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25 setembro 2025

Europa tenta reduzir o greenwashing

 

A moda verde, que destacava o cuidado de uma empresa com o meio ambiente, trouxe problemas para o público em geral, já que é muito difícil comprovar as atitudes efetivas das organizações. Essa falta de verificabilidade tornou-se um forte incentivo à manipulação, com a “vocação verde” sendo usada como estratégia de marketing. O termo greenwashing foi criado para resumir o fato de que empresas exageravam no discurso ambiental, com pouca comprovação real dos fatos. Em alguns casos, as informações eram enganosas; em outros, simplesmente vagas. Um estudo da Comissão Europeia, baseado em 150 declarações ambientais, mostrou que mais da metade se enquadrava nessas categorias.

Diante disso, a Europa está propondo mudanças normativas para que as alegações ambientais sejam mais confiáveis. Entre as medidas estão a proibição de afirmações genéricas, a exigência de selos de sustentabilidade baseados em certificações independentes, a definição de metas claras, realistas e verificáveis e a obrigatoriedade de transparência metodológica.

Embora essas normas possam reduzir o greenwashing, também trarão custos de conformidade, o que pode inibir a divulgação de informações ambientais por parte de algumas empresas.

Ex-presidente francês é condenado


Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado a cinco anos de prisão e a uma multa de €100.000 após ser considerado culpado de conspiração criminosa. O motivo da condenação está vinculado a um suposto financiamento ilícito por parte do falecido ditador líbio Muammar Gaddafi para sua campanha eleitoral de 2007. 

Sarkozy foi presidente entre 2007 a 2012 e sua acusação afirma que o ex-presidente faria esforços para reabilitar a imagem de Gaddafi, que estava desgastada, perante o Ocidente. O processo absorveu Sarkozy de corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha. Mas a juíza do caso afirmou que ele permitiu que auxiliares próximos mantivesse contato com autoridades do governo líbio para obtenção de apoio financeiro. O filho de Gaddafi, Saif al-Islam, acusou Sarkozy de aceitar recursos da Líbia para a campanha. Outro acusador afirma que recebeu 50 milhões de euros. 

Esta não é a primeira acusação contra ele. No ano passado Sarkozy foi condenado a ano por exceder o limite legal de gastos na campanha de reeleição de 2012. Antes disso, em 2021, foi condenado por tentar subornar um juiz em troca de informações. 

Fonte: aqui e aqui 

Felicidade

Em meu estudo recente, publicado no European Journal of Social Psychology, desenvolvi uma nova medida, a satisfação de vida ajustada à riqueza (WALS), para captar essa diferença. O WALS não pergunta apenas “quão feliz é este país?”, mas também “quão feliz é este país considerando sua riqueza?”. Em outras palavras, quão eficazmente um país transforma recursos econômicos em bem-estar subjetivo?

As conclusões, baseadas em dados de 116 países, desafiam uma das suposições mais comuns sobre a felicidade: a de que riqueza traz automaticamente felicidade. Em vez disso, os resultados revelam uma história mais complexa — e mais promissora.

O gráfico mostra o resultado. Quando mais verde, melhor a felicidade e a cor vermelha é ruim. Nicarágua, Nepal, Finlândia e Quirguistão lideram. O Brasil está em 17o. Alguns países ricos, como Coreia do Sul, Hong Kong e Bahrein ficam abaixo das expectativas de felicidade dado seu nível de riqueza. 

Há fatores que explicam o resultado, como a qualidade percebida no trabalho, sensação de liberdade para tomar decisões, aproveitamento do lazer, as conexões sociais fortes, entre outros. 

Acionistas do Setor aéreo perderam com a desregulamentação

Após a desregulação da aviação nos EUA em 1978, que permitiu que companhias definissem tarifas e rotas livremente, o setor experimentou forte expansão devido ao aumento da competição. Consumidores se beneficiaram com tarifas mais baixas e maior oferta de voos; empregados ganharam com salários e benefícios mais elevados; fornecedores de combustível também viram demanda crescer. 


 

Contudo, acionistas foram os que menos se beneficiaram — e os que mais sofreram em momentos ruins. Uma pesquisa (via aqui), com dados de 16 companhias aéreas entre 1980 e 2019 (evitando os efeitos da pandemia) e estimou o valor total gerado ano a ano, distribuído entre stakeholders (consumidores, empregados, fornecedores e acionistas). O resultado está resumido na figura a seguir:

(Veja que foi possível chegar a conclusão sem a necessidade da DVA)
 

Dinheiro, justiça e ciência


O diretor da Escola de Saúde Pública de Harvard, Andrea A. Baccarelli, recebeu pelo menos US$ 150.000 para testemunhar contra a fabricante do Tylenol em 2023 — dois anos antes de publicar uma pesquisa usada pelo governo Trump para relacionar o medicamento ao autismo, uma conexão que especialistas dizem ser, na melhor das hipóteses, frágil.

Baccarelli atuou como testemunha especialista em nome de pais e responsáveis por crianças que processavam a Johnson & Johnson, então fabricante do Tylenol. A juíza Denise L. Cote, do Tribunal Distrital dos EUA, rejeitou o caso no ano passado por falta de evidências científicas, descartando o testemunho de Baccarelli no processo.

“Ele selecionou e distorceu resultados de estudos e se recusou a reconhecer o papel da genética na etiologia” do transtorno do espectro autista ou do TDAH, escreveu Cote em sua decisão, que desde então foi apelada pelos autores da ação.

Via aqui. A participação de especialistas em processos judiciais não deixa de ser interessante. A questão é quando a remuneração provoca uma atitude questionável, como foi o caso de Baccarelli. Isto é comum em diversas áreas, inclusive na contabilidade. 

24 setembro 2025

Índia quer criar uma grande empresa de auditoria


Eis a notícia:

O Gabinete do Primeiro-Ministro (PMO) convocou uma reunião em 23 de setembro para deliberar sobre mudanças regulatórias e outras medidas necessárias para viabilizar a criação de firmas domésticas de auditoria e consultoria comparáveis às chamadas “Big Four”, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A reunião — que será presidida por Shaktikanta Das, secretário-principal-2 do Primeiro-Ministro — sinaliza o movimento coordenado do governo para permitir que empresas nacionais ganhem escala e abocanhem uma fatia do mercado global de auditoria e consultoria, de 240 bilhões de dólares. 

A notícia é Economic Times, via Going Concern. A Inglaterra pensou em rachar as grandes empresas de auditoria e parece que desistiu. Há algo que possa ser feito?

Mais sobre a notícia aqui 

Políticas Públicas e SciELO


Os resultados apresentados mostram que a pesquisa publicada no SciELO tem alcançado relevância significativa em documentos de políticas públicas, com destaque a um número significativo de documentos brasileiros. Apesar da grande variedade de áreas de políticas públicas citando pesquisa publicada no SciELO, as análises iniciais revelam impacto em políticas em áreas como saúde e economia. 

O texto todo está aqui 

Quando o Imposto Molda a Fé


Isenções fiscais para organizações religiosas são comuns em todo o mundo e são fundamentais para a sustentabilidade financeira de muitas igrejas. Mas essas políticas, aparentemente neutras, podem ter consequências não intencionais que reconfiguram mercados religiosos e sistemas políticos.

Em um artigo no American Economic Journal: Microeconomics, os autores Raphael Corbi e Fabio Miessi Sanches mostram como as generosas isenções fiscais do Brasil para igrejas aceleraram inadvertidamente o declínio da dominância católica, ao mesmo tempo em que impulsionaram o crescimento entre denominações evangélicas.

