A contabilidade do mundo atual exige, cada vez mais, que muitos registros sejam baseados no futuro. Há muito que a contabilidade deixou de ser sinônimo de custo histórico. Este é o caso, por exemplo, das provisões ou de um teste de imparidade.
Em razão desta mudança, é importante tentar entender como funciona um modelo preditivo. De uma forma muito simplificada, um modelo de previsão deve levar em consideração os elementos mais relevantes de cada caso e deve ter um resultado melhor do que o mero acaso. Em algumas situações, o modelo de previsão na contabilidade também deve ser capaz de apoiar o profissional, justificando sua decisão para uma auditoria ou para os acionistas relevantes da empresa.
Nesta situação, aprendemos muito com os modelos preditivos usados em outras situações. Este é o caso de um modelo que tenta fazer previsões sobre o resultado do futebol. O modelo apresentado abaixo é resultado de uma tese de doutorado. Isto significa dizer que alguém gastou bastante horas estudando a situação e tentando montar uma explicação para o que ocorre no mundo real. O pesquisador considerou que cada jogador de um time contribui para o resultado; assim, a habilidade individual poderia ajudar a entender os resultados.
É como dizer que um medicamento deve ser avaliado de acordo com o resultado para a saúde de um paciente quando ele toma o medicamento. A eficácia de um medicamento é medida pela soma dos resultados para pacientes individuais que o tomam; a eficácia de um jogador é a soma dos resultados para os jogos em que eles jogaram.
Sabendo a habilidade de cada jogador, é possível prever melhor o resultado. Mas o modelo passa por (a) coletar os dados dos jogos e jogadores; (b) fazer um modelo de previsão. Todos os dois passos são complicados; muitas vezes não temos dados para fazer estimativas, o que prejudica o nosso modelo. Mesmo com dados, é necessário estimar um bom modelo, que seja capaz de uma melhor previsão. O modelo apresentado aqui usa 66 mil jogos e trabalha com 25 ligas.
De uma maneira geral, os resultado tem um acerto de 40 a 50%. Se fosse aleatório, o percentual médio de acerto seria de 33%, já que seriam três os resultados possíveis: vitória, derrota ou empate. Não é algo excelente, mas as previsões das casas de apostas, que seria o “mercado”, é um pouco melhor: 55%.
Apesar da grande quantidade de dados (66 mil jogos) e do envolvimento de especialistas (um doutor, cujo tema foi justamente este assunto), o percentual de acerto mostra como é difícil fazer projeções sobre o futuro. Além disto, em um jogo tão complexo quanto o futebol, o modelo usa somente os nomes dos jogadores para fazer a projeção.
Em situações práticas da contabilidade é muito difícil coletar um número tão grande de observações. Mesmo que uma empresa tenha um grande conjunto de dados, imaginar a possibilidade de construir um modelo a partir dos mesmos, com um grau de acerto que seja razoável. Para o profissional contábil, neste momento talvez seja interessante levar em consideração a regra do custo-benefício da informação.
04 fevereiro 2019
Diferenças entre US GAAP e IFRS
A EY preparou um material com as diferenças entre as normas dos EUA e as normas IFRS. O Link apresenta um resumo das principais diferenças. Um detalhamento está aqui. (é possível que o interessado deva fazer um breve cadastro)
03 fevereiro 2019
Monumento antigo e novo
Esta notícia lembrou A Invenção das Tradições, onde o historiador Hobsbawn mostra que saia escocesa é algo bem mais moderno que pensamos.
Em Aberdeenshire existe um conjunto de pedras, menos suntuoso que Stonehegue. Mas que desperta a atenção de curiosos. O Conselho da província declarou que as pedras não são "antigas", mas da década de 90. Não são antigas, mas possuem uma boa localização.
Em Aberdeenshire existe um conjunto de pedras, menos suntuoso que Stonehegue. Mas que desperta a atenção de curiosos. O Conselho da província declarou que as pedras não são "antigas", mas da década de 90. Não são antigas, mas possuem uma boa localização.
CGD, com certeza. Parte II
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o maior banco de Portugal. Seu controle é exercido pelo governo. Durante os anos de 2000 a 2015 a CGD não prestou muita atenção nos riscos dos empréstimos.
