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20 julho 2014

Entrevista: Vladmir Ferreira Almeida

Vladmir Ferreira Almeida é contador, blogueiro e adora música. Uma de suas paixões é o violão clássico. Ele é o entrevistado deste belo domingo. Agradecemos a companhia Vladmir! *.*

Blog_CF: Vladmir, com quantos anos você começou a tocar violão clássico? Você estudava teoria musical também?
Bom na verdade eu comecei a tocar violão já tarde, aprendendo sozinho, observando alguns amigos. Eu estava com 16 ou 17 anos. Depois de algum tempo entrei na escola de música e passei dois anos estudando teoria musical e iniciação ao violão clássico. Não cheguei a completar o curso porque eu tive que trabalhar, não era possível conciliar. Até hoje guardo alguns livros de teoria musical (Bohumil Med, Ian Guest, Paul Hindemith, entre outros).

Blog_CF: Esperamos que logo você consiga voltar! Como essa paixão surgiu e como ela influenciou a sua personalidade?
Meus pais sempre gostaram de ouvir música popular brasileira e música internacional. Quando eu era criança, no Rio de Janeiro, ouvia muito Djavan, Benito di Paula, Nat King Cole, Clara Nunes, Luiz Gonzaga... Com o tempo, já na adolescência, começou a despertar o meu interesse pelo Rock, principalmente pelos clássicos como: Jimi Hendrix, Pink Floyd, Deep Purple, Led Zeppelin, etc. Após a viagem de mudança para a cidade de São Luis (MA) conheci um rapaz que já tocava violão e nos finais de semana a gente se reunia para curtir algumas músicas. Em certo momento eu pedi o violão dele emprestado. Ele me perguntou se eu sabia tocar e eu disse que não, mas ia aprender. Depois de duas semanas, lendo algumas revistas com canções cifradas, já tocava algumas notas – mesmo com violão desafinado. Foi assim que aprendi: observando e lendo, como comentei anteriormente. Dois anos depois entrei na escola de música. Aprendi teoria musical, solfejo e ritmo. Acabei conhecendo outros grandes músicos como: Egberto Gismonti, Paco de Lucia, Hermeto Pascoal, Kazuhito Yamashita, Fabio Zanon, Hélio Delmiro, Charlie Haden, Witold Lutoslawski, J. S. Bach, Chopin, Vivaldi, Tchaikovsky, Heitor Villa Lobos, Turíbio Santos, Rafael Rabelo, Nana Vasconcelos,... , juntamente com vários outros. Ainda cheguei a trabalhar tocando em alguns bares e até mesmo em algumas bandas, mas foi por pouco tempo. Uma coisa que a música ensina muito bem é a dedicação pelo que você faz. A procura pela “perfeição” na execução de cada nota, e mesmo nos estudos com partitura, é uma coisa fantástica.

Blog_CF: Como a sua vida na contabilidade se iniciou e como você vê a disciplina que tinha ao estudar música ter te ajudado como aluno em outras áreas?
Eu sempre gostei de números e comecei a trabalhar cedo – até para ajudar nas despesas de casa. Meu primeiro trabalho de carteira assinada foi no setor de contabilidade de uma empresa. Foi nesse momento que tive os primeiros contatos com a contabilidade básica - lançamentos contábeis, folha de pagamento, plano de contas, conciliação bancaria, etc. Em seguida tive contato com serviço na área de orçamento, centros de custos e projetos. Após alguns anos de trabalho comecei o meu curso de graduação em contabilidade e logo em seguida a minha especialização. Acho que a disciplina no estudo da música me ajudou na minha compreensão sobre a contabilidade, principalmente no aspecto da concentração.

Blog_CF: O que a contabilidade significa pra você?
Eu acho que significa relação e equilíbrio - não só para as contas e seus valores, mas para vida! Quando você está elaborando um balancete você cria RELAÇÕES entre pontos que, a priori, não são comuns. Como, por exemplo, no pagamento de uma obrigação - há um fornecedor (passivo) e a sua conta corrente (ativo). Dessa relação aparece o equilíbrio (método das partidas dobradas) - lançamentos. A partir do equilíbrio você pode tomar uma decisão de forma mais clara – o balancete. Essa é uma forma simples de demonstrar que objeto de estudo da contabilidade não é só o patrimônio das empresas, mas o maior de todos os patrimônios, a vida!

Blog_CF: Como você se tornou blogueiro e como afeta a sua vida? 
Sempre gostei de compartilhar informações. A forma que eu utilizava para mandar algo novo de contabilidade para os meus amigos, ou algum outro assunto importante para qualquer profissional dentro da empresa (comunicação, liderança, relacionamento interpessoal,...), era através de e-mail. Como eu mandava muitos artigos a minha caixa de saída do correio eletrônico ficava muito pesada e eu tinha que apagar boa parte das informações. Foi nesse momento, em 2009, que tive a ideia de criar um blog aonde eu pudesse colocar todas as informações que eu achava importantes e um único lugar aonde todos pudessem ver. Outro ponto fundamental para a elaboração do blog foram os links para acessar algum site importante. Às vezes você não se lembra de algum endereço eletrônico essencial para o seu trabalho ou para alguma pesquisa acadêmica. Com a página centralizei tudo isso.

Blog_CF: Qual é o balanço desses anos como blogueiro?
Após cinco anos de blog as minhas maiores satisfações, como blogueiro, foram:
- O conhecimento adquirido nesse espaço de tempo;
- As novas amizades, principalmente dos meus queridos amigos blogueiros: Isabel Sales, Cesar Tibúrcio (Mohamed), Alexandre Alcântara, Claudia Cruz, Pedro Correia, Orleans Martins, Augusto Cezar, Polyana Silva, Thiago Pena, Vinicius Gomes, Marcelo Paulo, Luiz Felipe, entre outros.

Blog_CF: Que dicas e conselhos você daria a quem pretende começar um blog?
A primeira coisa e gostar muito do assunto que você irá abordar. Ter um blog exige muito dedicação. Periodicamente você tem que acompanhar os assuntos mais relevantes da área;

Outra coisa importante é ser o mais especifico possível. No meu caso, em especial, eu tenho que compartilhar vários assuntos diferentes (Contabilidade, Gestão financeira, Auditoria, Economia, Controladoria e Empreendedorismo) e isso requer um tempo maior para tratar tudo;

Evite textos longos; Utilize outras formas que não sejam apenas textos como, por exemplo, vídeos; Compare seu blog com outros blogs que tratem do mesmo tema; veja o que pode ser comentado, melhorado e aprendido.  E tenha tempo! Blogar exige o empenho de vária horas semanais.


