Adaptado daqui
08 março 2022
07 março 2022
Padrões para área ambiental
O braço da Comunidade Europeia, o EFRAG, está trabalhando em documentos para a área ambiental. Há um grupo, denominado PTF-ESRS que já divulgou sete documentos sobre a sustentabilidade. Os documentos não corresponde a uma consulta pública, que será feita posteriormente. É somente no sentido de dar transparência ao processo. Está previsto para o meio do ano o encaminhamento das minutos dos padrões de relatórios de sustentabilidade à Comunidade Europeia. Os documentos e sua denominação estão a seguir:
ESRS P1 Sustainability Statements
ESRS S1 Own Workforce General Standard
ESRS S4 Other work-related rights
ESRS S5 Workers in the Value Chain
ESRS S6 Affected Communities
ESRS S7 Consumers and End-users
ESRS E4 Biodiversity and Ecosystems standard
Foto JJ Ying
Frase
Se as Big 4 puderem deixar a Rússia, poderão deixar Cayman, as Ilhas Virgens, Jersey, Ilha de Man, Bermudas e outros locais também. Quando sabemos que esses lugares existem para fornecer opacidade, antes de tudo, por que eles não estão fazendo isso??
Adicionalmente, o mesmo é válido para outras empresas.
Foto: David Tyemnyák
Contabilidade de um acordo pré-nupcial
A vida de celebridade pode ser interessante como exemplo em sala de aula ou até mesmo pois temos, em alguns casos, exemplos de aplicação de conhecimento contábil. Tracy Coen, uma contadora especializada em fraudes, traz o exemplo recente do acordo pré-nupcial entre Kim Kardashian e Kanye West. Fiz diversas adaptações no texto para mostrar o ponto de vista anterior.
Em 2013, a celebridade Kim Kardashian e o músico Kanye West passaram a viver juntos. Logo após terem um filho, ambos fizeram um acordo pré-nupcial. Este tipo de acordo é comum quando há um grande fluxo de dinheiro envolvendo o casal. É relevante para um eventual divórcio, pois facilita a separação econômica do casal, e quando existe uma grande diferença na renda entre o casal, estabelece os direitos de cada uma das partes.
Neste sentido, o acordo pré-nupcial funciona como o princípio da "entidade". Na empresa - especialmente de menor porte - é muito comum a confusão entre as contas da empresa e as contas do dono. A entidade incentiva a separação entre os dois, facilitando medir o real sucesso da empresa. Não é somente por isto que defendemos a entidade, mas certamente é um bom motivo.
Voltando ao caso de Kardashian e Kanye, em casos de "artistas", a renda pode variar muito ao longo do tempo. E o padrão de riqueza também. Em termos contábeis, os "ativos" dos envolvidos podem ser diferentes, da mesma forma que as "receitas". Isto faz com que o acordo pré-nupcial precise indicar tanto os ativos, as dívidas (o passivo) e as receitas de cada parte. Em 2014, o casal informou que a receita seria de 9,1 milhões de dólares e 8,4 milhões, em 2011 e 2012, para Kim, e 1,9 milhão e 4,6 milhões, na mesma ordem, para Kanye. Ou seja, Kim gerava mais receita que Kanye. Além disto, Kim tinha uma casa de 9 milhões - seu principal ativo tangível, e Kanye um condomínio em Nova York.
Sabendo a posição financeira de cada uma das partes era necessário estabelecer as regras de convivência financeira do casal. O acordo pré-nupcial estabelece isto e inclui o que acontece com os ativos que tinham antes do acordo e o que irá acontecer com os recursos após o acordo. Neste caso, Kim e Kanye manteriam os ativos anteriores separados. Kanye ajudaria na reforma da casa de Kim, mas seria reembolsado. Finalmente, o acordo também pode indicar a responsabilidade de cada um nas despesas com os filhos do casamento, a exemplo do que ocorreu com Kelly Clarkson . No caso de Kelly, pode até ajudar - quem sabe - em um eventual despejo de uma das partes.
