Este estudo tem como objetivo analisar se existem inconsistências contábeis nos Balanços Patrimoniais do estado de Minas Gerais (MG) referentes aos exercícios financeiros de 2020, 2021, 2022 e 2023, com base na Teoria da Divulgação. Para a realização da pesquisa, os dados foram coletados no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI), no Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios (SADIPEM), no site Visão Integrada das Dívidas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e no Portal de Transparência de Minas Gerais. Os resultados apontaram as seguintes inconsistências contábeis nos Balanços Patrimoniais: inconsistências entre valores do Passivo Real e Passivo Exigível mais Restos a pagar não processados (RPNP), com a ocultação da informação de RPNP; divergência no SICONFI entre os valores do Passivo Exigível com o Passivo Real, com a exclusão dos RPNP do passivo circulante; valores inconsistentes das dívidas, o que provoca divergências na apuração dos saldos contábeis. Houve também divergências de valores de itens que compõem o Balanço Patrimonial divulgados nos sítios eletrônicos do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI) e Portal de Transparência de Minas Gerais. Conclui-se, portanto, que os valores registrados nos Balanços Patrimoniais dos exercícios financeiros de 2020, 2021, 2022 e 2023 não representam a situação patrimonial do estado de Minas Gerais - MG. Outrossim, o problema de pesquisa foi solucionado, pois foram evidenciadas inconsistências contábeis.
15 abril 2025
Inconsistências contábeis nas finanças de Minas Gerais
Este estudo tem como objetivo analisar se existem inconsistências contábeis nos Balanços Patrimoniais do estado de Minas Gerais (MG) referentes aos exercícios financeiros de 2020, 2021, 2022 e 2023, com base na Teoria da Divulgação. Para a realização da pesquisa, os dados foram coletados no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI), no Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios (SADIPEM), no site Visão Integrada das Dívidas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e no Portal de Transparência de Minas Gerais. Os resultados apontaram as seguintes inconsistências contábeis nos Balanços Patrimoniais: inconsistências entre valores do Passivo Real e Passivo Exigível mais Restos a pagar não processados (RPNP), com a ocultação da informação de RPNP; divergência no SICONFI entre os valores do Passivo Exigível com o Passivo Real, com a exclusão dos RPNP do passivo circulante; valores inconsistentes das dívidas, o que provoca divergências na apuração dos saldos contábeis. Houve também divergências de valores de itens que compõem o Balanço Patrimonial divulgados nos sítios eletrônicos do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI) e Portal de Transparência de Minas Gerais. Conclui-se, portanto, que os valores registrados nos Balanços Patrimoniais dos exercícios financeiros de 2020, 2021, 2022 e 2023 não representam a situação patrimonial do estado de Minas Gerais - MG. Outrossim, o problema de pesquisa foi solucionado, pois foram evidenciadas inconsistências contábeis.
Sem os ativistas climáticos
As gigantes do petróleo vão iniciar a temporada de assembleias com ações em queda e com o Brent, referência global, sendo negociado próximo do menor valor em quatro anos.
Mas, pela primeira vez em quase uma década, os principais ativistas climáticos não farão grande pressão para que essas empresas reduzam suas emissões e façam a transição para energia limpa — em parte devido às ações do presidente Trump para silenciar medidas relacionadas ao clima, relata Vivienne Walt para o DealBook.
A Follow This, grupo de acionistas climáticos holandês que vem pressionando empresas de energia há anos para que mudem suas práticas, recuou em sua campanha de apresentação de propostas de acionistas, prevendo uma resposta fraca por parte dos investidores.
Diretrizes rigorosas da S.E.C. para propostas de acionistas também já tiveram um efeito de silenciamento. (A Morningstar espera uma queda de 40% neste ano no número de resoluções voltadas a questões ambientais, sociais e de governança, segundo informou ao DealBook.)
Da newsletter DealBook. Foto aqui
14 abril 2025
Em 1962 um banco comprava um computador Univac para sua contabilidade
Em novembro de 1962 a notícia indicava que o Banco Francês e Italiano tinha comprado um computador UNIVAC com o objetivo de automatizar seus serviços de contas correntes e carteiras. O UNIVAC utiliza fitas magnéticas, tem alta capacidade de armazenamento e pode processar grandes volumes de dados com velocidade.
...e em 1960, um dos primeiros anúncios de venda de computador para contabilidade no Brasil
No dia 25 de março de 1960, na página 16 do jornal O Estado de S Paulo, fala de um computador eletrônico de porte médio que tem como aplicação a apropriação de custos, controle de estoques, contabilidade, folha de pagamento, faturamento e outras tarefas contábeis. As grandes empresas estavam comprando o computador da IBM.
Em 1958 a Burroughs lançava uma máquina de somar para operações contábeis
Uma matéria denominada “Máquina de Somar Inteiramente Nacional Lançada no Mercado” publicada em O Estado de S. Paulo em 3 de setembro de 1958 falava que a empresa Burroughs tinha lançado no mercado brasileiro uma máquina de somar do tipo “Ten Key” inteiramente fabricada no Brasil. O gerente geral da empresa, H. V. Escher, destacou o marco que representa esse lançamento para a mecanização comercial nacional. A nacionalização da produção envolveu não apenas a montagem, mas também a fabricação de peças e componentes no Brasil, com previsão de completar a nacionalização em 2 anos e meio. A máquina é descrita como de operação simples, alta durabilidade, precisão e economia, sendo apropriada para comércios, bancos, repartições públicas e escritórios.
Veja que o título fala em "máquina de somar", não sendo propriamente um computador.
Mapas
Quatro mapas interessantes, da comunidade Maporn do Reddit, que dizem muito sobre o mundo atual. O primeiro é a perda de floresta, entre 1620 a 1920, nos Estados Unidos.
O segundo é a representação da perda de população por conta da emigração. Veja que o Brasil é um dos destaques.O terceiro é o tamanho real de cada país no mapa Mercator. Nós comentamos sobre isso em uma postagem nessa semana.
Finalmente, os dez maiores países de origem dos artefatos do Museu Britânico. Muitos dos artefatos foram obtidos de maneira ilegal. (Atenção; o número do Egito tem um erro de digitação). Mas não deixa de ser um mapa das maiores civilizações da história da humanidade.
13 abril 2025
Grandes nomes da história da contabilidade dos Estados Unidos: Paton
William Andrew Paton (1889-1991) foi um renomado teórico da contabilidade financeira e um autor prolífico, que passou a maior parte de sua carreira na Universidade de Michigan como professor de contabilidade e economia. Juntamente com A.C. Littleton, foi coautor do clássico An Introduction to Corporate Accounting Standards (1940). Paton também escreveu Accounting Theory: With Special Reference to the Corporate Enterprise (1922) — essencialmente sua tese de doutorado em economia de 1917 —, além de diversos livros didáticos (do nível introdutório ao avançado), outros livros e mais de 100 artigos.
Recebeu inúmeros reconhecimentos, incluindo o prêmio de Educador Contábil do Século e a Medalha de Ouro do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) em 1944 (sendo o primeiro acadêmico a receber tal honra), além de ter sido o primeiro acadêmico incluído no Accounting Hall of Fame. Foi um dos fundadores e o primeiro editor, em 1926, da revista Accounting Review. Paton também integrou o Committee on Accounting Procedure de 1939 a 1950.
