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30 julho 2007

Da Slate Magazine

Como Administrar Talento

O blog Stumbling and Mumbling apresenta algumas regras básicas para administrar talentos:

a) Televisão – Encontre um formato que funcione sem estrelas – Big brother, por exemplo
b) Filme – Use efeitos especiais que reduza a importância dos atores ou simplesmente elimine. É o caso de desenhos animados.
c) Imprensa – evite notícias reflexivas. Qualquer idiota pode escrever sobre o escândalo da Cicarelli. Escritores talentosos são especialistas e mais caros
d) Administradores de fundos – use “quant” e regras de investimento, mais do que investidores que usam “julgamento”.

Drogas no Esporte

A Volta da França é a mais famosa corrida de ciclismo do mundo. Nos últimos anos o ciclismo como esporte tem sido manchete pelos escandâlos de doping (aqui)

Uma questão feita por Joe Lindsey, da Bicycling Magazine: não seria mais interessante legalizar o doping no esporte? O próprio Lindsey responde: não.

1. Nem todos ciclistas usam doping e nem todos querem usar o doping.
2. Nem toda técnica de doping é igualitária. Algumas são sofisticadas e caras. Um "programa médico" pode sair por 37 mil euros. A legalização do doping irá beneficiar os atletas e equipes mais ricas.
3. Existe o problema moral.

Um adendo positivo aos Jogos Pan-americanos: nenhum caso de doping foi registrado.

Mercado Acionário no Brasil

Reportagem do Wall-Street Journal de 30/07/2007 destaca o mercado acionário no Brasil (Big Brazil Deal Has Investors Calling for Level Playing Field, Antonio Regalado, p. C1). Pelo texto, regras antiquadas prejudicam o acionista minoritário. Um exemplo apresentado é a aquisição da Ipiranga pela Petrobrás e dois parceiros. Apesar de anunciado em março, o acordo ainda está sob investigação da CVM. Segundo o jornal, o acordo lembra que em muitas empresas brasileiras, nem todos os investidores são iguais.

Apesar da lei exigir um "preço justo", o procedimento carece de interpretação. O jornal lembra que nos Estados Unidos pagamentos para o prêmio de controle não são usuais já que as classes de ações são tratadas igualmente em termos do preço.

O jornal destaca que o Novo Mercado é uma direção neste sentido. Mas as empresas operam sob uma regra antiquada. O jornal também lembra que no ano de 2006 os minoritários tiveram sucesso em bloquear a reorganização da Telemar. E recentemente, o caso da Mittal Arcelor.

Entrevista na Folha

Entrevista com Calomiris, professor da Universidade Columbia

FOLHA - Qual o papel das agências de rating na crise?

CALOMIRIS - As agências de rating são duramente criticadas pela forma como induziram preço ao subprime. As pessoas criticam a Moody's por não ter alertado para crise da Coréia do Sul. Mas não é justo pois todos sabiam que os bancos sul-coreanos iam quebrar. Mas agora a Moody's tem um papel muito ativo [no mercado de subprime]. Eles sabem como os papéis se parecem e são a fonte de informação de todo o mercado. São os grandes intermediários. As agências fazem a engenharia desse negócio e depois dizem que não são responsáveis, que a avaliação é apenas uma opinião, e não uma orientação de investimento. É risível.

(...) FOLHA - A crise afetará mercados emergentes como o Brasil?

CALOMIRIS - Todos sabem que os bons tempos não podem durar para sempre. Os juros [dos títulos] de países emergentes e do Tesouro dos EUA devem subir. Vai haver um pouco mais de preço para [papéis de] risco.

FOLHA - Há exageros no boom de abertura de capital no Brasil?

CALOMIRIS - No Brasil, há razões para sucesso dos IPOs [aberturas de capital] e do mercado acionário. O Novo Mercado é um grande sucesso. Mudou os níveis de transparência das empresas, mostrou capacidade de alto volume negociado e de altas emissões de ações. Deu certo aqui mesmo sem ter dado na Alemanha. As razões são não só a estabilidade macroeconômica mas as reformas financeiras. O interessante do Novo Mercado é que empresas e investidores aderem voluntariamente.

FOLHA - A Bolsa melhora a transparência e o capitalismo brasileiro?

CALOMIRIS - Por que empresas familiares concordam em aderir a práticas melhores de contabilidade e de respeito ao acionista? A resposta é porque esse mercado faz as ações subirem.

