A Eletrobras assumiu ontem a administração de duas empresas estaduais de distribuição de energia afundadas em dívidas: a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e a Companhia Energética de Roraima (CERR). Por meio de acordos de gestão compartilhada, a estatal federal indicará o presidente e metade da diretoria e do conselho de administração de cada companhia, mas, por enquanto, não vai incorporar as duas distribuidoras, para não contaminar suas próprias contas.
Eis um típico exemplo de gerenciamento de resultados. Outro aspecto interessante é que as empresas são de médio porte. Mesmo assim, existe a preocupação de piorar, ainda mais, a contabilidade da Eletrobras.
Os governos estaduais vão receber empréstimos de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal — R$ 1,4 bilhão para o Amapá e 600 milhões para Roraima — e injetar recursos nas empresas para que elas possam investir e pagar dívidas com fornecedores. No fim do processo de saneamento, que deverá durar dois anos, as distribuidoras poderão ser compradas pela holding federal.
Dinheiro do contribuinte. E as empresas continuaram com o governo.
Outra empresa que está sob regime de gestão compartilhada com a Eletrobras é a Companhia Energética de Goiás (Celg). Nesse caso, já está sendo negociado o processo de federalização. Por serem inadimplentes, a CERR e a CEA, há vários anos, não têm autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para reajustar tarifas, o que agrava a situação financeira de ambas.
Para Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, era preciso encontrar uma solução para as empresas, mas a questão é se a Eletrobras deve fazer isso, “considerando sua má performance na administração de distribuidoras, que lhe trazem prejuízos bilionários”. Para Sales, seria melhor privatizar as companhias.
A privatização não é considerada aceitável no atual governo. Além disto...
O governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), disse que é contra a privatização da CEA. “Isso não é bom para o desenvolvimento, e não é o que deve ser feito, de acordo com o discurso o governo federal”, disse. Segundo o atual presidente da companhia, José Ramalho de Oliveira, se, depois do saneamento, a Eletrobras quiser vender a distribuidora, o governo estadual vai assumi-la de volta.
Empresas estatais são geralmente usadas com a finalidade política. A privatização tira dos governantes este importante instrumento de captura de votos. A resistência à privatização tem uma justificativa real.
Socorro federal no setor elétrico - PAULO SILVA PINTO - Correio Braziliense - 13/09/2013. Cartoon aqui
14 setembro 2013
13 setembro 2013
Premiados de Agosto
Recebemos notícias e o Rafael (Top Facebook Fan de Agosto), o Elton (1o lugar no sorteio) e a Camila (2a colocada) receberam os prêmios. [Postagem original: aqui. Resultado final: aqui.] Atrasou um pouco porque eu me machuquei e demorei para postar. Desculpem-me.
Abaixo uma foto levemente modificada para manter tanto quanto possível a privacidade do Rafa. Foi compartilhada no Facebook e compartilhamos aqui, com vocês!
Obrigada a todos que se inscreveram e participaram do processo. Nos vemos nos próximo sorteio! E fiquem ativos e atentos à nossa página no Facebook pois de lá sairá um dos nossos próximos premiados.
Abraços,
Equipe do Contabilidade Financeira
Abaixo uma foto levemente modificada para manter tanto quanto possível a privacidade do Rafa. Foi compartilhada no Facebook e compartilhamos aqui, com vocês!
![]() |
| Top Face Fan |
Obrigada a todos que se inscreveram e participaram do processo. Nos vemos nos próximo sorteio! E fiquem ativos e atentos à nossa página no Facebook pois de lá sairá um dos nossos próximos premiados.
Abraços,
Equipe do Contabilidade Financeira
Leasing finalizando a discussão
Está encerrando o prazo para a apresentação de comentários à proposta de revisão das normas de contabilidade para arrendamento. Estas normas foram desenvolvidas em conjunto pelo Financial Accounting Standards Board e o International Accounting Standards Board. O primeiro é a entidade que elabora as normas para as empresas com ações negociadas nos Estados Unidos; o Iasb é responsável pelas normas contábeis para vários países.