19 julho 2014

Rubem Alves

Eu sou fã. Gosto dos textos dele, me identifico com o discurso aparentemente sem foco, admiro as ideologias que ele tinha relacionadas à educação. Rio, penso, choro e me emociono. Fico triste por essa perda. Por não ter mais textos seus fresquinhos. Descanse em paz.

Escolinha de Futebol

O jornal New York Times (via aqui) faz uma narrativa sobre a escola de futebol Aspire Football Dreams. O programa escolheu entre 3,5 milhões de garotos em diferentes países da África. Os melhores foram mandados para viver e morar em duas academias: uma em Doha, Catar, e outra no Senegal. Os garotos recebem educação e tem seus gastos custeados; sua família também recebe um dinheiro. Os centros são assessorados por profissionais com experiências em clubes europeus de futebol. Parece bom demais para ser verdade.

Aspire é bancado pelo governo do Catar. Qual a razão do governo deste país fazer isto? O Catar irá sediar a Copa de 2022 e seu time é muito fraco. (É bem verdade que isto não é uma boa razão, já que o Brasil sediou a Copa de 2014) Mas a naturalização maciça de jogadores pode gerar desconfiança e foi descartada pelos dirigentes da Aspire. Segundo eles, a academia poderá contar com alguns garotos do Catar, que aprenderiam futebol com os melhores futuros jogadores do mundo. (Nada impede da Aspire naturalizar um ou dois grandes craques; isto não despertaria suspeita)

Outra possibilidade é que Aspire pode estar vinculada a corrupção. A votação que escolheu Catar como sede do mundial de 2022 foi questionável pela compra de votos. Segundo o jornal, das 24 nações que compõe o comitê executivo da FIFA, cinco são países que Aspire está operando.

Rir é o melhor remédio




Fato da Semana

Fato: Crime e Castigo. Dias com anúncios diversos de punição para quem saiu da linha.

Qual a relevância disto? Acreditamos que as pessoas más pagam neste mundo pelos seus atos. Esta é a Falácia do Mundo Justo; mas as pessoas más geralmente se safam sem sofrer as consequências. Nos últimos dias diversas notícias indicavam que “pessoas más” estavam sofrendo pelos seus atos. O Citigroup pagou 7 bilhões pela crise imobiliária; a EY foi multada por fazer lobby para clientes que deveria auditar; a Price não conseguiu se safar, por enquanto, das barbeiragens do MF Global, podendo levar um multa bilionária; e dois banqueiros envolvidos em falcatruas foram condenados.

Positivo ou Negativo? Para quem “anda na linha” é bom saber que “aqui se faz, aqui se paga”. Queremos que o mundo seja justo.

Desdobramentos: Será que isto irá continuar? O cínico irá insistir que a falácia existirá sempre. O esperançoso pensa que o mundo hoje é mais justo que o de ontem.

Sobre a Falácia do Mundo Justo vide o capítulo 18 do livro “Você não é tão esperto quanto pensa”, de David Micraney.

Qual ação de país emergente devo comprar?

SÃO PAULO - Com base em critérios macroeconômicos e perspectivas de crescimento de longo prazo, o banco alemão Deutsche Bank escolheu um grupo de dez ações de empresas de países emergentes que devem apresentar um bom crescimento no prazo de dez anos. Nessa seleta lista, apenas uma companhia brasileira, o Itaú Unibanco, foi escolhida como capaz de atrair investidores no longo prazo, mesmo com o baixo crescimento esperado para o Brasil no período.

Para o banco alemão, os países emergentes que são grandes produtores de matérias-primas não vão mais se beneficiar, como nos últimos anos, do aumento do preço das commodities no mercado internacional. “Um maior investimento é necessário para promover um crescimento mais rápido da produtividade e uma diversificação para outras áreas da atividade econômica. Além disso, Brasil, Rússia e África do Sul não sinalizaram nenhum sinal de urgência em responder à nova realidade econômica, e o seu desempenho econômico provavelmente irá refletir isso”, afirmaram, em relatório, a equipe de analistas da instituição.
No cenário traçado pelo Deutsche Bank, as grandes economias emergentes serão as mais afetadas, apresentando um crescimento mais fraco. A recuperação da atividade econômica nos países desenvolvidos também fará com que os emergentes tenham um fluxo menor de investimentos. Outro ponto observado é que algumas economias terão que lidar com as demandas populares que foram criadas nos anos de crescimento mais forte.

No caso específico do Brasil, os analistas veem como esgotado o crescimento baseado no consumo que foi sustentado pelo aumento do preço das matérias-primas no exterior. O crescimento potencial da economia brasileira na avaliação do banco está abaixo de 2%. A justificativa é que a taxa de investimento, que não chega a 20%, é a menor entre os mercados emergentes, além da falta de investimentos em infraestrutura e o comportamento da dívida pública.

AS ESCOLHAS

De acordo com o relatório, Brasil Rússia, África do Sul, Hungria e Egito devem apresentar crescimento baixos ou muito baixos nos próximos dez anos. Estão no grupo dos emergentes que terão crescimento alto ou muito alto a China, Índia, Turquia e os países da Europa Central. O banco destaca ainda o desenvolvimento que deve ser alcançado por México, Chile, Colômbia e Peru. Outros destaques são o Catar, Arábia Saudita e Nigéria.
Das dez empresas escolhidas, o Itaú Unibanco é a única brasileira. A aposta é que a instituição financeira conseguirá manter uma rentabilidade ao redor de 20% nos próximos dez anos, com crescimento de dois dígitos nos resultados. “Enquanto o crescimento potencial no Brasil não é tão alto quanto costumava ser, ainda há espaço para o Itaú crescer em um ritmo saudável, melhorando a eficiência e gradualmente expandindo para as regiões de maior crescimento na América Latina”, diz o relatório, lembrando que o Itaú possui atuação na Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai.
Da América Latina, foram indicadas ainda a chilena CCU, principal concorrente da Ambev na região, e o Credicorp, que atua no setor bancário no Peru. Dos setores, o bancário é o com maior número de indicações, somando cinco ao total, seguido por varejo e bebidas (duas cada). O setor de mídia tem apenas uma recomendação.

