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02 junho 2013

Aumente sua produtividade

Barulho da rua, telefone tocando, colegas puxando papo. O profissional até quer trabalhar, mas não consegue! O problema é que, não importa o que aconteça, no fim do dia, uma lista de tarefas precisa estar cumprida. Mas como ser mais produtivo (e não passar do horário de trabalho todo dia)? A especialista em carreira e fundadora da consultoria Working Simply, Carson Tate, afirma que há algumas regrinhas a serem seguidas, que podem facilitar o trabalho e, de quebra, tornar o dia menos estressante. Em artigo publicado pela Forbes, ela dá algumas dicas:

Aprenda a interpretar o seu relógio biológico - Organize o seu dia de acordo com o seu ritmo. O ideal, segundo a consultora, é realizar as tarefas mais difíceis na hora em que se sente mais disposto. Para a maioria dos profissionais, isso acontece no período da manhã, mas, lembra Carson, cada um tem o seu tempo.

Saiba priorizar suas tarefas - De acordo com a especialista, priorizar tarefas requer muito esforço mental. Por isso, se possível, ela aconselha que o planejamento da semana seja feito no sábado ou no domingo, quando normalmente a pessoa está mais relaxada. Calcule o tempo necessário para cada tarefa e dê prioridade àquelas mais importantes.

Agrupe as tarefas similares - O cérebro aprende e executa tarefas mais difíceis ao organizá-las de forma similar. Sendo assim, Carson sugere que afazeres parecidos sejam agrupados para otimizar a produção.
Crie uma rotina - Como explicou no item anterior, a especialista lembra que o cérebro é ótimo em executar atividades padrão. Por isso, criar uma rotina no seu dia a dia vai torná-lo mais eficiente e produtivo.
Faça intervalos - Assim como na hora da ginástica, é preciso dar uma paradinha para respirar e alongar, após realizar tarefas complexas que requerem esforço mental. É crucial que se faça pequenos intervalos para o cérebro descansar, afirma Carson.

Faça a lista dos 5 minutos - Se você está cansado ou estressado e sem energia para cumprir grandes tarefas, crie uma lista com pequenos afazeres que levem cinco minutos ou menos para serem realizados.
Não faça tudo ao mesmo tempo - Evite fazer muita coisa ao mesmo tempo ou trocar rapidamente de uma tarefa para outra. Dessa maneira, nenhuma das atividades terá sua atenção completa e é possível até que você se esqueça de alguns detalhes, muitas vezes importantes.

Anote suas ideias - Anote todas as suas ideias para não perdê-las. Isso vale também para as tarefas a cumprir. Colocá-las no papel ajuda a pessoa a se organizar e realizá-las, aconselha Carson.
Tente tornar as tarefas rotineiras divertidas - Um dos maiores motivos de ficar adiando o que se tem a fazer é que as pessoas acham as tarefas chatas e não se motivam para realizá-las. O ideal, segundo a especialista, é tentar tornar a rotina mais divertida. Invista num ambiente agradável, talvez com um pouco de música.
Aproveite os momentos de ‘enrolação’ - Pode parecer estranho, mas, segundo Carson, a procrastinação não é a pior inimiga da produtividade. Ela manda um sinal importante: qual o motivo de ficar enrolando? qual tarefa vale mais a pena completar? Use essas informações para otimizar o trabalho e, assim, ser mais produtivo.


Fonte: http://oglobo.globo.com/emprego/dicas-para-profissional-se-tornar-mais-produtivo-8543692#ixzz2Ut3L6M8e

08 março 2013

Dicas para escritores

The writing life offers plenty of solitude. I love that on most days getting dressed for work means slipping on pajama pants and a sweatshirt. But sometimes I long for the company of other people. I want to put on real clothes and leave the house and talk about books and hear what other writers are thinking about. Oddly, I found my writing community when I started a writing group for young people in my city. The lessons they’ve taught me about writing and life fuel my work every day. Here’s just some of what I’ve learned from teaching and paying attention to young people:

1. Dedicate Space and Time to Writing.

In some ways, teaching writing to children is built on a single foundation: opening up time and space to write. For most of the young people I work with, their time is held captive by external stimulation: televisions, computers, cellphones, MP3 players, and more. If they don’t have these devices at home, they can easily find them at the library (where I teach).

[...]

My life changed for the better this year when once again I dedicated my morning time to writing. No more early morning Facebook sessions. No more talking with clients or checking email until noon. Instead, I write. I read. I research. I do what the children have taught me to do: open up space for writing.

2. Accept What Shows Up.

When I started Dream Keepers, my writing program for at-risk children in the city, I envisioned working with girls. And for the first two years I did. But then the program transitioned to the library—and boys started showing up, asking to write. (At first I thought it was the treats we served—and it may have been—but even now when we don’t have goodies, the boys keep coming.)

At one after-school library program, when it was raining so hard I thought no one would show up, nine boys bounced into the room, dripping wet and eager to write. At another event, a boy whom the teacher described as a slower learner, wrote an amazing poem with juicy words.

As a writer, it’s been the wildest ideas and assignments that have led to the most interesting projects. In 2004, I was asked to write a book with a friend in two weeks. We finished the project in nine days. A year later, that experience became the seed for my book on writing marathons, Write-A-Thon.

3. Honor Your Passion.
[...]

Like all writers, I will take on projects just for the paycheck. If the project does not connect in some way to my passion, I can struggle to get it done. Over the years, I’ve learned to be more selective about what I take on and found ways to better the projects that do not excite me. So writers: find a way to honor your passion in your writing. (Even if that means listening to music you love while you’re writing an article about the intricacies of tax policy.) - Por que ela usou escrever sobre política fiscal um exemplo de projetos que não são empolgantes? ఠ_ఠ

4. Prewriting.

At the beginning of every writing group meeting, before the students write poems or paragraphs, I invite them to make lists or mind maps. They jot down everything they know about the topic along with their ideas and memories. When I attended the Milwaukee Writing Project’s Summer Institute, several lessons focused on how prewriting can help students write with less fear. The students relax when they don’t have to worry about getting the right words in the right order. I do, too. Now, I start every one of my own morning writing sessions with mind mapping or some other prewriting tool.

5. The Golden Sentence.

When a group of us teachers work with students at the Milwaukee Art Museum, we end every session by having students choose and present their “Golden Sentence.” The Golden Sentence is a tool from Jim Vopat’s book, Micro Lessons in Writing.