Fasb e Iasb estão programando uma série de reuniões públicas para discussão das propostas.
Mais sobre este assunto aqui. Cartoon adaptado daqui.
Fasb e Iasb estão programando uma série de reuniões públicas para discussão das propostas.
Mais sobre este assunto aqui. Cartoon adaptado daqui.
Aquisição em ensino
Há dias o grupo Laureate comprou a FMU por 1 bilhão de reais. Com 200 mil alunos, isto significa que cada aluno foi “vendido” por 5 mil reais, aproximadamente.
Anteriormente tínhamos feito um relativo entre o valor de negociação de faculdades e número de alunos e chegamos a um valor médio de R$6 mil por aluno. Ou seja, a aquisição da Laureate foi um negócio dentro da média do mercado.
Ontem a Estácio anunciou a aquisição da Uniseb por 615 milhões de reais. Com 37,8 mil alunos, a aquisição representou que cada aluno custou R$16,3 mil, muito acima do valor médio das negociações do setor.
Anteriormente tínhamos feito um relativo entre o valor de negociação de faculdades e número de alunos e chegamos a um valor médio de R$6 mil por aluno. Ou seja, a aquisição da Laureate foi um negócio dentro da média do mercado.
Ontem a Estácio anunciou a aquisição da Uniseb por 615 milhões de reais. Com 37,8 mil alunos, a aquisição representou que cada aluno custou R$16,3 mil, muito acima do valor médio das negociações do setor.
Passaporte
Felix Salmon, em The negative value of US citizenship, comenta o fato de existirem 8,3 milhões de pessoas nos Estados Unidos que possuem o green card, mas somente 750 mil naturalizaram em 2012. Ou seja, muitos preferem não optar pela cidadania daquele país. Salmon lista alguns possíveis motivos: tornar cidadão adquire alguns direitos e perde outros (do país de origem, por exemplo), ter passaporte de outro país pode ser mais fácil nas viagens internacionais e o pagamento de impostos.
12 setembro 2013
Ibovespa
Os investidores que estão na lida há mais de 20 anos sabem que de tempos em tempos alguma ação causa distorções ao Índice Bovespa, dificultando a gestão de carteiras referenciadas no índice, prejudicando a arbitragem entre os mercados futuro e à vista e o segmento de aluguel de ações. O impacto que algumas ações do grupo "X" está provocando no índice e, consequentemente, em instrumentos derivativos, já aconteceu antes. Talvez hoje, é verdade, em intensidade muito maior.
O Ibovespa é o principal indicador de desempenho do mercado de ações brasileiro e mantém sua metodologia de cálculo desde a implantação, em 1968. Esse é o indicador que normalmente o pequeno investidor olha como referência do desempenho da bolsa no dia a dia e que é citado pela maioria dos jornais e televisões quando se referem ao desempenho da bolsa no Brasil. É ainda um parâmetro de desempenho muito utilizado por gestores de fundos ativos e passivos, e para comparar o desempenho do mercado brasileiro com bolsas de outros países. Sem falar, é claro, em todos os produtos de futuros e opções criados a partir dele.
O Ibovespa tem se mostrado um excelente índice nesses anos todos. É natural ser cauteloso quando se cogita fazer aperfeiçoamentos num produto de tanto sucesso. Entretanto, a história mostra que, se um produto se prova obsoleto, ao longo do tempo, a concorrência de produtos mais eficientes prevalece. O Dow Jones manteve sua metodologia inalterada desde o início (em 1928), o que custou sua liderança quando foi superado pelo SP como indicador de desempenho mais representativo e eficiente do mercado.
A atual metodologia de cálculo do Ibovespa é baseada num conceito de negociabilidade que é uma "proxy" para a liquidez do papel em bolsa. Tanto o critério de inclusão na carteira quanto o de ponderação dos pesos de cada papel no índice utilizam esse conceito de negociabilidade. Basear a carteira do índice nesse conceito de negociabilidade tem uma razão válida, pois um bom indicador de desempenho deve poder ser replicável pelo investidor. Intuitivamente, um índice baseado em liquidez deveria ser facilmente replicável pelos investidores. O caso atual das empresas "X" mostra que às vezes a intuição falha.
