03 abril 2008
Iasb

Em novembro de 2007 os trustees decidiram aumentar o número de membros do IFRIC, de 12 para 14. O IFRIC é um importante órgão do Iasb. Quem imaginou que isto poderia ser uma oportunidade para ampliar a presença de mercados que estão subrepresentados o Iasb deu a resposta agora. Os novos membros são:
* Margaret M. (Peggy) Smyth
Vice President, Controller, United Technologies Corp., United States
* Scott Taub
Managing Director, Financial Reporting Advisors, LLC, United States, and former Acting Chief Accountant and Deputy Chief Accountant, U.S. Securities and Exchange Commission.
Ou seja, dois novos membros são norte-americanos. Em julho de 2008 4 membros terminarão o mandato.
Ofensa da SEC
Ainda a questão da marcação a mercado. Segundo informa Norris (aqui ou aqui), a SEC determinou que se os preços dos investimentos do Nível 3 estão num patamar reduzidos a empresa deveria ignorar o valor de mercado.
Para o blog Big Picture isto significa um convite a fraude. Seria uma "ofensa" da SEC.
Aqui um outro link, comentando o SFAS 157
Para o blog Big Picture isto significa um convite a fraude. Seria uma "ofensa" da SEC.
Aqui um outro link, comentando o SFAS 157
02 abril 2008
Perdas dos Bancos
"Hoje, o banco UBS, um gigante suíço, com forte atuação global e listado na Bolsa de Nova York, anunciou novas perdas de US$ 19 bilhões. Somadas às comunicadas anteriormente, o banco perdeu nada menos que US$ 27,9 bilhões por conta de sua exposição a créditos podres.
Mas hoje, logo depois do comunicado, as ações do UBS passaram a subir forte.
Como pode?
Duas explicações: a primeira é a transparência. Quando os grandes bancos, digamos, “confessam” suas perdas, estão como que limpando o balanço, dizendo que retiraram dos ativos os créditos podres. A segunda explicação é a atitude seguinte do UBS: anunciou no mesmo momento um programa de capitalização de US$ 15 bilhões. Ou seja: perdemos tanto e vamos cobrir o prejuízo assim.
Um ponto central da crise é saber qual o prejuízo dos grandes bancos e se e como farão para cobri-lo. Na medida que vão esclarecendo isso, a crise de confiança vai ficando para trás.
Com o anúncio de hoje, o UBS tornou-se o campeão de perdas. Em segundo lugar está o Citigroup, com US$ 21,2 bilhões – isso até aqui. Especula-se que vem mais coisa por aí.
Seguem-se na lista dos piores desempenhos, o Merryl Linch (US$ 19,4 bilhões) e Morgan Stanley (US$ 12,9 bilhões).
No total, estima-se que os bancos já comunicaram perdas de capital de quase US$ 150 bilhões."
Carlos Alberto Sardenberg, Fonte: Aqui
Uma terceira explicação para o aumento: as perdas anunciadas podem ter sido menores do que o mercado esperava.
Aqui a fonte de Sardenberg, onde o valor total das perdas é de 140 bilhões de dólares. Aqui, uma discussão na imprensa (Financial Times versus Wall Street Journal) sobre o significado das perdas do UBS.
Avaliação de um Clube

No passado orientei uma dissertação de mestrado (aqui link) sobre avaliação de um clube de futebol. Agora, neste blog , o processo de avaliação do Chicago Cubs, um time de beisebol. Esta equipe não vence a world series faz cem anos e tem um desempenho nos últimos trinta anos sofrível. Entretanto, o Chicago Cubs é um time que possui um bom nome. Mas quanto seria o seu valor? Apesar do método usado pelo blog ser questionável, a seguir um resumo:
Método Baseado nas Receitas (Múltiplo)
O Cubs possui receitas de 200 milhões de dólares (vendas de ingressos, propagandas e outros). Geralmente o múltiplo para o setor de esportes é de duas a três vezes a receita. Considerando um múltiplo de 2,5 tem-se um valor de 500 milhões de dólares.
Prêmio pelo Desempenho
Imaginando que uma equipe possa ter seu valor baseado nos resultados, pesquisas mostram que um time pode aumentar de 20 a 30% o seu valor como prêmio pelos resultados. O valor seria então de 500 milhões mais 100 milhões de dólares = 600 milhões
Intangíveis
Ser proprietário de um clube pode agregar um intangível importante para seu proprietário. Segundo uma estimativa otimista, isto adicionaria de 17 a 35% no preço. Mas uma estimativa mais conservadora consideraria 1% de acréscimo, ou $6 milhões.
Racionalidade
Apesar da estimativa de 606 milhões, esportes não lida com o 100% racional. Assim, um preço possível seria acima deste valor. O blog arrisca então 650 milhões. Ou mais.
Convergência deve começar na definição