Em postagem anterior comentamos de uma auditoria que estava sendo feita pela empresa de auditoria EY. Parte do documento tinha sido divulgado
Nesta confusão, a empresa de auditoria EY fez um relatório preliminar sobre a entidade, com data de dezembro de 2017. O documento mostra que diversos empréstimos foram realizados, mesmo com parecer desfavorável da área técnica. Mais ainda, o relatório mostra que gestores da CGD receberam bônus de desempenho, mesmo com prejuízos. Esta política de remuneração não ajudou muito a instituição.
Mais detalhes do relatório apareceram. Inicialmente, o judiciário negou o acesso do legislativo ao documento, mas isto ocorreu nos últimos dias. O relato da EY contempla 186 operações de crédito analisadas, com perdas de 1,6 bilhão de euro. A maior parte das operações ocorreu entre 2000 a 2007 (127 operações e perdas de 1,1 bilhão) e 2008 a 2011 (47 e perdas de 477 milhões de euros).
O relato da EY mostra os procedimentos adotados na concessão de crédito e monitoramento. Somente 25 operações representaram 77% das perdas. A partir de 2000, as operações vultuosas da CGD deveriam ter uma análise de risco. Das operações que se enquadram (170), somente 14 tiveram um parecer de risco favorável.
Isto levantou uma suspeita sobre o papel do auditor externo da instituição na época, a Deloitte. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que saber se a empresa avaliou os riscos das operações de crédito. O irônico é que somente em janeiro de 2016 que a CMVM ganhou poderes para avaliar os auditores. Mas o risco de estarem existindo fraudes na gestão da CGD (e o conhecimento deste risco) já existia desde 2007.
O Revisor Oficial de Contas (ROC) da Caixa alertou, em 2007, para o risco de “fraudes ou erros” poderem ocorrer sem serem detetados devido às limitações do sistema de controlo interno (SCI) do banco público nas áreas de gestão de risco, compliance e auditoria interna.
Entretanto, o alerta não foi levado a sério (ou não quiseram levar a sério) pelo governo de José Socrates (foto, à direita. Socrates chegou a ter prisão preventiva).
Em junho de 2012, o governo português aumentou o capital da CGD em 1,65 bilhão.
Em postagem anterior comentamos de uma auditoria que estava sendo feita pela empresa de auditoria EY. Parte do documento tinha sido divulgado
Nesta confusão, a empresa de auditoria EY fez um relatório preliminar sobre a entidade, com data de dezembro de 2017. O documento mostra que diversos empréstimos foram realizados, mesmo com parecer desfavorável da área técnica. Mais ainda, o relatório mostra que gestores da CGD receberam bônus de desempenho, mesmo com prejuízos. Esta política de remuneração não ajudou muito a instituição.
Mais detalhes do relatório apareceram. Inicialmente, o judiciário negou o acesso do legislativo ao documento, mas isto ocorreu nos últimos dias. O relato da EY contempla 186 operações de crédito analisadas, com perdas de 1,6 bilhão de euro. A maior parte das operações ocorreu entre 2000 a 2007 (127 operações e perdas de 1,1 bilhão) e 2008 a 2011 (47 e perdas de 477 milhões de euros).
O relato da EY mostra os procedimentos adotados na concessão de crédito e monitoramento. Somente 25 operações representaram 77% das perdas. A partir de 2000, as operações vultuosas da CGD deveriam ter uma análise de risco. Das operações que se enquadram (170), somente 14 tiveram um parecer de risco favorável.
Isto levantou uma suspeita sobre o papel do auditor externo da instituição na época, a Deloitte. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que saber se a empresa avaliou os riscos das operações de crédito. O irônico é que somente em janeiro de 2016 que a CMVM ganhou poderes para avaliar os auditores. Mas o risco de estarem existindo fraudes na gestão da CGD (e o conhecimento deste risco) já existia desde 2007.
O Revisor Oficial de Contas (ROC) da Caixa alertou, em 2007, para o risco de “fraudes ou erros” poderem ocorrer sem serem detetados devido às limitações do sistema de controlo interno (SCI) do banco público nas áreas de gestão de risco, compliance e auditoria interna.
Entretanto, o alerta não foi levado a sério (ou não quiseram levar a sério) pelo governo de José Socrates (foto, à direita. Socrates chegou a ter prisão preventiva).
Em junho de 2012, o governo português aumentou o capital da CGD em 1,65 bilhão.
História da Contabilidade: Contabilidade e Literatura - Parte 2
A seguir dois trechos de Vão Gogo, escrito e publicado no O Cruzeiro, na década de 50:
Isto é Matemática !
