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26 janeiro 2017

Fies

Koike, em Aluno com Fies paga mensalidade mais cara (Valor. 24 de janeiro, B4) informa que as mensalidades pagas por estudantes com Fies – um financiamento do governo federal – são 8% mais altas do que os alunos sem Fies. Apesar da lei determinar que os descontos devam ser iguais para os dois grupos.

Segundo Koike, a prática é semelhante as companhias de aviação, que concedem desconto para diluir custos fixos. Na realidade isto não faz muito sentido, já que dependeria da suposição sobre a existência de uma ordem para entrar num curso: primeiro o aluno com financiamento e depois aquele sem.

Outra explicação é que o aluno busca o financiamento para depois procurar a instituição. Como o dinheiro está “garantido”, a instituição não se esforça para oferecer melhores condições em relação ao aluno sem financiamento. De certa forma isto é confirmado pela declaração de um executivo da ABMES, a associação que defende os interesses das faculdades: “os abatimentos pontuais, de caráter individual, (…) não precisam ser repassados para alunos beneficiados pelo programa estudantil”.

Acredito que existam duas outras razões: o horizonte temporal do pagamento e a assimetria informacional. Para o aluno com Fies, buscar um desconto pode não compensar em razão do valor do dinheiro no tempo. E talvez a informação do desconto fique restrita ao aluno e a instituição, criando uma assimetria e impedindo que o aluno com financiamento não busque um pagamento menor.

Links

Listagem dos 50 melhores carreiras dos EUA (5 vinculadas à contabilidade)

F1 foi vendida (e seu ex-chefão demitido)

Dados sobre o terrorismo no mundo

Uber: dilema entre caixa e crescimento (prejuízo de 3 bilhões em 2016)

O indicado de Trump para a SEC deve ser aprovado no senado

PwC contrata a equipe de impostos da GE

Rir é o melhor remédio


25 janeiro 2017

Falácia do WACC

Um dos erros cometidos pelos gestores de uma empresa é a falácia do WACC. Os administradores das empresas, procurando simplificar sua função, terminam por usar a mesma taxa de desconto para todos os projetos de investimentos. Assim, as decisões de investimento de maior risco terminam por apresentar uma configuração mais favorável, enquanto as alternativas menos arriscadas são descontadas por uma taxa maior do que a adequada. O resultado disto é uma decisão errônea, que distorce a rentabilidade do projeto e induz a tomada de risco mais elevada.

Isto também ocorre quando uma empresa está analisando a possibilidade de adquirir ou se juntar com outra entidade. Ao analisar o potencial de geração de caixa da operação, deve-se considerar taxa de desconto diferente daquela usada pela empresa.

Resumindo, a falácia do WACC decorre de escolher uma taxa de desconto única para todas as decisões. Cada decisão tem riscos específicos, que podem se traduzir em taxas maiores ou menores que aquela usada pela empresa.

Kruger, Landier e Thesmar, pesquisadores europeus, analisaram esta falácia no artigo The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate (publicado há mais de ano no Journal of Finance, em junho de 2015). O que considero interessante no trabalho dos autores foi o método usado. Sem ter como analisar cada decisão de cada empresa, os autores basearam na suposição de utilização do CAPM como forma de capturar o risco fundamental. A análise focou nas empresas diversificadas, onde a falácia do WACC seria mais provável. Assim, eles puderam perceber se as empresas estavam inclinadas a investir menos nas divisões de “baixo” beta do que nas divisões de “alto” beta. Suponha, por exemplo, que uma empresa possua três divisões: A, B e C e que os betas destas divisões (que poderia ser obtido pelos betas dos setores) seriam de 0,5, 1 e 1,5. Imagine que o beta médio desta empresa diversificada seja de 1. Assim, os projetos da Divisão A, que possui um beta pequeno de 0,5, seriam avaliados, caso existisse a falácia do WACC, usando não 0,5 mas 1. Provavelmente os projetos seriam rejeitados. Por outro lado, os projetos da divisão C seriam avaliados usando um beta menor do que deveria ser, sendo mais facilmente aprovados.

