Fonte: Aqui
21 novembro 2020
20 novembro 2020
A Língua da Economia
Blair Fix faz uma interessante análise das palavras usadas na economia. Ele usa alguns dos livros que são adotados no ensino da disciplina e compara com os outros livros publicados (inclusive literatura). Por exemplo:
A palavra preço aparece 13.900 vezes (em um milhão de palavras) nos livros de economia; mas só aparece 296 vezes (também em um milhão) nos demais livros. Ou seja, a frequência relativa é de 46,9 ou 13900/296. Isto indica que palavra é muito utilizada nos livros de economia. Parece óbvio, pois trata-se do jargão da disciplina. Já a palavra ciência ocorre menos na economia do que nos demais livros. Aqui Fix observa que isto talvez seja um reflexo do fato da economia ser uma pseudo-ciência.
Observe que a última coluna da tabela é mais importante, pois relaciona o uso de um termo na economia com os demais livros. "Murder" (assassino) parece não interessante muito a economia quanto as demais obras. "Ditchdigger" (escavador de valas) é um termo muito pouco usado nos livros, mas ainda assim aparece mais nos livros de economia. As palavras mais usadas, de forma relativa, nos livros de economia, são:
Mas Fix considera que é importante analisar as palavras que não foram usadas ou foram usadas em uma quantidade menor que os demais livros. Veja o resultado a seguir:Mas um resultado que Fix não esperava é o termo "anti". Em lugar de dizer "João é anti-democrático", os economistas constroem a frase como "João tem preferência pela não democracia". Ou seja,
Os livros de economia estão vendendo uma ideologia que legitima o status quo. E a melhor maneira de fazer isso é silenciar qualquer conversa de oposição. Elimine 'anti' do seu vocabulário.
Contabilidade? - Alguém por favor use o método de Fix e faça um trabalho parecido para a contabilidade.
A turma da Mônica ensina finanças pessoais
Esta semana foi publicado o livro da turma da Mônica intitulado "Como Cuidar do Seu Dinheiro", escrito por Maurício de Souza em parceria com Thiago Nigro.
Segundo o Folha Go:
O livro começa mostrando uma curta história em quadrinhos nos quais são mostradas possibilidades do uso do dinheiro.
Nas páginas seguintes, sempre com ilustrações intuitivas criadas por Maurício de Sousa, Thiago usa uma linguagem simples para abordar o assunto de finanças com o público mais jovem com quem já trabalhou.
Ele visa explicar que o dinheiro não deve ser só gasto para comprar brinquedos, roupas e comidas, mas também para realizar sonhos. Por exemplo, o de fazer uma viagem para algum lugar desejado ou até mesmo cursar uma faculdade no futuro.
A ideia central é de incentivar que os jovens leitores reflitam sobre assuntos relacionados ao uso do dinheiro de maneira consciente, deixando de lado ideias consumistas. Explicando, ainda, de forma simples, o perigo dos juros, inflação e das compras por impulso.
19 novembro 2020
Rir é o melhor remédio
Travesseiro com a bandeira da França = 15,99 Euros
Travesseiro com a bandeira da Holanda = 9,99 Euros
Fonte: aqui
Ranking do Cálculo de Custos no Governo Federal
No X Encontro de Gestão de Custos, a STN inovou e premiou as instituições que mais se destacaram na apuração de custos no governo federal. O resultado foi o seguinte:
(Figura da apresentação no encontro). Nas universidades, as premiadas trocaram seus contadores nos últimos anos. A minha universidade, que tinha um sistema de custos, referência na área e que propiciou diversos estudos e pesquisas, descontinuou seu sistema. Pena, pois demonstra uma visão estreita da gestão.
Estamos perdendo nossa memória?
Você já deve ter se perguntado a razão de não guardarmos mais os números dos telefones. Eis trechos de um artigo que pergunta: Estamos perdendo nossa capacidade de lembrar? Eis trechos de um artigo que diz que isto é bom.
Outro dia tive uma pequena crise, fiquei preocupada porque estava começando a ter problemas de memória. Algo devia estar errado! Comecei a notar (cada vez mais!) Minha incapacidade de lembrar coisas triviais; por exemplo, os pontos de ação de uma chamada do Zoom ou uma citação de um livro que li alguns meses atrás. Certamente isso não pode ser normal?
Antes de ligar para o consultório médico, fiz o que qualquer hipocondríaco decente faria e comecei a pesquisar no Google. Depois de clicar em algumas páginas, comecei a me sentir um pouco melhor. Foi normal. A memória de curto prazo (ou de trabalho) é ineficiente e, a menos que eu revisite o que estou tentando lembrar algumas vezes, provavelmente vou esquecê-lo. E não, não é um efeito colateral de fazer trinta anos. Ufa.
É um “recurso, não um bug” de como nossos sistemas de memória são projetados.
(...) Nós 'não conseguimos lembrar' das coisas porque há um limite para o que podemos manter em nossa memória de trabalho. Os pesquisadores costumavam pensar que ele poderia conter cerca de sete itens ou blocos, mas agora é amplamente aceito que a memória de trabalho armazena apenas cerca de quatro blocos de informação.
(...) De qualquer forma, há uma queda acentuada no que você lembra. A 'curva do esquecimento', como é chamada, é mais acentuada durante as primeiras vinte e quatro horas depois que você aprende algo. Exatamente o quanto você esquece, em termos percentuais, varia, mas a menos que você revise o material, grande parte dele escorrega pelo ralo. O que você lembra depois do primeiro dia tem uma boa chance de ainda ser retido depois dos trinta.
