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24 novembro 2010

CVM pune II

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou todos os acusados de uso de informação privilegiada na compra e venda de ações antes da divulgação pública da venda do grupo Ipiranga para Petrobras, Ultra e Braskem, em 2007. Somadas, as três multas chegam ao valor de R$ 2,015 milhões.

Em setembro, o ex-gerente executivo da BR Distribuidora Pedro Caldas Pereira já havia firmado acordo com a CVM e o Ministério Público Federal (MPF) para encerrar a investigação. Na ocasião, ele havia obtido lucro de R$ 120 mil com operações na Bolsa de Valores. O acordo foi para o pagamento de R$ 360 mil.

Nesta terça-feira, a maior penalidade foi direcionada ao investidor Franklin Delano Lehner, que era amigo próximo de Pedro Caldas. A multa aplicada pela CVM é de R$ 1,375 milhão, equivalente a três vezes o lucro obtido nas operações consideradas irregulares. Ele comprou e vendeu ações ordinárias da Ipiranga e atuou no mercado a termo em fevereiro de 2007, antes da divulgação do fato relevante anunciando a operação com a refinaria, em 19 de março.

O relator do processo, diretor da CVM Eli Loria entendeu que o "acusado realizou operações no mercado detendo informações privilegiadas".

"Não vou pagar"

No entanto, após o término do julgamento, Franklin Lehner questionou a decisão da CVM, que teria sido "baseada em indícios, sem que houvesse nenhum documento que provasse que havia informação privilegiada."

Por isso, o investidor afirmou que não vai pagar a multa imposta pela autarquia e vai recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. E, mesmo se for condenado novamente, ele não tem a intenção de pagar a multa.

"Você acha que vou pagar essa multa? Não vou pagar mesmo. Mesmo que me condenem lá, eles nunca vão ver um tostão dessa multa, pode ter certeza. (...) Eu vou recorrer ao Conselho. Mas eu já sabia que ia ser condenado. Para mim, é uma leviandade, é uma jogada de marketing da CVM", disse.

O outro acusado de "insider information" foi Carlos Felipe da Costa Almeida de Paiva Nascimento, condenado a pagar o valor de R$ 540 mil. De acordo com a CVM, até as operações com papéis da Ipiranga, realizadas antes da divulgação do fato relevante, o investidor operava somente com ativos de renda fixa.

A ficha para operar com a corretora é datada de 14 de março, as ordens de compra foram dadas nos dois dias seguintes, todas antes da divulgação do comunicado ao mercado. Durante o julgamento, não havia nenhum representante do investidor presente.

Já o terceiro condenado é Rodolfo Lowndes, que comprou ações da Ipiranga em nome de um investidor não-residente no país, Salvador Frieri, via fundo Lexton LLC, também antes da divulgação do comunicado, tendo vendido os papéis no dia seguinte à publicação ao mercado.

Ele foi condenado a pagar R$ 100 mil em multa à autarquia, pelo exercício irregular da função de administração de carteira. O representante no Brasil do fundo Lexton era a Mellon DTVM, que declarou que Lowndes era a pessoa "indicada pelo investidor para tratar de todos os seus interesses, inclusive a seleção e indicação das operações no mercado financeiro e de capitais".

Durante o julgamento, Lowndes disse não atuar como gestor de carteira, mas apenas executar as ordens realizadas pelo próprio investidor. Ele não quis comentar o resultado do julgamento.


CVM multa acusados no caso Ipiranga em R$ 2 milhões - Ter, 23 Nov, (Juliana Ennes | Valor)

CVM pune

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou em R$ 600 mil o diretor de relações com investidores da Vicunha Têxtil, Reinaldo José Kröger, pela divulgação tardia e incompleta de fatos relevantes relacionados a operações com derivativos da companhia.

As operações foram realizadas no segundo semestre de 2008 e no primeiro semestre de 2009. Em 3 de novembro de 2008, a companhia publicou comunicado ao mercado informando ter liquidado naquela data um contrato derivativo celebrado com o Itaú BBA, contabilizando um prejuízo de R$ 35 milhões.

Segundo a CVM, somente em 10 de novembro foi publicado fato relevante informando sobre a liquidação de mais contratos no dia 3, totalizando, na verdade, um prejuízo de quase R$ 70 milhões.

A outra acusação sobre a Vicunha Têxtil trata de fato relevante de 13 de maio de 2009, sobre acordo com o Merrill Lynch. A empresa deveria ter comunicado as condições do acordo, principalmente o pagamento de R$ 174 milhões. No entanto, as informações só foram publicadas em 22 de maio, após ser solicitada pela bolsa de valores.


CVM multa Vicunha Têxtil por demora em divulgar comunicado - Ter, 23 Nov, Juliana Ennes | Valor Econômico

Evento

Evento: II Conferência sobre Contabilidade SocioAmbiental da América do sul
Data: 25 e 26 de julho de 2011
Local: Ribeirão Preto, SP

A professora Jan Bebbington (Csear, St Andrews, Escócia) já confirmou a participação. Assim, com o Prof. Ataur BElal (Birgmahan), o Prof. Carvalho, da FEA/USP, a Profa. Aracéli Ferreira. Teremos, também, o relato da experiência de uma doutoranda visitante da Universidade de St Andrews - Yara Cintra.

As principais datas já previstas são:

01/01/2011 - Abertura da submissão de trabalhos
01/01/2011 - Abertura das inscrições
15/05/2011 - Fechamento da submissão dos trabalhos
30/06/2011 - Divulgação do resultado da avaliação dos trabalhos
Fechamento das inscrições:
? Para participantes com trabalho aprovado: 05 de julho de 2011.
? Para participantes sem trabalho aprovado: 20 de julho de 2011.
25/07/2011 - Abertura do evento
26/07/2011 - Encerramento do evento

O evento ocorrerá 2 dias antes do Congresso USP, de forma a se conciliar a participação nos dois eventos.

O site está em fase de finalização, mas já tem algumas informações:http://csearsouthamerica.org/csear2011/

SEm mais, agradecemos a colaboração.

Profa. Maisa Ribeiro
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto

23 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Links

A ciência das líderes de pesquisa

As maiores ofertas iniciais de ação

Fila de banco e dano moral

O interesse público e a convergência

IFRS e a contabilidade do passivo

Teste $386



A fotografia mostra um edifício que tem relação com a contabilidade. Você saberia dizer o que é?

Resposta do Anterior: Snipes. Fonte: aqui

Empresária condenada

A empresária Tânia Bulhões Grendene Bartelle foi condenada nesta segunda-feira, 22, a quatro anos de reclusão, convertidos em duas penas restritivas, mais pagamento de multa, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão foi dada pelo juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, pelos crimes de falsidade ideológica, descaminho, formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro nacional.

Tânia está proibida de viajar ao exterior, por mais de dez dias
Segundo o TJ, Tânia está proibida de viajar ao exterior, por mais de dez dias, sem autorização judicial, pelo tempo fixado na sentença de pena privativa de liberdade (quatro anos) e deverá prestar serviço à comunidade junto à entidade Fundação Dorina Nowill para cegos.

Além disso, foi aplicada 20 dias-multa, sendo que foram considerados pagos pelo fato de ter ficado acordado no procedimento de delação premiada que a prestação pecuniária determinada naquela oportunidade abrangeria quaisquer outros valores a serem pagos por Tânia em decorrência da sentença.


Justiça condena Tânia Bulhões por formação de quadrilha - Solange Spigliatti, da Agência Estado

Bônus no Panamericano


Fonte ligada à instituição revelou ao site de VEJA que cada diretor recebia anualmente cerca de 4 milhões de reais em bônus

Os salários da diretoria do banco Panamericano continuam causando polêmica. De acordo com o formulário de referência do banco, divulgado em seu próprio site na internet, nenhum membro da diretoria era premiado com remuneração de curto ou longo prazo – pelo menos não nos últimos dois anos. No entanto, uma fonte ligada à instituição revelou ao site de VEJA que cada diretor recebia anualmente cerca de 4 milhões de reais em bônus. Tal quantia não era discriminada no balanço da empresa, cujas despesas de pessoal totalizaram cerca de 22 milhões de reais no ano passado e 13 milhões de reais no primeiro semestre de 2010.

Isso significa que o banco fazia aportes anuais de cerca de 32 milhões de reais ao bolsos de seus executivos, sem que isso fosse discriminado no balanço. Inicialmente, acreditava-se que os executivos forjavam números inflados em seu balanço para aumentar seus bônus. No entanto, de acordo com o formulário de referência do Panamericano, a maior remuneração conferida a um executivo em 2009 foi de 960 mil reais, não passando 80 mil reais por mês. Os bônus eram pagos, então, por fora. "Todos no banco sabiam que a diretoria ganhava bônus", afirma a fonte ouvida pelo site de VEJA.

Defesa milionária – Tal valor (os 80 mil reais) seria, no mínimo, insuficiente para custear a defesa de Rafael Palladino, ex-presidente do banco. O executivo contratou um grupo de renomados escritórios de advocacia para conduzir sua defesa nos processos que sofrerá. O site de VEJA apurou que Palladino pagará 4 milhões de reais, inicialmente, por estes serviços. O ex-ministro da Justiça e criminalista Márcio Thomaz Bastos confirmou que fará parte do time que defenderá Palladino.

Segundo o formulário de referência protocolado na CVM, o total pago como salários aos oito diretores do banco em 2009 foi de 4,5 milhões de reais. Neste ano, o montante que sairia do caixa da empresa para pagar a diretoria não passaria de 4,4 milhões de reais para todos os membros. Sobre a participação acionária dos diretores, também há informações inverossímeis. De acordo com o formulário de referência, a diretoria possuía 189 mil ações do banco em 31 de agosto de 2010. Já outro documento também disponível no site da autarquia, na mesma data a posição acionária dos diretores era de 491 mil papeis.


Panamericano: bônus milionários eram pagos fora do balanço - Veja

Planejamento tributário


O objetivo dessa reestruturação é reduzir o pagamento de impostos sobre a renda, redistribuindo as receitas e as dívidas entre as subsidiárias, explica o diretor de relações com investidores do JBS, Jeremiah O'Callaghan.

As dívidas diminuem os resultados líquidos das empresas, reduzindo a base de cálculo do imposto. "Hoje temos ineficiência financeira e fiscal, mas estamos resolvendo até o primeiro trimestre de 2011", diz o empresário.


Sobre o frigorifico JBS, Brasil Econômico

Pergunta

O fato é que os auditores foram colocados na defensiva. “Ao suspender o pagamento da Deloitte, Silvio Santos atribui a culpa à empresa. Mas a história está malcontada e vai muito além de distribuir culpa”, diz Carlos Alberto Safatle, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP).


Da Isto é Dinheiro, e postado no blog anteriormente.

