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04 maio 2009

Contabilidade e Política

Normas atraem interesse político
Valor Econômico - 4/5/2009

Como se diz "colchão anticíclico" em 27 idiomas? Este é o termo mais suave - mas aparentemente politicamente aceitável - rondando em Bruxelas para descrever a prática de fazer com que os bancos guardem colchões de liquidez para os dias chuvosos.

A contabilidade poucas vezes antes foi tão política. O processo de incluir esses fundos para dias chuvosos nos balanços financeiros levanta todo tipo de questões, altamente suscetíveis.

Nos últimos seis meses, as autoridades em cargos eletivos obrigaram tanto o Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês) como seu par nos Estados Unidos, o Fasb, a mudar as normas. Na França, sob o comando de Christine Lagarde, as autoridades disseram na semana passada que o voltarão a fazer.

Era de se esperar que isso ocorresse, à medida que os políticos analisam o que saiu errado na crise financeira e o que podem mudar.

A contabilidade como profissão não está sozinha como ímã de atração da atenção dos políticos. Regras em esboço na Europa propuseram grandes mudanças em outros setores periféricos da crise, como os fundos hedge e grupos de investimentos em participações.

A contabilidade, contudo, envolve um conceito fundamental que sustenta os mercados - as empresas precisam apresentar para seus donos o que estão fazendo, com informações confiáveis, de alta qualidade e dentro do prazo.

Não conseguirão fazer isso se o que precisam mostrar e a forma como o mostram estão mudando constantemente como resultado de interferências políticas.

"Fui um político. Entendo o que ocorre em termos de pressão sobre os políticos para fazer algo [para] solucionar esses problemas. É, simplesmente, imensa", diz Hans Hoogersvorst, diretor do órgão regulador de valores mobiliários da Holanda e ex-ministro da Saúde e Finanças.

Hoogersvorst também é co-presidente do Financial Crises Advisory Group (FACG), um agrupamento interessante de ex-autoridades reguladoras e outras pessoas de destaque que assessoram tanto o Iasb como o Fasb sobre tópicos de contabilidade ligados a crises.

Os integrantes, de forma nenhuma, conseguem concordar sobre o que deve ser feito, o que contribui para debates vivos e intercâmbios abertos.

Uma coisa com o que concordam, no entanto, é que os políticos precisam parar de interferir em detalhes do que precisa ser mudado.

"O Iasb e o Fasb não deveriam ser forçados a entrar em uma espiral descendente, uma corrida para baixo, na qual um deles é pressionado a assumir uma posição mais leniente e o outro, então, precisa ajustar-se da mesma forma", diz Hoogersvorst. O FACG escreveu na quinta-feira ao primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brawn, como presidente do Grupo dos 20 (G-20), para reiterar esse ponto.

Por sua vez, também respondeu aos pedidos franceses nesta semana para que o Iasb siga as mudanças feitas pelo Fasb neste mês. Estas e as mudanças que Bruxelas obrigou o Iasb a fazer em outubro passado tiveram como resultado líquido o alívio da contabilidade de instrumentos financeiros de formas que beneficiassem os balanços dos bancos. Isto cheira a interesses especiais de grupos lobistas.

O fato de políticos estarem se envolvendo em contabilidade tem algumas vantagens. Com frequência, os auditores são considerados como alienados com poucos interesses fora de seu próprio mundo. Talvez sejam assim. Mas tal forma de pensar deixa o setor debatendo assuntos que, na verdade, interessam a todos.

A contabilidade de produtos de estrutura complexa nesta crise é ainda mais complicada de entender do que os próprios produtos. O Iasb quer seis meses para remodelar toda a questão inteiramente. Dada a complexidade do assunto, é uma tarefa complicada.

Mas os políticos devem dar aos auditores essa chance. Eles podem, e devem, estar envolvidos, mas não tentando constantemente ajustar as regras. Mudanças fragmentadas que pareciam ser pouco importantes de forma independente, quando se somaram com a incapacidade de compreender o quadro geral, levaram o mundo a esta crise. Certamente, não será com ajustes provisórios que sairemos dela.


Grifo meu. Veja o livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, p. 22. A Contabilidade é uma atividade política.

Marcação a Mercado

Um réquiem para a regra de marcação a mercado?
Alkimar R. Moura - Valor Econômico - 4/5/2009

Do ponto de vista econômico, existem boas razões que justificariam a suspensão da regra de marcação a mercado

Com a fina ironia que lhe era peculiar, o prof. John K. Galbraith observou que crise financeira é um evento muito simples, pois a única coisa que se arrisca a perder nela é dinheiro. Esta é a parte visível da destruição de valor que ocorre em toda crise e que, no momento atual, não pode ser considerada como desprezível, pois já começa a superar US$ 4 trilhões, a julgar pelas últimas estimativas do FMI sobre as prováveis perdas dos detentores de ativos hipotecários originários dos EUA. Krugman, no seu mais recente livro, estima que o estouro da bolha imobiliária poderá causar uma perda de riqueza de cerca de US$ 8 trilhões. No entanto, uma crise financeira e econômica não destrói apenas riqueza financeira, mas derruba reputações e mitos, e força a revisão de conceitos e de procedimentos que se mostraram inadequados para lidar com a tempestade. As críticas contundentes à gestão de política monetária do então todo poderoso Alan Greenspan à frente do Banco Central americano constituem atualmente o exemplo mais ostensivo da mencionada destruição simbólica de reputação.

No mesmo sentido de mudanças, nova regulação deve surgir para evitar os excessos de alavancagem de bancos e instituições componentes do "shadow-banking system", assim como novas restrições quanto às operações fora de balanço das instituições bancárias e não-bancárias. Além disso, os bancos centrais estão adotando práticas operacionais rigorosamente heterodoxas na tentativa de estabilizar o sistema bancário nos Estados Unidos e na zona do euro. Outros exemplos de mudanças de regulação e de procedimentos podem ser invocados para comprovar a necessidade de várias modificações na supervisão e na fiscalização do sistema bancário, no rescaldo da crise financeira atual.

Será a contabilidade baseada no preço justo ("fair value rule") a próxima vítima desta revisão regulatória? Alguns movimentos nos Estados Unidos já indicam a existência de pressões para o abrandamento da estrita aplicação do principio de marcação a mercado para a contabilização dos chamados "ativos tóxicos", vinculados a operações de crédito habitacional. A própria legislação americana ("Emergency Economic Stabilization Act") aprovada pelo Congresso em outubro de 2008, determinou que a SEC conduzisse um estudo sobre a regra de marcação a mercado para os ativos/passivos das instituições financeiras.

Pelas regras americanas, emanadas do Financial Accounting Standards Board (FASB), os bancos têm que contabilizar os ativos nos seus balanços trimestrais para refletir o preço justo ("fair value") daqueles ativos, isto é, o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de uma dívida em uma transação em condições normais de mercado (isto é, nem uma liquidação forçada nem uma venda "distressed"), entre os participantes das negociações, na data da mensuração.

Com a virtual desintegração do mercado dos "ativos tóxicos", os bancos ficaram sem referência para a precificação daqueles papéis. Quando não existem mercados ativos, o FASB recomenda que a instituição financeira use o preço de venda que vigoraria em uma transação normal entre os participantes de mercado (isto é, uma venda não-forçada) na data do registro contábil, nas condições correntes de mercado.

O virtual desaparecimento do mercado de títulos ligados a hipotecas habitacionais forneceu mais argumentos para aqueles que atribuíram uma parte da responsabilidade pela crise de crédito à regra de marcação a mercado. O argumento aqui não é semelhante àquele tipicamente oportunista que manda mudar os critérios oficiais de mensuração de índices de preços, em períodos de inflação ascendente. A justificativa tem a ver com a relação entre o ciclo econômico e a regra de marcação a mercado. Um estudo recente preparado para o International Center for Monetary and Banking Studies de Geneva, por um respeitável grupo de economistas com experiência em instituições financeiras multilaterais, concluiu que a regra de marcação a mercado revela um acentuado componente pró-cíclico: quando tudo vai bem e os preços dos ativos estão em alta, a regra favorece a expansão dos ativos dos bancos, aumentando a alavancagem bancária, o que reforça o movimento favorável de mercado. Quando o ciclo se inverte, a queda de preços dos títulos força os bancos a venderem os ativos, para cumprir as exigências da regulação prudencial, provocando nova onda de queda de preços, pressões adicionais de vendas e declínio de preços, e assim por diante. Assim, do ponto de vista econômico, existem boas razões que justificariam a suspensão e/ou o abandono temporário da regra de marcação a mercado, em condições nas quais ela provocaria maior instabilidade e desorganização dos mercados de crédito, de dívida e de ações.

Em princípio, uma regra contábil deveria ser neutra, incapaz de, ela própria, contribuir para acentuar as flutuações do ciclo econômico, sobretudo em situações-limite de expansão e/ou contração no mercado financeiro e na atividade econômica. Aparentemente, a regra de marcação a mercado não passou neste teste, nos países mais afetados pela desorganização dos sistemas bancários e da intermediação financeira. E provavelmente ela sofrerá modificações, no bojo do conjunto das mudanças, que deverão ocorrer na regulação bancária e dos mercados financeiros e de capitais, como resposta oficial das autoridades à permissividade regulatória que permitiu a explosão da crise financeira atual. Na mesma linha de mudanças contábeis, é provável que o caráter pró-cíclico das atuais regras de provisão para risco de crédito seja modificado, adotando-se procedimentos já testados com sucesso em alguns países.

