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22 dezembro 2008

Investimento em mercado de Capitais

Vale a pena investir em ações no momento de crise? Para o investidor comum, o mercado acionário deve ser considerado como um investimento de longo prazo, dos recursos que não serão necessários no médio e curto prazo.

No curto prazo o mercado sempre foi e será volátil. Em outras palavras, a chance de ganhar ou de perder é elevada. Entretanto, quando se considera o investimento de longo prazo, a volatilidade diminui muito.

É difícil provar este último ponto para o Brasil uma vez que temos 13 anos de estabilidade da moeda. Mas os gráficos a seguir (retirado da postagem How Much Does the Stock Market Actually Return?, 16/12/2008, do livro Saving and Investing, de Michael Fischer) mostram isto para os Estados Unidos, onde a série histórica é longa e a economia não conviveu com momentos de hiperinflação.

O primeiro gráfico mostra o retorno anual do mercado, medido pelo índice SP 500. Em alguns anos os ganhos foram elevados. Mas em outros, as perdas foram elevadas. A mensagem é clara: o mercado acionário é arriscado no curto prazo.



O gráfico seguinte apresenta o retorno para o investimento em dez anos no mercado acionário. Observe que em alguns poucos períodos (década de 70) o retorno esteve abaixo dos 5% anuais. Nos demais, o mercado quase sempre teve um retorno anual (para dez anos de investimento) acima de dez anos.


O último gráfico é mais forte. São 30 anos de investimento no mercado de capitais. O retorno médio anual numa economia sem inflação, e com baixo risco, ficou um pouco acima dos 10%.

O que atraiu os investidores para Madoff?

Segundo a The Economist (Con of the Century ou aqui, 18/12/2008), além do currículo (foi pioneiro no Mercado e na Nasdaq, conselheiro do governo e filantropista) foi um resultado estável. Madoff confessou que obteve isto através de manipulações e um esquema de pirâmides (denominado de Ponzi).

A CNBC obteve os dados do golfista Madoff no Palm Beach Country Club, Atlantic Golf Club e Fresh Meadow Country Club. O reporter Darren Rovell notou que o handicap de Madoff era relativamente estáveis, em torno de 12, o mesmo retorno que ele garantia aos investidores. (via NY Times, Madoff: As Consistent a Golfer as He Was an Investor, Catherine Rampell, 19/12/2008)

Remuneração de Executivo

Um texto interessante de Mark Frauenfelder (How to spend $53,826 a week without really trying via Boing Boing, 18/12/2008) mostra o caso da esposa do Chairman da United Technologies Corp que exigia 53 mil dólares por semana (algo em torno de 150 mil reais) para sustentar seu estilo de vida. Este dinheiro era gasto em viagens (8 mil dólares), roupas (4,5 mil) cabelos e tratamento de pele (mil dólares), flores (600 dólares) entre outros mimos.

Futuro da SEC

Este texto de Norris (17/12/2008, Can Mary Schapiro Save the S.E.C.? ou aqui) faz uma análise do legado do presidente da SEC Chris Cox, que está deixando o cargo. Atualmente o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA está desmoralizado diante dos diversos problemas que não foram adequadamente enfrentados.

Em outro texto (A Year of Chaos in Finance, 19/12/2008), Norris faz um apanhado do ano de 2008 que inclui: menor taxa de juros de longo prazo dos últimos 20 anos; 10 dos melhores dias do Mercado acionário, em 70 anos, ocorreu em 2008; uma lenda de Wall Street confesando fraudes de 50 bilhões; os economistas preocupados com a deflação; o governo está emprestando dinheiro para quem não deveria emprestar (e que provavelmente não irá pagar os empréstimos); o sistema financeiro que parou de funcionar; e a nacionalização da Fannie Mãe, Freddie Mac e AIG, além dos problemas com a Bear Stearns, Lehman Brothers e Citigroup.

Barry Ritholtz, em SEC Chairmen, 2001-08 (17/12/2008) faz um levantamento dos Chairmen da SEC num período de 8 anos, indicando os erros da cada um. Foram 3 executivos indicados por Bush (Pitt, Donaldson e Cox)

Para seu lugar o presidente eleito Obama nomeou uma mulher, Mary Schapiro, que possui uma razoável experiência em mercado financeiro. A escolha foi elogiada pela imprensa econômica.

Mas uma postagem de Daniel Solin, no Blogging Stocks (Memo to Obama: Mary Schapiro is not 'change' at the SEC, 18/12/2008) faz uma distinção sutil sobre o currículo de Schapiro:

Mary Schapiro, who is President-elect Obama's choice, has spent her career protecting the securities industry from investors.

Valor dos Bancos

No ano passado o Royal Bank of Scotland pagou 100 bilhões de dólares pelo ABN Amro. Com este dinheiro, segundo Barry Ritholtz (Cost of Banks,19/12/2008) seria possível comprar:

Citibank $22,5 bilhões (74% a menos)
Morgan Stanley $10,5 bilhões (-72%)
Goldman Sachs $21 bilhões (-67%)
Merril Lynch $12,3 bilhões (-77%)
Deutsche Bank $13 bilhões (-71%)
Barclays $12,7 bilhões (-71%)

E sobrava 8 bilhões, que poderiam ser usados na GM, Ford, Chrysler e na equipe da Honda de F1.

21 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


As pessoas que costumam perder o celular geralmente usam ligar para o número como uma forma de encontrá-lo. O gráfico acima, do GraphJam, brinca com esta mania. Qual o modo da campainha quando você perdeu o celular? De azul, no modo "silencioso" ou "vibra call" ou "desligado".

O Escândalo Madoff e a conexão Rio

Um texto do Wall Street Journal (que no Brasil foi traduzido e publicado pelo Valor Econômico) denominado “Com conexões do Rio a Milão, Fairfield deu alcance global a Madoff” (Carrick Mollenkamp, Cassell Bryan-Low e Thomas Catan, The Wall Street Journal, 17/12/2008) mostra como se construiu a empresa Fairfield. Esta empresa captava clientes para o fundo de Madoff.

Um trecho interessante comenta a falta de transparência das transações:

Num sinal da relação estreita entre a Fairfield e Madoff, quando várias firmas de private equity discutiam a possibilidade de um grande investimento na empresa de Noel, em meados do ano passado, o próprio Madoff encerrou qualquer chance de negócio ao se recusar a dar aos investidores acesso à vistoria de suas contas. Esse pode ter sido um dos muitos sinais de alerta sobre a suposta fraude.


Sobre o assunto, achei interessante o comentário do blog Não Posso Evitar sobre a origem do Conto do Vigário. Rodolfo Araujo lembra que os investidores não eram pessoas inocentes e sim gananciosas.

Aqui um gráfico do WSJ muito interessante.

O Processo Orçamentário no Brasil

Um editorial da Gazeta Mercantil (Essencial não foi protegido nos cortes orçamentários 18/12/2008) mostra alguns do problemas do processo de orçamento público no Brasil. No orçamento da União para 2009 os parlamentares reduziram a previsão de receita (aqui, razoável. Mas é importante lembrar que esta previsão é baseada no crescimento da economia e parece existir uma tendência de redução da arrecadação em razão do custo de oportunidade do atraso em recolher tributos versus efetuar pagamento de um empréstimo, onde o custo é muito mais expressivo.), mas aumentaram os gastos. Para compensar, corte nos gastos de custeio, investimento e muito pouco em despesas de pessoal. Entre os cortes, despesas de educação e saúde.
É bom lembrar que neste momento o governo está promovendo uma forte expansão no ensino universitário, através de um projeto denominado Reuni que deverá aumentar o número de vagas das universidades federais. Estas universidades estão hoje propondo expansão que parece não existir uma garantia de recursos futuros.