Sabe-se que o Fasb e o Iasb estão buscando a convergência nas normas. E também a redução na complexidade da contabilidade. Entretanto, tudo isto pode ficar comprometido quando os dois possuem definições divergentes de assuntos relevantes.
É o caso do Valor Justo. Conforme texto de David Katz para CFO (aqui http://www.cfo.com/article.cfm/10950664?f=rsspage), Fair-Value Question Stalls Derivative Standard, isto pode afetar tanto o esforço da convergência quanto as tentativas de redução da complexidade.
Aqui o texto completo
Milionários possuem 50 trilhões

Uma estimativa feita por Oliver Wyman (via WSJ aqui) mostra que a riqueza dos milionários no mundo cresceu para 50 trilhões. A estimativa é que em cinco anos chegue a 75 trilhões, ou uma taxa de 9% de crescimento anual. Esta estimativa é pior do que o desempenho de 2003 a 2007, quando a riqueza dos milionários cresceu 11% ao ano. O gráfico mostra que a riqueza dos milionários deverá crescer em todos os continentes, inclusive América Latina (de 2 para 3 trilhões).
Contabilidade Governamental da Nova Zelândia descobre erro

Inicialmente, esta notícia é relevante? Creio que sim. Segundo New Zealand Press Association, foi descoberto um erro na contabilidade governamental da Nova Zelândia no valor de 600 milhões de dólares neo-zelandezes.
A questão é que o erro ocorreu em razão do fato do governo daquele país adotar o regime de competência.
A notícia (clique aqui para ler) conclui que mesmo com o problema o governo não irá modificar seus procedimentos contábeis para o regime de caixa.
Inveja deles...
Contabilidade e PCC

Mais um texto sobre PCC e Contabilidade
Acusado do roubo dos malotes da TAM é preso em São Paulo
Segundo a polícia, ladrão tem ficha criminal com cerca de 60 páginas e já roubou hotéis, bancos e joalherias
Simone Menocchi, de O Estado de S.Paulo
SAO JOSÉ DOS CAMPOS - Um dos ladrões mais procurados do Vale do Paraíba foi preso na última segunda-feira, 31, em São José dos Campos. Adilson da Silva Braga, 40 anos, conhecido por Dil Neguinho, tem uma ficha criminal de cerca de 60 páginas e seria um dos integrantes da quadrilha que há 12 anos, também em São José dos Campos, roubou malotes de um avião da TAM, quando foram levados R$ 6 milhões.
A polícia afirma também que Dil Neguinho já teria participado, segundo investigações, de roubos a joalherias, hotéis, estabelecimentos comerciais e bancos. "Ele é um especialista em roubos. Tem como profissão ser ladrão", disse o delegado Darci Ribeiro, que fez a prisão. O acusado foi detido quando planejava um roubo de R$ 15 mil junto com outro ladrão, Rafael dos Santos.
Ainda de acordo com o delegado, Dil Neguinho, teria roubado a própria facção criminosa, o Primeiro Comando da Capital (PCC), da qual seria contador. "Ele confirmou que teve problemas com o PCC, mas nega o desvio de dinheiro". O acusado foi expulso do partido, que o acusa de ter roubado cerca de R$1 milhão.
Apesar da lista de roubos, segundo a polícia, Dil Neguinho vivia com a família em uma casa simples, no fundo de um outro imóvel, na periferia de São José dos Campos e não ostenta nenhum bem.
Texto enviado por José Lúcio (grato!)
Contabilidade e PCC

