidas de serem listadas no mercado acionário. 

A China tem imposto restrições para fiscalização (auditoria, inclusive) das empresas chinesas, dificultando o trabalho do PCAOB, a entidade que fiscaliza a qualidade do trabalho de auditoria nos Estados Unidos. Assim, a auditoria de empresas chinesas geralmente é feita por chineses. 

Embora a lei se aplique a empresas de qualquer país, os apoiadores da lei miram companhias chinesas listadas no país, como Alibaba, a empresa de tecnologia Pinduoduo e a gigante de petróleoPetroChina. A legislação, como muitas outras que adotam uma postura mais dura em relação às empresas chinesas, foi aprovada pelo Congresso por grande vantagem neste ano. 

Padrões ambientais


Ontem foi um dia bem movimentado para quem acompanha que questão ambiental na contabilidade. Nada menos que cinco entidades lançaram um "protótipo" de padrões de evidenciação financeira vinculada ao clima. As entidades são:

Sustainability Accounting Standards Board, 
Global Reporting Initiative, 
International Integrated Reporting Council, 
Carbon Disclosure Project e 
Climate Disclosure Standards Board

O número de padrões na área ambiental é muito grande e existe uma pressão para um consenso entre as entidades. Existia também um compromisso de tentar chegar a uma harmonização entre eles. E mais, recentemente, o SASB e IIRC anunciaram planos de uma fusão e criação do Value Reporting Foundation (que divulgamos somente ontem, também, no blog). Além disto, a Fundação IFRS, que produz as normas internacionais de contabilidade financeira, também mostrou interesse em não perder a oportunidade. 

O documento das cinco entidades pode ser acessado aqui. Do sumário executivo destaco:

(...) o documento demonstra que o estabelecimento de padrões para divulgação financeira relacionada à sustentabilidade pode ser visto como uma extensão natural do papel atual da Fundação IFRS. O documento fornece uma visão de como essa ambição pode ser alcançada com base em estruturas e padrões já existentes. Oferecemos esse conteúdo na forma de protótipos, para que ele possa servir como uma contribuição técnica útil, tanto para os curadores da Fundação IFRS, quanto para o pensamento atual de formuladores de políticas globais, regionais e jurisdicionais. Em nossas observações finais, pedimos a todas as partes interessadas que se envolvam e sejam ativas na condução do progresso urgente que é necessário para um relatório corporativo abrangente.



Rir é o melhor remédio

 

Já lavou as mãos? 

18 dezembro 2020

Clima e Contabilidade


Duas notícias de novembro relacionam a questão do clima com a contabilidade. A primeira é a junção anunciada entre o International Integrated Reporting Council (IIRC) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB). Será criada a Value Reporting Foundation, cuja finalidade é ajudar as empresas nos relatórios corporativos abrangentes. A nova entidade irá promover o uso dos padrões do IIRC e do SASB. O número de padrões é elevado e há um desejo de reduzir um sistema alinhado em todo o mundo. 

A segunda notícia é que a Fundação IFRS publicou um documento onde mostra "que os requisitos IFRS existentes exigem que as empresas considerem questões relacionadas ao clima quando seu efeito é relevante para as demonstrações financeiras". Nesta publicação há exemplos de normas IFRS que tratam do assunto.

(Imagem aqui)

Proficiência em inglês

 A língua inglesa é cada vez mais útil e necessária. Como linguagem dos negócios, saber inglês deixou de ser uma vantagem comparativa e passou para condição de requisito essencial. Todo ano, o grupo de escola de inglês EF divulga o resultado da proficiência em inglês por país. Baseado no teste realizado pela escola (que é gratuito), é um bom sinalizador dos países com melhor escore nesta área. 

O ranking de 2020 está abaixo:

Em 100 países, o Brasil está na metade (53o.), mas com uma classificação considerada "baixa". Holanda e países nórdicos são destaque. No relato, a EF destaca uma melhoria da América Latina.

Desafios da implantação da IFRS 17


É de conhecimento de todos os efeitos da pandemia nas empresas. Nesta crise sanitária, as entidades reguladores foram tímidas nas medidas relacionadas com o Covid. No Iasb, a exceção de um ponto relacionado com o arrendamento, as normas continuaram com seu cronograma. Na realidade, percebemos que a entidade continua ávida de novas normas, agora buscando cobrir também a questão ambiental, social e de governança. O texto a seguir mostra os desafios da implantação da IFRS 17 em Portugal e mostra os desafios enfrentados pelas empresas: 

O surgimento da pandemia há nove meses veio impor uma rápida resposta das organizações para necessidades imediatas operacionais o que, aliado à decisão do IASB de diferir a data de entrada em vigor da IFRS 17, incluindo a extensão da exceção temporária da IFRS 9, veio desfocar algumas empresas dos planos para implementação daquelas normas.

A Covid-19 teve e está a ter, naturalmente, impacto nos recursos e calendários dos programas de implementação:

– A exigência acrescida como resposta à crise pandémica para os recursos já escassos, como contabilistas e atuários, pode ter realocado recursos da IFRS 17 a outros projetos;

– Os sistemas de TI necessitaram de ser atualizados para apoiar o trabalho remoto;

– Pode ter sido necessário desviar recursos de TI e CPU do sistema, armazenamento e capacidade de rede, inicialmente reservados para os projetos IFRS 17 e IFRS 9, para outras iniciativas mais urgentes para mitigar as consequências da Covid-19;

– As restrições de reuniões presenciais podem ter um impacto na necessidade de acesso mais fácil a fornecedores nestes projetos, podendo reduzir a eficiência das operações do dia a dia;

– As posições financeiras e de solvência das empresas foram stressadas, o que coloca pressão sobre os custos e sobre a alocação de orçamentos para a implementação da IFRS 17 e da IFRS 9;

– Alguns reguladores interromperam as consultas sobre o desenvolvimento dos planos de implementação das novas normas contabilísticas, retirando pressão.

O surto de Covid-19 aumentou significativamente a necessidade e a importância das técnicas de projeto ágil para garantir que se possa continuar a progredir conforme planeado e de rever frequentemente o plano geral de implementação à medida que a situação de pandemia evolui.

O estágio de preparação para a entrada em vigor das novas normas contabilísticas das empresas de seguros em Portugal é muito heterogéneo.

Aquelas que já tinham os seus planos de implementação em cursos estão a usar o tempo adicional para planear mais desenvolvimentos dos sistemas, testes, preparação de dados, execuções paralelas e formações dos utilizadores.

No entanto, para as seguradoras que ainda não iniciaram seus programas de implementação, ou que estão num estágio ainda inicial, o nosso conselho é que devem iniciar ou acelerar os projetos, sem demora, devido à complexidade da mudança necessária. É essencial que haja tempo necessário para realizar testes e execuções paralelas, assim como construir controlos suficientes sobre o processo de reporte financeiro IFRS end-to-end, e para partilhar atualizações e envolver os stakeholders chave (incluindo reguladores, auditores e analistas) sobre próximos passos e possíveis impactos.

