Translate

Mostrando postagens com marcador perfil do contador. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador perfil do contador. Mostrar todas as postagens

27 julho 2014

Entrevista: Izalci Lucas Ferreira

Um dia eu estava em um congresso ou encontro, não me lembro bem, e vi que alguém que admiro  era presidente do Sindicato dos Contadores de Brasília – e eu nem sabia. O tio Izalci é uma pessoa a mim muito querida e que influenciou a minha escolha pela nossa linda carreira e Ciência. Então vamos lá!? Ele é o nosso entrevistado deste domingo.

Izalci Lucas Ferreira nasceu em Araújos, interior de Minas Gerais. Veio com seus pais para Brasília em 1970 e aqui constituiu família e toda a base para sua carreira. Ele é contador, mas é também deputado federal e ex-juiz do trabalho. Mas, acima de tudo, contador! ;)

Blog_CF: Izalci, o que te inspirou a cursar contabilidade?
A contabilidade é uma Ciência bonita e a acho simplesmente essencial. Na época em que estudava, fazia o curso em uma universidade particular que era a única com curso noturno, pois eu tinha que trabalhar durante o dia. Mesmo assim eu tive que aderir o Programa de rédito Educativo. A paixão pelo curso só crescia. Fiz bons amigos ali e ainda procuro me manter tão conectado quanto posso. Sou sócio de uma empresa de contabilidade, além de atualmente estar na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobrás. É indispensável que profissionais contabilistas estejam envolvidos em processos assim, pois possuímos um saber notório para avaliar casos como esse. Tenho orgulho em ser um contador no parlamento. Eu não imaginava o que me traria a vida de contador, mas me inspirei simplesmente em ser um bom profissional, um bom contador.

Blog_CF: Fico mesmo feliz por termos um contador nos representando! Mas você defende principalmente a educação e é conhecido como professor Izalci. Como você concilia a paixão pela educação e pela contabilidade?
Acredito que ser chamado de "professor" é uma das maiores honras. Defendo que a educação é a base para tudo, nós sabemos disso, e o professor é fundamental para isso. Tive excelentes professores e me dediquei ao máximo. Eu trabalhava durante o dia, estudava a noite e aderi ao crédito educativo. Assim consegui estudar e me formar, cuidando da minha família. Mas, por exemplo, se havia vaga em salas de aula de escolas particulares, complementar com alunos bolsistas não aumentaria o custo marginal da empresa, então por que não o fazer? Eu não era político, mas pensando nessas vagas e em alunos sem oportunidades, comecei a trabalhar com uma forma que organizava essa interação: alunos conseguiam as vagas sobressalentes nas escolas particulares. Apenas uma medida temporária, já que devemos mesmo é cuidar da educação desde a infância e lutar pelo ensino público de qualidade. Essa é uma verdadeira paixão, ver um Brasil com mais oportunidade, mais justiça e igualdade, e a contabilidade me auxilia a atingir essa meta. Por isso acabei entrando na política, após essa experiência com a “realocação” de alunos. E, ainda, quem tem conhecimentos contábeis tem uma visão diferenciada e estratégica. O simples fato de saber a diferença entre custo, investimento e despesa me põe a frente em debates e decisões políticas. Mas isso é algo básico que tento ensinar a todos. Acho que se todos os parlamentares tivessem as noções básicas que temos facilitaria muita coisa.

Blog_CF: Ano passado foi considerado o “Ano da Contabilidade no Brasil”. Quais impactos causados por esse trabalho do Conselho Federal de Contabilidade?
O principal impacto foi o aumento da visibilidade do setor. Talvez os próprios contadores não tenham percebido, pois esse é o nosso mundo, estamos sempre com assuntos relacionados a isso ao nosso redor. Todavia, a percepção do público geral melhorou em relação a profissão, o que é fundamental para o contínuo desenvolvimento e amadurecimento desta área no Brasil. Ano passado tentamos focar ainda mais as lutas e o caminho percorrido pela contabilidade, a importância do setor no desenvolvimento das empresas e, principalmente, o papel do contador nas organizações, sejam elas públicas ou privadas. Não somos apenas “preenchedores” de declarações de imposto de renda ou outras burocracias. Claro que também fazemos isso (especialmente para a nossa família e na véspera do prazo!), mas estamos em uma posição que nos permite sermos analíticos e o diferencial no sucesso ou fracasso de uma empresa.