Links

As melhores escolas de negócios – uma análise comparativa dos diversos rankings

O risco do divórcio

Uma pesquisa interessante sobre filmes românticos e amor na vida real

Ranking da Corrupção

Obesidade em criança e desempenho escolar

19 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio

Um prefeito queria construir uma ponte e chamou três empreiteiros:
um japonês, um americano e um brasileiro…

- Faço por US$ 3 milhões - disse o japonês:
- Um pela mão-de-obra.
- Um pelo material.
- E um para meu lucro.

- Faço por US$ 6 milhões - propôs o americano:
- Dois pela mão-de-obra.
- Dois pelo material.
- E dois para mim… mas o serviço é de primeira!

- Faço por US$ 9 milhões - disse o brasileiro.
- Nove? Espantou-se o prefeito. Demais! Por quê?
- Três para mim.
- Três para você.
- E três para o japonês fazer a obra.
- Negócio fechado! Respondeu o prefeito.

Enviado por Alex Alamino

Links

Fundos Hedge e Acionistas ativistas podem ser solução para problemas de governança

As vantagens da MP 449 via Alexandre Alcantara

O Chairman da SEC disse que a SEC ignorou os sinais de perigo de Madoff

Quando a transparência atrapalha


A conexão brasileira com o escândalo Madoff

A crise chega ao mercado de carros de luxo usados

Os vencedores nas finanças em 2009

Lobby e Ajuda do Governo - Um gráfico que mostra a relação entre a divisão dos recursos da ajuda do governo dos EUA e os gastos com Lobby em 2008.

A Resposta do IASB - Em 15 de novembro de 2008 os líderes do G20 indicaram uma série de medidas que deveriam ser tomadas para combater a crise. A Fundação IASC publicou um sumário de ações sobre o assunto

Os golpes do subprime no esporte – Golf

As novas normas do CPC/CVM 2

CVM endurece regras para empresas sobre exposição a derivativos
Reuters Focus - 18/12/2008

SÃO PAULO, 18 de dezembro (Reuters) - As empresas brasileiras com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo deverão detalhar a partir do balanço anual de 2008 a posição com todos seus instrumentos financeiros, incluindo os tipos de riscos possíveis e projeções de perdas possíveis.

A exigência está na instrução número 475 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), baixada nesta quinta-feira, e complementa a decisão da autarquia de exigir informações mais abrangentes sobre os instrumentos derivativos utilizados pelas empresas, depois que companhias como Sadia e Aracruz revelaram ter apurado prejuízos elevados com a disparada do dólar no terceiro trimestre, na esteira da crise mundial.

"Agora, as companhias terão também que fazer uma análise de sensibilidade", explicou a jornalistas Eliseu Martins, diretor da CVM, explicando que a norma diz respeito a instrumentos como contratos de opções e de swaps nos mercados de câmbio, juros e ações, incluindo os chamados derivativos "exóticos".

PADRONIZAÇÃO CONTÁBIL

A CVM também anunciou nesta quinta-feira que adotou como padrão para as empresas abertas o entendimento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre seis assuntos relacionados à contabilidade.

Entre eles, estão diretrizes que as companhias devem seguir na contabilização das stocks options (usadas como mecanismo para remuneração de executivos), ajuste do valor de ativos a valor presente, além de regras específicas para empresas do setor imobiliário.

"As novas regras devem ser observadas já no balanço do exercício de 2008", frisou Martins.

Segundo ele, a CVM pretende fazer o mesmo com relação a 18 outros temas até o fim do terceiro trimestre de 2009. Mas, por se tratar de temas mais complexos, como demonstração de fluxo de caixa, ativos intangíveis e demonstração de valor adicionado, as novas regras só se tornarão obrigatórias para as companhias a partir do balanço do exercício de 2010.

Em 2008, a CVM tornou obrigatório 16 pronunciamentos do CPC. As deliberações fazem parte do processo de alinhamento do Brasil ao padrão contábil internacional, modelo já adotado por mais de 100 nações.

No final do ano passado, a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à lei 11.638 oficializou a adesão do país ao padrão conhecido como IFRS (International Financial Reporting Standards) a partir deste ano.

De acordo com Martins, se o cronograma de 2009 for cumprido, o Brasil terá se alinhado completamente ao padrão global, com as regras internacionais valendo tanto para os balanços consolidados quanto para os individuais das empresas.

"Seremos um dos primeiros países do mundo a conseguir esse feito", afirmou.

Quando chegar a esse ponto, explicou, o Brasil estará apto a participar ativamente das discussões do International Accounting Standards Board (Iasb) órgão que define as IFRS.

(Reportagem de Aluísio Alves; Edição de Alexandre Caverni)

Convergência acelerada

Com a aprovação de novas normas pelo CPC (aqui), o processo de convergência torna-se mais próximo da realidade. Veja, a seguir, texto do Valor Econômico sobre o assunto:


Convergência de normas terá ritmo acelerado em 2009
Valor Econômico - 19/12/2008

As companhias abertas terão uma folga do processo de convergência contábil para o padrão internacional IFRS em 2009. Mas os contadores e todos os envolvidos com o universo da contabilidade não. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) programaram um cronograma recheado para o próximo ano: nada menos do que 28 novas regras. Só que elas só precisarão ser aplicadas a partir dos primeiros resultados trimestrais de 2010.

"O balanço de 2009 só aplicará as mesmas normas que serão usadas para a demonstração anual de 2008. Assim, serão comparáveis", afirmou Eliseu Martins, diretor da CVM. O objetivo é dar tempo para as companhias se prepararem melhor para a aplicação do novo padrão e, com isso, evitar que o próximo ano seja uma correria como está sendo este.

Ontem, a CVM emitiu a versão final de seis regras, de consultas públicas que estavam em andamento. "Vejam, estamos quase no fim de dezembro", disse Martins, para ilustrar o aperto do cronograma deste ano.

A paralisação do processo de convergência é possível porque a adoção do IFRS nos balanços consolidados exigida pela CVM está programada para 2010. As regras emitidas este ano já atendem às diretrizes feitas na Lei 11.638, que reformou a legislação contábil nacional e colocou o Brasil na rota da convergência, mas não no padrão global propriamente.

"Com isso, as empresas terão os balanços individuais e os consolidados do grupo em IFRS em 2010", destacou Ernesto Gelbke, sócio da Directa Auditores e vice-coordenador técnico do CPC, cargo que assumiu no lugar de Martins, que passou à diretoria da CVM.

O Brasil será um dos poucos países no mundo a ter ambos os demonstrativos de resultado no padrão internacional. Na Europa, apesar da adoção ao IFRS nos consolidados existir desde 2005, ainda não há esse alinhamento. De acordo com Martins, aqui no país isso só será possível pelo trabalho da Receita Federal e do Ministério da Fazenda, que já garantiram a neutralidade fiscal das mudanças contábeis.

O cronograma desenvolvido prevê a emissão e a aprovação final de 18 normas novas no primeiro semestre de 2009 e mais dez no terceiro trimestre. Ou seja, o plano é divulgar as normas prontas até setembro. "Tudo para dar o maior tempo possível às empresas."

Para o balanço anual referente a 2008, que será divulgado até março do próximo ano, as companhias precisam aplicar 16 normas novas. As companhias não serão obrigadas a apresentar o balanço de 2007 ajustado. A CVM flexibilizou essa questão permitindo que as empresas coloquem em nota explicativa os principais ajustes ocorridos.

Apesar de o número de regras a serem emitidas aumentar substancialmente em 2009, de acordo com o cronograma, a CVM acredita que será possível para as empresas e para a própria autarquia concretizar os planos.

"Tem atenuantes", brincou Martins. Segundo ele, das 28 normas, oito já estão quase prontas. Os técnicos continuaram trabalhando na questão e, além disso, a CVM já emitiu diversas normas, especialmente a partir de 2006, alinhadas ao IFRS dentro do que era possível fazer em relação à reforma da legislação contábil e serão necessários apenas pequenos ajustes.