Conheça as indicações de longo prazo do Deutsche Bank:

Empresa
Setor
País
CCU
Bebidas
Chile
Coca Cola Icecek
Bebidas
Turquia
Credicorp
Bancário
Peru
First Gulf Bank
Bancário
Emirados Árabes Unidos
Garanti Bank
Bancário
Turquia
Itaú Unibanco
Bancário
Brasil
Lenta
Varejo
Rússia
Magnit
Varejo
Rússia
Naspers
Mídia
África do Sul
Sberbank
Bancário
Rússia


Fonte: aqui

Messi é o maior contribuinte do fisco espanhol

O jogador Messi tornou-se o principal contribuinte do fisco espanhol, com um pagamento de 53 milhões de euros, segundo o jornal La Vanguardia. Isto ocorre depois de uma série de problemas do jogador com o fisco espanhol, conforme já postamos aqui. O valor refere-se aos salários e os direitos de imagem, de 2013 e dos anos anteriores, que não tinham sido declarados.

18 julho 2014

Rir é o melhor remédio


Entrevista com James Robinson

Entrevista James Ronison

Por Pieter Zalis

O inglês, autor do livro Por que as Nações Fracassam, acha que o Brasil já conquistou uma democracia madura, mas alerta para o fato de que a sociedade está à frente dos políticos

O economista James Robinson vai na contramão do mau humor global em relação ao Brasil. Professor da universidade americana Harvard, ele ganhou os holofotes internacionais com o livro Por que as Nações Fracassam, lançado pela editora Elsevier em 2012. Sua tese é que o fortalecimento das instituições diferencia os países de sucesso daqueles que naufragam. É sobretudo com base nesse argumento que Robinson reafirma seu otimismo em relação ao Brasil, "a democracia mais madura da América Latina". Sobre o desencanto da população com seus representantes, evidenciado nas manifestações de junho do ano passado, ele afirma que isso apenas atesta o amadurecimento da nação:"Os brasileiros estão com o senso crítico mais aguçado". Robinson concedeu a VEJA a seguinte entrevista.

Há dois anos, o senhor disse que o Brasil estava prestes a ultrapassar a fronteira das nações fracassadas rumo aos países prósperos. Continua acreditando nisso?

Sem dúvida. O Brasil é o melhor exemplo de sucesso da América Latina. Muitos criticaram minha percepção, mas trabalho com fatos: vocês tiveram uma queda significativa da desigualdade e da pobreza, aumento no acesso à educação e diversos sinais de amadurecimento da democracia — a começar pelo surgimento de uma nova classe média, que passou a reclamar a melhoria da qualidade dos serviços públicos. O Brasil também passa a dar mostras de que quer o fim do clientelismo político.

O senhor se refere à condenação de políticos no julgamento do mensalão?

Sim. Esse processo deixou uma mensagem clara: ninguém é intocável. Isso não é pouco — evidencia a força do sistema judicial do país, sua autonomia em relação aos políticos e o fato de que o Estado de direito está em pleno vigor.

Pesquisas mostram que é grande a insatisfação dos brasileiros com a classe política. Que consequências isso pode ter para a democracia?

Não vejo nenhuma ameaça. Há uma distinção entre a percepção que se tem das instituições e a das pessoas que no momento as representam.

Mas um levantamento recente mostrou que 24% dos eleitores não têm candidato e 68% não têm preferência por partido. É o maior índice desde o início do levantamento, em 1989. Isso não é preocupante?

Esse número indica simplesmente que o brasileiro está com o senso crítico mais aguçado. A mensagem é que os políticos precisam abdicar de seus interesses pessoais e se aproximar dos interesses dos eleitores. Trata-se de um processo longo de reaproximação — políticos e partidos em geral levam mais tempo para compreender as mudanças de anseios da sociedade. O Partido Trabalhista inglês, por exemplo, demorou 25 anos para perceber que os eleitores não compactuavam mais com uma esquerda sindical, trabalhista. Esperavam uma esquerda mais liberal, que conciliasse os ganhos sociais com o capitalismo e o livre mercado. Mas foi apenas em 1994 que Tony Blair surgiu com a ideia da terceira via.

Dois anos atrás, muitos concordariam com seu otimismo em relação ao Brasil. Hoje, porém, parece haver um pessimismo crescente entre os analistas internacionais.

Concordo que há problemas no Brasil, mas considero-os superficiais e inseridos num processo mais profundo de transformação. O sucateamento da indústria e o aumento da intervenção do Estado na economia são fatos concretos. Mas, olhando de uma perspectiva de longo prazo, o Brasil está na direção correta e à frente de outros países latino-americanos. As evidências sugerem que a democracia é o sistema que mais promove o desenvolvimento econômico. Então, se tomarmos o caso da Colômbia, por exemplo, o país hoje favorito dos economistas, veremos que o Brasil está em larga vantagem. Dez anos atrás, forças paramilitares colombianas conseguiram eleger um terço dos legisladores e congressistas. Nas últimas eleições locais, 48 candidatos foram assassinados. É um sistema que exclui parte da população do processo político e que resulta em um progresso muito menor. Do ponto de vista da economia, podemos comparar o Brasil com o Chile, outro paradigma de país promissor, na avaliação de muitos economistas. Mas o Chile depende mais do que o Brasil de produtos primários na sua pauta de exportações. Então, apesar dos problemas, o Brasil segue como o principal candidato a atingir o mais alto patamar de progresso na região.

A respeito da relação entre democracia e desenvolvimento econômico, o que explica o enriquecimento da China?

O sucesso chinês é reflexo do fortalecimento dos seus pilares econômicos. O país abriu suas fronteiras para o mercado internacional e fez investimentos na produção agrícola, industrial e em tecnologia. Esse crescimento, porém, tem prazo de validade, assim como ocorreu na União Soviética. É impossível manter um padrão de crescimento sem participação política da sociedade. Por decreto, Josef Stalin moveu recursos e mão de obra do campo para a indústria. Por meio desse sistema, os bolcheviques conseguiram criar um Estado com crescimento anual do PIB de 6% durante 32 anos. Mas, sem a inclusão política da sociedade, o sistema se esgotou e implodiu. A China pode estar indo pelo mesmo caminho e exaurindo seu potencial autoritário.

Parodiando o título de seu livro, por que as nações fracassam?

Fracassam porque não constroem instituições políticas e econômicas de qualidade capazes de criar oportunidades de crescimento para as pessoas. As nações que fracassam são dominadas por aquilo que chamo de instituições econômicas extrativistas — que concentram poder e renda nas mãos de um grupo pequeno de pessoas. Elas são o oposto das instituições econômicas inclusivas, que permitem que a riqueza seja disseminada pela sociedade. Ocorre que, para criar instituições econômicas inclusivas, é necessário ter instituições políticas igualmente inclusivas — ou seja, instituições que representem um amplo leque de interesses e não que existam apenas para proteger os interesses de um pequeno grupo, caso das instituições políticas extrativistas. Em um exemplo extremo, estamos falando das diferenças que existem entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.