Chama a atenção o fato de o Brasil ser o único no mundo a utilizar esse critério de negociabilidade. A pergunta que se coloca é: por quê? Será que o Brasil produz um índice superior? Levantamento feito pela própria Bovespa dos principais indicadores de ações do mundo mostra que a esmagadora maioria deles utiliza critérios que se baseiam no valor de mercado total da empresa ou da parcela que não está mãos dos controladores ("float"), e não necessariamente como critério de seleção mas, principalmente, na sua ponderação. A Bovespa há alguns anos lançou uma família de índices baseados em valor de mercado. Os dois principais são o IBrX-100 e o IBrX-50.
Observando-se a tabela abaixo, vemos que o desempenho médio anualizado do Ibovespa comparado com o dos outros dois índices desde suas criações é muito inferior, mostrando que a metodologia da família IBrX é mais eficiente.
Os dirigentes da Bovespa estão cientes das distorções da metodologia do Ibovespa e seu impactos nos diversos mercados. E, como bons dirigentes de seu negócio, estão decididos a efetuar mudanças para aperfeiçoar o índice, de tal forma que essas distorções não aconteçam mais.
Entre os diversos interlocutores que a diretoria da Bovespa procurou nos últimos meses, destaca-se um grupo representativo de participantes de mercado que, conjuntamente com a equipe técnica da Bovespa, trabalhou em propostas para colocar o Ibovespa entre os mais eficientes do mercado mundial.
As principais alterações que esse grupo sugeriu foram: (1) mudança do critério de ponderação dos papéis (peso no índice) para free float; (2) introdução de um "cap" de liquidez para que papéis com alto valor de mercado, porém baixa liquidez, não prejudiquem a replicabilidade do índice; (3) alteração do cálculo do índice de negociabilidade dando mais peso ao volume financeiro e menos ao numero de negócios, reduzindo o estímulo de "market makers" fragmentarem ordens para artificialmente aumentar o peso de seus papéis no índice; (4) alterações nos critérios de inclusão e exclusão de papéis, aumentando a representatividade de 80% para 85% da liquidez; (5) permissão para incluir ações novas porém representativas antes de completarem 12 meses de negociação; (6) exclusão das chamadas "penny stocks" (ações com valor de negociação abaixo de R$ 1); (7) introdução de um limite máximo de 20% por ação para reduzir a concentração da carteira em poucos papéis e (8) harmonização dos critérios de exclusão do índice com outros instrumentos derivativos e contratos de aluguel.
A diretoria da Bovespa já confirmou que pretende fazer aperfeiçoamentos no Ibovespa, porém parece preocupada em não descaracterizá-lo. Para a grande maioria dos participantes de mercado, a introdução de todas as melhorias sugeridas acima tornaria o Ibovespa um índice muito mais atualizado com as melhores práticas no mundo inteiro e, no fim do dia, é isso que importa para os investidores em geral.
A Bovespa está diante de uma oportunidade histórica de passar uma mensagem forte para todos os brasileiros e investidores do mundo inteiro: chega de puxadinho e jabuticaba. Está na hora de pararmos de reinventar a roda e fazer a coisa certa. Sejamos ousados. Vida longa ao Ibovespa!
O Ibovespa está morto. Vida longa ao Ibovespa! - Valor Econômico - 11/09/2013 - Marcos De Callis
O Ibovespa é o principal indicador de desempenho do mercado de ações brasileiro e mantém sua metodologia de cálculo desde a implantação, em 1968. Esse é o indicador que normalmente o pequeno investidor olha como referência do desempenho da bolsa no dia a dia e que é citado pela maioria dos jornais e televisões quando se referem ao desempenho da bolsa no Brasil. É ainda um parâmetro de desempenho muito utilizado por gestores de fundos ativos e passivos, e para comparar o desempenho do mercado brasileiro com bolsas de outros países. Sem falar, é claro, em todos os produtos de futuros e opções criados a partir dele.