A Golden Sentence is the most powerful sentence a student can find in his writing. On days when the students really struggle to come up with a product they like, the golden sentence reminds them they have the power to produce beautiful sentences.

There are days when I wonder why I am still doing this writing thing. Sometimes finding a golden sentence amidst the dregs helps me to move forward—or at least write again tomorrow.

About the Author: Rochelle Melander is an author, speaker, and certified professional coach. She is the author of ten books, including the National Novel Writing Month guide—Write-A-Thon: Write Your Book in 26 Days (and Live to Tell About It). She teaches professionals how to write good books fast, use writing to transform their lives, navigate the publishing world, and get published.

18 janeiro 2013

Unlock Your Papers

Por Raquel Recuero

Esse é um post longo, mas é uma reflexão que eu achei que valia a pena dividir com todos. :)
Um dos grandes desafios, para os acadêmicos, é a publicação de seu trabalho. Aqui no Brasil, praticamente toda a avaliação do desempenho dos pesquisadores é feita com base nisso. A CAPES, por exemplo, qualifica os periódicos em extratos que definem onde os pesquisadores devem publicar, num sistema chamado Qualis (A1, A2... B1, B2... e C, que é a pior classificação). Por algum motivo, essas categorias são baseadas numa proporção do total de periódicos de cada área (assim, por exemplo, apenas 25% dos periódicos de uma área X podem ser A, dos quais apenas 25% podem ser A1 e, uma vez atingida essa proporcionalidade mesmo que um novo periódico atinja as condições de A, só sobe se alguém descer). Essa avaliação é baseada em critérios particulares de cada área (assim, um MESMO periódico pode ser, por exemplo, A1 para uma área e C para outra), que nem sempre são iguais ou parecidos. Do mesmo modo, apenas periódicos onde os membros de Programas de Pós Graduação das áreas publicam são imediatamente avaliados pelo Qualis. Há também um Qualis para livros, o qual funciona de forma parecida. Ou seja, o sistema é péssimo e não faz qualquer sentido na minha visão. Minha opinião particular sobre esse tipo de avaliação sempre foi essa. Assim, por exemplo, pesquisadores como eu, que transitam em várias áreas, acabam sempre tendo uma avaliação ruim de suas publicações, porque nem todas estão "na área" (sim, se vc publicar fora da "área", sua publicação pode não ser avaliada). Do mesmo modo, se eu publicar em um periódico "não avaliado" na área (internacional, por exemplo), corro o risco do mesmo não ser avaliado (e a publicação não contar nada) ou ainda receber um "C" (o que piora a situação).

Além disso, há outro problema. Em muitas áreas, a maioria dos periódicos A são periódicos "fechados", ou seja, cujo conteúdo é fechado, só podemos acessá-los pagando (sério, às vezes é uma quantidade absurda de dinheiro, como 30 dólares por UM ARTIGO) ou via portal de periódicos (onde governo e universidades pagam para que os pesquisadores tenham acesso). Outras tantas vezes, esse artigo está preso numa revista impressa, de circulação limitada e que, uma vez terminada a edição, não circula mais. Eu, por exemplo, já cansei de bater de frente com um artigo muito interessante e relevante para o meu trabalho, mas publicado em uma base fechada que não se tinha acesso. Durante o doutorado, vasculhava a internet procurando por alguma pobre alma que tivesse publicado uma versão PDF de algum artigo publicado num periódico impresso que não existia em biblioteca alguma.

Tudo isso para dizer o seguinte: Eu penso que todos os acadêmicos têm um compromisso com a sociedade. Sim, porque essa sociedade direta ou indiretamente pagou pela sua formação e pela sua pesquisa. E nesse compromisso está implícito que o seu trabalho precisa circular, precisa estar disponível e as pessoas precisam ter acesso. E por isso, desde o tempo do meu mestrado, quando primeiro fiz esse blog, lá em 2001, comecei a disponibilizar tudo o que eu publicava. Na época, muitos colegas me diziam chocados que eu estaria "dando dicas" do meu trabalho no blog e que este perderia a originalidade, que eu teria meus artigos "roubados" se colocasse online, etc. etc. Em 2009, quando lancei o meu primeiro livro, consegui um acordo com a editora para disponibilizá-lo na íntegra online (valeu, Cubo.cc!). As mesmas críticas voltaram. Disseram que meu livro não ia vender na versão impressa (sério, se eu fizesse pesquisa para ficar rica, tava frita), que ia ser mal avaliado porque "ebook nao conta nada para a CAPES", etc. etc. Vejam, nem sempre eu consigo publicar tudo em versão aberta. Meu segundo livro, por exemplo, não rolou porque não consegui patrocínio. E nem sempre consigo publicar em periódicos versão aberta (embora, dentro do possível, eu procure disponibilizar alguma versão sem copyright do trabalho nesse site). Mas sempre foi um esforço da minha parte e uma política que eu procurei seguir.images.jpgNa sexta-feira, a Internet foi varrida pela notícia do suicídio do Aaron Swartz. O cara era um hacker e ativista, co-fundador do Reddit, um dos criadores do #STOPSOPA e que, dentre vários problemas, estava sendo processado pelo MIT, pelo JSTOR e pelo governo dos EUA por um crime incrível: Um belo dia, ele foi no MIT, hackeou a rede, baixou milhares de artigos cientiíficos que eram mantidos "fechados" no JSTOR e disponibilizou online (aliás, devo dizer que um dos artigos que eu mais precisei pra tese que eu mais me ralei pra encontrar estava no JSTOR e eu só consegui "pirata"). O julgamento criminal previa uma pena de até 35 anos de prisão pelo "crime". E por muitos amigos/conhecidos do Aaron, foi considerado um dos fatores motivadores para o seu suicídio, principalmente pela perseguição que ele sofreu do sistema jurídico americano. Independentemente do papel que o processo teve ou não no caso, ele é mais um fato para fazer com que os acadêmicos pensem (e repensem) suas políticas de publicação, e suas políticas de avaliação. Para mim, é em parte a motivação para escrever esse texto. O conhecimento e a pesquisa devem ser livres e nós, acadêmicos, precisamos começar a pressionar as revistas pela liberação do conteúdo online, fazer um esforço pela publicação do nosso material online e incentivar a circulação da produção de pesquisa.E um pequeno passo é colocar aquilo que produzimos disponível.  E procurar publicar em periódicos abertos, sejam eles A, B ou C e pressionar os nossos órgãos de avaliação para que periódicos abertos recebam uma avaliação positiva.
Nesse sentido, ontem alguns acadêmicos iniciaram uma campanha denominada #PDFTribute, em homenagem ao Aaron, solicitando aos demais que publicassem seu conteúdo online e disponibilizassem o link no Twitter. A lista de artigos que foi disponibilizada está aqui. :-) Então vamos lá gente, libertem seus papers! 