Ainda como estudante de graduação na Universidade de Michigan (onde também obteve os títulos de mestre e doutor), Paton foi estimulado a aprofundar-se em contabilidade por meio de obras escritas por Charles Ezra Sprague e Henry Rand Hatfield — ambos teóricos pioneiros da contabilidade nos EUA, com atuação entre 1880 e início do século XX (no caso de Sprague) e entre início e meados do século XX (no caso de Hatfield).
Ao longo de sua carreira, Paton abordou diversos temas. Defendia a importância do poder de lucro (earning power), dos custos de reposição, do princípio da correspondência (matching), da demonstração de resultado em etapa única (single-step income statement), da teoria da entidade (entity theory) e, de forma mais ampla, do capitalismo e do pensamento claro. Em relação a este último, Paton analisava os temas de forma completa, sem omitir ou minimizar pontos de vista contrários, mas enfrentando-os diretamente.
Para Paton, o "fato empresarial fundamental" era o poder de lucro. Embora este pudesse ser medido de várias formas, ele preferia a relação entre o lucro líquido somado às despesas com juros e o total de ativos. Para que essa relação fosse significativa, enfatizava a importância de considerar as mudanças nos preços — algo especialmente relevante no pós-Segunda Guerra Mundial, quando a inflação era relativamente alta. Argumentava que a lucratividade corporativa estava sendo superestimada, o que levava não apenas a críticas injustas às empresas, mas, de forma mais grave, à confiscação de capital via leis tributárias dos EUA.
Contudo, Paton não era favorável ao abandono dos custos históricos. Defendia que os dados com preços atualizados fossem fornecidos como informações suplementares às demonstrações financeiras baseadas no custo histórico. E, caso essas informações fossem incorporadas às demonstrações principais, os custos históricos também deveriam ser claramente divulgados. Acreditava ainda que procedimentos de quase-reorganização poderiam ser um meio eficaz de incorporar os custos de reposição às demonstrações contábeis.
Segundo Paton, os custos de reposição eram superiores aos custos históricos ajustados pelo índice de preços gerais. Argumentava que gestores e investidores precisavam conhecer o custo de reposição — o que ele considerava o custo efetivo real — para tomar decisões econômicas sólidas. No entanto, demonstrava preocupação quanto à dificuldade de se obter estimativas confiáveis de custos de reposição de ativos de longo prazo, como instalações e equipamentos.
Durante sua carreira, houve uma mudança de foco na comunidade contábil: da ênfase no balanço patrimonial para a importância da demonstração de resultado. Dado seu foco no poder de lucro, Paton acreditava que, embora ambos fossem necessários, a demonstração de resultado provavelmente possuía maior relevância prática.
Duas ideias marcantes em seus escritos sobre demonstração de resultado são o princípio da correspondência (matching) e o modelo de etapa única. Sua monografia de 1940 com Littleton é conhecida por enfatizar o matching como "a fase crítica da contabilidade". No entanto, esse conceito já aparecia em seus escritos desde 1920: “... despesa... é o custo... de produzir a determinada quantidade de receita”. Paton acreditava que os contadores praticantes não iam longe o suficiente nesse princípio, pois custos de distribuição (como publicidade ou viagens de vendedores), quando não associados a uma venda imediata, também deveriam ser alocados ao estoque.
Paton defendia a demonstração de resultado em etapa única e criticava subtotais como lucro bruto e lucro antes da depreciação. Considerava tais informações enganosas, pois implicavam que as despesas eram recuperadas em uma ordem específica e que algumas despesas eram mais importantes que outras. Ressaltava que, do ponto de vista econômico, não há prioridades entre os custos necessários. De acordo com a teoria da entidade, também defendia que juros e dividendos fossem apresentados como distribuições de lucro, finalizando com a adição ao capital, se houvesse. Esse procedimento permitiria revelar todas as perdas em uma única demonstração, ao invés de ajustá-las diretamente nas contas de capital — alinhando-se a uma abordagem de apuração de resultado abrangente (all-inclusive).
Paton também fez sugestões para o balanço patrimonial. Quando começou a escrever, todo o lado direito do balanço era geralmente rotulado como "passivo". Ele achava mais apropriado o termo “patrimônio”, refletindo a teoria da entidade, observando que a distinção entre obrigações de terceiros e capital próprio “não é fundamental”. Apontava, por exemplo, os títulos conversíveis como evidência dessa ausência de distinção clara.
Paton escreveu, palestrou e prestou testemunhos sobre diversos outros temas de contabilidade financeira, bem como sobre questões fiscais, serviços públicos e educação contábil. Seus escritos econômicos demonstram seu forte apoio ao capitalismo, oposição firme ao socialismo e a crença de que a produtividade deveria ser recompensada. Suas obras também transcendem a contabilidade e a economia. Um artigo popular, escrito em 1962, discute a construção subterrânea — não apenas de casas, mas de cidades inteiras. Outro, de 1971, apresenta uma visão crítica sobre os protestos estudantis dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Aos 95 anos, publicou WORDS! Combining Fun and Learning (1984), uma coletânea de jogos de palavras que costumava compartilhar com amigos e familiares ao longo dos anos. Para Paton, usar a mente era não apenas sua profissão, mas seu modo de viver.
Por Joel E. Thompson para The History of Accounting. Mais Paton aqui e aqui
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Zimmerman
Zimmerman, Vernon K. (1928 - ) Contador norte-americano e destinatário de diversos prêmios profissionais, Vernon K. Zimmerman formou-se na University of Illinois, onde obteve o grau de Bacharel em Ciências (B.S.) em 1949, Mestre (M.S.) em 1951 e Doutor (Ph.D.) em 1954. Foi aluno de A.C. Littleton, inicialmente com foco em história da contabilidade e, mais tarde, em contabilidade internacional. A partir de 1963, atuou como diretor do International Center for Accounting Education and Research da University of Illinois em Urbana-Champaign.
Foi reitor da College of Commerce and Business Administration da universidade de 1967 a 1985 e, posteriormente, foi nomeado para a cátedra Distinguished Service Chair in Accounting. Durante seu mandato como reitor, foi eleito vice-presidente (1978–1979) e presidente (1979–1980) da American Assembly of Collegiate Schools of Business.
Zimmerman ministrou palestras em diversos países, incluindo Alemanha, Áustria e Suécia. Atuou também como consultor do Peace Corps, da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do Banco Mundial, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), além de ter sido diretor-associado (1969–1971) do Office of International Programs and Studies da University of Illinois.
Além de facilitar o desenvolvimento inicial da contabilidade internacional nos Estados Unidos, Zimmerman fez contribuições acadêmicas substanciais ao editar 18 monografias e publicar diversos artigos nessa área, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Sua principal contribuição à história da contabilidade foi como coautor, juntamente com A.C. Littleton, da obra Accounting Theory: Continuity and Change (1962), na qual os desenvolvimentos contábeis nos Estados Unidos e em outros países são analisados em seu contexto histórico e em relação à sua importância e impacto econômicos.
Escrito por Hanns Martin Schoenfeld, The History of Accounting.
Há um rico material, que inclui material de aula, do autor aqui. Tempos atrás, ele chegou a inicialmente considerar a possibilidade de participar do nosso Congresso de contabilidade - graças ao convite da professora Beatriz Morgan - mas no final recusou.