Convém reconhecer que a regra de marcação a mercado representou um avanço significativo para melhorar a transparência dos demonstrativos contábeis das instituições financeiros, fornecendo informações mais fidedignas aos seus acionistas, investidores, depositantes e reguladores. Aperfeiçoá-la, tornando-a mais robusta e invariante às flutuações do ciclo econômico, pode ser um dos parcos e indiretos benefícios advindos da crise atual. Esperemos que os especialistas no tema possam estar à altura dos desafios do momento.


Grifo meu.

Passivo com Salários no Futebol

Segundo notícia da Agência Lusa (Hermínio Loureiro quer erradicar salários em atraso sem colocar em risco clubes, 3/5/2009)

O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Hermínio Loureiro, disse hoje à Agência Lusa que pretende erradicar o problema dos salários em atraso, sem colocar em risco os clubes e os postos de trabalho.


A sugestão de Loureiro é

Admitindo que as alterações aos pressupostos financeiros, implementadas nos últimos anos, "nem sempre produzem a eficácia" desejada, o presidente da LPFP destaca a apresentação da proposta para "a não existência, no início das competições profissionais, de quaisquer dívidas, salários em atraso relativamente ao ano anterior, ou seja, partir do zero, com todos os compromissos assumidos e saldados".

"Uma segunda proposta tem a ver com o controlo orçamental. Para que a Liga tenha meios efectivos de efectuar esse controlo orçamental no decurso da época, e uma terceira prende-se com a inexistência de dívidas quer à segurança social, quer ao fisco", detalhou.

A Direcção da Liga defende ainda que, "os clubes ou as SAD possam recorrer ao Plano Extra-Judicial de Conciliação (PEC), mas a Liga quer que isso deixe de contar como uma simples intenção de aceder ao PEC e que exista um comprovativo por parte do IAPMEI de que esse plano está aceite".

Relativamente ao "incumprimento salarial no decurso da época", Hermínio Loureiro frisou que a direcção da Liga propõe que esta situação "possa traduzir-se em perda de pontos e multas acessórias", para "evitar e contrariar o argumento da falta de verdade desportiva".

Segundo Hermínio Loureiro, a "contabilidade" de clubes que, relativamente a estas propostas, estejam actualmente em incumprimento, "não foi feita".

"Estas alterações regulamentares não são à medida de ninguém, nem contra ninguém, são a favor do futebol. Aquilo que nós queremos é que todos tenham condições para cumprir os pressupostos e cumprir com compromissos com os seus trabalhadores", frisou, recordando que os clubes de futebol empregam mais de duas mil pessoas e contribuíram, no ano passado, para o fisco e Segurança Social com "75 milhões de euros". (...)


Imagine se isto fosse adotado no Brasil...

Buffett e o produto que conta

Buffett admite lucro menor da Berkshire
O Globo - 3/5/2009 - 37

OMAHA, Nebraska. O investidor Warren Buffett admitiu ontem, em Omaha, na reunião anual de acionistas de sua empresa, a Berkshire Hathaway, que o lucro operacional do primeiro trimestre caiu, roubando 6% de seu valor de mercado, à medida que a recessão afetou vários dos negócios e investimentos da companhia. Ante um público recorde, estimado em 35 mil pessoas, Buffett revelou que o lucro operacional da Berkshire recuou cerca de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, caindo para US$1,7 bilhão.

Boa parte das perdas provém da desvalorização aguda das ações e de prejuízos com contratos de derivativos. Esse resultado se soma à queda de 9,6% do ano passado, a maior desde que Buffett assumiu a companhia em 1965. Esses resultados começam a levantar dúvidas sobre se o “mago” das finanças teria perdido o dom.

Sem parecer abatido, o investidor aproveitou a reunião para falar sobre vários tópicos econômicos, e criticou o teste de estresse que o governo vem fazendo com os maiores bancos.

— Acho que conheço o seu futuro (dos bancos) melhor do que alguém que chega para dar uma olhada no livro (de contabilidade) — disse ele, criticando os critérios de avaliação das autoridades monetárias. — Se você olhar para a Coca-Cola hoje, por exemplo, e só examinar seu balanço financeiro, isso não dirá nada a você sobre a Coca-Cola. É o produto que conta. (Com Bloomberg News)


Sobre esta reunião, veja os links do WSJ

Testosterona e Comportamento

(...) Estudos recentes encontraram correlações entre níveis de testosterona e comportamento de risco nos homens, incluindo um que encontrou que traders homens com mais testosterona na sua saliva faz decisões mais arriscadas.

Mas uma equipe liderada por Magnus Johannesson, um economista da Stockholm School of Economics, não encontrou o mesmo efeito num grupo de 200 mulheres na fase pós-menopausa. Nesta mulheres foram administradas testosterona, oestrogeneo ou um placebo por quatro semanas e foram pesquisados uma série de jogos econômicos que mede a propensão do jogador ao risco.


Fonte: Nature via Marginal Revolution

Custo da Conversão

(…) esses executivos estão preocupados com o custo da conversão. A SEC prevê que os primeiros a adotarem a IFRS poderão incorrer num custo de 32 milhões de dólares (...) James Campbell, controller da Intel, estimou que a conversão a IFRS irá custar para sua empresa 50 milhões. (...) A WellPoint, que teve 61,1 bilhões de receitas em 2007, estima que irá custar 80 milhões para o primeiro ano de implementação, um número que irá reduzir para 2 milhões no terceiro ano. O controller da Martin Miller duvida que investidores irão querer que suas empresas faça um “significante” investimento em IFRS. “Dado o estado atual da economia, muitas empresas potencialmente não possuem fundos disponíveis para gastar com o projeto de adoção da IFRS”


CFOs on IFRS: Forget about It
Sarah Johnson - 17 Abril 2009 - CFO.com

Faz sentido esta diferença?

No início do mês o jornal Valor Econômico publicou um texto sobre a avaliação dos ativos do grupo Iguatemi. Através de uma empresa de consultoria, o grupo Iguatemi apurou um valor de mercado para seus onze shoppings centers em R$4,2 bilhões. Retirando a parcela de terceiros da avaliação, isto significa um valor de R$2,2 bilhões. O próprio jornal destaca que o valor de mercado da empresa na bolsa de valores é de R$907 milhões.

Ainda segundo a notícia, utilizou-se a metodologia do fluxo de caixa descontado por um período de dez anos. As taxas de descontos usadas dependiam da maturidade do empreendimento e dos riscos envolvidos. Além disto, não se consideraram na avaliação cinco novos projetos, assim como os terrenos da empresa.

A empresa que fez avaliação, CB Richard Ellis, anuncia-se como líder mundial na área imobiliária. Mas existe alguma coisa errada neste processo.

Observe o trecho em negrito da notícia. O fluxo de caixa foi avaliado por um período de dez anos. Isto significa que a avaliação não considerou o fluxo de caixa da perpetuidade. Este é o fluxo de caixa que irá ocorrer após os dez anos. Em alguns setores o valor deste fluxo de caixa é relevante, como é o caso de setores onde a maturação do empreendimento é longa.

Não considerar o fluxo da perpetuidade só é compreensível quando a taxa de desconto é elevada – que poderia ser o caso brasileiro nos períodos de maior risco. Entretanto, a conseqüência deste fato é que o valor estimado pela empresa de consultoria está subestimado. Ou seja, o valor de R$2,2 bilhões apurados é um valor por baixo.

Agora vamos considerar o valor do mercado para o Iguatemi. Esta empresa está sendo avaliada abaixo de R$1 bilhão. Como foi obtido este valor? Basicamente multiplica-se o valor de negociação recente das ações pelo número de ações existentes. O preço da ação é determinado pelo mercado, mas podemos dizer que um investidor que paga por uma ação da empresa Iguatemi tende a avaliar o potencial futuro de geração de riqueza. Apesar dos inúmeros defeitos no processo de avaliação pelo mercado, não podemos dizer que os investidores sejam bobos. Se o preço atual da ação da Iguatemi estiver abaixo da riqueza potencial da empresa, haveria um movimento de compra da ação, que puxaria o preço para cima.

A avaliação usando o preço da ação pode estar subestimada já que não se considera o valor do controle. Quando compramos uma ação no mercado seremos acionistas minoritários. Em países onde o direito do minoritário nem sempre é respeitado, isto significa que o preço da ação para um minoritário é inferior ao preço com a aquisição do controle. Quanto seria o valor do controle? Este é um valor difícil de calcular e os métodos existentes são frágeis. Entretanto, mesmo no Brasil, seria difícil imaginar que a diferença entre uma ação minoritária e uma ação com controle seja de 100%. Seria necessário muito derespeito ao minoritário para que o controle tivesse este ágio.

Em outras palavras, será possível imaginar uma diferença substancial? Provavelmente não. Quem está errado: o mercado ou a empresa de consultoria? Será que o fato da empresa de consultoria ter sido contratada pela administração do Iguatemi não influenciou no valor obtido?

