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18 fevereiro 2020

Clima, segunda empresas europeias

Um relatório da Alliance for Corporate Transparency foi divulgado ontem, com uma pesquisa sobre como as empresas europeias estão relatando a questão do clima. Foram pesquisadas mil empresas europeias. Em resumo:

as divulgações não são específicas o suficiente para permitir o entendimento da posição de uma empresa e desenvolvimentos futuros. Os relatórios se concentram em apresentar políticas e compromissos gerais, mas não metas concretas, resultados de políticas com relação a essas metas e informações específicas sobre riscos e impactos.

City e o Fair Play

O Fair Play financeiro foi criado para tornar as competições esportivas mais equilibradas. Em alguns esportes, as regras limitam os salários dos atletas; em outras, a prioridade na contratação é dada para os clubes que tiveram pior desempenho no passado. Uma forma de conseguir o Fair Play financeiro é através da limitação dos gastos dos clubes, patrocinadores e atletas. Quando a Speedo desenvolveu um traje para seus nadadores, a proibição do uso da roupa em competições, que ocorreu logo depois, era uma forma de permitir que os atletas que não eram patrocinados pela marca tivessem chances em uma competição. Mais recentemente, um tênis desenvolvido pela Nike também foi proibido em competições de atletismo. O Fair Play financeiro evita que um time de futebol contrate os melhores atletas em razão do seu poder financeiro.

No caso do futebol, o Fair Play vai além do salário dos atletas e da contratação dos melhores por parte de um time. As regras procuram evitar que um grupo financeiro seja proprietário de mais de uma agremiação em uma competição; isto pode ajudar em não se ter uma combinação de resultados entre dois times de um mesmo proprietário.

Na sexta tivemos um fato bastante comentado relacionado com o Fair Play financeiro e a contabilidade. A entidade que regula o futebol na Europa, a Uefa, baniu um dos maiores times do continente, o Manchester City, de participar daquela que talvez seja a principal competição do futebol mundial, a Champions League. O Manchester City não poderá disputar a Champions League por dois anos em razão de dois motivos: (a) inflar as receitas de patrocínio; (b) não cooperar na investigação do caso.

No passado a Uefa impôs algumas regras para permitir um jogo justo no futebol europeu. A entidade estava preocupada com o endividamento excessivo de alguns clubes e da potencial redução da competitividade nos torneios. Neste último caso, mesmo em alguns países com longa tradição no futebol (caso da Alemanha e França), praticamente só existe um time (Bayer de Munique e Paris Saint-Germain). Para isto, a Uefa criou uma regra para impedir que um clube recebesse dinheiro de seu proprietário, mesmo com prejuízo. No passado, os donos injetaram recursos nos times, mesmo em situações de prejuízo. A regra da Uefa para o Fair Play é que os clubes não podem gastar mais do que recebem.

O Manchester City era um clube sem muita expressão continental até ser comprado pela família real dos Emiratos Árabes. Eles investiram muito dinheiro, contratando jogadores caros. Parte dos recursos veio do controlador. Mas em um determinado momento, as regras do Fair Play impediam o clube de receber mais recursos. O time fez um contrato de patrocínio com uma empresa aérea, a Emirates, que pagou pelo patrocínio de ter seu nome do estádio e na camisa do clube. O problema é que a empresa aérea também era do controlador e o valor pago foi muito acima do “valor justo”. Ou seja, foi colocado dinheiro no clube de maneira ilegal. Tudo leva a crer que o patrocínio de 67,5 milhões de libras

O que o Manchester City fez parece que foi grave já que a suspensão de participação de uma competição é considerada uma punição máxima. Além disto, o clube deve pagar uma multa de 30 milhões de euros, embora seja possível recurso.

Inicialmente a Uefa deu uma punição branda para o City: multa e algumas restrições. No passado, outros clubes receberam castigos pesados por parte da entidade. A punição inicial da Uefa foi leve. Mas um conjunto de e-mails apareceu e foi publicado pelo Dier Spiegel. Nas comunicações ficava claro a manipulação contábil por parte do City. O processo foi reaberto e daí surgiu a punição divulgada agora.

A segunda punição - A multa pela segunda punição é decorrente da atitude do clube inglês em relação a investigação. Conta-se que o presidente do clube afirmou ao então secretário-geral da Uefa “preferia gastar 30 milhões [em lugar de pagar uma multa] nos 50 melhores advogados do mundo para processar a Uefa nos próximos 10 anos”. Até o momento, o Manchester City não apresentou provas de que não ocorreu doping financeiro. Seu principal argumento é “perseguição”.

O que vai ocorrer - O City terá direito a recorrer, mas a decisão final deve sair em meados do ano, por conta da Champions 2020/21. As contas que foram analisadas não abrangeram até o último balanço publicado, o que significa que o clube pode ter mais punições e multas. Além do City, o PSG pode ser punido pelo mesmo motivo: a contratação de Neymar e Mbappé foi um claro desrespeito as regras da Uefa.

Efeitos colaterais - Além da multa, a punição pode gerar alguns efeitos colaterais. Jogadores podem tentar anular os contratos, alegando má conduta do clube e o técnico Guardiola pode deixar o clube. O clube também pode ser punido pela Premier League, o campeonato inglês, que possui outras regras, mas também pode ter sofrido a mesma “manipulação” da Uefa. Mais ainda, a atual punição cobre o período de 2012 a 2016; períodos posteriores podem ser analisados, com punições adicionais. Por exemplo, se o City for campeão da Champions, o título pode ser cassado.

Defesa do City - até o momento o City baseou sua defesa em uma perseguição da Uefa. Isto é pouco. Um argumento é que a Uefa usou material hackeado para processar o City. Mas basta uma análise na contabilidade do clube para confirmar ou não o material obtido pela imprensa. Como o processo deverá finalizar em meados do ano, mesmo assim, o City deverá continuar lutando - por exemplo, na justiça comum. É bom lembrar que o City aceitou as regras da Uefa antes de começar a competição; ele não foi forçado a fazer o que fez.

