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14 fevereiro 2022

Maior Furto da História

O ex-banqueiro Roger Ng está sendo julgado em Nova Iorque por ser cúmplice do que pode ser a maior pilhagem da história. Ng participou do desvio do fundo estatal malaio 1MDB, no valor de 4 bilhões de dólares. Parece que Ng fez a ponte entre Jho Low, o grande responsável pelo desvio, e o Goldman Sachs. Juntamente com Low e Tim Leissner, que já se declarou culpado, pagaram 1 bilhão em suborno para funcionários da Malásia, com objetivo de ter a responsabilidade de gerir 6,5 bilhões do fundo soberano do governo asiático.

O dinheiro foi gasto em festas, iates e até financiamento de um filme, ironicamente The Wolf of Wall Street. A defesa irá dizer que Ng não foi uma figura importante na trama e que não estava ciente do desvio. O vigarista seria Leissner.

A subsidiária malaia do Goldman já se declarou culpada e a matriz fez um acordo, incluindo a retenção de dinheiro de ex-executivos.

Fonte: DealBook, NYT

História da Contabilidade: "Novo" sistema

 

Em 24 de outubro de 1940, na sua edição de número 224, o Diário de Notícias do Rio Grande do Sul anunciava, o novo sistema de contabilidade. Eis um trecho da notícia (com grafia da época):

Foi, ontem, inaugurado no Tezouro do Estado o novo sistema de contabilidade, denominado "regime de competência", na Diretoria da Contabilidade, da qual é diretor o sr. Alipio Kempf. (...) Depois falou o dr. Oscar Fontoura que esplicou detalhadamente o novo sistema de contabilidade adotado no Tezouro, que trará grandes vantagens para o serviço público. (...) Na foto: o secretario da Fazenda expõe ao interventor o novo metodo

Esta notícia foi publicado um pouco depois de um conferência de contabilidade pública no Rio de Janeiro, onde estiveram, provavelmente, alguns secretários de fazenda dos estados. Cerca de 30 anos antes, os governos adotaram, no Brasil, as partidas dobradas. 

História da Contabilidade: uso do termo Azienda


Do Vida Doméstica, ano 1952, edição 416, a coluna de Sebastião Valença, "Nos Domínios do Idioma":

Em trabalhos de Contabilidade, quase sempre, entre nós, pessimamente escritos, além de frequentemente não passarem de cópia de mestres italianos, vemos o emprego abusivo do termo "azienda", ao lado do derivativo "aziendal". Ora, "azienda" é palavra italiana e deve traduzir-se com inteira propriedade pela palavra portuguesa "administração". "Organismo aziendal" não é mais bonito do que o nosso "organismo administrativo", assim como "a vida aziendal" é bem mais inexpressiva do que "a vida administrativa". Sejamos razoáveis: o expressionismo vernáculo está muito acima desses europeis, que só se ouvem na boca de certas culturas embebidas de palavriado exótico quando se dão a revelar "altos" conhecimentos técnicos, nem sempre bem assimilados, em linguagem que os arrasaria em modesta prova de escriturário, sob as vistas do D.A.S.P.

DASP corresponde a entidade que cuidava dos recursos humanos no governo federal até os anos 80 do século passado. 

Olhando o blog, entre mais de 26 mil postagens, nós nunca usamos este termo. Esta é a primeira vez. 

Rir é o melhor remédio

 

Antes do encontro com seu orientador ...

12 fevereiro 2022

Fraude e Inteligência Artificial


Um trecho do blog de Tracey Conen, sobre o uso de Inteligência Artificial (AI) no combate de fraude. 

Algumas das coisas que o software que usa a AI para detectar fraudes pode identificar como problemas incluem:

= > número incomumente alto de transações um pouco abaixo do nível de autorização para um supervisor

= > alto número de desembolsos físicos

= > transações que ocorrem com frequência com valores redondos

= > padrões incomuns para perdas ou ajustes

= > evidência de pagamento de faturas duplicadas

= > pagamentos parciais por parte de clientes

= > identificação de endereços suspeitos ao comparar dados de funcionários, clientes e fornecedores

= > faturamento de fornecedores além dos valores orçados devido à codificação inadequada de pagamento

= > preço do fornecedor aumenta a uma taxa que excede os valores semelhantes de outros fornecedores

=> alterar os padrões de compra (...)