Os autores do estudo efetivamente encontraram que estas empresas caiam na falácia. Isto é surpreendente, pois geralmente as empresas diversificadas são grandes empresas. Deveríamos esperar que estas empresas tivessem uma qualidade de gestão maior que as empresas menos diversificadas. Outro aspecto, é que provavelmente estas empresas devem possuir áreas específicas que fazem a análise e seleção dos investimentos, com funcionários devidamente treinados. Não parece que isto seja verdade.

Links

Depreciação de patente varia de 1 a 5%, embora seja de 8 a 9% nos dois primeiros anos

As maiores empresas com ações negociadas na bolsa do mundo

A evolução da BatGirl em 50 anos (infográfico)

Novo relatório sobre corrupção no mundo (Brasil é 79o.)

Al Capone e a poderosa arma do Fisco

Rir é o melhor remédio


24 janeiro 2017

BT e fraude na Itália

A BBC informou que a empresa BT, uma ex-empresa estatal privatizada nos anos oitenta, constatou fraude na sua operação na Itália. Em razão disto, o preço das ações da empresa caiu em 18%. Apesar do problema já ser conhecido do mercado, a dimensão foi subestimada pela BT. As notícias indicam não somente que os problemas são maiores, mas que irão afetar os resultados nos próximos dois anos. Alega-se "comportamento inadequado" dos executivos da empresa na Itália.

Eleições e notícias falsas

Apresentamos novas evidências sobre o papel das histórias falsas divulgadas nas mídias sociais antes das eleições presidenciais de 2016 nos EUA. Com base em dados de audiência, arquivos de sites de verificação de fatos e resultados de uma nova pesquisa on-line encontramos: (i) a mídia social foi uma fonte importante, mas não dominante, de notícias no período pré-eleitoral, com 14% dos estadunidenses denominaram as mídias sociais com a "mais importante" fonte de notícias eleitorais; (ii) das notícias falsas conhecidas que apareceram nos três meses antes da eleição, aquelas que favoreceram Trump foram compartilhadas um total de 30 milhões de vezes no Facebook, enquanto aquelas que favorecem Clinton foram compartilhadas oito milhões de vezes; (iii) o estadunidense médio viu e lembrou-se de 0,92 história de notícias falsas a favor de Trump e 0,23 notícia falsas a favor de Clinton, com pouco mais da metade daqueles que se lembravam das notícias falsas acreditaram nelas; (iv) para as notícias falsas terem mudado o resultado da eleição, um único artigo falso precisaria ter o mesmo efeito persuasivo de 36 anúncios de campanha televisiva.

Social Media and Fake News in the 2016 Election - Hunt Allcott, Matthew Gentzkow

Links

Descoberto que um morcego brasileiro se alimenta de sangue humano

A morte suspeita de uma jovem na Islândia, onde são cometidos dois assassinatos por ano

Os candidatos a pior filme do ano

Mr Coffee ou a história do café feito em casa 

O fracasso (de crítica e de dinheiro) dos filmes baseados nos jogos

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Cartas na Arábia Saudita

23 janeiro 2017

História da Contabilidade: Mucuri

A Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri foi criada em 1849 pelos irmãos Theophilo Benedito Ottoni e Honorio Benedicto Ottoni. Foi uma das primeiras empresas a emitir ações de Sociedade Anônima no Brasil (1). Tinha por objetivo estabelecer uma ligação entre o Rio de Janeiro e Salvador com o vale do Mucuri. Para isto, a empresa abriria estradas, implantaria uma linha fluvial entre a região e o mar, através do rio Mucuri, e promoveria a colonização da região com imigrantes. A empresa tornou-se uma das primeiras concessões públicas, uma espécie de Parceria Público-Privada do império (2).