Efeito sobre o valor do City - A punição pode custar US$80 milhões em receitas para o clube em 2020, conforme estimativa conservadora da Forbes. A receita do clube é de 678 milhões de dólares, sendo 73 milhões por jogar a Champions. Segunda a revista, isto corresponde a uma perda de valor de quase 300 milhões de dólares. Dependendo do desempenho, a perda com a Champions seria entre 47 milhões a 102 milhões (se vencer o torneio).

Leia mais aqui, aqui e aqui

Peso do Barcelona em Barcelona

Um estudo da empresa de auditoria PwC mensurou o impacto que o clube de futebol Barcelona tem para a cidade de Barcelona. Os dados são relativos ao período 2018/2019 e considera o impacto direto (gasto do clube, impostos e empregos), indireto (fornecedores, investimentos do clube e outros) e colateral (torcedores no dia do jogo, receita de mídia, apostas etc). O resultado: uma contribuição para economia da cidade de 1,3 bilhão, representando 1,46% do PIB da cidade, 19.500 empregos e receita de tributos de 400 milhões de dólares. (*)


(*) Estes números são do texto, mas estão estranhos. O PIB de Barcelona é de 171 bilhões, conforme aqui. O percentual de 1,46% seria mais de 2,5 bilhões. E aqui a notícia que o presidente do clube contratou um empresa de mídia para difamar jogadores (Messi incluso).

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Café e segunda

17 fevereiro 2020

Lista: países mais poderosos

Fonte da imagem: aqui

Este ranking saiu no Business Insider:

25. Egito
24. Brasil
23. Noruega
22. Singapura
21. Países Baixos
20. Suécia
19. Espanha
18. Qatar
17. Itália
16. Turquia
15. Austrália
14. Índia
13. Suíça
12. Canadá
11. Emirados Árabes Unidos
10. Arábia Saudita
9. Coreia do Sul
8. Israel
7. Japão
6. França
5. Reino Unido
4. Alemanha
3. China
2. Rússia
1. Estados Unidos


Sobre o Brasil, a publicação esclarece:

O Brasil subiu no ranking deste ano: em 2019, ficou em 30º lugar no mundo.
 O US News considerou o enorme tamanho do país e a sua atratividade turística, mas também a sua “revolta”, que talvez tenha aumentado sob o controverso presidente do país, Jair Bolsonaro.
 "Ocupando metade da massa terrestre da América do Sul, o Brasil é o gigante do continente - tanto em tamanho quanto em população. A história do Brasil está cheia de turbulências econômicas, variando entre sucesso e fracasso, e sua cultura é um caldeirão que tradicionalmente tem acolhido o mundo.
 "O Brasil é um dos principais destinos turísticos do mundo. No entanto, no século 21, o país enfrenta sérias questões relacionadas à pobreza, desigualdade, governança e meio ambiente".

Informação que faz diferença

Quatro anos depois que o Chile adotou as medidas mais abrangentes do mundo para combater a crescente obesidade, existe um veredicto parcial sobre sua eficácia: os chilenos estão bebendo muito menos bebidas carregadas de açúcar (...)

O consumo de bebidas adoçadas com açúcar caiu quase 25% nos 18 meses depois que o Chile adotou uma série de regulamentos que incluíam restrições de publicidade a alimentos não saudáveis, etiquetas de aviso ousadas na frente da embalagem e a proibição de junk food nas escolas. Durante o mesmo período, os pesquisadores registraram um aumento de cinco por cento nas compras de água engarrafada, refrigerantes diet e sucos de frutas sem adição de açúcar.


Quando a informação faz diferença.

Fonte: aqui

Impairment de Petróleo de 900 bilhões de dólares

Recentemente a Exxon foi absolvida de um processo por manipulação das demonstrações contábeis. Como parte substancial do ativo da empresa era constituída por reservas, a empresa não estava levando em consideração os aspectos ambientais. Com o aumento da temperatura no planeta, deve haver uma maior pressão para que as empresas de petróleo deixem de extrair o combustível. As restrições a exploração deverá fazer com que parte do atual ativo talvez nunca seja explorada. Assim, o ativo estaria superestimado, comprovando a tese da manipulação das demonstrações.

A partir do momento que a contabilidade usa o julgamento para fazer suas mensurações situações como da Exxon podem ocorrer. Veja o que dizemos sobre o assunto:

O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação.

Um artigo de Alan Livsey para o Financial Times (traduzido e publicado no Valor de 7 de fevereiro com o título de Reservas de Energia Imobilizadas podem custar até US$900 bi) trata deste assunto de uma maneira mais ampla. Segundo Livsey, tudo irá depender da meta mundial de restrição da temperatura mundial. Quanto maior for a restrição, maior o valor da baixa:

Segundo estimativa do Financial Times, cerca de US$900 bilhões - ou um terço do valor atual das grandes empresas de petróleo e gás - evaporariam se os governos tentassem restringir mais agressivamente o aumento da temperatura mundial para 1,5o C acima dos níveis pré-industriais para o restante do século.

Mesmo no cenário que o setor vê como mais propício, de permitir um aumento de 2oC - que foi a meta que os países concordaram em buscar no Acordo de Paris de 2015 sobre as mudanças climáticas - os produtores de energia, incluindo as mineradoras de carvão, teriam de classificar mais da metade de suas reservas de combustíveis fósseis como imobilizadas. Se o limite de 1,5oC for cumprido, então o problema será maior, deixando sem valor mais de 80% dos ativos de hidrocarbonetos.

Idades dos Casais Disney

O gráfico acima mostra a diferença entre os casais de desenhos (não sei como foi estimado as datas das pessoas). Na maioria dos casos, a mulher é mais jovem que o homem. Em alguns casos, teríamos problemas legais (Branca de Neve, por exemplo).

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16 fevereiro 2020

Promessa não cumprida

Uma notícia ruim do relatório Forest 500: empresas que fizeram a promessa de parar na derrubada de florestas tropicais em 2020 falharam em agir desta forma. A floresta tropical tem sofrido com a produção de seis commodities: óleo de palma, soja, carne bovina, couro, madeira e papel.