03 maio 2009

Rir é o melhor remédio


Adaptado: Aqui

LIFO

Existe um boato de que os Estados Unidos estão pensando em proibir o uso do LIFO para avaliar estoques. O LIFO, ou Ultimo a Entrar Primeiro a Sair, é um método que avalia os estoques de uma empresa baseado na premissa que os preços mais recentes serão levados a resultado.

A principal razão para a reação é tributária, conforme alerta Elliot Zwiebach em Industry Concerned About LIFO Accounting Changes (13/4/2009, Supermarket News, 1, Volume 57; Number 15). Já que os produtos vendidos são comprados por preços cada vez maiores, em razão da inflação, o LIFO tende a reduzir o lucro tributável.

Nos Estados Unidos o LIFO é legal desde a década de 30, do século passado, e é usado por cerca de dois terços dos varejistas e distribuidores. Seu uso difundiu-se na década de 70 e 80, quando a inflação aumentou.

A estimativa da reportagem é que a proibição do LIFO pode representar receitas de 60 bilhões de dólares para o governo.

O caso Sadia

Seria interessante que os professores de controladoria pudessem discutir em sala de aula o caso Sadia. Como uma empresa deste porte permitiu um prejuízo de 2,5 bilhões de reais com derivativos.

Após a notícia, a providência da empresa foi demitir do diretor financeiro, providenciado um culpado. Mas esta medida é muito simplista, pois certamente a ausência de controles é de responsabilidade da presidência. É sempre bom lembrar um conceito importante da teoria administrativa:

Você delega funções, mas não responsabilidades


Isto diz muito sobre o fato da diretoria imputar no ex-diretor a culpa pelo prejuízo. Um texto da Gazeta Mercantil (Ex-diretor da Sadia diz que se reportava ao conselho, 8/4/2009, p. 1, Fabiana Batista) mostra que o ex-diretor, Adriano Lima Ferreira, afirmou que reportava diretamente ao Conselho de Administração. Uma consulta a página da empresa na internet mostra que são as pessoas que compõe este Conselho.

Mais ainda, Ferreira afirmou que as operações que trouxeram prejuízo em 2008 foram as mesmas que corresponderam a 60% do lucro da empresa nos últimos seis anos.

Mas observe o que afirmou o ex-diretor para Folha de São Paulo ("A Sadia sabia de tudo", afirma ex-diretor, 9/4/2009, Cristiane Barbieri)

FOLHA - As de derivativos tóxicos também?
FERREIRA - As operações dois para um começaram em meados de 2007. A empresa ficou mais de um ano fazendo essas operações, que tiveram várias auditorias. Quando se fechava uma operação desse tipo, a boleta ia para nossos operadores, para a contabilidade e à controladoria da companhia, que era separada da área financeira. Ia também para a auditoria interna e para o conselho de administração. Pela atipicidade da cultura financeira da empresa, a auditoria independente, a KPMG, tinha uma equipe financeira destacada para auditar a área financeira da Sadia.

FOLHA - Não era uma auditoria de empresa não financeira?
FERREIRA - Havia uma auditoria principal para a área de alimentos, que buscava apoio numa equipe de auditores de bancos, corretoras e instituições financeiras, porque a Sadia tinha uma cultura financeira forte, operava todos os instrumentos disponíveis no mercado. As operações, sejam derivativos ou não, sempre foram contabilizadas, auditadas e aprovadas em várias instâncias. Havia alçadas rigorosamente atendidas e relatórios mensais.

FOLHA - Eles eram detalhados?
FERREIRA - Não havia o nível de detalhamento [de todas as operações] porque não fazia parte da cultura da companhia. Você apresentava resultados que as operações deram, a exposição dessas operações, simultaneamente com apresentações da área de risco. Em 2003, determinou-se que o limite de risco do câmbio era de 20% sobre o patrimônio, equivalente a R$ 600 milhões ou R$ 700 milhões de perda assumida. Só que havia 95% de confiança nessas operações e 5% de risco. Esse "modus operandi" era o dia a dia da companhia. Agora, de um dia para outro, dizer que não sabia dessas operações? Como não sabia? Tinha diversas auditorias e formas de controle que eram apresentados todo mês.

FOLHA - O conselho de administração e a presidência executiva sabiam das operações?
FERREIRA - As operações eram apresentadas a eles. Todas foram registradas, auditadas e aprovadas. Quando aconteceu uma crise desse tamanho, não só a Sadia, mas centenas de empresas no Brasil, no México e na Ásia, principalmente, tiveram os mesmos problemas. Quando se faziam essas operações, usavam-se como base cenários e probabilidades que, quando colocados nos modelos [econométricos], era difícil de a perda não compensar seu uso. Tanto é que centenas de empresas os utilizavam.

FOLHA - Por que a área financeira não se reportava à presidência executiva?
FERREIRA - Nos seis anos em que eu estive lá, 60% dos resultados da companhia eram de operações financeiras. Se olhar para trás, o percentual era maior. A empresa só teve lucro em alguns anos por causa da área financeira. Até o primeiro semestre de 2008, 80% dos lucros vieram dessas operações específicas. A estrutura de governança da companhia espelhava uma cultura financeira, de uma empresa que tinha uma corretora, que tinha uma tesouraria ativa, que tinha um projeto de criar um banco, que aconteceu. A companhia sempre teve um risco financeiro. A estrutura, quando o presidente-executivo assumiu, em 2004, tinha forma do reporte da diretoria financeira para o conselho [por causa dessa cultura]. Mas contabilidade, controladoria e jurídico, que aprovava as operações, estavam sob a área executiva. Se fechasse uma operação [de derivativo] hoje, no mesmo dia o boleto estava na mão dele [do presidente-executivo].
(...)


Aproveitem estudiosos da controladoria. Este é um excelente caso para discutir sobre controles, auditoria, responsabilidade, etc.

Iguatemi

Iguatemi tem R$ 2,2 bi em ativos
8 Abril 2009 - Valor Econômico

O valor de mercado dos 11 shopping centers nos quais o grupo Iguatemi possui participação acionária totaliza R$ 4,2 bilhões. A parte que equivale à companhia nesses empreendimentos é de R$ 2,2 bilhões, cifra bem superior ao valor de mercado da Iguatemi na Bolsa de Valores, que está em torno de R$ 907 milhões.

O cálculo do valor dos ativos foi encomendado à consultoria CB Richard Ellis e, segundo comunicado da Iguatemi, será utilizado pelo grupo na reconciliação das demonstrações financeiras para os padrões contábeis internacionais do IFRS (International Financial Reporting Standard) .

Segundo a Iguatemi, a metodologia utilizada para avaliar os empreendimentos foi o "fluxo de caixa descontado" de cada empreendimento, pelo período de 10 anos. Os fluxos foram descontados por taxas diferentes, de acordo com a maturidade do empreendimento e riscos envolvidos. Os R$ 2,2 bilhões apurados para o valor dos ativos da Iguatemi não consideram os cinco novos projetos já anunciados nem o banco de terrenos da empresa, que é presidida por Carlos Jereissati Filho.

Buffett e a conferência para acionistas da BH


O Wall Street Journal trouxe uma série de reportagens sobre a famosa conferência com os acionistas da B

Os links estão aqui, aqui, aqui (sobre jornais), aqui, aqui, aqui, aqui (sobre seguros), aqui (otimismo de Munger), aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui (ufa).

02 maio 2009

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Maiores concordatas dos EUA

Nome da empresa, data e ativos em dólares

1) Lehman Brothers Holdings Inc. - 15/9/2008 - 691 bilhões
2) Washington Mutual Inc. - 26/9/2008 - 327 bilhões
3) WorldCom Inc. - 21/7/2002 - 104 bilhões
4) Enron Corp. - 2/12/2001 - 66 bilhões
5) Conseco Inc. - 17/12/2002 - 61 bilhões
6) Pacific Gas & Electric Co. - 6/4/2001 - 36 bilhões
7) Texaco Inc. - 12/4/1987 - 35 bilhões

Fonte: Aqui

Celebridades pobres

Exemplo de como não conduzir suas finanças pessoais:

* Willie Aames
* Kim Basinger
* Anita Bryant
* Gary Coleman
* Corey Haim
* MC Hammer
* Don Johnson
* O.J. Simpson
* Mike Tyson
* Michael Vick

Fonte: Aqui

EUA e o IASB

Chefe do FASB e a decisão sobre contabilidade internacional
Emily Pickrell - 30 de Abril de 2009 - Reuters News

Os Estados Unidos deveriam considerar a adoção das normas internacionais de contabilidade, nos próximos três a cinco anos, mesmo se não existir uma convergência completa, disse o cabeça da contabilidade estadunidense na quinta-feira.

O processo de alinhamento dos EUA e as regras internacionais de contabilidade será "sustentável para os próximos três a cinco anos", mas uma decisão sobre a plena aprovação deverá ser feita após este ponto, disse o presidente do Financial Accounting Standards Board, Robert Herz, numa conferência em contabilidade na quinta-feira na Pace University de Nova York.