Concebida por Theophilo Ottoni (3), que posteriormente batizou uma das cidades surgidas a partir da criação da empresa, teve um história de controvérsias e polêmicas. Weder Ferreira da Silva, na dissertação de mestrado (4), faz um importante apanhado histórico sobre a empresa e o papel de Otoni no desenvolvimento da região do Mucuri. O estudo da empresa permite conhecer melhor como era a contabilidade das empresas na metade do século XIX. Envolve questões relacionadas com a concessão, mas também a encampação de empresa, incluindo avaliação de bens em situação de liquidação.

Esta postagem irá se concentrar no relatório preparado por um dos peritos, no caso Jose Candido Gomes, que analisou a situação da empresa (5), assim como a documentação contábil da mesma. Conforme explica Silva, na dissertação de mestrado, dois peritos fizeram uma análise da Mucuri. Gomes, denominado de comissário árbitro, foi indicado pelo ministro dos Negócios da Agricultura, e Ernesto Otoni, dos acionistas; existindo divergência, a mesma seria decidida pelo presidente da província de Minas Gerais.

A leitura do parecer de Gomes permite inferir alguns aspectos interessantes sobre a contabilidade da empresa. Destaco aqui os seguintes pontos:

1) A Mucuri utilizava o método das partidas dobradas (6). Naquela época, nem toda entidade usava o método, como é o caso da administração pública, onde era predominante as partidas simples. Apesar disto, a escrituração estava baseada no regime de caixa; assim, uma dívida não estava registrada no passivo da empresa, exceto se tivesse transitado pelo caixa da empresa.

2) Não existia a demonstração de lucros e perdas, a atual demonstração do resultado. Entretanto, a partir das contas do “balancete” é possível fazer uma análise do desempenho da empresa. O problema maior estava na qualidade dos números apurados (7);

3) Outro aspecto destacado no parecer de Gomes é que a grande maioria das despesas eram classificadas numa única conta, de “despesas gerais”, o que impedia uma análise mais detalhada do desempenho da empresa. Como a empresa tinha vários negócios, não era possível saber se eram lucrativos; pela análise, provavelmente nenhum deles era, incluindo o comércio, que representava uma pequena parte da receita.

4) Um auditor iria reprovar as contas da empresa, já que a maioria dos lançamentos não tinham os documentos comprobatórios (8). Num dos casos, a contabilidade registrava que o volume de documentos era muito grande e não tinha sido encaminhado, da região de Mucuri para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa, por serem grandes. As cartas entre os funcionários também não eram suficientes para comprovar os lançamentos, já que muitos acertos eram feitos verbalmente. Num dos recibos, a letra do funcionário era, segundo Gomes, igual a do guarda-livros (9).

5) Entre os ativos da empresa existiam seres humanos (10). Na época a escravidão era legalizada no país e estas pessoas eram consideradas como bens da empresa. Há uma discussão sobre o quantitativo de escravos, a “baixa” daqueles que foram alforriados pelo gestor ou dos que morreram entre o balanço e o levantamento dos bens da empresa. E também a amortização dos seres humanos pela perda de capacidade de trabalho em razão da idade.

6) Apesar de não existir claramente o conceito de depreciação ou amortização, o mesmo estava indiretamente apresentado no documento redigido por Gomes (11). Este perito, ao comentar sobre o valor dos ativos, destaca a necessidade de subtrair um percentual pelo uso ou desgaste do mesmo.

7) Para finalizar, há uma discussão muito interessante sobre se uma determinada quantidade de terra deveria ser considerada como ativo da empresa (12). Gomes traça um histórico da lei que deu a concessão para a Mucuri. Na norma, a empresa poderia receber do império terras devolutas caso cumprisse uma série de requisitos. Para o perito, em alguns casos a empresa cumpriu o expresso na norma; em outros casos, isto não ocorreu. Assim, para Gomes, este último caso não daria direito, para a empresa, de reconhecer as terras como ativo, ao contrário do que afirmava o perito da empresa, Ernesto Ottoni. Este ponto me fez lembrar da discussão do Iasb sobre a necessidade do ativo estar dentro da lei ou não.