“As isenções concedidas a igrejas são bastante disseminadas e muitas vezes até automáticas”, disse Corbi à AEA em entrevista. “Mas raramente são avaliadas em termos de suas consequências econômicas ou institucionais.”

Segundo Corbi, o Brasil oferece um estudo de caso convincente. O país passou por uma transformação religiosa dramática nas últimas décadas, saindo de uma predominância católica esmagadora para um cenário muito mais diverso, no qual as igrejas evangélicas ganharam participação substancial. Algumas projeções sugerem que o número de evangélicos pode chegar a 40% da população brasileira até 2032, superando a proporção de católicos.

Em vez de simplesmente documentar correlações, os pesquisadores construíram o que chamam de “modelo dinâmico de entrada e saída da concorrência religiosa”. Eles analisaram dados da Receita Federal do Brasil cobrindo todas as organizações religiosas registradas de 1992 a 2018, concentrando-se em 246 municípios isolados para garantir fronteiras de mercado claras.

O modelo trata as igrejas como empresas concorrentes, cada uma enfrentando decisões sobre onde entrar em novos mercados com base em custos de entrada, despesas operacionais contínuas e competição de igrejas já existentes. Ao acompanhar as aberturas e fechamentos reais de templos por quase três décadas, os pesquisadores conseguiram estimar esses parâmetros de custo para diferentes denominações e, em seguida, simular cenários contrafactuais perguntando o que teria acontecido se as igrejas enfrentassem diferentes cargas tributárias.

O modelo mostrou que reduções nas alíquotas de impostos geralmente levam a maior entrada de todas as igrejas. Mas também revelou uma assimetria marcante na forma como igrejas católicas e evangélicas operam.

“Pareceu óbvio depois que encontramos, mas não antes”, observa Corbi. As igrejas evangélicas normalmente se expandem alugando prédios simples, com mobiliário básico, o que resulta em baixos custos de entrada, mas despesas correntes mais altas. Já as igrejas católicas constroem seus próprios templos, muitas vezes com arquitetura e obras de arte sofisticadas, exigindo investimentos iniciais substanciais, porém custos operacionais menores. Como a política brasileira de isenção tributária afeta principalmente as despesas operacionais contínuas, essa estrutura de custos assimétrica gera um benefício fiscal desproporcional para as igrejas evangélicas.

Os pesquisadores estimam que, removendo as isenções e impondo uma alíquota de 30% — próxima à típica alíquota corporativa —, a participação evangélica em templos teria sido reduzida em aproximadamente 20 pontos percentuais. Nesse cenário, algumas denominações evangélicas teriam participação média muito próxima de zero, indicando que tal imposto poderia limitar as opções religiosas disponíveis.

O efeito da política tributária vai além dos mercados religiosos e alcança a política. A bancada evangélica no Brasil cresceu de 27 membros em 1994 para 187 em 2018. Usando dados eleitorais, os pesquisadores constataram que, quando igrejas evangélicas abriam, a fatia de votos para candidatos evangélicos aumentava cerca de 5 pontos percentuais nas eleições subsequentes, em comparação a municípios semelhantes sem abertura de igreja.

As conclusões levantam questões importantes sobre a relação entre política tributária e liberdade religiosa. “As políticas deveriam ser neutras em relação à religião”, disse Corbi. “O Estado não deve dar vantagem a uma denominação sobre outra. Mas parece que essas políticas estão, inadvertidamente, privilegiando certas denominações.”

O trabalho dos autores mostra como ferramentas econômicas podem iluminar consequências não intencionais de políticas aparentemente neutras. À medida que organizações religiosas continuam a desempenhar papéis relevantes na política mundial, entender essas dinâmicas pode se tornar cada vez mais importante para os formuladores de políticas. 


Church Tax Exemption and Structure of Religious Markets: A Dynamic Structural Analysis appears in the August 2025 issue of the American Economic Journal: Microeconomics.

Fonte: aqui

IA, remédios e o gargalo regulatório


Com o uso de IA, haverá um aumento considerável no desenvolvimento de medicamentos. O potencial entrave está na regulação. Para que um medicamento chegue ao mercado, é necessário que ele seja aprovado pelos órgãos reguladores. No entanto, há um gargalo. Países que não forem ágeis o suficiente nesse processo provavelmente sofrerão prejuízo, pois a população terá atraso no acesso aos benefícios do avanço tecnológico.

Resolver isso exige mais agilidade e menos burocracia, o que aumenta o risco de aprovar medicamentos com efeitos colaterais indesejáveis ou sem eficácia para os pacientes.

Este é um exemplo de por que os reguladores - leia-se no blog a Fundação IFRS -  devem agir com agilidade para evitar prejuízos maiores para a sociedade.

Baseado aqui

Custo do DeepSeek


O poderoso modelo R1 da DeepSeek passou por revisão por pares — um dos primeiros grandes LLMs a passar por esse processo. Agora temos respostas para várias questões que ficaram em aberto desde que o modelo encantou o mundo da IA em janeiro: ele custou apenas US$ 294.000 para treinar (além do valor de US$ 6 milhões do modelo subjacente) e não aprendeu copiando exemplos de raciocínio gerados por modelos da OpenAI (embora tenha sido treinado na web, o que significa que pode ter absorvido conteúdos já disponíveis online gerados por IA).

A fonte é a Nature . Existia uma desconfiança que o custo da DeepSeek era bem menor que o ChatGPT, mas que parte da redução era decorrente do fato de que o modelo usado a OpenAI. A boa notícia é que o desenvolvimento da IA pode ser bem menor do que acreditava antes. 

Rir é o melhor remédio

 


23 setembro 2025

Espectro de palavra


Sobre a postagem anterior. Os pronunciamentos contábeis são repletos de termos cuja interpretação pode variar de acordo com a experiência e o entendimento de cada leitor. Nesse sentido, o conceito de espectro de palavras pode ser bastante útil. Palavras que parecem objetivas, como aquelas ligadas a níveis de probabilidade ou frequência, carregam nuances que não são iguais para todos.

Por exemplo, ao ler que um evento é “provável”, alguns podem interpretar como 60% de chance, outros como 80%. A expressão “raro” pode sugerir algo quase inexistente para uns, mas apenas incomum para outros. Essas diferenças de percepção afetam diretamente a forma como cada profissional aplica o pronunciamento na prática, especialmente quando se trata de reconhecer, mensurar ou divulgar informações financeiras.

Anteriormente já postamos sobre essa percepção aqui. Vale a pena a leitura.

Espectro de palavra


Um espectro de palavras destaca diferentes aspectos de um conceito de um extremo a outro. Ao organizar palavras em um espectro, podemos perceber suas diferenças sutis e nuances.

Por exemplo, um espectro de palavras para felicidade pode ir de “Miserável” em um extremo a “Extasiado” no outro, passando por “Melancólico”, “Satisfeito” e “Feliz” ao longo do caminho.

Ou um espectro de cansaço poderia ser: Dormindo – Sonolento – Atordoado – Acordado – Alerta – Energizado.

Não é uma ciência exata, e há bastante margem para que diferentes pessoas coloquem certas palavras em posições distintas. Observando muitos espectros, percebo que alguns escritores se destacam por escolher palavras específicas e talvez mais instigantes, como “saboroso” ou “de dar água na boca”, em vez do mais comum “delicioso”. Roald Dahl, por exemplo, frequentemente fazia seus personagens “engolirem gulosamente” em vez de simplesmente “comerem com fome”.