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Mautz
Mautz, Robert Kuhn (1915-2002) Robert K. Mautz contribuiu significativamente para a educação contábil e para o fortalecimento da interação entre essa área e a profissão de auditoria. Ele obteve seu bacharelado pela University of North Dakota em 1937, e seu mestrado e doutorado em contabilidade pela University of Illinois em 1938 e 1942, respectivamente. O programa de doutorado em contabilidade da universidade havia sido criado recentemente [vide Littleton] e foi o primeiro do mundo. Mautz elevou muito a reputação do programa, tanto como aluno quanto posteriormente, por seu papel de liderança no ensino de cursos e na orientação de dissertações.
Mautz atuou no escritório de Chicago da firma Haskins and Sells, antes e depois de seu serviço militar. Ele também teve dois anos de experiência em auditoria com a Alexander Grant and Company, também em Chicago. Em 1948, aceitou o convite para retornar ao Departamento de Contabilidade da University of Illinois, onde permaneceu até 1972, aposentando-se como professor titular. De 1972 a 1978, foi sócio da Ernst and Ernst. Em 1979, tornou-se diretor do Paton Accounting Center e professor de contabilidade na University of Michigan, cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1985.
Durante toda sua carreira produtiva, Mautz manteve e desenvolveu estreitos vínculos com a profissão de auditoria. Participou ativamente de associações profissionais de contabilidade, como o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), o Financial Executive Institute e o U.S. General Accounting Office. Foi escolhido por seus colegas como editor da revista Accounting Review entre 1958 e 1961. Atuou em diversas comissões e conselhos relevantes de entidades acadêmicas e profissionais, incluindo o Conselho Diretor do AICPA, o Cost Accounting Standards Board, o Financial Accounting Standards Advisory Committee e a SEC Practice Section do Public Oversight Board.
Mautz fez inúmeras contribuições à literatura contábil, especialmente nas áreas de contabilidade financeira e auditoria. Seus escritos vão desde a busca por postulados e princípios contábeis (1965) até o tema de relatórios diversificados (1968). Um de seus trabalhos pioneiros, em coautoria com Hussein A. Sharaf, da Universidade do Cairo, foi a monografia The Philosophy of Auditing, publicada em 1961 pela American Accounting Association, considerada uma das principais análises filosóficas da auditoria. Outros de seus trabalhos importantes abordaram temas como comitês de auditoria corporativa (Corporate Audit Committees, 1970) e controle interno (Internal Control in U.S. Corporations: The State of the Art, 1980). Seus textos são notáveis pela clareza e concisão. Aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar com ele destacam sua dedicação, franqueza e disposição em ajudar colegas mais jovens, especialmente em suas primeiras experiências de pesquisa.
Por suas inúmeras contribuições à educação e à profissão contábil, Mautz recebeu diversos dos mais altos reconhecimentos, como a Medalha de Ouro do AICPA por Serviços à Profissão, em 1979, sua inclusão no Accounting Hall of Fame em 1978, e a presidência da American Accounting Association em 1965.
Verbete escrito por Vernon K. Zimmerman para The History of Accounting. Ver mais aqui e aqui
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Littleton
A.C. Littleton (1886–1974) [Ananias Charles Littleton] deixou o cargo de jovem telegrafista ferroviário para ingressar na área da educação contábil e se tornou um dos principais protagonistas no desenvolvimento da contabilidade e do ensino contábil nos Estados Unidos e no cenário internacional. Formou-se na Universidade de Illinois em 1912 com um diploma em administração de empresas, com ênfase em contabilidade -na época ainda não existia um curso específico na área. Após um curto período atuando como auditor em Chicago, na empresa Deloitte, Plender, Griffiths and Company, retornou ao seu antigo campus em 1915 como instrutor de contabilidade. Encontrou na docência uma experiência estimulante e tornou-se um dos professores pioneiros de contabilidade nos EUA entre 1915 e 1952.
Sua influência no ensino da contabilidade se evidencia principalmente por sua atuação pioneira e criativa na educação de pós-graduação. Littleton preparou o primeiro curso de contabilidade em nível de pós-graduação da instituição, nos anos 1920. O curso teve sucesso acadêmico. A disciplina original de teoria contábil foi subdividida em teoria e história contábil, e essa divisão continuou com o surgimento de novos temas. Até sua aposentadoria, em 1952, a marca de Littleton esteve presente em todos os cursos de pós-graduação em contabilidade da universidade.
Obteve um mestrado em economia em 1918, também pela Universidade de Illinois, algo incomum, na época, para membros do corpo docente. Conclui em 1934 o doutorado em economia. Sua tese, Accounting Evolution to 1900, publicada em 1933, foi amplamente aclamada e continua sendo uma das principais obras da história da contabilidade.
Littleton dominou a orientação de teses na Universidade de Illinois. Das 225 teses de pós-graduação concluídas entre 1913 e 1952, orientou 76 delas (34%). No caso das teses de doutorado, sua influência foi ainda maior: orientou 24 das 26 concluídas durante sua permanência no departamento. Foi também provavelmente o principal responsável por conceber e promover, até sua aceitação acadêmica, o primeiro programa de doutorado em contabilidade do mundo. O primeiro aluno concluiu o curso em 1938.
Seus hábitos de leitura ampla e reflexão constante o levaram naturalmente à valorização da publicação científica, em um momento em que a contabilidade ainda tinha poucos veículos de divulgação. Atuou como editor da Accounting Review por vários anos e publicou numerosos artigos ao longo de sua carreira. Foi autor ou coautor de seis livros sobre teoria contábil. Sua obra conjunta com o professor da Universidade de Michigan, William Andrew Paton, An Introduction to Corporate Accounting Standards (1940), continua sendo uma referência essencial na teoria contábil moderna. Escreveu também a monografia Structure of Accounting Theory (1953), publicada pela American Accounting Association (Monografia nº 5). No total, publicou mais de 100 artigos em periódicos contábeis e empresariais.
Ao longo de sua carreira como educador, Littleton defendeu ideias que considerava fundamentais para que a contabilidade se tornasse um instrumento mais eficaz para os negócios. Foi um defensor do conceito de custo histórico, embora nem todos concordassem com ele. Por ter vivido tanto os anos de euforia dos anos 1920 quanto a crise dos anos 1930, compreendia - talvez mais do que os contadores contemporâneos - os impactos da inflação e da deflação sobre a economia e os demonstrativos contábeis. O conceito de custo histórico permanece como base da contabilidade contemporânea, ainda que tenha passado por modificações e propostas de expansão, visando refletir melhor as mudanças no poder de compra.
Além disso, em seus textos e palestras, Littleton defendia o papel central da determinação do resultado na teoria contábil. Acreditava fortemente nos procedimentos de alocação de custos, o que o levou, junto a Paton, à formulação do conceito de matching — ou seja, a correspondência entre custos e receitas —, que continua sendo um dos pilares da contabilidade. Para ele, a estrutura da teoria contábil deveria se basear em princípios derivados de forma indutiva, a partir da experiência e da prática, o que também permanece como uma ideia relevante nos debates atuais da área.
Littleton foi um dos primeiros a entrar no Accounting Hall of Fame (Galeria da Fama da Contabilidade. às suas ideias. Poucos contribuíram tanto para a educação contábil quanto ele.
Adaptado do verbete escrito por Vernon K. Zimmerman, The History of Accounting
Leia aqui
Mestrado e Doutorado em Educação na UnB - 2025
Estão abertas as inscrições para a seleção de candidatos aos cursos de Mestrado Acadêmico e Doutorado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Universidade de Brasília (UnB), com ingresso no segundo período letivo de 2025.