O Ibovespa tem se mostrado um excelente índice nesses anos todos. É natural ser cauteloso quando se cogita fazer aperfeiçoamentos num produto de tanto sucesso. Entretanto, a história mostra que, se um produto se prova obsoleto, ao longo do tempo, a concorrência de produtos mais eficientes prevalece. O Dow Jones manteve sua metodologia inalterada desde o início (em 1928), o que custou sua liderança quando foi superado pelo SP como indicador de desempenho mais representativo e eficiente do mercado.
A atual metodologia de cálculo do Ibovespa é baseada num conceito de negociabilidade que é uma "proxy" para a liquidez do papel em bolsa. Tanto o critério de inclusão na carteira quanto o de ponderação dos pesos de cada papel no índice utilizam esse conceito de negociabilidade. Basear a carteira do índice nesse conceito de negociabilidade tem uma razão válida, pois um bom indicador de desempenho deve poder ser replicável pelo investidor. Intuitivamente, um índice baseado em liquidez deveria ser facilmente replicável pelos investidores. O caso atual das empresas "X" mostra que às vezes a intuição falha.
Chama a atenção o fato de o Brasil ser o único no mundo a utilizar esse critério de negociabilidade. A pergunta que se coloca é: por quê? Será que o Brasil produz um índice superior? Levantamento feito pela própria Bovespa dos principais indicadores de ações do mundo mostra que a esmagadora maioria deles utiliza critérios que se baseiam no valor de mercado total da empresa ou da parcela que não está mãos dos controladores ("float"), e não necessariamente como critério de seleção mas, principalmente, na sua ponderação. A Bovespa há alguns anos lançou uma família de índices baseados em valor de mercado. Os dois principais são o IBrX-100 e o IBrX-50.
Observando-se a tabela abaixo, vemos que o desempenho médio anualizado do Ibovespa comparado com o dos outros dois índices desde suas criações é muito inferior, mostrando que a metodologia da família IBrX é mais eficiente.
Os dirigentes da Bovespa estão cientes das distorções da metodologia do Ibovespa e seu impactos nos diversos mercados. E, como bons dirigentes de seu negócio, estão decididos a efetuar mudanças para aperfeiçoar o índice, de tal forma que essas distorções não aconteçam mais.
Entre os diversos interlocutores que a diretoria da Bovespa procurou nos últimos meses, destaca-se um grupo representativo de participantes de mercado que, conjuntamente com a equipe técnica da Bovespa, trabalhou em propostas para colocar o Ibovespa entre os mais eficientes do mercado mundial.
As principais alterações que esse grupo sugeriu foram: (1) mudança do critério de ponderação dos papéis (peso no índice) para free float; (2) introdução de um "cap" de liquidez para que papéis com alto valor de mercado, porém baixa liquidez, não prejudiquem a replicabilidade do índice; (3) alteração do cálculo do índice de negociabilidade dando mais peso ao volume financeiro e menos ao numero de negócios, reduzindo o estímulo de "market makers" fragmentarem ordens para artificialmente aumentar o peso de seus papéis no índice; (4) alterações nos critérios de inclusão e exclusão de papéis, aumentando a representatividade de 80% para 85% da liquidez; (5) permissão para incluir ações novas porém representativas antes de completarem 12 meses de negociação; (6) exclusão das chamadas "penny stocks" (ações com valor de negociação abaixo de R$ 1); (7) introdução de um limite máximo de 20% por ação para reduzir a concentração da carteira em poucos papéis e (8) harmonização dos critérios de exclusão do índice com outros instrumentos derivativos e contratos de aluguel.
A diretoria da Bovespa já confirmou que pretende fazer aperfeiçoamentos no Ibovespa, porém parece preocupada em não descaracterizá-lo. Para a grande maioria dos participantes de mercado, a introdução de todas as melhorias sugeridas acima tornaria o Ibovespa um índice muito mais atualizado com as melhores práticas no mundo inteiro e, no fim do dia, é isso que importa para os investidores em geral.