Um leitor pergunta:

Só uma curiosidade: o que o presidente do Conselho Regional de Economia tem a ver com o assunto?

Comprando mico

Compra do Panamericano pela CEF mostra peso da responsabilidade de estatal comprando empresas privadas.

O especialista em direito público Carlos Ari Sundfeld acredita que, com as consequências da compra do banco Panamericano pela CEF, o papel do Estado na aquisição de empresas privadas começará a ser questionado.

A CEF comprou um banco a partir de uma avaliação errada de informações que constavam em um data room. Isso não coloca sob suspeita vendas que passam por esse processo?

As privatizações de estatais na década de 1990 também geravam polêmica entre os compradores (empresas privadas) sobre dados pouco claros em algum data room. Havia reclamações de compradores que se julgavam prejudicados, passivos que não estariam suficientemente representados. Ou seja, dúvida em relação à qualidade de informações apresentadas pelo vendedor sempre existiu.

Que lição deixa esse episódio?

O grande debate é como o poder público adquire participações em empresas. Ele tem de correr um risco desses? A qualidade das informações do Panamericano é problema do Panamericano. Agora estatais comprando empresas privadas, por que não exigiram uma avaliação mais sofisticada? O critério usado foi adequado? Agentes serão punidos por colocarem recursos públicos em risco?

A responsabilidade de uma empresa pública compradora é maior...

Quando se vendia a estatal no passado, a grande questão era se estava sendo vendido muito barato. Agora é mais delicado do que os que venderam o patrimônio público. Agora é dinheiro público comprando mico.


Carlos Sundfeld: “É o poder público comprando ‘mico’” - Carla Jimenez - Brasil Economico - 17/11/10

Contabilidade pública

O debate sobre contas públicas, um dos mais quentes em períodos de eleição, deve ganhar novos contornos a partir da próxima legislatura, com a mudança das normas de contabilidade do setor público para o padrão internacional [1]. O ritual será semelhante ao vivido pelo meio empresarial com o padrão de contabilidade do setor privado (o chamado IFRS), mas nesse caso as normas do setor público recebem o nome de Ipsas.

Ao tirar o foco apenas do resultado fiscal, simbolizado pelo famoso superávit primário, esse novo padrão dará maior visibilidade à situação patrimonial de União, Estados e municípios. De um lado, os ativos, muitas vezes registrados por valores irrisórios, passarão a ser contabilizados por um valor mais próximo da realidade. De outro, passivos como compromissos atuariais com regimes próprios de previdência também terão quer calculados e registrados no balanço, o que poderá revelar rombos que até agora estão escondidos.

Embora a adoção obrigatória das normas internacionais só comece em 2012 para a União e Estados e em 2013 para os municípios, alguns entes federativos já estão em processo avançado de transição e podem antecipar parte do processo já em 2011, o que é permitido legalmente a partir de 2010.

Esse pode ser o caso de Santa Catarina, do Acre, de Pernambuco e de Recife, por exemplo. Para dar a largada à convergência, eles aguardam que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) divulgue um plano de contas mais estabilizado [2] para o setor público, o que está previsto para outubro.

Em termos formais, o demonstrativo financeiro de uma entidade do setor público vai se parecer mais com aquele publicado pelas empresas nos jornais, com Balanço patrimonial, demonstração de resultado do exercício e demonstração de mutação do patrimônio líquido [3] . Assim como é feito pelas empresas, as receitas e despesas serão lançadas obrigatoriamente pelo regime de competência e não de caixa. Hoje o setor público usa um sistema misto, que combina os dois modelos, com prevalência do regime de caixa para as receitas.

Segundo Sergio Romani, sócio de Auditoria da Ernst & Young, pelo modelo atual o patrimônio do governo não aparece. "Os Ativos do setor público são muito antigos e estão registrados por valores irrisórios. Com o IFRS do setor público, isso vai mudar", afirma o especialista, destacando que isso pode ser importante, por exemplo, no momento da contratação de um empréstimo em organismos internacionais como Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "Eles olham o fluxo de caixa, mas também quanto o empréstimo representa do patrimônio líquido", diz.

Além dos Ativos como prédios, participações em empresas, máquinas, equipamentos, móveis e terrenos, as normas internacionais de contabilidade também preveem que os Bens de uso público como praças, florestas, rios e rodovias tenham seu valor calculado e registrado no Balanço do governo.

O conhecimento sobre o valor desses Bens deve servir não apenas para que se tenha um registro confiável do patrimônio, mas para ajudar a tomar decisões políticas. "Quando um governo faz uma concessão de rodovia ou privatiza um bem e compara com o custo histórico registrado, ele sempre tem lucro [4]. Mas pode ser que se tenha perdido dinheiro com uma privatização", explica Romani.

Outra novidade considerada importante por Joaquim Liberalquino, coordenador do grupo de trabalho do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que cuida do processo de convergência de normas do setor público, será a prática de depreciação, Amortização e exaustão dos bens, depois que eles forem reavaliados.

Segundo ele, isso dará uma visão mais real dos custos envolvidos [5] no setor público. "Hoje se diz que o custo de determinado atendimento de saúde é de R$ 5, por exemplo, mas a depreciação do hospital e das instalações não está incluída. Como a depreciação não é orçada, as pessoas constroem, fazem as obras, mas para manter a qualidade depois fica muito difícil, sem saber o custo de reposição [6]", afirma.

Na mesma linha, o diretor de contabilidade geral da Secretaria da Fazenda de Santa Catarina, Wanderlei Pereira das Neves, diz que é preciso quebrar o paradigma orçamentário e financeiro que predomina na análise das contas públicas. "Um governo pode ter superávit, mas estar perdendo patrimônio pelo abandono de suas instalações", afirma. "Para o dono de uma empresa, não interessa só a receita e a despesa. Ele quer saber se o patrimônio Líquido está subindo ou diminuindo", acrescenta.

Da mesma forma, ele diz que a visão sobre determinados gastos pode mudar. "As pessoas dizem que o governo aumentou a despesa com custeio. Mas isso não necessariamente é ruim [7] porque você pode estar melhorando a qualidade do serviço publico. Se o governo faz uma compra grande de medicamentos, isso pode ter virado estoque, e não uma despesa [8]. Essa mudança de conceito tem que ser bem trabalhada", explica Neves.
O responsável pelos balanços de Santa Catarina conta que foi publicado, em 10 de agosto, um primeiro decreto para criar um grupo de trabalho para coordenar o processo de convergência contábil no Estado. Um segundo decreto deve sair nos próximos dias autorizando o início da avaliação dos bens. "Tão logo o decreto esteja publicado, os engenheiros vão começar o trabalho", afirma, reconhecendo que o procedimento completo deve demorar mais de três anos.

Santa Catarina, adiantando-se em algumas medidas que devem virar regra no novo padrão contábil, já registra no Balanço o Passivo atuarial com o regime próprio de previdência do Estado. A dívida previdenciária de R$ 28,8 bilhões é a principal responsável por Santa Catarina ter encerrado 2009 com um patrimônio Líquido negativo de R$ 32,8 bilhões. Os ativos, no entanto, ainda não foram reavaliados. Além disso, ao contrário da maior parte dos entes federativos, o Estado faz provisão quase integral para a dívida ativa em função do difícil processo de cobrança.

Segundo Liberalquino, do CFC, no novo modelo os governos terão que fazer teste de imparidade da dívida ativa e de outros bens. Se o valor contábil for muito maior do que o considerado justo ou recuperável, haverá uma baixa no valor do ativo. Ainda segundo o técnico, a questão da dívida atuarial dos regimes próprios pode criar embaraços ligados à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), já que se ultrapassaria o limite de endividamento máximo permitido para Estados e municípios. "Teria que haver um limite exclusivo para dívida previdenciária, diferente da Dívida Mobiliária com a União e da dívida financeira", diz Liberalquino.

Neves, de Santa Catarina, diz que o reconhecimento feito dessa dívida no seu Passivo não tem sido considerado para efeito da LRF.

Migração para norma internacional ocorre em vários países

A decisão de mudar o padrão contábil do setor público veio no mesmo contexto da edição da lei 11.638, no fim de 2007, que deu a largada para que as empresas abertas fossem obrigadas a mudar o sistema de contabilidade para o modelo internacional, conhecido como IFRS. Quem explica é Nelson Machado, secretário-executivo do Ministério da Fazenda. "Como a ideia era ter uniformização das normas para o setor privado, conversamos com o CFC [Conselho Federal de Contabilidade] e achamos que era adequado seguir o mesmo caminho", diz o secretário, destacando a importância de se ter demonstrativos comparáveis aos de outros países.

Apesar de estar inspirado na migração do setor privado para o IFRS, o processo de adoção de normas internacionais de contabilidade pelo setor público tem algumas diferenças. A principal delas é que as empresas brasileiras estão adotando o IFRS a partir deste ano, depois de dezenas de países europeus e do resto do mundo já trabalharem com esse novo modelo, hoje obrigatório em mais de cem países. No caso das Ipsas, como são chamadas as normas internacionais para o setor público, a adoção pelo Brasil será feita ao mesmo tempo em que outros países ou estados autônomos estão migrando. [9]

Um estudo da Ernst & Young com 19 jurisdições mostra que as Ipsas são usadas atualmente pelos governos centrais do Reino Unido, da França, da Suécia, da Suíça e da Lituânia, enquanto Holanda e Noruega estão em processo de convergência. Outros países como Portugal, Espanha, Áustria, Dinamarca e Finlândia não adotam as Ipsas, mas já usam um modelo contábil todo no regime de competência. Na Bélgica e na Itália, há uma migração do regime de caixa para competência. Grécia e Alemanha usam o sistema de caixa e não possuem plano de mudar as regras.

O estudo mostra que, no geral, existe uma Tendência de se adotar o regime de competência, mas nem sempre o modelo Ipsas. Entre os países que adotaram o sistema internacional, o principal argumento foi o de que criar um novo modelo seria como reinventar a roda. Já entre os que não escolheram o padrão uniformizado, o motivo mais frequente é ter usado como base o modelo contábil local empresarial.
Na Europa o padrão IFRS é usado apenas para os demonstrativos consolidados, e não para os balanços individuais, que produzem efeitos fiscais. No Brasil, a norma internacional vale para os dois tipos de balanço, embora também não exista efeito fiscal.

Segundo Nelson Machado, da Fazenda, o Brasil não vai simplesmente adotar as regras que forem emitidas pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público (Ipsasb, na sigla em inglês). "Pode haver normas que não nos interessem" [10], afirma o secretário, acrescentando que sempre haverá prazo para adaptação.

Atualmente, existem 31 Ipsas emitidas, sendo que as dez principais foram traduzidas e publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) no Brasil. São essas dez normas que passam a valer a partir de 2012 para a União e Estados e em 2013 para os municípios.