À porta de 2021, muitas empresas estão ainda no processo de contratação dos fornecedores tecnológicos, seja para a componente atuarial, contabilística ou intermédia. Ainda que algumas empresas tenham levado a cabo as análises de avaliação de impacto financeiro da adoção das normas, ou planeiem ainda fazê-lo, o verdadeiro impacto só será conhecido depois das peças tecnológicas estarem implementadas e a produzir números e as decisões contabilísticas, em particular para a transição, estejam tomadas.

É premente um enfoque nos planos de trabalho, o seu ajustamento face ao impacto da pandemia e, nalguns casos, a aceleração dos programas, para garantir uma transição sem sobressaltos num contexto de mercado tão incerto.

Rir é o melhor remédio

 

Totalmente preparado para prova

17 dezembro 2020

Custo da eletricidade

 

Se for verdade é uma boa notícia. O custo - US$/MwH - da energia solar saiu de 359 dólares para 40, em 2019. Isto torna este tipo de energia o mais barato que existe hoje, com a vantagem de ser renovável. 

Se você quer saber como será o futuro, uma das perguntas mais úteis a se fazer é quais tecnologias seguem a Lei de Wright e quais não.

A maioria das tecnologias obviamente não segue a Lei de Wright - os preços das bicicletas, geladeiras ou usinas a carvão não caem exponencialmente à medida que produzimos mais deles. Mas aqueles que seguem a Lei de Wright - como computadores, energia solar fotovoltaica e baterias - são aqueles que devem ser observados. Eles podem ser encontrados inicialmente apenas em aplicações de nicho, mas algumas décadas depois eles estão em toda parte.

Se você não sabe que a tecnologia segue a Lei de Wright, você pode errar muito em suas previsões. No início da era da computação em 1943, o presidente da IBM, Thomas Watson, disse a famosa frase: “Acho que existe um mercado mundial para talvez cinco computadores”. Na faixa de preço dos computadores da época, isso talvez fosse perfeitamente verdade, mas o que ele não previu foi a rapidez com que o preço dos computadores cairia. De seu nicho inicial, quando talvez houvesse realmente apenas demanda por cinco computadores, eles se expandiram para mais e mais aplicativos e o ciclo virtuoso fez com que o preço dos computadores diminuísse cada vez mais. O progresso exponencial dos computadores expandiu seu uso de um pequeno nicho para a tecnologia definidora de nosso tempo.

Rir é o melhor remédio

Demonstrações contábeis saindo do Departamento de Contabilidade e chegando aos usuários externos

16 dezembro 2020

Mercado eficiente ou não?


Em uma listagem de fatos interessantes aprendidos no ano de 2020:

Em fevereiro, as ações da Zoom Technologies subiram 50%. Infelizmente, era a empresa errada. As ações da empresa de videoconferência estão listadas como ZM, não ZOOM, e a outra Zoom está fora do mercado há anos.

Via aqui. Eis o gráfico da cotação da Zoom Technologies em abril:

Este é um caso para questionar a eficiência do mercado. Como o mercado pode ser eficiente se confunde duas empresas distintas. 

Brasil: Década Perdida

 


Rir é o melhor remédio

 



15 dezembro 2020

Gambito da Rainha


O Gambito da Rainha é uma série sobre xadrez, moda e drogas. Conta a história de uma jovem talentosa pelo jogo, mas que para isto faz uso de remédios e, com o sucesso, veste de maneira impecável. São sete capítulos, com a duração aproximada de uma hora cada. 

Apesar de ter contado com a consultoria daquele que é um dos maiores enxadristas de todos tempos, Gary Kasparov, há alguns deslizes na história. Como no lance em que o jogador pede, para surpresa da jovem, o adiamento da partida. Antigamente, as partidas podiam ser adiadas quando chegassem no 40o. lance; assim, o pedido de adiamento não deveria ser algo inesperado, como parece ocorrer. Apesar deste (e de outros) detalhes (jogador de xadrez não usa chapéu de Indiana Jones, os lances dos xadrez são mais pensados e menos automáticos, a tradução de Gambito da Dama para Gambito da Rainha, entre outros), eu entendo que isto é uma liberdade do diretor para contar a vida de Beth Hammon (foto) de maneira mais agradável para o público. E a série realmente chama a atenção. 

Vale a pena? - A série não tem enrolação e agrada quem gosta e quem não conhece xadrez. Explica de maneira didática os lances mais importantes para entender o que está ocorrendo de maneira didática. Eu gosto muito de xadrez e acompanho os jogadores, os jogos e os torneios. Mas acho que o maior destaque foi o figurino. Sim, vale a pena.

Rir é o melhor remédio

 

Quando o Covid não for mais perigo... Você não deve esperar a aposentadoria para viajar

14 dezembro 2020

Experimentos sociais ou propaganda - 4

A empresa Momondo pediu que diversas pessoas, de diferentes lugares do mundo, indicasse sua origem. Muitos tiveram o orgulho de dizer que eram 100% de um raça (ou país), que sua família tinha lutado na guerra e outras coisas. A entrevistadora perguntou a cada pessoa se tinha algum país ou região que não gostava. Os entrevistados faziam um exame de DNA para verificar suas origens. Os resultados dos testes mostraram que nenhuma das pessoas era 100% de uma região/raça. Um golpe no preconceito e racismo.  

 Este vídeo foi visualizado por mais de 19 milhões de pessoas. Realizado em 2016.

11 dezembro 2020

Experimentos sociais ou propagandas - 3

Alguns comerciais parecem mais experimentos sociais. Este é o caso da Volks da Suécia. A empresa mostrou que as pessoas preferem a comodidade da escada rolante, em lugar de subir pela escada normal. Durante a noite, funcionarios colocaram teclas de piano na escada. Ficou divertido praticar exercício. Mais pessoas passaram usar a escada normal
   

 O vídeo teve mais de 1,5 milhão de visualizações, mas existem versões de outras cidades. Vídeo de 2009.

Airnb

A empresa Airnb é muito conhecida: compartilhamento de moradia. A empresa fez oferta pública e o resultado foi um sucesso:

Desde que a empresa se tornou um unicórnio (com valor maior de 1 bilhão de US$), o valor - baseado em ofertas privadas - tem aumentado. Em 2020, antes da oferta, a empresa teria um valor de 20 bilhões. A liquidez, proporcionada pela oferta, fez o valor disparar para 100 bilhões. Para Damodaran, isto seria excessivo. 

Adendo: aqui a reação do fundador da empresa, quando ficou sabendo da avaliação pelo mercado.

Rir é o melhor remédio

 

2021: você primeiro

10 dezembro 2020

Corrupção da Petrobras sob a visão do corruptor


A denúncia é antiga, mas agora um executivo de uma multinacional que corrompeu funcionários da Petrobras detalhou o que acontecia por aqui

 No Brasil, um executivo da Vitol entregou dinheiro a funcionários da Petróleo Brasileiro SA em troca do “número de ouro” – o preço que a Vitol deveria apresentar para vencer as licitações da estatal brasileira de petróleo. 