A Bovespa está diante de uma oportunidade histórica de passar uma mensagem forte para todos os brasileiros e investidores do mundo inteiro: chega de puxadinho e jabuticaba. Está na hora de pararmos de reinventar a roda e fazer a coisa certa. Sejamos ousados. Vida longa ao Ibovespa!
O Ibovespa está morto. Vida longa ao Ibovespa! - Valor Econômico - 11/09/2013 - Marcos De Callis
Seria manipulação?
O fato de Eike Batista ter prometido à OGX um aporte - na forma de uma opção de venda de ações da companhia, ou "put", no jargão do mercado - de US$ 1 bilhão e, agora, afirmar que não irá honrar o compromisso poderá se configurar em evidência de que o empresário tentou manipular as expectativas do mercado em relação à petroleira, afirmaram fontes ao Valor. Procurada, a OGX não concedeu entrevista.
(...) Na época, o mercado especulou que a empresa poderia estar fazendo um colchão de recursos para participar de uma eventual próxima rodada de licitação de blocos exploratórios da ANP. Ou que, por alguma razão ainda desconhecida, o caixa seria comprometido ou a geração de caixa operacional seria menor. Uma potencial capitalização para a realização de nova parceria também foi comentada. Ou seja, não ficou exatamente claro porque a "put" foi lançada, embora ela tenha sido um sinal de confiança do empresário no negócio. A opção de venda, que seria exercida a R$ 6,30, estava 36% acima do valor de mercado da OGX naquele dia de outubro. O valor passou a ser também um teto para o papel.
O fato de Eike não honrar o compromisso pode ampliar a avaliação de que ao anunciar a intenção de capitalização da empresa o empresário tomou a medida baseado em informações que não foram amplamente divulgadas para o mercado e que podem explicar a situação delicada que a empresa hoje se encontra. A concessão de instrumentos desse tipo não é usual, embora Eike tenha assumido - e honrado - o mesmo compromisso em OSX, no momento em que o estaleiro abriu capital.
Se já estivesse ciente da deterioração da empresa, a "put" pode ter sido uma tentativa de reverter expectativas - uma sinalização de confiança no negócio para tranquilizar os investidores e atrair novos compradores para os papéis ou para fechar novos negócios.
Negativa de Eike pode abrir debate sobre manipulação - Valor Econômico - 11/09/2013 - Ana Paula Ragazzi
(...) Na época, o mercado especulou que a empresa poderia estar fazendo um colchão de recursos para participar de uma eventual próxima rodada de licitação de blocos exploratórios da ANP. Ou que, por alguma razão ainda desconhecida, o caixa seria comprometido ou a geração de caixa operacional seria menor. Uma potencial capitalização para a realização de nova parceria também foi comentada. Ou seja, não ficou exatamente claro porque a "put" foi lançada, embora ela tenha sido um sinal de confiança do empresário no negócio. A opção de venda, que seria exercida a R$ 6,30, estava 36% acima do valor de mercado da OGX naquele dia de outubro. O valor passou a ser também um teto para o papel.
O fato de Eike não honrar o compromisso pode ampliar a avaliação de que ao anunciar a intenção de capitalização da empresa o empresário tomou a medida baseado em informações que não foram amplamente divulgadas para o mercado e que podem explicar a situação delicada que a empresa hoje se encontra. A concessão de instrumentos desse tipo não é usual, embora Eike tenha assumido - e honrado - o mesmo compromisso em OSX, no momento em que o estaleiro abriu capital.
Se já estivesse ciente da deterioração da empresa, a "put" pode ter sido uma tentativa de reverter expectativas - uma sinalização de confiança no negócio para tranquilizar os investidores e atrair novos compradores para os papéis ou para fechar novos negócios.