O International Financial Reporting Standards (IFRS) já utilizado em mais de 100 países, têm sido muitas vezes caracterizado como mais simples abordagem à contabilidade do que o US GAAP. (...)

01 maio 2009

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Mascáras criativas

Para gripe suína:





Fonte: Aqui

Custo de Reposição

(...) Considere a indústria petrolífera e do gás. O valor de um campo produtor não tem nada a ver com o custo para desenvolvê-lo vinte anos atrás, ou mesmo o quanto ele produziu até hoje. Valorização tem tudo a ver com todos os tipos de coisas ignoradas pelo custo histórico: os preços atuais do petróleo, o montante atual de reservas, e as capacidades atuais do atual proprietário para operar e gerir a área restante para maximizar o seu retorno econômico.

Fonte: Aqui

Canadá

(...) Canada's Accounting Standards Board planeja esperar até o final do mês para responder as mudanças dos EUA, um atraso que a Canadian Bankers Association diz que irá penalizar os bancos domésticos nacionais, pois o novo padrão não será anunciado a tempo para o final do segundo trimestre, em 30 de abril.

“Consistência nas demonstrações para instituições financeira na America do Norte é crucial neste momento para evitar incerteza e confusão entre os usuários das demonstrações financeiras”, a associação diz num e-mail.

Os grandes bancos do Canadá fizeram aproximadamente 20 bilhões em baixa dos seus ativos desde o início da crise. (...)

Canada's Accounting Standards Board está esperando pois quer ver o que o International Accounting Standards Board (IASB) decide sobre as mudancas [contábeis] dos EUA num encontro em 23 e 24 de abril em Londres, diz Paul Cherry, chairman do Board canadense.


Banks push for adoption of U.S. accounting rule
JANET McFARLAND & TARA PERKINS – 8/4/2009 - The Globe and Mail - B1


O problema para o Canada é sua ligação histórica e econômica com os EUA. Uma mudança como esta na contabilidade do país vizinho influência as normas do Canadá. Mas o Canadá adotou as normas do Iasb.

Agenda Conjunta CVM CPC

A CVM divulgou a relação da agenda conjunta com o CPC. Vale a pena dar uma olhada (aqui).

Nesta agenda são listadas:

a) as normas já emitidas
b) as normas a serem editadas
c) as interpretações e minutas

Serão 32 normas a serem emitidas em 2009.

30 abril 2009

Chrysler

A empresa Chrysler assumiu a bancarrota. Aqui, aqui, aqui e aqui

Rir é o melhor remédio


Adaptado de New Math via Thinking on the MArgin

Teste #64

No dia 25 de abril de 2009 fiz uma pesquisa no Orkut sobre comunidades vinculadas a contabilidade. Você seria capaz de colocar em ordem decrescente de número de usuários baseado somente no título da comunidade. É fácil.

Contabilidade
Contabilidade com Cerveja
Contabilidade Pública
Eu amuuu contabilidade
Mestrado em Contabilidade
Mulheres na Contabilidade

Resposta do Anterior: Iasb, Londres

Links

A KPMG foi acusada de ter ajudado a empresa New Century a esconder problemas financeiros durante os exercícios sociais de 2005 e 2007. Veja mais aqui

The Economist e Os perigos do otimismo

E três links do excelente Blog Análise de Balanço

Convergência deve levar de 10 a 15 anos

Decifre os números: entendendo as demonstrações contábeis

Resolução sobre Microempreendedor individual

Nova Contabilidade

O texto a seguir é um resumo de um artigo por Andrew Lo. O autor é um renomado pesquisador na área de finanças e escreveu o texto Mind the GAAP - and find out about your risks no Financial Times de 2 de abril.

Uma das mais importantes causas da crise financeira é o fato da contabilidade é inerentemente voltada para trás. Os princípios contábeis geralmente aceitos, GAAP, se destinam a captar o desempenho passado, permitindo que os seus gestores em ver como as suas empresas se saíram e quais partes têm adicionado ou subtraído valor.

Mas o passado não pode ser um indicativo do futuro. Balanços e demonstração de resultados não são projetados para capturar risco. O passado não tem nenhum risco! Para ilustrar esta lacuna no GAAP, suponha um contrato de swap. Uma vez que o contrato tenha zero valor actual líquido no início, não pode ser considerado um ativo ou um passivo, e só podem ser incluídos no balanço como uma nota! No entanto, tal contrato certamente contribui para o perfil de risco da empresa. Como alterações nas condições de crédito, o valor atual do swap irá tornar-se positivo ou negativo, caso em que seria classificado como um ativo ou passivo, respectivamente, mas o seu impacto sobre o risco corporativo permanece invisível pelas medidas contábeis.

Um exemplo ainda mais flagrante dos desafios que a inovação financeira representa para GAAP é como o o "FAS 157" é aplicado para a avaliação de um conjunto de hipotecas detidas por um banco. Se o banco faz o empréstimo e os mantém até o vencimento, é avaliado pelo seu custo amortizado, sem qualquer análise de risco exigido. No entanto, se os empréstimos são comprados como uma obrigação garantida dívida (CDO), a análise de risco é necessária.

Em 1995, Robert Merton e Zvi Bodie destacaram a necessidade de um novo ramo da contabilidade denominado de "risco contabil" para lidar explicitamente com o desconhecido futuro. A crise atual deve ser motivação suficiente para seguir seus conselhos. A estrutura básica do risco contabil é simples. Toma a abordagem do GAAP como ponto de partida, mas usa a linguagem da probabilidade e estatística para descrever a futura realização de qualquer variável contábil. Por exemplo, enquanto os ativos tangíveis de curto prazo de uma empresa são conhecidos com certeza, os ativos de curto prazo do próximo trimestre são desconhecidos, hoje.

Portanto, o valor dos ativos deve ser tratado como uma "variável aleatória", um conceito bem conhecido em teoria probabilidade, que produz uma infinidade de ferramentas para capturar as propriedades estatísticas. Por exemplo, o desvio padrão e valor em risco são duas medidas de risco de investimento familiares, que também podem ser utilizados para medir o risco de futuras imobilizações de curto prazo. Se, por exemplo, o desvio-padrão de um futuro ativo tangível de curto prazo é muito maior do que o valor esperado de futuras dívidas de curto prazo, isto implica no risco que poderia causar dificuldades financeiras.

Cartão inovador


Fonte: Aqui

Amaro no Iasb

O International Accounting Standards Committee (IASC) Foundation anunciou hoje a indicação de Amaro Luiz de Oliveira Gomes para o International Accounting Standards Board (IASB).

Aqui o resto da notícia, que inclui foto e um breve currículo. Amaro é do Banco Central e co-autor de Contabilidade de Instituições Financeiras com o prof. Jorge Katsumi.

29 abril 2009

Novos pronunciamentos

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) coloca em audiência pública hoje, 29/04/2009, seis minutas de deliberação referendando os Pronunciamentos CPC 23, sobre "Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro"; CPC 24 sobre "Evento Subsequente"; CPC 25, sobre "Provisão e Passivo e Ativo Contingentes"; CPC 26, sobre "Apresentação das Demonstrações Contábeis"; CPC 31 sobre "Ativo Não-Circulante Mantido Para Venda e Operação Descontinuada"; e CPC 32 "Tributos sobre o Lucro".

Leia mais aqui

Rir é o melhor remédio




Os primeiros 100 dias do presidente Obama. Visões diferentes para o mesmo fato. Fonte: aqui, aqui e aqui

Teste #63




O mapa acima foi obtido no Google Maps. No item A (destacado na seta) está a sede de uma entidade muito conhecida no mundo contábil. Qual seria? (Você pode clicar na imagem para ver melhor)

Resposta do anterior: Argentina, Uruguai e Peru.
Fonte: aqui

Links

Como a Satyam manipulou a contabilidade

Fraude contábil no clube de futebol inglês Derby County


Enquanto as empresas anunciam lucro no primeiro trimestre, o FMI e o Banco Mundial falam em recessão


O número 1 da contabilidade mundial na Malasia

Competência do contabilista

Contabilidade: Técnicos Oficiais de Contas querem passar a intervir directamente nos processos graciosos
28 Abril 2009 - Agência Lusa - Serviço Economia

Lisboa, 28 Abr (Lusa) - Os Técnicos Oficiais de Contas (TOC) querem passar a intervir directamente nos procedimentos tributários graciosos em nome dos sujeitos passivos, uma competência até agora exclusiva dos advogados.

"Estamos a falar de processo gracioso, não de contencioso. Ninguém melhor do que nós para justificar, em nome dos nossos clientes, como aplicámos a lei", disse o presidente da Câmara dos TOC hoje durante a abertura da conferência "Novas Tendências de Fiscalidade".

De acordo com António Domingues de Azevedo, esta é uma das reivindicações que faz parte do pacote apresentado ao Governo para alteração dos estatutos da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, que a entidade espera vir a ser aceite.

O processo gracioso existe quando é necessário esclarecer um conflito na aplicação da lei tributária e visa a anulação total ou parcial dos actos tributários por iniciativa do contribuinte, incluindo, nos termos da lei, os substitutos e responsáveis.

O Governo aprovou na semana passada em Conselho de Ministros, a proposta de lei de autorização legislativa, a apresentar à Assembleia da República, que visa alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas e a consequente passagem a Ordem.

