25 setembro 2025
Ex-presidente francês é condenado
Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado a cinco anos de prisão e a uma multa de €100.000 após ser considerado culpado de conspiração criminosa. O motivo da condenação está vinculado a um suposto financiamento ilícito por parte do falecido ditador líbio Muammar Gaddafi para sua campanha eleitoral de 2007.
Sarkozy foi presidente entre 2007 a 2012 e sua acusação afirma que o ex-presidente faria esforços para reabilitar a imagem de Gaddafi, que estava desgastada, perante o Ocidente. O processo absorveu Sarkozy de corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha. Mas a juíza do caso afirmou que ele permitiu que auxiliares próximos mantivesse contato com autoridades do governo líbio para obtenção de apoio financeiro. O filho de Gaddafi, Saif al-Islam, acusou Sarkozy de aceitar recursos da Líbia para a campanha. Outro acusador afirma que recebeu 50 milhões de euros.
Esta não é a primeira acusação contra ele. No ano passado Sarkozy foi condenado a ano por exceder o limite legal de gastos na campanha de reeleição de 2012. Antes disso, em 2021, foi condenado por tentar subornar um juiz em troca de informações.
Felicidade
Em meu estudo recente, publicado no European Journal of Social Psychology, desenvolvi uma nova medida, a satisfação de vida ajustada à riqueza (WALS), para captar essa diferença. O WALS não pergunta apenas “quão feliz é este país?”, mas também “quão feliz é este país considerando sua riqueza?”. Em outras palavras, quão eficazmente um país transforma recursos econômicos em bem-estar subjetivo?
As conclusões, baseadas em dados de 116 países, desafiam uma das suposições mais comuns sobre a felicidade: a de que riqueza traz automaticamente felicidade. Em vez disso, os resultados revelam uma história mais complexa — e mais promissora.
O gráfico mostra o resultado. Quando mais verde, melhor a felicidade e a cor vermelha é ruim. Nicarágua, Nepal, Finlândia e Quirguistão lideram. O Brasil está em 17o. Alguns países ricos, como Coreia do Sul, Hong Kong e Bahrein ficam abaixo das expectativas de felicidade dado seu nível de riqueza.
Há fatores que explicam o resultado, como a qualidade percebida no trabalho, sensação de liberdade para tomar decisões, aproveitamento do lazer, as conexões sociais fortes, entre outros.
Acionistas do Setor aéreo perderam com a desregulamentação
Após a desregulação da aviação nos EUA em 1978, que permitiu que companhias definissem tarifas e rotas livremente, o setor experimentou forte expansão devido ao aumento da competição. Consumidores se beneficiaram com tarifas mais baixas e maior oferta de voos; empregados ganharam com salários e benefícios mais elevados; fornecedores de combustível também viram demanda crescer.
Contudo, acionistas foram os que menos se beneficiaram — e os que mais sofreram em momentos ruins. Uma pesquisa (via aqui), com dados de 16 companhias aéreas entre 1980 e 2019 (evitando os efeitos da pandemia) e estimou o valor total gerado ano a ano, distribuído entre stakeholders (consumidores, empregados, fornecedores e acionistas). O resultado está resumido na figura a seguir:
(Veja que foi possível chegar a conclusão sem a necessidade da DVA)Dinheiro, justiça e ciência
O diretor da Escola de Saúde Pública de Harvard, Andrea A. Baccarelli, recebeu pelo menos US$ 150.000 para testemunhar contra a fabricante do Tylenol em 2023 — dois anos antes de publicar uma pesquisa usada pelo governo Trump para relacionar o medicamento ao autismo, uma conexão que especialistas dizem ser, na melhor das hipóteses, frágil.
Baccarelli atuou como testemunha especialista em nome de pais e responsáveis por crianças que processavam a Johnson & Johnson, então fabricante do Tylenol. A juíza Denise L. Cote, do Tribunal Distrital dos EUA, rejeitou o caso no ano passado por falta de evidências científicas, descartando o testemunho de Baccarelli no processo.
“Ele selecionou e distorceu resultados de estudos e se recusou a reconhecer o papel da genética na etiologia” do transtorno do espectro autista ou do TDAH, escreveu Cote em sua decisão, que desde então foi apelada pelos autores da ação.
Via aqui. A participação de especialistas em processos judiciais não deixa de ser interessante. A questão é quando a remuneração provoca uma atitude questionável, como foi o caso de Baccarelli. Isto é comum em diversas áreas, inclusive na contabilidade.24 setembro 2025
Índia quer criar uma grande empresa de auditoria
Eis a notícia:
O Gabinete do Primeiro-Ministro (PMO) convocou uma reunião em 23 de setembro para deliberar sobre mudanças regulatórias e outras medidas necessárias para viabilizar a criação de firmas domésticas de auditoria e consultoria comparáveis às chamadas “Big Four”, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
A reunião — que será presidida por Shaktikanta Das, secretário-principal-2 do Primeiro-Ministro — sinaliza o movimento coordenado do governo para permitir que empresas nacionais ganhem escala e abocanhem uma fatia do mercado global de auditoria e consultoria, de 240 bilhões de dólares.