Blog_CF: Em Brasília você concorda com a visão de que o melhor caminho que um contador pode seguir é o serviço público? Que outras opções você observa para quem está adentrando o mercado de trabalho?
Tanto na área pública, quanto na área privada, as possibilidades são muitas para os contadores. Basta que não se apeguem a estereótipos, algo eu acredito que vem sendo gradualmente modificado no Brasil. A contabilidade brasileira do setor privado avançou muito, a contabilidade pública não tem recebido a devida atenção, ou valorização. Atualmente estamos lutando na Câmara pela reestruturação da carreira no setor público. Com isso, aumentamos as opções para quem está entrando no mercado de trabalho. Mas acredito que saber que segmento seguir necessita de diversas informações e o perfil de cada um é o que mais pesa ao se considerar a iniciativa pública ou a privada.

Blog_CF: Agora vamos solicitar um conselho. O que dizer aos jovens que estão iniciando o curso Ciências Contábeis?
Invistam na formação profissional para entrar no mercado de trabalho com qualificação. Estudem inglês, leiam livros (não apenas clássicos, leiam de tudo) e saibam escrever e discursar bem. Creio que esse é o diferencial e é o que buscamos ao contratar alguém. Tenha paixão pelo que faz e as coisas acontecerão naturalmente.

Quer fazer mais pergunta? Escreva nos comentários. 
Caso queira contato direto, o deputado Izalci pode ser encontrado no endereço abaixo:
Praça dos Três Poderes - Câmara dos Deputados
Gabinete: 284 - Anexo: III
CEP: 70160-900 - Brasília – DF
Fones: (61) 3215-1284
e-mail:izalci@izalci.com.br

20 julho 2014

Entrevista: Vladmir Ferreira Almeida

Vladmir Ferreira Almeida é contador, blogueiro e adora música. Uma de suas paixões é o violão clássico. Ele é o entrevistado deste belo domingo. Agradecemos a companhia Vladmir! *.*

Blog_CF: Vladmir, com quantos anos você começou a tocar violão clássico? Você estudava teoria musical também?
Bom na verdade eu comecei a tocar violão já tarde, aprendendo sozinho, observando alguns amigos. Eu estava com 16 ou 17 anos. Depois de algum tempo entrei na escola de música e passei dois anos estudando teoria musical e iniciação ao violão clássico. Não cheguei a completar o curso porque eu tive que trabalhar, não era possível conciliar. Até hoje guardo alguns livros de teoria musical (Bohumil Med, Ian Guest, Paul Hindemith, entre outros).