Questão contábil ou política?

A Eletrobrás se queixa de que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) mudou a metodologia da contabilidade dos R$ 18 bilhões em créditos que a estatal tem a receber de Itaipu Binacional até 2023. Em vez de entrarem na conta da elétrica, os repasses passaram a ser contabilizados diretamente no caixa do Tesouro. Isso, na prática, está provocando uma perda anual de R$ 1,5 bilhão no superávit da Eletrobrás.

É diante dessa mudança e da proposta arrojada de dobrar os investimentos este ano, que a estatal de energia está reivindicando o mesmo tratamento dispensado pelo governo à Petrobrás. Há duas semanas, a equipe econômica deixou a estatal petrolífera fora do cálculo do superávit primário, liberando-a para investir mais R$ 15 bilhões este ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recusa-se, porém, a examinar a possibilidade de estender a medida à Eletrobrás no curto prazo. Ele entende que, antes de reivindicar tratamento igualitário, a companhia energética deve apresentar a mesma eficiência da Petrobrás.

A direção da Eletrobrás não contesta o fato de não ter a mesma governança corporativa que a Petrobrás. Mas o diretor financeiro e de relações com investidores, Astrogildo Quental, faz questão de destacar que a Eletrobrás já está trabalhando duro para atingir o nível de excelência e os resultados positivos da Petrobrás.

“O Plano de Ações Estratégicas, aprovado em março pelo conselho da estatal, é a prova concreta de que a Eletrobrás está trabalhando para ser a Petrobrás do setor elétrico, como quer o presidente Lula”, afirma Quental. No que se refere à governança corporativa, a estatal energética está implementando a gestão de risco e um novo sistema de controle, que inclui a criação de critérios normativos para impedir nomeações políticas que não atendam aos requisitos técnicos dos respectivos cargos. A Eletrobrás já está listada na bolsa de Valores de Nova York. Trabalha, agora, para alcançar o índice Dow Jones, que só a Petrobrás e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig ) possuem atualmente.

Quental não reclama de os créditos de Itaipu serem contabilizados pelo Tesouro, mas considera justa a postulação de ao menos flexibilizar a meta fiscal da empresa este ano. “Não posso transferir o crédito e ficar com a mesma meta, a menos que eu aperte mais e corte os investimentos”, pondera. “A empresa pode cumprir metas de superávit, mas não pode ser amarrada agora”, insiste.

A grande preocupação da direção da estatal é cumprir o programa de investimentos. No ano passado, foram executados R$ 4 bilhões, para uma meta de investir R$ 6 bilhões.

Este ano, será empenhado todo o esforço para executar R$ 8 bilhões de investimentos.

A avaliação geral, no entanto, é de que isso não será possível caso a Eletrobrás seja mesmo forçada a cumprir a meta de superávit de R$ 1,6 bilhão em 2009. Não, a menos que o Tesouro volte à regra anterior de contabilizar o bilhão e meio de reais em créditos de Itaipu à estatal.

INVESTIMENTOS

O programa de investimentos para os próximos quatro anos, até 2012, soma R$ 30 bilhões. A contabilidade da holding, que reúne sete empresas de geração e transmissão de energia e outras quatro de distribuição Brasil afora, mostra que, a despeito da crise, praticamente não houve redução na receita. Técnicos do setor observam que a área industrial recuperou um pouco sua produção e a energia consumida.

Os problemas estão localizados em setores de produção específicos, como o alumínio. Nesse caso, as plantas no Norte e Nordeste, que são atendidas pela Eletronorte e pela Chesf, estão sendo pressionadas pelos produtores afetados pela crise, que derrubou os preços do metal no mercado externo. Em alguns casos, houve até acréscimo nas vendas, mas os produtores reclamam que o saldo é negativo porque eles vendem mais, mas a receita é menor.

Eletrobrás briga por R$ 1,5 bilhão
Christiane Samarco - 29 Abril 2009
O Estado de São Paulo

Enron, ainda

Duas notícias sobre a Enron e sua empresa de auditoria:

A Arthur Andersen concordou em pagar US$ 16 milhões aos credores da Enron para encerrar processo que acusava a empresa de contabilidade de ter sido negligente na auditoria da operadora de energia, que faliu em 2001.

A Andersen, atualmente quase extinta, é acusada de aprovar transações que maquiaram a situação financeira da Enron -que chegou a ter valor de mercado de US$ 68 bilhões, antes de implodir em meio a denúncias de fraude.

Arthur Andersen paga US$ 16 mi a credores da Enron
29 Abril 2009 - Folha de São Paulo


A segunda notícia:

A Arthur Andersen concordou em pagar US$ 16 milhões aos credores da Enron para encerrar processo envolvendo as acusações de que a empresa de contabilidade teria sido negligente na auditoria e assessoria que prestou à operadora de energia, que faliu em 2001.

Uma audiência para que um juiz do Tribunal de Falências dos EUA aprove o acordo está marcada para o dia 14 de maio. O acordo encerra um processo movido em Houston, no Estado norte-americano do Texas, que acusava a Arthur Andersen, atualmente em grande medida extinta, de aprovar transações que maquiaram a situação financeira da Enron em benefício de seus executivos.

"Foi um longo processo e estamos satisfeitos de termos conseguido chegar a um acordo", disse Harlan Loeb, porta-voz dos credores. As duas partes pediram que um juiz aprovasse um acordo, em documento protocolado em 21 de abril no Tribunal Federal de Falências de Nova York.

A Enron, com sede em Houston, foi a maior empresa de comercialização de energia do mundo, com um valor de mercado de até US$ 68 bilhões, antes de implodir em meio a denúncias de fraude contábil.
Andersen paga para encerrar processo Enron
29 Abril 2009 - Valor Econômico

28 abril 2009

Teste #62

Na Enciclopédia Britânica de 1911, no verbete Accountants, encontra-se a seguinte frase (tradução nossa):

Na América do Sul, contadores têm adquirido certo status na ______, ______ e ______.

Você saberia adivinhar quais são os países? Uma dica: não existe nenhum país de língua portuguesa na lista.

Resposta do Anterior: Nugan Hand Bank – Austrália; Cendant – Estados Unidos; Global Crossing – Bermuda; Ahold – Holanda; Parmalat – Itália

Rir é o melhor remédio











Propagandas Criativas

GM

Conforme este blog informou ontem, a GM fez um comunicado sobre a situação atual da empresa. O plano inclui fechar fábricas e demitir. Veja, a seguir, dois textos da Gazeta Mercantil (estranhamente, não li nada sobre o assunto no Valor Econômico):

GM fecha 13 fábricas e demite 21 mil nos EUA
28 Abril 2009 - Gazeta Mercantil

Detroit (EUA), 28 de Abril de 2009 - A General Motors informou ontem que terá de pedir concordata a menos que quase todos os seus acionistas concordem em trocar suas indenizações por ações da companhia, algo que o principal executivo da GM descreveu como "uma tarefa difícil" e que os analistas disseram ser improvável que aconteça.

Se a troca for bem-sucedida, a GM disse que seu plano de reestruturação resultará no governo federal sendo o acionista majoritário da companhia. O plano exige que a GM, até ano que vem, reduza a sua rede de concessionárias quase pela metade, feche 13 fábricas, elimine 21 mil empregos nas fábricas e acabe com a sua marca Pontiac, que tem 83 anos.

A General Motors informou que também precisa tomar emprestado mais US$ 11,6 bilhões do governo a fim de se manter operando enquanto a reestruturação ocorre. "Precisamos ter um modelo de negócio mais estável e sustentável, porque, sinceramente, só queremos fazer isso uma vez", disse em uma coletiva de imprensa Fritz Henderson, principal executivo da GM. "Não acho que o que está sendo pedido de nós seja difícil demais. Nosso objetivo aqui é criar uma estratégia em que você possa ganhar, e não simplesmente sobreviver".

A GM disse que os titulares de pelo menos 90% de seus títulos não liquidados devem concordar com a troca ate o dia 26 de maio para que a companhia evite a concordata. Eles obteriam 225 ações, no valor de US$ 414 a partir do fechamento de sexta-feira, para cada US$ 1 mil em títulos da dívida que eles possuem.

Um analista, Brian A. Johnson, do Barclay''s Capital, disse que não pensava que a oferta fosse valiosa o suficiente para ser bem sucedida. "A menos que a oferta seja revisada antes de 8 de maio, a GM poderá potencialmente pedir concordata até o fim do próximo mês", Johnson escreveu em uma nota aos clientes.

As reduções esboçadas na segunda-feira são bem maiores e estão programadas para acontecer mais cedo do que a General Motors havia projetado no seu plano de restruturação em fevereiro.

Desde dezembro, a General Motors tomou emprestado US$ 15,4 bilhões para se manter fora da concordata enquanto tenta se reestruturar. O novo pedido traria essa cifra para US$ 27 bilhões. A companhia disse originalmente que precisava entre US$ 22,5 bilhões e US$ 30 bilhões para permanecer solvente.