09 janeiro 2013

Negócio x Mercado


Pouco antes do fim do ano passado, a jornalista Claudia Safatle, no "Valor Econômico", relatou conversa com fonte na área econômica tratando, entre outras coisas, da percepção do governo acerca de suas relações com o setor privado.

O tema foi a mudança de orientação do governo Dilma Rousseff, que teria dado uma "guinada no estatismo" típico do Programa de Aceleração de Crescimento em prol de uma orientação mais empresarial.

Segundo a fonte: "A Dilma ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula acreditava que o Estado, com seus investimentos, faria o país crescer. A Dilma presidente da República entendeu que há limitações e que é preciso trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico".

Parece boa notícia, mas desconfio de que nem a fonte nem a presidente entenderam muito bem o que significa "trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico".

Para usar categorias empregadas pelo economista Luigi Zingales, o governo parece confundir uma política pró-negócio com uma orientação pró-mercado.A primeira consagra vencedores em setores eleitos a dedo, sem que saibamos ao certo os critérios de escolha.A segunda buscar criar condições para que empresas possam florescer em um ambiente competitivo, abstendo-se de eleger a priori os campeões nacionais.

Os resultados dessas abordagens não poderiam ser mais distintos, como expresso, por exemplo, no indispensável "Why Nations Fail" (Por que nações fracassam?), de Daron Acemoglu e James Robinson.

Como argumentado por esses economistas, políticas pró-negócio tipicamente levam a lucros de monopólio, beneficiando uns poucos setores à custa do resto da sociedade.
Com lucros garantidos (o chamado "capitalismo de compadres"), reduz-se o incentivo à atividade inovadora e assim o impulso ao crescimento de longo prazo, sustentável apenas pela expansão persistente da produtividade.

Políticas pró-mercado, em contraste, não se ocupam da eleição de vencedores, mas, sim, em forjar um ambiente econômico que facilite a proliferação de inovadores para que da quantidade surja a qualidade.

Tributos mais baixos (e, principalmente, mais simples), agilidade na criação (e destruição) de empresas, respeito aos direitos de propriedade são medidas, entre outras, que fazem parte desse ambiente, cujo sucesso é fartamente documentado na literatura econômica, inclusive no livro citado.

Não é preciso clarividência para perceber que a orientação governamental aproxima-se do primeiro caso, sem muito parentesco com o segundo grupo de políticas.
O governo crê que sua ação, seja por meio de políticas setoriais, seja pela manipulação da política tributária ou creditícia, criaria os "incentivos corretos" (segundo seus próprios e inescrutáveis critérios) para o investimento empresarial e é nesse sentido que acredita ter se aproximado do setor privado.

O viés intervencionista, porém, não se esgota nisso. Por coincidência (ou não), na mesma coluna, ao discorrer sobre o pacote de concessões (privatização permanece como palavra tabu no dicionário governista), faz-se menção explícita aos limites impostos sobre o retorno do capital investido nesses projetos.

Assim, ao mesmo tempo em que oferece lucros extraordinários a setores eleitos, o governo arbitra o retorno em outros segmentos e ainda se ofende quando os prejudicados reclamam.

Não é assim que uma economia capitalista prospera. Sob um regime como o que vigora no Brasil, há mais a ganhar tentando influenciar decisões de política do que na atividade empresarial propriamente dita. É de esperar, portanto, que empresas reajam racionalmente a isso, direcionando seus recursos para o lobby em vez de ao investimento produtivo e à inovação.

Num momento em que o esgotamento da mão de obra ociosa deixa claros os limites ao modelo de crescimento do país, investimento e produtividade são as saídas possíveis, mas, sob o regime pró-negócio, cada dia mais remotas.

Fonte: aqui

03 dezembro 2012

Por que cai o investimento?

Autor: Armando Castelar
Correio Braziliense - 28/11/2012

O pífio desempenho do PIB em 2012 reflete em parte o menor crescimento do consumo das famílias, que deve fechar o ano na faixa de 3%, contra 4% em 2011. Essa perda de dinamismo ocorreu a despeito da significativa alta na massa salarial real, de quase 6%, fruto de um mercado de trabalho cada vez mais apertado, sendo explicada provavelmente pela expansão mais lenta do crédito às famílias.
O principal destaque negativo do ano será, porém, a queda no investimento, que pode superar 3%, contra alta de 5% em 2011. Essa queda é tão mais notável quando se leva em conta os inúmeros benefícios que o governo vem dando às empresas que se dispõem a investir: depreciação acelerada, empréstimos do BNDES com juros reais negativos, isenções tributárias, proteção tarifária, além, claro, da redução de 5,25 pontos percentuais na Selic. O que explica o investimento cair dessa forma?
Não há uma única explicação, mas um conjunto de fatores. Primeiro, o agravamento do quadro econômico internacional, com o aprofundamento da crise europeia e suas repercussões sobre os EUA e a China. Em particular, os exportadores de commodities sofrem com a redução da demanda por seus produtos e quedas nos seus preços e é natural que adiem projetos de expansão da capacidade de produção.
Não obstante, a crise está longe de explicar tudo ou possivelmente a maior parte dessa retração. Basta ver que outros países latino-americanos, em geral ainda mais dependentes da exportação de commodities que o Brasil, estão investindo mais este ano do que em 2011: Chile, mais 9%; Peru, mais 5%; Colômbia, mais 3%; por exemplo.
Segundo, a indústria segue com desempenho bastante fraco, devendo apresentar contração na sua produção de 2,3% este ano. Com capacidade ociosa relativamente alta, faz pouco sentido para as empresas industriais investirem, especialmente com o encarecimento dos bens de capital importados, a partir da desvalorização do real. Além disso, com a alta dos salários e a queda da produtividade, o custo unitário do trabalho aumentou acima da inflação, comprimindo as margens do setor e reduzindo o retorno a ser obtido de novos investimentos.
Terceiro, o setor de construção residencial deu uma parada de arrumação, por conta da alta pronunciada nos custos, em especial de mão de obra, que reduziram as margens.[...]