Com base em que o senhor afirma que diferenças culturais e determinismos geográficos não são tão importantes quanto as instituições para criar condições de desenvolvimento?

Trata-se de uma conclusão empírica. Eu trabalhei muito na África e jamais consegui comprovar, como defende o economista americano Jeffrey Sachs, que a malária seria responsável pelo subdesenvolvimento do continente. O que há claramente em toda a África, e que emerge como um obstáculo comum ao desenvolvimento dos países, são instituições que privilegiam determinadas classes políticas em detrimento do bem-estar geral.

O senhor foi contratado pelo governo colombiano para ajudar no processo de negociação de páz com as Farc. Como pretende fazer isso?

Na realidade, estou preocupado com o cenário que vai se desenhar quando o processo de paz se concretizar. Venho conversando com membros do governo e sempre digo que o simples fato de desmobilizar as Farc não será suficiente para resolver o problema da Colômbia. É verdade que o país prosperou economicamente na última década, mas ainda enfrenta uma séria dificuldade: nenhum governo quebrou o sistema de governança que criou os problemas fundamentais do país.

Como funciona esse sistema?

Na Colômbia, há uma forma indireta de governar que foi muito comum durante o período dos impérios europeus. A elite política, moradora de áreas urbanas, delega a administração do interior e das periferias às elites locais, que têm liberdade para governar do jeito que bem entendem. Essa forma de administrar criou o caos — e favoreceu a ilegalidade. Sem mudar essa estrutura, o progresso da Colômbia fica comprometido.

O que o senhor pensa da teoria do economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller O Capital no Século 21, de que a desigualdade aumentou no mundo nos últimos duzentos anos e que, portanto, é necessário mais controle do Estado sobre os mercados?

O livro de Piketty é estúpido e representa tudo o que critico. Ele esquece como a política influencia a economia. Há tanta coisa errada que eu nem sei por onde começar. Pesquisei a realidade de países muito diferentes entre si. Fiz diagnósticos distintos sobre cada um. Mas Piketty põe tudo no mesmo saco. Como posso deixar de lado as diferenças históricas entre América Latina e América do Norte? As instituições latinas são muito menos democráticas que as americanas. E como o capitalismo da Suécia pode ser comparado ao da Colômbia? Você acha que os problemas brasileiros serão resolvidos com mais impostos sobre os negócios dos empresários locais, como ele defende? Entendo esse livro como um projeto político em favor do socialismo, e não como um projeto científico. Nas ciências sociais, testamos hipóteses. Piketty não testou nada.

O senhor afirma que, para se desenvolverem, os países têm de passar por um processo de destruição criativa. O que isso significa?

Para haver progresso político e econômico, é preciso tomar atitudes inovadoras, acolher novas ideias. Isso é destrutivo no sentido de que deixa para trás não apenas tecnologias mas formas ultrapassadas de fazer política também. Cito um exemplo: para dar início à Revolução Industrial, a Inglaterra teve de passar pela Revolução Gloriosa, que tomou seu sistema político mais aberto e barrou um eventual regresso do absolutismo. Isso permitiu o surgimento de um regime baseado em uma Constituição que representava as demandas de um Parlamento plural. Em seguida, vieram as leis de propriedade intelectual, e as barreiras para a expansão do mercado financeiro e da indústria caíram. A expansão industrial surgiu somente nesse contexto. É o tipo de processo que tende a ser muito desestabilizador socialmente — e que muitas vezes emperra na resistência de formas ultrapassadas de poder, caso em que os países não conseguem progredir.

Na sua opinião, até quando os Estados Unidos continuarão a ser a principal potência global?

Até quando conseguirem manter a força de suas instituições. Embora não seja o único, um aspecto muito importante para o protagonismo dos Estados Unidos é a maneira como a sua população absorve pessoas de todas as partes do mundo. As melhores universidades do país estão repletas de estrangeiros, assim como o Vale do Silício. Nos Estados Unidos, a inclusão é muito mais forte do que em qualquer outro lugar do planeta, o que cria vantagens econômicas significativas. Enquanto isso, na Europa, ganham força partidos que defendem a imposição de restrições à imigração.

Por que motivo esses partidos, contrários à União Européia e suas instituições, foram os grandes protagonistas nas últimas eleições?

No caso de países do sul da Europa — Grécia, Espanha e Itália —, creio que estão descobrindo que seu modelo institucional é incompatível com o da União Européia. Eles aderiram a uma fórmula muito diferente da de sua estrutura interna. Esses países do sul estão muito mais próximos do modelo latino-americano. Quanto aos partidos que você citou, a principal bandeira deles está relacionada à xenofobia, e não a um ataque às instituições democráticas. Políticos exploram o nacionalismo para criar coalizões. Esses movimentos costumam ganhar força nos momentos de crise registrados nos ciclos do capitalismo. As instituições europeias são muito robustas para deixar acontecer um colapso institucional. Por isso, a situação atual não me preocupa muito. Será tudo passageiro.

Revista Veja

Industria Automobilística, lobby e IPI

Maior exemplo da política de benefício setorial do governo, a indústria automobilística remeteu às suas matrizes US$ 18,713 bilhões de 2009 – ano em que a renúncia fiscal começou – até maio de 2014. O governo, por outro lado, terá deixado de recolher nesses cinco anos R$ 16,136 bilhões, pelos cálculos da Receita Federal. É como se o gasto do governo estivesse subsidiando a operação das matrizes dessas empresas, as mesmas que ameaçam demitir trabalhadores brasileiros caso o benefício seja encerrado e que representam a contramão da mobilidade sustentável.

A vitória mais recente do lobby automotivo foi celebrada em 30 de junho, quando o governo cedeu às pressões de corte de vagas ao anunciar a extensão do IPI reduzido para os carros novos por mais seis meses. Os veículos 1.0, por exemplo, recolhem apenas 3%, menos da metade dos 7% do tributo cheio. Apenas nos primeiros seis meses de 2014, a renúncia gerou um custo de R$ 2,185 bilhões para as contas públicas. 

Na estréia do programa, em 2009, o IPI reduzido custou ao governo R$ 4 bilhões. Naquele mesmo ano, a indústria automobilística aproveitou para enviar ao exterior US$ 2,727 bilhões (o equivalente a R$ 4,75 bilhões no fechamento do dólar em 2009). O maior volume remetido às sedes no período de vigência dos benefícios fiscais ocorreu em 2011: foram US$ 5,581 bilhões.

O programa, com o intuito de salvar empregos no Brasil, foi muito útil às grandes empresas estrangeiras no período em que o setor sofreu com a crise financeira mundial de 2008. Preocupados com o futuro, proprietários de veículos decidiram suspender os planos de trocar seu veículos por um novo. Uma escolha ambientalmente sustentável, inclusive.  