Ao contrário do IFRS, quando todas as mudanças precisam ser feitas de uma única vez, no setor público há o entendimento de que o processo de avaliação de bens, por exemplo, poderá ser feito ao longo do tempo, diante da dificuldade do trabalho.
Embora receba pouca atenção de economistas, políticos e da mídia, o Ministério da Fazenda divulga todos os anos um Balanço contábil da União, incluindo a administração direta, indireta, fundos etc. Ao fim de 2009, o patrimônio Líquido do governo federal era de R$ 350 bilhões, enquanto os Ativos reais somavam R$ 2,81 trilhões, o equivalente a menos do que uma vez o Produto Interno Bruto (PIB) do país.


Fonte: Valor Econômico, 11 de novembro de 2010 - Contabilidade dos Governos Muda e Ativo Ganha Espaço, via Contabilidade e Controladoria


Meus comentários:
[1] Acho que irá afetar o debate, mas a decisão será ainda usando o regime de caixa
[2] ? ?
[3] Fluxos de caixa também
[4] Não necessáriamente
[5] se os custos forem alocados, sim
[6] não será possível obter esta informação
[7] Mas em geral a despesa de custeio é ruim.
[8] O exemplo não foi bom, pois o estoque será despesa no futuro próximo.
[9] O parágrafo seguinte contradiz isto.
[10] isto não é bom. Quem irá determinar quem é “justo”?

Auditoria Interna

Os especialistas em governança gostam de um escândalo corporativo. Pode até parecer estranho, mas eles têm motivo para isso. Ao menos é o que indica a pesquisa realizada anualmente pela firma de auditoria e consultoria KPMG e pelo Centro de Estudos em Governança da Fipecafi-USP, "A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais". Poucos foram os avanços, quando não houve retrocesso, na fotografia geral sobre controle e gerenciamento de riscos ao longo do último ano, em especial quando o foco é o Novo Mercado, espaço considerado o nível máximo de boas práticas no país. Houve melhorias significativas de 2008 para 2009, logo após a crise global e o episódio com derivativos. Mas em 2010, ano em que a crise se confirmou uma marolinha para o Brasil, o resultado deixou a desejar. Agora, os problemas encontrados no banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, voltam a chacoalhar o universo das empresas abertas.

São diversos os números do levantamento - realizado com base no Formulário de Referência (FR), documento que passou a ser enviados pelas companhias abertas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste ano - que apontam a carência nessa área. No Novo Mercado, o percentual de empresas com comitê de auditoria ficou praticamente estável em relação a 2009, saindo de 35% para 36,4%. A fatia de companhias que possuem auditoria interna caiu de 59,4% para 42,1% - e em apenas 15% dos casos ela se reporta diretamente ao comitê de auditoria ou ao conselho de administração. A proporção de empresas do segmento que separam o cargo de presidente do conselho do posto de presidente-executivo baixou significativos dez pontos, de 84% para 73,8%.

Sidney Ito, sócio da KPMG responsável pela área de governança, destaca que o país avançou muito nos últimos anos, mas que ainda existe muita lição de casa por fazer. A principal melhora foi de ambiente, uma vez que o grau de transparência das empresas aumentou por conta do novo documento exigido pela CVM. "Quem já tinha boas práticas adicionais ao regulamento, em geral, as manteve, mas algumas companhias que chegaram agora ao Novo Mercado ainda precisam melhorar."

Novidade do levantamento e, portanto, sem base comparativa é a constatação de que ao menos 17,8% das empresas do Novo Mercado informaram ter recebido comentários sobre deficiências em seus controles internos. Esse percentual foi considerado "elevado" pela pesquisa. Ele é mais de duas vezes superior ao percentual de empresas emissoras de ADR (recibos de ações listados na Bolsa de Nova York) 2 e 3 que divulgaram ter recebido sugestões e comentários nesse sentido, companhias que já se preocupam com essa questão pois atendem à lei americana Sarbanes-Oxley (SOX).

Ito destacou que, como é a primeira vez que se tem acesso a essa informação no Brasil, a expectativa é que sua divulgação melhore os resultados nos próximos anos. Para ele, embora o percentual possa não ser assombroso para um primeiro ano, há preocupação qualitativa, pois foram relatadas falhas graves na estrutura de tecnologia, na mensuração de contingências e até na qualidade dos profissionais internos de contabilidade.

"Os escândalos é que apontam onde os avanços são necessários. A SOX é produto das fraudes ocorridas nos Estados Unidos com a Enron e a WorldCom. É assim no mundo inteiro", ressalta Edison Garcia, superintendente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec). Além disso, segundo ele, esses eventos mostram que governança não é "perfumaria", mas sim um conjunto de práticas necessárias. É comum que as melhorias em legislação, regulação e autorregulação ocorram justamente após episódios ruins.

Outra novidade que a pesquisa deste ano pode apontar por conta do FR é que 60% das empresas do Novo Mercado relataram ter uma política formal de gerenciamento de riscos de mercado, comparado a 42% das empresas do mercado tradicional da BM&FBovespa e a 75% das brasileiras detentoras de ADR 2 e 3. Essa é certamente uma herança deixada pelos problemas enfrentados por Sadia, Aracruz e outras empresas com derivativos.

Apesar de muitas empresas terem a política, é baixo o percentual das que possuem mecanismos que assegurem a implementação dessas regras internas: só 49,5% das companhias do Novo Mercado e 32% do segmento tradicional têm uma área dentro de sua estrutura visando o gerenciamento dos riscos, ante 82% das presentes na bolsa americana. Assim, nem todas as empresas com uma área de gestão de risco têm uma política que organize o trabalho e nem todas aquelas que criaram as regras possuem um grupo que as fiscalize, indicando a existência de brechas potenciais nessa gestão.

Mas nem sempre é a existência de brechas que explicam as fraudes. Os especialistas afirmam em coro que não há barreiras que segurem más intenções. Porém, Eliseu Martins, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários e professor da Fipecafi-USP, destaca a importância dos comitês de auditoria, com membros independentes à administração, e de uma auditoria interna de qualidade. "São essenciais, especialmente nos bancos", diz. "O sistema precisa ser fiscalizado de cima para baixo. E em bancos é tudo mais complexo, pois é tudo transação exclusivamente no papel, virtual. Não tem fazenda nem indústria para se visitar."

Não é só a governança que fica na berlinda em caso de escândalo corporativo. Quando há relação com controles internos e contabilidade, o assunto atinge em cheio também as auditorias, pois o trabalho de seus profissionais é alvo de questionamento. A despeito disso, o avanço na transparência dessas firmas ainda é pequeno. Elas não divulgam balanços e, em geral, protegem-se na confidencialidade do trabalho para não comentar episódios importantes.

A KPMG, por exemplo, trabalhou na diligência contábil do PanAmericano para a Caixa Econômica Federal, que comprou participação minoritária no banco, e recentemente ganhou a licitação para auditar o balanço do Banco do Brasil por R$ 95 mil, valor que não cobre nem os custos do trabalho.


Valor Econômico - Estudo mostra que número de empresas do Novo Mercado com auditoria interna caiu neste ano - Por Graziella Valenti De São Paulo - 16/11/2010
Via blog de Vladmir Almeida

22 novembro 2010

Valor de Tiririca

Ao fazer do palhaço Tiririca sua principal aposta eleitoral em São Paulo, o PR o transformou não apenas em puxador de votos, mas também em "puxador de dinheiro". Os mais de 1,3 milhão de eleitores que consagraram o deputado eleito valerão para sua legenda cerca de R$ 2,7 milhões por ano no rateio do Fundo Partidário.

Esse "bônus Tiririca" equivale a mais de cinco vezes o valor aplicado pelo partido na campanha do candidato, na qual se apresentou como "abestado" e celebrizou o slogan "pior que tá, não fica".

O Fundo Partidário é formado por recursos públicos e dividido de acordo com a votação de cada legenda. Graças ao desempenho eleitoral deste ano, o Partido da República - chamado por alguns de seus próprios líderes de "Partido de Resultados" - vai elevar de 4,5% para cerca de 7,5% a sua fatia no bolo de R$ 201 milhões do fundo. Sua receita anual deve subir de cerca de R$ 8 milhões para pelo menos R$ 14 milhões.
Tiririca, que teve 6,4% dos votos para a Câmara dos Deputados em São Paulo, é o principal responsável por esse avanço, mas não o único. Em outros quatro Estados o deputado federal mais votado é do PR. Três deles tiveram até mais eleitores que o palhaço, em termos proporcionais - um exemplo é o ex-governador Anthony Garotinho, que teve 8,7% dos votos no Rio.


Tiririca renderá R$ 2,7 milhões por ano para seu partido - Estado de São Paulo - 22 Nov 2010 (via aqui)

Rir é o melhor remédio



Consumo exagerado. Fonte: aqui

Teste #385

Ator de filmes como Demolidor, este ator foi condenado por sonegação de 20 milhões de dólares de impostos. Apelou da decisão e agora deverá cumprir três anos de pena.

Nigel Hawthorne
Silvester Stallone
Wesley Snipes

Resposta do Anterior: A E&Y foi isenta. O partido preferido foi o republicano. Fonte: aqui

As maiores doações

A seguir, os dez maiores doadores na política dos Estados Unidos, de 1989 a 2009:

1. ATT = 46 milhões
2. ActBlue = 45 milhões
3. American Fedn of State = 43 milhões
4. National Assn of Realtors = 38 milhões
5. Goldman Sachs = 33 milhões
6. Intl Brotherhood of Electrical Workers = 33 milhões
7. American Assn for Justice = 33 milhões
8. National Education Assn = 31 milhões
9. Laborers Union = 29,8 milhões
10. Carpenters & Joiners Union = 28,9 milhões


Fonte: aqui

Dez grandes escolas de administração

10 University of Cambridge--Judge Business School
9 York University--Schulich School of Business
8 University of Toronto--Rotman School of Management
7 IMD
6 University of Western Ontario- Ivey School of Business
5 London Business School
4 ESADE
3 IE Business School
2 Queens University School of Business
1 INSEAD

Fonte: aqui

Sílvio Santos

O ícone da televisão brasileira Silvio Santos vive um momento que pode abalar seu vasto currículo de animador de plateias. A fraude no Banco Panamericano, que pertence ao Grupo Silvio Santos e que o obrigou a tomar um empréstimo de R$ 2,5 bilhões, respinga nos outros negócios e começa a colocar em discussão uma imagem construída em décadas de bom desempenho televisivo.

Hoje, Silvio tem dois públicos bem distintos para alimentar: o mercado financeiro, ávido por informações sobre a situação do Panamericano, e o que lhe garante audiência na televisão e aposta na idoneidade de sua figura televisiva. Na opinião de Sérgio Guerreiro, da SPGA Consultoria de Comunicação, as reações de ambos podem refletir no andamento de seus negócios.