Quarto, problemas de gestão e o combate à corrupção fizeram com que o volume de investimento público fique bem aquém do que poderia ser se todos os recursos disponíveis fossem utilizados. Recentemente, o ministro dos Transportes anunciou, por exemplo, que o investimento da pasta deve cair este ano cerca de 14% em termos reais.
Quinto, o uso das estatais como instrumento de combate à inflação está comprimindo suas margens de lucro e, consequentemente, sua capacidade de investimento. A Petrobras é o melhor exemplo, mas as Companhias Docas também sofrem com tarifas defasadas; e com a queda das taxas de eletricidade, a Eletrobras igualmente deve ter sua capacidade de investimento comprometida.
Sexto, aumentou a incerteza regulatória na economia, a partir de um número grande de medidas pontuais e temporárias de estímulos, proteção, isenções tributárias etc. Além disso, o governo está promovendo mudanças significativas na regulação da infraestrutura, o que também reduz o ímpeto investidor das empresas. Não surpreende, assim, que a taxa de investimento no setor este ano deva ficar abaixo de 2% do PIB pela primeira vez em mais de década e meia.
Não é claro que esse quadro vá mudar significativamente em 2013. O cenário externo tende a permanecer desfavorável; os problemas de gestão no setor público não devem se resolver com rapidez e o impacto das mudanças regulatórias ainda deve se fazer sentir ano que vem.
A possibilidade de recuperação fica centrada, portanto, na retomada da produção industrial, que poderia estimular a expansão de capacidade; no crescimento da construção residencial, a partir do equacionamento de custos e margens; e no avanço do programa de privatização de rodovias e ferrovias, que vem associado a compromissos de investimento.
Parece pouco, especialmente dada a meta de elevar a taxa de investimento dos 18,5% projetados para 2012 para o patamar de 23%, como deseja o governo. Para atingir essa meta será imprescindível melhorar o clima de investimento e corrigir as distorções que hoje limitam as inversões do governo e suas empresas.

31 outubro 2012

Construção Civil


A Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que, embora o desaquecimento persista, houve leve melhora do desempenho do setor em setembro. Chama a atenção o esforço das construtoras para elevar a produtividade, pois nem lucros nem faturamento são tidos como satisfatórios.
Este é o terceiro semestre consecutivo de atividade fraca, mas o futuro é visto com algum otimismo - as pequenas e médias empresas alimentam expectativas favoráveis quanto ao nível de atividade, mas as grandes estão menos confiantes.
O uso da capacidade, por exemplo, é de 72% nas pequenas empresas, 70% nas médias e de apenas 64% nas grandes. Algumas companhias, em dificuldades para fechar as contas, foram capitalizadas. Em geral os sócios dispõem de recursos para isso.
Assim, a situação financeira foi avaliada como adequada, melhorando em relação ao trimestre abril-junho. Mas a retomada depende de melhoria da gestão, o que se nota no caso de algumas incorporadoras, que, apesar do cenário adverso, continuam muito lucrativas.
O crescimento esperado virá, notadamente, da construção de edifícios e obras de infraestrutura. Entre janeiro e setembro, a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou aumento de 36,4% do montante financiado, em relação ao mesmo período de 2011. Nos últimos 12 meses, os bancos que captam recursos via cadernetas de poupança emprestaram R$ 79,7 bilhões para 458,8 mil unidades. O Conselho do FGTS acaba de liberar recursos para reformas de casa. Se as construtoras julgam difícil o acesso ao crédito, é provável que isso se deva às obras de infraestrutura.
Numa perspectiva de longo prazo, o setor da construção vive uma fase de ajustes, caracterizada pela acomodação dos negócios num patamar ainda bastante elevado. Passada a euforia, é hora de um controle cada vez mais rígido dos custos e do aumento da produtividade. Indiretamente, isso já se nota no emprego: entre dezembro de 2011 e abril de 2012, segundo o Sinduscon-SP, foram abertas 42,2 mil vagas na construção, mas, desde maio, a evolução foi muito lenta. Entre agosto e setembro, foram cortados 1,2 mil postos. Em âmbito nacional, os dados da CNI confirmam os do Sinduscon.
As grandes empresas pretendem cortar mais pessoal, em busca de produtividade. Mas, para que a fase de transição seja superada, o setor depende da capacidade das famílias de aceitar os preços pedidos pelos imóveis e de os governos conseguirem investir mais em novas obras.

03 setembro 2012

Produtividade do capital financeiro

No limiar de novo ciclo
Autor: Thomás Tosta de Sá
Valor Econômico - 22/08/2012


A crise econômica mundial, que se agravou a partir da crise financeira de 2008, está afetando a economia brasileira com uma intensidade maior do que se imaginava inicialmente.

A resposta do governo brasileiro adotando medidas de estímulo ao consumo com o aumento do crédito e redução de impostos, com o aumento dos gastos do governo e financiamento de longo prazo das empresas, com aportes do Tesouro para capitalização do BNDES, surtiu um efeito positivo de curto prazo fazendo com que a economia brasileira apresentasse em 2010, ano de eleições presidenciais, seu mais elevado crescimento do PIB, 7,5%, nos últimos 20 anos. O modelo se esgotou e novos rumos deverão ser traçados para corrigir o ritmo de crescimento do PIB de 2,7% em 2011 e provavelmente menos de 2% em 2012.

O crescimento econômico das nações só é sustentável com o aumento da produtividade dos fatores de produção. O capital intelectual só aumenta sua produtividade por meio da educação aplicada à inovação. O capital financeiro, com a alocação eficiente da poupança por meio do mercado de capitais e os recursos naturais com seu uso inteligente, em benefício do ser humano.

Se durante o século passado o crescimento da economia mundial foi liderado pelas economias desenvolvidas, acredita-se que nas próximas décadas o crescimento será impulsionado pelos países emergentes.

Para que o Brasil tenha um papel relevante nesse processo, será necessário rever seu modelo calcado em consumo e gastos de governo. Investimentos sociais terão que substituir gastos sociais como prioridade da política governamental. Hoje, a carga tributária de quase 40% do PIB é usada para financiar gastos correntes dos quais os benefícios previdenciários representam quase 12% do PIB.

(...)Na área de investimentos em infraestrura, o anúncio de uma nova política de concessões que abrangerá todos os setores anteriormente mencionados transferindo para o setor privado a gestão e, principalmente, a captação de recursos, é um renovado programa de parceria público privada. Nesse cenário o mercado de capitais pode voltar a desempenhar o papel de maior financiador de longo prazo das empresas brasileiras.