Ambos têm advogados de divórcio conhecidos por representar celebridades da lista A em seus divórcios. Suspeito que mais informações financeiras sejam divulgadas, já que Kanye faz o possível para arrastar esse divórcio.
Rir é o melhor remédio
Dois cartoons mostrando que a opinião pública é favorável a Ucrânia e como outros conflitos não estão sendo cobertos pela mídia.
06 março 2022
Frase
Sobre a decisão de empresas ocidentais de sair da Rússia, após a invasão da Ucrânia, Tim Culpan, da Bloomberg (via aqui), pergunta "o que elas estavam fazendo lá?".
"While that sounds like an appropriate response to Moscow’s brutality, it also smells of opportunism...
...it’s hard not to wonder whether companies were taking a principled stand only once it was no longer feasible to do business in the country"
"So if we want to measure business executives’ true character, watch what they do in authoritarian countries during times of peace and abundant revenue. We need not wait for the violence to start and the money flow to stop."Londres e a lavagem de dinheiro russa
Após o fim da União Soviética, diversos milionários russos começaram a chegar em Londres. O governo britânico apoiou esta invasão, mas agora - com a guerra Rússia e Ucrânia - o movimento tornou-se destaque na imprensa. Eis um texto do Jornal Econômico sobre o assunto:
‘Londongrad’. Assim ficou apelidada Londres, a capital do Reino Unido, pelos milionários russos que começaram a chegar ao país nos anos 90 após o fim da União Soviética. O mercado imobiliário foi o escolhido para investirem as suas fortunas sem qualquer tipo de escrutínio por parte dos governos britânicos.
No entanto, a invasão da Rússia à Ucrânia e as consequentes sanções do Reino Unido a milionários russos estão a levar os oligarcas a quererem desfazer-se das suas propriedades, mesmo que por valores mais baixos do que aqueles pelas quais foram adquiridas.
“As pessoas estão a oferecer um valor 30% abaixo das taxas de mercado. Recebemos uma dúzia de e-mails e cerca de 40 chamadas de potenciais compradores a procurarem vendedores que queiram vender as suas propriedades depressa”, refere à “Bloomberg”, Gary Hersham, fundador da Beauchamp Estates, uma empresa ligada ao imobiliário de luxo em Londres.
A mudança de paradigma surgiu quando o governo de Boris Johnson decidiu publicar um decreto que obriga a divulgar quem são os donos das propriedades de luxo em Londres. De resto, o parlamento britânico, nomeadamente a oposição de Boris Johnson desde há muito que questionava a forma como os russos utilizavam a sua ‘riqueza duvidosa’ para investir não só no sector imobiliário, mas também nas doações que alguns milionários russos terão feito ao partido de Boris Johnson.
Com esta nova lei é possível criar um registo de propriedade para quem vive fora do Reino Unido, evitando assim que possam esconder-se atrás de empresas fictícias em paraísos fiscais. Uma regra que será aplicada não só aos milionários russos, mas a investidores de todas as nacionalidades, desde a Ásia ao Médio Oriente, algo que poderá impactar as vendas de casas de forma considerável.
“Mudanças como o registo de beneficiários efetivos afetarão o apelo do mercado residencial de primeira linha para uma determinada categoria de compradores que preferem permanecer anónimos”, afirma Giovanni Gregoratti, ex-chefe do Citigroup e atual chefe da IQON Capital.
Por sua vez, Trevor Abrahmsohn, fundador da corretora de imóveis Glentree, revela a “Bloomberg” que fez vários negócios com russos vindos de Moscovo, de tal modo que o ex-presidente Mikhail Gorbachev foi o convidado de honra na sua festa de 35 anos na Bishops Avenue, em Londres, apelidada como a ‘avenida dos bilionários’.
Entre 2010 e agosto do ano passado, houve um aumento de 1.200% no número de habitações do Reino Unido, cujo o registo de propriedade pertence a cidadãos da Rússia, sendo que 2.327 alunos russos estavam em escolas particulares britânicas em 2021.
