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06 outubro 2025

Poema com chave de fenda


Como toda IA de aprendizado profundo, ele vasculha a base disponível (aqui, textos “raspados” de fontes on-line) em busca de correlações e padrões. Se você pedir um soneto de amor, é provável que apareçam mais palavras como “para sempre”, “coração” e “abraço” do que “chave de fenda” (a menos que você peça um soneto sobre uma chave de fenda — e sim, admito que acabei de fazer isso; o resultado não foi bonito). O algoritmo não tem noção de que “amor” e “abraço” são semanticamente relacionados. O impressionante no ChatGPT é como ele consegue não apenas suavizar a sintaxe nessas associações de palavras, mas também criar contexto. Acho improvável que “Você é o parafuso que me mantém firme” já tenha aparecido em um soneto escrito por um humano (e por boas razões) — mas ainda assim me impressiona que se possa entender aonde ele quer chegar. (O ChatGPT também faz trocadilhos, embora eu assuma a culpa por esse.) (...)

Se o ChatGPT produz uma redação escolar crível, é porque estamos propondo aos alunos uma tarefa equivalente: entregar fatos geralmente aceitos, com alguma aparência de coerência. A redação estudantil já tende a ser formulaica a um grau quase algorítmico, codificada em siglas: PEE(L) — Ponto-Evidência-Explicação-(Ligação), ou PEEA(C) — Ponto-Evidência-Análise-(Contexto). Não só se diz aos alunos exatamente o que colocar e onde, como eles correm o risco de perder pontos se se afastarem do modelo. A educação atual recompensa a capacidade de argumentar por linhas previsíveis. Há alguma lógica nisso, assim como estudantes de arte vão a galerias para copiar grandes obras, aprendendo as habilidades sem a exigência pesada e irreal de ter que ser original.

Mas é só isso que queremos? Rowsell diz que é difícil para professores ou educadores encarar a questão, já que as engrenagens dos sistemas educacionais costumam continuar girando simplesmente porque “sempre fizemos assim”. Um mergulho no ensino da caligrafia cursiva, por exemplo, revela que não há justificativa clara além da tradição. Mas talvez agora seja a hora certa de fazer essa pergunta difícil.

(...) E, assim como calculadoras eletrônicas liberaram tempo e espaço mental antes monopolizados por aprender logaritmos para multiplicações complexas, grandes modelos de linguagem podem libertar alunos de ter que dominar minúcias de ortografia, sintaxe e pontuação, para que possam focar nas tarefas de construir um bom argumento ou desenvolver ritmo e variedade nas frases.

A ausência de imaginação, estilo e flair torna, por sua vez, os grandes modelos de linguagem nenhuma ameaça aos ficcionistas: “É a dimensão estética da escrita que é realmente difícil para uma IA emular”, diz Rowsell. Mas é justamente isso que pode torná-los uma nova ferramenta importante.

Por exemplo, suspeito que ajudaria os alunos a ver o que faz uma história ou um ensaio ganhar vida se eles tivessem que melhorar a produção chocha do ChatGPT. Talvez, de modo semelhante ao que alguns músicos fazem usando IA geradora de música como fonte de abundante matéria-prima, grandes modelos de linguagem possam fornecer germes de ideias que escritores podem peneirar, selecionar e lapidar.

Aqui, como em outros lugares, a IA nos serve de espelho, revelando em suas limitações o que não pode ser automatizado nem algoritmizado — em outras palavras, aquilo que constitui o núcleo da humanidade.

 

 

  

Emprego e IA: mais evidências


Uma nova pesquisa da Yale’s Budget Lab (via aqui) analisou dados dos últimos 33 meses desde o lançamento do ChatGPT e comparou grupos de trabalhadores com diferentes níveis de exposição à IA — alta, média e baixa — para verificar mudanças na composição do mercado de trabalho. Surpreendentemente, não encontraram diminuições nos grupos mais expostos: as proporções permaneceram estáveis. A velocidade de mudança no mercado de trabalho durante esse período se assemelha às transformações desencadeadas pela adoção de computadores nos anos 1980 e pela explosão da internet nos anos 1990, sugerindo que a IA ainda não provocou uma disrupção além dessas ondas anteriores. Ao comparar a composição ocupacional entre jovens recém-formados e adultos mais velhos, também não foi observada grande diferença, o que indica que a IA até agora não alterou significativamente trajetórias de carreira. Os pesquisadores concluem que o impacto da IA no emprego permanece especulativo e não demonstrou até agora efeitos substanciais em nível macro.  

Disputa judicial entre Ordem dos Contabilistas de Portugal e DigitalSign


O DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) em Portugal abriu um inquérito-crime contra a Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), o que correspondente ao CFC de lá, após uma queixa da empresa DigitalSign. A controvérsia gira em torno do software TOConline, ferramenta de contabilidade, faturação e gestão disponibilizada pela OCC. Segundo a DigitalSign, a OCC estaria a faturar diretamente para empresas — e não apenas aos contabilistas —, o que configuraria “desvio de clientela” e atuação comercial indevida por uma associação profissional pública. A queixante acusa ainda a OCC de emitir certificados digitais não qualificados atrelados ao software, sem credenciamento, e de ferir seus próprios estatutos ao comercializar serviços com fins lucrativos. Em resposta, a Bastonária da OCC rejeitou qualquer ilegalidade, sustentando que o TOConline é destinado aos contabilistas certificados, que depois o disponibilizam aos seus clientes.

Fluência Digital


Esse parece um daqueles termos surgidos de uma empresa de consultoria. Mas não deixa de ser interessante, já que usamos fluência para tratar de línguas, mas aqui, com a palavra digital, adquire a conotação de domínio de instrumentos tecnológicos. 

A fluência digital seria a capacidade de compreender, integrar e aplicar recursos digitais de forma estratégica, transformando processos e ampliando resultados. Nas organizações, significa alinhar liderança e equipes em uma linguagem comum sobre tecnologia, estimular uma mentalidade inovadora e criar uma cultura de aprendizado contínuo. Não é usar softwares ou inteligência artificial: é preciso entender suas possibilidades, riscos e limitações. 

Empresas digitalmente fluentes conseguem responder com agilidade às mudanças, gerar valor sustentável e aumentar sua competitividade em um mercado cada vez mais dinâmico e conectado. 