Somando, multiplicando, dividindo e subtraindo o essencial das coisas, apresentamos aqui mais um tópico dessa difícil contabilidade que é viver hoje em dia.
Soma
Mãe de família em desespero + monstro de crueldade = Novela de rádio
Vira-lata + Carrocinha = Sabão Português
Circulo + Círculo + Círculo + Círculo = Círculo Vicioso
Subtração
Homem - Cabelo = "A esperança é a última que morre"
Morador de Copacabana - Cadilaque = Complexo
Mulher linda - roupa = nú artístico
Mulher feia - roupa = imoralidade
Multiplicação
Dedos x 50 = Tímido namorando
Imbecilidade x 100 = Tímido namorando
"Daqui a pouco terei coragem de beijá-la" x 100 = Tímido namorando
Divisão
Milk Shake : 2 = Paixão Juvenil
Uísque : 2 = Paixão Adulta
Bálsamo anti-reumático : 2 = paixão senil
(O Cruzeiro, p. 78, 1951, ed 42)
Em um longo artigo, ele comenta sobre as proezas dos comerciais (propagandas). Em um trecho específico, talvez sob a influencia da página que o Instituo Universal Brasileiro publicava na mesma revista, ele afirma:
"Nesse mundo que confesso um tanto frívolo, já que as mulheres correm atrás do homem apenas porque ele passou a usar uma nova água-de-colônia depois de barbear, nem tudo é frivolidade. Pois o Russo e o Francês podem ser apreendidos ´perfeita e rapidamente (em seis meses) e contabilidade é uma coisa que você começa a estudar hoje e sai perito amanhã"
(Pasárgada, O Cruzeiro, ed 30, 1955).
Vão Gogo não quer dizer que a contabilidade é fácil de aprender, mas que as propagandas fazem parecer que sim.
Isto é Matemática !
Somando, multiplicando, dividindo e subtraindo o essencial das coisas, apresentamos aqui mais um tópico dessa difícil contabilidade que é viver hoje em dia.
Soma
Mãe de família em desespero + monstro de crueldade = Novela de rádio
Vira-lata + Carrocinha = Sabão Português
Circulo + Círculo + Círculo + Círculo = Círculo Vicioso
Subtração
Homem - Cabelo = "A esperança é a última que morre"
Morador de Copacabana - Cadilaque = Complexo
Mulher linda - roupa = nú artístico
Mulher feia - roupa = imoralidade
Multiplicação
Dedos x 50 = Tímido namorando
Imbecilidade x 100 = Tímido namorando
"Daqui a pouco terei coragem de beijá-la" x 100 = Tímido namorando
Divisão
Milk Shake : 2 = Paixão Juvenil
Uísque : 2 = Paixão Adulta
Bálsamo anti-reumático : 2 = paixão senil
(O Cruzeiro, p. 78, 1951, ed 42)
Em um longo artigo, ele comenta sobre as proezas dos comerciais (propagandas). Em um trecho específico, talvez sob a influencia da página que o Instituo Universal Brasileiro publicava na mesma revista, ele afirma:
"Nesse mundo que confesso um tanto frívolo, já que as mulheres correm atrás do homem apenas porque ele passou a usar uma nova água-de-colônia depois de barbear, nem tudo é frivolidade. Pois o Russo e o Francês podem ser apreendidos ´perfeita e rapidamente (em seis meses) e contabilidade é uma coisa que você começa a estudar hoje e sai perito amanhã"
(Pasárgada, O Cruzeiro, ed 30, 1955).
Vão Gogo não quer dizer que a contabilidade é fácil de aprender, mas que as propagandas fazem parecer que sim.
História da Contabilidade: Contabilidade e Literatura Parte 1
A contabilidade tem uma longa relação com a literatura. Pode parecer estranho que os "números frios" da contabilidade possam revelar algo de útil para um escrito. Mas é verdade.
Já comentamos aqui sobre Bartleby, o Escrevente. É bastante conhecido que Fernando Pessoa foi editor de um periódico de contabilidade.