No entanto, a anexação da Crimeia em 2014, por parte de Vladimir Putin, acabou abrandar o investimento russo no Reino Unido, abrindo espaço para os investidores asiáticos, mas que acabou por não ser suficiente para impulsionar o mercado imobiliário de luxo que teme agora uma nova repressão.
Isto porque além da Crimeia, também o chanceler do Tesouro, George Osborne, aumentou os impostos sobre as casas de luxo em 2014. Desde então que o Reino Unido aplicou medidas mais restritivas para residentes, cujo domicílio fiscal se encontra fora do país, entre as quais novos impostos sobre casas em nomes de empresas, a rejeição de um programa de vistos gold destinado a atrair os mais ricos e o reforço das investigações sobre possíveis lavagens de dinheiro por parte de advogados, agentes imobiliários e bancos.
Apesar de Trevor Abrahmsohn considerar que “Londres já não é uma lavandaria mundial”, os ativistas anticorrupção discordam pelo facto de considerarem que as novas medidas de Boris Johnson não são suficientes para impedir que Londres seja usada para ‘limpar riquezas duvidosas’.
A Transparência Internacional, uma organização anticorrupção, com sede em Berlim, estima que 1,8 mil milhões de euros foram gastos em propriedades em Londres, que terão sido compradas por cidadãos russos acusados de corrupção e com ligações ao Kremlin desde 2016.
Esta organização diz ter encontrado várias lacunas no projeto de legislação para o registo no estrangeiro, como por exemplo um período de implementação de 18 meses que permite a algumas empresas afirmarem que não têm um beneficiário efetivo.
Face a isso, o governo britânico propôs uma multa de diária de 605 euros para qualquer empresa proprietária de imóveis no estrangeiro que não divulgue o seu beneficiário final.
Este valor equivale a cerca de 31 mil euros por ano, ou 0,000178% do património líquido de 23,6 mil milhões de euros do milionário russo Alisher Usmanov, que esta semana viu o clube de futebol inglês Everton, suspender o patrocínio com três das suas empresas. Alisher Usmanov comprou uma mansão em Londres por 58 milhões de euros em 2008.
“É muito fácil contornar estas situações. É preciso saber quem são os contabilistas, os banqueiros, os advogados, os consultores financeiros e os agentes imobiliários destas empresas, registá-las e torná-las sujeitas a multas também”, salienta Richard Murphy, professor de contabilidade da Universidade de Sheffield.
O caso que mais marcou a última semana foi o do milionário russo Roman Abramovich, dono do Chelsea e que apesar de não estar na lista de sanções do governo britânico está não só a vender as suas propriedades, como o próprio clube a troco de 3,6 mil milhões de euros.
Links
Proporção de nem-nem entre garotas é maior que em rapazes no Brasil
Dez coisas que é impossível, mas que ocorrem nos filmes (edição sobre mulheres)
Schelling, Teoria dos Jogos, armas nucleares e Putin
Quais as melhores entidades para você doar? - GiveWell (já postamos anteriormente. Por exemplo, aqui) selecionou nove melhores
Mais notícias sobre empresas de contabilidade e a Rússia
Foto: Uriel SC
04 março 2022
Consequências de sair da Rússia
Enquanto a invasão da Rússia encontra resistência, as medidas dos governos ocidentais de punir o governo de Putin inclui forçar a saída de investimentos do maior país do mundo. O ambiente ainda é confuso e algumas medidas irão variar conforme o governo. Para complicar, a opinião pública está forçando uma posição de algumas empresas no sentido de deixar as operações russas.
Se para Apple sair da Rússia não apresenta um custo significativo, para outras empresas a guerra pode significar um problema substancial nos resultados. A "saída" da Rússia é igual a alienar seus ativos por um valor abaixo do que seria obtido em situação normal ou então simplesmente abandonar os ativos. Em qualquer das situações, isto significa uma redução ao valor recuperável, sendo necessário a estimativa do valor dos ativos e o seu confronto com o valor contábil. Muito provavelmente, o reconhecimento do prejuízo no resultado das empresas.