Fiquei curioso sobre espectros de palavras quando percebi que meu entendimento do espectro de aprovação era diferente do de muitos amigos americanos. No inglês britânico, “quite” muitas vezes significa “um pouco menos que”, mas nos EUA descobri que é mais usado para significar “muito” ou “bastante”.

Assim, meu espectro britânico de aprovação seria:

OK – Quite good – Good – Excellent

Enquanto o espectro de aprovação de muitos amigos nos EUA poderia ser:

OK – Good – Quite good – Excellent

Isso me deixou confuso várias vezes até eu entender a diferença.

Para outras variações de interpretação, como onde posicionar “awesome”, existe uma excelente tabela como guia para estudantes norte-americanos interpretarem o feedback de professores formados no Reino Unido (e vice-versa).

Em alguns contextos, realmente importa o que alguém quer dizer com uma palavra descritiva. No campo da inteligência, as chamadas “palavras de probabilidade estimativa” se relacionam a probabilidades específicas associadas a certos termos. Por exemplo, se um ataque é “altamente provável”, qual é a probabilidade exata? Se algo é “quase certamente um aeródromo”, quão certa é essa avaliação? Fica claro que a escolha e interpretação desses termos pode ser muito significativa. Para uma visão fascinante sobre isso, veja o relatório anteriormente classificado do analista da CIA Sherman Kent, Words of Estimative Probability (pdf). Outras pesquisas estudaram diferenças individuais na percepção de probabilidade — e criaram gráficos divertidos mostrando os resultados.

A probabilidade estimativa também é crucial na medicina. Quando números exatos não são compartilhados, com que frequência ocorre um efeito colateral descrito como “raro”? Guias específicos foram criados listando probabilidades associadas a termos como “provável”, “frequente”, “ocasional” e “raro”.

Um leitor também me mostrou um anúncio clássico de chocolate, Fry’s five boys, em que o rosto de um garoto passa por: desespero, pacificação, expectativa, aclamação e, finalmente, a realização “é Fry’s”.

Mais espectros de palavras, incluindo os aqui ilustrados:

  • Tamanho: minúsculo – pequeno – médio – grande – enorme – gigantesco

  • Frequência: nunca – raramente – ocasionalmente – às vezes – frequentemente – sempre

  • Volume da fala: sussurro – murmúrio – fala – grito – berro – gritaria

  • Inteligência: estúpido – limitado – mediano – inteligente – brilhante – gênio

  • Sabor: repugnante – sem gosto – saboroso – delicioso

  • Cheiro: fétido – malcheiroso – perfumado – agradável

    Fonte: aqui 

Modelos com efeitos fixos

 O resumo

Os efeitos fixos (FE) tornaram-se uma ferramenta onipresente e poderosa para eliminar variações indesejadas em estudos observacionais de contabilidade. Essas variações são abundantes na pesquisa contábil porque frequentemente utilizamos dados ricos para testar hipóteses precisas derivadas de teorias abstratas. Ao eliminar tais variações, os FE reduzem preocupações de que variáveis omitidas enviesem nossas estimativas ou enfraqueçam o poder dos testes. No entanto, os FE não são isentos de custos, e seu uso deve ser cuidadosamente justificado por considerações teóricas e institucionais. Além disso, eles transformam amostras e variáveis de maneiras que não são imediatamente evidentes e, ao fazê-lo, afetam a forma como devemos interpretar os resultados das regressões. Este guia introdutório explica a mecânica dos FE e fornece orientações práticas para seu uso consciente, relato transparente e interpretação cuidadosa dos modelos.

 

Euforia do mercado com a IA

 Os mercados se movem em ciclos de inovação e especulação, e o atual surto de inteligência artificial não é exceção.


O boom da IA de hoje exibe quase todas as características que definiram bolhas passadas — avaliações em disparada, fluxos concentrados de capital, euforia dos investidores e narrativas da mídia que reforçam expectativas de crescimento imparável. Por várias medidas, os paralelos vão além da semelhança: o fervor especulativo em torno da IA rivaliza e, em muitos aspectos, supera a Bolha dos Mares do Sul, a mania ferroviária da década de 1840, o boom dos anos 1920, a era das pontocom e a febre das hipotecas subprime.

No centro da tempestade está uma mistura explosiva de verdadeira promessa tecnológica, liquidez abundante e psicologia humana. Investidores enxergam o potencial de transformação mundial, o crédito permanece acessível o suficiente para alimentar a tomada de riscos, e o medo de ficar de fora leva o comportamento a extremos.

O resultado é um ambiente em que tanto startups quanto empresas consolidadas são avaliadas como se execução impecável, hipercrecimento constante e adoção imediata em massa fossem inevitáveis.

Tais pressupostos são insustentáveis.

Continue a leitura aqui 

ONU e o equilíbrio das contas


A gestão Trump decidiu reduzir a contribuição para a Organização das Nações Unidas. Comenta que haverá uma redução de 1 bilhão no repasse para a entidade. O valor é expressivo a ponto da entidade planejar reduzir o número de funcionários, dos atuais 35 mil para um número entre 32 e 28 mil. 

O desafio de enfrentar o corte é do português Antonio Guterres, que pretende manter algumas das metas da entidade e está buscando novas fontes de financiamento. Mas poucos países estão dispostos a contribuir. 

22 setembro 2025

Um estudo de caso interessante: F35

O F-35 Lightning II nasceu do programa Joint Strike Fighter (JSF), lançado nos anos 1990 para criar uma aeronave única capaz de substituir diferentes caças em várias forças armadas. A Lockheed Martin venceu a disputa em 2001 e desenvolveu três variantes: o F-35A, de decolagem convencional; o F-35B, de decolagem curta e pouso vertical; e o F-35C, adaptado a porta-aviões. O projeto prometia furtividade, sensores avançados e integração de dados, mas enfrentou inúmeros atrasos e estouros de orçamento.


Os custos saltaram de 400 bilhões de dólares para mais de 2 trilhões ao longo do ciclo de vida previsto, enquanto problemas de software, falhas no motor e baixa confiabilidade geraram críticas.  Em produção plena desde 2024, simboliza o contraste entre inovação tecnológica e os excessos da indústria de defesa. 

O objetivo é entregar mais de 2.400 unidades ao longo de seu ciclo de vida. Para “reduzir custos”, planeja-se diminuir em média 21% o número de horas de voo por aeronave, o que pode comprometer treinamento e experiência de pilotos. 

Dívida - 2

Um novo estudo de Gustaf Bruze, Alexander Kjær Hilsløv e Jonas Maibom, do IZA Institute of Labor Economics, oferece exatamente essa análise empírica. Chama-se “The Long-Run Effects of Individual Debt Relief” e examina a vida das pessoas por um quarto de século após uma falência:

O estudo acompanha falências na Dinamarca após a introdução do primeiro sistema moderno de falência da Europa continental, instituído em 1984. Antes disso, os dinamarqueses — como a maior parte da Europa — não permitiam quitação de dívida pessoal por falência. Em vez disso, esperava-se que o devedor tivesse cerca de 20% de sua renda vitalícia confiscada para pagar credores, até quitar as dívidas ou morrer (o que ocorresse primeiro).