O caso da Mucuri é muito interessante por mostrar que situações históricas podem enriquecer nosso conhecimento sobre a contabilidade.



(1) Salomão Neto, Flávio Henrique. Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri: uma concessão de serviço público como forma de desenvolvimento de uma Região.
(2) Idem.
(3) Vide verbete na Wikipedia
(3) Colonização, Política e Negócios: Teófilo Benedito Otoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863) defendida no programa de pós-graduação de história da UFOP em 2009. O trabalho de Silva representa uma análise muito interessante dos fatos relacionados com a Mucuri.
(5) O relato foi publicado parcialmente no jornal O Constitucional, em diversas edições (ano I, números 7 a 19, 23, 28 e 29, 1862)
(6) número 7 do O Constitucional.
(7) Idem.
(8) número 8 do O Constitucional
(9) A questão da letra encontra-se no número 9 do O Constitucional.
(10) Este aspecto pode ser encontrado no número 8 e no número 15 do O Constitucional.
(11) Isto está no número 13 e 17 do jornal.
(12) Número 12 do jornal

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda pode ser criativa e engraçada:

Poderíamos dizer: acabastes de aprender algo inútil. Leia a próxima postagem (sobre a Mucuri) e poderá aprender algo útil.

21 janeiro 2017

Fato da Semana

Fato: Desemprego em 2016

Data: 21 de janeiro de 2017

Contextualização - O blog Contabilidade Financeira acompanha o número de admitidos e demitidos do mercado formal de emprego no Brasil. Este é um número oficial obtido a partir do Caged, do governo federal. Compilamos informações como número de admitidos, demitidos, salário, formação, idade, gênero, tempo de emprego, entre outras informações. Os números de 2016, divulgados ontem, mostram como o ano foi ruim para o profissional contábil: quase 360 mil profissionais foram demitidos nos últimos 36 meses. Como outros foram contratados, a soma mostra uma redução de 32 mil vagas no mercado formal. E dezembro foi o segundo pior mês do ano em destruição de vagas. Mulheres, pessoas com curso médio, com idade média de 32 anos e escriturários foram os mais atingidos.

Relevância - O que está ocorrendo no mercado de trabalho é reflexo da crise econômica. Mas também pode ser decorrente da mudança estrutural no emprego, com a adoção de softwares que podem substituir o trabalhador.

Notícia boa para contabilidade? Ruim. Mas dois fatos agravam o problema: a possibilidade da crise continuar por mais alguns meses; e não sabemos se o problema é conjuntural (em decorrência dos problemas da economia) ou estrutural (mudança na estrutura do trabalho).

Desdobramentos - Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos. Outro ponto a ser analisado: menos emprego significa menor arrecadação dos Conselhos e mais pressão para mudança no Sistema CRC/CFC. Será?

Mas a semana só teve isto? - Tivemos dois fatos relevantes na semana: a posse de Trump e a morte do ministro do STF. Para o primeiro, os efeitos na contabilidade somente serão sentidos quando o novo chefe da SEC começar a trabalhar. O segundo fato poderá ter impacto sobre a investigação da corrupção no Brasil, mas isto ainda não está claro.

Presente Amargo

O ano de 2016 encerrou de maneira amarga para as pessoas que trabalham na área de contabilidade. Se o ano de 2015 mostrou que aquelas palavras sobre a empregabilidade da área eram balelas, um ano depois temos uma realidade muito dura. Segundo os levantamentos realizados pelo blog, a partir dos dados de empregos formais, para contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários de contabilidade, foram quase 92 mil admitidos, mas 115 mil demitidos.

A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.

Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.

Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.

Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.

Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.

Rir é o melhor remédio

20 janeiro 2017

Nova norma de Leasing

Em janeiro de 2016 o International Accounting Standards Board (IASB) emitiu a IFRS 16 – Leases, aplicável para exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro 2019, cuja alteração mais significativa será a de exigir que os locatários reconheçam a maioria dos alugueres nos seus balanços.