Mestrado: 33 vagas
Doutorado: 40 vagas
Políticas públicas e gestão da educação – POGE
Educação e Diversidade na Infância, Juventude e Vida Adulta - EDIJA
Pedagogia, Formação Docente, Currículo e Avaliação – PDCA
Educação Matemática - EDUMAT
Educação, Tecnologias e Comunicação - ETEC
Educação Ambiental, do Campo, Indígena, Quilombola e das Relações Étnico-Raciais – EACQREs
INSCRIÇÕES
De 07 de abril de 2025 (a partir das 18h) até 07 de maio de 2025 (até as 22h).
Edital completo: aqui.
12 abril 2025
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Kohler
Eric Louis Kohler (1892–1976) - Quando o governo dos Estados Unidos decidiu distribuir recursos para os países europeus após a segunda guerra mundial, o gestor do que ficou conhecido como Plano Marshall, Paul Hoffman, escolheu Kohler para ser o controlador dos recursos. Kohler já era considerado “a consciência da profissão contábil americana” e conseguiu manter o plano longe dos escândalos. Foram mais de 20 bilhões de dólares, uma quantia enorme para época, durante anos e para vários países.
Kohler foi o único presidente da American Accounting Association (AAA) eleito por duas vezes (1936 e 1946) e editor do Accounting Review por mais tempo do que qualquer outra pessoa (1928–1942). Por meio de suas ações e escritos, ele impactou profundamente não apenas o pensamento e a prática contábil, mas também as instituições da área, especialmente durante as décadas de 1930 e 1940. Nesse tempo, seu principal interesse era a necessidade de uma declaração autoritativa de princípios e normas fundamentais de contabilidade que sustentassem os relatórios financeiros corporativos.
Esse interesse foi vigorosamente expressado em seu editorial polêmico de 1934 no Accounting Review, intitulado “A Nervous Profession, Standards Must Come” (“Uma Profissão Nervosa: Normas Devem Surgir”), no qual Kohler demonstrou sua falta de confiança no American Institute of Accountants (AIA, atualmente AICPA — American Institute of Certified Public Accountants) e conclamou a American Association of University Instructors in Accounting (atualmente AAA) a liderar a formulação de um corpo de princípios e normas contábeis.
Esse movimento se materializou, por exemplo, com a publicação no Accounting Review de junho de 1936 do documento “Tentative Statement of Accounting Principles Affecting Corporate Reports” (“Declaração Provisória de Princípios Contábeis que Afetam os Relatórios Corporativos”), redigido pelo recém-criado Comitê Executivo da AAA. Tal documento representava uma tentativa de criar uma declaração unificada (embora compacta) de princípios contábeis.
O monumental Dictionary for Accountants de Kohler também foi concebido nesse mesmo espírito de definição de padrões. O esforço subsequente de Kohler para definir termos contábeis se estendeu por muitos anos e passou a ser influenciado pela torrente de avanços científicos, tecnológicos e metodológicos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
Os efeitos desse trabalho continuam presentes nos períodos seguintes. Há extensas citações a esse dicionário como fonte das definições utilizadas no Statement of Accounting Standards No. 1.
Kohler enxergava a contabilidade e a divulgação contábil como instrumentos relevantes de controle social (ou autocontrole). Isso o levou a enfatizar o uso de termos e conceitos contábeis relativamente simples, mas abrangentes e claramente expressos, assim como sua defesa do custo histórico como base para as divulgações contábeis.
Baseado no texto de W.W. Cooper para o The History of Accounting
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Gantt
Henry Laurence Gantt (1861–1919) - O engenheiro industrial americano Henry Laurence Gantt fez contribuições notáveis para a análise contábil durante seu período formativo. Colega e discípulo de Frederick Winslow Taylor, Gantt via o orçamento como um meio de atribuir responsabilidades e medir o desempenho, e não apenas como uma forma de limitar os gastos. Ele foi pioneiro no uso de recursos visuais para planejar e controlar operações. O Gráfico de Gantt, precursor da Técnica de Avaliação e Revisão de Programas (PERT), era uma representação gráfica que permitia aos gestores visualizar o andamento do trabalho e tomar ações corretivas para manter os projetos dentro do cronograma e do orçamento.
Somente após Taylor, Gantt e outros especialistas em eficiência realizarem estudos de tempos e movimentos e testes de cada operação nas fábricas é que os padrões de custo puderam ser calculados cientificamente.
Em 1915, Gantt analisou problemas da contabilidade de custos relacionados ao tempo ocioso, à alocação de custos indiretos e à definição de custos padrão. Ele popularizou a ideia de que o tempo ocioso representava uma perda, e não um custo legítimo de produção. Gantt defendia a alocação proporcional dos custos indiretos com base na capacidade normal e considerava os custos históricos dos produtos irrelevantes. Segundo ele, os contadores deveriam calcular quanto um item "deveria custar, caso fossem utilizados os métodos corretos de manufatura e a fábrica operasse em plena capacidade. Isso poderia ser chamado de custo ideal, e todos os esforços deveriam ser direcionados à sua obtenção."
Do verbete escrito por Michael Chatfield, The History of Accounting. Foto aqui
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: F Donaldson Brown
F. Donaldson Brown (1885–1965) foi um grande nome da contabilidade gerencial do século XX. Formado em engenharia, entrou na empresa DuPont Powder Co em 1909 e três anos depois já ocupava o cargo de gerente assistente do departamento de vendas. Nessa posição e em 1912, Brown criou a fórmula de cálculo do Retorno sobre o Investimento, o ROI, ou como é muitas vezes conhecida, a fórmula da DuPont.
O chefão da empresa gostou da expressão e promoveu Brown. Quando a General Motors estava em dificuldade, os DuPonts assumiram o controle da empresa. E Brown foi deslocado para a fabricante de automóveis, sendo nomeado vice-presidente de Finanças em 1921.
O ROI também foi aplicado na General Motors e permitia que os grandes grupos corporativos analisassem setores distintos baseado em uma mesma métrica. Brown trouxe o conceito que a rotatividade do capital era um fator importante na mensuração da lucratividade. Até hoje a fórmula é usada em livros de análise de balanços e faz parte de modelos empíricos de pesquisa.
Os críticos do ROI argumentam que a expressão enfatiza os resultados de curto prazo, mas o próprio Brown já sabia disso e em 1924 afirmou que:
“É evidente que o objetivo da gestão não é necessariamente a maior taxa de retorno possível sobre o capital, mas sim o maior retorno compatível com o volume alcançável, cuidando para garantir que o lucro de cada incremento de volume seja ao menos igual ao custo econômico do capital adicional exigido.”
Além da criação do ROI, Brown desenvolveu a solução do preço de transferência para a General Motors. Isso significava que as divisões da empresa competiam com os fornecedores externos através da medida. Ele afirmava:
“A questão do preço do produto de uma divisão para outra é de grande importância. A menos que uma situação competitiva verdadeira seja preservada, no que se refere aos preços, não há base sobre a qual o desempenho das divisões possa ser avaliado.”
Brown também utilizou, tanto na DuPont, quanto na General Motors, dos custos padrões. Nessa época, o sistema permitiu que a GM implantasse uma política de remuneração dos seus executivos baseada no preço da ação. Assim, o sucesso da empresa melhorava a vida dos executivos.