As revelações, oriundas de um acordo de ação penal assinado entre a unidade americana do Vitol Group e o Departamento de Justiça, fazem parte do chamado escândalo da Lava Jato no Brasil, descrito pelo chefe da Petrobras como “um MBA em corrupção”. 

Elas são um revés para todos os negociadores de commodities, minando seus esforços para se livrarem da reputação de má-fé que tem perseguido o setor desde os dias de Marc Rich, o pioneiro que passou duas décadas como fugitivo da justiça americana.  

“O risco que as empresas estão assumindo ao se verem comprometidas em tais escândalos é enorme”, disse Jean-François Lambert, consultor e ex-banqueiro de finanças comerciais. “Maus comportamentos simplesmente não são mais tolerados e tais irregularidades serão expostas mais cedo ou mais tarde”.  

Concordando em pagar pouco mais de US$ 160 milhões para reguladores nos Estados Unidos e no Brasil, a Vitol admitiu ter subornado funcionários do governo por mais de uma década, entre 2005 e 2020, mostram documentos do Departamento de Justiça.  

“Entendemos a seriedade do assunto e estamos satisfeitos que tenha sido resolvido”, disse Russell Hardy, CEO da Vitol. “Continuaremos aprimorando nossos procedimentos e controles.”  

A empresa pagou mais de US$ 8 milhões em subornos a executivos da Petrobras entre 2005 e 2014, de acordo com os documentos do Departamento de Justiça. Em troca, funcionários da petroleira brasileira passaram à empresa informações valiosas sobre suas licitações, incluindo o preço da maior oferta dos concorrentes.  

Isso significava que a Vitol poderia fazer uma oferta pelos derivados de petróleo da Petrobras exatamente ao preço que sabia que iria ganhar. Dentro da empresa, isto era conhecido como “número de ouro”, de acordo com os documentos do Departamento de Justiça. Em e-mails internos entre os operadores da Vitol, as informações dos funcionários da Petrobras eram marcadas como “PRIVADO E CONFIDENCIAL – POR FAVOR”, de acordo com um pedido da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities.  

A Petrobras afirmou que é vítima de crimes revelados pela investigação Lava Jato e está cooperando com as investigações.  

Em uma ocasião, no início de 2013, um executivo da Vitol no Brasil enviou por e-mail a seu colega em Houston o preço exato que um dos concorrentes estava cobrando por uma carga de diesel com alto teor de enxofre, segundo documentos do Departamento de Justiça. “Este é o número de ouro”, disse ele. “Ok, ótimo… vamos topar”, respondeu o operador.  

Os mecanismos que a Vitol empregou para pagar subornos não eram exatamente revolucionários.  

A Vitol SA, unidade suíça que administra grande parte das negociações da empresa, enviou dinheiro para empresas intermediárias por meio de contas bancárias nos Estados Unidos, Curaçao, Ilhas Cayman, Bahamas, Portugal e Brasil.  

Em algumas ocasiões, o dinheiro era convertido em moeda brasileira por um “doleiro”, um lavador de dinheiro profissional, antes de ser entregue em espécie a um negociador da Petrobras, segundo documentos do Departamento de Justiça.  

A Vitol e os indivíduos envolvidos no esquema criaram faturas falsas, mostrando que os pagamentos eram por serviços de consultoria e “inteligência de mercado”.  

Os comerciantes se comunicavam usando codinomes, como “Batman”, “Tiger”, “Phil Collins”, “Dolphin”, “Popeye” e “Beb”.  

“Empresas offshore, contratos de consultoria falsos, faturas falsas, contas de e-mail falsas – nada disso é novo”, disse George Voloshin, diretor de inteligência corporativa e investigações da Aperio Intelligence. “Os truques mudaram pouco desde o século passado”.  

Na semana passada, os promotores brasileiros entraram com uma ação civil contra a Trafigura e vários de seus principais executivos, alegando que a empresa também pagou subornos a executivos da Petrobras.  

A Trafigura disse que contratou o escritório de advocacia Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan LLP para analisar as alegações. Até agora, os investigadores da empresa acreditam que “quaisquer alegações de que a atual administração esteve envolvida ou tinha conhecimento de supostos pagamentos indevidos à Petrobras não são sustentadas pelas evidências e são falsas”.  

A Glencore, maior trader de metais do mundo, não quis comentar. Já havia dito que está cooperando com a investigação brasileira.  

Organizações não governamentais dizem que as investigações e o acordo da Vitol dão crédito aos seus apelos por uma maior supervisão regulatória sobre as empresas que negociam commodities na Suíça, onde a Glencore está sediada e a Vitol e a Trafigura têm operações importantes.  

O acordo de acusação da Vitol “ilustra vividamente os riscos concretos de corrupção representados pelo comércio de commodities”, disse Anne Fishman, especialista em commodities da ONG suíça Public Eye. “Em um setor onde prevalece a opacidade, as empresas suíças estão mais uma vez nas manchetes – e pelos motivos errados. Isso mostra que a regulamentação desse setor na Suíça está muito atrasada”.  

A Vitol terá de apresentar relatórios à Seção de Fraude do Departamento de Justiça pelo menos uma vez por ano durante três anos, sobre remediação e implementação de um programa de compliance e controles internos, disse o Departamento de Justiça.  

“A Vitol está comprometida em cumprir a lei e não tolera corrupção ou práticas comerciais ilegais”, disse Russell Hardy, CEO da Vitol.  

(Tradução de Renato Prelorentzou)

Experiência pessoal e subjetividade


A contabilidade sempre foi associada a precisão e racionalidade. A números que não mentem e que representam a realidade. Isto é verdadeiro em uma visão de uma entidade ou de um conjunto de entidades. Nos últimos anos temos o fortalecimento da experiência pessoal, sobrepondo a uma análise mais abrangente e geral da realidade. As pessoas tendem a tomar sua vida e algo que ocorreu no seu passado como uma verdade absoluta, como um caso que vale para todo mundo. 

Basicamente é o seguinte: se um evento X ocorreu comigo, passo a supor que o evento X é uma realidade para todos. Um artigo da Unheard, por um autor britânico, faz uma análise deste fato. A seguir, alguns trechos selecionados:

O viés da experiência pessoal das mídias sociais também se infiltrou nas formas mais tradicionais de mídia. Os programas de notícias rígidos, mas autorizados, de minha juventude deram lugar a notícias muito mais focadas na emoção e no interesse humano, algo muito evidente no auge da pandemia. (...)

E nossas escolas também não estão imunes. Recentemente, fui convidado para falar sobre o movimento Black Lives Matter para a sexta turma de uma escola particular para meninas no norte de Londres. Eu fiz o que considero um caso liberal de ceticismo sobre duas grandes suposições associadas ao BLM, primeiro que pouco mudou para os negros nos últimos 40 anos e, segundo, que afirmar que todos os brancos são privilegiados por sua raça é uma maneira útil de promover a igualdade racial.