Reportagens do Estadão mostram a questão da contabilidade no mundo do crime.
Justiça determina investigação da contabilidade do PCC
São Paulo - A procuradora da República Adriana Scordamaglia pediu e a juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal Federal, determinou a abertura de inquérito para apurar a lavagem de dinheiro do crime organizado. A ordem para a investigação foi baseada na apreensão da contabilidade da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que estava com Wagner Roberto Raposo Olzon, o 'Fusca', preso em 28 de fevereiro. A investigação será feita pela Polícia Federal.
Foi a procuradora que denunciou por tráfico internacional de drogas Olzon e Christian Francisco de Souza. Além da contabilidade do PCC, com os acusados foram apreendidos 2 quilos de cocaína e R$ 674 mil, dinheiro que, segundo a procuradora, foi oferecido aos policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para que soltassem os acusados.
A contabilidade do PCC, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, mostrou que o faturamento da organização criminosa cresceu 511% em dois anos e meio. A facção arrecada agora R$ 4,8 milhões por mês - em 2005, o faturamento era de R$ 800 mil. Olzon tinha também um relatório de viagem para a Bolívia, no qual descreve o acordo feito com traficantes bolivianos ligados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para o fornecimento de 1 tonelada de cocaína, de fuzis e de explosivos para atentados.
Por fim, Olzon carregava cópias de transcrições de escutas telefônicas feitas pela inteligência policial. Para o Gaeco, foi o advogado Sérgio Wesley da Cunha, que está preso, quem entregou as cópias a Olzon. Os documentos saíram do processo da Vara de Execuções Criminais sobre a internação no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) dos líderes do PCC Julio Cesar Guedes de Moraes e Daniel Vinícius Canônico. Nas conversas, eles revelaram o plano de montar uma central de escutas clandestinas para vigiar autoridades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo (AE)
O texto a seguir foi enviado por José Lúcio (grato)
01 abril 2008
Incentivos podem ajudar a "enxergar" melhor

Uma experiência interessante relatada aqui sobre a importância do "incentivo":
Em geral as pessoas possuem 50% de chance de acertar, num teste cego, se o refrigerante que está bebendo é uma Coca ou uma Pepsi. Entretanto, quando se pergunta isto para as pessoas, existe uma tendência a aumentar a proporção de respostas corretas. Quando se oferece uma quantia em dinheiro para o entrevistado, desde que ele acerte a resposta, a tendência é a resposta aproximar-se de 50%.
Poderia se concluir que incentivos podem muitas vezes (mas nem sempre) melhorar a nossa capacidade de percepção.
Links
1. Bad Fashion - Quando a moda é questionável
2. A evolução da propaganda no tempo: os meios de comunicação. Em 1920 predominava a imprensa; hoje, a TV analógica; em 2020 a TV Digital e Internet
3. Concorrência no mercado de aviação brasileiro
4. análise gráfica
5. Mulheres em Copenhague podem nadar e caminhar nas piscinas de topless
2. A evolução da propaganda no tempo: os meios de comunicação. Em 1920 predominava a imprensa; hoje, a TV analógica; em 2020 a TV Digital e Internet
3. Concorrência no mercado de aviação brasileiro
4. análise gráfica
5. Mulheres em Copenhague podem nadar e caminhar nas piscinas de topless
Orçamento

Num estudo, 87 estudantes universitários fizeram previsões sobre gastos com sua alimentação e entretenimento para o próximo ano e para o próximo mês e. As despesas foram registradas e comparadas. As despesas anuais previstas foram as que mais se aproximaram das realizadas. Alguns estudos mostram que a orçamentação de curto prazo tende a ser otimista. Fonte: Aqui
31 março 2008
Que país é este?
Efeito CSI

Segundo um relatório do Case-Shiller, sobre preço de imóvel, os valores em Las Vegas e Miami declinaram 19,3%. Coincidência? Ambas cidades possuem a "franquia" do CSI. O preço nas três cidades onde passa esta série cairam em 14,8% em 12 meses, comparado com uma redução de 8,7% de outras 17 cidades. Fazendo uma regressão com uma variável binária para CSI tem-se um p-value de 15,1%. Fonte: Aqui
Finanças Comportamentais: uma visão geral