A figura do empresário se mistura à do apresentador, dizem profissionais que cuidam de gestão de imagem corporativa. Por isso mesmo repercutiu bem a decisão de pôr o patrimônio do próprio grupo como garantia para obter o empréstimo sem juros com carência de dez anos do Fundo Garantidor de Crédito. “Por outro lado, alguns depoimentos publicados na mídia impressa em tom galhofeiro, como o dado ao jornal Folha de S. Paulo, pegaram mal”, diz Guerreiro. “Não era o canal e nem a hora de falar nesse tom. Seria recomendável uma atitude mais séria.”

Para quem conhece Silvio de perto, não há surpresa nessa reação. É comum ouvir de funcionários que trabalham com ele que o patrão é indomável e raramente acolhe opiniões sobre como deveria conduzir sua persona pública. Há também constantes relatos sobre as reações que revelam a personalidade centralizadora de Silvio. A mais recente delas acabou na saída do advogado Luiz Sandoval, que presidia o grupo e trabalhava ao lado de Silvio há mais de 40 anos. Conforme o próprio advogado contou, Silvio queria conduzir a crise de um jeito. Ele argumentou que deveria ser de outro. Sem margem de negociação, se demitiu.

O modelo que Guerreiro cita como exemplo a ser seguido é o do presidente mundial da Toyota no episódio em que pediu desculpas públicas e quase chorou, após admitir erro na condução da incrível sequência de recalls de modelos da marca. “As vendas da montadora caíram e já se recuperaram, porque a imagem da empresa não foi afetada de forma irreversível, e acabou até reforçada pela atitude corajosa do reconhecimento da culpa do presidente da Toyota”, explica Guerreiro.

No mundo inteiro, executivos, empresários e estrelas do show business envolvidos em escândalos ou perdas financeiras têm recorrido a pedidos públicos de desculpa para tentar atenuar prejuízos de imagem. Mas, para alguns analistas do meio, o pedido de perdão virou moda e também pode se desgastar. Mais do que isso, eles acreditam que a crise do Grupo Silvio Santos ainda não atingiu esse grau de seriedade, já que não se sabe a extensão do estrago.

“A tática de criar situações para desanuviar o clima em torno dos desdobramentos revelados sobre o rombo no banco, como, por exemplo, não suspender o lançamento do livro da mulher (Íris Abravanel), foi bem aproveitada. Deu oportunidade para ela dar o recado de que o marido é ‘um homem de palavra e sempre foi cumpridor de suas responsabilidades’”, diz Guerreiro

Há, no momento, uma romaria de artistas do quadro de programação do SBT falando loas sobre a lealdade e integridade de Silvio. Mas não só. No meio publicitário também é comum o discurso de que o SBT é uma emissora parceira.

Sensibilidade. O publicitário e consultor Luis Grottera, que trabalhou na área de marketing do SBT por mais de três anos na década de 80, gosta de contar uma história que revela a sensibilidade do seu ex-patrão para lidar com o público. “A audiência dele tinha caído. Preocupado, me pediu um estudo para descobrir as razões. Encomendei uma discussão em grupo. Ele assistia a tudo na sala ao lado e antecipava todas as respostas que seriam dadas pelos consumidores que participavam da pesquisa. Nunca vi nada igual”, relembra ele.

A conclusão do trabalho indicava que a produção do programa havia melhorado, assim como iluminação e atrações. Com isso, Silvio também estava se sofisticando. “Concluí que a audiência queria que o Silvio fosse do jeito que ele é, assim como o presidente Lula, que fala de improviso, às vezes comete deslizes, mas a plateia segue aplaudindo. Até hoje Silvio diz que, com seu público, é do jeito que ele é.”

O homem que joga dinheiro como se fosse aviãozinho para uma plateia majoritariamente feminina embasou o crescimento de seu patrimônio na simpatia do camelô, atividade com que começou a vida. Mas também apostou que sua espontaneidade no trato transferia credibilidade para os seus negócios, como o crediário do Baú da Felicidade, a primeira de uma lista que hoje soma 44 empresas.

Silvio já tentou ser presidente. Viu que o mundo político não era para ele. Nesse período, sua imagem foi arranhada, mas não o tirou do ranking dos dez maiores nomes da televisão brasileira. Parece mesmo que ele se diverte quando está no ar diante de seu auditório. Uma imagem que cultiva e vale milhões. Logo, é melhor mesmo não correr o risco de vê-la ameaçada.

PARA LEMBRAR

Após a revelação do rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano, há cerca de duas semanas, Silvio Santos tomou a frente da situação, dizendo-se vítima do escândalo. Na mesma semana, o empresário decidiu divulgar um fato relevante nos jornais informando que o Grupo Silvio Santos iria processar cível e criminalmente os diretores do banco.


Rombo pode abalar imagem de Silvio Santos? - Marili Ribeiro - 22 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Caixa irá socorrer

A Caixa Econômica Federal, o quarto maior banco no ranking brasileiro, vai colocar o peso da instituição para ajudar na recuperação do Banco Panamericano. A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, anunciou, em reunião com o apresentador Silvio Santos, que vai atuar para cobrir o rombo de R$ 2,5 bilhões no banco.

O auxílio virá de duas formas, de acordo com narrativa de Maria Fernanda no encontro de sexta-feira: a Caixa vai usar a rede do Panamericano para comercializar a sua linha de cartão de crédito voltada para o consumidor de baixa renda e fornecerá mão de obra para a instituição de Silvio.

A CaixaPar, holding que controla a Caixa, já enviou executivos para a nova diretoria do Panamericano. O foco do banco do Grupo Silvio Santos é nos consumidores das classes C e D, um dos segmentos que mais cresce no País.

A Caixa foi criticada porque comprou 35,54% do capital do Panamericano em dezembro do ano passado por cerca de R$ 740 milhões, quando não foi observado que o banco de Silvio Santos tinha um rombo de R$ 2,5 bilhões. O banco estatal alega que não era sua atribuição descobrir problemas. O Banco Fator e a empresa de consultoria KPMG foram contratados pela Caixa para avaliar a situação do Panamericano.

sem venda. O encontro de sexta-feira foi uma espécie de reunião informal do conselho do banco, que tomará posse no próximo dia 29. Maria Fernanda será a presidente do conselho do Panamericano. Ela rebateu os rumores de que o Panamericano pode ser vendido rapidamente. De acordo com Maria Fernanda, o banco só será vendido após seu saneamento e recuperação. A avaliação da Caixa é que a venda, agora, derrubaria o preço do banco.

O novo presidente do Panamericano, Celso Antonio da Costa, também participou do encontro. Segundo relato dele na reunião, a sangria de clientes foi estancada. Antonio da Costa também disse que não há descobertas sobre novos rombos, uma das preocupações da Caixa.


Caixa ajudará na recuperação do banco - Jornal do Commércio do Rio de Janeiro

Auditoria no setor público: motolâncias

Auditoria do Sistema Nacional de Auditoria (Denasus), órgão de fiscalização do Ministério da Saúde, aponta que a aquisição de motolâncias (motocicletas equipadas com equipamento de primeiros socorros, para atendimentos rápidos) pelo Serviço de Atendimento Móvel de Emergências (Samu) 192 transformou-se em porta aberta para toda sorte de irregularidades. O documento obtido com exclusividade pelo GLOBO mostra que 400 motolâncias, adquiridas em 2008 por R$6 milhões, foram entregues sem condições de salvar um infartado ou mesmo de auxiliar no primeiro atendimento a vítimas de acidentes de trânsito. Também há suspeita de superfaturamento para a realização de evento em Brasília com o objetivo de promover o programa, além de pagamentos não explicados pelo trabalho de supostos consultores técnicos.

Segundo a auditoria, os veículos adquiridos para dar mais velocidade ao atendimento chegaram ao destino sem desfibrilador, oxímetro e cilindro de oxigênio, descumprindo a portaria 2.971 do Ministério da Saúde, que regulamenta o atendimento por motolâncias. Aliada à dificuldades para formar condutores (que têm que ser paramédicos), a entrega das motos “peladas” fez com que inúmeros equipamentos ficassem parados ou estocados, alguns até hoje.

Em Brasília, a rede Samu recebeu 22 motos, mas só usa dez. O coordenador dos motociclistas de atendimento de urgência, Marcos Machado, diz que os 12 aparelhos parados integram a “reserva técnica”. Para compensar a falta dos equipamentos elementares de atendimento, o coordenador deu um “jeitinho”:

— O Ministério da Saúde não entregou os equipamentos nem aqui nem em nenhum outro lugar. As nossas motos foram equipadas com o material que tinha no almoxarifado, que eu adaptei. Hoje, conseguimos fazer os atendimentos graças a isso, garantindo bons resultados.

Machado explica ainda que para o sistema dele funcionar é preciso acionar sempre duas motos ao mesmo tempo.

— Como não há espaço para tudo, o oxigênio e o desfibrilador seguem numa moto. Na outra, nós levamos o restante do material — diz.

Enquanto Brasília tem uma “reserva técnica” superior à frota rodando, em Goiânia (GO) faltam motolâncias. As 11 motos que a prefeitura recebeu entraram em operação em março deste ano, após um ano e meio mofando na garagem.

— Agora, estamos com todas as motos na rua. São cinco equipes. Até já pedimos mais ao ministério — informa.

Suspeita de superfaturamento em transporte de motos

As motos que chegaram a Goiânia e Brasília fazem parte de um lote de 51 motolâncias entregues em 2008 pela Rontam, montadora de Tatuí (SP), ao Ministério da Saúde. Essas motos foram usadas em cerimônia realizada no pátio do ministério, em dezembro desse ano, para promover o sistema. O seu transporte de São Paulo a Brasília custou R$51 mil, R$1 mil por unidade.

Mas, inicialmente, o preço orçado para o transporte era de R$430 por unidade. O novo valor foi questionado em troca de e-mails entre servidores da Saúde. Os auditores constataram “indicativos de superfaturamento” e recomendaram investigação para apurar “responsabilidade e reparação do suposto prejuízo ao erário”. Até hoje, entretanto, nenhum processo administrativo foi instaurado.

Para o evento, o ministério gastou R$12 mil com a montagem do aparato para a entrega simbólica das motolâncias. Mas os auditores não encontraram documentos básicos, como as notas fiscais dos serviços.