A notícia é Economic Times, via Going Concern. A Inglaterra pensou em rachar as grandes empresas de auditoria e parece que desistiu. Há algo que possa ser feito?
Mais sobre a notícia aqui
Políticas Públicas e SciELO
Os resultados apresentados mostram que a pesquisa publicada no SciELO tem alcançado relevância significativa em documentos de políticas públicas, com destaque a um número significativo de documentos brasileiros. Apesar da grande variedade de áreas de políticas públicas citando pesquisa publicada no SciELO, as análises iniciais revelam impacto em políticas em áreas como saúde e economia.
O texto todo está aqui
Quando o Imposto Molda a Fé
Isenções fiscais para organizações religiosas são comuns em todo o mundo e são fundamentais para a sustentabilidade financeira de muitas igrejas. Mas essas políticas, aparentemente neutras, podem ter consequências não intencionais que reconfiguram mercados religiosos e sistemas políticos.
Em um artigo no American Economic Journal: Microeconomics, os autores Raphael Corbi e Fabio Miessi Sanches mostram como as generosas isenções fiscais do Brasil para igrejas aceleraram inadvertidamente o declínio da dominância católica, ao mesmo tempo em que impulsionaram o crescimento entre denominações evangélicas.
“As isenções concedidas a igrejas são bastante disseminadas e muitas vezes até automáticas”, disse Corbi à AEA em entrevista. “Mas raramente são avaliadas em termos de suas consequências econômicas ou institucionais.”
Segundo Corbi, o Brasil oferece um estudo de caso convincente. O país passou por uma transformação religiosa dramática nas últimas décadas, saindo de uma predominância católica esmagadora para um cenário muito mais diverso, no qual as igrejas evangélicas ganharam participação substancial. Algumas projeções sugerem que o número de evangélicos pode chegar a 40% da população brasileira até 2032, superando a proporção de católicos.
Em vez de simplesmente documentar correlações, os pesquisadores construíram o que chamam de “modelo dinâmico de entrada e saída da concorrência religiosa”. Eles analisaram dados da Receita Federal do Brasil cobrindo todas as organizações religiosas registradas de 1992 a 2018, concentrando-se em 246 municípios isolados para garantir fronteiras de mercado claras.
O modelo trata as igrejas como empresas concorrentes, cada uma enfrentando decisões sobre onde entrar em novos mercados com base em custos de entrada, despesas operacionais contínuas e competição de igrejas já existentes. Ao acompanhar as aberturas e fechamentos reais de templos por quase três décadas, os pesquisadores conseguiram estimar esses parâmetros de custo para diferentes denominações e, em seguida, simular cenários contrafactuais perguntando o que teria acontecido se as igrejas enfrentassem diferentes cargas tributárias.
O modelo mostrou que reduções nas alíquotas de impostos geralmente levam a maior entrada de todas as igrejas. Mas também revelou uma assimetria marcante na forma como igrejas católicas e evangélicas operam.
“Pareceu óbvio depois que encontramos, mas não antes”, observa Corbi. As igrejas evangélicas normalmente se expandem alugando prédios simples, com mobiliário básico, o que resulta em baixos custos de entrada, mas despesas correntes mais altas. Já as igrejas católicas constroem seus próprios templos, muitas vezes com arquitetura e obras de arte sofisticadas, exigindo investimentos iniciais substanciais, porém custos operacionais menores. Como a política brasileira de isenção tributária afeta principalmente as despesas operacionais contínuas, essa estrutura de custos assimétrica gera um benefício fiscal desproporcional para as igrejas evangélicas.
Os pesquisadores estimam que, removendo as isenções e impondo uma alíquota de 30% — próxima à típica alíquota corporativa —, a participação evangélica em templos teria sido reduzida em aproximadamente 20 pontos percentuais. Nesse cenário, algumas denominações evangélicas teriam participação média muito próxima de zero, indicando que tal imposto poderia limitar as opções religiosas disponíveis.
O efeito da política tributária vai além dos mercados religiosos e alcança a política. A bancada evangélica no Brasil cresceu de 27 membros em 1994 para 187 em 2018. Usando dados eleitorais, os pesquisadores constataram que, quando igrejas evangélicas abriam, a fatia de votos para candidatos evangélicos aumentava cerca de 5 pontos percentuais nas eleições subsequentes, em comparação a municípios semelhantes sem abertura de igreja.
As conclusões levantam questões importantes sobre a relação entre política tributária e liberdade religiosa. “As políticas deveriam ser neutras em relação à religião”, disse Corbi. “O Estado não deve dar vantagem a uma denominação sobre outra. Mas parece que essas políticas estão, inadvertidamente, privilegiando certas denominações.”
O trabalho dos autores mostra como ferramentas econômicas podem iluminar consequências não intencionais de políticas aparentemente neutras. À medida que organizações religiosas continuam a desempenhar papéis relevantes na política mundial, entender essas dinâmicas pode se tornar cada vez mais importante para os formuladores de políticas.
“Church Tax Exemption and Structure of Religious Markets: A Dynamic Structural Analysis” appears in the August 2025 issue of the American Economic Journal: Microeconomics.
Fonte: aqui








