Translate

15 novembro 2020

Uma empresa malvada


Uma empresa talvez não precise ser boazinha. Mas ser a representação do mal talvez não seja o adequado. A tinta de impressora é um dos líquidos mais caros do mundo. Sabendo disto, as empresas que fazem impressoras querem aprisionar seu cliente, no pior sentido da palavra. Um texto bem interessante (dica de Claudio Santana, grato) trata da HP. Eis alguns trechos selecionados: 

Não surpreende, portanto, que a HP use de meios maquiavélicos para amarrar seus consumidores à companhia, desde impedir o uso de cartuchos de terceiros (prática que todas as fabricantes tentaram implementar) a planos de consumo supostamente vantajosos. 

(...) Hoje em dia, boa parte das impressoras para usuários finais funcionam online, permitindo ao usuário enviar documentos para impressão a distância, enquanto a fabricante pode despachar atualizações do firmware via OTA. 

E é aqui que reside o problema. Assim como a Lexmark, Epson e outras empresas, a HP odeia clientes "espertinhos" que usam cartuchos de tinta de terceiros, ou que recondicionam os antigos. É interessante para a companhia que os clientes continuem comprando novos cartuchos, mesmo quando você sabe que há tinta e a impressora diz que não, ou você quer imprimir um documento em preto apenas e ela diz "pouca tinta magenta, não posso imprimir". 

(...) Em março de 2016, a HP liberou uma controversa atualização para suas impressoras conectadas, que ao atualizar o firmware, instalava um contador programado para ativar um recurso em setembro do mesmo ano. O recurso fez com que os equipamentos rejeitassem cartuchos de terceiros, apenas os dela própria passaram a ser aceitos. A atualização foi calculada minuciosamente para coincidir com o período de volta às aulas, onde pais e estudantes deram de cara com a limitação ao comprar novos suprimentos e materiais escolares. 

Oficialmente a HP se refere ao update como uma "atualização de segurança", mas só se for para proteger a empresa dos seus consumidores. A "bomba-relógio" foi sob todos os aspectos um malware, programado para permanecer assintomático por meses, até ser ativado no momento oportuno. 

Claro que a marmotagem pegou muito mal. A HP entrou em modo full-caveat emptor, dizendo que nunca prometeu ao consumidor que suas impressoras iriam funcionar sempre com cartuchos que não fossem fabricados por ela mesma, e que a "medida de segurança" foi tomada para evitar que "cartuchos maliciosos", que pudessem comprometer os equipamentos, pudessem ser instalados. 

Como nada disso colou, a HP acabou liberando uma atualização que removeu o update malvado, apenas para fazer tudo de novo em 2017, 2018, 2019 e 2020, sempre sincronizando o disparo do malware com a volta às aulas. 

Rir é o melhor remédio

 


14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

Golpe do namoro on-line

Saiu no The New York Times uma manchete me chamou a atenção por ter relação com um livro que estou lendo atualmente, que fala sobre golpes. O título traduzido da postagem é algo como “como me envolvi em um golpe romântico mundial”.

A história resumida é a seguinte: o Michael, que escreve o texto, recebeu mensagens no Instagram o alertando que a sua foto estava sendo utilizada em um golpe. As mulheres explicaram que conheceram online a pessoa alegando ser ele, se apaixonaram e o golpista eventualmente solicitou dinheiro.

Com isso, o Michael percebeu que as fotos dele estavam circulando em vários lugares, em diferentes tipos de perfis: um corretor de bolsa de Chicago, um policial florestal de Oregon, um passeador de cães que se chamava Larry. Ele não tinha controle sobre isso.

Uma das pessoas que o contatou repassou um número de WhatsApp e o Michael entrou em contato com o golpista. Conversa vai, conversa vem, ele convenceu o golpista que ele era o verdadeiro Michael. O golpista então explicou que com a pandemia perdeu o emprego e precisava sustentar a família. Essa foi uma forma que ele encontrou de tentar conseguir dinheiro, mas segundo ele, não deu certo. A parte que me surpreendeu na história? O golpista é brasileiro. E pra piorar a história, tentou convencer o Michael com a conversa triste dele e também pediu dinheiro! O Michael se dispôs a doar US$ 25 pra ele, que ele achou pouco.

Segundo o FBI essa é uma das formas mais comuns de fraude online. Está cada dia mais fácil pedir dinheiro para estranhos e esta semana mesmo recebi uma mensagem de alguém bem aleatório no WhatsApp me solicitando uma transferência bancária. (Aqui vale ressaltar que a principal dica para que o seu whatsapp não seja clonado é a verificação em duas etapas.)

É triste quando vemos brasileiros fazendo parte de histórias como essa.

Rir é o melhor remédio

 


13 novembro 2020

Os últimos anos de Stan Lee


Stan Lee foi um dos maiores autores de comics de todos os tempos. Ele foi responsável pelo Homem-aranha, Homem de aço, Thor, Hulk, Black Panther, Demolidor, entre outros heróis. 

A história de Lee também pode ser um exemplo para o ensino de Finanças Pessoais. Ou melhor, como "não" gerenciar suas finanças pessoais. No final da vida, Lee foi vítima de abuso por parte de pessoas próximas, que usaram Lee, seu patrimônio e fama, para enriquecerem. Em alguns casos, roubaram objetos pessoais de Lee, inclusive dinheiro. É uma história bem triste

Para quem se interessar, recomendo fortemente este texto, em espanhol, sobre as desventuras de Lee e sua exploração por parte dos seguranças, advogados e, até, sua única filha. Eis um trecho:

Los retrasos llevan a aplazamientos, y los acusados permanecen en sus casas como el resto de nosotros este año. Como en tantos casos de abuso de adultos mayores, los que involucran el patrimonio de Lee probablemente se reducirán a "él dijo, ella dijo". Excepto que, en esta situación, hay un circo de tres pistas de ladrones y actores que pueden no haber tenido los mejores intereses de Lee en el corazón, en una farsa que se prolongó durante años. Llamémoslo una estafa muy larga, pero "esos tipos de relaciones son mucho más difíciles de señalar como perpetradores", dijo el fiscal de abuso de adultos mayores, Paul Greenwood. "Siempre digo que cuanto más tiempo se conozcan la víctima y el sospechoso, más difícil será establecer más allá de toda duda razonable que se ejerció una influencia indebida sobre esa persona, porque a veces la lealtad es recompensada".

Disney apresenta prejuízo bilionário

Saiu na Exame:

A gigante do entretenimento Disney divulgou resultados anuais na noite de ontem (12/11) [...]. A companhia teve perda de 2,8 bilhões de dólares no ano fiscal de 2020. O resultado é reflexo do impacto da pandemia do novo coronavírus na empresa, que tem como pilares de seu negócio os parques temáticos, o cinema e a transmissão de jogos esportivos. Todas atividades interrompidas pela necessidade de isolamento social. 

No ano fiscal encerrado em 3 de outubro, a receita da Disney com parques temáticos despencou 37%, enquanto o faturamento do setor de filmes caiu 13%. Ainda assim, a receita total teve queda de apenas 6%. A queda mais tímida foi suficiente para animar investidores. Após o balanço, a ação da companhia subia 5,7% no after hours em Nova York. 