Blog_CF: Esperamos que logo você consiga voltar! Como essa paixão surgiu e como ela influenciou a sua personalidade?
Meus pais sempre gostaram de ouvir música popular brasileira e música internacional. Quando eu era criança, no Rio de Janeiro, ouvia muito Djavan, Benito di Paula, Nat King Cole, Clara Nunes, Luiz Gonzaga... Com o tempo, já na adolescência, começou a despertar o meu interesse pelo Rock, principalmente pelos clássicos como: Jimi Hendrix, Pink Floyd, Deep Purple, Led Zeppelin, etc. Após a viagem de mudança para a cidade de São Luis (MA) conheci um rapaz que já tocava violão e nos finais de semana a gente se reunia para curtir algumas músicas. Em certo momento eu pedi o violão dele emprestado. Ele me perguntou se eu sabia tocar e eu disse que não, mas ia aprender. Depois de duas semanas, lendo algumas revistas com canções cifradas, já tocava algumas notas – mesmo com violão desafinado. Foi assim que aprendi: observando e lendo, como comentei anteriormente. Dois anos depois entrei na escola de música. Aprendi teoria musical, solfejo e ritmo. Acabei conhecendo outros grandes músicos como: Egberto Gismonti, Paco de Lucia, Hermeto Pascoal, Kazuhito Yamashita, Fabio Zanon, Hélio Delmiro, Charlie Haden, Witold Lutoslawski, J. S. Bach, Chopin, Vivaldi, Tchaikovsky, Heitor Villa Lobos, Turíbio Santos, Rafael Rabelo, Nana Vasconcelos,... , juntamente com vários outros. Ainda cheguei a trabalhar tocando em alguns bares e até mesmo em algumas bandas, mas foi por pouco tempo. Uma coisa que a música ensina muito bem é a dedicação pelo que você faz. A procura pela “perfeição” na execução de cada nota, e mesmo nos estudos com partitura, é uma coisa fantástica.

Blog_CF: Como a sua vida na contabilidade se iniciou e como você vê a disciplina que tinha ao estudar música ter te ajudado como aluno em outras áreas?
Eu sempre gostei de números e comecei a trabalhar cedo – até para ajudar nas despesas de casa. Meu primeiro trabalho de carteira assinada foi no setor de contabilidade de uma empresa. Foi nesse momento que tive os primeiros contatos com a contabilidade básica - lançamentos contábeis, folha de pagamento, plano de contas, conciliação bancaria, etc. Em seguida tive contato com serviço na área de orçamento, centros de custos e projetos. Após alguns anos de trabalho comecei o meu curso de graduação em contabilidade e logo em seguida a minha especialização. Acho que a disciplina no estudo da música me ajudou na minha compreensão sobre a contabilidade, principalmente no aspecto da concentração.

Blog_CF: O que a contabilidade significa pra você?
Eu acho que significa relação e equilíbrio - não só para as contas e seus valores, mas para vida! Quando você está elaborando um balancete você cria RELAÇÕES entre pontos que, a priori, não são comuns. Como, por exemplo, no pagamento de uma obrigação - há um fornecedor (passivo) e a sua conta corrente (ativo). Dessa relação aparece o equilíbrio (método das partidas dobradas) - lançamentos. A partir do equilíbrio você pode tomar uma decisão de forma mais clara – o balancete. Essa é uma forma simples de demonstrar que objeto de estudo da contabilidade não é só o patrimônio das empresas, mas o maior de todos os patrimônios, a vida!

Blog_CF: Como você se tornou blogueiro e como afeta a sua vida? 
Sempre gostei de compartilhar informações. A forma que eu utilizava para mandar algo novo de contabilidade para os meus amigos, ou algum outro assunto importante para qualquer profissional dentro da empresa (comunicação, liderança, relacionamento interpessoal,...), era através de e-mail. Como eu mandava muitos artigos a minha caixa de saída do correio eletrônico ficava muito pesada e eu tinha que apagar boa parte das informações. Foi nesse momento, em 2009, que tive a ideia de criar um blog aonde eu pudesse colocar todas as informações que eu achava importantes e um único lugar aonde todos pudessem ver. Outro ponto fundamental para a elaboração do blog foram os links para acessar algum site importante. Às vezes você não se lembra de algum endereço eletrônico essencial para o seu trabalho ou para alguma pesquisa acadêmica. Com a página centralizei tudo isso.

Blog_CF: Qual é o balanço desses anos como blogueiro?
Após cinco anos de blog as minhas maiores satisfações, como blogueiro, foram:
- O conhecimento adquirido nesse espaço de tempo;
- As novas amizades, principalmente dos meus queridos amigos blogueiros: Isabel Sales, Cesar Tibúrcio (Mohamed), Alexandre Alcântara, Claudia Cruz, Pedro Correia, Orleans Martins, Augusto Cezar, Polyana Silva, Thiago Pena, Vinicius Gomes, Marcelo Paulo, Luiz Felipe, entre outros.