Pela cotação do dólar nesta quinta-feira, as empresas automobilísticas enviaram às matrizes o total de R$ 42,2 bilhões a título de dividendos, desde 2009.

O dado ajuda a questionar alguns mitos usados pelo lobby setorial, como aquele que apontava a fraqueza do mercado doméstico para justificar possíveis demissões de metalúrgicos. Outro argumento em favor da renúncia fiscal era o desenvolvimento tecnológico do parque automobilístico nacional. Reclamação feita de maneira recorrente às montadoras, a defasagem entre os veículos lançados no Brasil e aqueles que circulam nos mercados de origem das fabricantes poderá resolvido com investimento e preços mais acessíveis, qualidades conflitantes com o forte envio de lucros para as matrizes.


Fonte: aqui

Procura-se auditor

A Espanha está procurando José Antonio Diaz Villanueva, o auditor que deu o parecer da empresa Gowex, informou o El País. Durante anos Villanueva certificou positivamente as demonstrações contábeis da Gowex, uma empresa especializada em instalar redes wifi em locais públicos.

O auditor já foi punido com multa e a impossibilidade de exercer a profissão por dois anos. Durante a crise econômica, a Gowex multiplicou por três suas vendas e por cinco seu lucro. Descobriu-se que o lucro correspondia a 10% do divulgado, o principal cliente era a própria empresa e pagava-se um valor irrisório para fazer a auditoria. As ações da empresa eram negociadas em Madri, Paris e Nova Iorque.

Resumo da Copa


Mais uma vítima dos tablets e smartphones

A empresa Mattel anunciou um lucro de 28,3 milhões de dólares no trimestre. No ano passado o lucro foi de 73,3 milhões. A redução no lucro foi motivada pelas vendas menores, incluindo Barbie e Hot Wheels, e redução da margem.

O resultado é reflexo do interesse do público por tablets e smartphones, em lugar de bonecas e brinquedos convencionais. As vendas de Barbie, por exemplo, caíram 15% no mundo, uma redução que já foi registrada em oito dos dez trimestres. A boneca, lançada em 1959, é o brinquedo mais vendido de todos os tempos.

Profissão de Branco

O gráfico a seguir mostra a participação da raça na profissão contábil nos Estados Unidos. De azul, os profissionais brancos, que dominam a profissão por lá. E são também predominantes (mais de 90%) como partner. Em seguida, os descendentes de asiáticos ou do pacífico. Os negros, hispânicos ou nativos são minorias.

E no Brasil? Temos este levantamento?

Listas: Ranking da Fifa

Fonte: Aqui

Do que as pessoas morrem?

Na maioria dos países: coração (incluindo o Brasil); na África, Aids; Bolívia: tuberculose; China: Câncer. Clique na figura para ver melhor.

17 julho 2014

Rir é o melhor remédio

E se os slogans dissessem a verdade?







O Livro favorito de Gates

O bilionário Bill Gates é um apaixonado por leitura. É possível encontrar na rede sua lista de sugestões de livros (aqui, por exemplo). Recentemente Gates escreveu um artigo onde revela o seu livro favorito. E esta revelação possui algumas surpresas:

1 ) É uma livro relativamente antigo, de 1971. Assim, diz pouco sobre a revolução dos computadores que ele ajudou a construir.

2 ) É uma obra sobre negócios. Algumas pessoas gostam de ler sobre assuntos diferentes da sua realidade: um pacato cidadão pode gostar de leituras de aventuras, por exemplo. Mas Gates escolheu uma obra de negócios.

3 ) Não é uma obra muito conhecida. Inclusive o livro está fora de circulação, estando disponível somente a versão para Kindle e outros tablets.

4) Foi uma indicação de Warren Buffet, outro bilionário, no primeiro encontro entre eles (hoje, Gates e Buffet são amigos, apesar da diferença de idade).

O livro chama-se Business Adventures e foi escrito por John Brooks para a revista New Yorker (a exemplo de Malcom Gladwell). São doze histórias, chamadas de “classic tales” no subtítulo. Para quem se interessar, aqui um link para o capítulo da Xerox.

Fonte: Aqui, Aqui  e aqui

Troca-se ágio por cofins

Um dos pontos mais polêmicos na regulamentação do imposto sobre a renda no contexto dos padrões internacionais de contabilidade - a “International Financial Reporting Standards” (IFRS) -, o que veio com a Medida Provisória n° 627, convertida na Lei n° 12.973, de 2014, foi a dedutibilidade do ágio, no caso de aquisição de empresas.

Durante a negociação da Receita Federal com alguns profissionais da iniciativa privada (empresas), a possibilidade de deduzir a mais valia paga na aquisição de participação societária da base de cálculo dos tributos sobre o lucro (IRPJ/CSLL) foi e voltou da minuta de texto legal diversas vezes.

Junto com isso, discutiu-se qual seria o tratamento tributário da hoje chamada compra vantajosa, o que antigamente era conhecido como deságio.

Ao fim e ao cabo, talvez meio a contragosto, a Receita Federal acabou por aceitar a dedutibilidade do ágio, nos termos das atuais normas contábeis (“goodwill”), permitindo a tributação da compra vantajosa de maneira diferida (prorrogada). Dessa forma, o mercado viu assegurado certo incentivo às reestruturações societárias, desde que haja efetiva aquisição de controle (combinação de negócios), já que foi vedada essa dedução nas operações entre empresas dependentes, ou, em outras palavras, empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico.

A regulamentação do tratamento tributário do ágio (“goodwill”), portanto, foi bem recebida pelas empresas, pelos executivos, pelos investidores e pelos demais agentes do mercado.

Além de outros dispositivos inseridos na Lei n° 12.973, de 2014, que delimitam a dedutibilidade do ágio, parte da sua consequente redução de tributos foi cobrada agora, na Medida Provisória n° 651, editada, principalmente, para conceder benefícios fiscais visando incentivar a inserção de pequenas e médias empresas no mercado de ações.

O que se vê em uma das alterações trazidas pela MP 651 é que se trocou a dedutibilidade do ágio pela incidência da Cofins. A partir da entrada em vigor dessa medida provisória, a receita relativa à venda de participação societária estará sujeita à incidência de 4%, a título de Cofins.

Apesar dessa “troca”, restou mantido o incentivo para as reestruturações societárias, haja vista que a dedução do ágio (“goodwill”) acontece em 34%, enquanto o valor da venda é gravado em “apenas” 4%. Essa análise, contudo, deve ser mais cautelosa, levando em consideração alguns fatores.