Em 2018, 157 empresas firmaram o compromisso de acabar com o desmatamento até 2020. Um total de  80 empresas removeram ou reduziram a promessa. Uma das empresas, a japonesa Yakult, chegou a declarar que o compromisso permanece. 

"Muitas pessoas ficariam chocadas ao saber quantas marcas familiares em seu carrinho de compras podem estar contribuindo para a destruição da Amazônia e de outras florestas tropicais", disse a autora do relatório, Sarah Rogerson. "Os produtos de risco florestal estão em quase tudo o que comemos, desde carne bovina em refeições prontas e hambúrgueres, óleo de palma em biscoitos, até soja como ingrediente oculto em aves e produtos lácteos."

Esperar?

Na coluna do jornal Financial Times, Pilita Clark defende que você não deveria esperar por alguém: "quando alguém faz você esperar, por que não ir embora?". A ideia realmente é interessante. Mais interessante é um caso narrado por ela:

Hendry é um ex-gestor de fundos que certa vez voou do Reino Unido até o Brasil para se encontrar com o presidente de uma companhia em que um de seus fundos havia assumido uma participação de quase 5%. Ao chegar, tomo um chá de cadeira em uma sala com paredes de vidro de onde podia ver o CEO, segundo ele contou depois em um site dedicado a investimentos, o Value Walk. A certa altura, uma jovem sem experiência no negócio apareceu na sala para dizer que o presidente executivo estava ocupado, mas que ela poderia responder às suas perguntas.

Furioso, Hendry sacou seu telefone e disse a ela que tinha seu operador a "uma discagem" e que poderia vender 1% de participação a cada cinco minutos que ele tivesse de ficar esperando o chefe. "Ele não veio e então eu disse ´dane-se´, e vendi. Ainda bem que o fiz, porque a ação acabou se mostrando um fisaso", diz Hendry

Deixar alguém esperando pode ser uma forma de emitir uma sinal de desagrado. Mas também pode ser uma forma de mostrar um poder de alguém. Mas como diz Clark

Basicamente, o melhor argumento para ir embora é a profunda satisfação em se manter a dignidade

Casamento e riqueza


Idade no casamento é altamente correlacionada com riqueza. Pessoas em países mais pobres como Malawi e Laos tendem a casar mais cedo do que nos países mais ricos, como Noruega e Cingapura. E quando país se torna mais rico, a população tende a começar a casar mais tarde. Por exemplo, a média de idade no casamento na China aumentou de 22 anos para a mulher e 24 anos para o homem, em 1990, para 25 e 27, respectivamente, em 2016, um período onde o país experimentou um crescimento econômico rápido.

Não somente a idade tende a ser maior com a riqueza, mas a diferença de idade entre homem e mulher também diminui. A diferença da idade média do casamento de um homem para uma mulher é menos de dois anos nos países ricos, como Japão, Austrália e Estados Unidos, mas é acima de 6 anos em países mais pobres, como Camarões e Marrocos. 



Leia mais aqui

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Escalada da vida

15 fevereiro 2020

Manipulando a altura de um prédio



Parece maluquice. Existe manipulação em toda área; aqui, até na altura dos prédios.  Boa parte de alguns dos maiores prédios do mundo não tem nenhuma utilidade, exceto tornar o prédio mais alto.

Abordagem Informação Zero

Parece que a contabilidade do goodwill e o teste de recuperabilidade voltou para a agenda do Fasb e do Iasb. No caso do Iasb, os problemas com a empresa britânica Carillion, despertou a agenda. Nos Estados Unidos, os problemas com a General Electric e na Kraft Heinz provocaram o interesse no Fasb.

No caso Fasb, o excesso de ágio existente em várias empresas chama atenção. Em 2018, as empresas com ações negociadas na bolsa tinham 5,6 trilhões de dólares, o que significa 6% dos ativos e 32% do patrimônio. Das empresas que participam do índice SP500, o ágio era de 3,3 trilhões ou 9% dos ativos e 41% do patrimônio.

Uma alternativa que está sendo discutido é fazer a amortização, tendo como contrapartida o patrimônio líquido. Ou seja, não transitaria pelo resultado. Mas muitas empresas possuem um valor de goodwill superior ao patrimônio líquido. Esta abordagem enfrenta críticas. Se isto ocorresse, os investidores não teriam um grande informação, segundo Sandra Peters. Para ela, seria uma “abordagem com informação zero”. Os investidores não seriam capazes de reconhecer uma boa e má administração, segundo ele.

Quando as empresas fazem uma redução no valor recuperável, que é a abordagem atual para a contabilização de ágio, estão baixando um pouco de ágio porque os fluxos de caixa prospectivos da entidade adquirida não parecem bons. Isso vai para a demonstração de resultados. Diz algo para um investidor ou analista. Mas com a amortização [direto para o PL], a demonstração do resultado não mudaria.

Além disso, a amortização do ágio levaria, sem dúvida, a uma maior proliferação de medidas de lucro não-GAAP.

Oscar: alguns números

Fonte: Aqui

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Dia dos namorados (capas do New Yorker,via aqui)

14 fevereiro 2020

JBS x Paper

A Forbes fez um resumo da briga entre a JBS (dos enrolados irmãos Batista) e a empresa da Indonésia Paper Excelence, pela Eldorado Celulose.

Como a JBS tornou-se dano colateral numa guerra entre bilionários
Redação, com Reuters
11 de fevereiro de 2020
Paulo Whitaker

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil, da J&F Investimentos, holding que controla a JBS

A disputa entre os irmãos bilionários brasileiros Batista e o herdeiro de uma fortuna de papel e celulose da Indonésia está colocando pressão sobre os planos da JBS de listar suas operações internacionais nos EUA.

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil por Jackson Widjaja, membro da segunda família mais rica da Indonésia, cuja fortuna a Forbes estima em US$ 9,6 bilhões.

A Paper Excellence, de Jackson Widjaja, acertou a compra da Eldorado com a JF Investimentos, holding de participações da família Batista que também controla a JBS, em 2017.

O negócio deveria ser feito em duas etapas, mas não houve acordo para completar a segunda etapa e agora a decisão está nas mãos de um tribunal de arbitragem no Brasil.