Nos planos anunciados ontem, a General Motors quer persuadir 2.641 das suas 6.246 concessionárias independentes - 500 a mais do que ela havia anunciado anteriormente - a fechar quatro anos antes do que ela pretendia. Os fechamentos representariam mais de uma entre 10 concessionárias de automóveis nos Estados Unidos.

Até o final do ano que vem, a GM planeja empregar 40 mil trabalhadores horistas em 34 fábricas, uma queda em relação aos 61 mil trabalhadores em 47 fábricas. Isso representa pelo menos 7 mil cortes de empregos a mais e o fechamento de mais uma fábrica em relação ao que o plano de fevereiro exigia. Dois mil empregos adicionais seriam cortados em 2011. Um número não divulgado de empregos assalariados também seria eliminado.

A General Motors venderia ou fecharia a sua marca Saturn até o final deste ano, cerca de dois anos mais cedo do que ela havia dito anteriormente. Duas outras marcas, a Hummer e a Saab, serão vendidas a preços mais baratos ou fechadas logo. O fechamento da Pontiac, que foi introduzida em 1926, vai deixar a GM com quatro marcas nos Estados Unidos: a Chevrolet, a Cadillac, a Buick e a GMC. Henderson disse que a General Motors se comprometeu a manter a Buick e a GMC.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Nick Bunkley/The New York Times)

Os detalhes da reestruturação da General Motors
28 Abril 2009 - Gazeta Mercantil

Detroit (EUA), 28 de Abril de 2009 - Os detalhes dos passos da General Motors em seu processo acelerado de reestruturação.

* Proposta para trocar US$ 27 bilhões em títulos da dívida atualmente em circulação por ações da GM.

* Portadores de títulos da dívida devem passar a controlar pelo menos 10% das ações ordinárias da empresa após a transação.

* Pelo menos 90% dos títulos em circulação terão de ser oferecidos na transação, para satisfazer as condições determinadas pelo Tesouro americano.

* Mudanças no pacote de benefícios pagos ao sindicato para trabalhadores aposentados e nas condições de conversão da dívida com o Tesouro, que devem resultar em uma redução de pelo menos US$ 20 bilhões.

* Uma redução de no mínimo US$ 44 bilhões no total devido a portadores de títulos, ao Tesouro americano, e ao sindicato de empregados, como resultado das negociações

* O prazo de cada uma destas propostas e solicitações é 26 de maio.

Tesouro americano

* O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos devem receber no mínimo 50% das ações ordinárias da GM, em troca de 50% dos títulos em circulação da montadora em 1o de junho, estimada em US$ 10 bilhões.

* O Tesouro indicou estar disposto a fornecer à General Motors um financiamento adicional de US$ 11,6 bilhões, que a montadora prevê requisitar depois de 1o de maio. Eles já haviam fornecido US$ 15,4 bilhões em empréstimos para manter a GM ativa desde o começo de 2009.

* Pelo menos 50% das obrigações financeiras ainda devidas pela GM a um fundo de pensão de saúde para trabalhadores aposentados, ou seja, por volta de US$ 10 bilhões, serão extintas em troca de ações ordinárias da GM.

* Depósitos em caixa do valor restante da dívida serão pagos ao longo de um período determinado.

* Ações ordinárias da General Motors distribuídas ao Tesouro e à United Auto Workers não devem exceder os 89% do total da empresa.

* A General Motors deve centrar esforços em suas quatro principais marcas: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC. A Pontiac será gradualmente desativada até o final de 2010.

* A General Motors deve lançar um total de 34 modelos em 2010, em comparação com os 48 fornecidos em 2008.

* A montadora planeja finalizar a produção dos modelos Saab, Saturn e Hummer até o final de 2009.

* Também esperam reduzir o número de concessionárias de 6,246 em 2008 para 3,605 até o final de 2010 - uma redução de 42%. Comparado com o último plano de reestruturação apresentado pela GM em fevereiro, este prevê uma redução de mais 500 concessionárias quatro anos antes do esperado.

Produção e empregos

* O número total de fábricas nos Estados Unidos será reduzido, de 47 em 2008 para 34 até o final de 2010. Até 2012, elas serão 31.

* O número de funcionários horistas será reduzido de 61 mil em 2008 para 40 mil em 2010. No início de 2011, este número deve atingir 38 mil.

* A General Motors deve cortar os custos do trabalho por hora nos Estados Unidos para US$ 5 bilhões em 2010, ante os US$ 7,6 bilhões de 2008.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Reuters - A previsão é de que, com essas medidas, os custos estruturais da General Motors na América do Norte caiam 25% de US$ 30,8 bilhões em 2008 para US$ 23,3 bilhões em 2010.)

Normas Internacionais no Brasil

Balanços globalizados
VINICIUS MEDEIROS
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 28/4/2009

Empresas de capital aberto, instituições financeiras e seguradoras brasileiras têm até o final de ano para adaptaram seus demonstrativos financeiros consolidados às normas da International Financial Reporting Standards (IFRS), como prevê a instrução da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) nº457, de 13 de julho de 2007.

Parte das mudanças promovidas nas práticas contábeis, como demonstração de fluxo de caixa, arrendamento mercantil financeiro, reconhecimento de ativos intangíveis e ajuste de valor presente de contas a receber e a pagar, entre outros, já estão previstas na Lei nº11.638, em vigor desde dezembro de 2007.

Regulada pela International Accounting Standards Board (Iasb), a IFRS é amplamente utilizada internacionalmente. A norma reduz significativamente a possibilidade de que uma regra distorça a realidade de uma transação, o que explica sua disseminação, afirmam especialistas. Além disso, por conta do processo de globalização e dos altos custos envolvidos na produção dos demonstrativos financeiros, tornou-se um consenso a necessidade de padronização dos mesmos.

Muito antiga – datava de 1976 – a regra contábil brasileira anterior (Lei nº6404) era considerada defasada, além de inadequada à nova realidade econômica mundial. O primeiro passo para a mudança aconteceu com a promulgação da Lei nº11.638, que impôs procedimentos convergentes com as práticas da IFRS. Entre as alterações mais importantes estão a avaliação a valor de mercado de determinados instrumentos financeiros (aplicações, empréstimos e instrumentos de proteção) e ativos intangíveis; análise de recuperabilidade de ativos a longo prazo, o chamado impairment; e a avaliação a partir de valor de mercado de combinação de negócios empresariais (fusões e compras), entre outros.

Benefícios. Auditores e especialistas em contabilidade consideram a convergência das normas contábeis extremamente benéfica para empresas brasileiras. “A regra contábil anterior não acompanhou os processos de abertura política brasileira e a globalização.

Hoje, muitas empresas brasileiras atuam no exterior ou têm ações cotadas em bolsas internacionais, vendo-se obrigadas a editar balanços diferentes em cada país que atuam, além de, é claro, no Brasil. A convergência às normas contábeis internacionais vai facilitar a vida de todos”, diz Ronaldo Froés, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).

Segundo Ana María Elorrieta, presidente Nacional do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), a adequação à IFRS também é encarada como um passo importante para a consolidação das companhias brasileiras no cenário internacional. “As normas da IFRS são uma linguagem mais conhecida para muitos investidores estrangeiros. A adoção facilitará as comparações com demonstrativos financeiros consolidados de outras multinacionais. Com isso, as companhias brasileiras poderão ganhar competitividade, bem como acesso mais fácil a investimentos estrangeiros, resultando em redução do custo do capital”, diz.

John Auton, sócio-diretor da consultoria e auditoria Deloitte, lembra que cerca de 100 países requerem ou permitem a adoção do IFRS atualmente. “A União Europeia a adotou em 2005, mas há países, como a Rússia, que ainda não aderiram. Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e parte do Oriente Médio também já utilizam a IFRS. Duas das principais nações emergentes, China e Índia, devem aderir até 2011. Na América Latina, o Brasil está à frente desse processo, embora o Uruguai já a use. Também há um movimento de adequação nos Estados Unidos, que já aceita sua adoção para empresas estrangeiras com ações na Bolsa, provavelmente a partir de 2014”, diz.

Apesar da convergência ser vista como uma necessidade, tudo leva a crer que haverá necessárias adaptações ao mercado brasileiro. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que regulamenta as normas contábeis, já divulgou 14 pronunciamentos para modificar procedimentos utilizados pela IFRS.

“O cronograma do CPC prevê outros 21 pronunciamentos este ano. Até aqui, a essência fundamental está mantida. Tudo está totalmente de acordo com o que é usado internacionalmente. Há procedimentos aprovados e outros em audiência pública. Ao meu ver, as alterações são para refinar e tropicalizar as normas internacionais”, avalia Auton.

Adaptações. Embora a instrução nº457 da CVM tenha sido sancionada há dois anos, houve poucos exemplos de adequação aos procedimentos da IFRS no mercado brasileiro. Até aqui, o mais comum tem sido o uso do ato de reconciliação, que mistura práticas da BRGAAP (normas contábeis brasileiras) e IFRS.

“A Gerdau é um dos poucos exemplos de quem aderiu à norma internacional desde a divulgação da instrução da CVM. Somente as empresas do novo mercado (com abertura de capital nos últimos dois anos) já são requeridas a apresentar balanço totalmente adequado à IFRS. No entanto, é bom as companhias se prepararem, pois 2010 já está aí”, diz Alessandra Sanches, professora da Trevisan Escola de Negócios.