FOLHA - O Brasil entrou na rota das fusões e aquisições internacionais com a venda do banco ABN Amro. Por que o negócio é tão importante?

CALOMIRIS - É uma oportunidade única. Tivemos uma consolidação e não há mais tantas oportunidades. Não são surpresas essas alianças e a guerra em relação ao ABN. A consolidação dos bancos trouxe ganhos para os países emergentes. Trouxe mais crédito, menos risco e melhor regulamentação. Trouxe concorrência e tornou os bancos locais mais eficientes. O sistema financeiro brasileiro é um dos mais modernos, herança da época da inflação. A história mexicana não foi de sucesso, e os bancos tiveram de ser vendidos.

FOLHA - Como o grau de investimento pode ajudar o Brasil?

CALOMIRIS - Trará benefícios a partir da queda nos juros. Os grandes fundos já são investidores, mas só podem colocar um pequeno percentual em grau especulativo. Com o grau de investimento, poderão aplicar mais e diversificar riscos. O Brasil traz a vantagem de ter câmbio flexível e perfil macroeconômico favorável. A questão não é conseguir o grau de investimento, mas se vai manter um crescimento sustentável em longo prazo.

Turbulência nos mercados envergonha agências de risco, Folha de São Paulo, 29/07/2007

Contabilidade criativa na área pública

Um grupo de governadores, entre os quais a tucana Yeda Crusius (RS), está pressionando para que o governo federal assuma um controle mais rígido sobre as despesas de pessoal da administração pública. Eles querem que o Planalto desengavete no Congresso o projeto que prevê a criação do Conselho de Gestão Fiscal, órgão que, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), deve cumprir o papel de "xerife" das contas públicas em nível nacional.

A Lei Fiscal foi aprovada há sete anos, mas até hoje o conselho não saiu do papel. A legislação previa que, enquanto esse novo órgão não fosse criado, o Tesouro deveria cumprir a função de fiscalizar e uniformizar a interpretação das regras fiscais, mas na prática isso não está funcionando.

"O maior problema da Lei Fiscal está nos demais Poderes, não tanto no Executivo", avalia o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

(...)Esses Poderes não prestam contas diretamente à União e, em muitos casos, não se submetem às normas da Secretaria do Tesouro Nacional.

Um exemplo recente foi dado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF). Derrotado no Supremo Tribunal Federal (STF) numa ação em que tentava obter aval para gastar sozinho 3% da receita do Distrito Federal (e não 1,5% como prevê a LRF), o TC-DF decidiu descontar o gasto que tinha com aposentados e pensionistas do cálculo de suas despesas com pessoal. Na prática, vários tribunais de contas do País estão fazendo a mesma coisa.

(...) Na prática, as fórmulas de "contabilidade criativa" são usadas pelos demais Poderes para se autoconcederem reajustes salariais, já que têm autonomia administrativa, e o único obstáculo que enfrentam são os limites da Lei Fiscal. Ao flexibilizar os limites, eles aumentam suas despesas e mandam a fatura para os Executivos estaduais.

Entre 2002 e 2006, por exemplo, as despesas de pessoal do Judiciário e Legislativo estaduais cresceu de R$ 17,6 bilhões para R$ 25,2 bilhões.

(...) Alguns tribunais de contas nem sequer cumprem o artigo da Lei Fiscal que os obriga a publicar na internet a prestação de contas de gastos com pessoal. É o caso de Roraima, do Amapá, do Rio de Janeiro, de Mato Grosso do Sul e Sergipe, entre outros.

Estados pedem mais controle Apesar do pedido, há governadores que patrocinam truques contábeis, Estado de S. Paulo, 29/07/2007

Governança Corporativa num Hospital

"Demos um corte da alta direção para cima, o que foi uma mudança de paradigma muito grande. Criamos um Conselho de Administração com duas pessoas de fora e duas pessoas ligadas ao hospital, que recebe os inputs da direção executiva. Houve uma reforma integral na parte executiva. Todas as diretorias antigas foram extintas e foram criados cinco novos cargos nas áreas administrativa, de enfermagem, financeira, técnica médica e comercial. Além disso, foram dissolvidos todos os órgãos que não se encaixavam no novo modelo como o Conselho Médico. Com a governança conseguimos acabar com o conflito de agência, entre o que é a propriedade e o que é a gestão, que era o calcanhar de Aquiles da instituição e verdades estabelecidas no hospital há muito tempo mudaram", relata o administrador Eduardo Blanski, contratado pelas irmãs proprietárias da Associação Congregação de Santa Catarina para instalar o projeto num prazo de nove anos.