Ontem (10), a JBS acusou a Paper Excellence de fazer campanha de lobby nos Estados Unidos contra a JBS, que tem grandes operações no país, segundo pedido cautelar protocolado pela JBS na Oitava Vara Federal Civel do Rio de Janeiro.

No pedido, a JBS diz que a Paper Excellence contratou lobistas nos EUA para argumentarem contra o recebimento pela JBS de subsídios do governo do país desenhados para agricultores que sofrem as consequências da guerra comercial contra a China, e persuadiram membros do Congresso a enviar cartas ao Departamento de Agricultura dos EUA pedindo a interrupção dos pagamentos.

Os lobistas também pediram investigações sobre a JBS, citando a confissão dos irmãos Batista de terem pago propina a quase 2 mil políticos, e levantam possíveis riscos da listagem das operações internacionais do frigorífico nos EUA, segundo o pedido ao juiz.

Numa nota enviada a Reuters, a Paper Excellence negou todas as acusações e disse que são “insinuações caluniosas e de má fé” feitas para “atacar a companhia, seus acionistas e trabalhadores”. A empresa disse estar focada em completar o negócio de compra da Eldorado Celulose.

Mesmo assim, documentos judiciais, formulários de lobby entregues ao Congresso americano e entrevistas com pessoas dos dois lados da disputa mostram que a Paper Excellence fez lobby contra a JBS nos EUA em meio à disputa pela compra da Eldorado.

O lobby aumenta a pressão sobre os irmãos Batista, que esperam para junho uma decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade de suas delações premiadas.

Nos últimos meses, congressistas americanos, incluindo os senadores Marco Rubio e Bob Menendez, escreveram para o governo Trump pedindo para investigar a JBS e o pagamento de subsídios a suas subsidiárias nos EUA. A Reuters não conseguiu determinar se as cartas foram resultado do lobby da Paper Excellence.

Um alto executivo da JBS disse à Reuters que a companhia segue com planos de listar as operações internacionais nos EUA, mas sem levantar recursos de investidores americanos. Os planos iniciais de IPO, desenhados há quatro anos, foram frustrados pelo veto do BNDES e depois por condições de mercado adversas.

O executivo negou que a mudança nos planos tenha alguma relação com o lobby, e disse que a expectativa é concretizar a transação na primeira metade do ano.

A JBS no Brasil e a subsidiária americana preferiram não comentar a listagem e o lobby.

A virada no relacionamento entre Widjaja e os irmãos Batista foi numa reunião em agosto de 2018. Na época Widjaja tinha comprado 49% do negócio e os dois lados marcaram reunião a pedido de um juiz do primeiro litígio entre as partes.

No encontro no hotel Ritz Carlton de Los Angeles, representantes dos Batista disseram que o valor da empresa havia mudado desde a assinatura do contrato e que o preço deveria ser maior se o contrato fosse estendido por seis meses, segundo um áudio secretamente gravado ouvido pela Reuters. É possível ouvir Widjaja dizendo que os novos números eram “chocantes”.

Depois do encontro, Widjaja disse a Claudio Cotrim, seu principal executivo no Brasil, que ele preferia “gastar milhões em advogados do que pagar mais um centavo a eles (Batistas)”, segundo o relato de Cotrim.

Em nota enviada à Reuters, a J&F disse que não infringiu o contrato original pedindo recursos adicionais. Para estender o prazo de pagamento por um tempo longo, o negócio teria que envolver novos riscos e análises não previstos nos contratos.

Quando ficou claro que o litígio era inevitável, a Paper Excellence desenhou uma estratégia com três pilares para conter os Batista. A primeira foi escolha de advogados para arbitragem, a segunda indicar executivos para compor o conselho da Eldorado e a terceira uma “guerra de relações publicas”, com a contratação de assessoria de imprensa.

No ano passado, a Paper Excellence contratou Jeff Miller, um ex-deputado da Flórida, como lobista. Embora a empresa não tenha atividades agrícolas nos EUA, a empresa de Miller trabalhou em “esforços ligados a subsídios da farm bill de 2018 pagos a empresas estrangeiras”, segundo relatório de lobby do Congresso.

A Paper Excellence não comentou a contratação de Miller.

Em janeiro, Miller entrou para outra empresa de lobby de Washington, a Mercury Public Affairs, que já fez lobby para empresas como a Chinesa ZTE e companhias controladas pelo oligarca russo Oleg Deripaska. A Mercury disse que Miller não trouxe o contrato com a Paper Excellence para a companhia.

Desde ao menos dezembro outro co-chairman da Mercury, o ex-senador David Vitter, tem contatado assessores da Câmara dos deputados dos EUA pedindo investigações e apontando riscos para investidores na listagem das operações da JBS nos EUA, segundo e-mails vistos pela Reuters e confirmados pela Mercury.

No pedido judicial, a JBS alega que a Mercury foi contratada indiretamente pela Paper Excellence, mas não mostra provas concretas. A Paper Excellence e a Mercury negam a alegação.

Irani e a data da venda

Em 2016, a Celulose Irani faz um contrato com a Global Fund. Pelo acordo, a Irani transfere a exploração de uma área por um período de onze anos, mas durante este período a Irani teria opções de recompra de madeira produzida na base florestal.

O que ocorreu aqui? A primeira opção é uma venda de ativo (a floresta). Se isto for o correto, a empresa deve fazer o registro da saída do ativo, no valor de R$55,5 milhões, e confrontar com o valor de custo (R$51,8 milhões). A diferença é a baixa de um ativo e o registro da diferença como resultado.

Mas será que o ativo foi efetivamente transferido? Uma das condições é que os riscos e os benefícios de uso do ativo passou a ser do comprador. Mas como a Irani tinha opção de recompra de madeira e o contrato tem um prazo de onze anos, talvez não tenha existido esta transferência.

Em 2016, a empresa reconheceu a operação como sendo uma venda. Reduziu o ativo, mas registrou uma receita oriunda da venda de floresta. O auditor da época, a PwC, somente considerou a transação como sendo uma dos principais assuntos de auditoria, reconhecendo que se dedicou muitas horas ao assunto. Mas o relatório foi sem ressalvas.