O que salvou a companhia foi o streaming. No últimos meses, o Disney + ganhou 16 milhões de assinantes, quase o dobro do esperado por analistas do mercado. Com isso, o serviço tem hoje mais de 73 milhões de assinantes, apenas um ano após seu lançamento. O resultado é que a receita da divisão de negócios direto ao consumidor, que inclui o serviço de streaming Disney +, saltou 81%, chegando a 17 bilhões de dólares no ano fiscal de 2020. 

[...]

Ainda assim, a Disney precisa de seu negócio de parques temáticos para poder respirar aliviada. A companhia teve prejuízo de 710 milhões de dólares em seu quarto trimestre fiscal, ante lucro de 777 milhões de dólares no mesmo período do ano anterior. No ano fiscal, a perda foi de 2,8 bilhões de dólares, ante lucro de 10,4 bilhões de dólares no ano fiscal anterior. Uma reabertura completa só deve ocorrer quando houver uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. 

Para se manter até lá, a companhia tem feito mudanças internas importantes, para reforçar suas operações de streaming. Em outubro, anunciou que colocaria redes de TV, estúdio de cinema e divisões que lidam diretamente com o consumidor dentro de um grande grupo chamado Mídia e Entretenimento.

Pandemia como uma questão de informação


Dos textos sobre a pandemia, este apresenta que o problema da pandemia não é de saúde pública, mas é um problema de informação. Isto parece muito estranho, mas ao final da leitura ficamos convencidos dos argumentos apresentados. 

O que precisamos saber é se uma pessoa pode colocar em risco a saúde das demais. Sabendo disto, podemos isolar esta pessoa, até sua cura, evitando a propagação do vírus. Em outras palavras, precisamos melhorar a nossa informação se alguém é infeccioso. Os testes usados, especialmente o PCR, são caros e demoram para sair o resultado. 

Essas desvantagens levaram um número crescente de especialistas em pandemia (como Michael Mina de Harvard, Carl Bergstrom da Universidade de Washington e Eric Topel de Stanford) a defender testes de antígenos que custam apenas US $ 1 a US $ 5 por pessoa e retornam os resultados em cinco minutos . Em vez de procurar fragmentos de RNA, esses testes buscam indicadores de que o vírus se infiltrou nas células. No entanto, os fabricantes de testes rápidos de antígenos têm dificuldade em obter aprovação regulamentar para eles. Os reguladores querem aprovar testes que possam dizer com precisão se alguém está infectado, para que os médicos possam confiar neles para prescrever o tratamento médico.

Mas o problema de informação que enfrentamos é diferente: queremos identificar pessoas infecciosas (em vez de infectadas) para que aquelas que podem espalhar o vírus possam evitar outras. E queremos fazer isso o mais cedo possível. O problema é que alguém pode ser infeccioso antes de apresentar os sintomas, o que geralmente leva as pessoas a fazerem um teste de PCR.

Enquadrar o problema como encontrar pessoas quando estão infectadas pode mudar o padrão pelo qual os reguladores julgam um teste. Uma pessoa é infecciosa quando tem uma grande carga viral presente. Mas o teste de PCR também identifica as pessoas como positivas quando têm uma carga viral baixa. (...)

Assim, com o teste rápido poderia ser usado em lugar de "medir" a temperatura das pessoas que estão entrando em um restaurante, clube ou local de trabalho. 

O autor do texto é Joshua Gans, que está lançando o livro The Pandemic Information Gap: The Brutal Economics of Covid-19 pela MIT Press. 

Contabilidade? - Há muito o que aprender com a pandemia e aplicar na contabilidade. As técnicas de rastreamento da doença possuem uma analogia óbvia com alguns dos principais problemas contábeis, como a questão do crédito de liquidação duvidosa. 

Uber e o comportamento humano

 


Nos últimos anos, os pesquisadores estão usando um grande número de dados para tentar entender o comportamento humano. Em lugar de partir de uma teoria e tentar provar na prática o que está ocorrendo, os pesquisadores fazem o caminho inverso: juntam os dados, analisam, descobrem fatos e buscam a teoria para justificar a realidade. 

Muitas pessoas acreditam que o caminho mais adequado é o primeiro. Ou seja, temos que ter uma teoria antes de começar uma investigação. Isto é uma grande besteira. Algumas das grandes descobertas científicas utilizaram o segundo caminho. Por exemplo, o entendimento sobre o efeito da vitamina C como paliativo do escorbuto, que atormentava as tripulações dos barcos no passado, só foi possível usando o segundo método. Outro exemplo? O uso da penicilina no tratamento médico. 

Este tipo de abordagem é cada vez mais comum nas ciências humanas e nas ciências sociais aplicadas. E tem sido usado em finanças comportamentais também. Usando um grande número de dados, os pesquisadores estão fazendo descobertas. Muitas vezes não conseguem uma explicação razoável para os achados, mas isto não impede que tenhamos um melhor entendimento sobre o comportamento humano. As grandes empresas de dados, como Google, Facebook, Netflix ou Uber, perceberam que precisavam deste tipo de pesquisa. E tinham as informações disponíveis. Muitos pesquisadores notaram a riqueza que desta informação e começaram a usar os dados na pesquisa. 

Veja o caso do Uber. São milhões de motoristas em todo mundo, cada um fazendo um grande número de viagens e tudo isto registrado nos computadores da empresa. Com base nesta informação, a empresa contratou um pesquisador, John List, que fez algumas descobertas interessantes. Eis algumas delas:

** Quando um cliente tem uma experiência ruim com a empresa, a melhor forma de reter o cliente é pedindo desculpas e mostrando que a empresa foi punida pela incompetência. Esta punição pode ser um bônus para uma próxima viagem. Esta estratégia reduz a perda de clientes.

** Se o erro se repetir, a estratégia do pedido de desculpas, juntamente com o bônus, deixa de funcionar. 

** A pesquisa descobriu que os motoristas homens ganham 7% a mais, por hora, do que as motoristas. Isto é interessante, já que a expectativa seria de ganhos iguais. Há diversas especulações sobre o motivo deste resultado: as mulheres geralmente trabalham de Uber em horários menos lucrativos e os homens motoristas dirigem mais rápido (2,5% a mais) são duas das explicações. 

** Os clientes do gênero feminino são mais seletivos na gorjeta do que os clientes masculinos. E as motoristas mulheres recebem gorjetas maiores. 

** A regra do primeiro digito da esquerda, muito conhecida no comércio, também vale para a corrida do Uber. Uma redução de preço de $15 para $14,99 gera um impacto parecido com o corte de $15,99 para $15

Figura: aqui

12 novembro 2020

Cerveja Corona Vírus

No início da pandemia nós postamos no blog (aqui, aqui e aqui) que a empresa fabricante da cerveja Corona estava sofrendo um recuo na demanda por conta do nome do vírus. Eis como o mundo é estranho. Uma notícia agora (via ZeroHedge) informa que a demanda aquecida de cerveja está aquecida e que os bebedores não estão se importando com o nome da Corona. Pelo contrário, muitos bebedores estão achando engraçado chamar sua ressaca de “vírus corona”. A tal ponto que em alguns estabelecimentos a cerveja está em falta. 