Motolâncias levam irregularidades na garupa - 22 Nov 2010 - O Globo - Roberto Maltchik

21 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

A diferença que faz um bigode. Fonte: aqui

Mario Bros

Salvador Dali

Einstein

Fred Mercury

Karatê Kid

Stalin

Gandhi

Perda da Caixa

Quando a Caixa Econômica Federal comprou 35,5% do Panamericano por R$ 740 milhões, em novembro de 2009, o banco de Silvio Santos valia R$ 2,1 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo. Na última quinta-feira, o chamado valor de mercado havia desabado para R$ 1,2 bilhão. Ou seja, só nesse item, a instituição controlada pelo governo federal perdeu mais de R$ 320 milhões - diferença entre a participação de 35,5% em relação a R$ 2,1 bilhões e a R$ 1,2 bilhão.

Uma das várias questões que intrigam o mercado no caso Panamericano é o fato de o banco ter conseguido dois grandes aportes de capital quando aparentemente já enfrentava problemas. Segundo o Banco Central (BC), há indícios de que as fraudes contábeis começaram há cerca de quatro anos, ou seja, em 2006. Mas não é só isso. Rumores sobre a solidez do banco eram correntes há alguns anos.

Ainda assim, o Panamericano conseguiu levantar quase R$ 800 milhões em uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) realizada em novembro de 2007. Somando a compra pela Caixa e o IPO, está se falando de R$ 1,5 bilhão.

A abertura de capital foi coordenada por três instituições bastante ativas no mercado de capitais brasileiro: UBS Pactual (hoje BTG Pactual), Bradesco BBI e Itaú BBA. Antes de efetuar a compra de parte do Panamericano, a Caixa foi assessorada pelo Banco Fator e pela KPMG. “Como tanta gente qualificada não conseguiu ver nada?”, indaga uma fonte que pediu para não ser identificada.

O Estado procurou todos os envolvidos. Com exceção do Fator, que designou um porta-voz para explicar a assessoria para a Caixa, os outros se pronunciaram por meio de notas.

Principal coordenador do IPO, o BTG Pactual diz que “seguiu os mesmos procedimentos adotados nos demais processos de abertura de capital”. O Itaú BBA afirma “que se serve de informações públicas e auditadas como base para todos os negócios que assessora”. Completa o Bradesco BBI: “Faz parte dos processos de IPO um relatório de empresa de auditoria especializada, o que ocorreu no caso em questão (foi a Deloitte)”.

A KPMG diz que “os limites do trabalho executado, bem como das informações disponibilizadas no data room (um banco de dados com informações do Panamericano), não permitiriam a detecção dos fatos ora noticiados pela imprensa como irregularidades”.

O diretor do banco de investimentos do Fator, Venilton Tadini, afirma que a instituição se baseou nas informações fornecidas pelo Panamericano. Segundo ele, o “escopo” do trabalho era fazer a chamada due diligence (análise e avaliação detalhada de dados e documentos de uma empresa) a partir de “informações primárias apresentadas pelo Panamericano”. Como tais informações se têm revelado falsas, Tadini afirma que o Fator estuda processar o Panamericano.

Crise de 2008. O interesse da Caixa pelo Panamericano surgiu após a eclosão da crise internacional, em setembro de 2008. Na ocasião, os bancos médios brasileiros sofreram com falta de liquidez. Para evitar uma quebradeira em série, o governo (principalmente via Banco Central) adotou uma série de medidas. Uma delas, de 22 de outubro de 2008, autorizava o Banco do Brasil (BB) e a Caixa a comprar instituições em dificuldades.

O BB foi rápido. Em janeiro do ano seguinte, adquiriu metade do Banco Votorantim. A instituição da família Ermírio de Moraes sofria uma crise de confiança. O mercado não sabia o prejuízo que havia apurado com as operações que ficaram conhecidas como derivativos tóxicos (empresas que apostaram na alta do real ante o dólar e foram pegas no contrapé com a disparada da moeda americana). Uma dessas companhias era a VCP, braço do grupo na área de papel e celulose.

A Caixa demorou um pouco mais para agir. Negociou durante meses com o Panamericano, até divulgar publicamente a compra de metade do capital votante do banco de Silvio Santos. Foi a primeira aquisição realizada na história da Caixa.

Um ex-presidente do BC avalia que a falta de experiência nesse tipo de negócio prejudicou a Caixa. Segundo ele, a diretoria do BB é mais acostumada com aquisições. Portanto, ele argumenta que a chance de entrar em uma roubada é, ao menos em tese, menor que a da Caixa.

Se a Caixa pecou pela falta de experiência ou não, só o tempo vai dizer. Mas uma coisa já é certa: a oposição quer explicações sobre o caso e vai tentar usá-lo para que o governo Dilma Rousseff comece sob fogo cerrado. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado convidou o BC, a Caixa, a Deloitte (auditoria do Panamericano) e a KPMG para uma audiência pública na próxima quarta-feira.

Em um discurso inflamado na semana passada, um dos líderes oposicionistas, o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), fez pesadas críticas à compra do Panamericano pela Caixa. “Quem tem culpa nisso? (A Caixa) pagou por ativos que não existiam e também pelas receitas decorrentes de ativos que não existiam”, afirmou. Procurada, a Caixa não se pronunciou.


Caixa perdeu mais de R$ 320 milhões no Panamericano - Leandro Modé - 21 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Provisão adicional

No segundo trimestre, o Panamericano teve prejuízo de R$ 20,9 milhões por causa de uma provisão adicional de R$ 120 milhões pedida pelo Banco Central (BC). Um analista explica que esse ajuste é feito quando o BC avalia que as perdas potenciais da instituição na carteira de crédito são maiores do que as dimensionadas no balanço. Segundo ele, é algo incomum. Uma fonte do BC, no entanto, diz que são solicitações corriqueiras.

BC pediu provisão adicional ao banco de R$ 120 milhões - 21 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Sílvio Santos e o Panamericano

Não foi só com Luiz Sandoval, seu braço direito e amigo há 40 anos, que Silvio Santos brigou por causa do escândalo no Panamericano. Dias atrás, ele deu uma bronca em Wadico Bucchi, um dos conselheiros do banco, durante reunião com várias pessoas na sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo. A Caixa é sócia do Panamericano e o encontro tratava da crise criada com a descoberta da fraude de R$ 2,5 bilhões nas contas da instituição.

“O que você está fazendo aqui? Eu não te chamei para esta reunião”, Silvio disse a Wadico, segundo o Estado apurou. A seguir, o empresário fez várias colocações rudes, inclusive criticando Wadico por não ter percebido antes os problemas na contabilidade do Panamericano.

O pito foi presenciado pelos executivos que acabavam de ser contratados para substituir a antiga diretoria, demitida por causa da fraude, pessoas envolvidas na operação de resgate do Panamericano e por Luiz Sandoval. Procurado, Wadico disse que não podia dar entrevista, mas afirmou que já está tudo bem.

“Silvio ficou irritado com o Wadico, comigo, com todo mundo”, contou Sandoval na sexta-feira, um dia depois de pedir demissão da presidência do Grupo Silvio Santos. “E ele está irritado com razão, por tudo que aconteceu. Mas já passou, ele pediu desculpas ao Wadico.”

Ex-presidente do Banco Central e do Banespa, Wadico é um dos conselheiros mais experientes do Panamericano. Ele fica no cargo até a semana que vem, quando toma posse o novo conselho. Wadico era homem de confiança de Sandoval.

O episódio na Caixa contribuiu para desgastar um pouco mais o relacionamento entre Silvio e Sandoval, que ficou abalado depois da descoberta da fraude no Panamericano. Sandoval e Wadico eram as pessoas que faziam a ligação do empresário com seu banco e com o mercado financeiro. “Dá para entender o comportamento do Silvio. Fomos traídos”, diz Sandoval. “Mas nós éramos conselheiros e nenhum conselheiro ia pegar algo assim. Ele sabe disso.”

Rompimento. O estopim do rompimento, segundo fontes próximas ao empresário, estaria nas mudanças que Silvio deseja fazer na holding de suas empresas. Sua ideia seria enxugar a estrutura e levá-la para o SBT, para ficar mais perto dele. Sandoval viu nisso um sinal de perda de prestígio, eles brigaram e o executivo pediu demissão.

Sandoval não explica o motivo da última desavença, só repete o que tinha dito ao Estado na quinta: “Silvio queria decidir de uma maneira, eu de outra. Virou um conflito. Caso eu não concordasse, ele sugeriu que eu pedisse demissão. E foi o que eu fiz.”

Pessoas próximas de Silvio afirmam que o rompimento traz uma ironia. Havia algum tempo Sandoval, que era presidente do Conselho de Administração do Panamericano, defendia junto a Silvio a substituição de Rafael Palladino, o presidente do banco. Ex-professor de educação física, Palladino é primo de Iris Abravanel, mulher de Silvio, e aprendeu no Panamericano tudo que sabe sobre mercado financeiro. Na opinião de Sandoval, em razão de seu crescimento, o Panamericano precisava de alguém mais tarimbado no comando. “Sobre isso não falo. Já saí de lá”, disse Sandoval.

Tribunais. Além de ficar sem seu parceiro mais fiel no campo dos negócios, Silvio vai enfrentar momentos difíceis em família. Ele já afirmou que pretende demitir parte dos mais de 40 parentes dele e da mulher que trabalham em suas empresas, mas talvez o pior momento venha a ser com Palladino.

O empresário anunciou que vai processar os ex-diretores do banco e eles se preparam para enfrentar o ex-patrão nos tribunais. Palladino contratou para defendê-lo o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e o advogado Celso Vilardi. Sonia Rao vai defender Wilson de Aro, que ocupava o segundo cargo mais importante na hierarquia do banco.


Silvio Santos à beira de um ataque de nervos - David Friedlander - 21 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Quem errou?

Descoberto o problema no Banco Panamericano, imediatamente começou-se a buscar os responsáveis. Na linha de frente, estão os controladores, a auditoria e o Banco Central (BC).

Como diz um ex-presidente do BC, que pede para não ser identificado, o principal responsável é o “motorista bêbado que atropelou as pessoas que atravessavam a rua”. Ou seja, os ex-diretores do banco.

Mas também são responsáveis os reguladores e fiscalizadores do banco. No caso, o BC e a Deloitte, que auditava as contas do Panamericano desde 2001.

“Todo mundo comeu bola”, diz o professor e coordenador geral do curso de Direito do Insper (ex-Ibmec São Paulo), Jairo Saddi. “Culpados são todos da cadeia, tanto da produção da informação, quanto da auditoria e da fiscalização e supervisão da qualidade da informação.”

Em última análise, pondera o professor do Insper, o principal culpado é aquele que fez a fraude. “Agora, para saber quem é essa pessoa, só se descobre com uma investigação, operação por operação. É um processo chinês, realmente detalhado e minucioso, que leva tempo e demanda provas.”

Para o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, o BC não errou, e ainda é cedo para dizer que a auditoria errou. “O Banco Central só pegou essa fraude porque não está submetido à regra do sigilo”, diz Mailson.