A dedutibilidade do ágio (“goodwill”) é diferida, ou seja, aproveitada como efeito tributário durante alguns anos. Por outro lado, a incidência da Cofins é imediata. 

Além disso, em eventual verificação de prejuízo pela empresa, faria com que a dedução do ágio represente prejuízo fiscal, cuja compensação está limitada a 30% dos lucros futuros. A Cofins permanece de incidência imediata.

Também é preciso considerar que, no caso de compra vantajosa, soma-se à tributação pelo adquirente (novo controlador), ainda que de maneira diferida, a incidência da Cofins sobre o valor recebido pelo vendedor.

Em conclusão, as surpresas tributárias continuam sendo trazidas no processo legislativo por meio de medida provisória, não permitindo que a guarda seja baixada após algumas normas que tragam racionalidade ao sistema tributário brasileiro.

Fonte: aqui

O vencedor da Copa foi

O Quartz fez um levantamento sobre quem foi o vencedor da Copa. A lista é interessante pela falta de consenso. Eis a lista:

Nike (The Motley Fool)
Adidas (Quartz)
Inventors (The Independent)
ESPN, Facebook, and Twitter (CNBC)
Tinder (The Week)
US soccer (New York Times)
Buffalo Wild Wings and BJ’s Restaurants (The Motley Fool)
The BBC and/or ITV (The Guardian)
Social media (Bikini Marketing)
Electronic Arts (The Motley Fool)
Merchandise (Imperial Valley Press)
Six US start-ups (Forbes)

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Banqueiros e Prisão


Na semana passada duas notícias que passaram despercebidas, inclusive por parte deste blog. A primeira é a condenação do banqueiro Carlos Eduardo Schahin, do Banco Schahin a quatro anos de prisão e pagamento de multa por manter valores não declarados no exterior.

A segunda é a condenação à prisão de Calmon de Sá, do Banco Econômico, à sete anos.

Dois pontos para reflexão: (1) trata-se de uma condenação preliminar, mas uma condenação. Seria o fim da impunidade? (2) Enquanto os problemas do Econômico são oriundos de décadas atrás, de Schahin é bastante recente: sinal que a justiça está mais ágil?

Mercado de Trabalho em Contabilidade na Austrália

Uma discussão interessante na Austrália sobre contabilidade, mercado de trabalho e trabalhadores estrangeiros. O gráfico mostra que o número de contadores estrangeiros aumentou substancialmente naquele país. Apesar disto, o governo manteve a profissão como uma “imigração qualificada”. A discussão é se haverá empregos suficientes para todos.
A lista de imigração qualificada é revista anualmente e a posição da contabilidade estará mantida entre 2014 e 2015. A manutenção baseou-se numa estimativa da Deloitte Access Economics para o mercado de trabalho da Austrália até 2025.

Listas: Propaganda por habitante

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16 julho 2014

Rir é o melhor remédio



Essa é do mês passado – oldbutgold - E nao é que a torcida da lavanderia funcionou?

Imagine a seguinte situaçao – a lavanderia promete lavar toda sua roupa de graça caso você traga para lavar também sua camisa da seleçao italiana. Promoçao de Copa do Mundo, sabe como é. O único detalhe é que a lavanderia fica na Alemanha, e resolveu fazer uma pegadinha – na máquina de lavar entra a camisa italiana, mas sai a da seleçao alemã :-D Veja no vídeo acima a reaçao dos clientes quando recebem a camisa errada. A açao faz parte da campanha #schlandification, da rede de lojas Media Markt, que pretende transformar todos os fãs de futebol do mundo em torcedores da Alemanha.