Na contabilidade inclui a automação de tarefas operacionais, como conciliações, mas também o uso de IA para previsões, por exemplo. 

Leia mais aqui Imagem aqui

Leão XIV começa a mudar a gestão financeira do Vaticano


Uma das reformas do Papa Francisco, que concedia autoridade exclusiva ao banco do Vaticano para investimentos mantidos pela cidade-Estado, foi cancelado pelo novo papa.  Apesar da medida, Leão XIV disse que os departamentos deveriam priorizar o banco do Vaticano. 

Existia uma reclamação que o Banco tinha obtido poder demais com a mudança implementada pelo argentino. As outras reformas continuam válidas, informou a Forbes

Como a contabilidade é vista na pesquisa anual de reputação nos EUA

É uma pesquisa anual sobre amor e ódio realizada nos Estados Unidos (o America do título da figura). As avaliações em azul representam opiniões positivas e as em vermelho, negativas. Os agricultores estão entre os mais bem avaliados, assim como a indústria de computação. Em seguida aparecem restaurantes, automóveis e a contabilidade, que recebeu avaliação positiva de 41% dos respondentes e apresentou o menor índice de avaliação negativa, apenas 10%. Já a produção de conteúdo — televisão, filmes, livros e publicidade — aparece na parte inferior do ranking. Na última posição está o governo federal, com 61% de avaliação negativa.

Fonte Chartr 

05 outubro 2025

Código de Processo Criminal de 1832


Um pouco maior que o Código Criminal, o Código de Processo Criminal regula a justiça civil no Brasil do século XIX. Apareceu dois anos depois do primeiro, já durante a Regência. Se o primeiro falava quais atos eram crimes e suas penas, o segundo mostrava como os crimes deveriam ser investigados, julgados e punidos.

Entre as provas do processo, admitia os documentos, o que incluía os livros contábeis.

Um crítica de 1896

Em 1896 aparecia a Revista do Gremio dos Guarda-Livros na cidade de São Paulo. Apesar de não ter sido o primeiro periódico da nossa área, os exemplares transmitem uma ideia da profissão no final do século XIX. Os poucos números de sobreviveram ao tempo, somente quatro estão disponíveis na Biblioteca Nacional: 1, 2, 3 e 8. 

Lendo os artigos das oito páginas de cada número, encontrei uma crítica a uma prática contábil dos balanços bancários. Logo na primeira página, o autor questiona o uso de terminologia pouco clara. No texto:

Que quer dizer, por exemplo, no ativo de um balanço, a verba Diversos ou Saldo diversos

E a crítica é que o valor é considerável. O balanço é então apresentado, parte na página 1 e parte na página 2. Eis o print do jornal:


 
Realmente, a crítica ao trabalho de Francisco de Paula Pires parece válida. O texto diz:

Nestas condições, a publicação dos balanços é perfeitamente dispensável, porque é feita unicamente para cumprir preceito de lei; torna-se uma burla para todos os que necessitam de estudar as condições financeiras de um estabelecimento, a segurança de seus capitais e o critério de seus diretores.”
 

 

 

Nestas condições, a publicação dos balanços é perfeitamente dispensável, porque é feita unicamente para cumprir preceito de lei; torna-se uma burla para todos os que necessitam de estudar as condições financeiras de um estabelecimento, a segurança de seus capitais e o critério de seus diretores.” 

Código Criminal de 1830


O Código Criminal do Império foi criado em 1830 e foi o primeiro código penal do Brasil. Ele surgiu pouco antes da abdicação de D. Pedro I e permaneceu em vigor por cerca de sessenta anos, até ser substituído pelo Código Penal de 1890.

Antes disso, o país seguia as Ordenações Filipinas, um conjunto de leis editado em 1603, durante o reinado de Filipe II de Portugal. Essas ordenações tiveram grande influência sobre o sistema jurídico brasileiro e continuaram a impactar o país mesmo depois do surgimento do Código Criminal.

O Código Criminal dividia os crimes em três grupos:

  1. Crimes públicos, cometidos contra o Império e a administração pública — incluindo o tesouro. Entre eles estavam os crimes de falsificação de documentos, escrituras, papéis ou assinaturas, e até mesmo o ato de riscar livros oficiais.

  2. Crimes privados, que envolviam ofensas à liberdade, à segurança individual e à propriedade particular, como homicídio, ameaças e rapto.

  3. Crimes policiais, que eram infrações contra as normas e regras de ordem pública.

Dentro dos crimes contra a propriedade (Título III, Capítulo II), aparecem três que se relacionam de forma indireta com a contabilidade: bancarrota, estelionato e falsidade ou desvio de bens.

O termo bancarrota era usado para se referir ao que hoje chamamos de falência fraudulenta, ou seja, quando o comerciante escondia ou falsificava informações para enganar credores. A pena prevista era de um a oito anos de prisão com trabalho. Esse crime estava diretamente ligado à escrituração contábil, pois as fraudes costumavam ocorrer por meio da manipulação dos livros de contabilidade.

O estelionato também foi tipificado e abrangia práticas como vender bens que não eram seus, hipotecar o mesmo bem mais de uma vez ou enganar credores. A pena era de prisão com trabalho de seis meses a seis anos, além de multa de até 25% do valor do bem.

Por fim, havia o crime de falsidade e desvio de bens, que se referia a casos em que alguém usava documentos falsos ou desviava valores confiados a ele. Embora o Código não mencionasse diretamente a profissão contábil, esses artigos mostram como a contabilidade era essencial para fiscalizar, provar e registrar as operações comerciais.

Um ponto importante é que, mesmo que a Constituição de 1824 não reconhecesse os escravizados como cidadãos — já que não eram considerados pessoas no sentido jurídico e político —, o Código Criminal de 1830 determinava que os escravos eram punidos pelos crimes que cometessem, o que revela as contradições da sociedade brasileira daquela época.

Uso do termo intangível na contabilidade

 

O uso do termo Intangível na contabilidade brasileira é bastante antigo. O trecho acima, do Estado de S Paulo de 24 de agosto de 1905, p. 2 mostra que o saldo de uma associação foi transferido para o fundo intangível. Não foi o primeiro exemplo, em termos históricos, que encontrei. Mas veja que o termo intangível não significa o que entendemos como ativo intangível, mas como algo intocável ou inviolável. 