Depois de 1984, o sistema dinamarquês importou características das falências dos EUA/Reino Unido/Comunidade Britânica, incluindo a possibilidade de reestruturar e quitar dívidas. Nem todos são elegíveis: há um sistema burocrático que verifica se quem busca a quitação não possui muitos ativos que poderiam ir aos credores.

Mas, para as pessoas (in)felizes que se qualificam, há um fascinante experimento natural que compara a sorte de quem obtém alívio da dívida com a de falidos que não conseguem apagar suas dívidas.

Acontece que a Idade do Bronze tem algo a ensinar. O principal achado: pessoas que quitam dívidas na falência experimentam “grande aumento de renda auferida, emprego, ativos, imóveis, dívida garantida, propriedade de moradia e riqueza que persiste por mais de 25 anos após a decisão judicial”.

Depois de receberem os benefícios da falência, passam a depender menos de assistência pública. Conseguem empregos melhores. Suas famílias vivem melhor. Seus credores recuperam parte do dinheiro (o que é tudo que se pode realisticamente esperar, já que “dívidas que não podem ser pagas, não serão pagas”).

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Dívida - 1


 Sobre o papel da dívida no desenvolvimento da humanidade:

Para cultivar com sucesso [na Babilônia], é preciso crédito. Os agricultores iniciam a safra precisando de insumos: sementes, fertilizantes, mão de obra; e precisam de ainda mais mão de obra na colheita. Sem uma forma de obter esses insumos antes de ter a colheita que os pagará, não há colheita.

Não é de surpreender, portanto, que o mais antigo “dinheiro” de que temos registro sejam livros-caixa de crédito babilônicos que registram as dívidas de agricultores que tomavam empréstimos contra a safra seguinte para pagar materiais e trabalho. Dívida, não escambo, é a verdadeira origem do dinheiro. O conto de fadas de que a moeda cunhada surgiu espontaneamente para facilitar o escambo em mercados não tem evidência histórica, ao passo que os registros babilônicos podem ser vistos em museus ao redor do mundo. 

Fonte: aqui 

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

Importância da comparabilidade no conhecimento


Este estudo examina se e como a comparabilidade das demonstrações financeiras facilita a disseminação do conhecimento inovador entre empresas e estimula a criação de novos conhecimentos. Usando citações cruzadas de patentes para rastrear transferências de conhecimento entre firmas, constatamos que a comparabilidade aumenta os incentivos das empresas para aprender com seus pares e criar novas patentes que citem patentes já existentes desses pares. A investigação do mecanismo revela que a comparabilidade melhora a capacidade das empresas de estimar o valor monetário do conhecimento dos pares e prever seus próprios benefícios financeiros decorrentes da aquisição desse conhecimento. O impacto da comparabilidade é mais pronunciado quando o conhecimento dos pares é mais publicamente acessível ou possui maior valor monetário. Consequentemente, o conhecimento adquirido estimula inovações subsequentes, permitindo que as empresas produzam mais patentes com maior relevância econômica. Evidências de dois quase-experimentos naturais sugerem que nossos achados são plausivelmente causais. Em suma, nosso estudo destaca o papel importante da comparabilidade contábil na facilitação da disseminação do conhecimento.

Fonte: aqui  Foto: aqui

Pagamento digital em três países da América Latina


 Eis o resumo:

Plataformas de pagamento digital podem substituir o dinheiro em espécie e ampliar o acesso a serviços financeiros para populações subatendidas, mas muitos adultos ao redor do mundo ainda permanecem sem conta bancária. Com base em microdados detalhados sobre transações individuais e características dos usuários, argumentamos que a substituição ampla do dinheiro por meio de plataformas peer-to-peer (P2P) depende de um “rápido gradiente de renda”, isto é, da velocidade com que a adoção se espalha dos primeiros usuários de maior renda para os grupos de menor renda. Em três casos latino-americanos — o Pix no Brasil, o Sinpe Móvil na Costa Rica e o CoDi no México — documentamos que baixos custos de adoção, fortes efeitos de rede, integração coordenada do lado da oferta e esforços iniciais de conscientização permitiram que Pix e Sinpe Móvil alcançassem praticamente todos os segmentos de renda em até cinco anos, enquanto o CoDi segue caracterizado por baixo uso e predominância de adotantes de alta renda. 

21 setembro 2025

O polêmico Musk e xAI

Da newsletter do NYT (DealBook) de 19 de setembro: 

 Já se passaram quatro meses desde que Elon Musk deixou seu papel dentro da Casa Branca de Trump para voltar a concentrar-se totalmente em seu império de negócios.

À primeira vista, a Tesla parecia ser a maior beneficiária. O conselho da fabricante de veículos elétricos tentou “prender” o foco de Musk oferecendo-lhe um gigantesco pacote de compensação avaliado em até 1 trilhão de dólares, e as ações subiram.

Mas Musk parece estar dedicando a maior parte do tempo à xAI, a startup de inteligência artificial cuja tecnologia, ele acredita, sustentará suas empresas. Quanto mais tempo ele passa lá, mais turbulência parece semear, segundo fontes que falaram ao The Times e ao The Wall Street Journal.

Na investigação do Times, Cade Metz, Kate Conger e Ryan Mac descobriram que:

A partir de maio, usuários do Grok, da xAI, ficaram surpresos ao ver o chatbot respondendo com comentários altamente controversos e até racistas, incluindo acusações de que a África do Sul teria cometido “genocídio” contra cidadãos brancos. Isso ocorreu depois de Musk dizer aos funcionários que o Grok estava “woke” demais, levando um engenheiro a mexer no código.

Uma posterior reestruturação de liderança, conduzida por Musk, foi seguida por uma atualização do Grok que elogiava Hitler.

Houve também uma fuga de executivos, incluindo Mike Liberatore, então diretor financeiro da xAI, que foi para a OpenAI; e Igor Babushkin, cofundador da empresa com Musk.

O Journal também informou que vários executivos deixaram a xAI após confrontos com dois dos conselheiros mais próximos de Musk, Jared Birchall e John Hering, sobre a saúde financeira da empresa e suas projeções.

Vários desses executivos de alto escalão também reclamaram da ausência de uma cadeia de comando formal e levantaram dúvidas sobre como o family office de Musk, a Excession, liderada por Birchall, geriu parte do caixa e da contabilidade da xAI.

Alex Spiro, advogado que representa Musk, contestou a reportagem do Journal, dizendo que as sugestões de que os relatórios financeiros da empresa eram impróprios eram “falsas e difamatórias”.

O que vem a seguir? As ações da Tesla caíram ontem após a divulgação das reportagens. Alguns investidores temem que a atenção de Musk ainda esteja excessivamente dispersa.

Bancos e ambiente


O sistema financeiro tem apoiado ações no sentido de reduzir o risco das mudanças climáticas. Qual a razão para esse apoio? Um texto, “Banks can’t survive climate change,” de Richard Murphy, argumenta que as propriedades tornarão cada vez mais inseguráveis — o que comprometerá os imóveis vinculados a hipotecas como garantia dos bancos. Sem seguro, essas garantias se perdem, os empréstimos se tornam inseguros e os balanços bancários podem desabar.

Murphy descreve os efeitos crescentes de incêndios, inundações, secas e calor extremo em várias regiões — como no sul da Europa, no Reino Unido (incluindo Londres) e na Austrália — tornando propriedades vulneráveis a riscos que elas não foram projetadas para enfrentar. A analogia é feita com a crise financeira de 2008, destacando que, naquele caso, o mercado colapsou quando os bancos não sabiam o valor real das hipotecas uns dos outros. Murphy acredita que algo similar pode ocorrer se esse risco de “propriedades sem seguro” continuar a crescer sem resposta regulatória ou estrutural.