Em 2019 o novo auditor fez ressalva a este tratamento. Para a Deloitte, o registro deveria ter sido como um tipo de empréstimo, com garantia. Afinal, não teria existido uma mudança no dono do ativo. Para a Deloitte, não ocorreu uma mudança no risco e no benefício pelo uso da floresta. A empresa fez ressalva nas demonstrações contábeis de final de ano e publicadas no início de 2018. No ano que a ressalva foi publicada, o contrato foi alterado: deixou de existir a opção de recompra.

A CVM considerou que a transação foi de uma compra e venda de ativo. Ou seja, a Irani vendeu florestas para terceiros. A questão é que a CVM considera que esta transação só ocorreu quando isto ficou caracterizado, com a mudança no contrato. Ou seja, para CVM, a operação de venda ocorreu em 2018, não em 2016. E para apresentar de maneira mais adequada o assunto, a entidade determinou que a Irani republicasse os balanços de 2016 a 2018, considerando a operação como sendo um empréstimo nos dois primeiros anos e uma venda em 2018.

Rir é o melhor remédio

Big Four na rede x vida real.

13 fevereiro 2020

Aumento do poder de mercado: implicações macroeconômicas

We document the evolution of market power based on firm-level data for the US economy since 1955. We measure both markups and profitability. In 1980, aggregate markups start to rise from 21% above marginal cost to 61% now. The increase is driven mainly by the upper tail of the markup distribution: the upper percentiles have increased sharply. Quite strikingly, the median is unchanged. In addition to the fattening upper tail of the markup distribution, there is reallocation of market share from low to high markup firms. This rise occurs mostly within industry. We also find an increase in the average profit rate from 1% to 8%. While there is also an increase in overhead costs, the markup increase is in excess of overhead. We then discuss the macroeconomic implications of an increase in average market power, which can account for a number of secular trends in the last four decades, most notably the declining labor and capital shares as well as the decrease in labor market dynamism.

Jan De Loecker, Jan Eeckhout, Gabriel Unger, The Rise of Market Power and the Macroeconomic Implications, The Quarterly Journal of Economics, , qjz041, https://doi.org/10.1093/qje/qjz041

Resultado de imagem para market power

Enganando o Google Maps



O vídeo acima mostra o artista Simon Weckert caminhando pelas ruas e levando 99 celulares ligados e abertos no Google Maps. Ao fazer isto, Weckert confunde o Google Maps, que passa a mostrar um congestionamento nas ruas onde ele está; mas pela imagem é possível notar que Simon Weckert caminha sozinho pelas ruas da cidade. Com os celulares ligados, Weckert manda os carros para outra rota. Isto pode, naturalmente, gerar em engarrafamento em outro lugar. Leia mais aqui

Quibi

Em um mundo onde o tempo parece muito escasso, no dia 6 de abril será lançada uma plataforma de vídeo chamada Quibi. A empresa foi fundada em 2018 por Jeffrey Katzenberg (produtor de Aladin, Rei Leão, ...) e chefiada por Meg Whitman (ex-CEO da HP). A plataforma está voltada para o público jovem e deverá entregar pequenos episódios de 10 minutos cada (ou menos). A empresa é apoiada pela Walt Disney, NBC, Sony, Warner, Viacom, Alibaba e Liberty; ou seja, por grandes empresas da área de entretenimento.

Entre as pessoas que estarão nos filmes, Chrissy Teigen, Spielberg, Zac Efron, entre outros. Os filmes serão feitos especificamente para dispositivos móveis. A seguir, dois filmes promocionais da empresa, um deles baseado em Indiana Jones.





Atenção: Esta postagem não foi patrocinada

Alertas financeiros no divórcio

Tracy Coenem traz uma lista de alertas na avaliação das finanças entre partes envolvidas em um divórcio. São alertas de fraude por uma das partes. A presença de uma destas situações pode representar um aviso de que algo está errado. Ou seja, o outro lado está tentando enganar.

Isto ocorre quando uma das partes manipula o dinheiro para ganhar mais na partilha. Isto não significa necessariamente um problema, mas funciona como um alerta. É como uma análise das demonstrações contábeis.

Alertas Comportamentais:
Controle excessivo exercido sobre as questões financeiras, o que inclui controle das informações bancárias, extratos e acesso on-line
Saber detalhes das transações do cônjuge
Grandes gastos ou compras de ativos sem o conhecimento do cônjuge
Ser discreto sobre assuntos financeiros
Ter decepcionado o cônjuge na relação
Pedir ou induzir o cônjuge a assinar documentos financeiros ou legais incomuns
Usar um endereço particular para receber e-mails

Alertas Documentais
Declaração do imposto de renda não condizente com a realidade
Documentos incompletos  e/ou não assinadas
Exclusão de documentos informatizados, inclusive cópia do imposto de renda
Documentação alterada ou destruída
Documentos antigos ou com data antiga
Recusa em entregar documentos relevantes
Produção fragmentada de documentos financeiros, inclusive de maneira confusa ou redundante
Tentativas deliberadas de atrasar ou inviabilizar a alguma investigação
Confusão intencional dos documentos

Alertas Pessoais (geralmente ocorre antes da separação)

Alto volume de transações em dinheiro
Estoques de dinheiro ou outros ativos valiosos
Mistura proposital de finanças pessoais e comerciais
"Emprestar" dinheiro a amigos ou familiares para reduzir o patrimônio de forma intencional
Contas não divulgadas
Ativos valiosos ocultos durante o casamento
Redução drástica dos investimentos
Inflar ou fabricar dívidas
Esgotar a propriedade adquirida após o casamento, mas mantendo intacta a propriedade anterior
Redução na renda pessoal, embora as despesas tenham se mantido constantes
Retirada substancial de dinheiro de uma conta bancária

Rir é o melhor remédio

Piadas de contabilidade nunca são boas. Questão de competência.