Para quem interessar, eis o histórico 


Veja que a cotação realmente caiu no início da pandemia. Nos dias atuais, o preço é aproximadamente o mesmo antes da pandemia. 

Novo Chefão do Iasb

 


Depois de dois mandatos de cinco anos, é hora de substituir Hans Hoogervorst no comando do Iasb. O trustees da Fundação IFRS já fizeram a escolha. Trata-se de Andreas Barckow, alemão, professo de contabilidade, presidente da Accounting Standards Committee of Germany. Ao contrário de Hoogervorst, um graduado em história e ex-integrante do governo holandês, Barckow tem uma formação contábil mais sólida. 

O mandato começa em julho de 2021, mas Barckow conhece as engrenagens do Iasb. Antes da notícia, ele participou do ASAF e do IFRS Advisory Council. Mas, também ao contrário do atual chefão, Barckow tem um vínculo com uma Big Four, no caso a Deloitte. Tem doutorado na universidade de Paderborn e é professor honorário no WHU Otto Beisheim School of Management. O processo de escolha envolveu mais de 500 organizações em todo o mundo e considerou mais de 200 candidatos de 29 países diferentes.

Hoogervorst teve um mandato que incluiu um fracassado processo de tentativa de harmonização das normas contábeis. Este processo resultou na mudança das normas de seguros, instrumentos financeiros, reconhecimento de receita e leasing, além de alteração na estrutura conceitual. No entanto, a aproximação com os normatizadores dos Estados Unidos se perdeu. Além disto, o Iasb não conseguiu resolver a dependência de receita das Big Four. 


08 novembro 2020

Teste do Marshmallow e Cooperação

 


Imagine que você está se preparando para um jantar hoje à noite. Você esteve ocupado assando uma torta a tarde toda e, quando o cronômetro finalmente toca, você abre o forno com entusiasmo para descobrir um aroma celestial flutuando para fora. Você pensa brevemente no que aconteceria se você pegasse um pedaço agora, enquanto ainda está quente - seria tão delicioso com um pouco de sorvete. Então, você pensa em como será bom chegar mais tarde no jantar com sua torta, e como isso deixará seus amigos felizes, especialmente depois de terem trabalhado a tarde toda em seus pratos também. Então, você espera. Parabéns - você acabou de adiar a gratificação para fins cooperativos. 

O adiamento da gratificação é um aspecto importante da cooperação humana. Frequentemente, quando nos envolvemos com outras pessoas para algum objetivo coletivo, somos obrigados a resistir às tentações imediatas a fim de alcançar um resultado de longo prazo que beneficie a todos. 

Considere a sustentabilidade ambiental como outro exemplo. Se todos nós queremos viver em um mundo limpo e saudável, todos nós temos que reduzir nossas pegadas ecológicas, usando menos recursos hoje, para que possamos evitar coletivamente a degradação ambiental. Isso requer adiar o conforto, a conveniência ou os ganhos financeiros de usar os recursos imediatamente. 

Os cientistas estudaram o atraso da gratificação em crianças por décadas, em parte porque é considerada uma habilidade que prediz uma série de resultados na vida. Estudos com crianças buscaram entender, por exemplo, como o atraso da gratificação na infância pode estar relacionado ao desempenho acadêmico e à saúde física mais tarde na vida. 

O atraso clássico do experimento de gratificação envolve dar a uma criança algum tipo de guloseima, tradicionalmente um marshmallow. O pesquisador então sai da sala, explicando que se a criança ainda não tiver comido seu marshmallow quando ele retornar, a criança receberá um segundo marshmallow. 

Embora esses experimentos tenham explorado o desenvolvimento do adiamento da gratificação de muitas perspectivas, até recentemente essa habilidade dificilmente foi examinada em um contexto cooperativo. Isso é surpreendente, dado o quão importante é o atraso da gratificação para nossas vidas sociais, particularmente em contextos em que contamos com os outros e os outros contam conosco - isto é, quando somos interdependentes.  

Em um estudo recente, queríamos descobrir como um contexto cooperativo afetaria as tendências das crianças de atrasar a gratificação em um teste de marshmallow. Especificamente, queríamos saber se as crianças teriam mais ou menos probabilidade de adiar a gratificação quando dependessem umas das outras em comparação com o teste padrão do marshmallow, no qual suas escolhas de espera afetam a si mesmas sozinhas.  

Tínhamos duas previsões concorrentes: por um lado, as crianças podem estar mais dispostas a adiar a gratificação quando contam umas com as outras para uma segunda recompensa. Isso estaria de acordo com as teorias que propõem que a cooperação desperta um senso de compromisso ou obrigação para com nossos parceiros sociais. Por outro lado, as crianças podem ter menos probabilidade de adiar a gratificação quando são interdependentes. Isso ocorre porque ser dependente de outras pessoas é inerentemente arriscado e envolve a possibilidade de que os próprios esforços não sejam recompensados ​​(imagine chegar ao jantar com sua deliciosa torta e descobrir que o outro convidado não se preocupou em preparar nada).  

Para testar isso, executamos um teste tradicional de marshmallow, mas adicionamos uma variação. Testamos o desempenho das crianças quando participavam sozinhas, como fazem no teste tradicional, e comparamos isso com uma versão modificada do teste em que duas crianças, interdependentes uma da outra, tiveram que adiar a gratificação para serem recompensadas com um segundo tratar. Nesse novo teste cooperativo, se um dos parceiros optasse por comer a guloseima sem esperar, nenhum dos parceiros receberia uma segunda guloseima. Emparelhamos crianças pequenas que tinham entre 5 e 6 anos de idade e moravam em Leipzig, Alemanha, e Nanyuki, Quênia.  

Nossa amostra de estudo incluiu crianças alemãs e quenianas, para nos permitir observar como a cultura pode afetar o atraso da gratificação neste novo contexto. Essa é uma consideração importante porque uma crítica notável às ciências sociais empíricas é que muitos conjuntos de dados apenas examinam o comportamento em culturas ESTRANHAS - isto é, em populações ocidentais, educadas, industrializadas, ricas e democráticas. Para desenvolver uma compreensão mais ampla da variação do comportamento humano, é importante observar como os comportamentos se desenvolvem em diferentes culturas.  

Em nosso experimento, os pares primeiro brincaram juntos com um balão para ajudá-los a se sentirem confortáveis ​​no ambiente de teste. Em seguida, um pesquisador os separou em duas salas diferentes, onde cada um se sentou em uma pequena mesa com um biscoito. Como realizamos o estudo em duas culturas diferentes, usamos cookies adequados à cultura, para que as crianças de cada local se familiarizassem com seus cookies. Afinal, é importante saber o que você está esperando!  

Na Alemanha, as crianças ganharam um biscoito Oreo e no Quênia, um biscoito de baunilha com açúcar produzido localmente. O pesquisador então explicou a cada criança, uma a uma, que o biscoito era deles para comer e que ela, a pesquisadora, tinha que deixar a sala brevemente (10 minutos, sem o conhecimento das crianças). Ela também disse que as duas crianças receberiam um segundo biscoito se - e somente se - ambas evitassem comer o biscoito enquanto o pesquisador estivesse fora. Ela explicou que nem a criança nem o parceiro receberiam um segundo biscoito, no entanto, se um dos dois comesse o biscoito antes de o experimentador retornar.  