Como se sabe, a fraude se dava pela venda de crédito a outras instituições e manutenção do registro como crédito pertencente ainda ao Panamericano. “O auditor não tem como checar, porque essa operação está coberta pela regra do sigilo”, observa Mailson.

Para o advogado Luciano Duarte Perez, especialista em direito bancário, o Banco Central é culpado por negligência na fiscalização. Ele argumenta que o BC tem todas essas informações , de forma diária, quando do fechamento do fluxo de caixa do banco no seu sistema.

“A partir do momento em que a carteira podre, aquela carteira de 180 dias, saiu do Panamericano e foi contabilizada nos outros bancos, bastaria fazer o choque de informações”, afirma Perez.

O advogado afirma que é um “subterfúgio” querer jogar a culpa numa auditoria externa do banco, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sugeriu em entrevista ao Estado.

“Ele (Meirelles) está querendo retirar a sua responsabilidade de poder fiscalizatório. A responsabilidade de fiscalização é do BC. Ele tem de ter isso pautado de forma diária. Para isso que eles estão lá”, afirma Perez.

Sindicância. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) criou um grupo de trabalho para apurar se houve falha dos profissionais que mexeram com a contabilidade do Panamericano.

Em princípio, serão investigados os auditores da Deloitte e os profissionais do próprio banco que preparavam as demonstrações financeiras.

“Mas esse universo poderá ser ampliado, ainda vamos discutir isso”, afirma Juarez Domingues Carneiro, presidente do CFC.

“Em princípio, um problema desse tamanho, de R$ 2,5 bilhões, deveria ser detectado de alguma forma. Nossa função é descobrir quem falhou, em que momento falhou e a responsabilidade de cada um”, diz Juarez.

Em entrevista ao Estado, representantes da Deloitte afirmaram que não detectaram as fraudes porque receberam informações falsas do banco.

Segundo a Deloitte, a empresa foi contratada para “emitir opinião sobre até que ponto uma demonstração financeira está de acordo com práticas contábeis estabelecidas”.

“Uma coisa é os balanços e as demonstrações estarem de acordo com os padrões. Outra é se realmente refletem a verdade”, afirma Carneiro. “A questão central que vamos verificar é se mesmo com informações falsas era possível aos auditores apurar o que estava acontecendo. Se era possível, eles falharam.” As punições, em caso de culpa, vão de advertência até suspensão e cancelamento do registro profissional do contador.


Objetivo é descobrir quem errou ao não ver o rombo - Marcelo Rehder - 21 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Reforço na regulação

Após o rombo bilionário no banco de Silvio Santos, Banco Central e Febraban avaliam medidas para aumentar o controle sobre transações com carteiras de crédito

Na sequência dos problemas de contabilidade no Banco PanAmericano, que exigiram empréstimo de R$ 2,5 bilhões por parte do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o governo deve aumentar a regulamentação do setor financeiro, segundo especialistas.

O Banco Central já sinalizou que enviará ao Congresso um pacote de medidas para fiscalizar o setor de cartões de crédito. Parte do rombo do banco de Silvio Santos é resultado de um buraco de R$ 400 milhões na área de cartões. O presidente do BC, Henrique Meirelles, anunciou na semana passada que a autoridade monetária montou uma força-tarefa com funcionários da própria entidade e dos ministérios da Fazenda e da Justiça para analisar que tipo de supervisão será necessária para evitar que esse tipo de problema volte a ocorrer.

A outra parte dos problemas no PanAmericano, resultado de um rombo de R$ 2,1 bilhões com carteiras de crédito, deverá ser atacada em conjunto pelos próprios bancos e pelo governo. Na última semana, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou a criação de uma central de crédito, para fiscalizar o registro de todas as carteiras comercializadas entre as instituições financeiras.

A prática de comercializar o direito de receber as prestações de um empréstimo é comum entre os bancos de médio porte. Nas suas operações, porém, o PanAmericano teria deixado de registrar a venda das carteiras, mantendo-as como ativos no patrimônio, ou teria vendido uma mesma carteira para duas ou mais instituições.

Como a adesão à central da Febraban será voluntária, o mais provável que o BC também institua regras para ter mais controle sobre as transações de carteiras de crédito. A primeira medida foi tomada há cerca de um mês, ainda antes de o rombo do PanAmericano se tornar público. Uma equipe do BC passou a cruzar os dados dos bancos para checar as operações nas cessões de carteira. O Banco Central também enviou um questionário às instituições que comercializam as carteiras para entender melhor como funcionam essas operações.

Análise

Para Ricardo Humberto Rocha, do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Adminis­tração (FIA), o país possui uma boa regulamentação do setor financeiro, e é natural que haja avanços em momentos de crise. “O problema é que, ao longo do tempo, as operações estão se tornando cada vez mais complexas, e isso exige que a regulação também avance. No caso de uma crise bancária, a regulamentação sempre vem depois, porque até então o arcabouço existente era suficiente. Isso é normal e é o que deve acontecer agora no país, com esse problema no PanAmericano”, afirma.

Na opinião de analistas, tudo indica que o caso do PanAme­ricano foi pontual. “A quebra de um banco é comum quando acontece de forma isolada. Isso pode acontecer por má gestão. É uma atividade de risco. Só não é normal quando são vários bancos ao mesmo tempo, como ocorreu nos EUA em 2008”, diz o professor e coordenador dos programas de educação executiva do Insper, Ricardo Mollo.

Os especialistas apontam duas questões principais a serem esclarecidas sobre o caso: 1) se os problemas do PanAme­ricano vinham ocorrendo há tanto tempo, conforme o próprio presidente do conselho do banco chegou a admitir, como eles passaram despercebidos pelo BC e pelas auditorias? e 2) por que a Caixa Econômica, que adquiriu 49% do capital do PanAmericano em dezembro do ano passado, não detectou o problema?

“Todas as auditorias trabalham com amostragens, então não é possível saber se o próprio banco não manipulou as informações. Mas o dinheiro da Caixa é dinheiro público, então há um pouco do dinheiro de cada brasileiro no PanAme­ricano. Agora é preciso esclarecer o que de fato aconteceu, e os responsáveis devem ser punidos”, diz Mollo.


Fraude vai reforçar regulação - 21 Nov 2010 - Gazeta do Povo

Panamericano e CFC

O Conselho Federal de Contabilidade começa amanhã uma investigação inédita no país: vai apurar se houve infração ética ou incapacidade técnica de auditores e contadores no caso do banco PanAmericano.

O rombo de R$ 2,5 bilhões no banco de Silvio Santos não foi apontado em análises da Deloitte nem da KPMG.

A Deloitte audita os balanços do PanAmericano desde 2004; a KPMG foi contratada pela Caixa Econômica Federal antes de esta injetar R$ 740 milhões no banco de Silvio Santos, no ano passado.

É a primeira vez que o conselho investiga o trabalho de auditores porque uma lei aprovada em junho deu a ele essa nova atribuição.

O conselho vai solicitar documentos às empresas, ao PanAmericano e ao Banco Central. Se houver negativa, o pedido será feito na Justiça.

As punições previstas são multa, suspensão do registro profissional e cassação do registro do envolvido.

"Um fato como esse tem uma repercussão brutal na nossa atividade. Precisamos investigar porque é o tipo de história em que não existe meia verdade", diz Juarez Carneiro, presidente do conselho federal.

O rombo do PanAmericano teve repercussão até no congresso mundial de contabilidade, que acabou há uma semana em Kuala Lumpur, na Malásia, segundo ele.

A cassação está prevista em três casos: incapacidade técnica de natureza grave, apropriação indébita e fraude contra o fisco.

A falsificação de registros contábeis não é punida com cassação. Fraude contábil, porém, pode ser encarada como incapacidade técnica grave, infração punida com a cassação de registro.

A investigação em torno do PanAmericano é a primeira que envolve o trabalho de auditores, mas não é a primeira apuração do conselho.

A primeira apuração foi sobre um pregão eletrônico do Banco do Brasil para a contratação de auditoria.

O lance inicial era de R$ 19,6 milhões, uma empresa já fazia o mesmo serviço por R$ 6,5 milhões, mas o preço final do pregão ficou em R$ 95 mil. O conselho quer saber se houve aviltamento de honorários.

OUTRO LADO

A empresa Deloitte informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada da investigação do conselho, mas pretende colaborar com ela.

A KPMG afirmou, em nota divulgada logo após o anúncio do rombo no PanAmericano, que não auditou as demonstrações financeiras do PanAmericano, mas checou dados nos computadores do banco do qual o grupo de Silvio Santos é controlador.


Conselho de Contabilidade investiga falha em banco - 21 Nov 2010 - Folha de São Paulo
MARIO CESAR CARVALHO

Mercado concentrado

O mercado nacional e global de auditorias é fortemente concentrado em quatro empresas-o "big four" ("quatro grandes").

PwC (PricewaterhouseCoopers), Ernst & Young, Deloitte e KPMG atuam em mais de 140 países e faturam, cada uma, mais de US$ 20 bilhões por ano.

Até os anos 1980, eram oito grandes empresas. O número encolheu devido a três fusões e à falência da Arthur Andersen, que auditava as contas fraudulentas da Enron.

No Brasil, as quatro auditam 60,59% das empresas de capital aberto, segundo ranking da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de junho.

"Toda empresa quer ser auditada por uma delas, pois gera confiança. O problema é que essa concentração cria corporativismo e deixa os serviços muito parecidos", disse o ex-auditor da PwC e professor da FGV Sergio Bessa.

Ele lembra que as auditorias passaram a atuar como consultorias para elevar a receita. Para ele, isso gera conflito de interesses.

A prática é proibida nos EUA desde 2002. A CVM adotou recomendação semelhante, conta. "Só que a auditoria é pública, e a consultoria, não."


Mercado está concentrado em quatro auditorias - 21 Nov 2010 - Folha de São Paulo - MARIANA SCHREIBER

Contabilidade pública

(...) Guido Mantega também introduziu um elevado grau de criatividade na contabilidade pública, lançando mão de inéditas manobras fiscais para atingir a meta de superávit primário - economia para o pagamento de juros.

O mercado reclama, diz que a política fiscal está perdendo credibilidade, mas o ministro vai em frente com novas engenharias contábeis, a maioria delas feitas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras empresas estatais, como a Petrobrás, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

O BNDES, aliás, foi fortemente vitaminado por Mantega por meio de sucessivos empréstimos do Tesouro, que têm sustentado juros subsidiados ao setor produtivo para aumentar os investimentos, mesmo depois da crise. Hoje praticamente todas as importantes ações de política econômica têm algum “braço” no BNDES, que deve ganhar em breve mais um empréstimo do governo.