Citei muitos fatos sobre o avanço dos negros e outras minorias na educação e no emprego, inclusive em empregos profissionais de elite - os britânicos minoritários agora têm maior representação na classe social superior do que os brancos. Eu apontei para a própria escola particular - metade branca, metade asiática - como evidência da relativa abertura da Grã-Bretanha. Isso não caiu bem.

Depois, um grupo de meninas veio até mim e me contou sobre suas experiências de racismo na vida cotidiana. É verdade que o tipo de microagressão de que eles falavam é difícil de capturar ou quantificar em dados objetivos. E para eles, suas experiências ruins inundaram minhas estatísticas de sucesso e eles sentiram que, dando prioridade a esses fatos agregados, eu estava mostrando respeito insuficiente por suas dificuldades individuais.

(...) apegar-se exclusivamente aos "dados" pode produzir uma espécie de cegueira sobre a emoção humana (...)

Por acaso, eu tinha uma consulta com meu fisioterapeuta mestiço no mesmo dia da minha palestra da sexta série. Acontece que ele está envolvido com um pequeno grupo chamado Clube de Saúde Cultural, que está tentando tornar sua profissão mais amigável à diversidade. Perguntei qual era o problema, e ele disse que a fisioterapia era muito branca e de classe média. Eu respondi que este é um país de classe média de maioria branca, então isso dificilmente é uma surpresa. Não, disse ele, mas será que eu percebi que apenas 3% dos fisioterapeutas eram negros? Eu não sabia disso, mas ele percebeu que, de acordo com o censo, apenas pouco mais de 3% da população do Reino Unido é negra (o que significa herança negra do Caribe ou da África negra). Não, ele não tinha percebido isso.

Ele entendeu meu ponto de vista e me pediu para enviar as estatísticas relevantes. Ele mora em uma parte minoritária de Londres, onde é fácil presumir que a população negra do país é muito maior do que realmente é. Eu uso este exemplo não para desafiar ou menosprezar sua realidade - ele me contou sobre uma experiência horrível de ser rejeitado por um paciente por causa de sua raça - mas para sugerir que no argumento democrático a experiência subjetiva precisa ser combinada com algum conhecimento do quadro geral .

Algumas das questões colocadas no artigo são polêmicas - o próprio autor (Goodhart) concorda. Mas não devemos deixar de parar e pensar sobre o assunto. O recado é olhar um pouco além desta subjetividade. 

Mas fiquei me perguntando se isto não seria uma reação ao excesso de objetividade do mundo moderno. 

Contabilidade? - Tenho observado [isto é subjetivo] que os leitores das pesquisas acadêmicas gostam de artigos que contam histórias. Algumas pesquisas na área comportamental mostraram uma entidade do terceiro setor consegue uma maior contribuição dos seus parceiros quando é mais subjetivo, contando um caso de uma pessoa que será beneficiada pela entidade. Citar números não é atrativo para as pessoas. Este é um ponto aproveitado para manipular as pessoas. A subjetividade da experiência pessoal talvez seja, em essência, manipuladora. 

Ideias da Estatística mais importantes dos últimos 50 anos

 Resumo:


We argue that the most important statistical ideas of the past half century are: counterfactual causal inference, bootstrapping and simulation-based inference, overparameterized models and regularization, multilevel models, generic computation algorithms, adaptive decision analysis, robust inference, and exploratory data analysis. We discuss common features of these ideas, how they relate to modern computing and big data, and how they might be developed and extended in future decades. The goal of this article is to provoke thought and discussion regarding the larger themes of research in statistics and data science.




Rir é o melhor remédio

 

Dormir? Uma nova proposta de pronunciamento.

09 dezembro 2020

Educação Financeira


Assumimos que é importante expandir a educação financeira. Aplaudimos os esforços de entidades públicas, como a CVM, no sentido de levar o conhecimento de finanças para as pessoas. Mas esquecemos de perguntar se isto é válido. 

Se a educação financeira não trouxer resultado nas finanças pessoais das pessoas, o esforço de ensinar finanças pessoais pode ser um gasto inútil. Recentemente uma pesquisa mostrou que o conhecimento financeiro pode aumentar a desigualdade ao longo da vida, sendo relevante para pessoas mais velhas, mulheres e pessoas com menor renda. 

Eis o abstract:

We administered the FINRA Foundation’s National Financial Capability Study questionnaire to members of the RAND American Life Panel (ALP) in 2012 and 2018. Using this unique, longitudinal data set, we investigate the evolution of financial literacy over time and shed light on the causal effect of financial knowledge on financial outcomes. Over a six-year observation period, financial literacy appears to be rather stable, with a slight tendency to decline at older ages. Moreover and importantly, financial literacy has significant predictive power for future financial outcomes, even after controlling for baseline outcomes and a wide set of demographics and individual characteristics that influence financial decision making. This estimated relationship is significantly stronger for older individuals, for women, and for those with lower income than for their counterparts in the study. Altogether, our findings suggest that differences in the stock of financial knowledge may lead to increasing inequality over the life course.

Contabilidade? - No passado, finanças pessoais foi uma das maiores aplicações das partidas dobradas. A educação financeira pode atrair atenção para a importância da contabilidade. 

5 bons livros para um ano péssimo


Segundo Bill Gates, em tempos difíceis os leitores ávidos recorrem a diferentes tipos de leitura para enfrentar a vida. Este ano ele optou em alguns momentos por se aprofundar em injustiças, como aquelas que envolvem os protestos Back Lives Matter, enquanto em outros preferiu leituras mais leves. Como resultado, surgiu uma lista com a indicação de 5 livros para serem lidos em um ano difícil.

A nova segregação: racismo e encarceramento em massa, por Michelle Alexander. (E-book: R$43,11)
Como muitos brancos, Gates tentou aprofundar sua compreensão do racismo sistêmico nos últimos meses. O livro de Alexander oferece um olhar revelador sobre como o sistema de justiça criminal visa injustamente as comunidades de cor, especialmente as comunidades negras. É especialmente bom para explicar a história e os números por trás do encarceramento em massa. Segundo Gates, ele estava familiarizado com alguns dos dados, mas Alexander realmente ajuda a colocá-los em contexto. Ele terminou o livro mais persuadido do que nunca de que precisamos de uma abordagem mais justa para as sentenças e de mais investimento nas comunidades negras.


Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas, por David Epstein. (E-book: R$ 29,90)
Gates começou a seguir o trabalho de Epstein após assistir sua palestra em um TED talk em 2014 sobre desempenho nos esportes. No livro, Epstein argumenta que embora o mundo aparente demandar mais e mais especialização, o que realmente necessitamos são pessoas que começam de forma ampla e abraçam experiências e perspectivas diversas enquanto progridem. Gates acredita que as ideias deste livro explicam um pouco do sucesso da Microsoft, pois eles contrataram pessoas que tinham grande amplitude em seu campo e em todos os domínios. Se você já se sentiu um generalista sozinho em um mundo de especialistas, este livro é para você.