Metade de todos os pares testados receberam essas regras interdependentes. A outra metade recebeu as mesmas regras do teste tradicional do marshmallow, no qual o resultado de cada criança dependia apenas de seu comportamento. Dessa forma, pudemos comparar como o atraso na gratificação das crianças foi afetado por estarem em um contexto cooperativo em oposição a um contexto não social.  

Descobrimos que os pares de 5 e 6 anos de nosso estudo tinham maior probabilidade de esperar para comer seus biscoitos quando eram interdependentes do que quando eram independentes. Isto aconteceu em ambas as culturas (Alemanha e Quênia). Em outras palavras, as crianças eram mais propensas a esperar para comer sua guloseima quando eram mutuamente dependentes de um parceiro para ganhar uma segunda guloseima do que quando sua paciência lhes servia sozinhas, como na tarefa independente. Isso é bastante notável quando você considera que o esforço necessário para esperar muitas vezes não foi recompensado porque um parceiro decidiu não esperar; a interdependência envolve incerteza, mas as crianças estavam mais dispostas a exercitar a paciência, apesar do risco adicional.  

Curiosamente, em ambas as versões do teste, as crianças no Quênia tinham maior probabilidade de esperar para comer seus biscoitos do que as crianças na Alemanha. Um padrão semelhante foi encontrado em um estudo anterior comparando o desempenho no teste de marshmallow entre crianças na Alemanha e em Camarões, com crianças camaronesas geralmente sendo mais propensas a esperar. Embora seja difícil dizer exatamente por que isso acontece, pode ser o resultado de diferentes socializações nas duas culturas. Especificamente, os pais do grupo étnico Kikuyu no Quênia, do qual toda a amostra do nosso estudo eram membros, tendem a priorizar a obediência e as habilidades de autorregulação mais do que os pais na Alemanha. Isso poderia ter dado às crianças quenianas uma vantagem de espera sobre as crianças alemãs. Apesar dessas diferenças, porém, o efeito da interdependência manteve-se entre as duas culturas, sugerindo que, potencialmente, crescer em qualquer cultura humana pode facilitar o surgimento das motivações cooperativas que observamos.  

Esses achados indicam que, já a partir dos 5 anos, as crianças estão psicologicamente equipadas para responder à interdependência social de forma a facilitar a cooperação. O fato de crianças em duas culturas altamente distintas apresentarem o mesmo comportamento é evidência de que essa trajetória de desenvolvimento pode não ser exclusiva da educação cultural das crianças, mas pode ser algo que todos nós compartilhamos - talvez não seja surpreendente quando você considera a importância vital da cooperação, e continua a ser, para nossa espécie.  

Levando essas descobertas do laboratório para o mundo real, podemos especular que talvez lembrar as crianças de sua interdependência com os colegas de classe possa ajudar a promover o adiamento da gratificação. Indo um passo adiante, talvez seja possível lembrar aos adultos de todo o mundo de nossa interdependência, a fim de promover a sustentabilidade dos recursos e toda uma série de outros comportamentos cooperativos dependentes do atraso da gratificação, entre eles: mais tortas compartilhadas!

Rebecca Koomen, Sebastian Grueneisen e Esther Herrmann - Behavioral Scientist

Rir é o melhor remédio

 

Parece que é difícil achar alguém que comprar o WinRar ou alguém que já fez uma doação para a Wikipedia (eu fiz !!), segundo o meme acima. 

07 novembro 2020

Profissão Contábil em Portugal


Como residentes em um país colonizado por Portugal, sempre ficamos atento ao que está ocorrendo no país europeu. Uma surpresa em uma artigo de João Barros, para o Jornal Econômico, é saber que a profissão de contabilista foi regulada em 17 de outubro de 1995. Ou seja, recentemente completou 25 anos de regulamentação do exercício da profissão. 

O texto fala em "uma luta de muitas décadas" para obtenção da regulamentação. Eis um trecho interessante:

Num país que se pode orgulhar da primeira escola europeia – e, quiçá, mundial – dedicada exclusivamente ao ensino de matérias comerciais e contabilísticas, a Aula do Comércio, instituída em 1759 pelo Marquês de Pombal, a regulamentação da profissão foi o culminar de um longo processo. Desde os guarda-livros e as obrigações que lhes eram atribuídas na “Carta de Lei” de 1770 ou nos Códigos Comerciais do século XIX, só em 1995, e após vários avanços e recuos, é finalmente formalizada a profissão de Técnico Oficial de Contas, a designação utilizada à altura. 

Já comentamos aqui, entretanto, que Portugal foi um dos últimos países a traduzir a obra de Luca Pacioli. A escola de Pombal é tardia, quando o país já estava atrasado na guerra comercial, sendo um mero entreposto de mercadorias da colônia. Tanto é assim que as partidas dobradas não eram adotadas na contabilidade pública portuguesa. 

Rir é o melhor remédio

 

Mimimalismo

06 novembro 2020

Devemos banir o Monóxido de dihidrogênio?

Uma pergunta no Quora é bem instrutiva: 


Existe algum fato assustador para se saber?  Maria Fernanda Pezzoni Zatti

Em 1997, Nathan Zohner, de 14 anos, apresentou seu projeto de feira de ciências a seus colegas de classe, buscando proibir um produto químico altamente perigoso de seu uso diário. 

O produto químico em questão? Monóxido de dihidrogênio. 



 Ao longo de sua apresentação, Zohner forneceu ao seu público evidências cientificamente corretas de por que esse produto químico deveria ser proibido. 

Ele explicou que o monóxido dihidrogénio: 

  • Pode causar queimaduras graves enquanto está na forma de gás 
  • Corrói e enferruja o metal 
  • Mata inúmeras pessoas anualmente É comumente encontrado em tumores, chuva ácida, etc. 
  • Causa micção excessiva e inchaço se consumido 

Zohner também observou que o produto químico é capaz de matá-lo se você depender dele e sofrer uma abstinência prolongada. 

Ele então perguntou a seus colegas se eles realmente queriam proibir o monóxido dihidrogénio. 

E assim, 43 das 50 crianças presentes votaram pela proibição deste produto químico obviamente inseguro. No entanto ... este produto químico não é normalmente considerado tóxico. 

Na verdade, o monóxido dihidrogénio é simplesmente um nome não convencional para água. 

O experimento de Nathan Zohner não foi uma tentativa legítima de banir a água, mas sim um experimento para obter uma representação de como as pessoas podem ser crédulas. 

Além disso, todos os pontos que Zohner usou para transmitir seu ponto de vista foram 100% factualmente corretos; ele apenas distorceu todas as informações a seu favor, omitindo certos fatos. 

Um jornalista acabou apelidando esse evento de 'Zohnerismo', em que fatos verdadeiros são usados ​​para enganar as pessoas para conclusões falsas. E isso ocorre com muito mais frequência do que você pensa, especialmente quando políticos, jornalistas, etc., usam fatos comprovados para persuadir as pessoas a acreditarem em afirmações falsas. 

O fato de que as pessoas podem enganar e ser enganadas tão facilmente é altamente perturbador.