Marcos Pintos, diretor da CVM, lembrou ainda que se trata sempre de normas já públicas adotadas na Europa e que podem ser consultadas. Portanto, não será um assunto completamente novo. As companhias podem e devem se preparar com antecedência. Os temas mais complexos que virão pela frente são a fase 2 dos instrumentos financeiros (fase 1 será adotada neste ano ainda) e a combinação de negócios.

Martins destacou que as companhias terão que continuar trabalhando duro no assunto internamente, durante o próximo ano, apesar de não haver mudança nos números apresentados ao mercado. Quando começarem a usar as 28 normas novas nos resultados trimestrais de 2010, elas terão que apresentar os dados comparativos do ano anterior ajustados. "Os controles internos terão que estar preparados para guardar os dados necessários."

Quem quiser se antecipar em 2009 e aplicar as regras no balanço anual do próprio exercício poderá fazer. No entanto, precisará adotar todas as regras novas e ainda fazer o balanço comparativo de 2008.

Em janeiro do próximo ano a CVM define uma outra importante fase do processo de convergência: a verificação dos balanços de 2008, o primeiro da aplicação da Lei 11.638. "Sempre olhamos os dados. Mas certamente haverá uma atenção redobrada desta vez", contou Pinto. Mas só no mês que vem é que será definida essa estratégia.

As novas normas do CPC/CVM

O CPC editou novas normas de contabilidade neste final de ano. O interessante é que uma consulta aos jornais de hoje somente uma reportagem fez citação ao CPC (do Valor Econômico, Convergência de normas terá ritmo acelerado em 2009, 19/12/2008). As demais, a CVM era destaque.

Em primeiro lugar, a norma sobre evidenciação de instrumentos financeiros (Instrução CVM nº 475/08). Em resumo esta norma:


(...) determina a divulgação, em nota explicativa específica, de informações sobre todos os instrumentos financeiros (derivativos ou não), devendo ser, as informações quantitativas, apresentadas em forma de tabela(...) .

A Instrução tornou, ainda, obrigatória a divulgação de quadro demonstrativo de análise de sensibilidade, introduzido, de forma facultativa, pela Deliberação CVM n° 550/08.


Além disto, a CVM aprovou a Deliberação nº 566/08 que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 14, referente a Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação. O pronunciamento técnico tem por finalidade "disciplinar a contabilização e a evidenciação de operações com instrumentos financeiros, incluindo derivativos"

A CVM também aprovou a Deliberação nº 564/08 que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 12 emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, intitulado "Ajuste a Valor Presente". O objetivo é "regular as condições de aplicação desse método na mensuração de ativos e passivos, dirimindo, em especial, dúvidas".

Também foi editada pela CVM a Deliberação nº 563/08, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 11, sobre "Contratos de Seguro". O CPC 11 especifica "o reconhecimento contábil para contratos de seguros por parte de qualquer entidade que emita tais contratos (denominada nesse Pronunciamento como seguradora)"

Outra decisão da CVM refere-se ao pagamento baseado em ações (Deliberação n° 562/08 e Pronunciamento Técnico CPC 10). O CPC 10 regula "as transações de pagamentos com base em ações e, em especial, os efeitos desse tipo de transações no resultado e na posição patrimonial e financeira."

Finalmente, aprovou-se norma sobre "Entidades de Incorporação Imobiliária" (Deliberação nº 561/08 e Orientação OCPC – 01). "O objetivo da Orientação é esclarecer as dúvidas quanto às práticas contábeis que devem ser adotadas pelas entidades de incorporação imobiliária." Observe que é a primeira orientação do CPC.

Siemens e Corrupção

Siemens pagou 1,34 bilhões para encerrar processo sobre corrupção e negócios questionáveis em diversos países do mundo (inclusive o Brasil). Estima-se que a empresa pagou 1,4 bilhão de dólares em propina para governos da Ásia, África, Europa, Oriente Médio e América Latina.

As ações da empresa caíram em 0,22 euros, para 47,23. Há um ano chegava a mais de 109 euros. Aqui também

Executivo da Parmalat condenado

Tanzi, ex-Parmalat, é condenado à prisão
Gazeta Mercantil - 19/12/2008

Calisto Tanzi, ex-dono do grupo italiano Parmalat, cuja quebra no fim de 2003 e deixou um rombo de mais de 14 bilhões de euros, foi condenado ontem a dez anos de prisão por um tribunal de Milão, anunciou a imprensa local. Na segunda-feira, a promotoria havia pedido 13 anos de prisão para Tanzi, alegando que não deveria se beneficiar de circunstâncias atenuantes. O fundador da Parmalat era processado por manipulação de cotações na Bolsa, cumplicidade na falsificação de balanços com auditores de contas e obstrução às auditorias.

Escândalo financeiro

Esse é o primeiro julgamento no caso da bancarrota do gigante do setor de alimentos, um dos maiores escândalos financeiros dos últimos anos na Europa.

No Natal de 2003, a Parmalat admitiu ter um rombo de 3,95 bilhões de euros em sua contabilidade e pouco tempo depois a empresa entrou com um pedido de concordata. Após este pedido, foram descobertos os rombos.

O escândalo pela quebra da Parmalat bateu recordes em perdas e passou a ser considerado o "Enron europeu", numa comparação com o caso relacionado ao maior desfalque financeiro ocorrido nos Estados Unidos.

O valor do "rombo" descoberto em dezembro de 2003 após uma série de fraudes contábeis foi de 14,27 bilhões euros. O escândalo financeiro fez com que 135 mil investidores italianos perdessem suas aplicações em ações da Parmalat.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(AFP)

Salvo pela Due Diligence

O Banco Frances Société Générale, sempre envolvido em confusões, conseguiu antecipar os problemas com o fundo de investimento de Madoff. No início de 2003, numa due diligence de rotina, uma equipe encontrou problemas com o fundo e o colocou na sua lista negra. Os problemas eram tão óbvios que o SG não hesitou em tomar esta medida.

Enquanto isto, outras instituições com mais reputação não tiveram o mesmo cuidado, segundo o NY Times.

Conceito de Correlação Serial


Segundo Andrew Lo (via Be Wary of Serial Correlation) uma correlação serial ocorre quando o retorno de um investimento é um espelho do resultado do mês anterior. Um fundo que tem o mesmo retorno a cada mês é perfeitamente correlacionado. Isto ocorria com o fundo de Madoff.

O interessante, conforme lembra Ritholtz, é que Lo mostra no seu livro Hedge Funds que elevado grau de correlação serial é sinal de que o retorno não está sendo evidenciado de forma realística. Em outras palavras, “olhe melhor para ver se é verdade”.

Mesmo com um mercado sendo tão volátil.

Foto: Flickr

As vítimas de Madoff

A seguir, uma lista parcial das vítimas de Madoff (clique na imagem para visualizar melhor)

Fonte: Big Picture

Somente quatro empresas (Nomura Holdings, Banco Bilbao, HSBC e Max Capital) mencionaram o nome de Madoff nos relatórios entregues a SEC. De forma suscinta e até obscura, conforme nota o blog FootNoted.

Um Default Idiota


Assim definiu Felix Salmon em Ecuador's Idiotic Default(13/12/2008) referindo-se a medida do Equador de suspender os pagamentos aos credores (default). Alguns fatos listados por Salmon:

=> O país deixará de pagar 30,6 milhões de dólares em juros
=> O Equador possui 5,65 bilhões em reservas em dinheiro
=> O serviço da dívida representa somente 1% do PIB do Equador

O Equador não exporta só petróleo, mas também bananas, flores e outros produtos. Default corta a confiança do cliente e do fornecedor. Cria problemas jurídicos internacionais e gera custos (inclusive jurídicos) elevados. Uma das possíveis conseqüências da medida é que o Equador talvez tenha que pagar não somente os juros da dívida, mas também o seu principal.