Existem três vantagens principais no uso de software com IA:

A capacidade de examinar grandes conjuntos de dados em um curto período de tempo

A capacidade de monitorar transações em tempo real

O aprendizado de máquina significa que o software aprende a reconhecer padrões e atividades suspeitas para detectar melhor a fraude no futuro

Acrescento que a IA por si só não garante a inexistência de fraude. A possibilidade de usar a IA é real quando você tem uma grande massa de dados para o aprendizado; em muitas empresas, isto não é possível e o software só irá "aprender" depois que a fraude for uma realidade. 

Rir é o melhor remédio

quando você diz que quer comprar algo no telefone
 

11 fevereiro 2022

Finanças pessoais: tudo deve ser pago duas vezes

 


Em finanças pessoais é importante lembrar de um conceito importante para alguns produtos que compramos: devemos pagar duas vezes. Considere dois exemplos dados no site raptitude

O primeiro, você comprar o livro Moby Dick por dez reais em um sebo. Parece que este seria o único valor que gasto por você. Mas para que o livro tenha seu valor, você precisa ler. Este é o segundo preço: as várias horas dedicadas a leitura sobre a caça de uma baleia. E este tempo tem um custo. Assim, o livro Moby Dick possui dois preços pagos: do livro e do tempo consumido na leitura.

Pensar em um livro desse jeito torna mais real o efeito da compra de um livro. Geralmente quando compramos livros temos o hábito de pensar no potencial prazer da leitura, mas esquecemos que há um custo, sob a forma de deixar de assistir uma série no streaming, conversar com amigos, dormir ou trabalhar. Se ao tomarmos a decisão de compra do livro pensarmos realmente no seu segundo custo, talvez a ideia de comprar Moby Dick não seja tão razoável para alguns.

Há diversos outros exemplos, mas cito aqui a assinatura de um serviço de streaming. Você paga um valor mensal e este é o primeiro custo. Ao usar o serviço chegamos ao segundo custo: as horas que passamos na frente da televisão tem o seu preço.

O site Raptitude manda você pensar na sua casa e notar a presença de diversos produtos ou serviços que você pagou o primeiro preço, mas não o segundo: livros ainda não lidos, assinatura que você não usufrui, jogos não jogados, mensalidade da academia que você não vai, produtos ainda na caixa, entre outros.

Continuamos pagando o primeiros preço, criando uma dívida enorme referente ao segundo preço.

Links


Zuckerberg e Metaverso: é possível acreditar? - segundo o autor, não. Para ele, todo mundo que fala que metaverso é o futuro está embalando novamente coisas antigas e trazendo desinformação. 

Enciclopédia iconográfica restaurada do século XIX (ou aqui) (figura acima)

25 artistas mais bem pagos dos EUA

Arrependimento: vantagens para sua vida

Pirataria e Oscar (aqui uma planilha com dados de 19 anos)

Rir é o melhor remédio

 

Quando você fecha o balanço antes do prazo

10 fevereiro 2022

Resista à cultura de esclarecimentos


Sempre achei estranho uma entidade emitir uma norma e logo a seguir soltar um documento esclarecendo o que escreveu. Se isto estava ocorrendo a razão era simples: a norma não estava bem escrita. Os últimos anos isto tornou-se uma praga. Achei alguém que pensa da mesma forma:

A SEC e o FASB passam muito tempo "esclarecendo" seus padrões anteriores. Esses esclarecimentos geralmente são procurados por empresas com grandes orçamentos de conformidade. Os esclarecimentos acabam criando uma cultura de atendimento a esses "clientes". É melhor que auditores e executivos exerçam julgamento profissional para aplicar os padrões ao seu conjunto único de circunstâncias. 

Mais ainda:

regras complexas criam seus próprios incentivos perversos: privam o investidor não técnico e desinformado e criam uma porta giratória entre montadores ou reguladores e empresas de consultoria. 

Já postamos que normas são negócios, que há um problema na regulação contábil, entre outros pontos. O ISSB poderia aprender com os erros do passado e começar uma nova era na normatização contábil. 