Repetição espaçada
Para melhorar a retenção, a repetição espaçada é normalmente usada. Essa técnica envolve repetir o que você está tentando reter, garantindo o espaçamento da repetição. Repetir uma nova palavra do vocabulário ou uma técnica de resolução de problemas, por exemplo, durante vários dias.
A boa notícia é que nossa memória de longo prazo tem espaço para bilhões de itens. Na verdade, pode haver tantos itens que eles podem enterrar uns aos outros. Pode ser difícil para você encontrar as informações de que precisa, a menos que pratique e repita pelo menos algumas vezes. Isso permite que as conexões sinóticas no cérebro se formem e se fortaleçam em uma estrutura duradoura.
A memória de longo prazo é importante porque é onde você armazena conceitos e técnicas fundamentais que geralmente estão envolvidos em tudo o que você está aprendendo.
Ter bases sólidas em sua memória de longo prazo também torna a memória de trabalho mais eficiente e capaz de conectar pontos de campos mais amplos e abstratos. Ele dá ao nosso pensamento 'riqueza' e 'acesso associativo'.
(...) Pesquisas mostram que a internet funciona como uma espécie de memória externalizada. “Quando as pessoas esperam ter acesso futuro às informações, elas têm taxas mais baixas de recall das próprias informações”, como afirma um estudo .
Se você sabe que 'sabe' algo e sabe como recuperá-lo (obrigado, Google), isso desempenha praticamente a mesma função de ter um cérebro repleto de memórias de longo prazo. E os novos aplicativos de 'pensamento em rede' nos permitem fazer conexões interessantes entre esses vários bits de conhecimento armazenado da mesma forma que uma memória bem estocada faz.
(...) Então, eu não diria que estamos perdendo nossa capacidade de lembrar, como coloquei no início deste post. Acho que as pessoas (eu incluído) simplesmente não trabalham o suficiente para mover as coisas de nossa memória de trabalho para nossa memória de longo prazo.
Nossa menor dependência da memória de recordação e nossa capacidade de atenção cada vez menor podem não ser o desastre que eu temia a princípio.
Acho que a internet e os aplicativos focados no pensamento em rede nos ajudam. Eles agem como um segundo cérebro. E acho que isso nos torna mais eficientes.
18 novembro 2020
Evolução no Exame CPA
Os Estados Unidos estão repensando o exame do CPA. O NASBA e o AICPA estão estudando uma proposta - CPA Evolution Initiative - em que o candidato não somente deve provar as competências essenciais comuns (contabilidade, auditoria, impostos e tecnologia) mas também escolher uma disciplina para demonstrar seu conhecimento específico.
NASBA e AICPA acreditam que este modelo revisado reflete melhor as realidades da profissão e ajudará a "preparar o futuro" para o CPA.
A proposta deve ser implementada em janeiro de 2024. (Imagem aqui).
IFRS Advisory Council
Os membros do Advisory Council, para atuar entre 1 janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2023, foram indicados. Esta unidade da Fundação IFRS é responsável pela direção estratégica e plano de trabalho da entidade. Eis a composição:
Kristian Koktvedgaard - BusinessEurope
Sibel Ulusoy Tokgöz - Capital Markets Board of Turkey
Thorsten Sellhorn - European Accounting Association (EAA)
Javier de Frutos - European Federation of Financial Analysts Societies (EFFAS)
Saskia Slomp - European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG)
Ken Warren - External Reporting (XRB), New Zealand
Ron Edmonds - Financial Executives International (FEI)
Ian Burger - International Corporate Governance Network
Antonio Quesada - International Organization of Securities Commissions (IOSCO)
Marie Seiller - International Organization of Securities Commissions (IOSCO)
Alan Trotter - Investment Company Institute
Henry Daubeney - Pricewaterhouse Coopers
Barbara McGowan - World Bank
Eduardo Flores
Tania Wimberley
O Brasil está representado na figura de Eduardo Flores.
17 novembro 2020
Orgulho de Pagar impostos
No The Conversation o exemplo dos gregos da antiguidade, que tinha orgulho de pagar seus impostos.
Então, qual era o raciocínio por trás desse orgulho cívico e pagador de impostos? Os antigos atenienses não estavam apenas abrindo suas carteiras para promover o bem comum. Eles esperavam obter um alto retorno na estima pública com os investimentos em sua comunidade que seus impostos representavam .
Esse capital social era tão valioso porque a cultura ateniense tinha o dever cívico em alta conta. Se um ateniense rico acumulava sua riqueza, ele era ridicularizado e rotulado de "homem ganancioso" que "pede emprestado aos hóspedes que ficam em sua casa" e "quando vende vinho a um amigo, ele o vende aguado!"
Taylor Swift
Agora, segundo a revista Variety, Braun não é mais o titular dos masters da cantora, já que os revendeu a um fundo de investimento misterioso por mais de US$ 300 milhões. Ele recuperou todo o investimento feito na Big Machine com apenas a venda dos masters da Taylor.
16 novembro 2020
Os Delatores da Petrobras foram punidos; os demais foram absolvidos
A CVM julgou os gestores da Petrobras, os auditores responsáveis pelo relatório de auditoria no período de 2007 a 2014 e os membros dos Conselhos. O resultado final foi horrível, o pior possível. Poucas pessoas foram punidas. Mas nada melhor do que as palavras de um dos diretores da CVM para o resultado final. Elas dizem tudo (grifo do blog):
Ao encerrar a sessão, o Diretor Henrique machado [sic] consignou que, a par do elevado debate jurídico, travado na forma dos minuciosos votos proferidos pelos membros deste Colegiado, a declaração do resultado deste julgamento impõe uma reflexão sobre as razões de fato e de direito que culminaram na condenação exclusiva dos membros da diretoria da Petrobras que colaboraram com as investigações em sede criminal. Em seu entendimento, tratar-se-ia de um sinal de inadequação de estruturas jurídicas e administrativas.