Citigroup paga 7 bilhões por causa da crise financeira

Enquanto as sementes da crise imobiliária que levou os Estados Unidos a uma recessão eram lançadas, um operador do Citigroup Inc.  enviou aos colegas um alerta por e-mail sobre a má qualidade das hipotecas que o banco estava incluindo num pacote de derivativos para vender a investidores.
"Devemos começar a orar", escreveu o operador no e-mail.
Ontem, o banco concordou em pagar US$ 7 bilhões, incluindo uma multa civil de US$ 4 bilhões ao Departamento de Justiça do país, US$ 500 milhões para a seguradora estatal de depósitos bancários Federal Deposit Insurance Corp. e vários Estados, e US$ 2,5 bilhões que irão para um fundo de "ajuda ao consumidor", para encerrar um processo aberto pelo governo americano, no qual o banco era acusado de ter conscientemente vendido títulos lastreados em hipotecas de má qualidade antes da crise.
O acordo não absolve o Citigroup ou seus funcionários de enfrentar possíveis acusações criminais, disse o procurador-geral Eric Holder. Ele não quis dizer se o governo estava estudando um processo criminal.
Em documentos judiciais, o Citigroup admitiu ter cometido muitas das irregularidades, incluindo um padrão de ignorar várias vezes as advertências tanto de dentro quanto de fora da empresa de que muitos dos empréstimos que estavam sendo securitizados tinham problemas sérios e de esconder essa informação dos investidores.
Holder disse que o banco vendeu títulos lastreados em hipotecas com "defeitos materiais" e descreveu a conduta do Citigroup como "escandalosa", dizendo que ela ajudou a alastrar a crise financeira de 2008.
"As atividades do banco contribuíram fortemente para a crise financeira que assolou a nossa economia em 2008", disse Holder. "Em conjunto, acreditamos que o tamanho e o escopo desta resolução vai além do que poderia ser considerado o mero custo de fazer negócios."
Em várias ocasiões, os empregados do banco sabiam que porcentagens significativas dos empréstimos hipotecários sob sua análise tinham problemas. "É espantoso que alguns desses empréstimos tenham sido realmente fechados", dizia o operador no e-mail interno.
O Departamento de Justiça informou que, quando uma empresa independente de avaliação de crédito concluiu que muitas das hipotecas que foram classificadas como de baixa qualidade por não incluir documentos importantes ou terem sido dadas a mutuários com histórico de crédito ruim, o banco optou muitas vezes por não rejeitar os empréstimos. Em vez disso, o Citigroup se esforçou em mascarar o problema, reclassificando os empréstimos como de melhor qualidade e enganando os investidores, informou o Departamento de Justiça.
"Os empregados do Citigroup frequentemente pediam pessoalmente para que as firmas encarregadas de avaliar os empréstimos alterassem sua classificação de rejeitado para aceito", disse o procurador de Justiça do Colorado, John Walsh.
Ao todo, o Departamento de Justiça descobriu 45 acordos de securitização de hipotecas em 2006 e 2007 em que o banco fez afirmações deturpadas sobre a qualidade dos empréstimos garantidores, disse Loretta Lynch, procuradora geral de Brooklyn.
"Nossas equipes concluíram que a má conduta nos acordos do Citigroup devastaram o país e a economia mundial, afetando todos", disse Lynch, lembrando que entre os investidores prejudicados estão fundos de pensão públicos, Estados, municípios, instituições de caridade religiosas e hospitais.
"Acreditamos que esse acordo é do máximo interesse para nossos acionistas, e nos permite seguir em frente e focar no futuro, não no passado", disse o diretor-presidente do Citigroup, Michael Corbat, em um comunicado.
Em uma coletiva com repórteres, o diretor financeiro do Citigroup, John Gerspach, não quis comentar se o banco pediu para ser liberado de qualquer potencial acusação criminal como parte do acordo.
A multa ao Citigroup é a medida mais recente ligada às investigações do Departamento de Justiça sobre o comportamento dos bancos antes da crise financeira e a venda de títulos lastreados em hipotecas residenciais.
O Bank of America  Corp está em negociações para pagar pelo menos US$ 12 bilhões para resolver acusações similares, embora o banco e o governo permaneçam com bilhões de dólares de diferença nas argumentações, de acordo com pessoas a par com as negociações. O banco já pagou U $ 6 bilhões para resolver um processo sobre seus títulos lastreados em hipotecas movido pela Federal Housing Finance Agency, a agência do governo que administra créditos hipotecários. O J.P. Morgan Chase  fechou acordo semelhante por US $ 13 bilhões no ano passado.
Paralelamente, o Citigroup informou que seu lucro do segundo trimestre caiu 96%, já que o banco fez uma provisão de US$ 3,8 bilhões para cobrir despesas ligadas ao acordo. Os resultados foram melhores que as estimativas dos analistas e, no fechamento do pregão ontem, as ações do Citigroup subiram 3,3% para US$ 48,49.
No trimestre, o Citigroup registrou um lucro de US$ 181 milhões, comparado com um lucro de US$ 4,18 bilhões no mesmo período do ano anterior.
O acordo pendente e outros problemas legais têm dado dor de cabeça para o banco. A multa do Citigroup, diferente de um acordo parecido fechado entre o Departamento de Justiça e o J.P. Morgan Chase & Co. em novembro, o libera de processos potenciais ligados aos CDOs, obrigações garantidas por outros títulos e valores, não apenas aos títulos hipotecários. O acordo cobre títulos lastreados em hipotecas residenciais e CDOs emitidos às vésperas da crise financeira, de 2003 a 2008.
O banco "agora resolveu substancialmente todo o legado litigioso de hipotecas residenciais e CDO", disse Corbat.
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Ainda assim, o Citigroup enfrenta uma ampla investigação sobre se a sua subsidiária mexicana Banamex fez o suficiente para impedir operações suspeitas de lavagem de dinheiro ao longo da fronteira entre os EUA e o México. Além disso, o Banamex também está envolvido em uma suposta fraude contábil. Além desses problemas, o Citigroup não passou no teste de estresse do Federal Reserve, o banco central americano, que alertou que o banco precisa melhorar seus sistemas de gestão de risco.
O acordo de US$ 7 bilhões do Citigroup foi fechado depois de uma longa negociação. O banco ofereceu em maio o pagamento de US$ 363 milhões à vista e mais para assistência ao consumidor. O Departamento de Justiça fez uma contraproposta de US$ 12 bilhões, incluindo a assistência ao consumidor. As negociações foram consideradas como um ponto alto tanto para Corbat, que foi nomeado para o cargo em 2012 com a missão de melhorar as relações do Citgroup com o governo, quanto para Holder, que tem enfrentado críticas do Congresso de que o Departamento de Justiça tem sido muito suave em relação aos bancos.

Fonte: aqui

Resenha: Português e Gramática

Uma das minhas citações preferidas é de William Faulkner: “Leia, leia, leia. Leia tudo – lixo, clássicos, bom e ruim, e veja como eles são feitos. Tal como um marceneiro que trabalha como um aprendiz e estuda o mestre. Leia! Você absorverá isso. E depois escreva. Se for bom, você descobrirá. Senão, jogue tudo pela janela".

Estamos sendo escrevendo. Seja um e-mail no trabalho, ou o trabalho de conclusão de curso então bons livros didáticos são fundamentais. A gente sabe que para escrever bem é necessário ler um bocado. Também é necessário revisar e relembrar regras gramaticais para que aprimorarmos a nossa produção.

Hoje vamos resenhar três materiais utilizados por estudantes (de acordo com uma pesquisa superficial que realizamos no Instaram).

A gramática moderna da língua portuguesa de Evanildo Bechara dispensa resenhas. É uma das mais indicadas para quem quer alcançar maestria. Já publicamos uma entrevista com o autor aqui no blog e quem leu percebeu o entusiasmo dele com a nossa língua pátria. É um pouco avançada então pode assustar inicialmente, mas quem domar esta fera se encontrará riqueza informacional.

Há também a gramática organizada por Pedro Lenza (da coleção ‘Esquematizado’) e a Gramática para Concursos do Marcelo Rosenthal. [Deram um sumiço!!!] Essas são uma mistura de gramática com exercícios que caíram em provas de concursos públicos. A parte gramatical, todavia, é tratada de uma forma que considerei sucinta. Muitas vezes senti falta de mais informações.

O livro de Bechara é fantástico e aprofundado, porém, para estudar de forma consistente, sugeriríamos um livro de exercícios ou de questões comentadas. Não gostamos muito do material do Rosenthal. É o mais leviano dos três (mas vem com alguns exercícios). O Português Esquematizado peca pela superficialidade em alguns assuntos importantes, mas, conforme a linha de publicação insinua, é realmente mais voltado para concursos. Há um capítulo dedicado à Redação Oficial e questões de bancas diversas.

Vale a Pena? Vale, dependendo do quanto você quer gastar e do seu propósito. Indicamos, preferencialmente, a moderna gramática portuguesa. Se você estuda para concursos e só quer se ater ao que cai em sue edital, recomentamos o Esquematizado. 

O que você acha do seu material de língua portuguesa? Estamos com mais livros que resenharemos com foco nos estudantes concursandos. Ainda falaremos sobre livros de exercícios posteriormente, mas por hoje é só.