Em 2007 tivemos 67 IPO"s e o valor de mercado das empresas cotadas em bolsa atingiu 97% do PIB e o mercado de capitais contribuiu com cerca de R$ 115 bilhões para o financiamento dessas empresas. O BNDES, historicamente o maior financiador de longo prazo no Brasil, aplicou nesse ano cerca de R$ 66 bilhões.

Desde 2008 modificou-se esse quadro, com o BNDES, à falta de outra alternativa, assumindo novamente o papel de grande financiador das empresas com todas as desvantagens decorrentes. O resultado é que tivemos apenas quatro, seis e 11 IPO"s respectivamente em 2008, 2009 e 2010. O mercado de capitais brasileiro, um dos mais bem regulados do mundo, deve seu sucesso a um trabalho permanente de educação de seus agentes e de fatores específicos que marcaram seus dois últimos ciclos desde 1991:

1991/1997 - uma legislação flexível para entrada dos investidores estrangeiros e o sucesso do Plano Real que resultou no controle da inflação. Nesse período o IBovespa teve uma valorização de quase 3 mil % em dólares;

2002/2008 - lançamento do Novo Mercado, eliminação da CPMF nas negociações em bolsa, mudança da lei das S.A."s restabelecendo direitos de acionistas minoritários e o lançamento do Plano Diretor do Mercado de Capitais pelas entidades do mercado e implementado durante o governo Lula. O índice Bovespa valorizou-se de 8.300 pontos em outubro de 2002 para 73.500 pontos até a crise de 2008.

O novo ciclo do mercado de capitais, que imaginamos estar se aproximando, terá como fatores determinantes a redução da taxa de juros e uma nova Estratégia Nacional de Acesso ao Mercado de Capitais que encontra-se em construção para ampliar de forma significativa o número de investidores, intermediários e empresas no mercado.

Com pouco mais de 550.000 investidores individuais e de 400 empresas listadas em bolsa o conjunto de investidores institucionais aplica apenas 17% de seus recursos em ações e 7% em títulos de dívida das empresas sendo que títulos públicos e papéis bancários absorvem 41% e cerca de 30% desses recursos respectivamente.

O aumento de produtividade do capital financeiro resultante do crescimento do seu mercado de capitais poderá ser o principal responsável pela retomada gradual de novos níveis de seu desenvolvimento econômico e social.


Thomás Tosta de Sá é presidente executivo do Ibmec-Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais e ex-presidente da CVM

02 setembro 2012

Produtividade para todos


Produtividade para todos
Autor: Raul Velloso, César Mattos, Marcos Mendes, Paulo Freitas
Valor Econômico - 21/05/2012

O governo tem buscado proteger a indústria. São isenções tributárias seletivas, barreiras à concorrência de importados, permissão legal para se pagar mais por produtos nacionais em licitações públicas, exigências de alto coeficiente de insumos nacionais em grandes empreendimentos, como o pré-sal e a telefonia móvel 4G, além de crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao adotar essas políticas o governo está dizendo que vale a pena pagar mais caro por produtos nacionais de pior qualidade para preservar a indústria nacional. Os maiores beneficiários dessa política são parcelas específicas da população: empregados, proprietários e acionistas das empresas protegidas, sob a forma de salários e lucros mais altos. Temos, assim, claramente, benefícios privados e custos socializados.

Quando analisamos a política do governo federal em relação às concessões de infraestrutura o discurso governamental muda completamente. O argumento passa a ser o de que é preciso oferecer estradas, portos, aeroportos e ferrovias ao menor custo possível para toda a população. Nesses casos, não se está disposto a aceitar que a sociedade "pague mais caro", para ter expansão rápida e de qualidade na infraestrutura.

Vimos isso no caso das concessões rodoviárias de 2007, em que as regras de leilão geraram pedágios baratíssimos. O fenômeno se repetiu no leilão dos aeroportos ao final de 2011 quando, em nome de estimular o máximo possível de concorrência, o governo fixou normas muito brandas de qualificação técnica, o que resultou em forte concorrência e altos ágios pagos pelos vencedores.

A princípio, esses seriam resultados fantásticos. Os usuários seriam contemplados com pedágios rodoviários baratos e com maiores investimentos do governo nos aeroportos que continuam sob controle estatal, cujo financiamento se daria com o dinheiro dos ágios dos leilões dos aeroportos mais rentáveis.

Na prática, contudo, nas estradas de pedágio barato os investimentos realizados após cinco anos de concessão estão muito aquém do que fora inicialmente previsto, resultando em estradas ruins e acidentes em alta. As tarifas, que deveriam subir de acordo com a variação do IPCA, sofreram reajustes bem acima da inflação.

Nos leilões de aeroportos, os vencedores foram operadores aeroportuários sem experiência na gestão de grandes aeroportos e empresas com histórico não muito recomendável em outras concessões similares. Isso permite antever problemas futuros. O que teria dado errado?

A questão é que a regulação de serviços públicos concedidos enfrenta um conhecido dilema entre: 1) estimular o empenho do concessionário, permitindo-lhe internalizar parte dos ganhos decorrentes de seus esforços, ou 2) oferecer serviços a baixos custos aos usuários finais, por meio de tarifas baratas ou extração de renda dos concessionários via ágio.

A opção pela primeira hipótese é fácil de justificar. Se os potenciais concessionários se deparam com regras que remuneram adequadamente tanto a qualidade do serviço prestado como a ampliação da infraestrutura e os esforços de redução de custos, eles terão incentivos para serem mais produtivos e cumprirem as metas de investimento e qualidade. Se as regras da concessão não premiarem o esforço, o governo, que não tem como medir o grau de empenho empreendido pelos concessionários, pouco pode fazer, e os concessionários tendem a se tornar mais relaxados.

Ao optar por pedágios baratos (nas rodovias) e por altos ágios (nos aeroportos), o governo sinalizou que não estava disposto a remunerar adequadamente os investimentos na ampliação dos serviços, ou a busca de qualidade e produtividade pelo concessionário.

Esse tipo de sinalização costuma atrair consórcios que já entram no leilão pensando em renegociar os termos do contrato após vencê-lo. Oferecem lances muito competitivos, ganham o certame e, depois, começam a atrasar os investimentos programados, a reduzir a qualidade do serviço e a pedir reajustes tarifários acima da inflação.