Ou seja, os recursos não poderia ser usados livremente. Seria próximo ao que conhecemos como reserva. 

04 outubro 2025

Sobre o efeito limitado da IA no crescimento econômico

Tim Harford reflete sobre o impacto da IA na taxa de crescimento econômico. Há empresas de investimento que estão trabalhando com um valor de 7% de crescimento do PIB por conta da inteligência artificial. Mas provavelmente a taxa será muito, muito menor. 

Boa parte da conclusão de Harford está baseado na história recente. E há obstáculos que provavelmente a IA não irá conseguir resolver. Sobre o passado, Harford volta para os anos sessenta, quando começa a aparecer uma revolução tecnológica com o computador, que reduziu o custo do cálculo. Mesmo com esse instrumento tão poderoso, a economia dos países desenvolvidos desacelerou. Harford não lembra, mas nos anos oitenta um economista chegou a afirmar que não conseguia enxergar a melhoria de produtividade do computador nas estatísticas de contas nacionais. Parte da resposta estava na forma de medição dos economistas, mas realmente não houve um crescimento absurdo. 

Eis a parte interessante do texto de Harford: 

Um ensaio recente do economista Luis Garicano aponta algum


as razões para isso. Uma é o efeito “O-ring”, ideia batizada em referência à falha de um componente simples que destruiu a nave espacial Challenger, matando os sete tripulantes. Em economia, o O-ring representa a ideia de que, às vezes, um sistema sofisticado e altamente produtivo é tão bom quanto seu elo mais fraco.

Imagine o robô massagista que só ocasionalmente quebra seu pescoço; o carro autônomo que raramente confunde você com um pedaço de lixo voando pela estrada; o sistema de IA generativa que consegue escrever textos para você e pode passar dias, até semanas, antes de produzir um erro capaz de arruinar sua carreira. Em alguns casos, é fácil contornar uma fraqueza no sistema de IA. Em outros, essas fraquezas — como o frágil O-ring — podem ser a única coisa que realmente importa.

Um desafio relacionado é o Efeito Baumol, batizado em homenagem ao economista William Baumol. Baumol e seu colega William Bowen descreveram originalmente a economia de um quarteto de cordas, mas produziram um insight de relevância muito mais ampla. Qualquer parte da economia que seja valorizada, mas que não possa ser facilmente tornada mais produtiva, tende a consumir uma fatia crescente dos gastos.

Isso já aconteceu muitas vezes. Primeiro, a agricultura tornou-se vastamente mais produtiva. Depois, as máquinas a vapor; depois, a manufatura; o cálculo; a comunicação, e assim por diante. Apesar desses milagres de produtividade — na verdade, por causa deles —, cada vez mais gastos são destinados a setores como saúde, educação e refeições em restaurantes. Se a produtividade agrícola dobrasse novamente amanhã, isso mal apareceria nas estatísticas do PIB. A produtividade computacional está dobrando o tempo todo, mas o crescimento do PIB teimosamente permanece abaixo do que se via nos anos 1960.

Há razões para especular que desta vez seja diferente, mas criar inteligência de silício não é o único problema a ser resolvido se quisermos ver os padrões de vida crescerem 20% ao ano. Uma lição a tirar de tudo isso pode ser: uma taxa de crescimento de 1% pode ser modesta pelos padrões do século XX, mas ainda assim é crescimento exponencial — e crescimento exponencial pode ser mais difícil de sustentar do que supomos.

Imagem: GPT 

Taylor Swift e Father Figure

Taylor Swift acaba de lançar um álbum e, na faixa 4, Father Figure, a cantora processa a famosa música de George Michael, com o mesmo nome, através de uma interpolação. Um texto que apareceu no The Conversation explica o significado disso e há aspectos financeiros e contábeis na escolha.


A interpolação corresponde a reinterpretar partes da letra e da melodia original na gravação, dando créditos ao autor original. Mas não se utiliza a gravação original. Na interpolação, é necessária a permissão dos detentores dos direitos autorais da composição, mas não da gravação original. Além de permitir maior liberdade para o artista, a interpolação tem uma negociação de crédito e royalties distinta.

No cover, é necessária uma licença mecânica, sendo os royalties pagos aos detentores dos direitos autorais da música, geralmente os compositores. A negociação é mais simples. Já a interpolação é uma negociação direta com os detentores dos direitos autorais, com espaço para acordos específicos, podendo ser mais cara e mais complexa, mas traz mais exclusividade e controle para Taylor.

Os donos do catálogo de George Michael aprovaram, pois o uso da música por parte de Taylor tende a aumentar o interesse pelo artista. Para Taylor, a escolha dá mais liberdade artística e, realmente, a música de Taylor lembra um pouco a de George Michael. Além disso, o resultado final da nova música é de Taylor, que garante o controle.

Uso de mídias sociais está em queda

 

À medida que descemos rumo às redes sociais baseadas em “conteúdo raso”, onde os vídeos são falsos e as pessoas são bots, talvez estejamos encerrando nosso período com feeds gerados por algoritmos. No Financial Times, John Burn-Murdoch mostra o tempo gasto em redes sociais na última década.

O sinal mais importante parece estar no uso entre os jovens. O consumo parece ter se estabilizado entre aqueles de 16 a 24 anos e vem diminuindo aos poucos. Ainda assim, mais de duas horas e meia por dia continua sendo muito. Quando os dados são separados por continente, o uso na América do Norte ainda parece estar crescendo.

Fonte: aqui 

Sobre as eleições do CRC

A divulgação das chapas que participarão das eleições dos Conselhos Regionais de Contabilidade mostra uma grande predominância de chapa única. Em dois terços dos Conselhos já se sabe quem ocupará a presidência e as cadeiras de conselheiros. Nesse cenário, o comparecimento às urnas tende a ocorrer mais por obrigação — para evitar multa —, por apoio a algum conhecido ou como forma de protesto.

A presença de disputa em apenas um terço dos Conselhos pode indicar menor polarização, sem embates acirrados que dividem a categoria. Também pode representar redução de custos, já que o esforço de campanha é mais limitado, resultando em um processo mais simples, com menor risco de conflito e menos burocracia.