O Esplêndido e o Vil, por Erik Larson. (E-book: R$35,91)
Às vezes, os livros de história acabam parecendo mais relevantes do que seus autores poderiam ter imaginado. Esse é o caso com este relato brilhante dos anos 1940 e 1941, quando os cidadãos ingleses passavam quase todas as noites em abrigos improvisados enquanto a Alemanha jogava bombas massivas sobre eles. O medo e a ansiedade que sentiram - embora muito mais graves do que o que estamos experimentando com COVID-19 - soavam familiares. Larson dá uma ideia de como foi vivenciar esses ataques e faz um ótimo trabalho ao traçar o perfil de alguns dos líderes britânicos que os acompanharam durante a crise, incluindo Winston Churchill e seus conselheiros mais próximos. Seu escopo é muito estreito para ser o único livro que você vá ler sobre a Segunda Guerra Mundial, mas é uma grande adição à literatura focada nesse período trágico.


O Espião e o Traidor: A Maior História de Espionagem da Guerra Fria, por Bem Macintyre. (E-book: R$35,88)
Este relato de não ficção concentra-se em Oleg Gordievsky, um oficial da KGB que era um agente duplo dos britânicos, e Aldrich Ames, o vira-casaca americano que provavelmente o traiu. A recontagem de suas histórias por Macintyre não vem apenas de fontes ocidentais (incluindo o próprio Gordievsky), mas também da perspectiva russa. É tão emocionante quanto meus romances de espionagem favoritos.

Breath from Salt: A Deadly Genetic Disease, a New Era in Science, and the Patients and Families Who Changed Medicine Forever, por Bijal P. Trivedi. Sem edição em português.
Acompanho a luta contra a fibrose cística há duas décadas, desde que um ex-colega da Microsoft me ensinou sobre a doença e algumas pesquisas de ponta para tratá-la. Mas aprendi muito com esse relato, que me ajudou a entender muito mais sobre todas as pessoas envolvidas no desenvolvimento de medicamentos para tratar essa doença pulmonar horrível. Você encontra cientistas, advogados, cuidadores e muito mais. É um livro inspirador e uma prova do que é possível quando líderes apaixonados unem as pessoas em uma causa comum.

Rir é o melhor remédio

 

Antes e depois do café

08 dezembro 2020

Aramco: mercado x análise


Uma análise sobre a situação atual da Aramco mostra uma situação ruim:

Como resultado direto da decisão da MbS [princípe da Arábia Saudita] de prosseguir com mais uma guerra de preços do petróleo, ao mesmo tempo que a pandemia COVID-19 estava ganhando ritmo e destruindo a demanda por petróleo, as finanças da Aramco sofreram um golpe massivo. Para o primeiro semestre deste ano, a empresa viu uma queda de 50 por cento no lucro líquido e no início deste mês, relatou outra queda maciça nos lucros de 44,6 por cento no terceiro trimestre, caindo para SAR 44,21 bilhões (US $ 11,79 bilhões) de SAR79,84 bilhões no mesmo período do ano passado. (...)

Este enorme pagamento garantido de dividendos de US $ 18,75 bilhões por trimestre - US $ 75 bilhões por um ano inteiro - terá que ser pago por meio de cortes orçamentários além dos US $ 15 bilhões em gastos de capital anual da Aramco aludidos pelo CEO da Aramco, Amin Nasser, logo após o primeiro semestre, os números dos lucros foram revelados. Isso reduzirá o total de cerca de US $ 40 bilhões para cerca de US $ 25 bilhões. Relatórios posteriores indicam que mesmo esse valor de US $ 25 bilhões deverá ser reduzido em outros US $ 5 bilhões, levando o gasto total de capital neste ano de US $ 25 bilhões para US $ 20 bilhões.

(...) Para colocar isso de forma ainda mais clara: o lucro total da Aramco para o terceiro trimestre não pode nem mesmo cobrir os dividendos que ela deve para o mesmo trimestre, nem mesmo dois terços dele!

Ou seja, a Aramco está em dificuldades. Mas eis a cotação da empresa nos últimos meses:
Faz sentido? O mercado valorizou as ações da empresa ao longo de 2020. Parece que a análise acima não faz sentido. Mas duas possibilidades aqui. Primeiro, por enquanto a empresa ainda consegue pagar seus dividendos e os investidores talvez apostem que isto irá continuar. Quando surgir a possibilidade de não pagamento de dividendos, a empresa poderá sofrer uma grande redução no seu preço. A segunda possibilidade é que a análise está olhando somente o curto prazo. 

Melhores livros de negócios e economia em 2020, segundo a The Economist

 




Lista de livros do ano publicado pela The Economist: negócios e economia

No Filter. Por Sarah Frier – ainda não disponível em português 
Baseando-se na proximidade da autora de insiders no Instagram, esta é uma visão viva e reveladora de como o mundo passou a se ver através das lentes da plataforma. Sua história inclui vislumbres da estranheza do Vale do Silício e um relato da venda do Instagram para o Facebook - e suas consequências amargas.

A Regra é Não Ter Regras. Por Reed Hastings e Erin Meyer – R$ 16,73 (e-book)
Férias ilimitadas e nenhum limite formal de despesas soam como uma receita para o caos corporativo. Em um livro raro de um executivo-chefe que é tanto legível quanto esclarecedor, o chefe da Netflix - e seu coautor - explica como ele chegou a essas e outras regras radicais de gerenciamento e por que elas não são tão malucas quanto parecem.


The Price of Peace. Por Zachary Carter – ainda não disponível em português
Este retrato de John Maynard Keynes maravilhosamente escrito traça a evolução de seu pensamento sobre economia política. A obra reformula suas contribuições para a vida intelectual do século 20 de uma forma esclarecedora e mais fiel ao seu pensamento do que a maioria dos relatos prestados em sala de aula.


The Myth of Chinese Capitalism. Por Dexter Roberts – ainda não disponível em português
Uma visão nua e crua dos migrantes rurais que alimentaram o longo boom da China, mas continuam sendo cidadãos de segunda classe. O autor combina uma análise afiada com a história de uma família que ele acompanhou por duas décadas.


Fully Grown. Por Dietrich Vollrath – ainda não disponível em português
Um estudo abrangente e original da desaceleração do crescimento econômico nos Estados Unidos nas últimas décadas. O autor atribui isso ao esgotamento dos retornos da disseminação da educação e da entrada das mulheres no mercado de trabalho, e da mudança para os serviços à medida que as pessoas enriquecem. Essas tendências são bem-vindas, ele argumenta: a falta de frutas ao alcance da mão significa que você colheu todas com sucesso.