No Brasil tivemos que Artur Azevedo foi promovido a Diretor-Geral de Contabilidade, duas semanas antes de sua morte (Fonte: O Cruzeiro, 22 de setembro de 1956, p. 44). Mais ainda, o grande Machado de Assis, o maior escritor brasileiro de todos os tempos, ocupava, nas palavras de Thiago de Mello, o cargo de Diretor-Geral da Contabilidade, "alto cargo a que chegou, após sucessivas promoções (o texto de Thiago de Mello também foi publicado na revista O Cruzeiro, 4 outubro de 1958, edição 51. A citação é da p. 83)
Na próxima postagem, vamos fazer uma homenagem a esta relação através de Vão Gogo. Na verdade, Vão Gogo era nada mais, nada menos que um dos maiores escritores de todos os tempos, Millor Fernandes.
Já comentamos aqui sobre Bartleby, o Escrevente. É bastante conhecido que Fernando Pessoa foi editor de um periódico de contabilidade.
No Brasil tivemos que Artur Azevedo foi promovido a Diretor-Geral de Contabilidade, duas semanas antes de sua morte (Fonte: O Cruzeiro, 22 de setembro de 1956, p. 44). Mais ainda, o grande Machado de Assis, o maior escritor brasileiro de todos os tempos, ocupava, nas palavras de Thiago de Mello, o cargo de Diretor-Geral da Contabilidade, "alto cargo a que chegou, após sucessivas promoções (o texto de Thiago de Mello também foi publicado na revista O Cruzeiro, 4 outubro de 1958, edição 51. A citação é da p. 83)
Na próxima postagem, vamos fazer uma homenagem a esta relação através de Vão Gogo. Na verdade, Vão Gogo era nada mais, nada menos que um dos maiores escritores de todos os tempos, Millor Fernandes.
Rir é o melhor remédio
Propaganda da Letgo. Inicialmente, diversas esculturas famosas (e de qualidade) encerrando com a "estátua" de Cristiano Ronaldo.
Depois, diversos quadros famosos, finalizando com uma obra "recuperada" por uma amadora na Espanha.
Para finalizar, as camisas vitoriosas do Brasil. A última, a camisa usada no 1x7.
Campanha: melhor vender coisas que não são úteis.
Depois, diversos quadros famosos, finalizando com uma obra "recuperada" por uma amadora na Espanha.
Para finalizar, as camisas vitoriosas do Brasil. A última, a camisa usada no 1x7.
Campanha: melhor vender coisas que não são úteis.
02 fevereiro 2019
Risco Moral no Futebol
Sobre as finanças dos clubes de futebol (vide anteriormente aqui sobre o desempenho dos clubes europeus), Stefan Szymanski faz uma breve análise sobre a falência dos clubes europeus. Para ele, a questão da falência dos clubes está vinculada ao desempenho da equipe em termos de resultados e receita. Se este desempenho persistir por vários anos, isto poderia levar à insolvência. Mas para ele, a insolvência não é previsível, embora o rebaixamento pode ser importante como explicação. Ao ser rebaixado, o time perde receita, que pode levar ao aumento da chance de insolvência. (aqui uma lista de ex-clubes do futebol inglês, como exemplo)
Para evitar esta insolvência, uma possibilidade é fazer um seguro. Seria constituído um fundo para evitar os problemas financeiros. Mas mecanismos de seguro geralmente estão associados ao problema do risco moral, lembra Szymanski. Nesta situação, o clube termina assumindo riscos mais elevados. É similar ao caso do motorista que tem seguro no seu carro e, por este motivo, dirige de forma mais imprudente.
Talvez a questão no Brasil também envolva o problema de risco moral, mas de forma diferente. Muitos clubes de futebol assumem riscos desnecessários, contratando jogadores caros ou fazendo obras desnecessárias, sabendo que em caso de dificuldade, dívidas não pagas, em especial as dívidas com o governo, serão perdoadas. O ambiente torna-se propício para que riscos desnecessários sejam assumidos, contando com o perdão futuro ou o aparecimento de um patrono para resolver os problemas de gestão.
A questão é que este estilo se esgota com o tempo. Provavelmente o governo irá exercer mais pressão para receber suas dívidas e poucas pessoas estarão dispostas a colocar dinheiro em um clube sabendo do elevado risco e baixo retorno. O rebaixamento de alguns clubes tradicionais poderia levar, no futuro, sua falência.
Para evitar esta insolvência, uma possibilidade é fazer um seguro. Seria constituído um fundo para evitar os problemas financeiros. Mas mecanismos de seguro geralmente estão associados ao problema do risco moral, lembra Szymanski. Nesta situação, o clube termina assumindo riscos mais elevados. É similar ao caso do motorista que tem seguro no seu carro e, por este motivo, dirige de forma mais imprudente.