Por outro lado, a existência de chapa única levanta questionamentos sobre a legitimidade, pois restringe a presença de vozes divergentes. A tendência é de participação reduzida, mesmo com a possibilidade de multa e com a votação online, fatores que não parecem estimular maior engajamento.

Sem concorrência, existe ainda o risco de uma percepção de que não há necessidade de mudanças, como se a proposta apresentada já refletisse plenamente a vontade da categoria. Esse cenário, entretanto, não é novo: eleições passadas também registraram baixa competitividade e presença significativa de chapas únicas.

Diante disso, o que se desenha para este pleito é uma participação possivelmente modesta em muitos Conselhos, refletindo tanto as características estruturais do processo quanto a experiência observada em eleições anteriores.

Uso de mídias sociais para notícias

Ao observar especificamente os adultos que usam o TikTok, o consumo de notícias também cresceu de forma acentuada nos últimos anos. Mais da metade dos usuários da plataforma (55%) agora afirma obter notícias regularmente por lá, em comparação com 22% em 2020. O TikTok já está no mesmo patamar de outras redes sociais — incluindo X (antigo Twitter), Facebook e Truth Social — quanto à proporção de usuários adultos que acessam notícias com frequência.

Via aqui 

Rir é o melhor remédio


A Merriam-Webster fez um anúncio bem divertido para o novo dicionário, que será lançado em novembro. Segundo a editora, o produto seria o último LLM, que teria 217 mil parâmetros, sem alucinação, sem data center, sem uso de eletricidade, uma ferramenta poderosa e para você comunicar para sempre. A postagem foi repercutida aqui e aqui.


03 outubro 2025

Soja, tarifa e subsídio

Eis o que está ocorrendo no mercado de soja no mundo:  

A importação de soja da China, um grande consumidor mundial, está concentrada especialmente no produto brasileiro. E agora, diante da política comercial dos Estados Unidos, a China anunciou que irá focar suas compras no principal fornecedor, o Brasil. 

Mesmo que o número de agricultores seja reduzido, sua força política não pode ser desprezada. Eis a reação do presidente dos Estados Unidos: 

Ou seja, a ideia é um pacote de socorro para os agricultores, que deve chegar a 14 bilhões de dólares, que seria financiado com as receitas das tarifas. O anúncio pode ocorrer na próxima semana. A acusação que a China estaria "ferindo" os agricultores, ao deixa de comprar, parece política.  

Para o agricultor brasileiro, o aumento da demanda por parte da China pode gerar maior receita de venda. Há também a possibilidade de valorização dos ativos biológicos - se você "acredita" que esse agricultor usa o CPC.

Uma marca tecnológica

Certos eletrônicos, como o iPhone, parecem onipresentes. Mais de 18 anos e tantas gerações, mais de 2,3 bilhões de smartphones da Apple foram vendidos. Mas quando você divide isso por modelos individuais, qual dispositivo teve o maior sucesso? Veja a resposta com algumas comparações.
 

A figura compara o número de Nokia 1100 com iPhone 6, a população do Brasil, playstation 2 e outros itens. 

Transição solar


O livro Here Comes the Sun, de Bill McKibben (1), e destaca como a energia solar tem avançado de forma silenciosa, mas decisiva, transformando as bases energéticas globais (2). O autor mostra que, apesar de pouco notados, ganhos tecnológicos reduziram significativamente a quantidade de materiais necessários para painéis, fios e baterias, além de estimular substituições como o uso de sódio no lugar do lítio. E com ganhos de eficiência. Esses avanços indicam que a transição solar é materialmente mais viável do que a manutenção dos combustíveis fósseis, que dependem de extração contínua e geram resíduos permanentes. O livro tem sido bem avaliado.

Cory Doctorow

O processo tem sido liderado pela China, que está fazendo a transição de forma mais rápida e, ao mesmo tempo, reduzindo suas emissões. Mesmo que alguns reclamem do uso de 

(1) Gostei do título. Para os fãs, Harrison 

(2) Aqui uma recordação da infância: meu pai comprou uma placa solar para aquecer um dos banheiros da nossa casa nos anos 70. Até hoje a placa funciona, mais de cinco décadas depois. É um ativo, que já estaria depreciado em qualquer balanço, pela vida útil. 

Adaptação a crise e trabalho remoto


Este artigo investiga preditores e benefícios da adaptação corporativa a crises, acrescentando uma nova dimensão aos estudos de flexibilidade e resiliência com base em características ex ante. Produzimos uma amostra única de anúncios de trabalho remoto (work-from-home) coletados em sites de empresas durante a Covid-19. As empresas que fizeram esses anúncios tiveram suas avaliações aumentadas em 3%–5% e apresentaram redução de risco em comparação com as correspondentes, em linha com a teoria das opções reais sob informação assimétrica. Estimamos características — incluindo tópicos textuais sutis dos relatórios 10-K — que previam a adaptação, mostramos uma resposta de preço mais rápida após a cobertura da Bloomberg e vantagens reais no desempenho operacional subsequente. A adaptação corporativa à crise agrega valor e reduz risco, além das informações já contidas nas características das firmas.

Link aqui 

02 outubro 2025

Rir é o melhor remédio

 

Dia do café

Sucessão no Iasb


Os Trustees da IFRS Foundation iniciaram a busca por um novo presidente para o IASB, em substituição a Andreas Barckow, cujo mandato de cinco anos termina em junho de 2026. Desde sua criação, em 2001, o Iasb já teve três presidentes. Os dois primeiros exerceram um mandato de cinco anos renováveis. 

O anúncio pode ser um indício que desta vez o atual, o alemão Barckow, deverá ficar somente um mandato. No comunicado, destacou-se o fato de que Barckow promoveu revisões e novas normas - o que seria de esperar para uma entidade que tem o papel de emitir normas, e intensificou o diálogo com stakeholders globais. Entretanto, Barckow não teve sucesso em trazer alguns dos mercados internacionais mais relevantes para a esfera do Board, como os Estados Unidos e a China. 

O processo de seleção será conduzido pelo Comitê de Nomeações dos Trustees, com apoio de uma empresa especializada em recrutamento. Trata-se de um emprego com remuneração de uns 700 mil libras esterlinas por ano. 