Mas não foi somente isto. Estamos em 2020 e julgando algo que ocorreu há anos. A CVM adota o processo eletrônico e por várias vezes ocorreu o pedido de vistas. Isto não faz muito sentido (conheço um pouco de processo eletrônico para afirmar isto). Passar a responsabilidade para algo vago, como "inadequação de estruturas jurídicas e administrativas" é cômodo. A CVM poderia ter feito diferença neste processo. Não fez.
Foto:aqui
Valor de um asteroide
Existem diversos exemplos em que a mensuração tem sido utilizada para monetizar itens estranhos. Uma reportagem da CNN, sobre um asteroide, destaque ele vale mais do que toda a economia da Terra. Este asteroide, muito distante do sol, chama-se 16 Psyche e não é muito grande. O corpo celeste deve ser constituído de ferro e níquel. O link chega a estimar o valor do asteroide em 10.000 quatrilhões.
Sobre essa estimativa impressionante de que Psyche pode valer $ 10.000 quatrilhões, Elkins-Tanton [cientista que estuda o corpo celeste] diz que assume a responsabilidade por chegar a esse número durante as entrevistas quando a missão da NASA foi anunciada pela primeira vez em 2017. Enquanto a conversa sobre a mineração de asteroides para obter recursos está se desenvolvendo aqui na Terra, Psyche não é o alvo pelo qual devemos nos esforçar, de acordo com Elkins-Tanton. "Não podemos trazer Psique de volta à Terra. Não temos absolutamente nenhuma tecnologia para fazer isso", disse Elkins-Tanton. Mesmo se fosse possível trazer de volta os metais de Psyche sem destruir a Terra, isso provavelmente causaria o colapso dos mercados, disse Elkins-Tanton. "Existem todos os tipos de problemas com isso, mas ainda é divertido pensar sobre quanto valeria um pedaço de metal do tamanho de Massachusetts."
Provavelmente a cientista fez uma conta simples: quantidade de minério vezes o preço atual no mercado de commodities. Mas como o texto encarrega de destacar que a presença desta quantidade de minério faria desabar o preço no mercado e que seria hoje impossível "explorar o minério".
Eis um problema do uso do valor de mercado para mensuração.
Perdido por cem, perdido por mil
Este é o ano do “perdido por cem, perdido por mil”. É um ano muito mau para muitos negócios. É um ano em que maus resultados estão imediatamente justificados. É um ano em que os gestores nem têm que dar muitas explicações. Já todos sabem que é mau. O mercado já sabe que vai ser mau. Tão mau, que apresentar prejuízos de 100 ou de 1000 pouco importa, pois é de qualquer forma um ano perdido.
Nestes anos, qual poderá ser a tentação dos gestores? Se o ano está perdido e está, se já vamos apresentar tão maus resultados, então porque não apresentar piores ainda?
E porquê esta motivação dos gestores? Porque, quanto piores forem os resultados este ano, maior é a probabilidade de para o ano a empresa conseguir mostrar melhores resultados, indiciando ao mercado recuperação e crescimento. Tal faz-se à custa de “limpezas” no ativo e/ou pressão no passivo.
Em terminologia anglo-saxónica a expressão usada é “big bath accounting”. Em português tenho adotado “perdido por cem, perdido por mil”.
As limpezas num determinado ano no ativo, feitas, principalmente, à custa de imparidades, traduzem-se em resultados superiores em anos futuros. Constituir imparidades sobre ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis ou investimentos financeiros implica, nesse ano, reconhecer gastos. Se forem excessivas, para o ano reverte-se, dando lugar ao reconhecimento de rendimentos e, simultaneamente, uma ilusão de recuperação.
Se forem imparidades excessivas no goodwill, cuja reversão é proibida, no ano seguinte tem-se menores amortizações (quando a empresa usa SNC) ou, pelo menos, é menor a probabilidade de reconhecer imparidade adicional (caso a empresa utilize normas internacionais de contabilidade). Sendo amortizações excessivas, para o ano amortiza-se menos. Sendo imparidades excessivas sobre créditos, ou mesmo incobráveis, para o ano recebe-se os créditos e realiza-se rendimento. Abates excessivos de imobilizado, para o ano são menos amortizações.
Na verdade, qualquer diminuição ou desreconhecimento de ativos num determinado ano, origina ou diretamente rendimento no futuro (via anulação ou reversão) ou, pelo menos, menores gastos. De qualquer das vias, com maior ou menor efeito, traduz-se em maiores resultados do que aquele que se apresentaria na ausência dessa prática.
Também o reforço do passivo é suscetível de “big bath accounting”, usando-se, principalmente, a rubrica de provisões. Provisões excessivas num ano originam gastos nesse ano, é certo, mas rendimentos no ano em que são revertidas. E por aqui se vê que 2020 é um ano para se estar muito atento às contas. É um ano em que a leitura do balanço tem que ser acompanhada de perto da análise do anexo e da interpretação cuidada de tendências e rácios. É um ano em que não dispensa (nunca se deveria dispensar…) a leitura atenta da certificação legal das contas.
A compreensão integral das contas de 2020, e principalmente das estimativas que lhe são intrínsecas, permite avaliar a quota-parte dos resultados de 2021 que traduzirão efetivamente recuperação e crescimento.
Frase
De um artigo que conta a história da fraude empresa de jogos Sierra:
Há um segredo de negócios que Ken Williams diz ter aprendido com Bill Gates. Pergunte a um executivo ou candidato a contratação pelo seu handicap no golfe e, se eles derem uma resposta, ignore essa pessoa. Executivos sérios não jogam golfe.