Gastador. Por trás das manobras fiscais, existe uma atitude ambígua do ministro em relação às contas públicas. De um lado, o seu desenvolvimentismo pede mais gastos. Por outro, Mantega se irrita com a fama de que é um ministro “gastador”. Por isso, busca sempre, mesmo que à custa de mágicas contábeis, alcançar a meta fiscal definida, em linha com o que disse no dia da posse: “O superávit é sagrado.” (...)


De costas para o mercado, Mantega se firma no poder - Fabio Graner e Adriana Fernandes - 21 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Agora o BRB

O Banco Central (BC) tem como uma de suas atribuições fundamentais a fiscalização do sistema financeiro nacional. Nessa missão, o BC anunciou há duas semanas a descoberta de um rombo bilionário no Banco PanAmericano, do empresário Silvio Santos. ÉPOCA obteve na semana passada uma série de relatórios que mostram a preocupação do BC com outra instituição financeira, o Banco de Brasília (BRB). As atenções dos fiscais do BC se voltam para uma operação de compra pelo BRB de títulos do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). A transação, no valor de R$ 97,7 milhões, colocou em risco o patrimônio do banco, segundo uma auditoria interna do BRB. O negócio foi fechado no dia 25 de novembro de 2009, dois dias antes da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, responsável pela crise política que derrubou do cargo e levou para a prisão o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Os títulos lastreados em FCVS foram criados pelo governo federal no fim da década de 1960 para captar recursos destinados a quitar dívidas residuais de mutuários incluídos no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Desde então o mercado negocia esses papéis com preços abaixo do valor de face, com deságio. Os fiscais do Banco Central descobriram que a compra de títulos pelo BRB foi feita sem nenhuma pesquisa de mercado que avaliasse o impacto da compra de títulos nas finanças da instituição. Não foi verificado se o preços dos papéis eram vantajosos, se haveria facilidade de revenda nem se o banco optou pelo melhor investimento entre outros disponíveis no mercado. Um ofício enviado ao presidente do BRB, Nilban de Melo Júnior, pelo Departamento de Supervisão de Bancos do BC em 19 de outubro pede explicações sobre o negócio.

Em resposta ao BC, no dia 5 de novembro, diretores do BRB afirmaram não ter existido “relatório técnico produzido que indicasse qualquer tipo de pesquisa ou consulta ao mercado financeiro”. Os papéis comprados pelo BRB pertenciam ao empresário Antônio José de Almeida Carneiro, conhecido como Bode. Bode é um dos donos e presidente do Conselho de Administração da João Fortes Engenharia, empresa com atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro, de Salvador e de Brasília. Na operação com o BRB, os papéis de Bode foram vendidos com um deságio de quase 16% do preço de face, que era de R$ 116,1 milhões. O BRB depositou os R$ 97,7 milhões em 4 de dezembro do ano passado numa conta-corrente indicada pelo empresário. ÉPOCA procurou Carneiro para ter detalhes da operação com o BRB, mas ele não atendeu aos pedidos de entrevista.

A justificativa do BRB para a compra de títulos lastreados pelo FCVS era que precisava desbloquear recursos retidos no Banco Central. Captados a partir dos depósitos em poupança, esses valores deveriam ser emprestados a clientes interessados em comprar imóveis. Como o BRB não atendia a essas exigências da autoridade monetária, o dinheiro permanecia indisponível. O bloqueio no BC implicava prejuízos superiores a R$ 12 milhões por ano, segundo o BRB. No ofício de 19 de outubro enviado à presidência do BRB, a fiscalização do BC demonstra desconfiança em relação à escolha dos títulos em detrimento de papéis de “menores riscos e incertezas, além de maior liquidez”. Em outras palavras, papéis de maior garantia e mais fáceis de serem revendidos.

As observações do Banco Central fazem sentido. Gestora dos títulos do FCVS, a Caixa Econômica Federal leva, às vezes, mais de três anos para validar os créditos. De acordo com relatório do BRB, entre os problemas enfrentados pela Caixa está o de verificar toda a cadeia de antigos proprietários dos títulos e, assim, se certificar de que foram emitidos efetivamente.

Cinco meses depois de concluída a transação com Bode, o BRB ainda não contava com documentos básicos para validar os títulos adquiridos. Faltavam comprovantes de recolhimento das contribuições ao FCVS e atestados de inexistência de débitos do vendedor junto ao Sistema Financeiro da Habitação. A auditoria do BRB sugere negligência de um setor do banco por não produzir relatório técnico que alertasse sobre os riscos. A compra dos títulos foi denunciada ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, responsável pela fiscalização da contabilidade do governo local. Nas explicações enviadas ao BC, os diretores do BRB afirmaram que a negociação foi intermediada pelo Banco Fator. O Tribunal de Contas afirma não ter identificado qualquer documento que vincule o Fator ao negócio. Procurado por ÉPOCA, o Banco Fator afirmou que não intermediou a transação financeira.

Segundo a direção do BRB, foi aberta uma sindicância interna para apurar a regularidade da compra dos títulos lastreados por FCVS. O banco disse que não se manifestará antes do final da investigação. Os relatórios da fiscalização, afirmou o banco, serão encaminhados a órgãos de controle, como Banco Central e Ministério Público Federal. O objetivo das investigações é descobrir se a operação foi apenas um negócio que descumpriu normas bancárias e se houve desvio de dinheiro público. Se for constatada gestão fraudulenta, o caso ficará então mais parecido com o rombo do PanAmericano.


Tem bode nesse negócio? - Murilo Ramos e Marcelo Rocha - Época

20 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

Propaganda de Liechtenstein, pequeno país da Europa, que compara a carga tributária do Reino Unido. Ao som de Taxman (The Beatles).

Fonte: Funnyplace

CPC

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) coloca em audiência pública hoje minuta de deliberação que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 10(R1) - Pagamento Baseado em Ações.

Conforme vem sendo divulgado, após a conclusão da segunda etapa da emissão das normas de convergência, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis assumiu o compromisso de revisar e atualizar todos os documentos por ele emitidos, a fim de que estejam totalmente convergentes às normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB - International Accounting Standards Board.

Esse processo de revisão teve início no final de 2009, quando revisões pontuais foram realizadas. Em 2010, ele continua, abrangendo todos os documentos emitidos desde o Pronunciamento CPC 01, divulgado em 14 de setembro de 2007.

A proposta de revisão do Pronunciamento Técnico CPC 10 contempla os seguintes fatos: foram incluídas as alterações feitas pelo IASB após a aprovação da versão original do CPC 10; a exemplo do que ocorreu com a norma internacional (IFRS 2), foram incorporadas no CPC 10 as orientações contidas na Interpretação Técnica ICPC 04 (IFRIC 8) e na Interpretação Técnica ICPC 05 (IFRIC 11); o texto foi compatibilizado com a norma internacional, com o objetivo de não deixar dúvida que a intenção do Pronunciamento CPC 10 (R1) é produzir os mesmos reflexos contábeis que a aplicação do IFRS 2.

As modificações propostas não alteram a essência do pronunciamento original, de modo que a aplicação da versão revisada do pronunciamento não deve provocar valores contábeis diferentes dos anteriormente apurados.

As sugestões e comentários, por escrito, deverão ser encaminhados, até o dia 02 de dezembro de 2010, à Superintendência de Normas Contábeis e de Auditoria, preferencialmente através do endereço eletrônico AudPublicaSNC1610@cvm.gov.br


CVM coloca em audiência pública minuta CPC 10(R1) - 19 Nov 2010 - Investimentos e Notícias (Tempo Real)

Deloitte responde


A Deloitte, auditoria responsável pelas contas do Banco Panamericano, divulgou uma nota nesta quarta-feira (17) para negar que tenha maquiado as contas da instituição financeira de Silvio Santos. O comunicado da Deloitte afirma que foram veiculadas “inúmeras inverdades” e que está “indignada” com a imprensa.

Nesta quarta-feira, jornais e portais noticiaram que a empresa enviou o balanço do terceiro trimestre do banco para o Banco Central e para o próprio Panamericano. Esse relatório, supostamente, não trazia o rombo de R$ 2,5 bilhões – R$ 2,1 bilhões do próprio banco e outros R$ 400 milhões da área de cartões de crédito.

Segundo a nota da Deloitte, “uma empresa de auditoria não prepara demonstrações financeiras [balanços], as quais são de responsabilidade da Administração da empresa conforme estabelecido em lei”.

Após negar a confecção do relatório do terceiro trimestre, a auditoria concluiu que, “pela sua inexistência [do balanço], seria impossível que um suposto relatório tivesse sido enviado ao Banco PanAmericano e ao Banco Central”.

Por causa do rombo de R$ 2,5 bilhões, o Grupo Silvio Santos – controlador do Panamericano – teve que levantar esse valor com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para cobrir o prejuízo causado por uma suposta fraude na contabilidade da instituição.

Leia a nota da Deloitte na íntegra

"Deloitte comunica

Com relação à reportagem publicada hoje por jornal de grande circulação e que traz inúmeras inverdades, a Deloitte, indignada, tem a esclarecer o seguinte:
A inverdade começa já na manchete da primeira página de um de seus cadernos. Uma empresa de auditoria não prepara demonstrações financeiras (balanços), as quais são de responsabilidade da Administração da empresa conforme estabelecido em lei.
Conforme resposta enviada formalmente ao repórter, a Deloitte não preparou e não emitiu qualquer relatório sobre o balanço do terceiro trimestre de 2010 do Banco PanAmericano. Portanto, pela sua inexistência, seria impossível que um suposto relatório tivesse sido enviado ao Banco PanAmericano e ao Banco Central.
Não é possível que terceiros auditores, que teriam sido ouvidos pelo repórter, concluíssem sobre a suficiência de nossos procedimentos de auditoria sem ter tido acesso aos nossos trabalhos e sobre estes emitissem julgamento e afirmativas de forma irresponsável.
Surpreendeu-nos, ainda, o fato de o repórter ter apurado que a Deloitte não disporia de seguro para cobrir “eventuais erros de omissão de executivos” e ter publicado a informação, sem termos nos manifestado a respeito.
O repórter mencionou na matéria que a “unidade”, supostamente referindo-se à firma brasileira da Deloitte, “possa ser descredenciada pela matriz”. Trata-se de um absurdo sem igual, sem qualquer vínculo com a verdade. Denota total desconhecimento sobre a realidade e a estrutura de nossa organização.
A referida matéria menciona ainda outros casos de maneira incorreta. A empresa Bausch & Lomb nem sequer foi nossa cliente de auditoria.
Informamos que continuamos impedidos de nos pronunciar sobre o caso do Banco por questões de ética e normas profissionais.

Reiteramos que nosso compromisso é com a verdade dos fatos."