De acordo com a nova norma, uma locação é um contrato que transmite para o locatário o direito de usar um ativo por um período de tempo em troca de uma consideração. Determinar se um acordo contém uma locação deve ter em consideração que o contrato deve transmitir o direito de controlar o uso de um ativo identificável ou apenas uma parcela fisicamente distinta do ativo (ex: terreno de um edifício). Determinar o direito de uso de um ativo vem trazer subjetividade adicional, nomeadamente na determinação se o locatário tem o direito de gerir o uso do ativo identificável, particularmente quando o contrato inclui também a prestação de serviços adicionais significativos.

Identificar e separar os componentes de leasing dos componentes de não leasing de um contrato poderá ser um exercício complexo que irá exigir mais informação a disponibilizar pelo locador, e/ou o uso de um preço base independente para a referida repartição (“stand alone selling price”).

No ativo, a empresa passa a conhecer o direito de uso do ativo (“right-of-use” ou “ROU”) que inclui: No Passivo reconhece-se a responsabilidade subjacente que não é mais que o valor presente dos pagamentos do leasing os quais incluem as considerações fixas, opções, penalidades, valores residuais entre outros considerados como ex-fluxos de caixa quase certos.

O reconhecimento do ROU trará dificuldades acrescidas, nomeadamente, o cálculo da respetiva duração do contrato, quer seja por não existir prazo definido (são exemplos os alugueres dos terrenos para a instalação dos aerogeradores dos parques eólicos, antenas, outros), quer seja por existirem opções de renovação que deverão ser avaliadas quando à sua realização. Acresce ainda a determinação do valor do aluguer dependente do tratamento que será dado às considerações variáveis e/ou não mensuráveis, como são exemplo as existentes nos contratos de aluguer de lojas e/ou espaços comerciais.

O registo do ROU e da responsabilidade subjacente em balanço irá alterar a leitura e interpretação de rácios e covenants e a forma como avaliamos a performance nos dias de hoje, nomeadamente e a título de exemplo, por via do aumento do reconhecimento de passivos, aumento de gastos com depreciações e gastos financeiros por oposição a um decréscimo de gastos operacionais com rendas.

Tendo em conta a relevância e transversalidade de impactos decorrentes de um processo de adoção da IFRS 16, sugere-se a sua avaliação antecipada nomeadamente ao nível contabilístico, financeiro, desenho de processos de controlo interno, cumprimento de covenants, entre outros, como garante de processo sem transtornos e de pleno compliance.


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio





Fonte: Aqui

19 janeiro 2017

Samsung

Família Lee
Fonte: Aqui

Um tribunal da Coreia do Sul rejeitou nesta quinta-feira (19) um pedido de prisão para o chefe do Samsung Group [publicamos aqui o link do pedido de prisão], maior conglomerado empresarial do país, por suspeita de envolvimento em um escândalo de corrupção que levou ao afastamento da presidente do país, Park Geun-hye, pelo Parlamento.
[...]

Lee, que comanda a Samsung desde que seu pai, Lee Kun-hee, sofreu um ataque cardíaco em 2014, ainda enfrenta as mesmas acusações de pagamento de propina, peculato e perjúrio, segundo analistas legais, mesmo que não esteja detido.
[...]

Lee é um dos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção pelo suposto pagamento pela Samsung de 30 bilhões de wons (US$ 25,3 milhões) para uma empresa e fundações apoiadas por uma amiga pessoal da presidente Park em troca de receber permissão para uma fusão entre duas unidades do conglomerado em 2015.

Park teve o impeachment aprovado pelo Parlamento e agora aguarda decisão da Suprema Corte do país sobre o processo de impedimento.

A Samsung nega as acusações de lobbying para forçar uma fusão de US$ 8 bilhões com duas afiliadas Samsung em 2015: Samsung C&T e Cheil Industries.