Implantados os princípios de gestão e de governança, o segundo passo do HNSG foi reavaliar a linha de assistência que a instituição iria praticar. Aí também as medidas foram radicais: houve o descredenciamento do SUS e 250 leitos que se destinavam aos SUS foram desativados. O setor de ensino também foi reavaliado e teve de se tornar auto-sustentável, reduzindo-se o número de residentes de 44 para perto de 12. (...) O plano de saúde pertencente ao HNSG foi vendido para que não concorresse com seus maiores clientes e uma farmácia de manipulação, a Magistral - teve de adquirir independência financeira e ir ao mercado.

Boas práticas ajudam hospital a sair do vermelho, Gazeta Mercantil, 30/07/2007

Harry Potter e internet

A internet rapidamente divulgou os segredos do último livro de Harry Potter. O livro já está "traduzido" para o espanhol e um grande resumo já pode ser encontrado na Wikipedia.

Convergência no mercado acionário

Valor de ações em bolsas emergentes converge para o patamar de mercados desenvolvidos
Joanna Slater - The Wall Street Journal - 30/07/2007

Como viajantes que usam rotas diferentes para chegar ao mesmo destino, o valor das ações em partes diferentes do mundo estão convergindo para um único patamar.

Isso pode resultar numa viagem turbulenta. As quedas nas bolsas americanas da semana passada foram sentidas pelo globo afora, obrigando investidores a reconsiderar o quanto de risco estão preparados para suportar, e a que preço.

Nos últimos anos, os investidores se deram bem investindo em regiões e setores que estavam comparativamente baratos — como ações de mercados emergentes e de empresas de baixo valor de mercado — e vendo as cotações subir.

Com os valores se aproximando do mesmo patamar, essa fonte de retorno está desaparecendo. "Vai ficar mais difícil haver uma grande diferença em retorno de uma região para outra", diz Steven Bleiberg, diretor de alocação global de recursos da Legg Mason Inc.

Em abril de 2006, as ações de mercados emergentes tinham um desconto significativo em relação a suas equivalentes nos mercados desenvolvidos. Mas no fim do mês passado, período dos dados mais recentes disponíveis, esse desconto praticamente desapareceu: três índices da Morgan Stanley Capital International — que representam mercados emergentes, mercados desenvolvidos afora os Estados Unidos e Canadá, e o próprio mercado americano — estavam sendo negociados entre 16 e 18 vezes o lucro das empresas que os compõem durante os 12 meses anteriores.

A alta global das bolsas nos últimos anos "praticamente nivelou o terreno", escreveu num relatório Ronald Frashure, um dos diretores de investimentos da Acadian Asset Management, que administra US$ 80 bilhões. "Oportunidades de ouro escapam de nossa visão."

(...) A turbulência recente das bolsas expõe um dos recursos mais notáveis de um mercado de alta: os investidores compraram com voracidade ações de empresas de baixo valor de mercado, tradicionalmente consideradas mais arriscadas, elevando seu valor para perto do das blue chips. Investidores também abocanharam ações de mercados emergentes num ritmo tal que suas valorações estão quase em linha com as das ações de mercados desenvolvidos.

Outra maneira comum de medir o valor das ações — a relação com o valor patrimonial, informado no balanço da empresa — também conta essa história. No fim de junho, a relação entre cotação de bolsa e valor patrimonial das ações do índice de mercados emergentes da MSCI era 2,7, acompanhando o índice mundial da MSCI.

Para alguns observadores do mercado, essas valorações tão altas acendem um sinal vermelho, indicando que os mercados emergentes como um todo estão caros demais. As ações de mercados emergentes são geralmente negociadas com desconto porque envolvem mais riscos do que suas equivalentes desenvolvidas: as cotações são mais voláteis, os riscos políticos são maiores e as taxas de juros são geralmente mais altas, o que torna mais caro para as empresas tomar dinheiro emprestado.

Enquanto esses riscos durarem, dizem alguns, não faz sentido que o valor de ações de países em desenvolvimento acompanhe ou supere o das de mercados desenvolvidos.(...)