Negativa de Eike pode abrir debate sobre manipulação - Valor Econômico - 11/09/2013 - Ana Paula Ragazzi
Público e desempenho
Será que um clube de futebol com melhor desempenho atrai mais público? Aparentemente não é isto que acontece no campeonato brasileiro. O gráfico mostra a relação entre as duas variáveis, onde a correlação é de 0,27:
Algumas equipes com desempenho abaixo da média conseguem atrair um bom público nos seus jogos (São Paulo e Flamengo, por exemplo). Outros, com boa colocação no campeonato, possuem média de público reduzida (Botafogo, por exemplo). O Naútico, com o pior desempenho no campeonato, possui uma média de público intermediária.
Em alguns casos, a torcida comparece para tentar animar o time. Em outros, a equipe reduziu o preço do ingresso para tentar ter o apoio da torcida.
Algumas equipes com desempenho abaixo da média conseguem atrair um bom público nos seus jogos (São Paulo e Flamengo, por exemplo). Outros, com boa colocação no campeonato, possuem média de público reduzida (Botafogo, por exemplo). O Naútico, com o pior desempenho no campeonato, possui uma média de público intermediária.
Em alguns casos, a torcida comparece para tentar animar o time. Em outros, a equipe reduziu o preço do ingresso para tentar ter o apoio da torcida.
II Seminário de Contabilidade da Face/UFG
O período de submissão de pesquisas para o II Seminário de Contabilidade da Face/UFG está oficialmente aberto.
O organizador é o queridíssimo ex-UnB, Cláudio Moreira Santana, que foi meu professor e é um mestre em movimento, sempre disposto a ajudar pesquisadores que vagam por aí, sem saber sobre o que escrever, sem conhecer a tal da norma ABNT. Já fiz várias postagens com textos e livros que foram por ele indicados. Já vi vários alunos serem resgatados e revividos pelas práticas animadas desse primoroso educador.
Então, queridos leitores, vamos lá! Mexam e remexam por aí, procurem artigos engavetados ou terminem o TCC. O prazo de submissão vai até 30 de setembro e o evento ocorrerá no dia 1º de novembro, em uma sexta-feira, na Universidade Federal de Goiás.
Clique aqui para mais informações, realização do cadastro e submissão dos trabalhos.
11 setembro 2013
Melhor Universidade
A Folha de S. Paulo divulgou um ranking das melhores universidades do Brasil por área. Em Ciências Contábeis, a UnB ficou em primeiro lugar no tópico Ensino, enquanto a USP ficou em primeiro em Mercado. Fonte: Aqui
Rir é o melhor remédio
Existe um livro que ficou conhecido como A Bíblia Maldita. Tudo em razão do pior erro tipográfico já cometido por uma obra (pior do que este). Estava impresso: Cobiçarás a mulher do próximo.
(Fonte: O Sinal e o Ruído, Nate Silver, p. 12)
(Fonte: O Sinal e o Ruído, Nate Silver, p. 12)
Auditoria, Erro e Controle Interno
O setor de auditoria convive regularmente com denúncias de escândalos. Empresas fazem falcatruas na sua contabilidade e o auditor parece que não percebe o que está ocorrendo. Os exemplos são inúmeros e incluem nomes como Panamericano, Lehman, Olympus, Stanford, Satyam, Madoff, HP, entre outros. Recentemente um relatório da entidade que fiscaliza as empresas de auditoria dos Estados Unidos apontava que mais de 20% dos trabalhos das grandes empresas de auditoria tinham algum tipo de problema, sendo que uma das empresas fiscalizadas este índice chegava próximo a 50%. Isto é assustador já que o usuário espera que o relatório de auditoria seja o comprovante que a contabilidade da entidade é confiável.
Alguns apontam que os problemas das empresas diz respeito à forma como o setor opera. As empresas de auditoria são contratadas pelas entidades que serão auditadas e isto gera um viés na opinião do auditor, conforme pesquisas comportamentais já demonstraram. Uma alternativa é permitir que o regulador fizesse o contrato e pague pela auditoria, sendo o custo repassado, posteriormente, para a entidade auditada. Além disto, em razão da economia de escala visando à redução das suas despesas, as empresas de auditoria utilizam uma mão-de-obra composta aprendizes – os famosos traines – sem experiência e vivência de uma situação de fraude. Outros consideram que existe uma acomodação, propiciada pela falta de um rodízio entre as auditorias.