Imagem aqui 

Sobre a periodicidade contábil e a SEC

A SEC (Securities and Exchange Commission) anunciou apoio à proposta de Donald Trump para alterar a exigência de divulgação de resultados corporativos de trimestral para semestral . A ideia, segundo Trump, é reduzir custos e permitir que gestores concentrem-se mais na administração das empresas. Paul Atkins, chefe do órgão regulador de Wall Street, afirmou que a mudança seria positiva, mas caberia ao mercado decidir se prefere manter o padrão trimestral ou migrar para o semestral. Isso não é novo.


Mas o texto do link informa que durante seu primeiro mandato, Trump já havia defendido a mudança, alegando que relatórios trimestrais estimulam visão de curto prazo. Estudos anteriores da própria SEC reconheceram que a prática traz mais transparência e reduz o custo de capital, mas também reforça pressões imediatistas sobre executivos.

Especialistas divergem sobre o impacto: alguns veem a mudança como alívio da pressão sobre as companhias, permitindo planejamento estratégico mais amplo; outros alertam que a redução na frequência pode diminuir a transparência e afetar a eficiência do mercado. Também não sabia que caso aprovada, a medida colocaria os EUA em linha com países como Reino Unido, China, Austrália e Japão, que já adotam relatórios semestrais em suas bolsas.

Confissões de duas orientandas ensandecidas

Um artigo aprovado no Congresso da Anpcont, que irá ocorrer em dezembro, em Brasília, revela alguns sentimentos de duas doutorandas do PPGCont. Eis um trecho: 

Escrever uma tese é, antes de tudo, atravessar a si mesma. Cada capítulo é produto de leituras e métodos, e o reflexo das noites insones, das páginas rabiscadas no intervalo de um compromisso, das dúvidas que pesam no peito quando o cursor pisca na tela. Ferreira (2025) revela que orientar é “viver entre prazos e pessoas”, e, do lado da orientanda, o processo é “viver entre sonhos e medos”, tentando costurar vida e ciência em um mesmo tecido. A vulnerabilidade que ela narra como
orientadora é também a que sentimos: o medo de não ser suficiente, o desejo de honrar o conhecimento e, ao mesmo tempo, de não se perder no caminho.
A vida acadêmica não acontece em suspenso; ela se mistura ao cotidiano. A tese cresce enquanto o mundo pede atenção: uma aula para preparar, um filho que pede colo, uma conta que vence no mesmo dia do prazo de submissão. Há uma beleza silenciosa nisso: a ciência nascendo no meio do real, com suas urgências e imperfeições.

Confissões de Duas Orientandas Ensandecidas: uma resposta afetivo-acadêmica à
desorientação da orientação 

O texto de Ferreira, citado no trecho acima, é o seguinte:

Ferreira, A. C. de S. (2025). Desorientação acadêmica: Confissões de uma orientadora ensandecida. Revista Contabilidade Vista & Revista, 36(1), 1–9. 

Por uma IA com falhas

(...) Fabrizio Dell’Acqua, da Harvard Business School, que recentemente conduziu um experimento no qual recrutadores eram assistidos por algoritmos — alguns excelentes e outros nem tanto — ao decidir quais candidatos convidar para entrevista. (Isso não é IA generativa, mas é uma grande aplicação real de IA.)

Dell’Acqua descobriu, contraintuitivamente, que algoritmos medianos, com cerca de 75% de acurácia, entregaram melhores resultados do que bons algoritmos com aproximadamente 85% de acurácia. A razão é simples: quando os recrutadores recebiam orientação de um algoritmo conhecido por ser irregular, permaneciam atentos e acrescentavam seu próprio julgamento e expertise. Quando recebiam orientação de um algoritmo que sabiam ser excelente, recostavam-se e deixavam o computador decidir.

Talvez eles tenham economizado tanto tempo que os erros valeram a pena. Mas certamente houve erros. Um algoritmo fraco e um humano ligado tomam decisões melhores juntos do que um algoritmo de ponta com um humano desligado. E, quando o algoritmo é de ponta, um humano desligado é justamente o que você tende a obter.

Ouvi sobre a pesquisa de Dell’Acqua por Ethan Mollick, autor do futuro Co-Intelligence. Mas, quando mencionei a Mollick a ideia de que o piloto automático era uma analogia instrutiva para a IA generativa, ele me alertou contra buscar paralelos “estreitos e um tanto reconfortantes”. É justo. Não há um precedente tecnológico único que faça justiça ao avanço rápido e ao escopo desconcertante dos sistemas de IA generativa. Mas, em vez de descartar todos esses precedentes, vale procurar analogias diferentes que iluminem partes distintas do que pode estar por vir. Tenho mais duas em mente para explorar no futuro.

(Tim Harford) 

Ignobel 2025

O álcool melhora a fluência em línguas estrangeiras? Lagartos da África Ocidental têm cobertura de pizza preferida? E pintar vacas com listras de zebra ajuda a repelir moscas que picam? Essas e outras perguntas de pesquisa inusitadas foram homenageadas esta noite em uma cerimônia virtual que anunciou os vencedores de 2025 do Ig Nobel. Sim, é aquela época do ano em que o sério e o jocoso convergem — pela ciência.

Criado em 1991, o Ig Nobel é uma paródia bem-humorada do Prêmio Nobel; ele reconhece “realizações que primeiro fazem as pessoas rirem e depois as fazem pensar”. A cerimônia,


assumidamente camp, inclui mini-óperas, demonstrações científicas e as palestras “24/7”, em que especialistas explicam seu trabalho duas vezes: uma em 24 segundos e outra em apenas sete palavras.

Os discursos de aceitação são limitados a 60 segundos. E, como sugere o lema, as pesquisas premiadas podem parecer ridículas à primeira vista, mas não deixam de ter mérito científico. Nas semanas seguintes à cerimônia, os vencedores também farão palestras públicas gratuitas, que serão publicadas no site do Improbable Research.

Eis os premiados 

Biologia - Tomoki Kojima, Kazato Oishi, Yasushi Matsubara, Yuki Uchiyama, Yoshihiko Fukushima, Naoto Aoki, Say Sato, Tatsuaki Masuda, Junichi Ueda, Hiroyuki Hirooka e Katsutoshi Kino, por seus experimentos para descobrir se vacas pintadas com listras semelhantes às de zebras conseguem evitar picadas de moscas [foto]. 

Química - Rotem Naftalovich, Daniel Naftalovich e Frank Greenway, por experimentos para testar se comer Teflon [um tipo de plástico formalmente chamado “politetrafluoretileno”] é uma boa maneira de aumentar o volume de comida — e, portanto, a saciedade — sem elevar o conteúdo calórico. 

Física -Giacomo Bartolucci, Daniel Maria Busiello, Matteo Ciarchi, Alberto Corticelli, Ivan Di Terlizzi, Fabrizio Olmeda, Davide Revignas e Vincenzo Maria Schimmenti, por descobertas sobre a física do molho de massa, especialmente a transição de fase que pode levar à formação de grumos, o que pode causar desagrado.

Design de Engenharia - Vikash Kumar e Sarthak Mittal, por analisar, sob a perspectiva do design de engenharia, “como sapatos com mau cheiro afetam a boa experiência de usar um sapateiro”. 