Como os três presidentes eram europeus, os favoritos seriam os europeus. 

Normas do terceiro setor


O Chartered Institute of Public Finance and Accountancy (CIPFA) e a Humentum, que conduzem conjuntamente o projeto IFR4NPO, anunciaram a criação da International Non-Profit Reporting Foundation (INPRF) – uma nova entidade de interesse público dedicada a melhorar a transparência e a responsabilidade no setor sem fins lucrativos em escala global.

Com base no trabalho do projeto IFR4NPO, a INPRF emitirá a Norma Internacional de Contabilidade para Entidades sem Fins Lucrativos (INPAS). A fundação será responsável pelo desenvolvimento futuro, adoção e manutenção da INPAS e de quaisquer normas subsequentes, assegurando sua relevância contínua para organizações sem fins lucrativos, doadores, reguladores e as comunidades atendidas.

A primeira norma deve ser publicada em outubro de 2025, acompanhada de um guia prático para harmonizar a prestação de contas de subsídios.

Fonte: Iasplus 

Já tínhamos comentado anteriormente sobre o assunto aqui. Logo de início, parecia que o projeto tinha o apoio da Fundação IFRS. No último documento ficou mais claro que o projeto usava as normas de contabilidade financeira do Iasb como ponto de partida, sem ter o apoio explícito da Fundação, o que naturalmente é lamentável. Afinal, já que a Fundação IFRS não tem interesse para tocar o projeto de criar norma para Non-Profit, poderia ao menos apoiar a iniciativa.  

GPT no comércio online


A OpenAI lançou nos Estados Unidos o recurso “Instant Checkout” no ChatGPT, que permite aos usuários realizar compras diretamente no chat, sem precisar sair da conversa. A novidade foi desenvolvida em parceria com a Stripe e introduz o chamado Protocolo de Comércio Agêntico (Agentic Commerce Protocol), um padrão aberto para transações mediadas por inteligência artificial. Inicialmente, a função permite adquirir apenas um item por vez, mas a expectativa é que em breve seja possível incluir múltiplos produtos em um mesmo pedido. Mais de um milhão de lojistas da Shopify, incluindo marcas como Glossier, SKIMS, Spanx e Vuori, devem adotar o sistema no futuro. O pagamento poderá ser feito com cartões já cadastrados ou métodos expressos de checkout dentro da plataforma, disponível para usuários das versões Plus, Pro e Free do ChatGPT nos EUA. Apesar do potencial de impacto no e-commerce global, por enquanto não há previsão de lançamento no Brasil.

Fonte: aqui 

As finanças da ABL

A revista piauí publicou um interessante texto sobre as finanças da prestigiosa Academia Brasileira de Letras (ABL). A instituição, fundada por Machado de Assis, enfrenta problemas financeiros que não são recentes.


Entre 2017 e 2021, o então presidente Marco Lucchesi (foto) precisou lidar com um desequilíbrio clássico: as despesas superavam as receitas, muitas delas de caráter fixo. Mesmo sendo uma entidade sem fins lucrativos, a situação era insustentável no longo prazo. Sua solução foi cortar custos: extinguiu a verba de representação, reduziu passagens aéreas para acadêmicos que moravam fora do Rio e promoveu outras medidas impopulares, mas necessárias. A pandemia agravou o cenário ao reduzir a receita de aluguéis do prédio comercial da ABL. Ainda assim, ao final de sua gestão, a entidade alcançou o equilíbrio financeiro.

Em dezembro de 2021, Merval Pereira assumiu a presidência. Embora tenha flexibilizado algumas restrições, manteve a austeridade. Os jetons voltaram a ser reajustados, mas abaixo da inflação, e o plano de saúde foi rebaixado de nível. Ao mesmo tempo, buscou novas fontes de receita: captou recursos para o Dicionário da Língua Portuguesa, avaliou a venda de imóveis e manteve atenção ao patrimônio da entidade, como o Solar da Baronesa, um bem tombado que gera altos custos de manutenção. A venda de ativos, nesse contexto, representa uma forma de reduzir despesas não ligadas à função principal da academia.

Bolha da IA e consequências contábeis


Estamos vivendo a era da inteligência artificial. Nesse sentido, as empresas correm para financiar projetos relacionados à criação de seus próprios modelos ou à aquisição de modelos já existentes. Parece uma corrida do ouro — ou melhor, uma corrida para a IA — em que quem se atrasar será derrotado pelo rival que conseguir implantar as melhores soluções primeiro.

Nas empresas, muitos dos gastos estão sendo ativados, já que representam investimentos com potencial de gerar riqueza no futuro. Do lado do investidor, há uma busca incessante pelos futuros vencedores. Decorrente desse cenário, o mercado acionário tem valorizado substancialmente as empresas que aparentam estar liderando essa corrida.

Surge agora a preocupação de que o mercado possa estar supervalorizado (vide aqui). Seria uma repetição da crise das pontocom, no final dos anos 1990, que trouxe como consequência os escândalos da Enron e da WorldCom? Essa crise também resultou em um dos maiores prejuízos da história moderna: o da AOL Time Warner, decorrente do reconhecimento de uma baixa contábil.

Os índices de valorização do mercado parecem confirmar essa impressão, e algumas vozes isoladas também têm alertado para isso. Jerome Powell (foto) afirmou que as ações estão com preços elevados. Mas não há consenso; na verdade, a valorização sugere que o otimismo tem prevalecido sobre o pessimismo. O Bank of America sugere uma nova normalidade: os múltiplos atuais devem se manter nesses patamares, já que a realidade mudou. Outros defendem que as empresas atuais geram fluxo de caixa, ao contrário das companhias da crise das pontocom.

De qualquer forma, uma eventual crise terá consequências para a contabilidade: haverá redução nos valores dos ativos, provável aumento das provisões, diminuição dos lucros e, dependendo da intensidade, do patrimônio líquido. Para o profissional, o desafio será reavaliar o valor dos ativos por meio de testes de recuperabilidade, responder rapidamente ao mercado por meio de fatos relevantes, lidar com acusações sobre a qualidade do trabalho, entre outros aspectos. É preciso estar preparado para a possibilidade de que isso ocorra em um futuro próximo.