O governo pode, a princípio, simplesmente cancelar o contrato e fazer outra licitação, buscando um melhor concessionário. Mas isso tem alto custo. Há um longo processo de preparação da nova licitação, demandas judiciais da empresa destituída por reparação de custos, e prejuízo eleitoral para o governante pela descontinuidade ou má qualidade do serviço prestado. Acaba sendo melhor para o governante - e não necessariamente para a população - renegociar os contratos e ceder às vantagens solicitadas pelo concessionário. O pedágio barato ou o ágio elevado acabam virando serviços de má qualidade, preços crescentes e insuficiente ampliação dos serviços.

Nossa infraestrutura é precária. Necessitamos urgentemente de gerar ganhos de produtividade, para acelerar o crescimento da economia, e o setor de infraestrutura é vital nesse esforço. Nossas agências reguladoras não são suficientemente independentes para impor a ferro e fogo o cumprimento dos contratos. Nosso judiciário não tem tradição de zelar pelo cumprimento de contratos.

Por isso, torna-se inevitável aceitar que os concessionários tenham uma margem de lucro maior. Forçar a mão em favor de tarifas mais baixas ou da geração de ágios para financiar outros investimentos públicos tende a afastar os concorrentes que se recusam a trabalhar com a hipótese de colocar a "faca no pescoço" do governo após o leilão, exigindo renegociações. Aqueles que aparentemente aceitam as regras do jogo o fazem por acreditar que terão cacife político para renegociar o contrato a posteriori e mudar as regras a seu favor.

Ao contrário da política de proteção da indústria nacional, em que os custos são socializados e os benefícios apropriados por poucos, no caso da concessão de infraestrutura vale a pena pagar mais caro. Ou melhor: é imperioso pagar mais caro, porque uma boa infraestrutura beneficiará a todos, mediante fortes externalidades, que aumentarão a produtividade de toda a economia, expandindo a renda e o crescimento. Entre os beneficiários da boa infraestrutura se inclui a própria indústria nacional, que ganhará competitividade de forma sustentável e não apenas artificial.

Autores: Raul Velloso é Ph.D. em economia e consultor econômico.
César Mattos, Marcos Mendes e Paulo Freitas são consultores legislativos e doutores em economia.

15 julho 2012

Produtividade Agrícola

A produtividade da agricultura brasileira cresceu o dobro da média mundial na ultima década, ou cerca de 4% ao ano, segundo levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que ilustra a potência do setor no país. O rendimento de culturas como milho, arroz e trigo aumentou bem mais do que em países produtores tradicionais, como Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia.

Conforme a OCDE, o aumento da produtividade na agricultura tem convergido entre as principais regiões do mundo para cerca de 2% ao ano depois da Segunda Guerra mundial. No entanto, alguns grandes países como Brasil, China, Indonésia, Rússia e Ucrânia conseguiram taxas muito mais altas, entre 3% e 5% ao ano. O crescimento da produtividade brasileira passou de 0,9% ao ano, em média, entre 1961 e 1970, para 4,04% entre 2001 e 2009. Rússia e Ucrânia, que saíram de níveis baixíssimos, conseguiram altas de 4,29% e 5,35% ao ano, respectivamente, na última década.

No caso dos EUA, um dos maiores produtores mundiais, o ganho médio de produtividade aumentou de 1,21% para 2,26% ao ano na última década. Mas houve um declínio em vários membros da ODCE, como Austrália, Canadá, Coreia do Sul e México. Isso se explicaria pelas mudanças no clima e nas políticas agrícolas, aumento das exigências ambientais e falta de investimento em inovações. A Austrália, por exemplo, diminuiu gastos com pesquisas e desenvolvimento.

A produtividade do trabalho agrícola cresceu mais rapidamente do que a da terra em vários países da OCDE. Já na América Latina e na China, o crescimento foi forte em ambos os casos, com cerca de 4,5% ao ano na China entre 1990 e 2005, e 3% na América Latina. Os índices contrastam com o restante da Ásia e da Africa, que tiveram expansão de apenas 1% ao ano.
O rendimento das principais culturas dobrou ou triplicou no mundo entre 1961 e 2010. A produção por hectare continua aumentando, mas ela não se reflete em alguns cereais que, por sinal, tiveram médias mais baixas nas duas últimas décadas do que as registradas no pós-guerra. Desde 1980, o crescimento no rendimento do trigo e do milho recuou de 2,4% para 1%. O milho subiu ligeiramente para 2% ao ano, mas a soja caiu de 1,6% em 1970 para menos de 1% na década passada no mundo.

Em relação ao Brasil, a produção por hectare de arroz cresceu 3,7% ao ano entre 2000 e 2010. Na Rússia, a alta de 4,8%, nos EUA de 1,2% e no Japão e no México, de apenas 0,3%, no mesmo período. A produtividade do milho cresceu 3,3% ao ano no Brasil, pouco se comparado aos 6% da África do Sul, mas superior aos aumentos dos EUA (1,6%) e do México (2,7%). O trigo registrou aumento na produtividade de 3,2% por ano no Brasil, quase o dobro em relação à década anterior, e acima de Canadá (2,1%), EUA (1,8%) e Rússia (2,5%).

Nas últimas décadas, o uso de terra em agricultura cresceu nas nações em desenvolvimento, mas diminuiu nos países ricos; globalmente, a agricultura representa 70% do uso de água fresca. Nos países da OCDE, a taxa cai para 45%.

27 junho 2012

Cortina de Burrice


Eis um trecho do texto " A má educação isola o país", mais conhecido como Cortina de Burrice, de autoria do economista Cláudio de Moura e Castro:


Revolução Russa propôs-se a criar o "paraíso socialista", cujo cardápio foi parido por intelectuais europeus. Na teoria, todos tinham direito a habitação, emprego, comida, escola e ópera. Mas a dieta era parca e o povão queria consumir mais. Daí a necessidade do que Churchill chamou de Cortina de Ferro, para não deixar que os russos bisbilhotassem o que consumia o mundo capitalista decadente. Para os xeretas, punições ferozes. Mas os seus líderes cometeram um erro, criaram também um estupendo sistema educativo para todos. Foi uma besteira, pois não houve maneiras de impedir um povo educado de ver o que acontecia do lado de fora. O resultado foi a estrepitosa queda do Muro de Berlim.


Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos. A garantia de isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo. Os que se aventuram ao exterior vão à Disneylândia, um mero parque de diversões, ou a Miami, uma sucursal do Brasil.