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Fundo de pensão dos Estados

Mais de dez anos depois da última reforma da previdência que criou o regime de previdência complementar para funcionários públicos, apenas os maiores Estados do país conseguiram criar seus fundos de pensão. Neles, a adesão dos novos servidores têm sido alta. O mesmo, porém, não ocorre com a fundação da União, a Funpresp, que enfrenta resistência de alguns segmentos.
Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além do governo federal, já têm, cada um, seu fundo de pensão em atividade. Minas Gerais está montando a sua fundação, que deve estar em funcionamento até outubro.
Outros cinco Estados – Bahia, Rio Grande do Norte, Goiás, Paraná e Santa Catarina – estudam adotar a previdência complementar para seus funcionários, mas a expectativa é que as decisões fiquem para 2015, após as eleições. Por depender de vontade política, a criação de fundações estaduais ou municipais fica, a cada dois anos, em compasso de espera pelas respectivas mudanças de governos.
Os Estados do Ceará, Pernambuco e Rondônia já aprovaram em suas assembleias legislativas o regime de previdência complementar, mas não têm escala para criar fundos de pensão exclusivos e aguardam a criação do Prevfederação, um fundo multipatrocinado, para abrir seus planos. O Ministério da Previdência está em negociação com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil para a criação desses fundos para abrigar a previdência de servidores.
Segundo Jaime Mariz de Faria Júnior, secretário de Políticas de Previdência Complementar do Ministério da Previdência, os fundos de pensão dos servidores são uma das prioridades da pasta, que tem participado de fóruns estaduais e municipais para mostrar a necessidade da reforma da previdência, que tem grande déficit.
Em 2003, o governo federal promoveu uma reforma na previdência em que deu à administração pública a opção de criar fundos de pensão para os servidores, que até então ganhavam aposentadoria integral no sistema de repartição simples, ou seja, as contribuições previdenciárias dos funcionários na ativa pagavam os benefícios dos aposentados. Para esse sistema funcionar "no azul", a proporção seria de quatro servidores na ativa para um aposentado. Como a proporção é praticamente de um para um, ao longo dos anos a previdência do funcionalismo público se mostrou deficitária e estima-se que o saldo negativo está hoje na casa de R$ 3 trilhões nas três esferas: federal, estadual e municipal.
O ente federativo que optar pela previdência complementar estabelece uma data de corte e, a partir dela, paga aposentadorias até o teto do INSS (R$ 4.390,24) quando o servidor deixar de trabalhar. Enquanto está na ativa, tanto o Estado quanto o empregado contribuem para o fundo de pensão. Nada muda para os servidores antigos.
São Paulo foi o primeiro Estado a criar um fundo de pensão para seus funcionários. A SP-Prevcom começou a funcionar em março de 2013 e, em pouco mais de um ano, já tem 14,5 mil participantes, com patrimônio de quase R$ 100 milhões. Carlos Henrique Flory, diretor-presidente da SP-Prevcom, estima que até o fim do ano que vem o fundo possa atingir um patrimônio de R$ 500 milhões. Isso porque, segundo ele, ainda falta a adesão de muitos servidores de poderes com altos salários. A projeção é que nos próximos 15 anos o Estado contrate cerca de 200 mil servidores que ganhem acima do teto. Se todos aderirem ao plano, a estimativa é que o fundo atinja R$ 16 bilhões perto de 2030.
Na RJPrev, regime fluminense que começou a funcionar em outubro, a adesão tem sido de 75% dos novos servidores. Halan Morais, diretor-presidente da fundação do Rio, diz que dos 160 mil servidores do Estado apenas 30% ganham acima do teto. "Vou ter que esperar a rotatividade e a entrada de novos servidores", diz. A RJPrev tem atualmente 500 participantes. A projeção é que o fundo tenha R$ 3 bilhões de ativos dentro de 20 anos, sem contar as adesões facultativas daqueles que ganham abaixo do teto e que têm a opção de aderir ao plano complementar.
Para garantir a adesão de novos servidores, o Espírito Santo incluiu na lei que criou o regime complementar do Estado a obrigação que, para tomar posse, os novos servidores têm que visitar a fundação Preves e optar ou não pelo plano, conta Alexandre Wernersbach Neves, diretor-presidente da Preves. Nos outros Estados, normalmente o servidor faz a opção pelo plano no RH do poder em que trabalha.
A Funpresp, fundo da União que começou a funcionar em fevereiro de 2013, tem tido mais dificuldade, não só pela questão geográfica, mas também pela resistência de adesão dos professores. "Houve uma mudança total de paradigma na aposentadoria do servidor e isso demanda tempo para ser absorvido e compreendido", diz Ricardo Pena, diretor-presidente da Funpresp. A fundação tem 4 mil participantes, dos 19 mil novos servidores elegíveis a aderir ao plano de previdência complementar.

IFRS não será adotada no médio prazo nos EUA, afirma Fitch

Segundo um relatório da Fitch, a adoção plena das normas internacionais de contabilidade (as IFRS) pelos Estados Unidos é improvável  de ocorrer no médio prazo. Esta conclusão baseou-se nas recentes divergências entre os reguladores. Existem três projetos comuns Fasb/Iasb pendentes: instrumentos financeiros, seguros e arrendamentos. A proposta de seguros, por exemplo, tem sido questionada por reduzir o número de empregos na área nos Estados Unidos.

A análise da Fitch considera este cenário mesmo com a recente aprovação do reconhecimento da receita, uma norma conjunta que será adotada pelos reguladores.

PwC pode ser multada

A empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) pode sofrer um processo de 1 bilhão de dólar por prestar assessoria contábil ruim para a MF Global Holdings Ltd em 2011, informou a Reuters.

A discussão sobre o caso assume um interesse especial dos auditores por talvez modificar o papel dos auditores nos problemas financeiros de uma empresa. O caso ainda irá levar anos para ser finalizado. Aqui  e aqui uma explicação sobre o caso.

EY é multada

A empresa de auditoria Ernst Young (agora EY) aceitou pagar 4 milhões de dólares para a SEC, a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos. O motivo do pagamento foi a acusação da empresa em violar regra de independência da atividade de auditoria, ao fazer também lobby para seus clientes.

Segundo um diretor da SEC, em declaração ao New York Times, a independência do auditor é fundamental para o processo de informação financeira. Ao defender seu cliente, a independência estaria comprometida. A atividade de lobby ocorreu entre 2000 e 2009.

A investigação e punição decorreram de um artigo da Reuters de 2012 e foi notícia neste blog (e um dos destaques do ano). A empresa aceitou pagar o que recebeu na atividade, além de juros e multa.

Neste tipo de acordo, a empresa não precisa admitir culpa. Mas a EY afirmou, através de um porta-voz, que a independência do auditor é importante e que tenta assegurar que os serviços estejam de acordo com as regras da SEC e do PCAOB.

Listas: Os melhores trabalhos para novos graduados

Entre os melhores empregos, auditor em oitavo.
Fonte: Aqui