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30 setembro 2025

Viés na rede de relacionamentos acadêmica

Um estudo (via aqui) investigou vieses na formação de redes acadêmicas entre economistas no Twitter (ou X). Os autores criaram 80 perfis fictícios de estudantes de doutorado em economia, variando aleatoriamente gênero (nomes e fotos indicativas), raça (negro ou branco) e vinculação institucional (universidades de prestígio ou menos reconhecidas). Esses perfis seguiram cerca de 6.920 usuários da comunidade #EconTwitter entre maio e agosto de 2022, e o experimento mediu quantos daqueles usuários “retribuíram” o follow.


Os resultados revelaram disparidades substanciais: perfis de estudantes negros de universidades menos prestigiadas obtiveram a menor taxa de retorno de follow, enquanto mulheres brancas de universidades topo de ranking tiveram a maior taxa — a diferença entre os extremos foi de quase 10 pontos percentuais. Em média, perfis brancos obtiveram “follow-backs” 12 % mais frequentemente que perfis negros; perfis de instituições prestigiadas tiveram vantagem de 21 % sobre instituições mais modestas; e perfis femininos receberam 25 % mais retorno que perfis masculinos.

Esses achados sugerem que, mesmo em plataformas online frequentemente consideradas “democráticas”, há mecanismos de discriminação implícita que influenciam quem é aceito nas redes profissionais acadêmicas. Além disso, o estudo contribui para explicar fatores que perpetuam a falta de diversidade na economia, mostrando como redes sociais digitais podem reproduzir desigualdades já existentes.

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

29 setembro 2025

Frase


Há uma piada clássica que diz que os egos dos professores universitários são tão potentes que, se fossem conectados entre si, gerariam energia suficiente para iluminar um campus inteiro durante uma semana. 

(Fonte aqui)

O texto traz indicações de romances sobre a vida universitária. Interessante, apesar de ter encontrado poucos títulos em língua portuguesa. Na verdade, das obras indicadas, somente o livro de Donna Tartt. 

Liberdade das mulheres e sucesso no futebol feminino


O resumo

Investigamos o impacto da liberdade política e econômica das mulheres sobre o sucesso no futebol feminino internacional. Nossa hipótese é que, à medida que as mulheres conquistam liberdade política e econômica, a seleção nacional feminina do país apresenta uma queda no desempenho em campo no curto prazo, mas, com o tempo, uma maior liberdade econômica e política abre oportunidades voluntárias para que as mulheres pratiquem futebol em idades mais precoces, o que gera melhor desempenho em campo no longo prazo. As evidências empíricas apoiam essas duas hipóteses, sugerindo que os benefícios gerais do aumento da liberdade política e econômica para as mulheres no futebol internacional não são imediatos, mas são, ainda assim, concretos. 

Depken, C., & Globan, T. (2025). Women's international football success and women's economic freedom. Contemporary Economic Policy, 43(4), 714–730. 

Manobra contábil na Nvidia?


A notícia é que a OpenAI decidiu alugar GPU em lugar de comprar diretamente da Nvidia. Um artigo questiona os motivos que levaram essa decisão, onde a Nvidia mantem a propriedade do hardware, talvez através de um veículo de financiamento. Fica a impressão de ser uma engenharia financeira, mas o texto questiona se não seria uma forma de esconder resultados.

Tendo a pensar que empresas não se reinventam como financiadoras porque as coisas estão indo bem. Elas fazem isso quando os clientes não conseguem ou não querem acompanhar a farra de gastos, e quando a gestão deseja encobrir rachaduras com ginástica contábil. Ou, ainda, quando um anúncio precisa absolutamente chegar ao mercado como relações públicas antes de ter efeito concreto.

Todos nós já vimos isso antes: leasebacks de telecomunicações na era das pontocom, títulos lastreados em hipotecas antes de 2008, todo aquele lixo — tudo vendido como “inovação” até a música parar.

Segundo o autor, transformar equipamentos de alta depreciação em “ativos financeiros” lembra manobras contábeis usadas por empresas em momentos de fragilidade. 

Expansão do regime de competência no setor público mundial


Um novo relatório de status, publicado pela Federação Internacional de Contadores (IFAC) e pelo Instituto de Finanças Públicas e Contabilidade (CIPFA), com apoio do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSASB), destaca o progresso constante e gradual dos governos em todo o mundo na transição do regime de caixa para o regime de competência na elaboração de relatórios financeiros.

Principais conclusões do relatório incluem:

  • Até 2030, 56% das jurisdições deverão reportar com base no regime de competência. Isso representa um avanço constante em relação ao Índice de 2020, mas em um ritmo mais lento do que o previsto, refletindo as pressões financeiras e operacionais enfrentadas pelos governos durante e após a pandemia.

  • Em 2024, as jurisdições de alta renda representavam a maioria dos adotantes do regime de competência (57%), mas até 2030 o cenário deverá mudar: 60% das jurisdições que utilizarem o regime de competência serão provenientes de economias de renda média e baixa.

  • Até 2030, espera-se que 81% das jurisdições que reportarem pelo regime de competência estejam aplicando as Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS) — seja diretamente, com modificações ou como base para normas nacionais.

Fonte: aqui. Foto aqui

Universidade mais IA


A Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence (MBZUAI), nos Emirados Árabes Unidos, foi criada com o ambicioso objetivo de se tornar o “Stanford do Oriente Médio”. Com forte apoio estatal e financiamento generoso, a universidade oferece bolsas integrais e uma estrutura que elimina a necessidade de professores conseguirem financiamento externo. Em aproximadamente seis anos, já contratou mais de 100 professores de países como Estados Unidos, China e Alemanha, e reúne mais de 700 estudantes e ex-alunos de 49 nacionalidades. 

A MBZUAI trabalha em estreita colaboração com a gigante de IA G42, desenvolvendo modelos de linguagem, dentre eles o modelo aberto “K2 Think”. A universidade também lançou modelos de linguagem para línguas como árabe, hindi e outras, buscando representar diversidade cultural com seus alunos colaboradores. 


Para os EUA e grandes polos tecnológicos internacionais, a iniciativa representa concorrência direta: recursos abundantes de computação e talentos estão no centro da estratégia dos Emirados para transformar economia dependente do petróleo em um hub global de tecnologia.