Aviação - Francisco Sánchez, Mariana Melcón, Carmi Korine e Berry Pinshow, por estudar se a ingestão de álcool pode prejudicar a capacidade de voo dos morcegos e também sua capacidade de ecolocalizar. 

Psicologia -Marcin Zajenkowski e Gilles Gignac, por investigar o que acontece quando você diz a narcisistas — ou a qualquer outra pessoa — que eles são inteligentes. 

Nutrição - Daniele Dendi, Gabriel H. Segniagbeto, Roger Meek e Luca Luiselli, por estudar até que ponto um certo tipo de lagarto escolhe comer certos tipos de pizza.

Pediatria - Julie Mennella e Gary Beauchamp, por estudar o que um bebê em amamentação experimenta quando a mãe come alho.

Literatura - O falecido Dr. William B. Bean, por registrar e analisar persistentemente a taxa de crescimento de uma de suas unhas ao longo de 35 anos. 

Paz - Fritz Renner, Inge Kersbergen, Matt Field e Jessica Werthmann, por mostrarem que beber álcool às vezes melhora a capacidade de uma pessoa de falar em uma língua estrangeira. 

20 setembro 2025

Consensus: país que mais contribuiu com a contabilidade nos últimos dois séculos


A questão não possui uma resposta do tipo sim/não. Coloquei no app Consensus qual o país que mais contribuiu com a contabilidade nos últimos 200 anos. Eis a resposta: 

O Reino Unido e os Estados Unidos contribuíram mais para o progresso da contabilidade nos últimos 200 anos, com a Itália desempenhando um papel fundacional em períodos anteriores.

Principais Contribuidores ao Longo do Tempo

Reino Unido

  • Pioneirismo na contabilidade moderna: A Grã-Bretanha é amplamente reconhecida por seu papel fundacional no desenvolvimento de princípios contábeis modernos, especialmente durante a Revolução Industrial e o século XIX. As tradições britânicas moldaram tanto a prática quanto a pesquisa acadêmica, e o Reino Unido foi central para o surgimento das partidas dobradas, da contabilidade societária e da profissionalização da área (Zeff, 2015; Edwards, 2023; Parker & Yamey, 1995).

  • Liderança acadêmica e metodológica: O Reino Unido liderou revoluções metodológicas na pesquisa em história da contabilidade, especialmente a partir da década de 1970, e tem sido um polo para avanços interdisciplinares e teóricos (Edwards, 2023; Parker & Yamey, 1995).

Estados Unidos

  • Padronização e influência global: Os EUA foram fundamentais no desenvolvimento e na difusão global de normas contábeis, particularmente no século XX. As abordagens americanas de reporte financeiro, auditoria e arcabouços regulatórios estabeleceram referências internacionais (Zeff, 2015).

  • Profissionalização e educação: Os EUA impulsionaram a expansão do ensino, da pesquisa e das entidades profissionais em contabilidade, influenciando práticas globais e a adoção de normas internacionais (Zeff, 2015).

Itália

  • Contribuições históricas fundacionais: Intelectuais italianos do século XIX estabeleceram a primeira comunidade acadêmica sistemática para a história da contabilidade, produzindo obras influentes sobre partidas dobradas e a evolução do pensamento contábil. Suas pesquisas iniciais pavimentaram o caminho para desenvolvimentos internacionais posteriores, embora barreiras linguísticas tenham limitado a difusão mais ampla até o século XX (Coronella et al., 2017; Coronella et al., 2019; Maran & Leoni, 2018).

Outros Contribuidores Notáveis

  • Alemanha, França, Austrália e Japão também ofereceram contribuições significativas — ainda que mais regionais — à teoria contábil, à contabilidade gerencial e à pesquisa histórica (Becker et al., 2021; Carnegie, 2025; Nerantzidis & Vatis, 2024).

Conclusão

O Reino Unido e os Estados Unidos foram os países mais influentes na formação da contabilidade moderna nos últimos 200 anos, com o trabalho fundacional anterior da Itália fornecendo uma base crítica para o progresso posterior.

Estes artigos foram coletados e sintetizados usando o Consensus, um mecanismo de busca para pesquisas baseado em IA. Experimente em https://consensus.app

Referências

Zeff, S. (2015). Forging Accounting Principles in Five Countries: A History and an Analysis of Trends. INTL: Other Global Business Issues (Topic). https://doi.org/10.2139/SSRN.2046059

Edwards, J. (2023). British traditions and contributions to accounting history research. Accounting History. https://doi.org/10.1177/10323732221147046

Parker, R., & Yamey, B. (1995). Accounting History: Some British Contributions. The Economic History Review, 48, 638. https://doi.org/10.2307/2598211

Becker, A., Pedell, B., & Pfaff, D. (2021). Management accounting developments in German-speaking countries: an overview and editorial reflections. Journal of Accounting & Organizational Change. https://doi.org/10.1108/JAOC-03-2021-0046

Carnegie, G. (2025). Spotlighting the international historical accounting community and contemplating the future. Accounting and Management Review | Revista de Contabilidade e Gestão. https://doi.org/10.55486/amrrcg.v29i1.1

Coronella, S., Antonelli, V., & Lombrano, A. (2017). A pioneering era of accounting history: The contributions of nineteenth-century Italian literature and its enduring dissemination around the globe. Accounting History, 22, 214 - 243. https://doi.org/10.1177/1032373216662486

Nerantzidis, M., & Vatis, S. (2024). Twenty-five years of Accounting History: A bibliometric analysis. Accounting History, 29, 661 - 697. https://doi.org/10.1177/10323732241292111

Coronella, S., Neri, L., Risaliti, G., & Russo, A. (2019). The accounting history research in the ‘Rivista Italiana di Ragioneria’ (Italian Accounting Review), 1901–2015. Accounting History, 24, 114 - 83. https://doi.org/10.1177/1032373218807543

Maran, L., & Leoni, G. (2018). The contribution of the Italian literature to the international Accounting History literature. Accounting History, 24, 39 - 5. https://doi.org/10.1177/1032373218783333

Consensus: Valor justo ou custo histórico?

 A postagem do conservadorismo mostrou que essa qualidade da informação, que é negada pelos reguladores indiretamente, tem um apoio na pesquisa acadêmica. Agora questionei se o valor justo é preferido ao custo histórico. Novamente, os reguladores estão forçando a adoção do valor justo e a pergunta é no sentido se a opção é adequada. Eis o resultado:

Um resultado muito dividido, que impede uma generalização, o que questiona a preferência pelo valor justo. Eis o resumo das pesquisas:

Valor Justo: Vantagens e Limitações

  • A contabilidade a valor justo é geralmente considerada superior para refletir as condições atuais de mercado, fornecendo informação mais relevante e tempestiva aos usuários das demonstrações financeiras. Ela aumenta a transparência e a comparabilidade e ajuda as partes interessadas a avaliar o valor presente de ativos e passivos.

  • O valor justo é especialmente valioso quando existem preços de mercado confiáveis, como para instrumentos financeiros com negociação ativa, aumentando a relevância para o valor dos números reportados.

  • Contudo, o valor justo pode introduzir volatilidade e subjetividade, particularmente para ativos ilíquidos ou únicos sem preços de mercado disponíveis, levando a erros de estimativa e menor confiabilidade. Durante crises financeiras, o valor justo pode amplificar oscilações de mercado e o risco sistêmico.