Imagem aqui
15 novembro 2020
Uma empresa malvada
Uma empresa talvez não precise ser boazinha. Mas ser a representação do mal talvez não seja o adequado. A tinta de impressora é um dos líquidos mais caros do mundo. Sabendo disto, as empresas que fazem impressoras querem aprisionar seu cliente, no pior sentido da palavra. Um texto bem interessante (dica de Claudio Santana, grato) trata da HP. Eis alguns trechos selecionados:
14 novembro 2020
Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas
Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos.
Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.
Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.
Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias.
O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.
Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum
Cartoon via aqui
Golpe do namoro on-line
A história resumida é a seguinte: o Michael, que escreve o texto, recebeu mensagens no Instagram o alertando que a sua foto estava sendo utilizada em um golpe. As mulheres explicaram que conheceram online a pessoa alegando ser ele, se apaixonaram e o golpista eventualmente solicitou dinheiro.
Uma das pessoas que o contatou repassou um número de WhatsApp e o Michael entrou em contato com o golpista. Conversa vai, conversa vem, ele convenceu o golpista que ele era o verdadeiro Michael. O golpista então explicou que com a pandemia perdeu o emprego e precisava sustentar a família. Essa foi uma forma que ele encontrou de tentar conseguir dinheiro, mas segundo ele, não deu certo. A parte que me surpreendeu na história? O golpista é brasileiro. E pra piorar a história, tentou convencer o Michael com a conversa triste dele e também pediu dinheiro! O Michael se dispôs a doar US$ 25 pra ele, que ele achou pouco.
Segundo o FBI essa é uma das formas mais comuns de fraude online. Está cada dia mais fácil pedir dinheiro para estranhos e esta semana mesmo recebi uma mensagem de alguém bem aleatório no WhatsApp me solicitando uma transferência bancária. (Aqui vale ressaltar que a principal dica para que o seu whatsapp não seja clonado é a verificação em duas etapas.)
É triste quando vemos brasileiros fazendo parte de histórias como essa.
13 novembro 2020
Os últimos anos de Stan Lee
Stan Lee foi um dos maiores autores de comics de todos os tempos. Ele foi responsável pelo Homem-aranha, Homem de aço, Thor, Hulk, Black Panther, Demolidor, entre outros heróis.
A história de Lee também pode ser um exemplo para o ensino de Finanças Pessoais. Ou melhor, como "não" gerenciar suas finanças pessoais. No final da vida, Lee foi vítima de abuso por parte de pessoas próximas, que usaram Lee, seu patrimônio e fama, para enriquecerem. Em alguns casos, roubaram objetos pessoais de Lee, inclusive dinheiro. É uma história bem triste.
Para quem se interessar, recomendo fortemente este texto, em espanhol, sobre as desventuras de Lee e sua exploração por parte dos seguranças, advogados e, até, sua única filha. Eis um trecho:
Los retrasos llevan a aplazamientos, y los acusados permanecen en sus casas como el resto de nosotros este año. Como en tantos casos de abuso de adultos mayores, los que involucran el patrimonio de Lee probablemente se reducirán a "él dijo, ella dijo". Excepto que, en esta situación, hay un circo de tres pistas de ladrones y actores que pueden no haber tenido los mejores intereses de Lee en el corazón, en una farsa que se prolongó durante años. Llamémoslo una estafa muy larga, pero "esos tipos de relaciones son mucho más difíciles de señalar como perpetradores", dijo el fiscal de abuso de adultos mayores, Paul Greenwood. "Siempre digo que cuanto más tiempo se conozcan la víctima y el sospechoso, más difícil será establecer más allá de toda duda razonable que se ejerció una influencia indebida sobre esa persona, porque a veces la lealtad es recompensada".
Disney apresenta prejuízo bilionário
Saiu na Exame:
A gigante do entretenimento Disney divulgou resultados anuais na noite de ontem (12/11) [...]. A companhia teve perda de 2,8 bilhões de dólares no ano fiscal de 2020. O resultado é reflexo do impacto da pandemia do novo coronavírus na empresa, que tem como pilares de seu negócio os parques temáticos, o cinema e a transmissão de jogos esportivos. Todas atividades interrompidas pela necessidade de isolamento social.
No ano fiscal encerrado em 3 de outubro, a receita da Disney com parques temáticos despencou 37%, enquanto o faturamento do setor de filmes caiu 13%. Ainda assim, a receita total teve queda de apenas 6%. A queda mais tímida foi suficiente para animar investidores. Após o balanço, a ação da companhia subia 5,7% no after hours em Nova York.
O que salvou a companhia foi o streaming. No últimos meses, o Disney + ganhou 16 milhões de assinantes, quase o dobro do esperado por analistas do mercado. Com isso, o serviço tem hoje mais de 73 milhões de assinantes, apenas um ano após seu lançamento. O resultado é que a receita da divisão de negócios direto ao consumidor, que inclui o serviço de streaming Disney +, saltou 81%, chegando a 17 bilhões de dólares no ano fiscal de 2020.
[...]
Ainda assim, a Disney precisa de seu negócio de parques temáticos para poder respirar aliviada. A companhia teve prejuízo de 710 milhões de dólares em seu quarto trimestre fiscal, ante lucro de 777 milhões de dólares no mesmo período do ano anterior. No ano fiscal, a perda foi de 2,8 bilhões de dólares, ante lucro de 10,4 bilhões de dólares no ano fiscal anterior. Uma reabertura completa só deve ocorrer quando houver uma vacina eficaz contra o novo coronavírus.
Para se manter até lá, a companhia tem feito mudanças internas importantes, para reforçar suas operações de streaming. Em outubro, anunciou que colocaria redes de TV, estúdio de cinema e divisões que lidam diretamente com o consumidor dentro de um grande grupo chamado Mídia e Entretenimento.