Open: The Story of Human Progress. Por Johan Norberg – ainda não disponível em português
O progresso depende da abertura, afirma este livro, mas isso cria uma reação, uma vez que as pessoas estão programadas para temer mudanças rápidas. O autor organiza a captura de exemplos de todos os continentes e épocas, terminando com uma nota otimista e oportuna. Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de demagogos populistas que querem levantar pontes levadiças - mas esses líderes acabam perdendo o poder porque são péssimos em governar.

Impostos, Mentiras e Computador

Quando o ser humano interage com a máquina, de que forma seu comportamento se altera? Já sabemos que quando um elogio de um computador possui o mesmo efeito para o usuário, mesmo ele sabendo que é uma máquina que o está bajulando. Sabemos que a bajulação também funciona na contabilidade. 

No mundo em que muitas tarefas são executadas por softwares, saber se o comportamento das pessoas muda com este tipo de comunicação é importante. O preenchimento de uma declaração de imposto de renda, quando feita através de um programa computacional, traz o mesmo resultado, em relação ao imposto se for feito por um ser humano? Como a questão tributária é um campo fértil para a mentira, será que o contribuinte mente mais quando é uma máquina que faz seu imposto ou quando é um ser humano?

Esta última questão foi objeto de uma pesquisa, recentemente publicada em um jornal de ética. Eis o abstract (via aqui):

Individuals are increasingly switching from hiring tax professionals to prepare their tax returns to self-filing with tax software, yet there is little research about how interacting with tax software influences compliance decisions. Using an experiment, we examine the effect of preparation method, tax software versus tax professional, on willingness to lie. Results from a structural equation model based on data collected from 211 actual taxpayers confirm the hypotheses and show individuals are more willing to lie to tax software than a human tax professional. Our results also suggest this effect is jointly mediated by perceptions of social presence and the perceived detectability of the lie. Beyond the practical implications for tax enforcement, our findings broadly contribute to accounting and other literatures by examining the theoretical mechanisms that explain why individuals interact differently with computers versus humans. We also extend prior research on interactions between humans and computers by examining economically motivated lies.

Are Individuals More Willing to Lie to a Computer or a Human? Evidence from a Tax Compliance Setting - Ethan LaMothe & Donna Bobek - Journal of Business Ethics, November 2020, Pages 157-180

Experimentos sociais ou propaganda? - 2

Algumas propagandas parecem mais um experimento social. Este é o caso da Dove Real Beauty Sketches. Um desenhista da polícia faz um desenho de uma mulher (as cegas), segundo a descrição dela. Depois, uma pessoa fazia a descrição desta mesma mulher e era feito um novo desenho. A diferença dos dois desenhos era sempre desfavorável àquele que foi obtido pela descrição da própria mulher. As mulheres tinham um tendência a exagerar nas suas falhas.
   

Este vídeo já teve mais de 69 milhões de visualizações no Youtube e versões em diversas línguas, inclusive portuguesa. Origem: 2013.

Rir é o melhor remédio

 


07 dezembro 2020

Divulgação Financeira na Era da Inteligência Artificial

In How to Talk When a Machine Is Listening: Corporate Disclosure in the Age of AI the authors explore some of the implications of this trend. Rather than focusing on how investors and researchers apply machine learning to extract information, this study examines how companies adjust their language and reporting in order to achieve maximum impact with algorithms that are processing corporate disclosures.

To gauge the extent of a company’s expected machine readership, the researchers use a proxy: the number of machine downloads of the company’s filings from the US Securities and Exchange Commission’s electronic retrieval system. Mechanical downloads of corporate 10-K and 10-Q filings have increased exponentially, from 360,861 in 2003 to around 165 million in 2016. Machine downloads have become the dominant mode during this time — increasing from 39 percent of all downloads in 2003 to 78 percent in 2016.

The researchers find that companies expecting higher levels of machine readership prepare their disclosures in ways that are more readable by this audience. “Machine readability” is measured in terms of how easily the information can be processed and parsed, with a one standard deviation increase in expected machine downloads corresponding to a 0.24 standard deviation increase in machine readability. For example, a table in a disclosure document might receive a low readability score because its formatting makes it difficult for a machine to recognize it as a table. A table in a disclosure document would receive a high readability score if it made effective use of tagging so that a machine could easily identify and analyze the content.

Companies also go beyond machine readability and manage the sentiment and tone of their disclosures to induce algorithmic readers to draw favorable conclusions about the content. For example, companies avoid words that are listed as negative in the directions given to algorithms.

[...]

Both results demonstrate that company managers specifically consider machine readers, as well as humans, when preparing disclosures.

Machines have become an important part of the audience not just for written documents but also for earnings calls and other conversations with investors. Managers who know that their disclosure documents are being parsed by machines may also recognize that voice analyzers may be used to identify vocal patterns and emotions in their commentary. Using machine learning software trained on a sample of conference call audio from 2010 to 2016, the researchers show that the vocal tones of managers at companies with higher expected machine readership are measurably more positive and excited.

Faleceu Sarbanes

Paul Sarbanes, ex-senador por Maryland, faleceu, aos 87 anos. O legislador ficou conhecido por ter conduzido, juntamente com Oxley, uma norma para impedir que escândalos contábeis, com o da Enron, se tornasse padrão no mercado dos Estados Unidos.

Pandemia aumentou o preço dos cães

 

O preço de compra de cães de raça aumentou durante a pandemia. A figura acima mostra a relação no terceiro trimestre de 2020 em relação ao terceiro trimestre de 2019. Um Terrier aumentou 170%, o mesmo percentual da moeda Bitcoin. Isto também fez aumentar a receita de veterinários e de empresas de rações. Afinal um gato custa (dados da Inglaterra) entre 7.500 libras e 10 mil libras. Um cão tem um custo de 17 mil libras. 

Os benefícios devem ser destacados:

Uma pesquisa recente com 6.000 proprietários de animais de estimação no Reino Unido pela Universidade de York e pela Universidade de Lincoln descobriu que todos os animais de estimação - sejam coelhos, roedores ou mesmo répteis - aliviaram a sensação de solidão durante o primeiro bloqueio pandêmico na primavera. Cavalos, cães e gatos pareciam fornecer o maior conforto, mas o vínculo emocional sentido com pássaros e cobaias não ficava muito atrás.