Contabilidade - Devemos sempre estar atentos para a manipulação dos fatos. Quem está narrando algo tem uma grande tendência a distorcer as informações e omitir pontos relevantes. É papel do preparador ser "neutro" e produzir uma informação "fidedigna". Profissionais como auditor devem entender isto como uma desafio e impedir que este tipo de informação chegue ao usuário. O usuário deve ser cético, assim como o auditor, na análise da informação. 

Mais sobre Zohner pode ser encontrado aqui

Escolas mais antigas do mundo

 Postamos em setembro as universidades com mais de 500 anos de vida. Neste link, a relação de instituição de ensino mais antiga por país, ainda em funcionamento. A mais antiga é a Shishi High School, na China. Uma escola primária fundada em 141 antes de Cristo. Depois, a escola secundária "The King´s School Canterburry", na Inglaterra, criada em 597 depois de Cristo. Eis a relação das escolas mais antigas:

Veja que a relação desmente a postagem que fizemos. Na América do Sul, a Universidade de São Marcos, no Peru, é a mais antiga: 1551. Logo após, São Francisco Xavier, na Bolívia, de 1624. E o Brasil? Surpresa: Academia Militar das Agulhas Negras, de 1792. 

Rir é o melhor remédio

 


05 novembro 2020

Aprendendo (menos) durante a pandemia


Durante a pandemia, as atividades escolares foram transferidas para o acesso remoto. Isto melhorou ou piorou o ensino? Alguns, baseados nas avaliações de alunos de EAD, afirmam que pode ter melhorado. Mas esta não parece ser a impressão de professores com quem converso (a maioria deles, pelo menos). Uma pesquisa com curso de economia, nos Estados Unidos, mostrou que o desempenho foi pior.  

We use standardized end-of-course knowledge assessments to examine student learning during the disruptions induced by the COVID-19 pandemic. Examining seven economics courses taught at four US R1 institutions, we find that students performed substantially worse, on average, in Spring 2020 when compared to Spring or Fall 2019. We find no evidence that the effect was driven by specific demographic groups. However, our results suggest that teaching methods that encourage active engagement, such as the use of small group activities and projects, played an important role in mitigating this negative effect. Our results point to methods for more effective online teaching as the pandemic continues.

Learning During the COVID-19 Pandemic: It Is Not Who You Teach, but How You Teach - George Orlov, Douglas McKee, James Berry, Austin Boyle, Thomas DiCiccio, Tyler Ransom, Alex Rees-Jones & Jörg Stoye

Foto aqui

Estética e a era do Zoom


Em um texto sobre odontologia em tempos do covid (Tempo em casa e nas redes sociais aumenta busca por procedimentos, João Ker, Estado de S Paulo, 28/10/2020), eis um trecho interessante: 

Além do aumento em casos de bruximos e fraturas dentárias após os meses de quarentena, alguns profissionais de odontologia e saúde bucal começam a relatar também uma alta nas buscas por procedimento estéticos como harmonização facial, bichectomia e aplicação de botox. "As pessoas fizeram muitas lives e, se vendo depois no vídeo, queriam mudar o sorriso, melhorar a cor dos dentes, alguns também quiseram retocar a face", aponta Mario Cappellette, presidente do núcleo paulista da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-SP).

O movimento foi sentido também por Kamila Godoy. Pesquisadora da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) e ortodontista, ela diz que primeiro começou a receber pacientes com dentes quebrados, fissuras e dor na articulação temporomandibular (ATM). Em meados de julho, a demanda mudou. "Houve aumento absurdo de procura por procedimentos estéticos. As pessoas queriam aproveitar o momento para fazer algum procedimento que precisasse de repouso e, por ter que ficar em casa, houve uma procura bem alta de cirurgias para retirar o siso, bichectomia (procedimento para reduzir as bochechas) etc.", conta.

"A questão de ficar em casa levou a um tempo ocioso muito grande. Como aumentou também o uso de redes sociais, a pessoa passou a vislumbrar a imagem dela com mais frequência e visualizar pessoas 'perfeitas' o tempo todo", explica a psicóloga Katree Zuanazzi, diretora do Instituto Brilhar Saúde e Mental, de Curitiba.

Ela aponta que há uma diferença entre buscar o aperfeiçoamento e a mudança completa do rosto, provocado pelo mar de filtros e falsas perfeições que as redes sociais oferecem. "Todo mundo tem algo que gostaria de melhorar ou que não é perfeito. É importante ver quais desejos são amadurecidos e vêm de anos. Toda ideia que vem de repente foi, provavelmente, implantada por redes sociais ou ideais de perfeição."

Foto: aqui

04 novembro 2020

CVM absolve auditor da Petrobras

 


Conforme notícia publicada no site da CVM, a entidade absolveu auditores envolvidos nas demonstrações da Petrobras, entre 2010 a 2015. A PwC (e seu funcionário) foram absolvidos com respeito as demonstrações financeiras de 2012 a 2014. No exercício de 2009 a 2010, quando a empresa de auditoria era a KPMG, a entidade condenou a Big Four em uma multa de 300 mil reais, condenou o auditor a uma multa de 150 mil reais e absolveu a empresa de auditoria e os auditores de outras acusações. Só. Faz sentido?

(Foto aqui)

Rir é o melhor remédio

 

E o vencedor é ...

The show must go on

 

 Comercial da Amazon do Reino Unido (via aqui) lembra o momento atual e traz esperanças. 

Sunstein e o excesso de confiança dos "especialistas"

 


No início da pandemia, Cass Sunstein (co-autor de Nudge) criticou o excesso de medo das pessoas, em fevereiro deste ano. Um mês depois, mudou de opinião. Conforme Michael Story e Stuart Richie (How the experts messed up on Covid), se tivesse reconhecido a besteira que disse, talvez Sunstein não seria contratado pela Organização Mundial de Saúde para ser o chair em “Technical Advisory Group on Behavioural Insights and Sciences for Health”. 

Mas há outros exemplos. A própria OMS foi contra o uso de máscaras. O problema não seria declarações erradas de entidades como a OMS ou pessoas como Sunstein. O problema real é o excesso de confiança. E humildade para o debate, como parece ser o caso de Sunstein. O caso das máscaras mostra como fazer afirmações sem uma base sedimentada por tornar difícil a mudança de opinião, como novos fatos, sem perder prestígio. E as pessoas continuarão a usar seus argumentos para defender uma posição contra o uso de máscaras, mesmo que tenha mudado de opinião. 

Uma entidade de saúde dos Estados Unidos chegou a apelar para as pessoas "não comprarem máscaras". 

Rir é o melhor remédio

 

Ainda tem gente que acha que contabilidade pública é igual a Siafi e Plano de Contas. 

03 novembro 2020

Quando alguém contrata IA para camera man

 

Em uma partida pelo campeonato escocês de futebol, o clube Caledonian resolveu substituir o operador de câmera humano pela Inteligência Artificial. O resultado está no vídeo acima. O software estava programado para seguir a bola nas transmissões. Mas no jogo contra o Ayr a IA manteve a transmissão longe da bola, focando na careca do bandeirinha. Era a única forma dos torcedores assistirem a partida. Fonte: Aqui

Contabilidade? Alguém acha que a IA irá substituir o profissional no futuro próximo?