Pandemia como uma questão de informação
Dos textos sobre a pandemia, este apresenta que o problema da pandemia não é de saúde pública, mas é um problema de informação. Isto parece muito estranho, mas ao final da leitura ficamos convencidos dos argumentos apresentados.
O que precisamos saber é se uma pessoa pode colocar em risco a saúde das demais. Sabendo disto, podemos isolar esta pessoa, até sua cura, evitando a propagação do vírus. Em outras palavras, precisamos melhorar a nossa informação se alguém é infeccioso. Os testes usados, especialmente o PCR, são caros e demoram para sair o resultado.
Essas desvantagens levaram um número crescente de especialistas em pandemia (como Michael Mina de Harvard, Carl Bergstrom da Universidade de Washington e Eric Topel de Stanford) a defender testes de antígenos que custam apenas US $ 1 a US $ 5 por pessoa e retornam os resultados em cinco minutos . Em vez de procurar fragmentos de RNA, esses testes buscam indicadores de que o vírus se infiltrou nas células. No entanto, os fabricantes de testes rápidos de antígenos têm dificuldade em obter aprovação regulamentar para eles. Os reguladores querem aprovar testes que possam dizer com precisão se alguém está infectado, para que os médicos possam confiar neles para prescrever o tratamento médico.
Mas o problema de informação que enfrentamos é diferente: queremos identificar pessoas infecciosas (em vez de infectadas) para que aquelas que podem espalhar o vírus possam evitar outras. E queremos fazer isso o mais cedo possível. O problema é que alguém pode ser infeccioso antes de apresentar os sintomas, o que geralmente leva as pessoas a fazerem um teste de PCR.
Enquadrar o problema como encontrar pessoas quando estão infectadas pode mudar o padrão pelo qual os reguladores julgam um teste. Uma pessoa é infecciosa quando tem uma grande carga viral presente. Mas o teste de PCR também identifica as pessoas como positivas quando têm uma carga viral baixa. (...)
Assim, com o teste rápido poderia ser usado em lugar de "medir" a temperatura das pessoas que estão entrando em um restaurante, clube ou local de trabalho.
O autor do texto é Joshua Gans, que está lançando o livro The Pandemic Information Gap: The Brutal Economics of Covid-19 pela MIT Press.
Contabilidade? - Há muito o que aprender com a pandemia e aplicar na contabilidade. As técnicas de rastreamento da doença possuem uma analogia óbvia com alguns dos principais problemas contábeis, como a questão do crédito de liquidação duvidosa.
Uber e o comportamento humano
Nos últimos anos, os pesquisadores estão usando um grande número de dados para tentar entender o comportamento humano. Em lugar de partir de uma teoria e tentar provar na prática o que está ocorrendo, os pesquisadores fazem o caminho inverso: juntam os dados, analisam, descobrem fatos e buscam a teoria para justificar a realidade.
Muitas pessoas acreditam que o caminho mais adequado é o primeiro. Ou seja, temos que ter uma teoria antes de começar uma investigação. Isto é uma grande besteira. Algumas das grandes descobertas científicas utilizaram o segundo caminho. Por exemplo, o entendimento sobre o efeito da vitamina C como paliativo do escorbuto, que atormentava as tripulações dos barcos no passado, só foi possível usando o segundo método. Outro exemplo? O uso da penicilina no tratamento médico.
Este tipo de abordagem é cada vez mais comum nas ciências humanas e nas ciências sociais aplicadas. E tem sido usado em finanças comportamentais também. Usando um grande número de dados, os pesquisadores estão fazendo descobertas. Muitas vezes não conseguem uma explicação razoável para os achados, mas isto não impede que tenhamos um melhor entendimento sobre o comportamento humano. As grandes empresas de dados, como Google, Facebook, Netflix ou Uber, perceberam que precisavam deste tipo de pesquisa. E tinham as informações disponíveis. Muitos pesquisadores notaram a riqueza que desta informação e começaram a usar os dados na pesquisa.
Veja o caso do Uber. São milhões de motoristas em todo mundo, cada um fazendo um grande número de viagens e tudo isto registrado nos computadores da empresa. Com base nesta informação, a empresa contratou um pesquisador, John List, que fez algumas descobertas interessantes. Eis algumas delas:
** Quando um cliente tem uma experiência ruim com a empresa, a melhor forma de reter o cliente é pedindo desculpas e mostrando que a empresa foi punida pela incompetência. Esta punição pode ser um bônus para uma próxima viagem. Esta estratégia reduz a perda de clientes.
** Se o erro se repetir, a estratégia do pedido de desculpas, juntamente com o bônus, deixa de funcionar.
** A pesquisa descobriu que os motoristas homens ganham 7% a mais, por hora, do que as motoristas. Isto é interessante, já que a expectativa seria de ganhos iguais. Há diversas especulações sobre o motivo deste resultado: as mulheres geralmente trabalham de Uber em horários menos lucrativos e os homens motoristas dirigem mais rápido (2,5% a mais) são duas das explicações.
** Os clientes do gênero feminino são mais seletivos na gorjeta do que os clientes masculinos. E as motoristas mulheres recebem gorjetas maiores.
** A regra do primeiro digito da esquerda, muito conhecida no comércio, também vale para a corrida do Uber. Uma redução de preço de $15 para $14,99 gera um impacto parecido com o corte de $15,99 para $15
Figura: aqui
12 novembro 2020
Cerveja Corona Vírus
No início da pandemia nós postamos no blog (aqui, aqui e aqui) que a empresa fabricante da cerveja Corona estava sofrendo um recuo na demanda por conta do nome do vírus. Eis como o mundo é estranho. Uma notícia agora (via ZeroHedge) informa que a demanda aquecida de cerveja está aquecida e que os bebedores não estão se importando com o nome da Corona. Pelo contrário, muitos bebedores estão achando engraçado chamar sua ressaca de “vírus corona”. A tal ponto que em alguns estabelecimentos a cerveja está em falta.