Existe ainda o impacto político. Será que compensa? E o governo brasileiro, ainda deve ter como parceiros comerciais este tipo de político?
Mais, aqui e aqui. Fonte da Foto: Estadão

A questão do Orçamento e o Regime de Competência

Muito interessante um comentário de Lino Martins referente a uma pesquisa da EBAPE/FGV. Destaco o seguinte trecho:

Neste sentido é dificil de acreditar que membros do Corpo Docente da EBAPE da FGV tenham produzido tal desinformação até porque creio que os mesmos devem conhecer muito bem a denominada Teoria dos Ciclos Políticos Orçamentários (political budget cycles theory). Nesta, os tomadores de decisão preocupam-se em demonstrar sua competência administrativa no curto prazo com vistas ao processo eleitoral e deixam de lado a evidenciação do patrimônio segundo os princípios fundamentais de contabilidade que tem forte ligação com a continuidade da entidade, conforme defendem Cukierman e Meltzer (1986), Rogoff e Sibert (1988), Person e Tabelini (1990) e Rogoff (1990).

Fonte: Aqui

Livros de 2008

Uma lista com os 10 melhores livros de negócios de 2008 (The 10 Best Business Books of 2008) :

10. The Trillion Dollar Meltdown: Easy Money, High Rollers, and the Great Credit Crash - Charles R. Morris

9. Crowdsourcing: Why the Power of the Crowd Is Driving the Future of Business - Jeff Howe

8. The Game-Changer: How You Can Drive Revenue and Profit Growth with Innovation - A. G. Lafley & Ram Charan

7. Outliers: The Story of Success - Malcolm Gladwell

6. Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness - Richard Thaler & Cass Sunstein

5. Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions - Dan Ariely

4. The Back of the Napkin: Solving Problems and Selling Ideas with Pictures - Dan Roam

3. A Sense of Urgency - John Kotter

2. The Big Switch: Rewiring the World from Edison to Google - Nicholas Carr

1. The Snowball: Warren Buffett and the Business of Life - Alice Schroeder

Pirataria e Receita

Os 10 filmes mais pirateados de 2009 estão aqui. Usando os números divulgados neste endereço fiz uma relação entre o número de downloads e a receita do filme e o resultado encontrado foi o seguinte:

Receita = -922,139 + 0,24 Download
Sendo R2 = 0,44 e Fc = 6,28 (sig = 0,036) [mas a constante não é significativa]

Sem a constante

Receita = 0,067 Download
R2 = 0,70 e Fc = 21,07 (sig = 0,001778)

Em outras palavras, quanto maior a pirataria maior a arrecadação do filme no cinema. Ou seria o contrário: filmes com maiores bilheterias atraem mais os piratas.

Ghostwriters


Este termo diz respeito a escritores contratados para escrever biografias de pessoas famosas (ou você ainda acredita que Galisteu é uma escritora?).

Segundo Duff Wilson (Wyeth’s Use of Medical Ghostwriters Questioned, 13/12/2008, New York Times) a empresa Wyeth, uma das maiores do setor, pagou para que ghostwriters produzissem artigos científicos periódicos especializados de medicina favoráveis ao hormônio Prempro. Esta denuncia é resultado de uma investigação do Congresso e foi considerada uma tentativa de manipular a literatura científica.

O porta-voz da empresa afirma que o senador responsável pela denúncia está reciclando argumentos antigos.

O hormônio chegou a ser prescritos para mais de 100 milhões de pessoas e as vendas chegaram a 3 bilhões.

Foto: Flickr

Previsão para 2009


A influente revista The Economist recusou a fazer previsão para o ano de 2009 (It’s Called The Economist, Not The Futurist, Stephanie Clifford) no número especial de dezembro. O motivo foi a bola de cristal que não funcionou em 2008.

E pediu desculpas pelo texto de 2008 (escrito no final de 2007). As falhas incluíam o preço do petróleo, as mudanças no governo da Itália e a eleição de Clinton para Casa Branca.

Foto: Life

Avaliação em Tempo de Crise

O texto a seguir mostra a dificuldade de fazer avaliação em tempos de crise. Muitos modelos de avaliação dependem da estimativa da receita (incluem aqui os múltiplos como o Ebitda ou ate mesmo a projeção do fluxo de caixa futuro, que geralmente parte da receita). Com a crise, a estimativa de receita de muitos setores tornou-se pessimista, com reflexos no resultado final.

Mas existe algo que o texto não considera: o efeito psicológico da avaliação em momentos de crise. Se no período que antecedeu os analistas apresentaram projeções otimistas demais, neste momento projetar cenários otimistas é desestimulado. Os analistas preferem agora errar para menos, fazendo estimativas mais pessimistas dos investimentos.

A magical mystery tour over private equity valuations
By Jennifer Hughes
4/12/2008

How can you value a private equity investment? Let me count the ways.

Or rather, let the industry come up with the answers as that is exactly what groups are struggling to do now as they face year-end reports to investors.

Like other sectors facing valuation issues, the discussions have centred around "fair value", or the use of market prices where possible. In the private equity universe, this isn't that often. Without market prices, the firms then descend through a sliding scale of measuring systems.

Blackstone, the US giant, helpfully lists in its latest quarterly report the range of methods it most uses, including projected net earnings, multiples of earnings measures (such as ebitda), valuations for comparable companies, discounted cash flow method and/or capitalisation rates analysis (for property investments) and for some holdings, cost, or the price paid.

3i, the UK-listed group, even breaks its portfolio down by valuation method, among which it reports a quarter at cost, almost a third on some earnings-based measure and "other", including discounted cash flow, at a further 20 per cent.

The problem for the industry is that all of these just got harder and they weren't straightforward to begin with.

Any valuation involves making assumptions about cash flows, primarily based on revenues. With the economy falling rapidly into a worse downturn than had been expected just a couple of months ago, it has become harder to weigh up what is truly an unlikely Armageddon scenario and what is actually reasonable.

In 3i's half-yearly results (to September 30) the value of its investments assessed on an earnings multiple dropped £194m from last year. Total valuation losses came to £414m.

It is a fair bet that Blackstone, 3i and others will struggle to use public or private market transactions as a measuring stick since there are very few of these.

The market volatility has pretty much rendered any transactions of just a few months ago as virtually unusable.

Discounted cash flow models depend on all sorts of assumptions that just became trickier. Alongside revenue expectations, cost of capital is one of the most important calculations and is likely to have risen sharply.

There are other assumptions within that, such as the risk-free rate. MBA students are usually taught to use a conservative standard measure for the risk-free rate such as 8 per cent. Investment banks and others have been using something much closer to 5 per cent or lower.

AAA-rated government yields are far lower than that right now as interest rates fall. But is that a good basis on which to base forecasts given the glut of government borrowing coming soon that will push up yields? All these points, and many others, have to be thought through by each firm and for each investment.

The wider point to take from all this is summed up in the last line of the Blackstone paragraph summarised above: "These valuation methodologies involve a significant degree of management judgment."

To swing this point around to the danger from an investor point of view: "There's still some misconception that there is some magic number that's the right one - and there isn't," says Nick Rea, partner in PwC's advisory practice.

Private equity, with its lack of market pricing at the best of times, is an extreme example of the issues a broad range of companies will face this coming year.
Any valuation, unless it is for some heavily traded security such as a blue chip stock or a Treasury bond, is going to involve assumptions that produce a range of valuations for that asset, reduced to a single figure for presentation on the balance sheet.

Worried private equity investors, like their counterparts in listed companies, are demanding more explanation of the assumptions behind the final number. Any company or investment firm would be wise to produce as much as they can - and as clearly as they can - to help alleviate the jitters.

A Regra



A foto mostra o contrato entre a Ford e o sindicato UAW. São 2215 páginas. Fonte: Aqui

Custo das Montadoras e a Decisão da Chrysler

Foi anunciado que o custo hora da mão-de-obra das três tradicionais montadoras dos EUA é de 75 dólares à hora (vide David Leonhardt para o NYTimes). Este número mágico é composto de três partes, a saber:

a) salários, hora-extra e férias, que corresponde a 40 dólares a hora

b) benefícios, pensão e plano de saúde, que representa 15 dólares a hora. A soma representa, pois 55 dólares a hora, que corresponde ao custo de uma montadora nova (sem aposentados para sobrecarregar o passivo)

c) Benefícios de aposentados, que representa 20 dólares do total.