01 outubro 2025

Agentic AI e o emprego


Um relatório da Allianz alerta para a tecnologia Agentic AI , que são sistemas de inteligência artificial capazes de tomar decisão de maneira autonoma ou executar tarefas de complexidade, sem intervenção humana. Seria a próxima etapa, posterior a Generative AI. 


Segundo o relatório, a nova tecnologia teria potencial de gerar ganhos globais de 2,6 a 4,4 trilhões de dólares nos próximos 2 a 5 anos, impulsionados por produtividade e inovação. O grande problema é o desemprego: estima-se que até 60% dos empregos em economias avançadas e 40% globalmente possam ser automatizados ou profundamente impactados. Haveria uma relação em que cada 1% de investimento em IA traria uma redução de emprego de 0,29%. Assim, a Agentic AI pode gerar mais substituição de empregos que ondas tecnológicas anteriores. 

30 setembro 2025

Custo oculto do iFood

Pedir comida pelo iFood é uma grande comodidade dos dias atuais. Junto com o desenvolvimento da entrega rápida de comida, cresceu o número de entregadores circulando com motocicletas. Uma consequência disso: mortes


O gráfico mostra um crescimento nos acidentes fatais de motocicletas, entre 2018 e 2024. Em alguns lugares, é a causa de morte mais comum entre os jovens. E isso tem impacto sobre a saúde pública, a segurança viária e os gastos públicos. 

Enquanto o crime é destaque e traz impacto político, os acidentes de trânsito não recebem muita atenção pública. 

Vídeos de investimento no TikTok são enganosos ou imprecisos

Do Business Insider:


Um estudo recente mostrou que 70% dos vídeos de investimentos no TikTok são enganosos ou imprecisos. O levantamento analisou conteúdos populares em hashtags como #FinTok e #StockTok, avaliando critérios como precisão, transparência de riscos, simplificação excessiva e valor educacional. A maioria dos criadores não tem formação em finanças, e muitos vídeos parecem focados em engajamento e receita, não em aconselhamento sério. O estudo alerta que jovens investidores, que usam cada vez mais o TikTok como fonte, devem ter cautela e verificar as credenciais de quem produz esse conteúdo.

Enciclopedia de Musk

O controverso e rico Elon Musk anunciou que estaria criando a Grokipedia, como uma alternativa à Wikipedia. A disposição de colocar recursos em uma enciclopéida decorre de sua crença que a Wikipédia não é neutra, estando sujeita a manipulações ideológicas, com tendência ao pensamento de esquerda. Nesse sentido, a nova enciclopedia seria neutra e verificável. 


Não foram divulgados detalhes, como critérios de curadoria e governança editorial. Mas parece que a nova enciclopédia será alimentada por uma IA, o chatbot Grok. Além do fato do novo projeto ser controlado por uma empresa privada,  o uso do Grok pode ser um problema. 


Viés na rede de relacionamentos acadêmica

Um estudo (via aqui) investigou vieses na formação de redes acadêmicas entre economistas no Twitter (ou X). Os autores criaram 80 perfis fictícios de estudantes de doutorado em economia, variando aleatoriamente gênero (nomes e fotos indicativas), raça (negro ou branco) e vinculação institucional (universidades de prestígio ou menos reconhecidas). Esses perfis seguiram cerca de 6.920 usuários da comunidade #EconTwitter entre maio e agosto de 2022, e o experimento mediu quantos daqueles usuários “retribuíram” o follow.


Os resultados revelaram disparidades substanciais: perfis de estudantes negros de universidades menos prestigiadas obtiveram a menor taxa de retorno de follow, enquanto mulheres brancas de universidades topo de ranking tiveram a maior taxa — a diferença entre os extremos foi de quase 10 pontos percentuais. Em média, perfis brancos obtiveram “follow-backs” 12 % mais frequentemente que perfis negros; perfis de instituições prestigiadas tiveram vantagem de 21 % sobre instituições mais modestas; e perfis femininos receberam 25 % mais retorno que perfis masculinos.

Esses achados sugerem que, mesmo em plataformas online frequentemente consideradas “democráticas”, há mecanismos de discriminação implícita que influenciam quem é aceito nas redes profissionais acadêmicas. Além disso, o estudo contribui para explicar fatores que perpetuam a falta de diversidade na economia, mostrando como redes sociais digitais podem reproduzir desigualdades já existentes.

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

29 setembro 2025

Frase


Há uma piada clássica que diz que os egos dos professores universitários são tão potentes que, se fossem conectados entre si, gerariam energia suficiente para iluminar um campus inteiro durante uma semana. 

(Fonte aqui)

O texto traz indicações de romances sobre a vida universitária. Interessante, apesar de ter encontrado poucos títulos em língua portuguesa. Na verdade, das obras indicadas, somente o livro de Donna Tartt. 

Liberdade das mulheres e sucesso no futebol feminino


O resumo

Investigamos o impacto da liberdade política e econômica das mulheres sobre o sucesso no futebol feminino internacional. Nossa hipótese é que, à medida que as mulheres conquistam liberdade política e econômica, a seleção nacional feminina do país apresenta uma queda no desempenho em campo no curto prazo, mas, com o tempo, uma maior liberdade econômica e política abre oportunidades voluntárias para que as mulheres pratiquem futebol em idades mais precoces, o que gera melhor desempenho em campo no longo prazo. As evidências empíricas apoiam essas duas hipóteses, sugerindo que os benefícios gerais do aumento da liberdade política e econômica para as mulheres no futebol internacional não são imediatos, mas são, ainda assim, concretos. 

Depken, C., & Globan, T. (2025). Women's international football success and women's economic freedom. Contemporary Economic Policy, 43(4), 714–730. 

Manobra contábil na Nvidia?


A notícia é que a OpenAI decidiu alugar GPU em lugar de comprar diretamente da Nvidia. Um artigo questiona os motivos que levaram essa decisão, onde a Nvidia mantem a propriedade do hardware, talvez através de um veículo de financiamento. Fica a impressão de ser uma engenharia financeira, mas o texto questiona se não seria uma forma de esconder resultados.