Talvez a questão no Brasil também envolva o problema de risco moral, mas de forma diferente. Muitos clubes de futebol assumem riscos desnecessários, contratando jogadores caros ou fazendo obras desnecessárias, sabendo que em caso de dificuldade, dívidas não pagas, em especial as dívidas com o governo, serão perdoadas. O ambiente torna-se propício para que riscos desnecessários sejam assumidos, contando com o perdão futuro ou o aparecimento de um patrono para resolver os problemas de gestão.
A questão é que este estilo se esgota com o tempo. Provavelmente o governo irá exercer mais pressão para receber suas dívidas e poucas pessoas estarão dispostas a colocar dinheiro em um clube sabendo do elevado risco e baixo retorno. O rebaixamento de alguns clubes tradicionais poderia levar, no futuro, sua falência.
Contabilidade de um atleta
A UEFA divulgou um rico relatório sobre o futebol europeu. Os dados incluem salários, propriedade dos clubes, estádios, patrocinadores, receitas, custos operacionais, transferências de atletas e balanços.
Nos dados fica muito claro que o campeonato inglês é o mais rico em receitas, número de pessoas que comparecem nos estádios, patrocínios e outros índices. A UEFA enfatizou que pela primeira vez positivo, desde 2008. Para a UEFA, as regras de fair play financeira ajudam a explicar isto.
O site Soccernomics parece discordar; e enxerga que a explicação pode ser contábil. O ano de 2017 foi aquele recorde no valor das transferências. Na página 86 do relatório, a UEFA afirma:
Accounting for transfer activity is somewhat counterintuitive. When transfer spending goes up, the net cost of transfer activity, and therefore the level of aggregate club losses, is likely to go down. This is because of a difference in timing: profits, which increase if transfer activity goes up, are triggered immediately on sale, while costs, which also increase if transfer activity goes up, are spread out over the duration of players’ contracts (typically three to five years).
Assim, quando ocorre uma transferência de um atleta, para o clube que vendeu, o valor aparecerá na receita imediatamente. Para quem contra, o valor ficará diluído pelos anos do contrato do clube, geralmente de 3 a 5 anos. Por exemplo, se um atleta assina uma transferência de 100 milhões, isto será receita para o clube que “vendeu” os direitos, mas será ativo, amortizado pelo período do contrato. Como 2017 ocorreu um grande salto no volume de transferências, isto aumentou a receita, mas não os custos. Assim, parte da lucratividade não é do fair-play, mas do volume de transferências.
Nos dados fica muito claro que o campeonato inglês é o mais rico em receitas, número de pessoas que comparecem nos estádios, patrocínios e outros índices. A UEFA enfatizou que pela primeira vez positivo, desde 2008. Para a UEFA, as regras de fair play financeira ajudam a explicar isto.
O site Soccernomics parece discordar; e enxerga que a explicação pode ser contábil. O ano de 2017 foi aquele recorde no valor das transferências. Na página 86 do relatório, a UEFA afirma:
Accounting for transfer activity is somewhat counterintuitive. When transfer spending goes up, the net cost of transfer activity, and therefore the level of aggregate club losses, is likely to go down. This is because of a difference in timing: profits, which increase if transfer activity goes up, are triggered immediately on sale, while costs, which also increase if transfer activity goes up, are spread out over the duration of players’ contracts (typically three to five years).
Assim, quando ocorre uma transferência de um atleta, para o clube que vendeu, o valor aparecerá na receita imediatamente. Para quem contra, o valor ficará diluído pelos anos do contrato do clube, geralmente de 3 a 5 anos. Por exemplo, se um atleta assina uma transferência de 100 milhões, isto será receita para o clube que “vendeu” os direitos, mas será ativo, amortizado pelo período do contrato. Como 2017 ocorreu um grande salto no volume de transferências, isto aumentou a receita, mas não os custos. Assim, parte da lucratividade não é do fair-play, mas do volume de transferências.
Goldman Sachs e o 1MDB
No passado, o governo da Malásia tinha um fundo soberano denominado 1MDB. Com o tempo, este fundo tornou-se uma fonte de recursos para políticos corruptos; até algumas celebridades aproveitaram do dinheiro, sabendo ou não da origem escusa do dinheiro.
Nesta semana, o governo da Malásia puniu uma das empresas responsáveis pelo escândalo: a empresa de auditoria responsável de verificação das aplicações que parece que sabia sobre o que estava ocorrendo.