Para quem interessar, eis o histórico
Veja que a cotação realmente caiu no início da pandemia. Nos dias atuais, o preço é aproximadamente o mesmo antes da pandemia.
Novo Chefão do Iasb
Depois de dois mandatos de cinco anos, é hora de substituir Hans Hoogervorst no comando do Iasb. O trustees da Fundação IFRS já fizeram a escolha. Trata-se de Andreas Barckow, alemão, professo de contabilidade, presidente da Accounting Standards Committee of Germany. Ao contrário de Hoogervorst, um graduado em história e ex-integrante do governo holandês, Barckow tem uma formação contábil mais sólida.
11 novembro 2020
10 novembro 2020
09 novembro 2020
08 novembro 2020
Teste do Marshmallow e Cooperação
Imagine que você está se preparando para um jantar hoje à noite. Você esteve ocupado assando uma torta a tarde toda e, quando o cronômetro finalmente toca, você abre o forno com entusiasmo para descobrir um aroma celestial flutuando para fora. Você pensa brevemente no que aconteceria se você pegasse um pedaço agora, enquanto ainda está quente - seria tão delicioso com um pouco de sorvete. Então, você pensa em como será bom chegar mais tarde no jantar com sua torta, e como isso deixará seus amigos felizes, especialmente depois de terem trabalhado a tarde toda em seus pratos também. Então, você espera. Parabéns - você acabou de adiar a gratificação para fins cooperativos.
O adiamento da gratificação é um aspecto importante da cooperação humana. Frequentemente, quando nos envolvemos com outras pessoas para algum objetivo coletivo, somos obrigados a resistir às tentações imediatas a fim de alcançar um resultado de longo prazo que beneficie a todos.
Considere a sustentabilidade ambiental como outro exemplo. Se todos nós queremos viver em um mundo limpo e saudável, todos nós temos que reduzir nossas pegadas ecológicas, usando menos recursos hoje, para que possamos evitar coletivamente a degradação ambiental. Isso requer adiar o conforto, a conveniência ou os ganhos financeiros de usar os recursos imediatamente.
Os cientistas estudaram o atraso da gratificação em crianças por décadas, em parte porque é considerada uma habilidade que prediz uma série de resultados na vida. Estudos com crianças buscaram entender, por exemplo, como o atraso da gratificação na infância pode estar relacionado ao desempenho acadêmico e à saúde física mais tarde na vida.
O atraso clássico do experimento de gratificação envolve dar a uma criança algum tipo de guloseima, tradicionalmente um marshmallow. O pesquisador então sai da sala, explicando que se a criança ainda não tiver comido seu marshmallow quando ele retornar, a criança receberá um segundo marshmallow.
Embora esses experimentos tenham explorado o desenvolvimento do adiamento da gratificação de muitas perspectivas, até recentemente essa habilidade dificilmente foi examinada em um contexto cooperativo. Isso é surpreendente, dado o quão importante é o atraso da gratificação para nossas vidas sociais, particularmente em contextos em que contamos com os outros e os outros contam conosco - isto é, quando somos interdependentes.
Em um estudo recente, queríamos descobrir como um contexto cooperativo afetaria as tendências das crianças de atrasar a gratificação em um teste de marshmallow. Especificamente, queríamos saber se as crianças teriam mais ou menos probabilidade de adiar a gratificação quando dependessem umas das outras em comparação com o teste padrão do marshmallow, no qual suas escolhas de espera afetam a si mesmas sozinhas.
Tínhamos duas previsões concorrentes: por um lado, as crianças podem estar mais dispostas a adiar a gratificação quando contam umas com as outras para uma segunda recompensa. Isso estaria de acordo com as teorias que propõem que a cooperação desperta um senso de compromisso ou obrigação para com nossos parceiros sociais. Por outro lado, as crianças podem ter menos probabilidade de adiar a gratificação quando são interdependentes. Isso ocorre porque ser dependente de outras pessoas é inerentemente arriscado e envolve a possibilidade de que os próprios esforços não sejam recompensados (imagine chegar ao jantar com sua deliciosa torta e descobrir que o outro convidado não se preocupou em preparar nada).
Para testar isso, executamos um teste tradicional de marshmallow, mas adicionamos uma variação. Testamos o desempenho das crianças quando participavam sozinhas, como fazem no teste tradicional, e comparamos isso com uma versão modificada do teste em que duas crianças, interdependentes uma da outra, tiveram que adiar a gratificação para serem recompensadas com um segundo tratar. Nesse novo teste cooperativo, se um dos parceiros optasse por comer a guloseima sem esperar, nenhum dos parceiros receberia uma segunda guloseima. Emparelhamos crianças pequenas que tinham entre 5 e 6 anos de idade e moravam em Leipzig, Alemanha, e Nanyuki, Quênia.
Nossa amostra de estudo incluiu crianças alemãs e quenianas, para nos permitir observar como a cultura pode afetar o atraso da gratificação neste novo contexto. Essa é uma consideração importante porque uma crítica notável às ciências sociais empíricas é que muitos conjuntos de dados apenas examinam o comportamento em culturas ESTRANHAS - isto é, em populações ocidentais, educadas, industrializadas, ricas e democráticas. Para desenvolver uma compreensão mais ampla da variação do comportamento humano, é importante observar como os comportamentos se desenvolvem em diferentes culturas.