12 fevereiro 2020

Um auditor só não basta

Uma entidade que teve seus números questionados e o preço da ação caiu substancialmente... Como resolver este problema de credibilidade? O IRB Brasil acredita que encontrou a solução: contratando mais um auditor - outra Big Four - para auditar o balanço já auditado pela PwC. É o que informou um executivo da empresa.

Mas faz sentido? Um trabalho de auditoria sério leva meses para finalizar. Além disto, parece uma medida desesperadora. Mas pode ser uma sinalização para o mercado de que a empresa confia nos seus números.

A ação da empresa abriu no dia 10 de fevereiro a 37,95, chegou ao mínimo de 32,72 para fechar a 33,01, bem abaixo do valor de abertura. A oscilação foi de -16,49%, indicando que o mercado parece que não acreditou na empresa. Já ontem o preço recuperou um pouco. Bem pouco.

Lucro do Itaú

Os maiores lucros dos bancos brasileiros. O Itaú quebra seu recorde. Ao mesmo tempo, fecha agências e reduz empregos.

MASB

Algumas estatísticas informam que o valor do intangível é cada vez maior. Se isto for verdade, grande parte do valor de uma empresa não aparece no balanço patrimonial. Aqui diz o seguinte:

Instituições como o Financial Accounting Standards Board (FASB), a Organização Internacional de Normalização (ISO) e o Marketing Accountability Standards Board (o MASB) estão formulando soluções para melhorar a mensuração de ativos intangíveis. 

Confesso que não conhecia o MASB. Mas parece que é uma entidade constituída recente. Eis a missão:

Establish marketing measurement and accountability standards across industry and domain for continuous improvement in financial performance and for the guidance and education of business decision-makers and users of performance and financial information.

Entre os projetos, um de estabelecimento de padrões para avaliação de marcas. Clique aqui

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11 fevereiro 2020

Contabilidade e história da educação

A contabilidade tem sido uma grande fonte para entender a história da humanidade. Registros contábeis podem ajudar a entender o que passou quando não existia outro tipo de descrição da realidade. Entre 1370 a 1510 funcionou em Montpellier, na França, uma escola de “gramática” (grammaire). Usando os documentos contábeis, produzidos na administração municipal, Romain Fauconnier estabeleceu uma análise qualitativa da educação pública.

Entretanto, os documentos contábeis - em razão da sua finalidade - não contam toda a história. Em geral, os registros estão relacionados com os salários dos professores. Mas isto já permite inferir sobre a rotatividade dos mestres e as férias (se bem que isto é confundido com atrasos nos salários ou falta de registro documental). Os documentos possuem alguns detalhes das disciplinas e é possível  inferir da existência de educação gratuita para os pobres, por exemplo.

História da Contabilidade: Escritório de Contabilidade nos anos de 1860s - Parte 2


Em 2017 postei sobre este "escritório de contabilidade"nos anos de 1860s, no que talvez seja o primeiro escritório de contabilidade do Brasil:

A questão da postagem de hoje é quando surgiu o primeiro escritório de contabilidade. Não temos nenhuma certeza. A primeira notícia de algo próximo a um escritório encontramos no ano de 1857, em Pernambuco. Através de um anúncio publicado no O Liberal (14 de março de 1857, n. 1329, ano VI, p. 3), reproduzido acima (1). Christovão Guilherme Breckenfeld - cujo sobrenome estrangeiro poderia denunciar que se tratava de um imigrante ou descente de um deles, anunciava seus serviços como Agencia de Contabilidade Commercial.
Tentei fazer uma pesquisa sobre Breckenfeld e encontrei informação, nenhuma que pudesse ajudar a compreender melhor quem seria este pioneiro.

Inês Carolina Rilho completou:

Christovão Guilherme Breckenfeld, pela data do anúncio, era meu tetravô, pelo lado materno. Sei que ele imigrou de Vila Franca de Xira, Portugal, e se casou no Recife, em 29-08-1821, com Clara Joaquina Carvalho. Tinha um estabelecimento na Praça do Diário, no Recife. Mas não tinha conhecimento de que ele era contador.

Negativo e positivo na música pop




As músicas populares de hoje são claramente mais tristes do que aquelas do passado. Usando dados da parada de sucesso dos Estados Unidos, a Billboard Hot 100 do final de cada ano (além de um conjunto de 150 mil músicas em inglês do site Musixmatch), Charlotte Brand analisou as palavras com emoções negativas (dor, ódio, tristeza etc) e positivas (amor, alegria, felicidade, por exemplo), entre 1965 a 2015.

Os gráficos mostram os resultados. Palavras negativas aumentaram em mais de um terço. Apesar disto, o número de palavras positivas continua sendo maior que as negativas.

Esse é um recurso universal da linguagem humana, também conhecido como princípio de Pollyanna (do protagonista perfeitamente otimista do romance homônimo), e dificilmente esperaríamos que isso fosse inverso: o que importa, porém, é a direção das tendências.

Isto inclui a palavra “amor”, cujo uso caiu pela metade. Já ódio, que não eram mencionadas nas músicas, agora é mais comum.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

As férias acabaram...

10 fevereiro 2020

Efeito do Coronavirus

Os efeitos do coronavírus estão aumentando, não somente na China. A BBC fez uma lista interessante de alguns destes custos. Para do custo se deve ao esforço de evitar a propagação da doença. Uma cidade de 11 milhões de habitantes está bloqueada, o que impede viagens de negócios e circulação de mercadorias e pessoas.

Como muitas pessoas evitam certas atividades de “risco”, isto afeta restaurantes, cinemas, transporte, voos, hotéis e lojas. E estas empresas devem continuar pagando os salários. Alguns simplesmente fecharam as operações: Ikea e Starbucks são exemplos.

Para quem vende mercadoria para o exterior, isto deve reduzir suas despesas. Haverá uma tentativa de mudar a cadeia de suprimento, dependente hoje da China. A Hyundai suspendeu a produção de automóveis por este motivo.

Os mercados também sofreram, antecipando os efeitos econômicos sobre as empresas. Isto inclui os commodities (que afeta diretamente o Brasil). O preço do petróleo já caiu. 