Igreja, ativo permanente e pandemia


Eis uma constatação no setor religioso:

Muitas instituições religiosas fecharam as portas da noite para o dia, transferindo seus serviços para o Zoom. Agora, à medida que suas instalações reabrem, elas não estão certas se os fiéis retornarão. Se menos congregados aparecerem, duas tendências poderão se intensificar. Muitas organizações religiosas se livrarão de imóveis mal aproveitados. E mais igrejas se fundirão.

Há muito tempo, economistas analisam grupos religiosos como se fossem empresas. Em 1776, o escocês Adam Smith argumentou em Riqueza das Nações que igrejas são empreendimentos similares a açougues, padarias e cervejarias. Em um mercado livre e competitivo, no qual dependem de doações e voluntários, elas devem atuar com zelo e diligência para atrair fiéis. Fusões, aquisições e falências são inevitáveis.

Atualmente, o mercado da religião está em movimento, talvez mais do que nunca. No lado da demanda, as igrejas do Ocidente sofrem com a secularização global iniciada muito antes da pandemia. Mesmo nos EUA, o exemplo mais patente de país rico que prosperou ao lado da religião (dizem alguns que por causa dela), a fatia de cidadãos que se identificam como cristãos diminuiu de 82%, em 2000, para menos de 75%, em 2020.

(...) Uma manobra essencial para qualquer igreja, esteja ela em dificuldades ou prosperando, é equilibrar suas contas, e isso significa lidar com seu portfólio de imóveis. A religião organizada está lutando contra os mesmos problemas que proprietários de lojas de shopping centers abandonados e de escritórios vazios, à medida que os negócios migram para o ambiente online. Eles devem ficar parados assistindo enquanto o público diminui? Se não, de que maneira deveriam repensar seus imóveis?

Por séculos, as religiões acumularam riquezas terrenas na forma de imóveis. O Vaticano possui milhares de edifícios, alguns nas mais requintadas regiões de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia é dona de endereços em Hollywood que, estima-se, valem US$ 400 milhões, de um castelo na África do Sul e de uma mansão do século 18 em Sussex. O Wat Phra Dhammakaya, templo da seita budista mais abastada da Tailândia, ostenta centros de meditação em todo o mundo. O tamanho da fortuna da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como a igreja Mórmon, é um mistério; afirma-se que a instituição possui investimentos de US$ 100 bilhões, incluindo fazendas de gado, um parque temático no Havaí e um shopping center em Utah. Templos, sinagogas e mesquitas assistem atentamente os preços dos imóveis aumentar.

(...) A internet tem sido tanto uma bênção quanto uma maldição. Um sermão virtual do arcebispo de Canterbury, em 2020, foi ouvido por 5 milhões de pessoas – mais de cinco vezes o número de fiéis que frequentavam a igreja semanalmente no Reino Unido antes da pandemia. Mas a participação online cobra um preço. Os fiéis param de frequentar os centros religiosos, e construções tornam-se obsoletas.

Por isso, grupos religiosos têm vendido imóveis mais rapidamente do que antes – ou estão explorando novos usos. Líderes em busca de um lugar no Céu estão aprendendo a vender ou alugar lugares na Terra. Testemunhas de Jeová, que têm 9 milhões de fiéis no mundo, venderam sua sede no Reino Unido. A Hillsong, uma gigantesca igreja australiana de 150 mil fiéis em 30 países, aluga teatros, cinemas e outros espaços para serviços dominicais.

Provavelmente a grande maioria não tem um valor atual dos imóveis. A venda pode significar receita, que pode ser usada para cobrir algumas das despesas. Mas parte destas é fixa e isto resolve o problema no curto prazo. 

Pfizer e seu resultado

 

A empresa Pfizer divulgou seus resultados de 2021 na terça. Com lucro de 22 bilhões de dólares e receita de 81 bilhões, a aposta da empresa na luta contra a Covid mostrou um sucesso também financeiro. Em 2021 a receita aumentou de 42 bilhões para 81 bilhões em parte por conta da vacina, com receita de 37 bilhões. Em 2022 a previsão que a receita da vacina deve ser menor, 32 bilhões, mas será compensada por uma droga contra a Covid. 

