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27 junho 2021

Jargão

Muitas vezes, na discussão em torno da comunicação acadêmica, vemos pedidos para os autores escreverem em linguagem mais clara e minimizarem o uso de jargões. Embora eu entenda a motivação por trás disso, querendo que não especialistas sejam capazes de entender a pesquisa, para mim ela trabalha contra o principal objetivo do trabalho de pesquisa publicado - servir como uma conversa de alto nível entre especialistas. Um trabalho de pesquisa deve assumir algum nível de conhecimento prévio; caso contrário, por exemplo, um biólogo molecular teria que iniciar cada artigo com uma explicação da estrutura do DNA e transformar cada relatório de pesquisa em um livro didático. 

Explicar seus resultados de uma maneira bastante simples que qualquer pessoa que não seja versada em campo é uma coisa muito boa para poder fazer, mas não é uma habilidade fácil de entender (é por isso que valorizamos tanto os comunicadores científicos eficazes como Carl Sagan ou Neil DeGrasse Tyson). E, como na maioria das sugestões sobre como mudar a maneira como a pesquisa é relatada, é melhor pensar em termos de coisas novas serem aditivas, em vez de substituídas. Pode-se adicionar um "resumo do leigo" a um artigo sem denegrir o valor que o documento oferece ao especialista?

Independentemente disso, um amigo enviou recentemente o glorioso vídeo cheio de jargões abaixo. Não tenho ideia do que ele está vendendo, mas parece ótimo!  
 (Fonte: aqui)

04 novembro 2020

Sunstein e o excesso de confiança dos "especialistas"

 


No início da pandemia, Cass Sunstein (co-autor de Nudge) criticou o excesso de medo das pessoas, em fevereiro deste ano. Um mês depois, mudou de opinião. Conforme Michael Story e Stuart Richie (How the experts messed up on Covid), se tivesse reconhecido a besteira que disse, talvez Sunstein não seria contratado pela Organização Mundial de Saúde para ser o chair em “Technical Advisory Group on Behavioural Insights and Sciences for Health”. 

Mas há outros exemplos. A própria OMS foi contra o uso de máscaras. O problema não seria declarações erradas de entidades como a OMS ou pessoas como Sunstein. O problema real é o excesso de confiança. E humildade para o debate, como parece ser o caso de Sunstein. O caso das máscaras mostra como fazer afirmações sem uma base sedimentada por tornar difícil a mudança de opinião, como novos fatos, sem perder prestígio. E as pessoas continuarão a usar seus argumentos para defender uma posição contra o uso de máscaras, mesmo que tenha mudado de opinião. 

Uma entidade de saúde dos Estados Unidos chegou a apelar para as pessoas "não comprarem máscaras". 

06 agosto 2018

Generalista x Especialista

Na ciência é melhor ser um pesquisador com conhecimentos mais amplo - denominado generalista - ou ter conhecimentos específicos - os chamados especialistas? Esta é uma questão importante. Aparentemente, os especialistas são vencendo a batalha, já que aprofundar em um tema tem sido considerado uma razão do sucesso de alguns países. Quando algumas pesquisas de produção acadêmica destacam os autores mais produtivos em um determinado tema, estamos enfatizando o especialista. O mesmo ocorre quando um periódico encaminha um artigo sobre um tema específico para um autor em particular, que já pesquisou sobre o assunto. No nosso país, é difícil ser especialista, já que temos recursos escassos. Mesmo assim, é cada vez mais comum associarmos um determinado tema, por exemplo contabilidade de seguradora, com um pesquisador.

Mas no fundo não sabemos o que é melhor. Um artigo tentou responder a este dilema usando dados de matemáticos teóricos após a dissolução da União Soviética:

os cientistas generalistas tiveram um desempenho melhor quando o ritmo da mudança foi mais lento e sua capacidade de extrair o conhecimento dos diversos domínios foi uma vantagem, mas os especialistas ganharam vantagem quando o ritmo da mudança aumentou e sua especialização mais profunda permitiu que eles usassem novos conhecimentos criados na fronteira do conhecimento.