29 julho 2007

Onu

Notícia do jornal El Mundo informa que a ONU contratou uma construtora que pagou subornos na Argentina:

La ONU contrata a una constructora que pagó sobornos en Argentina
JUAN IGNACIO IRIGARAY
El Mundo - 29/07/2007 - p. 31

La ONU contrata a una constructora que pagó sobornos en Argentina

BUENOS AIRES.- La ONU anunció la firma de un contrato para la remodelación de su emblemática sede en Nueva York con la empresa sueca Skanska, una constructora líder en el mundo y muy cuestionada porque recientemente admitió haber pagado cuatro millones de euros en sobornos a altos funcionarios del Gobierno de Argentina. El convenio fue hecho público -sin mencionar el escándalo de corrupción que Skanska protagoniza en el país latinoamericano- durante una conferencia de prensa que brindó el viernes en Nueva York la directora de Administración y Gestión de la ONU, Ana Barcena, quien aseguró que la compañía sueca resultó seleccionada en un concurso público al que se presentaron otras dos firmas.(...)

Pero lo más llamativo de todo es que la ONU, al anunciar el proyecto, omita los antecedentes de su contratada. La constructora sueca lleva medio año sumergida en un escándalo de corrupción en Argentina, que ya produjo el despido del jefe y cuatro ejecutivos de su filial en el país, todos ellos acusados por la Justicia de «cohecho», o pago de sobornos. También dos altos funcionarios del Gobierno de Néstor Kirchner han sido imputados.En Estocolmo, Skanska hizo una auditoría y terminó admitiendo que su filial argentina pagó «comisiones indebidas» para participar en la construcción de gasoductos, obras que necesitan el visto bueno del Ejecutivo. La Justicia sueca está obligada a investigar, aunque se trate de un caso de corrupción en el extranjero, pues Estocolmo suscribió la Convención contra el Soborno Trasnacional. Así que el fiscal de la Oficina Anticorrupción, Christer van der Kwast, ya pidió los antecedentes y elementos del caso al juez argentino que tramita el expediente, Guillermo Montenegro, de cara a una posible acusación penal contra Skanska en su propio país.

O tamanho da empresa importa na decisão de refazer as demonstrações?

Uma empresa adotou práticas contábeis duvidosas que aumentaram a receita em 158 milhões de dólares e o lucro líquido em 22 milhões de dólares. Ela deveria refazer suas demonstrações?

E se a empresa fosse a General Eletric, onde a diferença representaria 0,2% do lucro líquido? A GE está argumentando com a SEC que não é necessário refazer suas demonstrações pois a diferença é pouco expressiva. O problema ocorreu no setor de locomotivas da empresa, no período entre 2000 a 2003, conforme noticiou o The Wall Street Journal (GE's Accounting Draws Fresh Focus On News of Improper Sales Bookings, por Kathryn Kranhold, 28/07/2007) e o New York Times (General Electric has terminated the employment of..., 28/07/2007)

Mas e se a empresa já tivesse sido investigada por outra questão, no caso contabilidade dos derivativos? A revisão tem mostrado que o lucro da empresa é mais volátil do que anteriormente divulgado.

28 julho 2007

Torturando a língua

Comportamento
VEJA
Edição 2017
18 de julho de 2007
Quando o negócio é torturar a língua
"Sinergia", "mudança de paradigma", "ação estratégica": segundo um trio de consultores americanos, esse jargão corporativo serve apenas para exprimir a mais pura... idiotice
Jerônimo Teixeira

Se duas empresas pertencentes a um mesmo grupo resolvem trabalhar em colaboração para vender melhor seus produtos, esse será apenas um fato trivial no mundo dos negócios. Uma palavra, porém, pode fazer toda a diferença. No lugar de "colaboração", diga "sinergia". As portas do mercado global parecem se abrir. Daí em diante, o céu é o limite: o empresário pode "ajustar seus processos para potencializar um clima organizacional que propicie o ciclo sinergístico". Isso não quer dizer rigorosamente nada – mas impressiona. Tal estilo pernóstico e vazio permeia grande parte da cultura corporativa. Bobagens palavrosas garantem a boa vida de muito guru empresarial, do tipo que adora fazer palestras com PowerPoint – programa do Windows para apresentações de texto e imagem. Os consultores americanos Brian Fugere, Chelsea Hardaway e Jon Warshawsky cansaram de tanta besteira. Um livro escrito pelos três pretende pôr fim à embromação e restituir a clareza aos ambientes de negócios. Na busca por uma linguagem transparente, não poderiam ter encontrado um título melhor: Por que as Pessoas de Negócios Falam como Idiotas (tradução de Alice Xavier; Best Seller; 192 páginas; 24,90 reais).