As montadoras que resolveram instalar em ambientes sem sindicatos possuem um custo de 45 dólares a hora, um pouco abaixo do custo apresentado acima.

O problema são os custos fixos. O item de aposentadoria encontra-se neste caso. Os custos fixos são aqueles que independem da quantidade produzida e demandada.
Com a demanda em queda e o fechamento provisório de fábricas, o custo fixo não é eliminado. Ele ainda continua a existir.
Vide, aqui também

18 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Enquanto a economia está em queda, o preço da escola aumenta.

Fonte: Slate

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Links


1. Fotos da National Geographic

2. Fotos do LA Times Esportes

3. As imagens mais vistas da National Geographic

4. Design moderno

5. Propagandas antigas de Noel (foto ao lado)

Custos e Montadoras

O problema das montadoras também pode ser considerado sob a ótica da teoria de custos. Em Some companies are too powerful to fail (Financial Times, 10/12/2008), John Kay faz um consideração interessante sobre a questão:

“Em automóveis, assim como em outras indústrias, economias de escala são tecnológicas e deseconomia de escala são humanas”.

Auditoria e Consultoria

A PwC acusada de vender consultoria a clientes de audioria
Segundo reportagem do Financial Times (PwC criticised for sales in consulting to audit clients, Brooke Masters & Jennifer Hughes, 9/12/2008, Asia Ed1, 19) a PwC foi criticada pelos reguladores britanicos por força a venda de lucrativos serviços de consultoria para seus clients de auditoria.

Esta prática tem sido evitada e desencorajada desde o escândalo da Enron.

A Regra das 10 mil horas

Descobri o blog Não Posso Evitar. Numa postagem recente, comenta-se o livro de Malcolm Gladwell (Outliers) e a regra das 10 mil horas. Abaixo faço uma longa citação pois o texto está realmente muito interessante.

Outliers - as dez mil horas

(...) Na década de 1990, o psicólogo K. Anders Ericsson e seus colegas realizaram, na Academia de Música de Berlim, um interessante estudo para verificar que fatores diferenciavam os gênios da música dos intérpretes mais ou menos. Eles separaram os alunos da elitista escola alemã em três grupos: os excepcionais, os bons e os medíocres.

A pesquisa pretendia verificar a intensidade dos estudos e horas de prática a que cada um deles se submetera, para avaliar a correlação entre a dedicação e sua atual performance. Todos eles haviam começado a tocar (violino, nesse caso) quase com a mesma idade (cinco anos) e praticavam uma média de duas a três horas semanais.

A partir dos oito anos, contudo, começaram a surgir as diferenças: nessa idade os melhores alunos praticavam cerca de seis horas por semana. Aos doze, a média subia para oito horas e chegava, aos quatorze anos, a dezesseis. Ao completarem vinte anos de idade, esses alunos já dedicavam à música trinta horas semanais e haviam acumulado dez mil horas de prática. (...)

Esse é o ponto onde, de acordo com Gladwell, os resultados são atingidos através de talento e preparação. Onde o trabalho duro lapida os dons inatos que construirão as pessoas de grande valor. Não só pela habilidade ou oportunidade que possibilitam que alguém esteja num grupo de elite, mas também pela sua dedicação e esforço em merecer estar ali.

Talvez o Zico tenha sido o melhor cobrador de faltas do mundo. Porque todo santo dia após o treino, chovesse ou fizesse sol, ele ficava em campo treinando, quando seus companheiros já tinham ido embora. Pendurava uma camisa na trave e ficava chutando sobre uma barreira de bonecos. Sozinho. Cem, duzentas cobranças. Quando terminava, o Manguito já estava em casa há muito tempo.

Oscar Schmidt não era um “mão-santa”. Era um “mão-calejada-à-beça”. Ayrton Senna não nasceu pilotando bem na chuva – ele ia para o autódromo sempre que começava a chover. Dez mil horas.

Porque prática não é aquilo que você faz quando você é bom. É o que faz com que você se torne bom.

Depreciação Acelerada

A depreciação geralmente é calculada através do método linear. Basta determinar o valor da vida útil do ativo e usar este tempo na divisão do valor do ativo. Assim, um ativo com valor de 50 mil reais e com vida útil de 5 anos terá um depreciação anual de 10 mil ou 50 mil dividido por 5.

Observe que os 5 anos corresponde a uma taxa de 20% de depreciação anual ou 1/5.

Em algumas situações, a depreciação ocorre de forma mais rápida, sendo necessária outra fórmula de calculo para depreciação. Um método possível é a depreciação declinante que é feito da seguinte forma:

No primeiro período, calcula-se a depreciação pelo dobro da taxa, ou 40% no exemplo. Neste caso, no primeiro ano, a depreciação será de 40% x 50 mil ou 20 mil reais. Com isto, ao final do ano, o valor do ativo será de 30 mil reais.

No segundo ano utilizam-se os mesmos 40%, sobre o valor do ativo líquido, ou seja, R$30 mil. A depreciação será agora de 12 mil.

No ano 3 a depreciação de 40% será calculada sobre o valor 18.000 (ou 30 mil menos 12 mil), indicando uma despesa de $7.200.

O valor líquido após a depreciação é de R$10.800, que poderá, agora, ser depreciado em linha reta pelos dois anos restantes, ou R$5.400 por ano. (Continuar usando 40% sobre o valor líquido não “zera” o valor do ativo ao final dos cinco anos.)
Fonte: Aqui

Teoria dos Jogos e Indústria Automobilística

A questão da indústria de automóveis no mundo pode ser considerada sob a ótica da Teoria dos Jogos. Existe uma grande capacidade de produção no mundo. Se os governos insistirem em apoiar as empresas existentes para evitar a falencia, as empresas continuarão com o problema de capacidade, sempre com potencial de falência e com necessidade de subsídios.

Aqui via Marginal Revolution

Sobre Empresas e Sociedade

Depois de 20 anos do acidente ecológico com o navio Exxon Valdez, a empresa Exxon (After almost 20 years, Exxon Valdez payments start hitting banks, Michael Fowlkes, 9/12/2008) está protelando o pagamento de 507 milhões de dólares. O valor inicial da indenização era de 5 bilhões, foi posteriormente reduzido pela metade e em recentemente reduzido para meio bilhão.

Apesar a redução, a empresa ainda luta para reduzir o passivo o mais baixo possível.

A Exxon é uma das maiores empresas do mundo e também uma das mais lucrativas. Mas seria um exemplo para sociedade? Segundo a revista Forbes, a Exxon fez doações para entidades do terceiro setor no valor de 173 milhões de dólares em 2007, a terceira na lista da Forbes. (Mas sobre isto, veja o exercício 12 do livro de Teoria da Contabilidade.)

Outra situação é com a contravertida Wal-Mart. Acusada de impedir a existência de pequenos comerciantes onde se instala, a empresa foi a que mais fez doação na lista da Forbes, com mais de 300 milhões em doações (Entre as entidades que recebem dinheiro da Wal-Mart encontram-se o Exercito da Salvação e a Cruz Vermelha.). Este ano este valor deverá ficar em mais de 400 milhões (Wal-Mart Gives Consumers a $400 Million Holiday Gift This Year, Exceeding Its 2007 Charitable Gifts; Wal-Mart Deserves the 2009 Nobel Peace Prize ). Ademais, existem pesquisas mostrando que a Wal-mart trouxe importantes benefícios para economia dos EUA em termos do controle da inflação e redução de custos.

Uma nova SEC?

Uma autoridade do Partido Democrata disse que o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, escolheu Mary Schapiro para chefiar a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana), voltando-se para uma veterana da comissão para tentar revitalizá-la.