Quem é o chefe?

 

Propaganda "engraçadinha" da Sage, software de Contabilidade. Via aqui

Rir é o melhor remédio

 

Um problema só é um problema quando sabemos de sua existência. 

02 novembro 2020

Contabilidade Conectada - episódio #14

Já está no ar o Episódio #14 – As IFRS e a Comunicação Contábil – da Série Ciência Aberta!

Amigo Secreto 2020


Nesse fim de semana demos início à nossa brincadeira anual de amigo secreto entre os blogueiros de contabilidade. Este ano somos onze participantes, divididos em nove blogs:

Alexandre Alcantara: Alcantara
César Tibúrcio: Contabilidade Financeira
Claudia Cruz: Ideias Contábeis
Orleans Martins: Informação Contábil
Pedro Correia: Contabilidade Financeira
Polyana Silva: Histórias Contábeis
Roberto Sousa Lima: Panorama Público
Roberto Ushisima: Alfa Valoro
Sandro Vieira Soares: Acervo Contábil
Vladmir Ferreira Almeida: Vladmir F Almeida

Este é o nosso 5º ano nos reunimos virtualmente para brindar à nossa amizade e celebrar esta comunidade. Para tanto realizamos a brincadeira por meio da plataforma Amigo Secreto, que organiza a comunicação anônima entre os participantes e promove o sorteio. O presente vai por correspondência, já que temos a sorte de ter blogueiros em cada canto desse país enorme e maravilhoso.

Estamos com duas novidades este ano. Ao invés da revelação dos presentes em cada blog a medida em que os recebemos, a faremos ao vivo em nossa primeira reunião virtual liderada pelo Alexandre

Também há um movimento, liderado pela Polyana, para que além do presente façamos uma doação para uma instituição de caridade em homenagem aos nossos amigos. Assim, como sugestão do Sandro, estamos apoiando o Centro de Ações Solidárias da Universidade Federal de Santa Catarina, que pede uma doação de R$ 70 para cestas básicas (clique aqui para mais informações). Há também o Centro de Valorização da Vida, que recebe doações de qualquer valor: aqui. Convidamos os nossos amigos e leitores a reforçarem este movimento de caridade.


31 outubro 2020

Contabilidade e Livros

O Ngram é uma função criada pelo Google que determina a frequência de um ou mais termos encontrados em livros. Você pode determinar quantas vezes uma palavra ou frase apareceu e isto é plotado em um gráfico temporal. Veja uma pesquisa que fiz com o termo "accounting":
A pesquisa abrangeu o período entre 1809 a 2019. Há uma clara tendência do termo ficar mais popular no século XX, tendo atingido seu ponto máximo antes dos anos 1980. A partir do novo século, o termo começa a perder relevância. Os dados são normalizados, em termos percentuais, pelo número de livros publicados em cada ano. 

Veja agora os dados para a palavra "cost":

O termo atinge um ponto alto nos anos 20. Na década de 1980, em Relevance Lost, Kaplan e Johnson criticaram a prevalência da contabilidade financeira sobre as informações gerenciais. A proposta do custeamento por atividades é decorrente deste fato e faz com que o termo fique popular. Depois disto, uma queda acentuada. Custos estaria fora de moda?

Veja agora a comparação entre os termos Ifrs e Fasb, com uma série histórica entre 1973 e os anos atuais:
De vermelho, o termo Fasb; em azul, Ifrs, que aparece somente após os anos 2000. É bom lembrar que o Iasb foi criado no dia 1o. de abril de 2001. O processo de harmonização fez com que o termo IFRS ganhasse relevância, enquanto Fasb deixa de ser tão popular. Mas o fim do processo faz com que o Fasb recupere sua importância. 

Mas os dados são confiáveis? É importante destacar que pode existir inconsistência, já que a pesquisa do Google é feita em OCR. Além disto, a popularização de uma literatura em uma área - por exemplo, computação - pode ter impacto sobre o número de vezes que um termo aparece. Isto pode ajudar a explicar o primeiro gráfico. Outro ponto é que um termo pode aparecer fora de um contexto originário (é o caso do termo "contador", que pode estar associado a um "contador" de história). 

Leia como usar Ngram aqui

30 outubro 2020

Separando os efeitos da pandemia nos resultados: caso do United

 


As demonstrações financeiras do Manchester United, time de futebol da Inglaterra, mostra o que devemos considerar e o que não devemos considerar ao analisar o efeito da Covid em uma empresa. É importante esclarecer que o United é um clube e, ao mesmo tempo, uma empresa. Assim, sua gestão é “profissional”, o que inclui demonstrações contábeis de melhor qualidade do que aquelas preparadas por um time de futebol tradicional. O exercício social do United, encerrado em 30 de junho, incluiu uma grande parte das atividades normais de um clube e um breve período onde os efeitos da pandemia. Uma reportagem da BBC traz alguns elementos interessantes, mas gostaria de destacar dois pontos. 

A primeira situação importante é a da receita. A receita do clube teve uma redução de 627 milhões de libras para 509 milhões e teve o efeito da pandemia. A redução de 118 milhões decorreu da sua não classificação para Liga dos Campeões também. Existia uma expectativa de receita de 580 milhões. 

Todas as áreas de receita da United foram afetadas, mas as receitas de transmissão foram especialmente afetadas, reduzindo 41,9% de £ 240,2 milhões para £ 141,2 milhões. Parte da redução da despesa ocorreu pela realização dos jogos com portões fechados, redução das vendas de camisas e produtos do clube e descontos concedidos para as emissoras. Estima-se que estes três itens corresponda a 40 milhões de libras. 

Mas algumas das receitas do clube, como aquelas decorrentes dos jogos, somente foram postergadas. Um jogo que seria transmitido no exercício ficou postergado para alguns meses depois. Mas os portões fechados representam realmente uma perda de receita que não será recuperada. A redução no fluxo de caixa originário dos patrocinadores, que também estão com dificuldade de caixa, poderá ocorrer em futuro próximo. Mas isto cria um descasamento entre caixa e competência. 

O segundo aspecto é a questão do endividamento. Sendo um clube-empresa, seus gestores optaram por trabalhar com um elevado endividamento. Um resultado desta opção é que a dívida líquida duplicou, para 474 milhões de libras. As despesas financeiras aumentaram para 26 milhões, com redução do caixa. Como dívida líquida corresponde a dívida bruta menos caixa, o que ocorreu no clube foi que a dívida bruta manteve constante. Veja que este fato decorre de uma decisão de financiamento, que ocorreu antes da pandemia. Assim, não se pode colocar este fato na conta da Covid. 