Blog_CF: Que dicas e conselhos você daria a quem pretende começar um blog?
A primeira coisa e gostar muito do assunto que você irá abordar. Ter um blog exige muito dedicação. Periodicamente você tem que acompanhar os assuntos mais relevantes da área;

Outra coisa importante é ser o mais especifico possível. No meu caso, em especial, eu tenho que compartilhar vários assuntos diferentes (Contabilidade, Gestão financeira, Auditoria, Economia, Controladoria e Empreendedorismo) e isso requer um tempo maior para tratar tudo;

Evite textos longos; Utilize outras formas que não sejam apenas textos como, por exemplo, vídeos; Compare seu blog com outros blogs que tratem do mesmo tema; veja o que pode ser comentado, melhorado e aprendido.  E tenha tempo! Blogar exige o empenho de vária horas semanais.


23 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte II

No dia da defesa da dissertação de Ednilto.
Da esquerda para a direita: o membro interno da banca examinadora, Prof. Dr. Rodrigo de Souza Gonçalves seguido pelo membro externo, Prof. Dr. Moisés Ferreira da Cunha; depois o nosso entrevistado, atual professor e mestre, Ednilto Tavares Pereira Júnior; e, à direita, o orientador e professor Dr. César Augusto Tibúrcio Siva.
No outro domingo começamos a conversar com o Ednilto que tem uma história engraçada, interessante e envolvente para contar. Hoje a entrevista no mostra a trajetória dele entre o mestrado e o doutorado.

Blog_CF: Ednilto, você então entrou na 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN com o auxílio de um recurso. Claro que sempre haverá alguém para criticar, mas como foi a reação da sua turma? Como era o relacionamento entre vocês?
Ednilto:
Antes de iniciarmos o curso somos convocados para uma reunião na qual nos explicam mais sobre o programa. A minha aconteceu em dezembro de 2009. Antes mesmo dos professores chegarem expliquei para todos que estavam na sala a minha situação. Havia quem nem notou que a lista final apresentou um nome a mais, devida a empolgação com o curso. Fui sincero desde o início e acredito que fui bem recebido. Ninguém mostrou descontentamento. Na reunião os professores também explicaram, mas já estavam todos cientes então acredito não ter havido nenhum tipo de preconceito.

Como comentei antes, Deus sabe o que faz. Cai em uma turma muito especial da qual me orgulho fazer parte. Superamos tudo juntos, nos apoiamos e, assim, íamos compensando as fraquezas individuais. Isso porque em uma turma há quem seja ótimo em contabilidade societária, mas não sabe sobre custos e gerencial, por exemplo. Havia também a questão do inglês que é essencial para o desenvolvimento de trabalhos, apresentações e seminário. Mas a minha turma se tornou um organismo único e fomos enfrentando a batalha com muito fervor. Hoje considero que tenho irmãos. A intensidade de tudo o que vivemos, nos liga por toda a vida.

Blog_CF: Você terminou bem o mestrado. Não precisou de novos prazos, passou em todas as matérias, foi aprovado na defesa da dissertação. Foi esse sucesso que te motivou a ir além e, assim, buscar o doutorado?
Ednilto:
Com o mestrado eu tive a confirmação que a vida acadêmica não era apenas uma obrigação, ou profissão. Eu encontrei a minha paixão. Não achei que seria sequer aprovado em um mestrado e alcancei o meu sonho. Foi algo natural ir além disso, além dos meus sonhos. Foi assustador pensar em passar por todo o processo de rejeição e preparação novamente, independente de como foi o meu mestrado. Mas fui em frente.