Segundo a Fortune, mais de 20% do PIB da Coréia do Sul advém da Samsung. O caso de corrupção apagou todos os esforços de transição pacífica de poder entre o Lee patriarca, Lee Kun-heeatualmente hospitalizado, para a segunda geração, seu filho  Jay Y-Lee.

Segundo a Exame.com a fusão teria ajudado a solidificar a força do herdeiro que possuía 23% da Cheil Industries. Com a fusão, houve ganho de controle da fatia de 4,1% da Samsung C&T na Samsung Eletronics, responsável por cerca de 75% das receitas do grupo.

A procuradoria continuará as investigações e as ações aumentaram 1,5%.

Informação e Preço



Uma das grandes vertentes de pesquisa na área financeira é como as pessoas reagem aos preços. Nos dias de hoje, os pesquisadores utilizam o mercado acionário. Assim que uma notícia é divulgada, é possível perceber a potencial reação dos investidores. Caso a notícia não seja pública, alguns investidores podem atuar, comprando ou vendendo ações e, por consequência, mudando o preço das ações. Assim, também é possível usar o mercado acionário para verificar como as informações privadas, que somente algumas pessoas possuem, afetam os preços. Nos dias de hoje o problema é a grande quantidade de informação que é gerada, seja pública ou privada. Como certificar que o movimento de preço de uma ação foi decorrente de uma informação específica. De certa forma, culpa dos dias atuais.

No passado, quando o fluxo de informação era muito menor, era mais fácil de associar uma informação específica a um movimento de preço. Baseado neste princípio, um pesquisador da Stanford University, Peter Koudijs, utilizou dados passados para tentar entender como o movimento de preços atua diante de novas informações. Koudijs estudou o mercado acionário de Amsterdã. A grande inovação na pesquisa é que ele usou os dados do século dezoito, das empresas britânicas. A ideia é muito interessante. Entre 1771 a 1787, o mercado de ações da cidade holandesa negociava ações de companhias britânicas. Algo em torno de 20 a 30% dos negócios destas empresas. As principais informações destas empresas eram trazidas por barco, duas vezes por semana. Em alguns casos, o barco se atrasava; em muitas situações, juntamente com as informações públicas – de jornais, por exemplo, existiam informações privadas – cartas endereçadas a investidores holandeses. Assim, Koudijs tinha um ambiente muito propício para analisar o impacto de novas informações de conhecimento público, bem como as notícias derivadas de informações particulares. Ele pode analisar como os preços respondiam a chegada das notícias e, também, a “não” chegada de notícias. O pesquisador calculou a volatilidade, a relação de preços entre o mercado de Londres e Amsterdã, o efeito da liquidez das ações, entre outros aspectos.

Koudijs descobriu que as informações públicas explicaram mais de 50% da variância do retorno nos dias da chegada do navio e 40% da variância total. Mas as informações privadas também tinham um papel relevante: de 25% e 35%, nos dias com e sem navios.

Ao usar dados “antigos”, muitas vezes desprezados pelos pesquisadores, Koudijs indicou a relevância da informação na movimentação dos preços.

KOUDIJS, Peter. The boats that did not sail. The Journal of Finance, vol 71 n. 3 , junho de 2016.

Listas: Passaportes mais poderosos



Portugal ficou em 17º e o Brasil em 40º. A lista leva em consideração os passaportes que precisam da menor quantidade de vistos para entrar em outros países. O Brasil garante a entrada em 143 países sem visto.
Fonte: Aqui

Links

Teste de associação implícita para racismo talvez não seja eficiente

CVM: Esclarecimento sobre elaboração das demonstrações contábeis de 2016

CVM: orientação aos auditores

Patentes e prêmios/incentivos para inovação: a história da RSA entre 1750 a 1850

SEC multa GM por não evidenciar corretamente um defeito no automóvel

Notáveis

O empresário David Feffer, sócio-controlador da Suzano Papel e Celulose, está reunindo um grupo de notáveis para assessorar o conselho de administração da companhia num comitê estratégico (...) A novidade está nos três novos executivos de mercado convidados para o grupo. Todos líderes de multinacionais.