Assim, Brown teve grandes contribuições para a área contábil: ROI, preços de transferência, padrões e remuneração.
(Adaptado do verbete de Stephen Young, The Dictionary of Accounting)
11 abril 2025
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Edwards
James Don Edwards (1926–2020) - Professor J.M. Tull de Contabilidade na Universidade da Geórgia, James Don Edwards obteve seu doutorado pela Universidade do Texas. Foi presidente da American Accounting Association (1971) e membro do conselho curador do Financial Accounting Standards Board – FASB (1972–1978). Também integrou o Comitê Trueblood sobre os Objetivos das Demonstrações Financeiras (1971–1973).
Em 1960, Edwards escreveu History of Public Accounting in the United States (História da Contabilidade nos Estados Unidos), uma obra abrangente baseada em documentação original que retrata o desenvolvimento da profissão contábil pública e que continua sendo uma fonte valiosa para pesquisas históricas. Por exemplo, Edwards incluiu uma análise dos certificados de CPA emitidos por cada estado.
Em 1961, Edwards e Roland F. Salmonson coautoraram um livro que analisa as contribuições de quatro escritores pioneiros da contabilidade: Eric Louis Kohler, A.C. Littleton, George Oliver May e William Andrew Paton. Esse livro oferece uma excelente visão tanto dos autores quanto do campo da contabilidade, por meio de sinopses de suas obras. Entre outros aspectos, essas sinopses mostram: a preocupação de Kohler com a linguagem contábil; a crença de Littleton no custo histórico; o esforço de May para inserir a contabilidade no contexto da economia como um todo; e a busca de Paton por uma contabilidade baseada em valores correntes.
Edwards foi editor da edição comemorativa do centenário da AICPA publicada em maio de 1987 no Journal of Accountancy. Por seu trabalho nessa edição — onde demonstrou com excelência sua habilidade em relacionar a história da contabilidade com a prática profissional —, recebeu o Hourglass Award da Academy of Accounting Historians em 1993. Também em 1993, foi agraciado com a Medalha de Ouro por Serviços Meritórios do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA). Em 1994, recebeu um doutorado honorário em contabilidade da Universidade de Paris.
(Do verbete de Richard Vangermeersch, The History of Accounting).
Adicionalmente, ele lecionou nos Estados Unidos e no exterior - incluindo palestras e seminários convidados no Brasil. Sua principal obra, The Theory and Measurement of Business Income, escrita em parceria com Philip Bell, é um clássico da contabilidade.
Novo capítulo no caso J&J
Um dos casos mais interessantes relacionados ao passivo diz respeito ao famoso talco da Johnson & Johnson. O talco foi, e ainda é, um grande sucesso de vendas em diversos países do mundo. Há tempos, a empresa sabia que o produto, por conter amianto, era cancerígeno. Mesmo assim, continuou produzindo e comercializando o talco. A ganância pelo lucro falou mais alto que a preocupação com a saúde dos clientes.
Com a descoberta da associação entre o talco e a doença, começaram a surgir processos judiciais. A negativa inicial da empresa tornou-se insustentável diante das evidências. Em alguns países, a empresa chegou a mudar a fórmula. Mas isso não impediu o avanço das ações judiciais movidas por clientes que desenvolveram a doença e por seus familiares.
Nos últimos anos, a empresa tentou uma abordagem controversa. Criou outra companhia, sediada em um local estrategicamente escolhido por ser mais favorável do ponto de vista jurídico, e transferiu todos os passivos para essa nova empresa. Dessa forma, "limpava" o balanço da Johnson & Johnson e deixava o problema com a nova companhia, que já nascia praticamente falida.
Entretanto, a manobra da empresa tornou-se evidente demais, e o Judiciário passou a desqualificar essa estratégia. A Johnson & Johnson recuou e tentou realizar um grande número de acordos judiciais. Passou então a pressionar os que resistiam ao acordo a aderirem à posição da maioria.
No final de março, a empresa sofreu outro grande revés: um juiz federal de falências rejeitou o acordo de 9 bilhões de dólares. Houve oposição tanto por parte do administrador de falências do Departamento de Justiça quanto de alguns demandantes que não aceitaram os termos propostos.
Aguardemos as próximas cenas.
Qualis Capes
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| Fonte da imagem: aqui |
Anúncio de mudanças na metodologia de avaliação da produção intelectual provoca discussões sobre o fim do Qualis
Em outubro de 2024, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) anunciou uma nova metodologia para a classificação da produção intelectual na pós-graduação stricto sensu. Com aplicação para o ciclo 2025-2028, o novo processo muda o foco da avaliação dos periódicos científicos para o artigo publicado. Com isso, o que passa a importar é o impacto e a relevância da produção científica em si e não mais o Qualis do periódico.
O comunicado gerou alvoroço nas redes sociais [...]. Os comentários a essas postagens apontaram algumas questões recorrentes: o foco nas citações do artigo não aumentará ainda mais a relevância de quem já é bem citado? Não poderá aquecer o mercado das revistas predatórias? O que acontece se um tema ou autor vier a se tornar referência só tempos depois? Como isso impacta a avaliação?
O diretor de Avaliação da Capes, Antonio Gomes de Souza Filho, esclareceu alguns pontos.
A nova metodologia propõe três procedimentos para classificar os artigos:
1 - Desempenho do periódico, com foco nos artigos: utiliza indicadores bibliométricos do Qualis Capes, mas para classificar os artigos em oito níveis (A1 a A8), ao invés dos periódicos.
2 - Indicadores diretos dos artigos + indicadores dos periódicos: combina a análise quantitativa (índice de citações alcançado) e qualitativa (indexação, acesso aberto) dos artigos com atributos dos periódicos, resultando em oito níveis de classificação (A1 a A8).
3 - Análise qualitativa: classifica os artigos com base em fatores definidos por cada área de avaliação (“pertinência do tema abordado frente às áreas de concentração e linhas do programa, avanço conceitual proveniente do trabalho publicado, contribuição científica do estudo para a área de conhecimento em termos de relevância e impacto, dentre outros”), utilizando os conceitos “muito bom”, “bom”, “regular”, “fraco” e “insuficiente” que, segundo ele, é um sistema bem conhecido.
Os documentos orientadores com os detalhes da nova metodologia serão publicados em 2 de maio de 2025.
Texto completo: aqui.
Impacto da IA segundo pesquisadores
54% dos 4.260 pesquisadores globais que responderam a uma pesquisa acreditam que a inteligência artificial (IA) trará mais benefícios do que riscos para a sociedade. Isso os torna aparentemente muito mais otimistas do que o público em geral: por exemplo, em uma pesquisa semelhante, apenas 13% do público do Reino Unido compartilhou essa visão positiva. No entanto, os dois grupos apresentaram opiniões mais alinhadas em relação ao papel da tecnologia na desinformação, no uso de dados e no cibercrime: 77% dos pesquisadores e 68% do público britânico disseram que a IA torna a desinformação um problema. A descoberta mais surpreendente da pesquisa é que menos de um terço dos cientistas da área de IA acredita que as tecnologias devem ser desenvolvidas o mais rápido possível, afirma Robert Trager, diretor da Iniciativa de Governança da IA do Oxford Martin. “Eles parecem preferir uma abordagem mais ponderada para o desenvolvimento, a fim de mitigar os riscos.”