Em nosso experimento, os pares primeiro brincaram juntos com um balão para ajudá-los a se sentirem confortáveis no ambiente de teste. Em seguida, um pesquisador os separou em duas salas diferentes, onde cada um se sentou em uma pequena mesa com um biscoito. Como realizamos o estudo em duas culturas diferentes, usamos cookies adequados à cultura, para que as crianças de cada local se familiarizassem com seus cookies. Afinal, é importante saber o que você está esperando!
Na Alemanha, as crianças ganharam um biscoito Oreo e no Quênia, um biscoito de baunilha com açúcar produzido localmente. O pesquisador então explicou a cada criança, uma a uma, que o biscoito era deles para comer e que ela, a pesquisadora, tinha que deixar a sala brevemente (10 minutos, sem o conhecimento das crianças). Ela também disse que as duas crianças receberiam um segundo biscoito se - e somente se - ambas evitassem comer o biscoito enquanto o pesquisador estivesse fora. Ela explicou que nem a criança nem o parceiro receberiam um segundo biscoito, no entanto, se um dos dois comesse o biscoito antes de o experimentador retornar.
Metade de todos os pares testados receberam essas regras interdependentes. A outra metade recebeu as mesmas regras do teste tradicional do marshmallow, no qual o resultado de cada criança dependia apenas de seu comportamento. Dessa forma, pudemos comparar como o atraso na gratificação das crianças foi afetado por estarem em um contexto cooperativo em oposição a um contexto não social.
Descobrimos que os pares de 5 e 6 anos de nosso estudo tinham maior probabilidade de esperar para comer seus biscoitos quando eram interdependentes do que quando eram independentes. Isto aconteceu em ambas as culturas (Alemanha e Quênia). Em outras palavras, as crianças eram mais propensas a esperar para comer sua guloseima quando eram mutuamente dependentes de um parceiro para ganhar uma segunda guloseima do que quando sua paciência lhes servia sozinhas, como na tarefa independente. Isso é bastante notável quando você considera que o esforço necessário para esperar muitas vezes não foi recompensado porque um parceiro decidiu não esperar; a interdependência envolve incerteza, mas as crianças estavam mais dispostas a exercitar a paciência, apesar do risco adicional.
Curiosamente, em ambas as versões do teste, as crianças no Quênia tinham maior probabilidade de esperar para comer seus biscoitos do que as crianças na Alemanha. Um padrão semelhante foi encontrado em um estudo anterior comparando o desempenho no teste de marshmallow entre crianças na Alemanha e em Camarões, com crianças camaronesas geralmente sendo mais propensas a esperar. Embora seja difícil dizer exatamente por que isso acontece, pode ser o resultado de diferentes socializações nas duas culturas. Especificamente, os pais do grupo étnico Kikuyu no Quênia, do qual toda a amostra do nosso estudo eram membros, tendem a priorizar a obediência e as habilidades de autorregulação mais do que os pais na Alemanha. Isso poderia ter dado às crianças quenianas uma vantagem de espera sobre as crianças alemãs. Apesar dessas diferenças, porém, o efeito da interdependência manteve-se entre as duas culturas, sugerindo que, potencialmente, crescer em qualquer cultura humana pode facilitar o surgimento das motivações cooperativas que observamos.
Esses achados indicam que, já a partir dos 5 anos, as crianças estão psicologicamente equipadas para responder à interdependência social de forma a facilitar a cooperação. O fato de crianças em duas culturas altamente distintas apresentarem o mesmo comportamento é evidência de que essa trajetória de desenvolvimento pode não ser exclusiva da educação cultural das crianças, mas pode ser algo que todos nós compartilhamos - talvez não seja surpreendente quando você considera a importância vital da cooperação, e continua a ser, para nossa espécie.
Levando essas descobertas do laboratório para o mundo real, podemos especular que talvez lembrar as crianças de sua interdependência com os colegas de classe possa ajudar a promover o adiamento da gratificação. Indo um passo adiante, talvez seja possível lembrar aos adultos de todo o mundo de nossa interdependência, a fim de promover a sustentabilidade dos recursos e toda uma série de outros comportamentos cooperativos dependentes do atraso da gratificação, entre eles: mais tortas compartilhadas!
Rebecca Koomen, Sebastian Grueneisen e Esther Herrmann - Behavioral Scientist
Rir é o melhor remédio
Parece que é difícil achar alguém que comprar o WinRar ou alguém que já fez uma doação para a Wikipedia (eu fiz !!), segundo o meme acima.
07 novembro 2020
Profissão Contábil em Portugal
Como residentes em um país colonizado por Portugal, sempre ficamos atento ao que está ocorrendo no país europeu. Uma surpresa em uma artigo de João Barros, para o Jornal Econômico, é saber que a profissão de contabilista foi regulada em 17 de outubro de 1995. Ou seja, recentemente completou 25 anos de regulamentação do exercício da profissão.
06 novembro 2020
Devemos banir o Monóxido de dihidrogênio?
Uma pergunta no Quora é bem instrutiva:
- Pode causar queimaduras graves enquanto está na forma de gás
- Corrói e enferruja o metal
- Mata inúmeras pessoas anualmente É comumente encontrado em tumores, chuva ácida, etc.