O caso do United mostra que é importante separar os efeitos da pandemia das outras decisões. Este clube de futebol teria resultados ruins, mesmo com a paralisação das atividades do futebol na Inglaterra. A pandemia somente agravou a situação. (Fonte da foto aqui)

29 outubro 2020

Normas são negócios e ESG é um bom exemplo


Um texto da Accounting Today, chamado PwC working with SASB on XBRL taxonomy while developing ESG app (de Michael Cohn, 19 de outubro de 2020) me pareceu bastante revelador de como funciona o mecanismo de pressão para criação de normas para as empresas e como isto interessa de perto não ao usuário, mas algumas empresas com fins lucrativos. É bom lembrar que normas são negócios antes de qualquer coisa

Talvez o leitor tenha notado como surgiram, nos últimos dias, uma grande quantidade de textos defendendo a criação de normas relacionadas com a sustentabilidade, a questão social e a governança. O tema ficou tão popular que ganhou uma sigla: ESG. Chegamos a postar aqui no blog que dezenas de entidades estão em uma competição para criar um padrão de norma que abranja este campo. Isto pode ser interessante, mas se muitas entidades criarem suas normas, não haverá uma “padronização” mínima, que permita vender projetos de consultoria. É de interesse que exista somente alguns poucos reguladores, o suficiente para que as empresas que prestam serviço na área possam vender suas “soluções”. 

Neste ponto entra a Fundação IFRS. Sendo patrocinado em um terço do seu orçamento pelas Big Four, a entidade que padroniza as normas internacionais de contabilidade abriu uma consulta sobre o assunto: será importante ter uma norma internacional sobre o tema? Isto é estranho por dois motivos: há uma agenda, onde a Fundação define estas prioridades; e existem diversos temas pendentes para serem resolvidos pela Fundação, como o término da Estrutura Conceitual. 

O texto citado no início da postagem afirma que a PwC, uma das Big Four, estaria trabalhando em desenvolver um app sobre o assunto. O porta-voz da empresa de auditoria é nada menos que  Wes Bricker. Bricker trabalhou na PwC entre 2011 a 2015, quando foi ser contador-chefe da SEC. Recentemente, Bricker saiu da SEC e voltou para a PwC, no movimento de porta giratória contábil, uma tradição da SEC

Mesmo com o interesse de Bricker, o texto da Accounting Today afirma que a SEC, em anos recentes, era cética com respeito a materialidade da informação ambiental, social e de governança. Existiria um sentimento de que este tipo de informação seria muito mais um propaganda falsa na promoção da empresa para investidores. Mas Bricker, mesmo já não sendo mais da SEC, opina que como a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos tem interesse na qualidade da informação, a informação relacionada com a sigla ESG teria que ser divulgada. 

Para as Big Four, a ESG representa, antes de qualquer coisa, um negócio de venda de soluções. Não importa se o padrão seja originário dos Estados Unidos ou da Fundação IFRS. Quanto maior o número de empresas que forem obrigadas a fazer esta evidenciação, melhor será. O grande obstáculo são as empresas: as novas informações possuem um custo. Quem sabe as empresas poderão se opor a este movimento? 

O texto da Accounting Today dá a clara sensação que estão construindo uma necessidade de uma informação ambiental, social e de governança de forma artificial. Negócios. (Foto aqui)

Segredo de uma boa apresentação

 De uma resposta do Quora

Aprenda com o mestre, Steve Jobs... 

Uma palavra: SIMPLICIDADE

Poucas palavras
Fatos simples


Grandes gráficos com pouco texto


Letras pequenas para esclarecer os dados

O apresentador dá os detalhes, não o gráfico 
Poucas cores


Mais uma coisa: se você fornece muita informação na sua apresentação, as pessoas irão distrair tentando ler ou entender seu conteúdo. Eles irão perder o interesse em você e no que você está dizendo. Como apresentador, você deveria ser o foco da audiência. A missão do seu power point deveria ser apoiar sua apresentação, não roubar o centro das atenções. 

E a Contabilidade? - Os contadores tendem a valorizar demais a apresentação dos números. Possuem uma grande fixação pela precisão, com o número exato ou com muitas casas depois da vírgula. Em lugar de colocar no gráfico R$12.345.678,99 é bem mais didático colocar R$12 milhões. A não ser que você queira que sua plateia caia no sono... 

28 outubro 2020

Sindrome do Impostor


Dinâmica social reforça a síndrome do impostor, explica especialista 

Estereótipos e vieses de gênero fazem mulher ter mais sentimento de ‘fraude’ no mercado de trabalho e pode prejudicar as chances de sucesso na vida profissional

Entrevista com Letícia Rodrigues, sócia-fundadora da Tree Diversidade

Ludimila Honorato, O Estado de S.Paulo - 23 de outubro de 2020 | 05h00

“Eu não sou boa o suficiente para estar neste corpo docente. Algum equívoco foi feito no processo seletivo”, “Obviamente, eu estou nessa posição porque minhas habilidades foram superestimadas”. Essas frases e outras similares foram ditas por mulheres bem-sucedidas, em altos cargos de liderança, com grandes conquistas pessoais e acadêmicas. O motivo de elas considerarem que são uma fraude e que chegaram aonde estão por sorte é um só: a síndrome do impostor.

O fenômeno foi estudado, especificamente no público feminino, pelas psicólogas norte-americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, que em 1978 publicaram um estudo sobre o tema. Queriam entender o que levava mulheres com perfil superior a acreditarem que não eram brilhantes o suficiente e estavam enganando a todos apesar de suas conquistas.

As especialistas identificaram que as “impostoras” não se enquadram em uma categoria de diagnóstico, mas os sintomas clínicos frequentemente reportados são ansiedade generalizada, ausência de autoconfiança, depressão e frustração relacionada à incapacidade de atender aos padrões impostos por elas mesmas. Embora todos estejam suscetíveis a isso, estudos anteriores já mostravam que o fenômeno é mais prevalente nas mulheres.

“Isso tem muito a ver com a cultura de viver em um ambiente totalmente cheio de barreiras, estereótipos e vieses de gênero”, explica Letícia Rodrigues, sócia-fundadora da Tree Diversidade. A especialista em diversidade e inclusão tem experiência em projetos relacionados a gênero, além de ministrar cursos sobre liderança feminina, nos quais a síndrome do impostor aparece com bastante frequência, independentemente do nível hierárquico.

Em conversa com o Estadão, Letícia falou sobre as características do fenômeno, como ele pode prejudicar as chances de sucesso na vida profissional e como interromper esse ciclo. Confira a seguir.

Como podemos definir a síndrome do impostor? 
Ao contrário do que muita gente pensa quando se fala em síndrome, não é uma doença. Alguns preferem chamar de fenômeno do impostor. É um conjunto de fatores, atitudes e sentimentos que as pessoas têm, com base em crenças sociais, que trazem insegurança, sentimento de fraude, de não pertencimento. As pessoas acham que, quando atingem um determinado sucesso, não deveriam estar ali, que aquilo foi devido a fatores externos como sorte ou o famoso “estar no lugar certo na hora certa”, mas que não tem a ver com competência e conquistas pessoais.

Por que as pessoas desenvolvem esse sentimento? 
Não é unânime, mas a maioria dos pesquisadores acha que tem a ver com a dinâmica familiar desde a infância. No estudo que Clance e Imes fizeram, elas conseguiram classificar um grupo de mulheres em duas dinâmicas e, a partir daí, conseguiram descrever a síndrome. Mas existem outros fatores que têm a ver com a cultura na qual a gente está inserido, o fato de a gente viver em ambientes que são discriminatórios, cheios de estereótipos. E aí tem a questão do estereótipo de gênero, que é muito forte na sociedade, sendo um dos motivos para que as mulheres tragam mais a síndrome do impostor do que os homens.