Um aspecto que geralmente é deixado de lado nestes debates é que a auditoria recebe os holofotes da imprensa, dos blogs e dos reguladores quando cometem erros. Entretanto, não sabemos quantas vezes as empresas de auditoria impediram que os usuários fossem enganados, já que isto não aparece no seu relatório. Em outras palavras, a auditoria parece com o sistema de meteorologia. Diariamente escutamos suas previsões sobre o tempo; quando o sistema acerta, geralmente não damos a devida atenção. Entretanto, quando o sistema falha, alertando para uma chuva que não ocorreu ou deixando de falar da possibilidade de chuva quando ocorreu, lembramos que a previsão do tempo estava errada.
Esta dificuldade é maior uma vez que não sabemos – ou não levamos em consideração na nossa decisão – o universo de empresas auditadas. Se tivermos 500 empresas no mercado e ocorreram problemas com cinco delas, estes cinco casos estarão nas discussões sobre a qualidade do setor. Estas falhas serão lembradas, discutidas pelos reguladores e consideradas nos textos das redes sociais. Mas este nível de erro significa que o processo de auditoria cometeu falhas em 1% dos casos, o que seria uma taxa bastante razoável.
O Grumpy Old Accountants tem um argumento adicional sobre o assunto (Garbage In, Garbage Out - Are Accountants Really to Blame?). Segundo o Grumpy, as estatísticas mostram que cerca de 20% das empresas possuem problemas no controle interno. Além disto, as estratégias de crescimento, particularmente aqueles realizados a partir das aquisições e fusões, quebram controles internos. Assim, segundo o texto, muitos erros contábeis e falhas de auditoria tem sua raiz na falha dos controles internos das empresas.
Neste sentido, a solução para o problema de auditoria passa pela melhoria destes instrumentos. Em outras palavras, trocar o foco do PCAOB pelo Coso. Somente com o fortalecimento deste controle interno é que a auditoria irá deixar de estar associada aos escândalos fraudulentos. E será companheira fundamental para prevenir e antecipar problemas.
Isto parece muito com uma analogia criada por Simons, no seu livro Levers of Control: o que faz um automóvel andar rápido não é o motor potente, mas um sistema de freio confiável. Só podemos dirigir nosso automóvel a 80 km/h se tivermos a segurança que o veículo irá parar no momento adequado. Os controles internos possuem a mesma função para empresa. Somente com controles internos efetivos é que a empresa poderá crescer de maneira sustentada.
(Cartoon adaptado daqui)
Alguns apontam que os problemas das empresas diz respeito à forma como o setor opera. As empresas de auditoria são contratadas pelas entidades que serão auditadas e isto gera um viés na opinião do auditor, conforme pesquisas comportamentais já demonstraram. Uma alternativa é permitir que o regulador fizesse o contrato e pague pela auditoria, sendo o custo repassado, posteriormente, para a entidade auditada. Além disto, em razão da economia de escala visando à redução das suas despesas, as empresas de auditoria utilizam uma mão-de-obra composta aprendizes – os famosos traines – sem experiência e vivência de uma situação de fraude. Outros consideram que existe uma acomodação, propiciada pela falta de um rodízio entre as auditorias.
Um aspecto que geralmente é deixado de lado nestes debates é que a auditoria recebe os holofotes da imprensa, dos blogs e dos reguladores quando cometem erros. Entretanto, não sabemos quantas vezes as empresas de auditoria impediram que os usuários fossem enganados, já que isto não aparece no seu relatório. Em outras palavras, a auditoria parece com o sistema de meteorologia. Diariamente escutamos suas previsões sobre o tempo; quando o sistema acerta, geralmente não damos a devida atenção. Entretanto, quando o sistema falha, alertando para uma chuva que não ocorreu ou deixando de falar da possibilidade de chuva quando ocorreu, lembramos que a previsão do tempo estava errada.