- Causa micção excessiva e inchaço se consumido
Escolas mais antigas do mundo
Postamos em setembro as universidades com mais de 500 anos de vida. Neste link, a relação de instituição de ensino mais antiga por país, ainda em funcionamento. A mais antiga é a Shishi High School, na China. Uma escola primária fundada em 141 antes de Cristo. Depois, a escola secundária "The King´s School Canterburry", na Inglaterra, criada em 597 depois de Cristo. Eis a relação das escolas mais antigas:
Veja que a relação desmente a postagem que fizemos. Na América do Sul, a Universidade de São Marcos, no Peru, é a mais antiga: 1551. Logo após, São Francisco Xavier, na Bolívia, de 1624. E o Brasil? Surpresa: Academia Militar das Agulhas Negras, de 1792.05 novembro 2020
Aprendendo (menos) durante a pandemia
Durante a pandemia, as atividades escolares foram transferidas para o acesso remoto. Isto melhorou ou piorou o ensino? Alguns, baseados nas avaliações de alunos de EAD, afirmam que pode ter melhorado. Mas esta não parece ser a impressão de professores com quem converso (a maioria deles, pelo menos). Uma pesquisa com curso de economia, nos Estados Unidos, mostrou que o desempenho foi pior.
We use standardized end-of-course knowledge assessments to examine student learning during the disruptions induced by the COVID-19 pandemic. Examining seven economics courses taught at four US R1 institutions, we find that students performed substantially worse, on average, in Spring 2020 when compared to Spring or Fall 2019. We find no evidence that the effect was driven by specific demographic groups. However, our results suggest that teaching methods that encourage active engagement, such as the use of small group activities and projects, played an important role in mitigating this negative effect. Our results point to methods for more effective online teaching as the pandemic continues.
Learning During the COVID-19 Pandemic: It Is Not Who You Teach, but How You Teach - George Orlov, Douglas McKee, James Berry, Austin Boyle, Thomas DiCiccio, Tyler Ransom, Alex Rees-Jones & Jörg Stoye
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Estética e a era do Zoom
Em um texto sobre odontologia em tempos do covid (Tempo em casa e nas redes sociais aumenta busca por procedimentos, João Ker, Estado de S Paulo, 28/10/2020), eis um trecho interessante:
Além do aumento em casos de bruximos e fraturas dentárias após os meses de quarentena, alguns profissionais de odontologia e saúde bucal começam a relatar também uma alta nas buscas por procedimento estéticos como harmonização facial, bichectomia e aplicação de botox. "As pessoas fizeram muitas lives e, se vendo depois no vídeo, queriam mudar o sorriso, melhorar a cor dos dentes, alguns também quiseram retocar a face", aponta Mario Cappellette, presidente do núcleo paulista da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-SP).
O movimento foi sentido também por Kamila Godoy. Pesquisadora da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) e ortodontista, ela diz que primeiro começou a receber pacientes com dentes quebrados, fissuras e dor na articulação temporomandibular (ATM). Em meados de julho, a demanda mudou. "Houve aumento absurdo de procura por procedimentos estéticos. As pessoas queriam aproveitar o momento para fazer algum procedimento que precisasse de repouso e, por ter que ficar em casa, houve uma procura bem alta de cirurgias para retirar o siso, bichectomia (procedimento para reduzir as bochechas) etc.", conta.
"A questão de ficar em casa levou a um tempo ocioso muito grande. Como aumentou também o uso de redes sociais, a pessoa passou a vislumbrar a imagem dela com mais frequência e visualizar pessoas 'perfeitas' o tempo todo", explica a psicóloga Katree Zuanazzi, diretora do Instituto Brilhar Saúde e Mental, de Curitiba.
Ela aponta que há uma diferença entre buscar o aperfeiçoamento e a mudança completa do rosto, provocado pelo mar de filtros e falsas perfeições que as redes sociais oferecem. "Todo mundo tem algo que gostaria de melhorar ou que não é perfeito. É importante ver quais desejos são amadurecidos e vêm de anos. Toda ideia que vem de repente foi, provavelmente, implantada por redes sociais ou ideais de perfeição."
Foto: aqui
04 novembro 2020
CVM absolve auditor da Petrobras
Conforme notícia publicada no site da CVM, a entidade absolveu auditores envolvidos nas demonstrações da Petrobras, entre 2010 a 2015. A PwC (e seu funcionário) foram absolvidos com respeito as demonstrações financeiras de 2012 a 2014. No exercício de 2009 a 2010, quando a empresa de auditoria era a KPMG, a entidade condenou a Big Four em uma multa de 300 mil reais, condenou o auditor a uma multa de 150 mil reais e absolveu a empresa de auditoria e os auditores de outras acusações. Só. Faz sentido?
The show must go on
Sunstein e o excesso de confiança dos "especialistas"
No início da pandemia, Cass Sunstein (co-autor de Nudge) criticou o excesso de medo das pessoas, em fevereiro deste ano. Um mês depois, mudou de opinião. Conforme Michael Story e Stuart Richie (How the experts messed up on Covid), se tivesse reconhecido a besteira que disse, talvez Sunstein não seria contratado pela Organização Mundial de Saúde para ser o chair em “Technical Advisory Group on Behavioural Insights and Sciences for Health”.
Mas há outros exemplos. A própria OMS foi contra o uso de máscaras. O problema não seria declarações erradas de entidades como a OMS ou pessoas como Sunstein. O problema real é o excesso de confiança. E humildade para o debate, como parece ser o caso de Sunstein. O caso das máscaras mostra como fazer afirmações sem uma base sedimentada por tornar difícil a mudança de opinião, como novos fatos, sem perder prestígio. E as pessoas continuarão a usar seus argumentos para defender uma posição contra o uso de máscaras, mesmo que tenha mudado de opinião.
Uma entidade de saúde dos Estados Unidos chegou a apelar para as pessoas "não comprarem máscaras".
03 novembro 2020
Quando alguém contrata IA para camera man
02 novembro 2020
Contabilidade Conectada - episódio #14
Já está no ar o Episódio #14 – As IFRS e a Comunicação Contábil – da Série Ciência Aberta!
— Contabilidade Conectada (@CConectada_) November 2, 2020
Série Ciência Aberta - https://t.co/KmpwKsQ3ZD pic.twitter.com/r8ultR5Opc