Talvez antecipando a uma punição, a empresa Goldman Sachs resolveu reter um bônus, no valor de 7 milhões de dólares, que seria pago para um ex-executivo. Esta retenção será até quando as investigações sobre o envolvimento do banco no escândalo for esclarecida. Outros executivos podem ter seus proventos reduzidos se for comprovado que seu "desempenho" foi ajudado pelo papel que o banco teve na venda de títulos que arrecadaram 6,5 bilhões de dólares.
(Foto: Miranda Kerr, que ganhou presentes de um dos envolvidos)
Nesta semana, o governo da Malásia puniu uma das empresas responsáveis pelo escândalo: a empresa de auditoria responsável de verificação das aplicações que parece que sabia sobre o que estava ocorrendo.
Talvez antecipando a uma punição, a empresa Goldman Sachs resolveu reter um bônus, no valor de 7 milhões de dólares, que seria pago para um ex-executivo. Esta retenção será até quando as investigações sobre o envolvimento do banco no escândalo for esclarecida. Outros executivos podem ter seus proventos reduzidos se for comprovado que seu "desempenho" foi ajudado pelo papel que o banco teve na venda de títulos que arrecadaram 6,5 bilhões de dólares.
(Foto: Miranda Kerr, que ganhou presentes de um dos envolvidos)
Deutsche volta a ter lucro
Com problemas de controle interno e acusações diversas, o Deustche Bank, o maior banco da Alemanha, divulgou ontem o primeiro lucro anual desde 2014. Assim como ocorreu na GE, não foi um grande lucro: 341 milhões de euros de lucro líquido. Mas em 2017 foi um prejuízo de 735 milhões.
O Deustche reduziu o número de funcionários (menos 6 mil), reduziu a receita e existe uma especulação de que o governo alemão estaria preparando uma fusão com o Commerzbank, desmentida pelos executivos. No mesmo dia que divulgava os novos números, especulava-se que o Deustche poderia ser processado por conluio na venda de títulos.
O Deustche reduziu o número de funcionários (menos 6 mil), reduziu a receita e existe uma especulação de que o governo alemão estaria preparando uma fusão com o Commerzbank, desmentida pelos executivos. No mesmo dia que divulgava os novos números, especulava-se que o Deustche poderia ser processado por conluio na venda de títulos.
01 fevereiro 2019
Doe sangue
Olha que história legal: recentemente, Lin Xiaofen disse ao seu namorado que teve um acidente de carro terrível há 11 anos. Sua vida foi salva graças a 10 litros de sangue, além de plaquetas. Seu namorado perguntou: “Será que era meu sangue?” Na época, Lian, o namorado, era doador regular. Foi o suficiente para despertar a curiosidade de Lin. Ela solicitou informações sobre a pessoa que tinha doado o sangue e confirmou: era Lian o doador, que tinha salvado sua vida, antes de se conhecerem.
Fonte: aqui
Malásia multa auditor
O regulador da Malásia multou a empresa de auditoria Deloitte em 584 milhões de dólares pelo seu trabalho no fundo estatal 1MDB. O regulador do país asiático afirmou que a empresa de auditoria encontrou irregularidades na sua auditoria, mas não cumpriu com suas obrigações.
O escândalo do fundo 1MDB envolveu o ex-dirigente máximo do país. O fundo soberano foi usado para gastos inadequados, como a compra de um iate e outros. Os valores foram desviados. Um dos envolvidos, Jho Low, usou o dinheiro para comprar presentes caros para suas ex-namoradas (Miranda Kerr, Paris Hilton e Elva Hsiao) ou brindes para "amigos (Foxx, Alicia Keys e DiCaprio. Por sinal, este último chegou a prestar depoimento para esclarecer a amizade)
Recentemente um jornal chinês chegou a anunciar que o regulador estava analisando o papel do auditor no escândalo.
(Foto: Low e Hilton)
O escândalo do fundo 1MDB envolveu o ex-dirigente máximo do país. O fundo soberano foi usado para gastos inadequados, como a compra de um iate e outros. Os valores foram desviados. Um dos envolvidos, Jho Low, usou o dinheiro para comprar presentes caros para suas ex-namoradas (Miranda Kerr, Paris Hilton e Elva Hsiao) ou brindes para "amigos (Foxx, Alicia Keys e DiCaprio. Por sinal, este último chegou a prestar depoimento para esclarecer a amizade)
Recentemente um jornal chinês chegou a anunciar que o regulador estava analisando o papel do auditor no escândalo.