(O cartoon é da Dinamarca, usando a representação do Coronavirus na bandeira chinesa. Que a China protestou)

Madoff, prisão e custo

Bernard Madoff construiu um esquema de pirâmide que trouxe prejuízos a muitos investidores. Em 2011, o juiz Denny Chin impôs uma sentença de prisão. Isto significa que Madoff pode ser libertado em 2139.

Madoff tem atualmente 81 anos de idade. E agora solicitou a libertação “compassiva”. Estes casos ocorrem quando o preso está em tratamento médico e com sérios problemas de saúde. Em dezembro de 2019, um juiz concedeu este benefício a outro fraudador famoso, Bernard Ebbers, que estava doente e faleceu um mês depois. Na época que foi libertado, diversas entidades e vítimas manifestaram oposição ao benefício concedido à Ebbers.

Entretanto, a perspectiva da morte não representa, nos Estados Unidos, uma condição para libertação automática da prisão. O advogado de Madoff afirma que o criminoso não contesta os crimes e a gravidade deles. Mas afirma que Madoff tem menos de 18 meses de vida e está pedindo “compaixão” ao tribunal.

Um argumento favorável ao pedido é o custo. Um preso saudável em uma prisão federal custa 30 mil dólares por ano. Mas um preso com problemas de saúde pode ter um custo acima de 100 mil dólares por ano. Como a população carcerária cresce a cada ano, isto é um problema de finanças públicas. O orçamento atual para serviços de saúde dos reclusos é de 1,2 bilhão.

Quem teme Isabel dos Santos

Ana Pina, no Jornal Econômico, faz uma lista de pessoas amedrontadas, que "Desertaram a ver se escapam, se entram na penumbra, no esquecimento". Eis a lista:

* Houve a deserção de advogados que trabalhavam directamente para Isabel dos Santos, bem como de alguns administradores das empresas que tutelava.
* Desertaram também sociedades de advogados de nome firmado na praça lisboeta.
* Sócios das empresas de Isabel dos Santos cortaram as pontes com ela, havendo pressão para a venda das suas acções como está a acontecer em grandes empresas como a NOS, Efacec, EuroBic, etc.
* Empresas de auditoria cortaram os laços, mostrando-se agora estupefactas mediante as denúncias, alegando terem sido “manipuladas”, com todos os males que agora certamente presumem cair do céu aos trambolhões.
* Afirmam as entidades reguladoras que, pelo seu lado, tudo fizeram de legal sobre o branqueamento de capitais e fuga aos impostos. Desse enredo de transferências sistemáticas para offshores de nada se aperceberam.
 Foto: aqui

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Propaganda de café, para começar o dia.

09 fevereiro 2020

Temperatura alta

A estação argentina Esperanza registrou um novo recorde, desde que a temperatura tem sido medida: 18,3 graus Celsius. Parece pouco, mas é muito quando imagina que a estação se localiza na Antártida. O ponto máximo anterior tinha ocorrido em 2015.

The climate crisis is real, and it affects every living thing on the planet.

Tesla: medo de ficar de fora

A empresa fundada em 2003 pelo sul-africano naturalizado americano Elon Musk – que já tinha vendido o PayPal para o e-Bay por mais de US$ 1 bilhão – abriu capital na NASDAQ em 2010. Além de operar num setor intensivo em capital, a empresa demanda uma dose extra de CAPEX para continuar evoluindo com os modelos e suas funcionalidades, como os carros autônomos, as baterias e os supercarregadores, e oscila entre prejuízo e lucro. Por outro lado, tem conseguido superar uma série de dificuldades operacionais na fabricação dos veículos. Além disso, seu produto tem um apelo excepcional: são carros bonitos, rápidos, arrojados e acessíveis a bolsos que podem pagar a partir de US$ 35 mil, preço médio de venda de carros novos nos Estados Unidos. A demanda é crescente, o que prova que o conceito funciona: quem quiser comprar um Tesla hoje entra no site, monta seu carro e precisa esperar de 5 a 7 semanas para a entrega.

No fechamento do dia 4/2/2020, o valor de mercado da empresa apontou US$ 160 bilhões. No final de 2019, esse mesmo valor era de US$ 75 bilhões. O que aconteceu? No dia 29/1, a empresa anunciou que teve o segundo trimestre consecutivo de lucro, e prometeu entregar 500 mil veículos durante o ano de 2020 – número que também foi prometido em 2018 e 2019, porém sem sucesso. Foi suficiente para quem estava vendido, esperando um resultado pior, cobrir suas posições. Mas o que fez o valor da empresa pular mesmo foi o tal FoMO. Prova disso é que, nesse dia, digitando as palavras “Should I…” no Google, o buscador completava automaticamente a pergunta: “…buy Tesla stock?”.


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Aplicativos e restaurantes

Um longo texto do G1 mostra o lado ruim dos aplicativos de entrega de comida. Há uma mudança clara na cadeia de valor, prevalecendo a posição do aplicativo. O texto destaca a grande dependência do aplicativo em fornecer a informação do restaurante. Isto significa que a exposição para o cliente é o grande fator para o aumento no número de pedidos. Se o aplicativo “boicota” o restaurante, isto pode significa uma redução drástica no número de refeições.

Além disto, o aplicativo muitas vezes propõe promoções por valores abaixo do custo, o que inviabiliza a venda. Em alguns casos, o próprio aplicativo pode ser um concorrente, já que alguns deles estão abrindo cozinhas próprias.

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Onde os eleitores estão

08 fevereiro 2020

Executivo do Banco espião é demitido

O presidente-executivo do Credit Suisse, Tidjane Thiam, deixou o cargo após uma disputa de poder com o presidente do conselho, Urs Rohner, no segundo maior banco da Suíça, devido a um escândalo de espionagem. (...)

A renúncia de Thiam, efetiva a partir de 14 de fevereiro após a apresentação dos resultados do quarto trimestre e do ano de 2019, ocorreu em uma reunião do conselho na quinta-feira.

A espionagem do Credit Suisse veio à tona em setembro, quando o ex-gestor de patrimônio Iqbal Khan, depois de mudar para o rival UBS, confrontou um detetive particular seguindo ele e sua esposa por Zurique.