Segundo Alessandra, a adequação à IFRS deverá representar um inevitável aumento de custos para as empresas. “Qualquer mudança de regra representa custo durante o período de transição. Haverá gastos com novos sistemas operacionais, consultores e auditores, bem como com treinamento de profissionais da área de Relacionamento com Investidores (RI).

No entanto, a maior parte dos recursos deve ser alocada internamente. Não basta treinar e investir em novos equipamentos. É preciso mudar processos, políticas e sistemas dentro da empresa”, acredita.

Para a professora, no entanto, os investimento se diluirão com o passar dos anos. “Embora a adequação resulte num aumento de custos inicial, os ganhos posteriores serão enormes. Os gastos com a produção de balanços, hoje estimados em cerca de 3% da receita, serão reduzidos a partir das novas regras”, afirma.


Grifos meus

a)É questionável a afirmação que a norma reduz a possibilidade de distorcer a realidade de uma transação. O fato das normas internacionais serem mais flexíveis - apresentado sempre como uma vantagem - faz exatamente o contrário.

b) O texto é contraditório quanto aos custos das normas. Na realidade isto é muito questionável, mas sabe-se que a adoção inicial aumenta os custos para todas as empresas. Provavelmente os custos após a adoção serão maiores ou menores conforme as características das empresas. Empresas menores, com negócios no Brasil, pagarão mais.

c) A afirmação de que haverá adaptações das normas a realidade brasileira é correta. E talvez seja um questionamento interessante contra a adoção da IFRS. Talvez.

d) O texto afirma que as 14 normas do CPC foi para "modificar as IFRSs". Muito interessante.

LRF e Manipulação Contábil

O texto a seguir é interessante por destacar a possibilidade de manipulação contábil na contabilidade pública.

Burla fiscal
Folha de São Paulo - 28/4/2009 - Editorial

DESDE SUA aprovação, em 2001, a Lei de Responsabilidade Fiscal tornou-se um marco. Conferiu, ainda que de forma imperfeita, mais racionalidade e equilíbrio à administração pública. Ao fixar limites para despesas com pessoal e dívida pública, contribuiu para inibir os gastos irresponsáveis nas três esferas de governo.

Infelizmente, como esta Folha mostrou, a disciplina que esse instrumento prescreve é desafiada com regularidade pela manemolência de muitos gestores.

Segundo a norma, a despesa dos governos estaduais com pessoal não pode exceder 49% da receita corrente líquida. Mas alguns Estados estão maquiando os gastos com folha de pagamento para cumprir a lei.

Uma das burlas é expurgar o Imposto de Renda, pago pelo servidor, da folha de pagamento. Assim fazem Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Rondônia e Rio Grande do Norte.

Rondônia, Rio Grande do Sul e Goiás excluem pensionistas ou inativos do cálculo. No Rio de Janeiro, a decisão do governo de engrossar desde 2008 os cofres do fundo de previdência com royalties também afetou a relação entre pessoal e receita.

Santa Catarina descarta as despesas com mão de obra terceirizada, além de excluir verbas indenizatórias -como viagens e auxílios-alimentação. Estados como São Paulo, Piauí, Amapá, Mato Grosso do Sul, Acre e Roraima também aproveitam uma brecha nas regras do Tesouro e não incluem os gastos com mão de obra terceirizada.

Os exemplos deixam claro que são necessárias regras nacionais padronizadas para fechar as brechas à transgressão. O risco, a ser combatido permanentemente, é que uma acomodação a essa "contabilidade criativa" acabe por desmoralizar a LRF.

27 abril 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #61

Os escândalos contábeis podem ocorrer em qualquer país. A seguir estão empresas que foram notícias sobre fraudes contábeis:

Ahold - Cendant - Global Crossing - Nugan Hand Bank - Parmalat

E aqui estão os países de origem.

Austrália – Bermuda - Estados Unidos – Holanda - Itália

Ligue uma lista a outra.

Resposta do Anterior: Contabilità – Italiano; Számvitel – Magiar; Contabilidad – Espanhol; Comptabilité – Francês; Kontado – Esperanto; Boekhouding – Holandês; Rechnungswesen – Alemão. Fonte: Wikipedia

Links

Jogos contábeis mostram que administradores não podem avaliar

Nos Estados Unidos, as melhores universidades são as mais antigas (a primeira do ranking foi criada em 1636

O grande erro de Warren Buffett

Guerra aos piratas da música em 1897

Defensores do protecionismo: por que o zoológico investe em animais de outros países?

Conselho Fiscal

Fiscal dos números
27 Abril 2009 - Valor Econômico

Fiscalização dá resultado. A instalação e atividade de um conselho fiscal em companhias abertas contribui diretamente para que os balanços sejam de melhor qualidade. Isso é o que aponta o primeiro estudo sobre a efetividade desse órgão no mercado brasileiro, realizado no departamento de contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).

O conselho fiscal é um órgão instalado, geralmente a pedido de acionistas minoritários, justamente para acompanhar os balancetes da empresa e a atividade dos administradores. O levantamento apontou que a presença desse colegiado diminui a manipulação de dados pelos executivos, ainda que dentro das regras contábeis. Portanto, a existência do órgão tende a oferecer maior fidelidade do balanço como retrato da realidade econômica da companhia, seja ela boa ou ruim.

Nos últimos tempos, não faltaram escândalos sobre fraudes contábeis ou sobre a qualidade dos balanços das empresas e o grau de transparência. Não por acaso, cresceram as discussões sobre como fiscalizar os administradores, na tentativa de dar maior consistência e credibilidade aos resultados.

Faz parte dessa cruzada, por exemplo, a determinação da lei americana Sarbanes-Oxley, de julho de 2002, de instalação de um comitê de auditoria nas companhias - órgão que no Brasil pode ser comparado ao conselho fiscal. As empresas com ações listadas na bolsa de Nova York (Nyse) conseguiram, por conta disso, o direito de substituir o comitê exigido pelo órgão já previsto na legislação brasileira.

No mercado brasileiro, embora previsto na Lei das Sociedades por Ações, o assunto ainda é polêmico e há resistência nas companhias. Caso já considerado clássico para ilustrar essa dificuldade é o da fabricante de cigarros Souza Cruz. Somente na assembleia de 2009, após três anos de tentativa, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, conseguiu instalar e eleger um membro no conselho fiscal da empresa.

Apesar do debate existente no mercado, até então, não havia estudo acadêmico que buscasse determinar a eficácia dos trabalhos desse colegiado. Adriana Garcia Trapp decidiu verificar o assunto em tese de doutorado na USP. Para isso, estudou os resultados de 216 companhias, de 2002 a 2007. A pesquisa foi orientada pelo professor Alexsandro Broedel, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi).

O resultado surpreendeu os especialistas. "Chamou nossa atenção. Vimos que o conselho fiscal tem um efeito econômico", destacou Adriana. Para ela, a melhora na qualidade dos números é produto da consciência, no momento da produção do balanço, de que um terceiro órgão fiscalizará os dados.

Broedel enfatizou que outra conclusão da pesquisa interessante é o fato de a qualidade das demonstrações financeiras ser ainda melhor quando o conselho fiscal conta com a presença de um especialista em contabilidade. Em ritmo de escalada, o cenário fica mais positivo quando a empresa possui estrutura de governança instalada, como controle de risco e mecanismos adicionais de transparência.

A pesquisa também é retrato da evolução da discussão sobre conselho fiscal e, ao mesmo tempo, do uso ainda reduzido do órgão.

Da base de 216 empresas analisadas, apenas 4, ou seja, aproximadamente 2%, tiveram o órgão instalado nos seis anos estudados. No entanto, quando se considera cinco anos, o número salta para 106, ou cerca de 49% da base total. "Essa discussão [instalação do conselho fiscal] ficou muito presente no país a partir de 2003", diz Adriana.

Ainda assim, 56 companhias, ou 26% do total, não apresentaram a atividade desse colegiado em nenhum dos anos.

Como a legislação não obriga a presença de um especialista em contabilidade na formação do conselho - que deve ser de no mínimo três e no máximo cinco membros - ela só foi constatada no estudo em 21% dos conselhos em cinco anos analisados. Apenas uma companhia possuía este profissional em todas as formações, ao longo de todo o período.

Adriana e Broedel, para estudar a eficiência da fiscalização do colegiado, tiveram que avaliar o nível de "gerenciamento de resultados" das companhias pesquisadas. Esse conceito, na literatura acadêmica, significa um ato intencional do administrador da empresa para alterar os valores do balanço como forma de obter algum tipo de benefício. Contudo, sem incorrer em fraude. "É importante deixar claro que esse conceito não significa fraude", enfatizou Broedel.

Assim, quando o tema é a qualidade do balanço, a ideia é que o resultado seja o mais próximo possível do fluxo de caixa da empresa. Ou seja, que reflita da maneira fiel o dinheiro que entra na companhia e o que fica, após os custos e o pagamento dos compromissos.

A manipulação dos números pode ser feita por meio da escolha de critérios contábeis. Algumas possibilidades de se fazer isso estão, por exemplo, na avaliação da vida útil de máquinas e equipamentos de forma a alterar a depreciação, na decisão sobre o volume de provisões, na análise de risco de derivativos, entre outros.