Schapiro atualmente chefia a agência de reguladora da indústria financeira, a maior agência reguladora não-governamental para as empresas do setor. Antes disso, ela foi chairman da Commodities Futures Trading Commission e, por seis anos, foi membro da SEC.

A SEC vem sendo criticada nos últimos meses por não conseguir detectar com antecedência sinais de que os grandes bancos de Wall Street estariam com problemas.

Mary Schapiro deve ser a nova chefe da SEC
Valor Econômico - 18/12/2008


Mais, aqui.

17 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio

Hábito Secreto



Foto do Time

Lego: Evolução


Linha de Chegada


Eu tenho a Força



Coca com Mentos


Mais, aqui

Spam como negócio

Um estudo de cientistas da Universidade da Califórnia (Spam gets 1 response per 12,500,000 emails) mostrou que as mensagens solicitando dinheiro ou vendendo produtos como Viagra necessitam de uma resposta em 12,5 milhões de e-mails para ser lucrativo.

Esta baixa percentagem de resposta (ou de idiotas) foi obtida estudando os spammers (as pesssoas que mandam spamm para seu e-mail) e 350 milhões de e-mails, com 28 "vendas" obtidas. Mesmo obtendo um baixo retorno, o negócio ainda é lucrativo, conclui o estudo.

11 dezembro 2008

Recesso

Este blog irá diminuir sua freqüência e postagem nos próximos dias por motivos pessoais. Voltaremos a nossa regularidade a partir do dia 17 de dezembro. Neste ano foram 1987 postagens, uma média de 6 postagem por dia. Grato.

Links

Os melhores albuns do ano, segundo a Rolling Stones

Iasb simplifica normas de evidenciação para empresas controladas pelo governo

Em defesa dos jatos dos executivos

Mercado ou Governo

A crise financeira reduziu o entusiasmo dos defensores do livre mercado. Aqui uma animação interessante entre sobre este dilema, de forma humorada e interessante.

Crise na Contabilidade

O texto a seguir, publicado no dia 9 de dezembro, trata de um assunto antigo: a reunião dos ministros de Economia da União Européia, em 16 de outubro, quando se decidiu não seguir as normas do Iasb. Antigo, mas interessante para quem observa os "movimentos" da convergência:

La crisis llega a la Contabilidad
9 December 2008
Expansión
GENERAL
34; 35
Juan Manuel Moral / Fernando García Monleón

El pasado día 16 de octubre, como colofón a las reuniones mantenidas en París por el Ecofin (Consejo de Ministros de Economía de la Unión Europea), se publicó una modificación parcial de la Norma Internacional de Contabilidad 39, que regula la valoración de los instrumentos financieros, en armonía con la flexibilización en los criterios de valoración que se está siguiendo actualmente en Estados Unidos. Dicha modificación se llevó a cabo a través del Reglamento (CE) nº 1004/2008 de la Comisión, el cual es obligatorio desde su publicación en todos sus términos y aplicable de forma directa en el territorio de todos los Estados Miembros.

Esta modificación, dirigida fundamentalmente al sector bancario, abre la puerta a la reclasificación, y por ende cambio de criterio de valoración, de parte de la cartera de activos financieros que se encuentra actualmente contabilizada a valor razonable, para que pase a valorarse a coste o coste amortizado. Su razón de ser es que una cartera de activos financieros valorada a valor razonable, cuyo indicador fundamental es el precio de cotización en el mercado, en una coyuntura económica inestable como la actual, sufre grandes variaciones en cortos periodos de tiempo, y teniendo en cuenta que la actual normativa contable exige actualización constante del valor de las carteras contabilizadas a valor razonable, esto incide de forma directa en la situación patrimonial e incluso en la cuenta de resultados, generándose una tensión de volatilidad y de desconfianza en el sistema financiero que puede agravar más aún la actual coyuntura de los mercados.

Tras esta reforma, los activos financieros afectados por ella, esencialmente los títulos de renta fija cotizados, podrán pasar de su actual contabilización, a precios de mercado, a valorarse a coste amortizado, lo cual supone valorar estos activos en base a los flujos futuros actualizados, criterio que no depende de las oscilaciones del mercado. Para llevar a cabo la reclasificación de los activos en el balance, se tomará como valor de referencia, el valor de mercado en el momento de la reclasificación.

La trascendencia de esta modificación viene porque desvincula el valor contable de parte de la cartera de activos financieros, los títulos de renta fija cotizados, de las oscilaciones que actualmente sufren los mercados. El efecto de esta reforma se ve reforzado por el hecho de su entrada en vigor con efectos retroactivos a 1 de julio de 2008, lo cual supone tomar un valor de referencia aún más alejado de la realidad del mercado.

El efecto que, según el Ecofin se persigue con esta reforma, es frenar el efecto que la actual espiral de desplomes de la cotización bursátil está teniendo en la cuenta de resultados del sector bancario. Pero cabe otra lectura, que es la desconfianza frente los valores que dictan los mercados de cara a utilizarlos como referencias contables, cuando dichos mercados padecen volatilidades extremas o crisis de liquidez que los anulan. "Is fair unfair"? Que se lo pregunten si no a los accionistas de Volkswagen.

¿Puede admitirse la instrumentalización de la contabilidad para fines como estos? La respuesta dependerá de la fe que cada cual tenga en esta disciplina. Pero esta medida en detrimento de la referencia del valor de mercado, entendida hasta ahora como el paradigma de la contabilidad fiel, traslada una reflexión sobre los efectos colaterales que tiene la contabilidad de las empresas. Y entre ellos, al ámbito tributario. En los países en los que las bases imponibles del impuesto sobre sociedades descansan en la contabilidad, como España, que algo tan serio como los gastos deducibles o los ingresos computables dependan de este tipo de normas coyunturales, o la reflexión sobre si los valores razonables deben ser utilizados para medir la capacidad contributiva de nuestras empresas, requiere de nuevos planteamientos bajo las actuales experiencias. Quizá sea ésta otra lección a extraer de la presente crisis.

Defendendo o Sped

Sped: uma revolução no país do "jeitinho"!

Sou um entusiasta do projeto Sped. Acredito que hoje todos os que lêem este artigo sabem que Sped significa Sistema Público de Escrituração Digital, que engloba três projetos: Nota Fiscal Eletrônica, Escrituração Fiscal Digital e Escrituração Contábil Digital, também conhecidos como NF-e, Sped Fiscal e Sped Contábil.

São projetos bastante complexos e, conseqüentemente, muito onerosos, tanto para a União e para os estados quanto, principalmente, para as centenas de milhares de empresas que têm de se adaptar. O custo total está na casa de bilhões de reais. Algo em torno de R$ 100 bilhões nos próximos dois anos.

O custo é alto, mas e os benefícios? No meu entender, são muitos no médio prazo e muitíssimos no longo. O principal objetivo do projeto Sped é, sem disfarces, forçar os agentes econômicos a cumprir seus deveres estipulados em lei, induzir agentes informais ou semiformais (ou seja, sonegadores) a "andar na linha" e, em última análise, aumentar a arrecadação.

Leis existem para serem cumpridas. Não faltam leis para melhorar o Brasil, o que falta é o seu cumprimento e punição para os infratores. O Brasil é conhecido internacionalmente e, infelizmente, se orgulha disso, como o "país do jeitinho". Aqui tudo se contorna, se ajeita, é dando que se recebe, seu guarda eu não sabia, alivia pra mim, toma aqui sua cervejinha, deixa por isso mesmo, também quero essa boquinha, para vender para governo tem que pagar propina, corromper não é imoral, imoral é ser corrompido, e por aí vai.

A Justiça deveria fazer valer as leis, mas é morosa, burocrática e humana também, ou seja, corruptível. Mas isso é outro capítulo, sobre o qual eu não saberia discorrer, a não ser como espectador incapaz, frágil e impotente como qualquer brasileiro.