A garantia de nosso isolamento do resto do mundo está na educação de péssima qualidade. Há pouco, em uma universidade de elite, pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto das mãos do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação! Na Europa, a mesma pergunta levantaria todas as mãos. Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo, Na Islândia, são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo que não sabia inglês!


Nossas universidades estão fora das listas das melhores, resultado da Cortina de Bilinguitice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas europeias, muitos cursos são oferecidos em inglês. Conheci um sueco que fez seu doutorado em Estocolmo, há quatro décadas. Quando entregou o primeiro trabalho, no seu idioma, foi interpelado pelo professor: "O senhor não terá futuro acadêmico, se continuar a escrever nesta língua!". Visitei a fábrica Seiko (japonesa) na China. A língua oficial era o inglês. O mesmo em Toulouse, na fábrica do Airbus.(...)


O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:


O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.(...)

30 maio 2012

Expansão do crédito



Expandir o crédito a 15% neste ano é fácil: basta o governo oferecer financiamentos subsidiados por meio dos bancos públicos, segundo o professor Márcio Garcia, do Departamento de Economia da PUC-Rio. O problema, frisa, é que os benefícios da estratégia podem ser pequenos diante dos custos.


É possível haver expansão de crédito a 15% neste ano?

Crédito é uma coisa fácil de dar, sobretudo se for subsidiado. Dinheiro barato todo mundo quer. Não vejo dificuldade de aumentar os desembolsos. Agora, o que se vai obter é outra questão. Os benefícios são muito pequenos. Os financiamentos do BNDES não aumentam o investimento agregado na economia e, do lado do consumidor, parece que as famílias já estão endividadas. Segundo os dados do Banco Central, o comprometimento médio da renda está em 22% ao mês, um nível já bastante elevado.

O efeito das medidas pode ser pequeno?

Pode não dar resultado para aumentar o consumo. E, se der, esse aumento pode não ser bom. No momento, pode-se resolver o problema de esvaziar os pátios das montadoras mas, em 2013, pode representar uma queda muito maior (nas vendas) por causa da inadimplência. A inadimplência (no crédito para veículos) era 2,49% em 2010 e agora está em 5,33%, segundo os dados do BC. É de preocupar.

A troca por dívidas com juros menores pode aliviar a inadimplência?

Isso é muito importante nos EUA, para imóveis. No Brasil, para trocar a dívida de um banco para outro, os custos de cartório são muito elevados. O governo estaria tomando iniciativas para reduzir esse custo, o que é benéfico. Vai incentivar a competição bancária.

Por que a ampliação do crédito não eleva investimentos?

Porque os entraves à produção no Brasil são muito grandes e se refletem na baixa produtividade e no elevado custo unitário do trabalho. O empresário olha e decide não investir, pois, apesar do dinheiro barato para o capital, no fim das contas, quando for produzir, pelo custo unitário, ele não consegue competir. E quando ele investe, muitas vezes, já tem os recursos. Então o empresário pega o dinheiro do BNDES, que é barato, e usa os recursos próprios para alguma aplicação financeira. Ou seja, o empresário não investe mais do que investiria. Só o dinheiro subsidiado não resolve o problema. A demanda da economia brasileira está fraca. Se aumentar a quantidade de crédito, ajuda, mas não resolve o problema. É como fazer uma transfusão de sangue num paciente que tem um problema maior.

01 abril 2012

Cafeína = trabalhador folgado ?


O que separa um bom trabalhador de alguém que faz apenas o mínimo necessário?

Uma nova pesquisa sugere que ambos possuemm diferentes formas de lidar com tarefas: os trabalhadores esforçados pensam mais na recompensa final, enquanto os “folgados” parecem focar mais o esforço necessário.

Todavia, o trabalho, que também foi conduzido com ratos, apresentou uma guinada: estimulantes - como anfetaminas - aparentam alterar essas abordagens. Segundo Jay Hosking, pos graduando da University of British Columbia, os trabalhadores estão escolhendo menos processos complicados. Os folgados, ao contrário, optam pelos mais diíceis.

Tem mais! A cafeína também transforma os trabalhadores esforçados em preguiçosos, mas não transforma ratos preguiçosos em superestrelas produtivas.

Hosking e colegas treinaram e testaram a motivação de 20 ratos. “Assim como humanos, entre os ratos existem os super preguiçosos e os super trabalhadores, em matéria de atividades”, afirma Hosking.

Quando os ratos receberam estimulantes, como a cafeína, a situação se inverteu. Os trabalhadores viraram “vagabundos”. E ainda, com a cafeína, os ratos folgados não trabalharam muito mais.

Staying stimulated

The results may explain why amphetamine-based stimulants such as Adderall can help calm someone who has attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). Perhaps the drug works to turn those distracted people into focused workers.

Adderall has lots of "off-label" uses, too, Hosking noted. Everyone from overworked college students to long-haul truck drivers may take amphetamines.

"One treatment doesn't fit all individuals," Hosking said.

"In truck drivers, amphetamine is a common stimulant which helps keep drivers alert … but a quarter of truck accidents are related to that amphetamine use as well," he said. "Some people might do really well on the amphetamines, and some might be taking it and thinking it's helping and actually harming themselves."


Fonte: Aqui

24 outubro 2011

Produtividade: entre 151 países, Brasil está em 130º

O trabalho no Brasil não se tornou mais produtivo ao longo dos últimos 30 anos. A produtividade do trabalho, fator fundamental do crescimento econômico sustentado, caiu entre 1980 e 2008. De lá para cá, o indicador recuou na crise global, depois se recuperou rapidamente, mas parou de crescer a partir do segundo semestre de 2010.

"O Brasil é um país no qual, não importa como se meça a produtividade, nada parece acontecer", diz José Alexandre Scheinkman, economista brasileiro da Universidade Princeton.

Em 1980, um trabalhador brasileiro produzia em média o equivalente a US$ 21 mil por ano. Em 2008, esse número havia caído para US$ 17,8 mil. Houve, portanto, queda de 15% no período. Esses dados fazem parte da Penn World Table, banco de dados do Centro para Comparações Internacionais de Produção, Renda e Preços da Universidade da Pensilvânia, com indicadores econômicos de 189 países e territórios.

Os números vão até 2008 para a maioria dos países, inclusive para o Brasil. Os valores da Penn World Table sobre a produtividade do trabalho são todos convertidos para dólares de 2005, com paridade de poder de compra (PPP). Isso significa que a diferença de custo de vida entre os diferentes países é eliminada.