(Foto: Low e Hilton)
GE em recuperação?
A General Electric é uma empresa com mais de um século de vida. Chegou a ser a empresa mais valiosa do mundo, sinal de boa gestão. Os últimos anos foram ruins, com uma queda de braço com alguns acionistas para manter uma ligação centenária com a KPMG e suspeita de falência.
No último dia de janeiro a empresa divulgou alguns números contábeis. E a reação dos investidores foi positiva, com uma valorização de 17% nas ações. O lucro foi pequeno, de 666 milhões (número cabalístico), para uma receita de 31 bilhões. Mas muito melhor do que o esperado. Além disto, a nova gestão parece estar tentando resolver alguns problemas do passado, como investigação do governo dos EUA. E reformulando a área de energia (mais aqui).
O lendário CEO Jack Welch administrou a GE por 20 anos. Seu sucessor, Immelt, durou 16 anos; e Flannery apenas um. Não é de admirar que Culp esteja se movendo rapidamente.
O ano de 2018 foi realmente ruim. Por este motivo, um certo otimismo. Mas o resultado não foi dos melhores:
"Os únicos dados relevantes nos números trimestrais são que as vendas reais e o fluxo de caixa livre do negócio industrial foram melhores do que o esperado", disse Nicholas Heymann, analista da William Blair.
Há ainda muitas questões e desafios pela frente. A atual gestão evita fazer projeções, mas tem falado de maneira franca com o mercado. Isto agrada.
No último dia de janeiro a empresa divulgou alguns números contábeis. E a reação dos investidores foi positiva, com uma valorização de 17% nas ações. O lucro foi pequeno, de 666 milhões (número cabalístico), para uma receita de 31 bilhões. Mas muito melhor do que o esperado. Além disto, a nova gestão parece estar tentando resolver alguns problemas do passado, como investigação do governo dos EUA. E reformulando a área de energia (mais aqui).
O lendário CEO Jack Welch administrou a GE por 20 anos. Seu sucessor, Immelt, durou 16 anos; e Flannery apenas um. Não é de admirar que Culp esteja se movendo rapidamente.
O ano de 2018 foi realmente ruim. Por este motivo, um certo otimismo. Mas o resultado não foi dos melhores:
"Os únicos dados relevantes nos números trimestrais são que as vendas reais e o fluxo de caixa livre do negócio industrial foram melhores do que o esperado", disse Nicholas Heymann, analista da William Blair.
Há ainda muitas questões e desafios pela frente. A atual gestão evita fazer projeções, mas tem falado de maneira franca com o mercado. Isto agrada.
Importância do Regime de Competência para o Setor Público
Quando Margaret Thatcher chegou ao poder na Grã-Bretanha, em 1979, uma das suas ações foi a venda de propriedades para o setor privado. Isto incluía terra, campos, parques escolares e outros. Estima-se que um total de 400 bilhões de libras, mas este número carrega muita incerteza em razão de existirem poucos dados sobre o que foi vendido, para quem e qual o preço.
A adoção do regime de competência no setor público ajudou e serviu como um ponto de virada:
The move to accrual accounting is pinpointed as a potential turning point: “Different accounting systems represent different ways of seeing: something visible under one system may not be visible under another, something accorded significant value under one system may be valued much less highly under another.” Accrual accounting makes it more likely that the value of public land will be recognised, and so bargain basement sell-offs less likely. For instance, many councils were valuing parks at £1 each. On the other hand, recognising their true worth – say £100m – makes them an even more tempting target for the Treasury to require to be sold.
Isto realmente é interessante. A contabilidade por competência, ao reconhecer como ativo um terreno, poderia então evitar que bens públicos fossem vendidos como pechincha.
Mas existe o outro lado da moeda: ao avaliar estes bens públicos, muitas vezes sem uma base consistente, isto poderia contribuir para que um bem público dispensável pudesse ser vendido. Haveria uma resistência na comparação entre o preço que seria obtido no mercado e o valor existente na contabilidade. Veja o caso da Eletrobras; estimamos que a empresa destruiu 562 bilhões de reais em valor. O ativo desta empresa é de 178 bilhões de reais. Mas este é o valor contábil dos ativos, não indicando que a empresa irá ou não gerar valor no futuro.