Os autores identificam um mecanismo de compensação psicológica no gosto dos executivos por esse palavreado que recheia reuniões e reuniões: ele confere uma aura de importância e inovação às realizações mais comezinhas. A empresa passou a trabalhar com um software mais avançado? Será mais emocionante afirmar que houve uma "mudança de paradigma tecnológico". O recurso à linguagem empolada, porém, nem sempre é tão inocente. Com freqüência, a verborragia está lá para encobrir a negligência, a incompetência e até a fraude. Um exemplo expressivo é a seguinte frase perfeitamente vazia de sentido: "Temos redes robustas de ativos estratégicos dos quais detemos a propriedade ou o acesso contratual, o que nos dá mais flexibilidade e velocidade para, de modo confiável, fornecer soluções logísticas abrangentes". Essa pérola faz parte do relatório anual de 2000 da empresa americana Enron. No ano seguinte, a companhia declarou falência depois que se descobriu que sua contabilidade era toda falsificada. Não por acaso, a tendência à linguagem estupefaciente é maior entre as empresas desonestas. Isso é demonstrável na análise das cartas aos acionistas que acompanham os relatórios anuais de grandes corporações. Os autores de Por que as Pessoas de Negócios... pontuaram esses textos com o índice Flesch, criado nos anos 40 pelo educador de origem austríaca Rudolf Flesch, que indica a clareza da linguagem em inglês. Quanto mais elevada a nota na escala, maior a clareza. Empresas admiradas como o Google, a General Electric e a Amazon pontuaram acima de 40. A Enron ficou com apenas 18..



Maus resultados financeiros, demissões, produtos que falham – a embromação tenta obscurecer qualquer fato desagradável. Veja por exemplo um memorando de Edgar Bronfman Jr., presidente da Warner Music: "Estamos anunciando hoje uma série de passos necessários à reestruturação e cruciais para o futuro do Warner Music Group. (...) É da máxima importância fazermos, tão logo possível, as mudanças necessárias para que o WMG possa continuar a progredir com redobrada força e confiança, como uma organização mais competitiva, ágil e eficiente". O objetivo de todo esse papo-furado era anunciar um corte de 20% do pessoal. Medidas drásticas como essa são muitas vezes necessárias, especialmente em indústrias em crise. Mas encobri-las com eufemismos como "reestruturação" ou "reengenharia" insulta os demitidos.



Talvez o maior vilão de Por que as Pessoas de Negócios Falam como Idiotas seja um programa de computador: o já citado PowerPoint. Muito usado em palestras corporativas, ele é a versão informatizada dos obsoletos projetores de slides e transparências. Com seus modelos padronizados e as facilidades que oferece para o desenho de diagramas e organogramas, tornou-se também o veículo ideal para os clichês empresariais. Em 2003, uma equipe de técnicos da Nasa, a agência espacial americana, fez uma apresentação em PowerPoint sobre defeitos estruturais no ônibus espacial Columbia. A exposição alertava para a possibilidade de que pedaços do revestimento dos tanques de combustível se desprendessem e atingissem a nave, causando danos graves. Só que a informação estava perdida no meio de uma tela do PowerPoint, entre outras tantas frases irrelevantes e expressões vazias como "dano significativo" ("significativo" compete com "estratégico" pelo lugar de adjetivo mais vago do jargão corporativo). Uma semana depois, o Columbia explodiu ao reentrar na atmosfera terrestre, matando os sete tripulantes. A causa do acidente: pedaços do revestimento que se soltaram. O jargão obscuro, como se vê, não tortura apenas a língua. Pode também fazer vítimas fatais.



Enviado por André Calvo Junior

Tenho realizado algumas pesquisas sobre este assunto. No passado, nos relatórios de administração. Agora, nos fatos relevantes. Acho que ainda existe muito terreno pela frente.

27 julho 2007

Doutorado aprovado

A CAPES divulgou hoje que o Doutorado da UnB-UFPB e UFRN foi aprovado na última reunião do CTC. Será o segundo doutorado do País.

Rir é o melhor remédio

SEC e Iasb

U.S. SEC mulls international accounting standards
Rachelle Younglai - Reuters News - 25/07/2007

The U.S. Securities and Exchange Commission took a step on Wednesday toward considering whether U.S. companies could file their financial data using international accounting standards.
The SEC voted 5-0 in favor of publishing and seeking comment on a paper that examines the future of International Financial Reporting Standards, or IFRS, in the United States.