O campo de finanças comportamentais (também conhecido como Behavioral finance e behavioral economics) nasceu na década de 70 do século passado com o trabalho de Kahneman e Tversky. Antes destes dois autores, diversos pesquisadores já destacavam a importância do aspecto comportamental nas decisões financeiras/econômicas (Smith, Keynes, etc).
Em 2000 Kahneman recebeu o Nobel de Economia (Tversky já tinha falecido).
Existem diversos temas interessantes para estudar na área. Os estudos estão divididos em três grandes grupos:
a) Heurística – As pessoas tomam decisões baseadas em regras informais, que não são obtidas por análise racionais. Um exemplo simples e muito comum diz respeito uma pessoa que leu que a inflação foi de 4% ao ano e não acredita. Ela baseia sua análise nos produtos que subiram de preço, mas deixa de lado os ganhos de produtividade (computador, telefone etc) ou redução de preços de produtos lançados recentemente (TV de Plasma, por exemplo). A inflação é um cálculo muito mais complexo do que alguns poucos exemplos pessoais.
b) Framing – é a maneira como o problema é apresentado influencia a decisão. É muito comum escutar a frase que a “essência é mais importante que a forma” para indicar que os investidores têm sua atenção voltada para os fatos cruciais de uma empresa. Algumas pesquisas mostraram que em diversas situações a “forma” é importante. Uma pesquisa conduzida no final do século passado, durante a “bolha da internet”, mostrou que quando as empresas mudavam seu nome, incorporando algo que lembrava tecnologia (como o termo “com” no nome), aumentava o preço da ação da empresa. A empresa era a mesma, sem nenhuma alteração. Mas a mudança no nome (forma) tinha influencia para os investidores
c) Ineficiências do mercado – o mercado reage muito abaixo ou acima do que deveria. Uma situação já estudada corresponde ao “efeito-manada”. O nome diz muito. Quando um investidor influente resolve sair do mercado, a reação da “manada” induz o mercado a uma queda muito acima do normal.
Existem algumas situações interessantes que já foram comprovadas pelas finanças comportamentais:
=> As pessoas possuem uma grande aversão à perda. Ou seja, as pessoas não gostam de perder e esta aversão às vezes é maior do que o ganho. Um investidor que apostou no mercado acionário. O mercado caiu, mas ele insiste em manter o dinheiro até pelo menos recuperar o que aplicou (nominalmente).
=> Custo perdido. As decisões devem ser tomadas com base no futuro, sendo que aquilo que ficou para trás é um custo perdido (e não deve ser considerado na decisão). Uma pessoa comprou um apartamento e fez uma reforma. Decidindo vender o apartamento, estipula o preço com base no valor de aquisição mais o que foi gasto na reforma. O que foi gasto no passado é considerado “perdido” (ou afundado) e não deve ser considerado na decisão. O que é importante é o valor de mercado.
=> Winner´s Curse (eu gosto de chamar de Vitória de Pirro, rei grego que venceu uma batalha, mas o seu exército foi quase totalmente destruído) – Num leilão, com muitos interessados, o ganhador é um perdedor. É contraditório, mas verdadeiro. Se várias pessoas avaliam um bem leiloado em 100 reais, o ganhador provavelmente fez um lance acima deste valor.
=> Efeito propriedade – as pessoas costumam valorizar muito acima do normal os bens de sua propriedade. Uma experiência famosa deu chocolate e café para um grupo de pessoas de forma aleatória. Sabia-se, de antemão, que metade preferia café e metade chocolate. Depois de distribuído o café e o chocolate, informou-se que poderia trocar o brinde. Poucos fizeram, mostrando um apego ao bem de sua propriedade. Um dono de um carro valoriza seu bem de forma excessiva
=> Apostar em ganhadores – Você leu um anúncio que informa que um fundo de investimento apresentou o melhor rendimento do mercado. Qual a sua decisão: (a) correria para aplicar neste fundo ou (b) aplicaria no fundo que rendeu muito abaixo do mercado? A decisão correta seria a segunda. Pesquisas realizadas mostraram que os fundos perdedores possuem maiores chances de serem vencedores nos próximo período. Existem várias razões para explicar isto: (a) o fundo ganhador conseguiu este feito graças ao acaso; (b) o mercado poderá observar com mais atenção o fundo ganhador e tentar antecipar sua decisão; (c) a atração de novos investidores torna difícil o fundo ganhador ter flexibilidade suficiente para ajustar ao mercado. Ou seja, a bola de cristal não funciona todo dia. Este efeito é conhecido como reversão à média.
Bibliografia sobre o assunto em língua portuguesa:
O livro “Proteja seu dinheiro de você mesmo”, da Editora Futura, de autoria de Belsky e Gilovich tenta aplicar Finanças comportamentais a situações diárias de investimento.
“Investimento sob Medida”, IBEP, é de Achiles Mosca, que escreve alguns artigos sobre o tema.
CBF 2

Parte do resultado da CBF pode ser explicado pelo comportamento do dólar.
Ao pegar dinheiro adiantado, em relação a um contrato firmado em dólar, a CBF passou a ter um passivo atrelado a moeda norte-americana. Como o dólar caiu, o passivo diminuiu. A equação básica contábil é válida: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. Se o Passivo reduziu, isto melhora o Patrimônio Líquido, via resultado.
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