Na primeira vez que tentei, não cheguei a conseguir participar do processo por ter enviado uma cópia não autenticada do meu título de eleitor (era uma exigência). Claro que entrei com o famoso recurso, mas infelizmente não deu certo. Mas novamente eu já estava decidido. Eu queria cursar o doutorado ali, no lugar em que me tornei mestre. Eu criei um vínculo de admiração e vontade de crescer junto com a UnB. Era ali que eu queria então, novamente, aguardei mais um ano e procurei ir melhorando o meu currículo naquele meio tempo. Ainda bem que meu sofrimento não durou muito e fui aprovado no último processo seletivo do Programa. Minhas aulas terão início este ano, em 2014. Agora inicio uma nova jornada, ainda por ser escrita.

Blog_CF: O que é o doutorado para você?
Ednilto: Acho que para alguns o doutorado seja relacionado a obtenção de um título. Não digo que a minha nobreza não fará com que eu não me sinta melhor no dia em que for o Doutor Ednilto! Mas a minha motivação, e aqui vou usar o mesmo discurso que prego aos meus alunos, é ser um professor melhor e, assim, conseguir ajudar mais os meus alunos, impactar vida, colaborar para o conhecimento e formação dos meus discentes da melhor forma que eu puder. Quando fui aprovado, comemorei esse sucesso também com os meus alunos e afirmei “se faço isso não é só por mim, mas também por vocês”. Tenho certeza que não sou um ótimo professor, mas quero ser um dia. Por isso busco a autossuperação. Ser melhor que o meu eu de ontem, ser melhor a cada dia.

Blog_CF: Não vou te perguntar como foi ser reprovado em um processo seletivo porque claramente houve frustração e tristeza. Mas como foi o seu processo para seguir em frente e ser admitido? 

Ednilto: Bom... eu sou meio nerd ...se é que existe essa de meio nerd (ou se é ou não), então vai aqui uma resposta geek. 

Hal Jordan, o segundo lanterna verde, ao ser escolhido sofreu bullying da tropa dos lanternas verdes (para eles os terráqueos são seres inferiores). Aí, em um desses universos da DC Comics [Lanterna Verde – Renascimento], Hal vai enfrentar Parallax, uma entidade cósmica que se alimenta do medo que espalha em todos os seres vivos... em resumo... Hal Jordan luta, vence Parallax e fala algo que me marcou. 

Ter medo não nos faz fracos, pois do medo vem a coragem para sermos fortes. O que isso tem a ver com a pergunta sobre a reprovação? Já fui reprovado no processo seletivo para o mestrado e para o doutorado, entre outras reprovações na vida. Ser reprovado nunca me fez ser fraco, mas sim me deu força e coragem para ser forte. 

A propaganda do sabão Omo já dizia, “não há aprendizado sem manchas”. Risos. Sempre penso nisso, independente do que eu esteja fazendo. Ora, se não deu daquela vez, vamos tentar novamente. Se não der na segunda, haverá uma terceira, e se não der na terceira, teremos uma outra vez para tentar. Ou ganharemos sabedoria e maturidade para enxergar uma outra opção e seguir por ali. Em suma, o que aconteceu não foi em vão. Não foi tempo perdido, mas o tempo necessário.

Como você se comporta frente a derrota é o que fará você ser um eterno perdedor ou um próximo vencedor. Acho que o NÃO sempre me incentivou mais do que o SIM, o “você NÃO consegue”, “isso NÃO é para você”, “você NÃO pode fazer isso”. As pessoas e motivam por milhares de incentivos diferentes e sempre brinco que quando ouço palavras negativas, meu subconsciente ativa que aquilo é um desafio e que desafios são feitos e colocados para que possamos vencê-los. Se não fosse assim, que graça teria a vida?