Muitas empresas estrangeiras possuem joint-ventures, mas existem também casos de ativos como equipamentos e direitos de exploração de minerais. Neste ponto, provavelmente as empresas de mineração e de exploração de petróleo talvez sejam as que terão maiores valores de prejuízos.
A BP, por exemplo, possui participação na Rosneft e optou por sair da empresa. Ao sair do conselho da empresa, a BP deixou de ter influência significativa e por isto pode ter uma perda que pode chegar a 14 bilhões de dólares. A Shell irá deixar ativos de 3 bilhões de dólares.
Foto: Klauer
Mais um passo para colocar o ISSB em funcionamento
A International Financial Reporting Standards Foundation está se aproximando do estabelecimento de um Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade, assinando um memorando de entendimento na quarta-feira para estabelecer um escritório do ISSB em Frankfurt, Alemanha [foto].
Os curadores da IFRS Foundation assinaram o Memorando de Entendimento com instituições do setor público e privado alemão para formalizar parcerias e acordos de financiamento para o novo conselho, que reunirá alguns dos normatizadores existentes na área ambiente, social e governança (ESG) para concordar com um conjunto comum de padrões.
Condenam, mas ...
Eis um texto da Accountingweb comentando a atitude dúbia de algumas empresas contábeis com respeito a guerra de Putin contra a Ucrânia. Basicamente condenam a invasão, mas relutam em cortar os laços com rentáveis clientes. Segundo o texto:
Turquia, inflação e contabilidade
Recentemente o presidente da Turquia demitiu o responsável pelo cálculo da inflação. Erdogan fez mais: cortou taxa de juros no ano passado. Apesar disto, a taxa cambial, em relação ao dólar, teve uma queda de 44% no ano passado, o que aumentou o preço dos produtos importados.
A crise provocada pela invasão russa deve aumentar o preço dos combustíveis e outros produtos importados, o que não deve ajudar na política do governo. Além disto, o governo gastou reservas na defesa da moeda e na promoção de subsídios de produtos para população.
Agora a inflação anual está em 54%, mas o Banco Central da Turquia acredita que irá reduzir para 23% até o final do ano. Mas diversos economistas não acreditam nisto: uma estimativa mediana encontrou um palpite de 38% para inflação, segundo a Reuters.
Na listagem de economias hiperinflacionárias, a Turquia não apareceu. A projeção de 23% de inflação significa uma taxa acumulada em três anos de 86%. Mas 38% traz 163% de inflação em três anos, o suficiente para alterar a classificação turca. Países com elevada inflação - e a inflação acumulada em três anos acima de 100% é decisiva neste rótulo - deve usar mecanismos no tratamento das informações contábeis para situações de hiperinflação.
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Países que sofrem mais com o terrorismo
Como o homem esqueceu o mais valioso tesouro - o silêncio
Autocracias médias - Paquistão, Turquia, Belarus ... - projetam poderio militar no exterior - o texto é de novembro, mas veja que participação do Belarus na invasão da Ucrânia não parece invalidar alguns pontos
Dicas para ser mais produtivo no trabalho - acho que isto é pessoal, mas os especialistas geralmente falam em planejamento, rotina, ...
03 março 2022
Contador abandona Trump
A notícia de meados de fevereiro indicava que a empresa de contabilidade, responsável pelas demonstrações do ex-presidente Donald Trump, tinha abandonado sua tarefa. A Mazars é um grupo de contabilidade, auditoria e consultoria presente em 77 países, com um total de 17 mil profissionais. Com sede na França, a Mazars, fundada em 1940 por Robert Mazars, é a quinta maior empresa de contabilidade da Europa.
A razão para decisão da Mazars é que a empresa de contabilidade entende que pode ter que testemunhar no processo que corre na justiça dos Estados Unidos contra Trump e poderia ter agir como testemunha cooperante contra seu cliente. Isto impediria uma isenção no seu trabalho. Há uma investigação civil conduzida pelo procurador-geral de Nova York que investiga se Trump supervalorizou os ativos para garantir os empréstimos obtidos nos bancos. O trabalho da Mazars foi provisoriamente assumido pela Whitley Penn que fechou a declaração de 30 de junho de 2021.