ACM e política no Brasil

Ao comentar a morte do político Antonio Carlos Magalhães, a The Economist (Extinct, or just adapting?, 28/07/2007) questiona se seria o fim dos coronéis. A melhoria na educação e programas sociais do governo que faz com que os eleitores sejam menos dependentes de favores dos políticos locais ajudam a explicar a perda de poder de políticos como ACM ou Sarney. Mas a revista destaca que o sistema partidário é fraco, com muitos partidos sem expressão. Mas o texto destaca a existência de um novo tipo de coronel em pessoas como Ciro Gomes.

Concentração em auditoria

O tema de concentração em auditoria é atual e importante.

Veja a seguinte notícia do Financial Times (26/07/2007):

Putting accountability to the test.
JENNIFER HUGHES - Financial Times - 26/07/2007 - London Ed1 - p. 21

How many big audit firms does it take to make a dynamic, yet stable, market?

It is a question being examined by the UK's Financial Reporting Council and a US Treasury-appointed commission, and it is also being asked in Brussels.

Its importance can be summed up as "what if a Big Four firm went the way of Arthur Andersen?" The dangers if that were to happen would be that top companies could be either temporarily not fully audited or that scrambled audits missed big problems. Either outcome could undermine confidence in the capital markets.

So far, the popular answer seems to be that only having four firms dominating the market is not a comfortable position, but that's about as far as the agreement goes.

(..) The central theme of the MPG's recommendations was a market-based solution, not one involving regulatory action - ruling out any artificial creation of a Big Five.

(...) Just 2.1 per cent of FTSE 100 companies switch auditor each year. Although constant switching is not good, either for the quality of the audit or for the disruption to the company involved, such a tiny turnover seems less than dynamic.


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Concessões

Uma notícia interessante sobre a concessão de rodovias federais:

O Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou ontem o governo a publicar o edital do leilão de concessão de sete trechos de rodovias federais. Apesar de a área técnica do órgão ter recomendado alterações nas referências de cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) das concessões, o ministro-relator, Augusto Nardes, retirou as recomendações do acórdão aprovado pelos demais ministros, mantendo-as apenas em seu voto.

Na prática, isso significa que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não será obrigada a rever o cálculo da TIR, que, portanto, deverá permanecer em 8,95%. Segundo Nardes, caberá à ANTT decidir se fará ou não mudanças. Procurada, a agência informou ontem que só se manifestaria após receber oficialmente a decisão do TCU.

A área técnica do Tribunal havia sugerido que a ANTT levasse em conta, no cálculo da TIR, o risco Brasil de 200 pontos (2%) e um spread total do BNDES de 2,5% ao ano. No estudo de viabilidade da ANTT que estipulou a TIR em 8,95% foram considerados um spread total de 3% ao ano e um risco Brasil de 391 pontos. Investidores avaliavam que, se a sugestão da área técnica do TCU fosse acatada, a TIR recuaria para cerca de 7,2%, o que reduziria o interesse deles no leilão.

TCU libera concessão de rodovias, Leonardo Goy, O Estado de São Paulo - 26/07/2007


O problema é que a taxa deveria ser fixada com base na projeção futura, e não no retrospecto histórico. Além disto, a própria indefinição do leilão significa um risco adicional para quem deseja investir no setor, pois sinaliza problemas de regulação.

Impacto do acidente

TAM vale R$ 2 bi a menos do que no dia do acidente
Patrícia Cançado - O Estado de São Paulo - 26/07/2007

CRISE SEM FIM - Tranferência de cargas para o Aeroporto de Guarulhos provoca prejuízos às empresas

A TAM já valia ontem R$ 2,1 bilhões a menos que no dia do acidente que matou quase 200 pessoas e agravou ainda mais a crise do setor aéreo. No dia 17 de julho, o valor de mercado da companhia era de R$ 9,9 bilhões. Ontem, fechou em R$ 7,8 bilhões. A Gol, que vale agora R$ 9,4 bilhões, perdeu R$ 1,4 bilhão em sete dias de negociação. TAM e Gol estão entre as companhias aéreas mais valorizadas do mundo. As ações da TAM caíram 21,6% entre o dia 17 e ontem. No dia seguinte ao acidente, a queda foi de 9,1% (ante 2,6% da Gol). Ontem, fecharam em R$ 52. Na Gol, o impacto foi menor que o da TAM no primeiro dia, mas foi aumentando à medida que a tragédia passou a afetar todo o setor. Até ontem, a desvalorização acumulada era de 14,6%. (...)