Mesmo com grandes avanços sociais, movimentos de empoderamento feminino, você percebe que isso ainda é real? Por quê? 
Os estudiosos ainda acreditam que a síndrome do impostor acontece mais nas mulheres e isso tem muito a ver mesmo com a cultura, de viver em um ambiente cheio de barreiras, estereótipos e vieses de gênero que acabam trazendo aspectos para a vida das mulheres, questões de insegurança.

Mas um dos fatores que já foram levantados é que os homens têm a síndrome, mas aparecem menos do que o porcentual real, e é por causa da cultura de novo. É esperado socialmente do homem que ele não demonstre fraqueza, insegurança, então muitas vezes eles se esforçam muito mais e conseguem disfarçar os aspectos relacionados à síndrome do impostor. Os psicólogos também dizem que, mesmo em consultório, os homens trazem o assunto muito menos. Então, é mais difícil descobrir e ter certeza de que os homens têm.

Isso é curioso, porque no artigo de Clance e Imes, elas descrevem que uma das dinâmicas familiares é da menina que é incentivada a acreditar em si, que ela pode tudo o que quiser. Parece que os meninos acreditam mais e levam para a vida futura. Acho que não é só uma questão de que essa autoconfiança perpetua mais nos homens. Tem isso que você está falando, perpetua sim, mas a nossa cultura os obriga a mostrarem que são autoconfiantes, que não têm fraqueza nenhuma, não podem chorar, têm de ser o provedor, forte, o “macho alfa”. Então, muitas vezes, o homem está representando um papel social. Parece que eles carregam isso mais, mas é fruto da dinâmica social. Muitas vezes, a gente pensa que a nossa cultura limita as mulheres, mas limita demais o homem, que tem de ter papel de forte.

E como a síndrome do impostor afeta a vida profissional? 
A pessoa que traz essa síndrome acha que é uma fraude e está enganando todo mundo, então ela gasta muita energia pensando sobre isso em vez de estar produzindo, com medo de ser “descoberta”. A pessoa acredita que não tem o talento e as habilidades que são necessários para estar naquele local, então carrega a falta de confiança. Nesse ponto, ela nem se candidata a uma vaga porque tem receio de ser descoberta. Ela atribui suas conquistas à sorte e acaba indo menos em busca de novos desafios.

Tem algumas características que as pessoas trazem de forma bem forte: ou ela vai para o perfeccionismo, afinal ela não deveria estar ali, então tem de fazer de uma forma bem perfeita, trabalha em excesso, fica revisando muito e adia a entrega porque sabe que será julgada; ou, quando alguém faz um elogio, ela diminui esse elogio em vez de se satisfazer e ratificar a conquista. Mas a carreira é feita disso: alguém tem de reconhecer o que você atingiu para poder te impulsionar para cima. Se ela diminui, a pessoa que fez o elogio fica com o pé atrás também. E ela está sempre enfraquecendo as próprias conquistas, apontando primeiro o que está errado.

No ciclo do impostor, primeiro, a pessoa recebe uma tarefa e aquilo gera ansiedade, insegurança e preocupação. Com isso, ela vai ter dois caminhos: ou procrastinar, mas fazer, ficar aliviada quando entregar, mas atribuir à sorte quando receber feedback positivo; ou vai trazer uma preparação exagerada e vai atribuir ao esforço. Com essa percepção de esforço e sorte, vai ter aumento de insegurança e ansiedade. (1)

É possível que a síndrome se manifeste apenas na vida pessoal ou na profissional? 
Normalmente, as duas coisas estão interligadas, mas ela acaba aparecendo mais na vida profissional e acadêmica, que são ambientes com mais competitividade, onde a pessoa está lidando com outros indivíduos, com os limites dela.

Clance e Imes fizeram a pesquisa com mulheres de altos níveis profissional e acadêmico. Existe relação entre nível hierárquico e grau da síndrome? Desconheço qualquer estudo que fale sobre isso. Mas temos exemplos até mesmo de pessoas famosas que foram a público e falaram que têm a síndrome do impostor. Kate Winslet, Michelle Obama (que fala do tema no documentário Becoming, da Netflix). O fato de a gente saber que outras pessoas têm a síndrome do impostor ajuda demais, porque durante muito tempo a gente acredita que somos os únicos.

O ambiente de trabalho pode contribuir para que alguém desenvolva essa síndrome, mesmo que não tivesse antes? Sim, a gente pode ter alguns momentos da vida em que está enfrentando essa questão. Tem vários gatilhos e o ambiente profissional é um deles. Mas é importante a gente saber que não é só porque a pessoa chegou ao ambiente corporativo que isso ocorre, é todo um contexto. A gente está falando da dinâmica familiar, da cultura da sociedade. Tudo isso já está ali dentro, a pessoa já teve essas vivências e, no ambiente corporativo e de maior pressão, ela vai vivenciar as características da síndrome.

Quais são os caminhos para se “curar” da síndrome? 
Para mim, a forma principal é buscar evidências. Se buscar, a gente tem evidência de que somos capazes, inteligentes, temos conquistas e diversas habilidades que às vezes a gente acha que não tem. É importante buscar o autoconhecimento, saber quais são nossos pontos mais fortes e quais ainda têm para desenvolver. Pensar que qualquer experiência que a gente passa na vida é uma oportunidade de aprender. Comemorar as conquistas, até para ficar mais evidente para nós mesmos como aquilo foi importante, difícil e conseguimos. Ocupar espaços e aproveitar as oportunidades, se expor mais. E entender que cada um de nós tem valores únicos.

(1) Tenho dúvidas sobre esta análise. Veja Robert H. Frank, Sucesso & Sorte, o Mito da Meritocracia, Alpha, 2017, para uma posição diferente. Imagem, aqui

Falha do Sistema

 Uma postagem da Polyana, que estava guardada há meses, sobre falhas do sistema, é bem educativa:

Falhas em sistemas (e registros) contábeis infelizmente são mais comuns do que pensamos. 

Em 2016, a CEF de um município paulista gerou avisos de cobranças indevidas a servidores municipais, admitindo um erro em seus sistemas computacionais. 

Em 2017, o TCE-PR multou o ex-prefeito de Londrina por falha em registro contábil nas contas de 2014. 

No início de 2019, uma falha nos sistemas da STN fez com que o salário dos servidores federais ficasse temporariamente indisponível. 

Mais recentemente (ontem, 29/out/19), um hacker invadiu o sistema contábil da prefeitura de um município de SP, causando atraso no pagamento dos servidores municipais. Aqui cabem muitas discussões, desde programação, inteligência artificial, aprendizado de máquina, profissionalização dos programadores, dos contadores, segurança de sistemas, auditoria governamental, etc. 

E onde a contabilidade entra nessa discussão? Se você não aprendeu a programar, ou pelo menos a entender os relatórios que os sistemas entregam, como vai saber se está certo ou errado o que você entrega aos seus clientes? Não podemos esquecer que a Contabilidade vem, cada vez mais, se adaptando a novas tecnologias, e o contador que preferir ficar à margem destas disrupções, estará comprometendo sua profissionalização.