Tendo a pensar que empresas não se reinventam como financiadoras porque as coisas estão indo bem. Elas fazem isso quando os clientes não conseguem ou não querem acompanhar a farra de gastos, e quando a gestão deseja encobrir rachaduras com ginástica contábil. Ou, ainda, quando um anúncio precisa absolutamente chegar ao mercado como relações públicas antes de ter efeito concreto.

Todos nós já vimos isso antes: leasebacks de telecomunicações na era das pontocom, títulos lastreados em hipotecas antes de 2008, todo aquele lixo — tudo vendido como “inovação” até a música parar.

Segundo o autor, transformar equipamentos de alta depreciação em “ativos financeiros” lembra manobras contábeis usadas por empresas em momentos de fragilidade. 

Expansão do regime de competência no setor público mundial


Um novo relatório de status, publicado pela Federação Internacional de Contadores (IFAC) e pelo Instituto de Finanças Públicas e Contabilidade (CIPFA), com apoio do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSASB), destaca o progresso constante e gradual dos governos em todo o mundo na transição do regime de caixa para o regime de competência na elaboração de relatórios financeiros.

Principais conclusões do relatório incluem:

  • Até 2030, 56% das jurisdições deverão reportar com base no regime de competência. Isso representa um avanço constante em relação ao Índice de 2020, mas em um ritmo mais lento do que o previsto, refletindo as pressões financeiras e operacionais enfrentadas pelos governos durante e após a pandemia.

  • Em 2024, as jurisdições de alta renda representavam a maioria dos adotantes do regime de competência (57%), mas até 2030 o cenário deverá mudar: 60% das jurisdições que utilizarem o regime de competência serão provenientes de economias de renda média e baixa.

  • Até 2030, espera-se que 81% das jurisdições que reportarem pelo regime de competência estejam aplicando as Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS) — seja diretamente, com modificações ou como base para normas nacionais.

Fonte: aqui. Foto aqui

Universidade mais IA


A Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence (MBZUAI), nos Emirados Árabes Unidos, foi criada com o ambicioso objetivo de se tornar o “Stanford do Oriente Médio”. Com forte apoio estatal e financiamento generoso, a universidade oferece bolsas integrais e uma estrutura que elimina a necessidade de professores conseguirem financiamento externo. Em aproximadamente seis anos, já contratou mais de 100 professores de países como Estados Unidos, China e Alemanha, e reúne mais de 700 estudantes e ex-alunos de 49 nacionalidades. 

A MBZUAI trabalha em estreita colaboração com a gigante de IA G42, desenvolvendo modelos de linguagem, dentre eles o modelo aberto “K2 Think”. A universidade também lançou modelos de linguagem para línguas como árabe, hindi e outras, buscando representar diversidade cultural com seus alunos colaboradores. 


Para os EUA e grandes polos tecnológicos internacionais, a iniciativa representa concorrência direta: recursos abundantes de computação e talentos estão no centro da estratégia dos Emirados para transformar economia dependente do petróleo em um hub global de tecnologia. 


28 setembro 2025

Avaliação na pós-graduação

Eis o resumo:

This article aimed to map the evaluation use, identify the affecting factors, and analyze how they are related in the context of the Brazilian graduate evaluation system, which involves more than 7,000 master’s and doctoral programs. Interviews were conducted with a representative sample of Professors, Graduate Program Coordinators, and Research and Graduate Studies Pro-Rectors (Deans). The analysis of conceptual, instrumental, and symbolic use examples revealed nine subcategories of evaluation use (Management, Publication Quality, Program, Evaluation, Social Insertion, Internationalization, Teaching, Graduate Studies, and Promotion). A new source was identified besides process and findings use: guidelines use. The examples of conceptual use presented in almost all subcategories indicate an increase in evaluation capacity building, which is essential for evaluation policy. Factors related to Evaluator, Context, and Stakeholders affected evaluation use more positively, while Evaluation had both stimulating and discouraging effects. The predominance of encouraging factors affecting evaluation use indicates the system’s institutionalization and maturity. 

O artigo é fruto da Tese de Edjane Oliveira da Silva, em co-autoria com seu orientador. A pesquisa é sobre o uso da avaliação, entrevistando as pessoas envolvidas no processo.  A autora encaminhou agora o fruto da pesquisa, que foi concluída em 2021. 

 

Acionistas da Disney querem registros


Um grupo de acionistas da Disney exigiu que a empresa entregasse documentos relacionados à sua decisão de tirar brevemente o show do apresentador Jimmy Kimmel, apresentador da ABC, Jimmy Kimmel (foto). Em uma carta à Disney na semana passada, advogados que representam a Federação Americana de Professores, Repórteres Sem Fronteiras e outros grupos pediram à gigante do entretenimento de Hollywood que entregasse registros do conselho relacionados à suspensão de Kimmel. Eles criticaram a decisão de disciplinar o comediante por seus comentários sobre a reação dos conservadores ao suposto atirador de Kirk, dizendo que os investidores tinham o direito de investigar se os líderes da empresa “não cumpriam adequadamente seus deveres fiduciários”.

O movimento estimulou um clamor público contra a Disney, fez com que alguns talentos de Hollywood ameaçassem cortar os laços com a empresa e cortou mais de US $ 4 bilhões de seu valor de mercado. As redes de afiliados Nexstar e Sinclair disseram que devolveriam Kimmel às suas ondas de rádio na sexta-feira – depois que o efeito Streisand da suspensão de Kimmel disparou sua classificação para o maior nível em uma década. A carta de acionistas deu à Disney cinco dias para responder, então fique atento a esse prazo esta semana.