Entre os 150 países da Penn World Table com dados completos de produtividade do trabalho entre 1980 e 2008, o Brasil está em 130.º em termos de desempenho neste período.

O Brasil só ganha de 21 países, sendo 11 da África, incluindo Costa do Marfim, Malawi, Somália, Camarões, Togo e Zimbábue. Todos os outros países africanos tiveram desempenho melhor do que o Brasil.

Na América Latina, a evolução da produtividade do trabalho brasileira nas últimas três décadas só não é pior do que a apresentada por Paraguai, Venezuela, Nicarágua e Haiti.

Comparado a outras grandes economias emergentes, ou a países sul-americanos como Argentina e Chile, o Brasil tem o pior desempenho na produtividade do trabalho entre 1980 e 2008.

A Argentina saiu de US$ 21,2 mil para US$ 24,8 mil (alta de 17%).
O Chile, de US$ 15,1 mil para US$ 27,5 mil (82%).
A China, de US$ 1,2 mil para US$ 10,9 mil (778%).
A Índia, de US$ 2,8 mil para US$ 7,8 mil (181%).
E a Coreia, finalmente, de US$ 14 mil para US$ 50 mil (256%).

Scheinkman nota ainda que, como proporção da produtividade do trabalho dos Estados Unidos, o desempenho brasileiro nas últimas décadas também é muito ruim. "Os Estados Unidos são a fronteira, e o Brasil não está se aproximando", ele diz.

(...)

Para Scheinkman, a má performance brasileira deve-se a deficiências de educação e infraestrutura, à integração ainda baixa com a economia global, à baixa absorção de tecnologia, à falta de inovação em muitos setores e às dificuldades burocráticas para formalizar ou aumentar o tamanho das empresas.

Ele nota que programas como o Simples, que aliviam a tributação para as pequenas empresas, ajudam na formalização mas se tornam um desincentivo ao crescimento. "As empresas não ganham a escala necessária para se tornarem mais produtivas, trocando-se um problema pelo outro."

Scheinkman ressalva, porém, que a agricultura é um setor em que a produtividade teve grandes avanços no Brasil. "As pessoas reclamam da agricultura, mas não percebem que ela vai muito melhor que os outros setores em termos de produtividade", ele diz.

O economista Samuel Pessôa, da consultoria Tendências, acha que uma série de fatores interrompeu o bom desempenho da produtividade do trabalho no Brasil a partir do início da década de 80.

Um dos mais básicos foi a evolução da tecnologia a partir de meados dos anos 70, que começou a exigir trabalhadores com melhor qualidade educacional.

"Aquele milagre brasileiro no pós-guerra, em um país de baixíssima escolaridade, sem nenhum investimento em educação, se dissipou, porque a tecnologia mudou na direção de requerer capital humano, que era exatamente o que não tínhamos e ainda não temos", diz Pessôa.


Fonte: Estadão

12 outubro 2011

Produtividade do trabalhador brasileiro

Por Pedro Correia


The Conference Board Total Economy Database™,(TED) é um completo banco de dados com dados anuais que cobrem PIB, população, emprego, horas de trabalho de qualidade, serviços, capital, produtividade do trabalho e produtividade total dos fatores por cerca de 123 países no mundo.

O relatório sobre a produtividade dos trabalhadores em diversos países mostra que o Brasil está em 68º lugar. O ranking foi calculado pela divisão do PIB do país por sua força de trabalho.O estudo demonstra que em 2010 o trabalhador médio brasileiro produziu 1/5 da riqueza de um trabalhador americano, 1 /3 de um sul-coreano e 1/2 de um argentino. Comparado com os outros BRICs, entre 2005 e 2010, a produtividade do trabalhador brasileiro aumentou em 2,1% ao ano, menos do que na China (9,8%), Índia (5,8%) e Rússia (3,2%).


Além disso, dados do US Bureau of Labor Statistics mostram que entre 2002 e 2008 os salários dos trabalhadores industriais brasileiros cresceu 174%, na China o salário do mesmo grupo cresceu 133%. Economistas afirmam que isso ajuda a explicar a perda de competitividade dos trabalhadores brasileiros e o aumento da inflação no Brasil. Quando os salários aumentam mais rapidamente do que a produtividade, os preços de bens e serviços se elevam.

O professor do Insper,Naercio Menezes, aponta o baixo nível de educação e inovação das empresas como fatores críticos da baixa produtividade dos trabalhadores. Ademais, o professor de economia da Universidade Brasília,Jorge Arbache, afirma que: "Metade da população chinesa ainda vive em áreas rurais, onde a produtividade é baixa. A produtividade do trabalhador industrial chinês é superior à brasileira, porque a indústria chinesa migrou de setores de baixa produtividade (como os têxteis) aos mais sofisticados produtos industriais, como automóveis e chips de computador " .

Mais informações aqui.

26 maio 2010

Custo da Produtividade

A empresa Google, ao comemorar o 30o. aniversário do Pac-Man, colocou o jogo na sua página. Muitas pessoas rememoraram (ou conheceram) o jogo viciante. Uma estimativa feita nos Estados Unidos mostrou uma perda econômica de 120,4 milhões de dólares em razão da redução da produtividade.

No El Blog Salmon os seguintes comentários pertinentes sobre esta medida:

=> Parte da premissão que todos os usuários são produtivos no tempo que estão jogando o Pac-Man

=> Nem todos os trabalhadores possuem a mesma qualificação ou o mesmo custo por hora

Adicionaria um outro aspecto: em muitos trabalhos, uma pequena pausa, com uma distração, pode ser relevante para a produtividade. Isto ocorre principalmente nos trabalhos intelectuais. Assim, em lugar de prejudicar, o Pac-Man pode ter ajudado a aumentar a produtividade.

De qualquer forma, este é um exemplo interessante de como a questão da mensuração pode ser muito mais complexa do que parece.

30 abril 2010

Por que carro, não caixa?

Um experimento mostrou que a produtividade dos trabalhadores é afetada pelo prêmio recebido: caixa x não caixa. Um prêmio não monetário (casa, televisão etc) possui efeito positivo sobre a produtividade. Mas o mesmo prêmio em caixa é pouco efetivo. Uma possível razão está no efeito propriedade (endowment effect): um trabalhador que recebe mil reais sob a forma de uma televisão, ele ganhou uma televisão somente para ele. Se ele recebe em dinheiro, provavelmente terá "dividir" o prêmio com a família e amigos.