A adoção do regime de competência no setor público ajudou e serviu como um ponto de virada:
The move to accrual accounting is pinpointed as a potential turning point: “Different accounting systems represent different ways of seeing: something visible under one system may not be visible under another, something accorded significant value under one system may be valued much less highly under another.” Accrual accounting makes it more likely that the value of public land will be recognised, and so bargain basement sell-offs less likely. For instance, many councils were valuing parks at £1 each. On the other hand, recognising their true worth – say £100m – makes them an even more tempting target for the Treasury to require to be sold.
Isto realmente é interessante. A contabilidade por competência, ao reconhecer como ativo um terreno, poderia então evitar que bens públicos fossem vendidos como pechincha.
Mas existe o outro lado da moeda: ao avaliar estes bens públicos, muitas vezes sem uma base consistente, isto poderia contribuir para que um bem público dispensável pudesse ser vendido. Haveria uma resistência na comparação entre o preço que seria obtido no mercado e o valor existente na contabilidade. Veja o caso da Eletrobras; estimamos que a empresa destruiu 562 bilhões de reais em valor. O ativo desta empresa é de 178 bilhões de reais. Mas este é o valor contábil dos ativos, não indicando que a empresa irá ou não gerar valor no futuro.
31 janeiro 2019
Comprando na Internet
Usando dados da Heap, uma empresa de infra-estrutura de negócios on-line, o site Priceonomics descobriu que apesar da popularidade dos smartphones, a maioria das pessoas ainda usa o desktop para fazer suas compras. Usando dados de um ano, entre outubro de 2017 a setembro de 2018, o resultado mostra que 56% das vendas ocorre via desktop; com telefone móvel o volume das vendas é de 36%. Mas parece existir uma tendência de crescimento na utilização dos celulares. O tablet tem pouca participação, com tendência de queda.
Já em termos dos sistemas operacionais, há um predomínio do iOS e Mac. Juntos, as plataformas da Apple geram 63% das vendas do comércio eletrônico.
Já em termos dos sistemas operacionais, há um predomínio do iOS e Mac. Juntos, as plataformas da Apple geram 63% das vendas do comércio eletrônico.
Big Brother Chinês
Se o Big Brother existe, ele está localizado na China.
Uma reportagem da Quartz informa que todos os carros elétricos do país entregam dados para o governo (vide imagem acima). Há um convênio entre o governo e as empresas fabricantes, onde estas fornecem os dados.
Em geral os carros elétricos são conectados à internet e encaminham informações para o fabricante. Isto ocorre em todo o lugar do mundo. Os fabricantes consideram que estas informações são úteis para melhorar o desempenho do automóvel e atualizar o sistema operacional. Na China, estes dados são encaminhados ao governo também.
São 1,4 milhão de automóveis movidos à eletricidade na China, com informação sobre localização, desempenho da bateria e outras dezenas de dados. Para o governo, os dados são para melhorar a segurança pública, fazer o planejamento e coibir fraudes dos fabricantes. Em tempo real.
Quando um consumidor compra um automóvel, ele assina um termo de consentimento para fornecer estes dados.
para as montadoras, fornecer dados de carros elétricos ao governo de partido único da China é apenas mais um custo de fazer negócios no país.
Este tipo de informação reforça a batalha de alguns governos ocidentais contra a Huawei, um fornecedora de hardware, acusada de espionar para o governo chinês.
Uma reportagem da Quartz informa que todos os carros elétricos do país entregam dados para o governo (vide imagem acima). Há um convênio entre o governo e as empresas fabricantes, onde estas fornecem os dados.
Em geral os carros elétricos são conectados à internet e encaminham informações para o fabricante. Isto ocorre em todo o lugar do mundo. Os fabricantes consideram que estas informações são úteis para melhorar o desempenho do automóvel e atualizar o sistema operacional. Na China, estes dados são encaminhados ao governo também.
São 1,4 milhão de automóveis movidos à eletricidade na China, com informação sobre localização, desempenho da bateria e outras dezenas de dados. Para o governo, os dados são para melhorar a segurança pública, fazer o planejamento e coibir fraudes dos fabricantes. Em tempo real.
Quando um consumidor compra um automóvel, ele assina um termo de consentimento para fornecer estes dados.
para as montadoras, fornecer dados de carros elétricos ao governo de partido único da China é apenas mais um custo de fazer negócios no país.
Este tipo de informação reforça a batalha de alguns governos ocidentais contra a Huawei, um fornecedora de hardware, acusada de espionar para o governo chinês.
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