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03 fevereiro 2019

CGD, com certeza. Parte II

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o maior banco de Portugal. Seu controle é exercido pelo governo. Durante os anos de 2000 a 2015 a CGD não prestou muita atenção nos riscos dos empréstimos.

Em postagem anterior comentamos de uma auditoria que estava sendo feita pela empresa de auditoria EY. Parte do documento tinha sido divulgado

Nesta confusão, a empresa de auditoria EY fez um relatório preliminar sobre a entidade, com data de dezembro de 2017. O documento mostra que diversos empréstimos foram realizados, mesmo com parecer desfavorável da área técnica. Mais ainda, o relatório mostra que gestores da CGD receberam bônus de desempenho, mesmo com prejuízos. Esta política de remuneração não ajudou muito a instituição.

Mais detalhes do relatório apareceram. Inicialmente, o judiciário negou o acesso do legislativo ao documento, mas isto ocorreu nos últimos dias. O relato da EY contempla 186 operações de crédito analisadas, com perdas de 1,6 bilhão de euro. A maior parte das operações ocorreu entre 2000 a 2007 (127 operações e perdas de 1,1 bilhão) e 2008 a 2011 (47 e perdas de 477 milhões de euros).

O relato da EY mostra os procedimentos adotados na concessão de crédito e monitoramento. Somente 25 operações representaram 77% das perdas. A partir de 2000, as operações vultuosas da CGD deveriam ter uma análise de risco. Das operações que se enquadram (170), somente 14 tiveram um parecer de risco favorável.

Isto levantou uma suspeita sobre o papel do auditor externo da instituição na época, a Deloitte. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que saber se a empresa avaliou os riscos das operações de crédito. O irônico é que somente em janeiro de 2016 que a CMVM ganhou poderes para avaliar os auditores. Mas o risco de estarem existindo fraudes na gestão da CGD (e o conhecimento deste risco) já existia desde 2007.

O Revisor Oficial de Contas (ROC) da Caixa alertou, em 2007, para o risco de “fraudes ou erros” poderem ocorrer sem serem detetados devido às limitações do sistema de controlo interno (SCI) do banco público nas áreas de gestão de risco, compliance e auditoria interna.

Entretanto, o alerta não foi levado a sério (ou não quiseram levar a sério) pelo governo de José Socrates (foto, à direita. Socrates chegou a ter prisão preventiva).

Em junho de 2012, o governo português aumentou o capital da CGD em 1,65 bilhão.

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