Pois bem, e onde entra o Sped? O Sped entra porque é o agente que obriga as empresas a se abrirem, a serem transparentes em sua operação. Com o Sped as empresas terão que informar, em "real time", seu faturamento, sua geração de impostos, sua contabilidade. É como se você estivesse em permanente fiscalização on-line. Isso dificulta, em muito, a sonegação, as operações "não contabilizadas" (termo consagrado atualmente), enfim, a venda sem nota, a maracutaia, o "caixa 2" e outras baixarias tão comuns nos países atrasados.

Posso parecer ingênuo. Não é uma aposta, é uma esperança. Mas é uma esperança bem fundamentada na tecnologia, na disponibilização on-line de informações que possibilitam o cruzamento de dados, a auditoria imediata pelos computadores da Receita Federal e das secretarias de Fazenda. É como se milhares de fiscais estivessem escrutinando seus dados à velocidade da luz e, se algo parecer estranho, não usual, fora dos padrões, então manda um fiscal humano investigar de perto. Meu entusiasmo, mais do que uma aposta, é um desejo. Desejo de ver o Brasil melhorar, tornar-se mais seguidor das regras de negócio, mais desenvolvido, mais competitivo. Mais honesto.

Com mais gente pagando impostos, com aumento de arrecadação (nunca vi nenhum número oficial, mas estimo que possa ser da ordem de brutais 20%), nós, empresários, esperamos e exigiremos também uma diminuição da carga tributária que, de tão alta, é o maior estímulo à sonegação. Creio e espero que isso forme um círculo virtuoso de maior base de contribuintes - menos sonegação - mais arrecadação - que possibilita menor carga tributária -; mais contribuintes - menos sonegação -; maior arrecadação.

Como brasileiro, como cidadão e como contribuinte, quero acreditar que o maior ganho que teremos com o projeto Sped será didático. Assim como aprendemos a usar e confiar no cinto de segurança porque ele nos foi imposto, o Sped poderá ensinar os agentes econômicos a serem mais corretos, mais cumpridores, menos subdesenvolvidos. Pode moralizar nosso estilo de negócios, nos tornar mais parecidos com os vencedores, nos fazer mais competitivos no mercado global. Pode, e isto é apenas um sonho meu, promover uma mudança cultural no sentido da lisura e da ética. Espero que o Sped seja mesmo uma revolução.

Abaixo o jeitinho!

Gazeta Mercantil - 11/12/2008 - Caderno A - Pág. 3 -WERNER DIETSCHI

10 dezembro 2008

Rir é o melhor remédio


Preguiça

As empresas depois da Crise



















Fonte: Aqui

Links

Krugman ao receber o Nobel

Sobre o novo livro de Gladwell


A felicidade é contagiante, descobrem os cientistas

Os criminosos da internet estão vencendo a guerra

Construindo a Mona Lisa

Sped e a Segurança

O spead contábil é seguro?
Hugo Amano
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 10/12/2008

É inegável que a adoção do sped contábil representa um grande avanço da Receita Federal no que se refere à desburocratização e automatização de todo o processo de prestação de contas e transparência nas empresas brasileiras. Suas vantagens, bem como as dificuldades iniciais de adaptação ao novo sistema, já foram amplamente discutidas. Mas as vulnerabilidades também pegam carona neste novo modelo.

O que as companhias e os seus departamentos de contabilidade devem pensar ao terem de colocar em ambiente on line todas as informações contábeis e fiscais da empresa? Qual a segurança que a Receita oferece para isto? Até o momento, as questões ainda não foram respondidas de forma clara. (...)

O cenário causa-nos certo pânico. Quais as medidas tomadas para coibir o roubo, extravio ou vazamento de informações? Sabemos que na rua Santa Ifigênia ou na 25 de marco, temos venda de cadastros empresariais atualizados. Se nem os computadores da Nasa e do Pentágono são seguros, devemos confiar nos da Receita? Para que as empresas deixem os seus dados lá, é necessário haver uma maior garantia de segurança. (...)

Reavaliação e Lei

O texto a seguir, publicado na semana passada, é sobre reavaliação. Com a MP editada algumas coisas mudaram, mas a essência continua. É um texto polêmico.

A Lei das S.A. e a extinção da reavaliação
Ernesto Dias de Souza - Valor Econômico - 5/12/2008

Há vários anos, a depreciação de ativos foi reconhecida pelas empresas com base em critérios fiscais sem que houvesse uma real avaliação da estimativa da vida útil do bem, assim como de qual seria o valor residual ao final do período de utilização. Em boa parte das empresas, quando os ativos se encontravam totalmente depreciados e ainda mantinham utilidade no desenvolvimento da atividade, lançava-se mão do recurso da reavaliação, e assim reconhecia-se o ativo por seu valor de mercado - e, em contrapartida, era constituída a reserva de reavaliação. As normas para o reconhecimento da reavaliação de ativos previam revisões periódicas do valor de mercado do bem com o conseqüente ajuste da reserva de reavaliação. Todavia, em empresas não sujeitas à auditoria externa, era comum a não realização das revisões.

As alterações promovidas na Lei das S.A. pela Lei nº 11.638, de 2007, ao eliminarem a possibilidade de novas reavaliações a partir de 2008 e, ainda, facultarem o estorno do saldo da reserva de reavaliação existente em 31 de dezembro de 2007, fizeram com que essa prática caísse por terra. Muitas empresas cujos balanços apresentam valores defasados de seus ativos permanentes, em especial do imobilizado, que a partir de 2008 passou a reunir somente os bens tangíveis, não encontrarão nas normas vigentes nenhum mecanismo de ajuste para reconhecerem em seus balanços a mais valia de seus bens.

As avaliações da capacidade de recuperação dos ativos previstas no Pronunciamento nº 1 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) se aplicam somente quando há dúvidas sobre a recuperação do valor registrado, inclusive para bens reavaliados. Portanto, quando o valor de mercado do ativo é maior do que o valor contábil, esse não deve ser alterado. Na verdade, o problema aconteceu no decorrer dos anos em que as taxa de depreciação e o valor residual não eram mensurados de forma adequada nos balanços.

A conseqüência disso é nos depararmos com demonstrações contábeis distorcidas. É grande a preocupação de empresas constituídas na forma de sociedades limitadas em relação à adequação de sua contabilidade às novas diretrizes da Lei das S.A., bem como às normas de contabilidade emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para muitas delas, o estorno do saldo da reserva de reavaliação é impraticável, pois a reconstituição do custo original corrigido do bem e de sua respectiva depreciação acumulada com base em custo de aquisição resultam em um valor contábil muito distante do valor efetivo dos ativos. É comum ouvirmos: "meu ativo desapareceria" - e, conseqüentemente, boa parte do patrimônio líquido.

Questionamentos sobre esse tipo de problema são mais comuns até mesmo do que poderíamos supor por ocasião da aprovação da Lei nº 11.638. Certamente o prazo exíguo entre a aprovação da lei, em 27 de dezembro de 2007, e sua entrada em vigor, em 1º de janeiro, pegou muita gente de surpresa e sem tempo hábil para realizar novas avaliações até 31 de dezembro do ano passado.

Para amenizar as conseqüências desses casos, é necessária uma revisão imediata da taxa de depreciação e da estimativa do valor residual do bem, para que a depreciação do bem e realização do saldo da reserva de reavaliação (não estornada) sejam feitas dentro de padrões aceitáveis. Um novo laudo de avaliação não poderá servir de base para um aumento do valor do ativo e constituição da reserva de reavaliação, mas não há impedimento para tomá-lo como base de expectativa de depreciação e estimativa de valor residual. Não basta mais à contabilidade aceitar uma taxa arbitrada pela legislação fiscal. É preciso obter embasamento operacional e analisar efetivamente as características e condições de utilização do bem para atribuir uma taxa de depreciação, assim como se faz necessário o acompanhamento do bem no mercado e a análise de sua capacidade de recuperação.