Entre os objetivos mais comuns da interferência nos números pelos administradores estão motivações por plano de incentivo de remuneração, controle do endividamento, influência no desempenho das ações no mercado etc.

E o que o resultado da pesquisa de Adriana e Broedel apontou é que essa interferência dos executivos sobre o balanço tende a ser menor nas companhias com conselho fiscal instalado. Para medir essa manipulação, foram utilizadas métricas complexas já existentes na literatura acadêmica. Internacionalmente, diversas pesquisas já relacionaram o comitê de auditoria com boas práticas de governança e gerenciamento de resultados.

Para Broedel, o estudo torna-se ainda mais pertinente devido ao momento que o Brasil atravessa, de convergência do padrão contábil nacional para o internacional, conhecido pela sigla em inglês IFRS. O processo de harmonização das regras começou em 2008 e será concluído até 2010.

Especialista em contabilidade, Broedel lembra que o padrão internacional possui muito mais subjetividade do que as regras nacionais até então praticadas no país. A contabilidade será regida por princípios gerais e não mais por regras rígidas, específicas. Logo, a busca por mecanismos de melhora na qualidade e que minimizem a gerência da administração sobre os números é ainda mais importante. "Os balanços terão que refletir melhor a realidade econômica das empresas."

No Brasil, contudo, como a atuação permanente do conselho fiscal não é obrigatória, muitas companhias ainda não possuem um órgão ativo. Levantamento relatado pelo Valor em 2008 mostrava que, no fim da temporada de assembleias gerais, apenas um terço das empresas listadas no Novo Mercado contavam com um conselho fiscal instalado.

Há expectativa de que o aumento do ativismo dos minoritários possa ampliar a instalação desse colegiado. Desde 2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vem emitindo entendimentos que facilitam a solicitação de instalação desse órgão pelos minoritários. A autarquia deixou claro, por exemplo, que não é preciso que um grupo de investidores que tenham 10% das ações ordinárias (ON, com direito a voto) peça a formação do conselho. A solicitação pode ser feita por investidor com menos do que isso, desde que, no mínimo, 10% das ações ON da companhia estejam em circulação no mercado.

Teste de Stress

As autoridades dos EUA fizeram um teste de stress (ou de resistência) para verificar se as instituições bancárias são sólidas. Os resultados foram animadores.

Um teste de stress é realizado verificando como uma entidade irá se comportar conforme as mudanças da economia. Usa-se a simulação de Monte Carlo, onde se introduz possíveis alterações em diversos parâmetros e estima como uma variável - no caso o capital dos bancos - irá se comportar.

O problema do teste realizado, e que tem sido criticado (aqui, por exemplo), são os parâmetros usados. Na realidade, a simulação de Monte Carlo pode ser muito útil desde que seja usada corretamente.

GM e comunicado

A GM deverá fazer um comunicado a imprensa hoje. O link está aqui (via Calculated Risk)

26 abril 2009

Custos Hospitalares

O Sistema Único de Saúde (SUS) já alcançou diversas e louváveis conquistas em benefício da população brasileira desde a sua criação. No entanto, um desafio se faz presente em nossos dias diante das necessidades ilimitadas e da limitação dos recursos disponíveis: o aumento na eficiência. Este trabalho é uma avaliação econômica parcial, pois analisou os custos e alguns indicadores do Hospital Municipal de Barra do Bugres. Os custos foram apurados utilizando o método de custeio por absorção do tipo RKW e foram classificados em fixos e variáveis possibilitando a análise de custo-volume-superávit. Os dados para análise dos indicadores foram coletados pelo software desenvolvido e implantado para esse fim, e também através de relatórios preenchidos manualmente. Tais indicadores foram comparados com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS). A análise dos custos demonstrou que, no período de 15/10 a 14/11/2008, o hospital apresentou custos totais de R$ 445.526,33, dos quais R$ 330.529,37 (74,2%) são fixos. As receitas totais do período totalizaram R$ 239.617,89, resultando num déficit de R$ 205.908,44. Em cinco meses, em média, 96,1% das internações realizadas foram de pacientes do município de Barra do Bugres, ultrapassando em 23,8% o parâmetro do MS. A quantidade média de consultas realizadas para pacientes do município de Barra do Bugres no Pronto-socorro está 144,7% acima do parâmetro estabelecido. A análise de custo-volume-superávit concluiu que mantendo o custo fixo, a receita média e a margem de contribuição média, as clínicas podem alcançar o superávit aumentando-se os leitos para 92 e utilizando-se 100% da capacidade instalada, sem considerar o déficit do pronto-socorro e das unidades externas. Recomenda-se a adoção de medidas que fortaleçam a atenção básica do município, produzindo redução no número de internações e de consultas no prontosocorro, disponibilizando maior quantidade de leitos para oferta em âmbito microrregional, aumentando assim a receita do hospital e reduzindo o déficit do pronto-socorro/ambulatório. Recomenda-se também a estruturação de sistema de gestão de custos, que orientem a tomada de decisões na busca pela eficiência.

AVALIAÇÃO ECONÔMICA EM SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO DO HOSPITAL MUNICIPAL DE BARRA DO BUGRES - MT, Paulo César de Souza, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

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Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


Adaptado: aqui

Evidenciação

Um dos princípios básicos de evidenciação diz respeito a denominações genéricas como "despesas gerais". Eis um exemplo disto, num artigo da Folha:

Fiesp não detalha despesas de R$ 20 milhões no orçamento
Folha de São Paulo - 26/4/2009

Depois de aprovarem contas, membros do conselho agora pedem explicações; federação diz que não precisa detalhar gastos e que balanço foi auditado
FÁTIMA FERNANDES - CLAUDIA ROLLI

Representantes de sindicatos ligados à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) aprovaram por unanimidade, no dia 13 de abril, as contas de 2008 da entidade, mas agora questionam o fato de gastos de R$ 20.219.553 aparecerem no balanço financeiro da instituição como "despesas diversas", sem detalhamento.

Os R$ 20 milhões representam 30% dos gastos da Fiesp em 2008, de R$ 71,7 milhões.

"Como membro do conselho de representantes da Fiesp, votei pela aprovação do balanço, mas não recebi notas explicativas com relação ao item de despesas diversas. Entendo que os balanços devam ser publicados pela entidade com as devidas e necessárias notas explicativas, observando o princípio da publicidade e da transparência", disse José Henrique Nunes Barreto, presidente do Sindifumo (Sindicato da Indústria do Fumo do Estado de São Paulo).

Procurada pela reportagem, a Fiesp afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a federação não é obrigada a divulgar seu balanço: "A Fiesp é uma entidade sindical de grau superior, de direito privado, cujo estatuto prevê a aprovação de balanços por seus afiliados. O balanço foi auditado internamente, teve parecer favorável de seu conselho fiscal e de auditoria externa e foi aprovado por unanimidade em assembleia geral ordinária e nada mais [a Fiesp] tem a informar".

A entidade afirmou ainda que empresários que queiram mais detalhes do balanço devem "indagar ao delegado que os representa junto ao conselho de representantes da Fiesp, que analisou, debateu e aprovou, livre e responsavelmente [as contas de 2008]."

Representantes de sindicatos que estiveram na assembleia disseram que o que mais motivou a aprovação do balanço foi o superávit no valor de R$ 20.492.058 em 2008 -a diferença entre uma receita de R$ 92.264.502 e uma despesa de R$ 71.772.449. A federação, segundo seu balanço, tem quase R$ 100 milhões em aplicações em bancos e dívidas da ordem de R$ 10 milhões.

"A federação tem situação financeira saudável", diz Ariovaldo dos Santos, professor titular de contabilidade da USP e pesquisador da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras). Mas, para Santos, como o item "despesas diversas" representa quase 30% da despesa total da Fiesp, "seria adequado divulgar o detalhe dessa despesa para que as contas se apresentassem de forma mais transparente". A maior parte da receita da Fiesp do ano passado veio do Sesi (valor de R$ 49.466.135) e do Senai (R$ 8.081.524). Os recursos do Sesi e do Senai são arrecadados de forma compulsória da folha de pagamento das indústrias.

O que chama a atenção de Santos é que a federação detalha despesas menores, como de expediente (R$ 3.412.171), administração (R$ 8.508.653) e encargos diversos (R$ 4.450.033).

A Fiesp, assim como qualquer outra empresa ou instituição que não tenha capital aberto, não é obrigada a publicar seus resultados financeiros.

Em um balanço financeiro, quando o valor das "despesas diversas" ultrapassa 10% do valor da receita, é praxe as empresas anexarem notas explicativas para detalhar os seus gastos, segundo Alberto Borges Matias, professor titular de finanças da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto). "Essa explicação é obrigatória para empresas de capital aberto, não para as fechadas. Mas quem quer ser transparente sempre anexa as notas explicativas com os seus balanços. De qualquer modo, o balanço da Fiesp demonstra baixo endividamento, boa liquidez e boa rentabilidade."

25 abril 2009

Rir é o melhor remédio

Este filme é fantástico. Coloquei o título de "A União faz a Força", mas poderia ser "Os Pinguins".