Mais sobre a pesquisa pode ser lida aqui
Representação fiel e o mapa do metrô
Os contadores passaram a adotar como mantra que a informação deve apresentar representação fiel ou fidedigna. Essa ideia tem prevalecido e sido amplamente aceita, sem maiores críticas. A presença da representação fiel na estrutura conceitual parece reforçar que isso é, de fato, algo desejável em uma informação.
É bom lembrar que isso começou nos anos sessenta e, logo depois, foi incorporado à primeira estrutura conceitual emitida por uma entidade — no caso, a estrutura do FASB, que já estava em gestação antes mesmo da criação formal dessa entidade do terceiro setor nos Estados Unidos. A estrutura conceitual pareceu tão boa que foi rapidamente incorporada pelo IASC. Com a transformação do IASC em IASB, a estrutura passou a ser repensada em conjunto com o FASB, no que ficou conhecido como Acordo de Norwalk.
Levaram anos para finalizar a nova estrutura conceitual, mas, quando o texto ficou pronto, a representação fiel permanecia entre as características — assim como já constava nos documentos anteriores. E tem sido considerada tão importante que recebe o selo de característica "fundamental". Parece um tanto óbvio afirmar que a informação deve representar a realidade. Mas será essa uma verdade absoluta?
Veja o mapa do mundo. Há uma história rica sobre o tema, que inclui as primeiras tentativas feitas pela humanidade desde a Antiguidade até Mercator. Mercator viveu no século XVI e propôs uma representação do mundo por meio de um mapa que transformava uma esfera — a Terra — em um desenho plano: o seu mapa. O mapa de Mercator é tão influente (e veja que uso o verbo no presente) que, quando imaginamos uma representação do mundo, a imagem proposta por ele é a que nos vem à mente. Pense no Brasil e no mapa do Brasil. Agora pense na América do Norte. Ao juntar ambos, se você imaginou o Brasil na parte inferior do mapa e a América do Norte na parte superior, isso é resultado da influência dessa antiga representação do mundo, especialmente do mapa de Mercator. Mas será uma representação fiel? Talvez seja uma das possíveis representações do mundo — mas não é fiel, pois estamos desenhando algo em duas dimensões quando, na verdade, temos uma esfera.
A representação nada fiel do mundo em um mapa é um exemplo que me vem à mente quando lemos sobre estrutura conceitual e suas características fundamentais. Em muitos casos, a falta de fidedignidade não compromete o objetivo da informação. Uma situação em que isso aparece de forma clara, além do mapa de Mercator, é no mapa do metrô de Nova York. No passado, o blog apresentou esse exemplo.
Agora, temos a notícia de que o famoso mapa do metrô está mudando. Segundo as informações, o mapa foi redesenhado, tornando-se muito parecido com um modelo usado brevemente nos anos 1970. Esperamos que ele não esteja buscando representar fielmente a cidade, mas sim oferecer algo útil para os usuários.
10 abril 2025
Auditores culpados
Apresentamos as primeiras evidências descritivas abrangentes sobre as consequências no mercado de trabalho e na vida pessoal para profissionais de auditoria nos Estados Unidos que são mencionados em ações de fiscalização da SEC (Securities and Exchange Commission) ou do PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board). Três descobertas principais emergem: Entre 38% e 73% dos auditores considerados culpáveis deixam suas firmas dentro de um ano após o evento de fiscalização. Essas taxas de saída são de três a quatro vezes maiores quando comparadas a uma amostra de auditores não culpáveis. 83% dos auditores culpáveis que saem de firmas da Big 4 deixam a profissão, em comparação com 58% do grupo de comparação não culpável que também saem dessas firmas. Em contraste, cerca de 77% dos auditores culpáveis que deixam firmas que não são da Big 4 permanecem na auditoria pública, comparado a 51% do grupo de comparação não culpável nessas mesmas firmas. Utilizando dados inéditos sobre bens imobiliários pessoais, constatamos que os auditores culpáveis não parecem realizar transações imobiliárias significativamente diferentes no período ao redor da fiscalização, quando comparados com uma amostra de indivíduos não culpáveis.
Eis aqui onde o texto pode ser encontrado.
Nova norma sobre continuidade
A International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) publicou uma versão revisada da norma internacional de auditoria ISA 570 (Revisada 2024) — "Continuidade Operacional" — em resposta a falências corporativas que levantaram questionamentos sobre as responsabilidades dos auditores. A nova norma aprimora significativamente o trabalho do auditor na avaliação da capacidade de uma entidade continuar operando.
Previsão antecipada
A Apple fretou aviões cargueiros para transportar desde março 600 toneladas de iPhones, ou até 1,5 milhão de unidades do smartphone, da Índia para os Estados Unidos, depois de aumentar a produção no país asiático em um esforço para contornar as tarifas de importação criadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, disseram fontes à Reuters.
A parte interessante:
A Apple gastou cerca de oito meses para planejar e estabelecer o desembaraço alfandegário acelerado em Chennai, e o governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, pediu às autoridades que apoiassem a Apple, disse uma autoridade indiana sênior.
Se isso for verdade, a previsão da empresa antecipou o movimento tarifário de Trump.
As novidades das Normas internacionais
Para os interessados:
El próximo miércoles 16/04 Tadeu Cendon realizará una presentación en español sobre las últimas novedades de las NIIF.
Los invitamos a participar de la presentación en forma gratuita por el canal de YouTube del GLENIF.
09 abril 2025
Efeito da frequência de monitoramento
Ao avaliar atributos em mudança (por exemplo, produtividade no trabalho, níveis de poluição), os observadores se preocupam não apenas com o nível do atributo, mas também com sua taxa de mudança. Dois funcionários provavelmente terão valores diferentes aos olhos de um supervisor se levarem tempos distintos para concluir o mesmo trabalho.
Dez estudos no artigo principal (e cinco nos Materiais Suplementares) documentam e exploram um efeito da frequência de monitoramento (MFE, na sigla em inglês): o progresso é percebido como mais lento na medida em que é monitorado com maior frequência.
Esse efeito foi observado em diversos domínios (ambiente de trabalho, saúde pública, meio ambiente, investimentos, crescimento físico) e mostrou-se robusto mesmo diante de incentivos financeiros que estimulavam a precisão. Vários fatores foram identificados como influenciadores das preferências por monitorar alvos com mais ou menos frequência.
Os participantes também demonstraram preferências sobre com que frequência gostariam de ser monitorados; essa investigação revelou diretamente a natureza contraintuitiva do MFE. Embora o MFE tenha se mostrado consistente em todas as variantes testadas, seu tamanho dependia da forma como as informações sobre mudanças no atributo eram apresentadas.
Duas explicações mecanicistas foram testadas — uma baseada em vieses de memória para informações monitoradas e outra na falha em sintetizar essas informações de forma normativa. Apenas esta última foi confirmada.
A discussão foca em como o MFE complementa ou apenas contradiz superficialmente trabalhos anteriores sobre aversão à perda míope, viés de proporção, dependência da partição e acompanhamento do progresso de metas.
O MFE identifica uma forma qualitativamente distinta pela qual avaliações e crenças anteriores podem influenciar avaliações de alvos, reforçando assim até mesmo premissas equivocadas.