Foram 3 bilhões de doses da vacina e isto significa que cada dose gera US$12 de receita ou um pouco mais de 60 reais a dose (este valor pode ser maior ou menor, conforme cada contrato; sabe-se que o governo de Israel, por exemplo, pagou um preço bem alto, mas garantiu as primeiras doses). 

Gráfico: aqui

Links


Como a pesca de arenque ajudou na igualdade de gênero na Islândia

Pub de 12 séculos está fechando na Inglaterra

Contabilidade nacional verde

Harford: a stripper, o congressista e uma indicação para comissão do orçamento do Congresso

Caetano Veloso, pela New Yorker

Rir é o melhor remédio

 

Para quem gosta de conselhos motivacionais ...

09 fevereiro 2022

KPMG e a demanda de US$1,8 bi

Para uma empresa com receita de 32 bilhões um pedido de indenização de 1,8 bilhão não parece muita coisa. A empresa de auditoria KPMG, uma das maiores do mundo, está enfrentando um processo na Inglaterra com conta do seu trabalho na Carillion. Trata-se de um lembrente para que o trabalho de auditoria seja mais sério. O processo originou do fato dos auditores não terem visto diversas "bandeiras vermelhas", tendo aprovado as contas da Carillion por três anos seguidos.

O valor solicitado decorre de dividendos pagos pela empresa antes da falência (210 milhões de libras), honorários profissionais para um serviço de qualidade ruim (31 milhões) e perdas comerciais (1 bilhão).

Trata-se de um dos maiores pedidos de indenizações contra um auditor do mundo. A KPMG alega que a responsabilidade pelo fracasso da Carillion é do conselho e da administração da empresa. Entretanto, recentmente reconheceu que andou manipulando reuniões, atas e planilhas.

Cartoon aqui

KPMG do Canadá investe em Criptomoeda


A KPMG do Canadá anunciou que estaria adicionando no seu ativo criptomoedas. Geralmente os contadores são considerados conservadores e adeptos do status quo e tal anúncio pode ter dois significados. O primeiro, a entidade ganha a imagem de moderna e diferente dos concorrentes. Mas pode existir uma segunda explicação: a empresa está enroscada no Reino Unido e seria uma forma de jogar uma cortina de fumaça.

Outra possível explicação é que a filial atuou no mercado de maneira bem reduzida e independente da matriz. A decisão do braço canadense pode não revelar a posição da empresa no mundo. Afinal, a notícia não revela o valor do investimento. A KPMG tem sede na Europa, com receita de 32 bilhões de dólares. 

Links


Empresas que recebem subsídios do governo tendem a evidenciar mais - as empresas divulgam para ajudar os políticos e reduzir os custos do escrutínio público

Desde 2010, os governos mundiais concederam 5 trilhões de US$ em subsídios para combustíveis fósseis - o ponto positivo é que 2020, o último ano da série, o valor foi o menor. Mas a previsão para 2021 é ruim. (Tabela acima)

Cientistas estão dizendo que os modelos de previsão de clima estão errados: o papel da nuvem - aquela que fica no céu - não foi considerado de forma adequada e não temos computadores com capacidade de cálculo para tal. 

Créit Suisse pode pagar uma mula de 46 milhões de dólares por ajudar traficante búlgaro

Rir é o melhor remédio

 

Significado da bandeira da Argentina. 

08 fevereiro 2022

O que usamos para mensurar?


No passado tínhamos um jargão: custo como base de valor. Entre a consistência de medir todos os elementos do patrimônio por um único método e escolher o melhor método para cada caso, a contabilidade indicava o primeiro caso. 

A adoção das normas internacionais de contabilidade muda esta filosofia. Agora o que importa é escolher a "melhor" medida em cada situação. É bem verdade que o termo melhor pode ter várias interpretações; para as normas, corresponde a melhor representação de cada situação. Mas já discutimos aqui que nem sempre isto deveria significar a representação fiel. 

A tabela acima é o resultado preliminar de uma pesquisa realizada por Acilon Souza, para sua tese de Doutorado. Mostra as quatro possibilidade de mensuração, para as companhias abertas, ao longo de 2014 a 2019. Apesar de custo não ser mais a base de valor, ainda é a forma de mensuração mais usada: quase 3/4 dos casos. O valor justo está presente em 17% dos casos e o restante divide entre valor presente e MEP.