Auditoria nega maquiagem em rombo do Banco Panamericano
Empresa se diz “indignada” e afirma que foram veiculadas “inúmeras inverdades”

Fonte: Portal de Notícias R7, via blog do Alexandre Alcantara

Auditoria Tempos Difíceis

Os tempos difíceis voltaram para as firmas de auditoria. É quase um movimento cíclico. Quando uma delas cai, é difícil evitar uma contaminação, e as perguntas de praxe, "para quê serve auditoria?", "onde estava o auditor?" etc. voltam a compor o repertório da imprensa.

A Deloitte, uma das quatro maiores do mundo no setor, está sob fogo intenso, mas não se sabe ainda se pelos motivos certos. A firma foi acusada em letras garrafais de ter maquiado o rombo do Banco PanAmericano. Pela lógica dos negócios, seria uma coisa muito estúpida de se fazer. As auditorias só têm uma coisa a perder: o nome. Não faz sentido encobrir uma fraude num banco pequeno no Brasil e colocar em risco uma marca mundial que vale bilhões de dólares.

"A administração é responsável pela elaboração das demonstrações financeiras, não a auditoria", diz Ana María Elorrieta, presidente do Ibracon, instituto que representa os auditores independentes. "O auditor também tem responsabilidades, mas não é ele que gera a informação financeira."

Todas as auditorias têm histórias para contar. Estão na linha de frente e, geralmente, são o bode expiatório de uma análise simplista. Não, eles não são agentes da polícia vigiando executivos escroques. Mas têm o dever de chamar a polícia se esbarrarem numa fraude. Mais que isso: têm que se preparar para encontrar a fraude.

É o que rezam as normas internacionais de auditoria, um avanço em relação à postura de outros tempos em que o profissional limitava-se a checar se os números estavam de acordos com os padrões de contabilidade.

E esses padrões, por sinal, também estão mudando, mas o Banco Central insiste em deixar para amanhã a padronização que colocaria no balanço bilhões em empréstimos que atualmente só aparecem em notas explicativas. "A reticência em mudar os procedimentos contábeis atrapalha", diz Guy Almeida Andrade, membro do Ifac, a federação internacional dos contadores. "Vários bancos pequenos estão na mesma situação."

As auditorias podem, sim, ter voltado a gostar de risco. Depois de anos de crescimento acima dos dois dígitos, os auditores - que fazem também as vezes de consultores - parece que se esqueceram do pesadelo do começo dos anos 2000, quando a americana Enron quebrou, em meio a uma fraude bilionária, e levou junto uma das então cinco grandes do setor, a Arthur Andersen.

A repercussão foi devastadora. A lei caiu pesada sobre a cabeça de todos, a autorregulação se foi, as remanescentes entre as grandes, com exceção da Deloitte, venderam suas áreas de consultoria de sistemas, suspeitas de causar um conflito de interesses - a Andersen recebia mais da Enron pelas consultorias do que pela auditoria dos balanços.

Dez anos depois, todas voltaram a investir no negócio. Os controles internos, alegam os executivos, são mais rígidos, o que evitariam os conflitos do passado. Difícil saber. Transparência ainda é um tabu para as auditorias.

Agora, o PanAmericano dá outra lição. "Qualquer análise ainda é muito prematura", diz Ana Maria. "Não sabemos as circunstâncias".

Porém, admite, a profissão sai abalada, e terá que trabalhar para recuperar a confiança.

A Deloitte foi procurada, mas não quis se pronunciar.


Tempos difíceis voltam para as firmas de auditoria - Nelson Niero -
Fonte: Valor Econômico, via FENACON, via blog do Alexandre Alcantara

Auditoria nos Estados Unidos

O Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB, na sigla em inglês) divulgou ontem um relatório em que diz ter identificado "deficiências de auditoria" em um dos trabalhos realizados pela PricewaterhouseCoopers (PwC) no Brasil.

Essa é a quarta inspeção do regulador americano de contabilidade em firmas que atuam no país que vem a público este ano. Antes, saíram relatórios sobre Deloitte, BDO e Ernst & Young, todos com algum tipo de "deficiência".

O PCAOB, uma entidade privada, foi criado pela Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, depois dos escândalos empresariais do início daquela década, tirando os poderes de autorregulação que as firmas tinham até então.

No documento divulgado ontem em seu site, o PCAOB diz que não foram feitos "procedimentos [de auditoria] suficientes no que diz respeito à valorização dos ativos adquiridos e passivos assumidos em uma combinação de negócios"

O relatório não revela o nome da empresa que estava sendo auditada pela PwC.

A inspeção da equipe do PCAOB foi feita entre 30 de outubro e 9 de novembro de 2007 e envolveu trabalhos em 13 clientes de auditoria.

O relatório ressalva que, em alguns casos, a observação que a empresa de auditoria falhou ao executar um procedimento "pode ser baseada na ausência de documentação e ausência de outras provas convincentes, mesmo que uma empresa alegue ter realizado o procedimento".

"Às vezes o auditor não recebe um documento que solicitou, mas comprova a operação por outros meios", disse Henrique Luz, sócio da PwC.

Para ele, as considerações do PCAOB com relação aos trabalhos da PwC não têm "nenhuma gravidade".

"Se você pegar cem relatórios que o PCAOB fez nos Estados Unidos, mais de 90% vão ter algum comentário desse tipo", disse. "O PCAOB tem uma postura mais acadêmica, o que é compreensível."

Em resposta da PwC que consta do documento, a sócia Ana María Elorrieta argumenta que todo processo de auditoria envolve julgamentos. Segundo ela, os procedimentos da empresa foram suficientes para dar suporte ao parecer de auditoria. "No entanto, reconhecemos que certos aspectos da documentação do trabalho de auditoria feito na operação referida poderiam ter sido melhorados."

Segundo o PCAOB, 2.457 firmas de auditoria americanas e não americanas estão registradas no órgão, que faz "inspeções regulares, periódicas de centenas dessas firmas, mas não de todas". Até o momento, 34 países foram visitados pelas equipes de fiscalização. Em alguns países da Europa e na China as autoridades proibiram a atuação do órgão.


Fiscais americanos apontam falha em trabalho da PwC - Nelson Niero | De São Paulo - Valor Econômico (via blog do Atelmo) - 19/11/2010

Panamericano e a auditoria

Na semana passada, o empresário Silvio Santos deu uma demonstração cabal de que tomaria a dianteira do caso PanAmericano. Colocou todos os seus bens em garantia para obter um empréstimo de R$ 2,5 bilhões junto ao Fundo Garantidor de Crédito e cobrir o rombo do banco.

Nos últimos dias, ele deu novos sinais de que pretende continuar à frente dos acontecimentos. Primeiro, sustou o pagamento de R$ 1,6 milhão que deveria ser feito à Deloitte, auditora responsável por averiguar se os balanços da instituição refletiam a realidade contábil, com um argumento irrefutável: se o serviço não foi prestado, não deve ser pago.

Segundo, iniciou sondagens para contratar uma investigação paralela sobre o que aconteceu no PanAmericano – a suspeita de Silvio é que as fraudes tenham contado com a conivência dos auditores. Luiz Sandoval, braço-direito do dono do SBT, tem dito que Silvio irá às “últimas consequências”, o que deve abrir um precedente positivo para moralizar as relações entre bancos e auditorias.

A tendência é que ele contrate a Kroll, que atuou no caso Enron. É um mau presságio para as auditorias. O escândalo Enron provocou a quebra da Arthur Andersen, que, à época, era a principal empresa de auditoria do mundo – foi essa falência que permitiu à Deloitte assumir o topo do ranking.

A ofensiva contra os auditores não parte apenas do grupo Silvio Santos. O presidente do Conselho Federal de Contabilidade, Juarez Carneiro, nomeou nesta semana um grupo para investigar uma eventual fraude no processo de análise dos balanços do PanAmericano.

Se for comprovada má-fé, os envolvidos – incluindo os auditores da Deloitte – poderão ter seus registros cassados. “Já pedimos informações à Deloitte. Vamos analisar tudo com cautela, mas está difícil acreditar em tudo o que está acontecendo”, disse Carneiro à DINHEIRO. “Parece um erro infantil não captar uma fraude de R$ 2,5 bilhões”, disse.

No caso do PanAmericano, o esquema era aparentemente banal. Carteiras de crédito vendidas a outras instituições continuavam no balanço. Ou seja: o banco registrava a receita da venda no seu caixa e mantinha a carteira dos empréstimos no seu ativo, duplicando – de forma artificial – o ganho com as operações. No ano passado, o banco apresentou R$ 174 milhões de lucro líquido, resultado endossado pela auditoria.

Mais do que simplesmente ignorar as fraudes cometidas pelos executivos do PanAmericano, a Deloitte foi acusada na semana passada, pelo jornal Folha de S.Paulo, de tomar parte no esquema, atuando na própria maquiagem dos balanços. Segundo a Folha, os auditores da Deloitte teriam deixado de fazer checagens primárias nos balanços do PanAmericano, como verificar em que condições as carteiras de crédito teriam sido vendidas.

Especulou-se até que a matriz da Deloitte, nos Estados Unidos, poderia descredenciar a filial brasileira, que tem quatro mil funcionários no País, receita anual de R$ 738 milhões e auditava os balanços do PanAmericano havia quatro anos. Procurada pela DINHEIRO, a Deloitte afirmou que não mais se pronunciaria sobre o caso.

Mas um dos sócios da auditoria, Maurício Pires Resende, havia afirmado na véspera que a responsabilidade pelo fechamento dos balanços é da instituição financeira, não da Deloitte. “O nosso trabalho é verificar se o dado está correto. Se alguém maquia, não é o auditor”, disse ele.

É uma colocação questionável, pois o dever do auditor é justamente encontrar eventuais problemas nos balanços. Se não pecou por ação direta, a Deloitte errou por omissão no caso PanAmericano, assim como em outros episódios recentes, envolvendo Parmalat, Aracruz e Bausch & Lomb.

O fato é que os auditores foram colocados na defensiva. “Ao suspender o pagamento da Deloitte, Silvio Santos atribui a culpa à empresa. Mas a história está malcontada e vai muito além de distribuir culpa”, diz Carlos Alberto Safatle, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP).

“Eu nunca vi na história um caso como esse, em que uma auditoria diz que não viu um rombo de R$ 2,5 bilhões”, diz ele. Além da Deloitte, as contas do banco foram endossadas pela KPMG e Banco Fator, que avaliaram o PanAmericano antes que a Caixa Econômica Federal pagasse mais de R$ 700 milhões por 49% das ações do banco.

Seja fraude, erro ou omissão, o fato é que o episódio do PanAmericano ainda promete novos e decisivos capítulos nas próximas semanas. Não se sabe se a batalha poderá inviabilizar as operações da Deloitte no País, mas deve servir ao menos para tornar mais transparentes as relações entre as auditorias e as empresas que as contratam.


Atenção, Deloitte: Silvio Santos vem aí - Por Hugo Cilo - Isto é Dinheiro