Apple e as tarifas de Trump
Produzir um telefone é algo muito difícil e complexo. Exige uma grande quantidade de pessoas. As tarifas de Trump parece que não levam em consideração essa dificuldade e supõe ser possível transferir toda produção para as cidades dos Estados Unidos. Mas o país não tem condições de fazê-lo, por falta de mão de obra, incluindo engenheiros. E a empresa não fez ainda nenhum sinal que irá mudar seus planos, pelo menos por enquanto.
Segundo informação do site Futurism, a empresa obtém partes e insumos de 200 fornecedores, em 43 países. E parte do trabalho, feito por economias como a China, usa de trabalhadores bem organizados e obedientes, considerados por muitos como empregos de baixa qualificação.
Trump e os Custos de Transação
Durante décadas, as grandes empresas promoveram um sistema de produção baseado em diferentes países, com contratos de longo prazo firmados com fornecedores confiáveis. O exemplo mais nítido é o iPhone, que tem partes desenvolvidas na sede da Apple e muitas outras produzidas em diversas regiões do mundo. Esse modelo funcionou bem durante anos, permitindo que a empresa entregasse aos clientes um produto relativamente barato, considerando suas funcionalidades.
De certa forma, a Apple se beneficiou do fato de ser mais barato estruturar a produção de modo que um grande número de atividades fosse realizado externamente. Curiosamente, há quase cem anos, um estudante de graduação de apenas 21 anos teve essa ideia, que transformou em um artigo científico alguns anos depois. Na época, a repercussão do texto foi limitada, mas, nos anos 1970, ele voltou a ser debatido e recebeu importantes contribuições de outros pesquisadores.
A ideia daquele jovem era que o mercado poderia coordenar a produção por meio do mecanismo de preços. As empresas poderiam simplesmente adquirir no mercado os produtos e serviços de que necessitassem. Mas ele se questionou por que nem sempre as empresas agiam assim. Afinal, se o mecanismo de mercado funcionava tão bem, por que existiam empresas? A realidade observada era distinta da descrita nos manuais clássicos de economia: muitas empresas optavam por produzir internamente, em vez de adquirir tudo externamente. Qual o sentido disso?
O questionamento era, na verdade, mais profundo: qual o sentido da existência de empresas dentro de um sistema de mercado, se tudo poderia ser obtido no próprio mercado? Esse aluno — Ronald Coase (pronuncia-se “Couzy”) — propôs que a resposta estava nos custos. Os custos descritos naquele artigo dos anos 1930, hoje conhecidos como custos de transação, envolvem, por exemplo, o custo de negociar, monitorar e fazer cumprir contratos.
O crescimento do comércio internacional e a abertura dos mercados em diversos países permitiram a redução desses custos de transação. Em vez de fabricar tudo internamente, como parecia ser a tendência em meados do século passado, as empresas passaram a firmar contratos de longo prazo com parceiros externos. Essa tendência, que ficou conhecida como terceirização, entre outros termos, levou à criação de produtos — como o celular — com componentes fabricados em diferentes partes do mundo.
A recente medida do governo dos Estados Unidos de elevar as tarifas de importação sobre produtos fabricados no exterior aumenta os custos de transação de diversas formas. Além da necessidade de renegociar contratos com fornecedores, as empresas passam a arcar com novos impostos que encarecem o produto final, além de enfrentarem maior risco e incerteza.
Assim, o aumento das tarifas terá reflexos importantes nas estruturas econômicas, impactando diretamente o modo de operação de muitas empresas.
Consultorias e Clima
Do livro A Grande Falácia, de Mariana Mazzucato e Rosie Collington:
Talvez a área de maior impacto do Big Con [conjunto de grandes empresas de consultoria, o que inclui as Big Four] seja nos esforços contra o colapso climático. A indústria de consultoria ajudou a consolidar formas de produção movidas pela maximização dos lucros no curto prazo que intensificaram as emissões de carbono. Agora, diante da preocupação crescente com a crise climática, o Big Con aproveita uma nova onda, obstruindo as transformações em grande escala que são necessárias em todos os setores das nossas economias intensivas em carbono. Fornece a governos e empresas frameworks [ISSB ?] que oferecem um véu de comprometimento sem que uma ação seja exigida, incluindo criar e promover ferramentas de ESG que Tarik Fancy, ex-executivo da BlackRock (...) chamou de "uma distração perigosa".
Isso está na página 21. Logo a seguir as autoras citam a Austrália, onde um centro especializado em clima teve negada verba para tratar da questão da emissão de carbono zero. O motivo: o governo preferiu contratar a McKinsey.
08 abril 2025
Voz, IA e depressão do CEO
Eis o resumo
Apresentamos uma nova medida de depressão em CEOs por meio da aplicação de modelos de aprendizado de máquina que analisam características acústicas vocais em gravações de conferências realizadas pelos CEOs. (...) Neste estudo, validamos essa medida e examinamos fatores associados. Constatamos que um maior risco da empresa está positivamente associado à depressão do CEO, enquanto maiores exigências no trabalho estão negativamente associadas à depressão do CEO. CEOs mulheres e mais velhos apresentam menor probabilidade de depressão. Utilizando essa nova medida, exploramos a relação entre a depressão do CEO e os desdobramentos de sua carreira. Embora não tenhamos encontrado evidências de que a depressão esteja associada à rotatividade do CEO, encontramos indícios de que a sensibilidade da rotatividade ao desempenho é maior entre CEOs deprimidos. Também encontramos evidências limitadas de uma remuneração mais alta e maior sensibilidade da remuneração ao desempenho para CEOs deprimidos. Este estudo oferece novas percepções sobre a relação entre saúde mental de CEOs e os resultados de suas carreiras.
Texto completo aqui
07 abril 2025
Automação e profissão
De Portugal:
(...) os autores do estudo "Automação e inteligência artificial no mercado de trabalho português", publicado esta sexta-feira, classificaram 120 profissões em função do grau de exposição à disrupção tecnológica: efeitos transformadores (que resultam da exposição a instrumentos de inteligência artificial) e efeitos destrutivos (que resultam da exposição à automação que substitui trabalho humano). Em quatro categorias:
"Profissões em ascensão": Alto potencial transformador e baixo risco de destruição pela automação (mais promissoras)
"Terreno das máquinas": Alto potencial transformador e elevado risco de automação (numa encruzilhada)
"Terreno dos humanos": Baixa exposição tanto transformativa como destrutiva (menos expostas)
"Profissões em colapso": Potencial transformador mínimo e elevada exposição destrutiva (risco de extinção)
O estudo completo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que além de ter a lista também descreve a metodologia e os critérios utilizados, pode ser consultado aqui.
A imagem em destaque apresenta o resultado do estudo para:
- Especialista em finanças e contabilidade, marcado como "ascensão"; e
- Operadores de dados, de contabilidade, estatística e serviços financeiros, classificado com o termo "máquinas".
A compra de um óculos no Brasil, segundo um gringo
Eis o que ocorreu com um especialista no assunto:
No Brasil, comprar um par de óculos de sol infantis requer um elaborado ritual de negociação completo com serviço de café e vários funcionários de vendas, como descobriu o professor da London School of Economics, Christopher Sandmann, durante férias em família.
(...) Sandmann descreve em uma loja de óptica high-end com seu filho de dois anos de idade, onde eles foram recebidos por nada menos que seis funcionários. Um segurava a porta, outro os levava até uma mesa, um terceiro apertava as mãos, enquanto outros ofereciam água, limonada e café. (...)