Segundo a Forbes, a Mazars informou que as informações não apresentam discrepâncias materiais, mas que devido as circunstâncias não devem ser consideradas. Isto inclui um aumento no valor do seu apartamento na cobertura da Trump Tower e no clube de golfe do Condado de Westchester, entre outros ativos.
A informação foi feita ao advogado Alan Garten, da Organização Trump, e que foi incluída no processo. Isto significa que a solicitação de documentos e esclarecimentos deve ser feita para a Organização Trump. A procuradora, por sinal, é do partido democrata, o que faz com que exista a denúncia de que existe o interesse em impedir que Trump concorra na próxima eleição presidencial.
O site Accounting Today faz outra pergunta: por que levou tanto tempo para tomar esta decisão?
O GoingConcern chamou a decisão da Mazars e sua declaração era uma forma de reduzir suas responsabilidades. O site obteve a opinião de diversos especialistas sobre a questão. De uma maneira, estes especialistas lembraram que a Mazars não estava lidando com demonstrações auditadas, já que a Organização Trump não é uma empresa com ações na bolsa.
O que a Mazars fez foi uma compilação, segundo Erik Boyle, da Idaho State University. Isto segue as normas da AICPA. Entretanto, isto não exime a empresa de contabilidade de culpa se comprovado que sabia de problemas nos números ao longo dos anos. Boyle também afirma que a Mazars não afirmou que as informações estão distorcidas, ao contrário do que possa parecer.
Steven Mintz, da Politécnica da Califórnia, afirma que a decisão da Mazars está vinculada a dúvida sobre a veracidade das informações fornecidas e esta confiança, entre contador e cliente, é relevante. E que a Mazars deve manter a confidencialidade das informações, exceto no caso de uma ordem judicial. Mintz questiona por que a Mazars levou dez anos para descobrir este fato.
Randal Elder, da Universidade da Carolina do Norte, também chama a atenção para o fato de não serem demonstrações auditadas para uma empresa com ações na bolsa. Isto seria bem mais preocupante. Elder entende que Mazars não é culpada, exceto se soubessem que os valores estavam incorretos.
John DeJoy, da Universidade Clarkson, entende da mesma forma. Allen Blay, da Universidade Estadual da Flórida, afirma que não ficaria surpreso se alguém processasse a Mazars se ficasse claro que as demonstrações financeiras eram de alguma forma fraudulentas, mas na verdade elas não se responsabilizavam pelas declarações e não deveriam ter nenhuma responsabilidade. A empresa de auditoria não assinou as demonstrações financeiras; o que eles fizeram foi compilar ou, em alguns casos, preparar as demonstrações financeiras. Isso significa que eles pegaram as informações fornecidas pela Organização Trump e prepararam um conjunto de demonstrações financeiras.
Assim, parece existir um consenso que o papel da Mazars foi compilação e não de contador, avaliando os valores. Depois disto, dois promotores do caso renunciaram.
Em 2019, o procurador do distrito de Manhattan Cyrus R. Vance Jr. intimado oito anos das declarações fiscais de Trump da empresa de contabilidade Mazars no que se pensava ser um investigação em "dinheiro silencioso" supostamente pago por Trump à atriz de cinema adulto Stormy Daniels. No entanto, em agosto de 2020, os registros do escritório de Vance sinalizaram uma investigação possivelmente mais ampla sobre fraudes financeiras. Em 2021, a Organização Trump e seu ex-CFO Allen Weisselberg foram indiciados por um grande júri de Manhattan, alegando um esquema de sonegação de impostos de 15 anos que pagou aos executivos da empresa US $ 1,7 milhão em dinheiro não tributado. Se considerado culpado, a empresa pode ser multada e Weisselberg pode ser condenado a até 15 anos de prisão. Com o tempo, a investigação mudou da sonegação de impostos para se Trump inflou ou desinflou artificialmente os valores de seus ativos.
A renúncia ocorre depois que o chefe deles lançou dúvidas sobre a investigação. Isto parece indicar um fracasso no caso em Manhattan. Também há dúvidas que possa ser possível um caso criminal contra Trump.