Rir é o melhor remédio

 

Quem apareceu primeiro? É o grande dilema

06 dezembro 2020

Experimentos sociais ou propaganda - 1

Em muitas propagandas, o anunciante aproveita para fazer um especie de experimento social. Existem alguns exemplos interessantes. A cerveja Carlsberg encheu um cinema de "bad boys", pessoas com uma "aparência" feia, exceto dois lugares. Casais entravam no cinema e olhavam a plateia. Alguns saíram, ficaram incomodados com aquele ambiente. Outros, "corajosos", sentaram nos assentos disponíveis. Aparência importa?
Este filme já teve mais de 22 milhões de visualizações

Rir é o melhor remédio

 

estudar o CPC

05 dezembro 2020

Privatização da CEB

Esta semana ocorreu a privatização da CEB-Distribuidora. Em 2017, publiquei, em co-autoria com Amanda Schmidt, um artigo com o seguinte resumo:

Esta pesquisa tem como propósito demonstrar como a ferramenta de avaliação de empresas, pelo método do fluxo de caixa descontado, pode ser utilizada com a finalidade de avaliar a qualidade dos gastos públicos realizados sob a forma de investimentos em empresas estatais. A pesquisa consistiu em um estudo de caso de uma empresa brasileira do setor de energia elétrica, a CEB Distribuição S.A., subsidiária integral de uma sociedade de economia mista. O valor da empresa foi calculado com base em premissas determinadas a partir da análise do desempenho histórico da entidade e projeções macroeconômicas obtidas de outras fontes. Ressalta-se que foram utilizadas somente informações disponíveis ao público. O valor obtido como resultado indica que a entidade analisada não está gerando o retorno financeiro desejável em vista dos recursos públicos nela investidos e permite inferir que o valor recuperável do investimento da controladora nessa empresa é menor do que o valor contábil reconhecido. Essa conclusão pode servir como guia de ação na área pública, pois demonstra a necessidade de melhoria da qualidade dos gastos públicos realizados na empresa analisada, situação que pode se estender a outras empresas estatais brasileiras. Desta forma, sugere-se que sejam realizadas pesquisas utilizando esta metodologia para analisar outras empresas estatais do país.

O valor obtido no leilão foi muito alto e isto pode ser explicado por dois fatores. Primeiro, a maldição do vencedor. Existindo disputa em um leilão, o lance vencedor geralmente significa um valor acima do razoável. O segundo fator é que a análise foi realizada tendo por premissa a história da CEB como empresa pública, com suas ineficiências. O vencedor do leilão está apostando que consegue "ganhos" de produtividade/gestão. 

Origem da palavra Office e a contabilidade


 

Da coluna de Sérgio Augusto, um detalhe curioso sobre a origem da palavra "office"

“O ser humano não foi criado para viver num cubículo, mirando uma tela de computador”, critica Sakal, com quem também aprendi que a palavra “office” deriva do italiano “uffizi” e é de origem florentina. Era na Galeria degli Uffizi que se fazia e guardava a contabilidade mercantil dos Médici, no século 16.

Sérgio Augusto comenta a capa da New Yorker, de Adrian Tomine. 

Rir é o melhor remédio

04 dezembro 2020

Eleição e emprego público no Brasil


Uma pesquisa que pode interessar para aqueles da área pública:

In all modern bureaucracies, politicians retain some discretion in public employment decisions, which may lead to frictions in the selection process if political connections substitute for individual competence. Relying on detailed matched employer-employee data on the universe of public employees in Brazil over 1997–2014, and on a regression discontinuity design in close electoral races, we establish three main findings. First, political connections are a key and quantitatively large determinant of employment in public organizations, for both bureaucrats and frontline providers. Second, patronage is an important mechanism behind this result. Third, political considerations lead to the selection of less competent individuals. 

Citação

Colonnelli, Emanuele, Mounu Prem, and Edoardo Teso. 2020. "Patronage and Selection in Public Sector Organizations." American Economic Review, 110 (10): 3071-99. DOI: 10.1257/aer.20181491

Aqui um resumo didático do artigo. 

SEC faz pagamento milionário a denunciante


Um dos mecanismos mais eficientes (e baratos) para combater o crime é denúncia. Algumas agências governamentais no mundo pagam para as denúncias que, se forem verdadeiras e fundamentadas, ajudarem no combate a fraude, corrupção e outros. Entretanto, muitas vezes as entidades não usam esta arma para ajudar na sua tarefa de defender a sociedade ou uma organização. O caso mais recente foi a Wirecard, empresa alemã, onde um funcionário chegou a denunciar a fraude contábil antes que a mesma se tornasse notícia e provocasse o grave problema para a empresa. 

Sobre isto, a SEC, entidade que fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos, acaba de pagar 114 milhões de dólares para uma pessoa que fez uma denúncia e colaborou em um caso de fraude. Trata-se do maior prêmio já pago a um denunciante. A SEC não forneceu os detalhes, nem o nome da empresa envolvida. 

"Este hito atestigua el compromiso de la Comisión de recompensar a los denunciantes que brindan a la agencia información de alta calidad", dijo el presidente de la SEC, Jay Clayton, quien reiteró el compromiso de la institución para que aquellas personas cuyas denuncias ayuden a destapar nuevos fraudes "de la manera más rápida y eficiente posible".

"Las acciones del denunciante premiado fueron extraordinarias", agregó Jane Norberg, responsable de la Oficina de Denunciantes de la SEC, quien destacó que "después de informar internamente sobre su inquietudes, y a pesar de las dificultades personales y profesionales, el denunciante alertó a la SEC y a otra agencia acerca de las irregularidades y brindó asistencia sustancial y continua que resultó fundamental para el éxito de las acciones".

Rir é o melhor remédio

 

Comercial de site de namoro, onde o diabo conhece uma garota, 2020, e ocorre "match". Via aqui. Lançado dia 2, já tinha milhões de visualizações no YouTube. 

03 dezembro 2020

Sobre a questão da previsão

A recente eleição do presidente dos Estados Unidos trouxe uma discussão sobre as pesquisas eleitorais. A vitória de Biden parecia bem mais fácil nas pesquisas do que foi na prática. Na eleição passada, as pesquisas tinham apostado em Clinton, mas Trump venceu. 

Entre as discussões, um texto trouxe alguns considerações interessantes:

Uma previsão cuidadosamente construída é (muito provavelmente) melhor do que a alternativa. Ou, para citar uma frase de Bill James que Andrew usou, “A alternativa para boas estatísticas não é nenhuma estatística, são estatísticas ruins”.

O que aconteceria se não houvesse previsões profissionais de grupos como a equipe do Economist ou analistas profissionais como Nate Silver? (...) Ou talvez eles questionem ansiosamente amigos e vizinhos (na verdade, provavelmente há algumas informações valiosas lá , mas apenas se agregarmos as pessoas!), Ou extrapolem a partir da atenção dada aos candidatos na televisão pública, ou quantos sinais eles veem em pátios ou janelas próximos , ou examinar folhas de chá, observar entranhas de animais mortos, etc. 

Uma alternativa que já existe são os mercados de previsão. Mas é difícil argumentar que eles são mais precisos do que uma previsão cuidadosamente construída [isto é controverso]. (...)

Imagem aqui

Como um classificado revelou que a empresa não estava bem



Em fevereiro deste ano, antes da pandemia, nós postamos sobre a proposta da empresa Quibi. A empresa foi fundada em 2018 e tinha no comando Jeffrey Katzenberg (produtor de Aladin, Rei Leão e outros) e Meg Whitman (ex-CEO da HP). Seu objetivo era produzir filmes de curta duração, 10 minutos cada, com grandes estrelas de Hollywood (Spielberg, Zac Efron e outros). 