Custo Histórico: Vantagens e Limitações

  • A contabilidade ao custo histórico oferece estabilidade, objetividade e verificabilidade, pois registra ativos e passivos pelos valores originais de transação. Isso reduz o risco de manipulação e fornece uma base consistente para comparações de longo prazo.

  • Entretanto, o custo histórico pode tornar-se menos relevante ao longo do tempo, deixando de refletir as realidades econômicas atuais, especialmente em períodos de inflação ou rápidas mudanças de mercado.

Abordagens Híbridas e Contextuais

  • Muitos estudos e normas recomendam uma abordagem mista/híbrida, usando valor justo onde for confiável e custo histórico onde os mercados são ilíquidos ou as estimativas altamente subjetivas.

  • As evidências empíricas mostram que empresas e reguladores frequentemente combinam ambos os métodos para equilibrar relevância e confiabilidade, com a escolha dependendo do tipo de ativo, das condições de mercado e dos objetivos de reporte.

Consensus: Conservadorismo é vantajoso?

Minha pergunta foi: o conservadorismo/prudência é vantajoso na contabilidade? E a surpresa é que das 14 pesquisas, doze responderam que sim, uma ficou no muro e uma deu a resposta negativa. Novamente, temos que desconfiar da amostra reduzida, mas...

Eis o texto do app:
 

Principais Vantagens do Conservadorismo/Prudência

  • Melhor qualidade e persistência dos lucros: A contabilidade conservadora gera resultados mais estáveis e previsíveis, tornando as demonstrações financeiras mais confiáveis para previsão e tomada de decisão.

  • Menor risco de quedas acentuadas no preço das ações e de falência: Ao promover o reconhecimento tempestivo de perdas e reduzir a manipulação de resultados, o conservadorismo diminui o risco de “crashes” no preço das ações e de falências, protegendo investidores e credores.

  • Maior eficiência e transparência de mercado: O conservadorismo ajuda a contrabalançar a sobreavaliação, especialmente em mercados com restrições a vendas a descoberto ou alto desacordo entre investidores, melhorando a eficiência do mercado e reduzindo o otimismo infundado.

  • Mitigação de problemas de agência: Reduz custos de agência ao limitar o oportunismo gerencial e o gerenciamento de resultados, sendo valorizado por partes interessadas como fornecedores, clientes e credores por reduzir a assimetria de informação.

  • Valor em ambientes incertos: A prudência é particularmente útil em períodos de incerteza econômica ou política, servindo como salvaguarda contra a superavaliação de ativos e receitas.

Limitações e Considerações

  • Potencial de reduzir a relevância: Conservadorismo excessivo pode tornar a informação financeira menos relevante para decisões, especialmente se levar a subavaliação sistemática de ativos ou receitas.

  • O contexto importa: Os benefícios do conservadorismo são mais pronunciados quando aplicado de forma criteriosa e em ambientes com alta incerteza ou governança fraca.

Consensus: Big Four entregam qualidade?

Minha pergunta foi: As grandes firmas de auditoria entregam serviços de qualidade superior em comparação às firmas menores?

Eis a resposta do consenso da pesquisa científica, segundo o APP Consensus:

Achei o número de estudos reduzidos e as respostas indicariam um sim com alguma dúvida. Eis o texto do app:

  • Evidências empíricas consistentes mostram que grandes firmas de auditoria (especialmente as Big 4) fornecem auditorias de maior qualidade — medida por menores accruals discricionários, menos erros de reporte e maior acurácia em opiniões de continuidade operacional — do que firmas menores, tanto em mercados desenvolvidos quanto emergentes.

  • Meta-análises e estudos multicountry confirmam uma associação positiva entre tamanho da firma e qualidade da auditoria, com firmas maiores se beneficiando de mais recursos, procedimentos padronizados, tecnologia avançada e incentivos reputacionais para manter a qualidade.

  • Grandes escritórios locais dentro das firmas de grande porte também tendem a entregar auditorias de qualidade superior, devido a economias de escala, melhor treinamento e compartilhamento de conhecimento.

Nuances e exceções

  • Alguns estudos em contextos específicos (por exemplo, certos países em desenvolvimento ou segmentos de empresas privadas) não encontram diferença significativa ou até maior qualidade em firmas menores, especialmente fora do grupo Big 4.

  • Mudanças de mercado e regulatórias podem afetar a relação: por exemplo, evidências recentes da China sugerem que o vínculo tamanho–qualidade enfraqueceu após a convergência às IFRS 15.

  • A qualidade da auditoria também é influenciada por fatores como especialização do auditor, tempo de relacionamento (tenure) e lucratividade, não apenas pelo tamanho.

Consensus: Regime de competência é vantajoso no setor público?

A minha pergunta para o Consensus é: o regime de competência no setor público é vantajoso? O número de estudos indicado no app é relativamente pequeno: apenas 13. E não há um consenso claro, já que 6 respondem que sim, 3 que depende e 4 que não. 

 



Eis o relatório do Consensus:

Transparência e accountability aprimoradas: A contabilidade por competência oferece um retrato mais abrangente e confiável das finanças públicas do que a contabilidade de caixa, apoiando melhor gestão financeira, transparência e prevenção de fraudes.

Melhor tomada de decisão: Ao reconhecer ativos, passivos, receitas e despesas quando ocorrem (e não apenas quando há movimentação de caixa), a contabilidade por competência permite alocação de recursos e avaliação de desempenho mais informadas.

Maior valor preditivo: Superávits e demonstrações baseados no regime de competência melhoram a capacidade de projetar fluxos de caixa e superávits futuros, tornando a informação mais relevante e confiável para o planejamento.

Governança e controle da corrupção: Países que adotam contabilidade por competência e normas internacionais frequentemente observam melhorias na qualidade da governança e reduções na corrupção.

Limitações e Desafios

Complexidade e custo: A implementação pode ser complexa e cara, por vezes superando benefícios de curto prazo, especialmente se não vier acompanhada de reformas mais amplas de finanças públicas ou capacitação adequada.

Evidência empírica mista: Alguns estudos encontram benefícios limitados ou dependentes do contexto, com vantagens mais nítidas onde as reformas são bem apoiadas e integradas a outras melhorias de governança.

Risco de adoção simbólica: Em certos casos, a contabilidade por competência pode ser adotada mais por conformidade ou razões políticas do que por uma busca genuína de melhoria do interesse público ou bem-estar.

Consensus: relatórios de sustentabilidade melhoram o valor da empresa?

Minha pergunta foi: os relatórios de sustentabilidade melhoram o valor da empresa?  A resposta geral foi: 

Relatórios de sustentabilidade geralmente tem um efeito positivo sobre o valor da empresa, mas o impacto varia condorme o contexto, a qualidade do relatório e o horizonte de tempo. 

A maioria dos estudos encontra uma associação positiva entre relato de sustentabilidade e valor da empresa em diversos mercados, incluindo Singapura, Arábia Saudita, Indonésia, EUA, Europa e amostras internacionais. Transparência ampliada, capital reputacional e confiança das partes interessadas são mecanismos-chave que impulsionam esse efeito.

Relatórios de sustentabilidade de alta qualidade e abrangentes — especialmente os que seguem padrões globais ou têm asseguração externa — tendem a gerar impactos positivos mais fortes no valor da empresa.

Diversidade no conselho e diretores independentes podem fortalecer ainda mais a relação positiva entre relato de sustentabilidade e valor da empresa.