A verdadeira lição veio durante as negociações de preços. O preço inicial de £100 (700 Reais) (...) foi o ponto de partida para uma série de ofertas e contraofertas. A parte principal [da estratégia]? Os vendedores brasileiros dominaram uma tática psicológica comprovada. Eles restauram seu poder de barganha adiando a decisão final para um dono de loja ausente por telefone. Isso transforma a negociação em um esforço colaborativo, com comprador e vendedor subitamente aliados na esperança da aprovação do proprietário.
"Ligar para o proprietário é uma tática inteligente", explica Sandmann. "Primeiro, amarra-lhes as mãos; eles não ligarão duas vezes para o chefe em meu nome. Também é psicologicamente astuto porque transforma [o vendedor] e eu em aliados. Anteriormente, todos os mimos com café e limonada encobriam o fato de estarmos envolvidos em um cabo de guerra pelo preço."
(Eu já tive essa experiência na compra de um automóvel. Nunca tinha imaginado sob essa ótica - ops)
Uma decisão desastrosa de economia de custo
Sobre o veículo Cybertruck da Tesla:
(...) foi a decisão inicial de criar um veículo que não precisasse ser pintado. Se a Tesla optasse por não pintar as picapes, não precisaria instalar uma nova linha de pintura de US$ 200 milhões (R$ 1,122 bilhões), uma grande economia potencial. Além disso, não teria que se preocupar com a fiscalização da EPA em relação às emissões prejudiciais e ao desperdício que essas instalações frequentemente geram.
No fim, Musk escolheu um exterior de aço inoxidável, a mesma decisão que DeLorean tomou para seu problemático carro esportivo quatro décadas antes. Mas, como Musk não é um engenheiro de produção, pode não ter compreendido completamente os desafios que esse material apresenta em relação ao alumínio ou a materiais compostos. Além do fato de que o aço inoxidável deixa marcas de mão visíveis – uma reclamação comum em eletrodomésticos –, ele é difícil de dobrar e tende a voltar à sua forma original, um dos motivos pelos quais há problemas nos painéis da carroceria da Cybertruck.
“Eles ficaram entusiasmados por não gastar US$ 200 milhões em uma linha de pintura, mas provavelmente gastaram isso tentando fazer o aço inoxidável funcionar”, comenta Glenn Mercer.
06 abril 2025
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Sprague
Charles Ezra Sprague (1842-1912) teve grande influência no desenvolvimento inicial da profissão contábil nos Estados Unidos. Era um homem de cultura e chegou a ser fluente em 16 idiomas. Formou-se em 1860, e serviu no Exército da União durante a Guerra Civil. Em 1870, começou a trabalhar como escriturário no Union Dime Savings Bank, em Nova York. Subiu rapidamente na hierarquia do banco e em 1892, foi eleito presidente do Union Dime Savings Bank, cargo que ocupou até sua morte. Durante sua gestão, introduziu diversas inovações bancárias, como cadernetas e talões de cheque pequenos, livros contábeis em fichas removíveis e uma máquina de lançamento de lançamentos contábeis.
Sprague viajava com frequência à Europa e nessas viagens conheceu práticas contábeis de outros países, como Inglaterra e Alemanha. No primeiro, aprendeu a importância de haver procedimentos formais para o reconhecimento de profissionais da contabilidade. Introduziu o sistema de um conselho de examinadores para contadores públicos e tornou-se um dos primeiros contadores públicos certificados no estado de Nova York. Na Alemanha, conheceu as abordagens contábeis do país, que influenciaram seus escritos posteriores.
Escreveu diversas obras, incluindo: The Accountancy of Investment (1904), Extended Bond Tables (1905), Problems and Studies in the Accountancy of Investment (1906), Tables of Compound Interest (1907), Amortization (1908), The Philosophy of Accounts (1908) e Logarithms to 12 Places (1910). Antes disso, envolveu-se com a publicação The Bookkeeper, para a qual escreveu e atuou como editor associado de 1880 a 1883.
Seu livro mais importante, The Philosophy of Accounts, teve enorme impacto sobre a prática contábil, passando por cinco edições em menos de 15 anos. Antes dessa obra, a maioria dos livros de contabilidade eram manuais práticos, com exemplos e exercícios. Sprague tentou explicar o "porquê", e não apenas o "como", da contabilidade, um afastamento da abordagem tradicional americana ou inglesa, aproximando-se do estilo alemão.
No livro citado (The Philosophy of Accounts) ele propôs uma nova classificação de contas. Antes, as contas eram divididas em pessoais e impessoais. Sprague propôs uma divisão mais simples: um grupo com ativos e passivos, e outro com capital e contas de lucros e perdas. Um conceito introduzido por ele em The Bookkeeper - ativos igualam passivos mais patrimônio (A = P + PL) - foi usado para representar a teoria das contas de forma algébrica.
Adaptado do verbete escrito por Rodney Rogers, The History of Accounting. Foto: aqui
Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Moonitz
Maurice Moonitz (1914-2009) começou os estudos como músico. Mas a crise de 1929 e a mudança para Califórnia levou a trabalhar como contador de banco. Conseguiu o bacharelado (1933), o mestrado (1936) e o doutorado (1941) pela Universidade da Califórnia em Berkeley, onde tornou-se professor associado efetivo (1947) e trabalhou até a aposentadoria (1978).
Além de pesquisador, tinha uma experiência prática resultante do trabalho, por oito anos, como contador e auditor. Atuou por três anos no Accounting Principles Board, responsável pelas normas contábeis dos EUA na década de 1960.
Sua obra mais reconhecida, The Entity Theory of Consolidated Statements (1944), apresentou uma abordagem conceitual para as demonstrações consolidadas, defendendo o tratamento de grupos de empresas interligadas como uma única entidade econômica e contábil. Essa perspectiva exige que todos os ativos e passivos, inclusive o ágio, reflitam 100% de seus valores de transação, e não apenas o percentual correspondente ao controle majoritário.
Outra contribuição importante foi o livro-texto em dois volumes Accounting: An Analysis of Its Problems, com Charles Staehling, que incluía um exemplo completo em que todos os elementos das demonstrações financeiras, inclusive o lucro líquido, eram mensurados a valor presente.
Em 1960, Moonitz foi nomeado o primeiro diretor de pesquisa contábil do AICPA. Suas publicações The Basic Postulates of Accounting (1961) e, com Robert T. Sprouse, A Tentative Set of Broad Accounting Principles for Business Enterprises (1962), foram os números 1 e 3 da série de Estudos de Pesquisa Contábil do AICPA. O primeiro estudo atendeu à demanda por uma investigação sobre os postulados fundamentais da contabilidade. No entanto, como a abordagem normativa levava à contabilidade a valor corrente, foi rejeitada pelo establishment contábil. Em 1962, o Accounting Principles Board declarou que os estudos, embora valiosos, diferiam demais dos princípios geralmente aceitos para serem adotados naquele momento.
Moonitz também contribuiu para a contabilidade inflacionária, refinando e esclarecendo a abordagem de nível geral de preços, hoje amplamente aceita pelos estudiosos. Produziu ainda análises sobre o processo de definição de normas contábeis nos Estados Unidos. Todas as suas obras se destacaram pelo alto nível de rigor acadêmico e influenciaram profundamente o campo da contabilidade por meio de outros estudiosos.
Baseado no verbete escrito por George Staubus para The History of Accounting.












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