Fonte: aqui.

Recentemente foi noticiado que o banco também tinha espionado o Greenpace

Renda 1%

A renda anual necessária (em US$) para estar na elite dos 1%

Índia = 77.000
China = 107.000
Itália = 169.000
Brasil = 176.000
África do Sul = 188.000
Canadá = 201.000
França = 221.000
Austrália = 246.000
Reino Unido = 248.000
Alemanha = 277.000
Bahrein = 485.000
Estados Unidos = 488.000
Cingapura = 722.000
União dos Emirados Árabes = 922.000

Justin Bieber

Eis que Justin Bieber faz uma música ("Intentions") com a seguinte frase:
Equity? Asset? Eis um clique com a tradução.

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Dois quadrinhos sobre amizade e mágica

07 fevereiro 2020

A forma criativa que a Fiat resolveu seu problema com o Fisco da Itália

Em dezembro postamos

As autoridades fiscais italianas acusam a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) de ter subavaliado a Chrysler em 5.100 milhões de euros durante a aquisição da última tranche da Chrysler em 2014, avança esta quinta-feira a Bloomberg, que cita uma auditoria a que teve acesso. Segundo a agência noticiosa, o processo poderá levar a uma regularização de cerca de 1,3 mil milhões de euros.

Agora temos a notícia que a questão foi resolvida:

O grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) chegou a um acordo com o Fisco italiano e evitou o pagamento de um valor que poderia ascender a 1.300 milhões de euros, indicou esta quinta-feira o "chief financial officer" (CFO) do grupo automóvel, Richard Palmer.

"Chegámos a um acordo com a agência tributária [sobre o valor da Chrysler] sem ter de pagar qualquer montante ou multas", referiu Palmer na apresentação dos resultados anuais do grupo ítalo-americano.

"A agência tributária propunha um aumento do valor tributável relacionado com a transferência da Chrysler para a FCA na sequência da fusão de 2014. Resolvemos essa questão", disse.

"Nos termos do acordo o grupo aceita aumentar o valor tributável em 2,5 mil milhões de euros e este valor será completamente compensado com 400 milhões em perdas fiscais, de que havíamos abdicado, e de 2,1 mil milhões em perdas fiscais em Itália que não se encontravam reconhecidas nas declarações financeiras", detalhou o responsável.

Assim, concluiu, o acordo "não tem qualquer impacto nas contas apresentadas exceto pela redução do valor de créditos fiscais não reconhecidos".


Isto realmente parece estranho: apareceram perdas fiscais que não estavam reconhecidas.

Enquanto isto

Os artigos escritos por economistas do sexo masculino são menos citados do que os publicados por mulheres nos mesmos periódicos, segundo um novo estudo sobre gênero e qualidade em economia. Os autores também descobriram que as citações masculinas aumentam quando coautoras com mulheres e que as citações femininas caem enquanto coautoras com homens, dependendo da aceitação.

leia o texto aqui

Selecionando o terceiro setor


Navegando pela internet, descubro o GiveWell. O objetivo do site é indicar as entidades do terceiro setor que são sérias. Ou seja, que melhoram vidas por unidade monetária. Isto inclui: consórcio Malária, Hellen Keller, entre outras poucas entidades. Veja que um dos objetivos da entidade é selecionar poucas entidades, usando a análise custo efetividade. O modelo pode ser baixado.

Mas olhe algo mais interessante: uma página chamada "nossos erros".

P.S. A dica apareceu daqui

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Viagem no tempo. Não entendeu? Aqui

06 fevereiro 2020

Receita ou faturamento

A receita de publicidade do Youtube ultrapassou US$ 15 bilhões no ano fiscal de 2019, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (03/01) pela Alphabet, companhia dona do Google. É primeira vez que a empresa divulga números de receita da plataforma. No último trimestre do ano passado, o Youtube obteve faturamento de US$ 4,7 bilhões com a venda de anúncios — acima dos US$ 3,61 bilhões registrados nos últimos três meses de 2018, segundo a empresa.

Entretanto, a Alphabet afirma que "a maioria" da receita de publicidade do YouTube é redirecionada aos criadores de conteúdo da plataforma — assim, fica difícil saber o quanto os anúncios rendem em lucro para a empresa.

Eis uma questão contábil interessante: como classificar os 15 bilhões. Se fôssemos usar a similaridade com uma agência de viagem, que vende uma passagem e repassa a maior parte do valor para a cia aérea, talvez o mais adequado fosse registrar o valor com receita bruta, deduzindo dos custos dos criadores de conteúdo. Mas tomando um paralelo com uma "indústria", o valor para os criadores de conteúdo seria como um "custo dos serviços prestados", podendo os 15 bilhões ser uma receita líquida. Confuso, não?

Guiana e os recursos minerais

É a maldição dos recursos naturais. A Guiana, um país que fica ao norte do Brasil, teve a sorte de descobrir petróleo no alto mar, em um bloco chamado Stabroek. Em junho de 2016, o país fez uma negociação, em que irá receber 52% das receitas provenientes desta exploração. Tradicionalmente, um acordo como este envolve percentual entre 65 a 85%.

De qualquer forma, a participação de 52% significa 168 bilhões de dólares. Mas poderia render 223 bilhões se o percentual fosse de 69%, um valor “mais justo”, segundo um grupo de políticas públicas chamado OpenOil. Isto corresponde a 1,3 bilhão a mais por ano. Como o PIB do país é de 3,7 bilhões, somente esta diferença será muito expressiva.

Segundo a entidade que divulgou estas informações, o que ocorreu é que os governantes, incluindo o ministro de recursos minerais, recusou a escutar os especialistas. Como o país terá nos próximos dias eleições, o relatório do Global Witness, que divulgou as informações, foi classificado como político. Mas é interessante notar que mesmo a oposição é contra qualquer renegociação da licença de Stabroek. Como a Venezuela reivindica parte do território da Guiana, o acordo inclui, segundo o ministro de recursos minerais, “alguma segurança e estabilidade para a área”.

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Dificuldade de leitura