Parecia que tinha tudo para dar certo. Mas alguns meses depois do lançamento, a empresa fechou. Qual a razão? Problemas sérios de marketing e com o desenho do produto. Por exemplo, os filmes produzidos não podiam ser vistos nos computadores e TV, somente no celular. Havia a concorrência do YouTube, que é gratuito e possui um catalogo enorme. E gastos fora de controle: 6 milhões de dólares para Reese Whiterspoon narrar um programa de animais. Outro exemplo: uma série com Laurence Fishburne e Stephan James, custou US $ 15 milhões por 15 episódios de 10 minutos cada; um episódio de Stranger Things, da Netflix, custa no máximo 8 milhões, mas com 45 minutos de duração. 

Neste história recente, um caso bem "interessante". Os funcionários ficaram sabendo que a empresa não estava bem graças a um anúncio de classificados. (Veja como uma informação, aparentemente fora do contexto, pode ser reveladora)

Whitman, a CEO, mudou para Los Angeles depois de ter sido recrutada por Katzenberg. Logo após o lançamento do Quibi, Whitman discursou para sua equipe sobre uma reformulação do produto. Ao mesmo tempo, em agosto, Whitman colocou sua casa à venda. Mas o anúncio do fechamento da empresa só ocorreu em outubro. 

Contabilidade? - Lidamos com informação e esta pode surgir dos mais diferentes lugares. Ao anunciar, discretamente, a venda da sua casa, Whitman indicou que a empresa Quibi não tinha futuro. 

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

02 dezembro 2020

Coisas que aprendi remando


Há três anos resolvi praticar um esporte diferente: o remo. A pandemia afastou da atividade, mas sempre pensei em postar sobre as coisas que aprendi remando. 

1. Remo é fácil - Eu lembro que há muitos anos tive vontade de aprender tênis. Fui conversar com um professor e ele disse: em seis meses você estará trocando bola. Achei muito longo e complicado, apesar de ser, até certo ponto, verdadeiro. O remo é um esporte fácil de aprender e praticar. Um neófito conseguirá aprender os movimentos em menos de uma hora. Depois disto, é só entrar em um barco e aproveitar. 

2. Remo é um esporte para panturrilha e abdômen - Esta talvez seja a maior surpresa para aqueles que nunca fizeram este esporte. As pessoas pensam que um remador precisar ter braços fortes. Mas o local onde o remador senta no barco é móvel e isto faz com que os músculos mais exigidos sejam a batata da perna e o abdômen. 

3. Existem dois tipos de remadores - A melhor classificação de remador é aquela que separa os praticantes em dois grupos: aqueles que nunca viraram seu barco e os que já viraram. Basta um descuido ou um vento mais forte para você sair do primeiro grupo. No meu caso, aconteceu no dia que estava mudando para um barco mais leve e o tempo mudou. É bastante vergonhoso chegar todo molhado. 

4. Você pratica o esporte com o tênis desamarrado - Uma das regras de segurança é que você deve subir no barco com o tênis desamarrado. O remador tem os pés presos ao barco e caso "a canoa virar", o remador não fica preso ao barco. É uma medida de segurança. 

5. Quanto mais fino o barco, mais rápido e mais instável - Os iniciantes geralmente apreendem o equilíbrio com barcos mais largos. À medida que praticam a atividade, vão evoluindo para barcos mais estreitos. Estes barcos são rápidos, mas também são mais instáveis, exigindo maior equilíbrio. 

6. Você anda de ré - Remar é como andar de carro de marcha ré. Isto significa que você não está olhando para onde está indo, sendo necessário ter um certo senso de localização. Os iniciantes tendem a virar muito a cabeça, tentando ver se o barco está indo em linha reta. Por conta disto, eventualmente há acidentes como: tocar o barco na margem (ou em uma ilha), passar perto de outro barco, remar de forma sinuosa, etc. 

7. O remo pode ser praticado coletivamente - O normal é a prática do remo individual, mas existem possibilidades de praticar o esporte com mais pessoas. O mais divertido, na minha opinião, é a canoa havaiana, com 12 ou mais pessoas.

8. Não é um esporte caro - Em um clube de remo, você paga a mensalidade e pode usar os barcos. No clube que praticava, isto dava direito a usar o equipamento a qualquer hora do dia, entre seis da manhã até as seis da tarde, sem limite de horário. Não há um "exigência" de um roupa específica (pode ser interessante, mas não é fundamental). 

9. Remadores detestam usar coletes - Remadores são propensos ao risco. Não gostam de usar coletes - acham que atrapalham os movimentos. Eu sempre usei: mesmo sabendo nadar, o colete pode ser sua salvação em caso de passar mal durante a atividade. É interessante que, por diversas vezes, pessoas perguntavam se eu sabia nadar. Por estar usando meu colete.

10. Velocidade do vento - A velocidade do vento pode determinar a qualidade da pratica do remo. Quando a velocidade é baixa, a água fica calma e é bastante tranquilo remar. Se estiver ventando muito, a água fica turva, aumentando o risco do barco virar. Geralmente o serviço de meteorologia divulga esta informação. 

11. Saindo contra o vento - O ideal é sair para remar na direção contrária ao vento. É aplicação prática do ditado: "para baixo todo santo ajuda". Quando você estiver voltando, é bastante provável que o vento esteja favorável; você está mais cansado, o vento a favor vai ajudar. 

12. Remar é relaxante - Além da atividade física, o remo é bastante relaxante. Se você fizer a atividade em um lago, por exemplo, enquanto pratica o esporte, poderá contemplar a natureza. Quantas vezes estava remando e pensando em um dia escrever um texto sobre as coisas que aprendi remando...

(Foto: Célio Dias, atleta. Professor de remo do clube onde aprendi remo)

Podcast Ciência Aberta


O podcast Ciência Aberta foi um dos mais ouvidos no Spotify, categoria Science, este ano. É uma grande conquista da ideia da professora Dra. Ducineli Regis Botelho. Criado na metade do ano, em plena pandemia, o podcast tem uma estrutura bem interessante. Um ou dois alunos de graduação leem uma dissertação ou tese. A partir da leitura, elaboram questões para o aluno e seu orientador. Estas perguntas são respondidas como se fosse um bate papo. 

Como as questões são apresentadas pelos alunos, há uma curiosidade natural no diálogo que se estabelece entre entrevistadores, discente da pós-graduação e orientador. Alguns dos episódios duraram quase uma hora e meia; outros ficaram mais curtos. Talvez exista aí uma fase natural de consolidação do podcast. 

Até o Ciência Aberta, eu confesso que não tinha escutado nenhum podcast. Depois da iniciativa da Ducineli, isto pareceu ser algo natural; uma atividade que pode ser feita enquanto você caminha ou está lavando os pratos sujos. Você pode encontrar os episódios em diversos serviços de podcast. 

(Folder com a imagem da minha participação com a Mariana Bonfim)