Efeitos negativos ou neutros iniciais às vezes são observados, particularmente quando o relato de sustentabilidade é novo, voluntário ou percebido como um sinal custoso. Com o tempo, à medida que empresas e investidores se tornam mais experientes, a relação frequentemente se torna positiva.

Divulgações obrigatórias de sustentabilidade nem sempre levam a aumentos significativos no valor da empresa em nível agregado, embora possam existir efeitos setoriais. 

O impacto pode variar por tipo de divulgação: divulgações sociais frequentemente têm efeito positivo mais forte do que as ambientais ou de governança em alguns mercados emergentes. 

Consensus: o efeito do comitê de auditoria independente na qualidade da informação contábil

Eu perguntei: qual o efeito do comitê de auditoria independente na qualidade do relatório financeiro? 

O comitê de auditoria independente geralmente tem um efeito positivo na qualidade do relatório financeiro, mas a força e consistência dessa relação varia conforme o contexto e a mensuração. 

Muitos estudos constatam que maior independência do comitê de auditoria está associada a maior qualidade do relato financeiro, incluindo redução do gerenciamento de resultados, melhora da transparência e demonstrações financeiras mais confiáveis. Esse efeito é observado em contextos diversos, como Quênia, Filipinas e entre empresas com "lead independent directors" nos comitês de auditoria.

Meta-análises e revisões indicam que a independência do comitê de auditoria é mais eficaz para "elevar a qualidade da auditoria" (por exemplo, prevenindo renúncias de auditores ou problemas de continuidade operacional) do que para melhorar diretamente a qualidade das demonstrações financeiras, embora ambos sejam complementares.

A qualidade do relato integrado também se beneficia da independência do comitê de auditoria, conforme mostrado em amostras europeias e internacionais.

Alguns estudos não encontram efeito significativo da independência do comitê de auditoria sobre a qualidade do relato financeiro, especialmente em ambientes onde a independência já é alta ou onde outros fatores (como expertise ou contexto regulatório) têm papel maior.

A efetividade da independência pode ser enfraquecida por fatores como participação acionária dos diretores (que pode reduzir a independência real), influência do CEO ou sobrecarga dos membros do comitê (acúmulo de múltiplos cargos).

A expertise e a atividade do comitê de auditoria frequentemente interagem com a independência e, em alguns casos, a expertise é um preditor mais forte da qualidade do relato do que a independência isoladamente.

Consensus: Adotar IFRS melhora a qualidade da contabilidade?

Eu perguntei: a adoção de normas contábeis IFRS melhora a qualidade da contabilidade do país que adota? O app Consensus apresentou a seguinte resposta: 

O impacto da adoção das IFRS na qualidade da contabilidade é misto e altamente dependente do contexto, com melhorias observadas em alguns cenários, mas não de forma universal.

Dos 15 estudos, 60% tiveram resposta Sim. Veja que uma das críticas do app, o limitado número de pesquisa, está aqui presente. Continuando o resultado:

Melhorias na Qualidade da Contabilidade - Reduções no gerenciamento de resultados e aumento da relevância para o valor foram observados em vários países após a adoção das IFRS, incluindo Austrália, Reino Unido, China, Coreia do Sul e partes da UE, especialmente onde a fiscalização é forte e os ambientes institucionais são favoráveis. 

As adotantes voluntárias de IFRS — empresas que escolhem adotar as IFRS por razões estratégicas — frequentemente apresentam maiores melhorias na qualidade da contabilidade do que aquelas que adotam por imposição legal.  

Em alguns países, a adoção obrigatória das IFRS não levou a melhorias e às vezes resultou até em aumento do gerenciamento de resultados ou redução na tempestividade do reconhecimento de perdas, particularmente onde a fiscalização é fraca ou os incentivos estão desalinhados 

Declínios iniciais na qualidade da contabilidade foram documentados na Índia e na Nigéria, com alguma recuperação ao longo do tempo à medida que a familiaridade e a fiscalização melhoram.

A qualidade da fiscalização, os sistemas jurídicos e os incentivos gerenciais são frequentemente mais importantes do que as próprias normas para determinar os resultados de qualidade da contabilidade 

Países com ambientes de governança e divulgação mais robustos se beneficiam mais da adoção das IFRS, enquanto aqueles com instituições mais fracas podem não observar melhorias significativas.

Conclusão

A adoção das IFRS pode melhorar a qualidade da contabilidade, mas os benefícios dependem fortemente da fiscalização, do contexto institucional e dos incentivos no nível da empresa. A simples adoção das IFRS não é suficiente; a implementação eficaz e ambientes regulatórios sólidos são cruciais para alcançar melhorias na qualidade.

Consensus na pesquisa científica contábil


O app Consensus é um instrumento de pesquisa acadêmica com inteligência artificial. Os artigos considerados são buscados em mais de 200 milhões de textos. Os estudos podem ser filtrados por país, por tipo de pesquisa, entre outros. 

Isso é um instrumento poderoso, mas é necessário ter o devido cuidado. Há viés de publicação, falta de pesquisas de certos locais e idiomas, os resumos usados podem deixar de lado aspectos específicos da pesquisa ou seus pressupostos e, naturalmente, a ferramenta pode cometer erros. 

A saída é bem didática, apontando uma escala de consenso (sim, possivelmente, inconcluso e não), as evidências e uma conclusão geral.  

Nas próximas postagens, vamos submeter o Consensus a algumas perguntas cruciais para a contabilidade.  

Confiança demais na predição


Nongqawuse (c. 1841-1898) (foto, direita) foi uma profetisa Xhosa que viveu na África do Sul. Quando tinha 15 anos, afirmou ter tido visões de ancestrais que pediam que sua comunidade Xhosa destruísse seus bens, matando o gado e destruindo as plantações. Como recompensa, os colonizadores europeus seriam expulsos e a vida iria melhorar.

As pessoas da comunidade obedeceram e mataram entre 300 mil e 400 mil cabeças de gado, somente em um clã, e pararam de cultivar. Como consequência, a fome matou muitas pessoas, e somente a população da colônia Cafraria Britânica caiu de 105 mil para 27 mil. Com a fome, os britânicos tomaram facilmente o território do povo Xhosa.

Um dos grandes riscos de acreditar, de forma acrítica, em predições é a criação de expectativas irreais que podem conduzir a decisões desastrosas. No campo contábil, algumas informações produzidas se apoia em estimativas, projeções e julgamentos sobre o futuro. Quando tratadas como verdades absolutas, tais predições podem iludir gestores e investidores, levando-os a acreditar em cenários que nunca se concretizarão. 

18 setembro 2025

Fim da busca do Google


A crescente popularidade de modelos de linguagem, como o ChatGPT, está mudando a forma como as pessoas pesquisam informações online, desafiando a supremacia do Google. Usuários relatam recorrer cada vez mais a essas ferramentas para tarefas cotidianas, de planejar viagens a escrever e-mails, devido à praticidade de respostas diretas em vez de múltiplos links. Segundo a Demandsage, o ChatGPT já atrai cerca de 800 milhões de usuários semanais, o dobro de fevereiro de 2025. Pesquisas da Datos mostram que quase 6% das buscas em desktops em julho foram feitas em LLMs, mais que o dobro do ano anterior. Embora o Google afirme que seu uso segue crescendo, admite ajustes, lançando funções como AI Mode e AI Overviews. Especialistas sugerem que o futuro será híbrido: LLMs para síntese e personalização, buscas tradicionais para transações e verificação.