O texto lembra um aspecto relevante:

As boas práticas de governança recomendam que a definição dos participantes do conselho considere o tempo disponível para os deveres da função. Há ceticismo sobre a eficiência de colegiados com executivos ilustres.


Mas a presença de nomes ilustres pode ser relevante não somente para que a empresa possa aproveitar a experiência dos convidados; também é importante uma relação futura potencial.

Efeitos da corrupção


E o valor do custo da corrupção aumenta para as empresas. Duas construtoras anunciaram um acordo com o CADE

No primeiro caso, que apura um suposto cartel em 17 licitações realizadas pela Petrobras, a [empresa] UTC se comprometeu a desembolsar R$ 139,1 milhões, sendo R$ 125,4 milhões referentes a empresa e o restante a funcionários e ex-funcionários do grupo. A [empresa] Andrade Gutierrez deverá pagar R$ 47,8 milhões. O valor acordado com a UTC é o maior já fixado em TCCs [Termo de Compromisso de Cessação]


Além disto, a Camargo Corrêa também já tinha feito um acordo. A lava-jato não só pode mudar a forma de fazer negócios no Brasil, como também a maneira como atuam os reguladores no país.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

18 janeiro 2017

Links

Facebook ajuda a encontrar caloteiros

A dificuldade de manter contato com os olhos enquanto falamos

Carlsen é o maior jogador de xadrez de todos os tempos (segundo o computador)

Incentivos podem ser prejudiciais: um estudo dos pilotos alemães na segunda guerra

As senhas mais usadas em 2016

Neymar: jogador mais valioso do mundo


Neymar é o jogador mais caro do mundo. A avaliação foi publicada [...] pela Centro Internacional para o Estudos do Esporte (CIES), entidade que desenvolveu uma forma de calcular o valor dos atletas levando em consideração os termos de seus contratos, idade, clube, desempenho e potencial de marketing e em campo.

O brasileiro, apesar de ter passado recentemente por uma seca de gols no Barcelona e não ter entrado na lista nem dos três melhores do jogadores do mundo e nem na seleção da Fifa de 2016, teria o passe avaliado em 246,8 milhões de euros, ou cerca de R$ 841 milhões. O jogador, assim, supera seu parceiro de Barcelona, Lionel Messi, com um passe avaliado em 170,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 581 milhões).

Se o valor de Neymar for confirmado numa eventual próxima transferência, ele seria negociado por um valor superior a 23 das 32 seleções que disputaram a Copa do Mundo de 2014.

Pelo ranking do instituto suíço, a terceira posição é ocupada pelo francês Paul Pogba, avaliado em 155 milhões de euros (R$ 528 milhões). Multicampeão e melhor jogador do mundo em 2016, Cristiano Ronaldo aparece somente na sétima posição com um valor de "apenas" 126 milhões de euros (R$ 429 milhões). Pela classificação, o fato de o português ter 31 anos e um contrato válido até 2021 com o Real Madrid afetaria seu valor para uma transferência.

Entre os 50 jogadores mais valiosos do mundo, o CIES ainda inclui os brasileiros Philipe Coutinho, avaliado em 55 milhões de euros, Willian por 55,1 milhões de euros, e Roberto Firmino, com 55,3 milhões de euros. Ou seja, todos eles valem quase R$ 190 milhões.

O levantamento, publicado anualmente, aponta que apenas dez jogadores no mundo teriam o passe avaliado em mais de 100 milhões de euros. São eles: Neymar, Messi, Pogba, Griezmann, Suárez, Harry Kane, Cristiano Ronaldo, Dybala, Dele Alli e Hazard. Além disso, uma concentração desproporcional faz com que o Campeonato Inglês conte com 42 dos 100 jogadores mais valiosos do mundo.