Esta dificuldade é maior uma vez que não sabemos – ou não levamos em consideração na nossa decisão – o universo de empresas auditadas. Se tivermos 500 empresas no mercado e ocorreram problemas com cinco delas, estes cinco casos estarão nas discussões sobre a qualidade do setor. Estas falhas serão lembradas, discutidas pelos reguladores e consideradas nos textos das redes sociais. Mas este nível de erro significa que o processo de auditoria cometeu falhas em 1% dos casos, o que seria uma taxa bastante razoável.
O Grumpy Old Accountants tem um argumento adicional sobre o assunto (Garbage In, Garbage Out - Are Accountants Really to Blame?). Segundo o Grumpy, as estatísticas mostram que cerca de 20% das empresas possuem problemas no controle interno. Além disto, as estratégias de crescimento, particularmente aqueles realizados a partir das aquisições e fusões, quebram controles internos. Assim, segundo o texto, muitos erros contábeis e falhas de auditoria tem sua raiz na falha dos controles internos das empresas.
Neste sentido, a solução para o problema de auditoria passa pela melhoria destes instrumentos. Em outras palavras, trocar o foco do PCAOB pelo Coso. Somente com o fortalecimento deste controle interno é que a auditoria irá deixar de estar associada aos escândalos fraudulentos. E será companheira fundamental para prevenir e antecipar problemas.
Isto parece muito com uma analogia criada por Simons, no seu livro Levers of Control: o que faz um automóvel andar rápido não é o motor potente, mas um sistema de freio confiável. Só podemos dirigir nosso automóvel a 80 km/h se tivermos a segurança que o veículo irá parar no momento adequado. Os controles internos possuem a mesma função para empresa. Somente com controles internos efetivos é que a empresa poderá crescer de maneira sustentada.
(Cartoon adaptado daqui)
Fonte Super Interessante
A revista Super Interessante anda bem comportada. O plágio passa longe. Agora as reportagens e fotos estão bem referenciadas. Nada mais de “pesquisas indicam que”, “segundo estudos”... sem dizer de onde, quem, quando, ou como...
Na edição de agosto de 2013, na seção Ciência Maluca, por exemplo, dizer que “o chulé pode virar arma contra malária” baseou-se em um trabalho de autores da London School of Hygiene and Tropical Medicine que foi publicado no Plos One, um journal internacional online de acesso gratuito. Dizer, por sua vez, que os bonecos de Lego estão cada vez mais raivosos, foi uma iniciativa de pesquisadores da Universidade de Canterbury, que foram premiados na 1ª conferência Internacional iHAI 2013 no Japão.
Na edição de agosto de 2013, na seção Ciência Maluca, por exemplo, dizer que “o chulé pode virar arma contra malária” baseou-se em um trabalho de autores da London School of Hygiene and Tropical Medicine que foi publicado no Plos One, um journal internacional online de acesso gratuito. Dizer, por sua vez, que os bonecos de Lego estão cada vez mais raivosos, foi uma iniciativa de pesquisadores da Universidade de Canterbury, que foram premiados na 1ª conferência Internacional iHAI 2013 no Japão.
Previsão e projeção
Em geral utilizo os termos como sinônimos. Entretanto, Nate Silver, em O Sinal e O Ruído, na página 159, faz uma distinção entre eles:
Previsão = é uma declaração definitiva e específica sobre quando e como haverá um evento
Projeção = é uma declaração probabilística sobre um evento
Assim, a contabilidade geralmente faz previsão.
Previsão = é uma declaração definitiva e específica sobre quando e como haverá um evento
Projeção = é uma declaração probabilística sobre um evento
Assim, a contabilidade geralmente faz previsão.
Frase
Eduardo Batalha Viveiros de Castro é um antropólogo carioca,
professor do Museu Nacional da UFRJ.
Fonte: Rede HumanizaSUS via Humor Inteligente.
Assinar:
Comentários (Atom)