Na contabilidade, a depreciação deixa de ser uma simples aplicação linear de percentuais e passa a ser uma análise de perda efetiva de valor. O procedimento técnico já deveria ter sido esse há anos, pois a própria legislação fiscal previa a utilização de uma taxa diversa mediante a apresentação de um laudo técnico, que somente era utilizada quando havia interesse em depreciar o bem em um prazo mais curto do que o previsto na taxa oficial.

Todavia, a opção pelos ditos benefícios fiscais agora se mostram como distorções sem solução aparente. De positivo, tiramos dessa situação a lição de que as alterações da lei vieram para chamar a atenção dos contadores para os critérios técnicos. O que nesse período de transição, para muitos, está sendo visto como um complicador será, em breve, o principal fator de valorização do nosso trabalho. O contabilista, mesmo aquele que não atua em companhias abertas, deve enxergar as modificações da Lei das S.A. como uma grande oportunidade, pois ao mesmo tempo em que exige aprimoramento técnico e amplia suas responsabilidades, o aproxima dos gestores e empresários como elemento chave nas decisões.

Remuneração

O texto a seguir mostra as contradições de um executivo muito bem remunerado (115 milhões de dólares desde 1999), ex-funcionário do alto escalão do governo dos EUA e que agora tenta explicar seu papel na crise do Citigroup. É um texto interessante sobre a questão da elevada remuneração de um membro de um conselho.

Rubin defende seu papel no Citigroup
Ken Brown e David Enrich, The Wall Street Journal
1/12/2008 - 1

Sob fogo cruzado pelo seu papel no quase colapso do Citigroup Inc., Robert Rubin, disse que os problemas foram causados pelo aperto do sistema financeiro, não por seus próprios erros, e que teve papel periférico nas principais operações do banco, apesar de ser um dos mais bem pagos executivos da instituição.

“Ninguém estava preparado para isso”, disse Rubin numa entrevista ao Wall Street Journal. Ele citou o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, como outro exemplo de alguém cuja reputação tem sido injustamente afetada pela crise.

Rubin, consultor sênior e conselheiro do Citigroup, admitiu que participou de uma decisão do conselho de administração de aumentar a exposição ao risco em 2004 e 2005, apesar de alertar publicamente na época que os investidores estavam assumindo risco excessivo. Ele disse que, se a diretoria tivesse executado o plano adequadamente, as perdas do banco teriam sido menores.

Essas dificuldades colocaram o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos na desconfortável posição de ter de justificar US$ 115 milhões em salários desde 1999, excluídas as opções de compra de ações, e, ao mesmo tempo, explicar as perdas de US$ 20 bilhões do Citigroup ao longo dos últimos doze meses e o socorro governamental de, pelo menos, US$ 45 bilhões.

O salário de Rubin fez dele um dos mais bem remunerados executivos de Wall Street e uma figura controvertida para acionistas e alguns outros executivos, que questionaram se as limitadas funções dele justificavam o gordo contracheque.

“Embora ele não tenha responsabilidade “operacional”, continua a ter responsabilidade fiduciária como membro do conselho”, disse William Smith, um administrador de recursos de Nova York e crítico constante da atual diretoria e do atual conselho do Citigroup. “Ele supervisionou todo o processo de derrocada. Ainda assim, foi recompensado como um funcionário de operações enquanto dizia não ter responsabilidade operacional.” Rubin não pode “ganhar dos dois lados”, acrescentou Smith.

Rubin disse que sua remuneração tem justificativa e que teve outras chances de altos salários. “Eu garanto que não houve um único ano em que eu não tive a oportunidade de trabalhar em outro lugar e ganhar ainda mais”, acrescentou. Ele abriu mão do bônus do ano passado e disse ao conselho de administração que o dinheiro poderia ser melhor usado em outro lugar.

Perguntado se tinha algum arrependimento, Rubin respondeu: “Acho que não penso sobre isso dessa maneira”, acrescentando que “se você olhar para trás, verá que existe uma enorme quantidade de lições que precisam ser aprendidas”.

O esforço de Rubin para salvar sua reputação acontece logo depois de o diretor- presidente do Citigroup, Vikram Pandit, ter dado uma entrevista ao programa do jornalista Charlie Rose na TV pública PBS. Pandit também culpou a crise financeira, não o Citigroup, pelos problemas que levaram o governo a decidir injetar dinheiro no banco pela segunda vez em três meses.

“O que aconteceu foi maior que o Citi”, disse Pandit. “Isso era uma questão de confiança no sistema financeiro. Dizia respeito à estabilidade do sistema financeiro.”

Desde quando Rubin foi contratado pelo Citigroup em outubro de 1999, pouco depois de deixar o cargo de secretário do Tesouro, o também ex-presidente do conselho de administração do Goldman Sachs disse que não queria administrar nenhum dos negócios do Citigroup. Na época, Rubin disse a colegas que queria mais tempo para atividades como pescaria. Na entrevista ao Wall Street Journal, ele disse que sua tarefa era se reunir com clientes e ter um papel consultivo como “um profissional experiente sem interesses pessoais” no negócio.

Desde o declínio do mercado imobiliário, o Citigroup enfrenta sua pior crise. Além de uma injeção inicial de recursos de US$ 25 bilhões como parte do socorro amplo às empresas financeiras, o governo recentemente concordou em emprestar mais US$ 20 billhões e prometeu proteger o Citigroup de mais perdas em seus US$ 306 bilhões em ativos.

Rubin disse que os executivos de administração de risco da empresa é que têm a responsabilidade de evitar problemas como o que o Citigroup enfrenta agora. “O conselho como um todo não tem um conhecimento minucioso” das operações, disse.

Apesar disso, Rubin esteve profundamente envolvido numa decisão tomada no fim de 2004 e começo de 2005, de assumir mais riscos para estimular os lucros, disseram pessoas a par das discussões. Segundo elas, Rubin comentou que os concorrentes do Citigroup estavam assumindo riscos maiores, que levavam a maior lucro. Os colegas acataram a sugestão dele, por ser o único membro do conselho com experiência como operador e administrador de risco.

Rubin disse que a decisão de aumentar a exposição ao risco aconteceu depois da apresentação de um consultor ao conselho, que disse que o banco havia dedicado menos capital, numa avaliação do balança baseada no risco, que os concorrentes. “Isso criou espaço para fazer mais, supondo-se que você faça decisões inteligentes em termos de risco”, disse ele. Segundo Rubin, o sucesso teria que ser baseado em ter “as pessoas certas, a supervisão certa, a tecnologia certa.”

A decisão tem sido apontada, em parte, como responsável pelos problemas do Citigroup, inclusive o crescimento dos investimentos em títulos lastreados por hipotecas, apesar dos sinais de que o mercado de hipotecas estava desabando. Rubin duvida que isso seja verdadeiro: “Não foi um ponto de inflexão”, disse, mas “simplesmente não sei o que poderia ter acontecido” se a decisão tivesse sido diferente.

Ao mesmo tempo, Rubin dizia em palestras que a maioria dos ativos estava sobrevalorizada.

Mas não seria correto para o conselho agir de acordo com a visão dele, disse Rubin na entrevista. “Eu não administraria uma instituição financeira baseado na opinião de alguém a respeito de como os mercados deveriam se comportar.” Ele enfatizou que o mercado de capitais continuou a crescer por mais três anos desde que Greenspan, no final de 1996, pensou alto sobre uma possível “exuberância irracional”.

Rubin disse acreditar que, em 2004 e 2005, enquanto um declínio cíclico como a desvalorização do peso mexicano em 1994 ou a crise financeira asiática de 1997 foram possíveis, as perdas que o banco poderia sofrer não chegariam ao ponto de eliminar os lucros obtidos nos bons tempos.

Na crise atual, “o que veio junto foi não apenas a cíclica subestimação do risco (mas também) a bolha imobiliária, o que confundiu a classificação de grau de investimento”, disse ele. “Não houve praticamente ninguém capaz de ver esse evento de baixa probabilidade como uma possibilidade.”