Rigor com os auditores

A CVM pretende aumentar o rigor com os auditores externos. Segundo o Valor Econômico (CVM eleva rigor na fiscalização de auditores externos, via aqui), isto inclui a exigência de comunicação sobre deficiências de controle de risco para todas as empresas clientes e a necessidade que um auditor tenha seu trabalho avaliado por outro auditor ou firma de auditoria.

Num dos trechos o jornal abriu a palavra para o Ibracon, que obviamente defende os interesses dos auditores. O diretor técnico do Ibracon:

afirmou que vai pedir à CVM um detalhamento maior sobre os problemas identificados na avaliação da revisão externa, e pretende envolver no processo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC)


Parece que o Ibracon precisa do apoio do CFC para defender seu ponto de vista. Mas não "fiscalizar" a profissão.

Empréstimo da Caixa

O quadro acima mostra operações de crédito da Caixa que são objeto de investigação da Polícia Federal. A investigação parece acreditar que os empréstimos, de recursos do FGTS, eram liberados em condições vantajosas, com a intermediação de políticos, em condições vantajosas. As operações ocorreram em 2012, mas naquele momento tanto a Caixa quanto o Banco do Brasil praticavam taxas abaixo do mercado. As operações beneficiaram a Gol, Via Rondon, CCE, o frigorífico JBS e Marfrig.

Anpcont


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17 janeiro 2017

Controle de custos

Os clubes de futebol europeus acumularam lucro de 1,5 bilhão de euros ao longo das últimas duas temporadas, depois de vários anos de perdas pesadas, graças à entrada em vigo das regras de "fair play" financeiro. 

A Uefa, órgão que governa o futebol europeu, informou ontem que as receitas dos clubes europeus aumentaram de forma constante durante os últimos 20 anos e que a vantagem da primeira divisão inglesa, a Premier League, sobre os demais campeonatos do continente continua a aumentar. 

O grande interesse nos jogos, em particular nas cinco principais ligas europeias, as da Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França, permitiu a assinatura de contratos de direitos de TV e de patrocínios cada vez maiores, assim como arrecadações mais altas nos estádios. Antes das novas regras, os altos gastos  com salários e compra de jogadores faziam com que os clubes europeus costumassem ter prejuízos constantes. 

Os dados mostram que os times europeus passaram a ter lucros significativos depois que as regras de "fair play" financeiro (FFP, em inglês) começaram a ser adotadas em 2011. O prejuízo operacional dos clubes foi de 382 milhões de euros em 2011. Em 2015, houve lucro de 727 milhões, segundo números mais recentes disponíveis. O FFP determina quanto os clubes podem gastar em relação às receitas. (Fair play financeiro faz lucro de 1,5 bi para futebol europeu. Murad Ahmed, Financial Times, publicado em Valor, 13/01/2017 p. B6)

A medida só terá efeito no longo prazo se não existir uma migração de jogadores para outros mercados em busca de melhores salários. Isto pode estar ocorrendo hoje com a China. Ao limitar os salários a serem pagos nos clubes europeus, a Uefa pode estar incentivando a criação do mercado chinês.

Madoff e os negócios na prisão

O ex-empresário Bernie Madoff foi condenado a mais de cem anos de prisão. Atualmente cumpre pena na Carolina do Norte. Na prisão, segundo noticiou o Business Insider, Madoff monopolizou o mercado de chocolate quente. O fraudador, responsável por um dos maiores golpes da história dos Estados Unidos, tem 78 anos e aplicou seus conhecimentos de negócios na prisão. Ele comprou todos os pacotes do produto.

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16 janeiro 2017

Rolls-Royce

A empresa britânica Rolls-Royce anunciou nesta segunda-feira, 16, que fechou um acordo preliminar de leniência com as autoridades da Inglaterra, Estados Unidos e Brasil e concordou em pagar 671 milhões de libras esterlinas, ou R$ 2,6 bilhões. De acordo com comunicado da empresa, os acordos estão relacionados a pagamentos de propinas e envolvimento em esquemas de corrupção em diferentes mercados internacionais.

Fonte: aqui. No Brasil, a empresa pagou propina para funcionários da Petrobras.