Fonte: Semafor newsletter, 28 set . Foto Wikipedia

50 anos de pesquisa contábil

Este estudo busca identificar as características das contribuições científicas brasileiras de maior impacto na literatura contábil internacional qualificada, 50 anos após a criação do primeiro Programa de Pós-Graduação no país. Uma avaliação histórica é relevante ao revelar as principais contribuições da pesquisa brasileira para as ciências contábeis nos últimos 50 anos, permitindo reflexões sobre estruturas e eventos, melhor compreensão das transformações sociais, possibilitando avaliação e reflexão da área e detecção de indicadores, tendências e vieses. O foco em questões locais sugere um interesse internacional pelas práticas contábeis em economias emergentes como o Brasil. Esta pesquisa é relevante como um marco das principais contribuições brasileiras à ciência contábil, permitindo que atores locais reflitam sobre abordagens de pesquisa bem-sucedidas e contribuições e tópicos de maior impacto. Esta análise pode beneficiar pesquisadores contábeis em países latinos e/ou economias emergentes ao direcionar uma agenda de pesquisa que expanda o impacto da pesquisa realizada no contexto brasileiro e motive novas parcerias internacionais. A presente revisão foi realizada em artigos publicados de 1970 a 2020, nas bases de dados Scopus e Web of Science. Esses artigos foram submetidos a uma revisão sistemática da literatura para identificar suas características, os principais tópicos abordados, as áreas temáticas mais representativas, suas principais contribuições e direções para pesquisas futuras. O Brasil publicou 39 artigos com impacto relevante na literatura internacional, a maioria na década de 2000. Contribuições significativas foram encontradas em controladoria, contabilidade gerencial e contabilidade financeira. Tópicos como gestão de desempenho, custos e agronegócio, gerenciamento de resultados, divulgação e adoção das Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS) foram particularmente notáveis. Parcerias com autores de países desenvolvidos demonstraram-se importantes para viabilizar publicações com impacto internacional.

Fonte: aqui 

26 setembro 2025

Apple reage ao regulador europeu

A empresa de tecnologia Apple ameaçou deixar de vender iPhones e outros produtos na União Europeia. A companhia pressiona para que a UE recue em uma lei antimonopólio que obriga a Apple a permitir que terceiros ofereçam serviços aos usuários do iPhone.

A UE tem mais de 400 milhões de habitantes e uma das maiores rendas per capita do mundo. Diante desses números, é difícil acreditar que a Apple esteja falando sério. Para o Pluralistic, trata-se de uma estratégia de pressão, uma chantagem regulatória. O curioso é que a Apple justifica a ameaça dizendo que está defendendo a privacidade dos usuários. Mas a própria empresa, assim como outras de tecnologia, coleta e explora dados pessoais sem pudor.

Uma das maiores batalhas dos defensores de medidas contra as big techs é garantir que os usuários possam sair dos sistemas controlados por essas empresas sem perder acesso ao seu conteúdo.

25 setembro 2025

Usando IA para flagrar abusos de direitos autorais em músicas por IA


As gravadoras têm uma relação cada vez mais complicada com a inteligência artificial. A tecnologia pode ajudar a promover seus artistas e inspirar novos tipos de criatividade — mas, temem executivos e músicos, também pode se apropriar de seus trabalhos.

A startup SoundPatrol, cujos fundadores incluem Michael Ovitz, ex-superagente de Hollywood e ex-presidente da Disney, afirma ter uma ferramenta para proteger contra infrações de direitos autorais. E a empresa firmou parceria com duas das três maiores gravadoras, a Universal Music Group e a Sony Music, como noticia em primeira mão Michael de la Merced.

Contexto: artistas e gravadoras têm argumentado que músicas geradas por IA roubam de artistas já existentes, tanto criativa quanto financeiramente. Universal Music, Sony Music e Warner Records aderiram a processos contra dois populares geradores de música por IA, Suno e Udio.

“Precisamos proteger nossa P.I. e nossos direitos autorais”, disse Lucian Grainge, CEO da Universal Music, ao DealBook. Ele acrescentou que, para seu negócio, música, propriedade intelectual e direitos autorais são “o sangue que corre em suas veias”.

A ascensão da IA ocorre enquanto a indústria musical se recupera de um período de pirataria generalizada no início dos anos 2000, com as receitas globais no ano passado superando o nível da era do CD, em 1999.

Como funciona a SoundPatrol: a empresa usa o que chama de “impressão digital neural”, tecnologia de IA que consegue identificar elementos distintivos de uma música — voz, letra, melodia, acordes, timbre e outros fatores, segundo Walter De Brouwer, outro fundador da SoundPatrol — e os cataloga. Isso ajudará a SoundPatrol a criar um painel em que os clientes poderão ver onde potenciais infrações estão ocorrendo e de onde vêm, acrescentou.

“Pela primeira vez, haverá um sistema rastreável e reportável de violações de P.I., mesmo as menores”, disse Ovitz ao DealBook. “Podemos captar pedacinhos de qualquer música.”

A Universal Music e a Sony Music ajudarão a treinar os sistemas da SoundPatrol, dando à startup acesso a seus acervos. “É meu trabalho e meu dever fazer tudo o que posso, do meu ponto de vista, para garantir que a música seja protegida, monetizada e respeitada”, disse Grainge ao DealBook.

“Nossa colaboração com a SoundPatrol diz respeito a respeitar os direitos dos artistas para construir um ecossistema sustentável e equitativo para todos”, acrescentou Dennis Kooker, presidente do negócio digital global da Sony Music.

A música gerada por IA está crescendo em popularidade. Basta olhar para o fenômeno do verão que foi o Velvet Sundown, uma banda que acumulou mais de um milhão de streams no Spotify, mas que acabou se revelando uma criação de IA.

Recentemente, a Deezer, serviço francês de streaming, informou que músicas totalmente geradas por IA já respondiam por mais de 30.000 das faixas que recebe diariamente (cerca de 28% do volume total diário). A plataforma de streaming identificou até 70% delas como fraudulentas, feitas apenas para acumular reproduções e royalties.

newsletter NY Times 

Pronuncia das pessoas muda ao longo da vida


Eis o resumo da newsletter da Nature:

Audiologistas aproveitaram uma oportunidade rara para estudar como o dialeto de uma pessoa pode mudar ao longo da vida, analisando entrevistas com a popstar Taylor Swift. No início de sua carreira, quando morava em Nashville, Swift pronunciava palavras com vogais curtas, uma característica clássica do sotaque do sul dos EUA. Esse “twang” foi desaparecendo à medida que ela transitava do country para o pop, e o tom de voz ficou mais grave quando ela se mudou para Nova York. Swift não é diferente de muitas outras pessoas que adaptam seu dialeto ao longo da vida, afirma a linguista Alice Gaby. “A mudança não está apenas relacionada ao local, mas também a como ela se posiciona.” 

A pesquisa está aqui