Indicação política
Bella Bulla traz uma grande análise sobre a conciliação entre indicações políticas legítimas e boas práticas de gestão na área pública. Eis um trecho:
O lobby das indústrias sobre as indicações também preocupa especialistas. "Há muitas pessoas oriundas do que chamamos de 'porta giratória'. Significa que trabalham em uma indústria, são nomeadas para cargos no governo que regulam essa indústria e depois voltam para a indústria. Beira a captura de uma agência - se não, ainda, a captrua do Estado", afirmou o professor emérito de Ciência Política da Colgate University, em Nova York, Michael Johnston.
Já comentamos sobre isto no blog diversas vezes, alertando para o caso da SEC. Aqui, aqui e aqui. Imagem
aqui
Relembrando o caso Yukos
No início do século, a Yukos, uma empresa atuante na extração, transporte, refino e distribuição de petróleo, era de propriedade de Mikhail Khodorkovsky. Após a queda da União Soviética, Khodorkovsky foi um os beneficiados com o processo de privatização e adquiriu a empresa em 1991. O problema é que Khodorkovsky caiu em desgraça e tornou-se inimigo de Putin. Em 2003 o empresário foi preso e acusado de impostos atrasados, em uma dívida de 27,5 bilhões de dólares.
Acusado de vários crimes, incluindo fraude, roubo e sonegação fiscal, Khodorkovsky foi condenado a nove anos de prisão, em um processo que durou alguns meses. A empresa foi vendida e posteriormente a estatal Rosneft comprou a adquirente, em 2007. Há uma desconfiança que Putin quis mostrar seu poder para os oligarcas e Khodorkovsky serviu de exemplo; depois dele, todos ficaram subservientes ao manda-chuva russo.
A história a seguir você não acha na Wikipedia, mas está relatada por Francine McKenna. O caso de Trump e Mazzers e a invasão da Ucrânia trouxe de volta os fatos ocorridos há 15 anos. Para constituir o processo contra o oligarca, a justiça russa precisava do apoio da empresa de auditoria que tinha assinado as demonstrações financeiras da Yukos até 2003. Durante dez anos, este trabalho tinha sido realizado pela empresa PwC - entre 1995 a 2004. Seria importante, para os promotores, que a PwC reconhecesse que as acusações eram verdadeiras.
O governo fez batidas policiais no escritório da PwC em Moscou e montou um processo de investigação criminal por pagamento insuficiente de impostos. A pressão foi muito grande e chegou a ser destaque no Wikileaks, o vazamento de informação que ocorreu logo depois. Em 2007 já estava claro que Putin tinha vencido a queda de braço contra a PwC, que tinha a licença para trabalhar na Rússia sob ameaça. Já no primeiro semestre de 2007, a PwC "reconheceu" a imprecisão, negaram o trabalho realizado anteriormente e afirmaram que os executivos da Yukos mentiram e engaram a empresa. Isto foi dito em junho de 2007.
Os antigos executivos não gostaram e afirmaram que a posição da PwC afetava sua reputação. Antes disto, os funcionários da PwC russa foram levados para interrogatórios em março e um mês depois três empresas estatais comunicaram que não renovariam os contratos de auditoria com a PwC. O chefe de escritório da PwC em Moscou, Michael Kubena, tentou manter sua posição, mas seis interrogatórios fez com que Douglas Miller, um dos partners da PwC na Yukos, recomendou que ocorresse uma mudança na posição.
Segundo está no texto de Mckenna, uma pessoa da equipe de defesa de Khodorkovsky teria dito que não teria nada contra a PwC: "eles tinha uma arma apontada na cabeça"
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O gap de gênero - uma informação interessante (?): quando as mulheres recebem mais do que os homens, como é o caso do Paquistão, isto pode indicar que as barreiras de trabalho para as mulheres são tão altas que as poucas mulheres com emprego formal, em geral nas multinacionais, são relativamente bem remuneradas. Ou seja, mesmo quando a notícia é boa, ela é ruim.