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15 julho 2012

Produtividade Agrícola

A produtividade da agricultura brasileira cresceu o dobro da média mundial na ultima década, ou cerca de 4% ao ano, segundo levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que ilustra a potência do setor no país. O rendimento de culturas como milho, arroz e trigo aumentou bem mais do que em países produtores tradicionais, como Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia.

Conforme a OCDE, o aumento da produtividade na agricultura tem convergido entre as principais regiões do mundo para cerca de 2% ao ano depois da Segunda Guerra mundial. No entanto, alguns grandes países como Brasil, China, Indonésia, Rússia e Ucrânia conseguiram taxas muito mais altas, entre 3% e 5% ao ano. O crescimento da produtividade brasileira passou de 0,9% ao ano, em média, entre 1961 e 1970, para 4,04% entre 2001 e 2009. Rússia e Ucrânia, que saíram de níveis baixíssimos, conseguiram altas de 4,29% e 5,35% ao ano, respectivamente, na última década.

No caso dos EUA, um dos maiores produtores mundiais, o ganho médio de produtividade aumentou de 1,21% para 2,26% ao ano na última década. Mas houve um declínio em vários membros da ODCE, como Austrália, Canadá, Coreia do Sul e México. Isso se explicaria pelas mudanças no clima e nas políticas agrícolas, aumento das exigências ambientais e falta de investimento em inovações. A Austrália, por exemplo, diminuiu gastos com pesquisas e desenvolvimento.

A produtividade do trabalho agrícola cresceu mais rapidamente do que a da terra em vários países da OCDE. Já na América Latina e na China, o crescimento foi forte em ambos os casos, com cerca de 4,5% ao ano na China entre 1990 e 2005, e 3% na América Latina. Os índices contrastam com o restante da Ásia e da Africa, que tiveram expansão de apenas 1% ao ano.
O rendimento das principais culturas dobrou ou triplicou no mundo entre 1961 e 2010. A produção por hectare continua aumentando, mas ela não se reflete em alguns cereais que, por sinal, tiveram médias mais baixas nas duas últimas décadas do que as registradas no pós-guerra. Desde 1980, o crescimento no rendimento do trigo e do milho recuou de 2,4% para 1%. O milho subiu ligeiramente para 2% ao ano, mas a soja caiu de 1,6% em 1970 para menos de 1% na década passada no mundo.

Em relação ao Brasil, a produção por hectare de arroz cresceu 3,7% ao ano entre 2000 e 2010. Na Rússia, a alta de 4,8%, nos EUA de 1,2% e no Japão e no México, de apenas 0,3%, no mesmo período. A produtividade do milho cresceu 3,3% ao ano no Brasil, pouco se comparado aos 6% da África do Sul, mas superior aos aumentos dos EUA (1,6%) e do México (2,7%). O trigo registrou aumento na produtividade de 3,2% por ano no Brasil, quase o dobro em relação à década anterior, e acima de Canadá (2,1%), EUA (1,8%) e Rússia (2,5%).

Nas últimas décadas, o uso de terra em agricultura cresceu nas nações em desenvolvimento, mas diminuiu nos países ricos; globalmente, a agricultura representa 70% do uso de água fresca. Nos países da OCDE, a taxa cai para 45%.

15 janeiro 2012

Sinodependência

A China é hoje o maior mercado de exportação para países tão distantes como o Brasil (que representam 12,5% das exportações brasileiras em 2009), África do Sul (10,3%), Japão (18,9%) e Austrália (21,8%). Cada surto ou oscilação na economia da China tem um impacto material nesses lugares. Mas as exportações são apenas um componente do PIB. Na maioria das economias, a demanda interna é mais importante. Veja reportagem do Valor:


Sem os fluxos de capitais vindos da China, o crescimento do mercado consumidor brasileiro "desaparece" e é essa a via do contágio da crise europeia para o país, segundo o economista Jan Kregel, professor da Universidade do Missouri e ex-conselheiro da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Em São Paulo, para participar de seminário organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista, um dos principais acadêmicos keynesianos dos EUA, argumenta que os fluxos de capitais que chegam ao Brasil são direcionados à agroindústria e dependem da China e da Europa e "se esses mercados colapsam, esses fluxos acabam".

Valor: Como a crise europeia pode chegar ao Brasil?
Jan Kregel : Atualmente, o Brasil faz parte de um triângulo de troca com a Europa e a China, a maior exportadora de produtos do Brasil e a maior importadora de produtos da Europa. Com a Europa em recessão, o que vai acontecer, de um jeito ou de outro, é que as exportações da China vão cair, o que vai levar à queda na importação de produtos brasileiros. O fluxo de capital que vem para o Brasil é direcionado aos recursos naturais, se esses mercados colapsam, esses fluxos acabam. Hoje o Brasil está indo bem porque retirou uma grande parte de sua população da pobreza por meio da transferência de renda feita pelo governo com impostos vindos da agroindústria. Mas se esses fluxos estancarem por causa da crise, o governo não vai mais poder sustentar seus programas sociais e esse crescimento será perdido.

Valor: O mercado consumidor brasileiro não pode sustentar esse crescimento?
Kregel : Esse crescimento não veio do investimento, do aumento da produtividade ou da expansão da produção manufatureira. Mas da China. Sem ela, tudo isso desaparece.

Valor: A crise também pode afetar o Brasil pela via do financiamento externo?
Kregel : O Brasil realmente não precisa acessar o financiamento externo. A maior parte do capital que chega ao Brasil não serve para financiar o investimento, mas para ganhar com a diferença entre a taxa de juros local e externa.

Valor: Mas a taxa de juros brasileira força as empresas e o governo a buscar taxas melhores no exterior.
Kregel : E por que essa taxa de juros é tão alta? Alguns economistas dizem que ela é necessária para manter os preços sob controle, mas a relação entre a Selic e a inflação é pequena - a taxa de câmbio e os preços indexados influem muito mais. Os maiores compradores da dívida pública são os bancos brasileiros, que deixam de financiar o investimento em detrimento da compra de títulos públicos e do crédito ao consumo. Se a taxa de juros caísse, os bancos privados seriam obrigados a emprestar para o setor privado.

Em geral, os bancos subestimam os riscos do empréstimo ao consumo e superestimam os riscos dos empréstimos para investimentos. Então repassam esse trabalho para o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), mas o Brasil está crescendo e o BNDES também. É hora de o mercado de capitais privado assumir parte das suas funções. Os dividendos pagos pelos bancos brasileiros são bem maiores do que os americanos. Não é porque são mais eficientes, mas porque têm tratamento especial. O Brasil paga um preço muito alto pela estabilidade do seu sistema bancário.