Blog_CF: A sua história é rica e cheia de exemplos motivacionais. Mas que dica você dá para os que pretendem futuramente cursar o mestrado? E quem já foi recusado em processos seletivos, como motivá-los a continuar tentando?
Ednilto: Dica? Difícil dizer porque "cada caso é um caso". Eu arriscaria dizer que a primeira coisa é "saber". Se você decidir fazer algo, no caso o mestrado, tem que ter certeza ser aquilo o que você realmente quer. (Tem quem faça por não ter outra coisa para fazer naquele momento, por pressão da família, pra melhorar o salário, por n razões distintas). Você está fazendo por você e é o que você sinceramente deseja? Se sim, pronto, sua meta e o seu objetivo foram traçados. Agora é só seguir. Não olhe para os lados e nem para trás. Siga em frente. Confie. Não pare porque obstáculos vão surgir - sempre surgem - mas se você tem em mente o que você quer, não deixe nada ser tão grande a ponto de fazer você desistir. Você vai querer desistir! Mas não desista.

Blog_CF: Você pode compartilhar mais uma das suas histórias de - sim - superação?
Ednilto:
 (rindo) Se você diz que são histórias de superação, tudo bem. Vou contar algo que aconteceu comigo.... Mais risos. 


Para fazer o mestrado saí de um cargo concursado. Foi uma escolha que tive que fazer e assumir, já que eu não tinha como conciliar o aquele trabalho com os estudos. Aquilo foi um golpe dolorido já que parei de receber um salário razoável para virar bolsista da Capes. Agradeço eternamente a oportunidade, mas o valor é vergonhoso, sabe? Eu recebia R$ 1.200,00! Como comprar livros (geralmente internacionais), me sustentar e estudar em paz? Tinha quem falasse que com aquilo dava até para pagar prestação de carro, pode? 

Aproveito para me manifestar: Brasil, governantes, responsáveis: a bolsa não é nada. Né? Pagar isso TUDO para a pessoa ficar por conta dos estudar? 

No meu caso, eu era solteiro e ainda tinha os meus pais para me ajudarem, fico pensando como um pai de família renuncia seu emprego para fazer um mestrado com uma bolsa dessas? 

Acho que a primeira dificuldade que eu tive no mestrado foi a financeira. Muitas vezes eu olhava para os meus colegas do antigo concurso, ou para colegas de universidade, que estavam indo “bem” na vida... e eu ali, ganhando R$ 1.200,00 “só para estudar”. Isso me fazia me perguntar todos os dias o por quê deu estar lá. Não foi fácil. O dinheiro não era a minha motivação, mas a falta dele me abalou. Sempre que eu ficava na dúvida, reforçava comigo "já estou aqui mesmo então não vou desistir". 

A segunda dificuldade é quanto ao conteúdo de cada matéria. Nossa, não teve uma disciplina sequer que eu possa falar que foi “de boa”. Até a disciplina de prática de ensino foi pesada! E olha que envolvia apenas “dar aula” e era dar mesmo, porque era um docente voluntário. Na verdade eu recebia os créditos da disciplina, como todos os demais. Mas eu ia de Goiânia para Brasília, lecionava e voltava para casa. Isso acrescentava um peso emocional que complicou, claro, mas fui em frente. Sempre em frente. 


Quando se tratava da dificuldade nas disciplinas, sempre pude contar com meus amigos. Nunca aquela frase fez tanto sentido “ninguém é tão grande que não possa aprender nem tão pequeno que não possa ensinar”. Lembro-me que meus amigos que me ajudaram a superar muitas dificuldades, inúmeras vezes. Fui para a casa deles estudar, nos encontrávamos na biblioteca.  

A dificuldade é inerente ao processo, #nopain #nogain, mas ninguém disse que precisamos suportar essa “dor” sozinhos, então acho que durante essa batalha (mestrado ou doutorado) umas vezes seremos carregados, outra teremos que carregar, o importante é que nenhum soldado fique só no campo de batalha. Seja compreensivo e companheiro, é a dica que deixo. Isso fez toda a diferença na minha vida.

Blog_CF: Ednilto, agradecemos imensamente a sua participação e te desejamos uma ótima jornada no doutorado. Parabéns!


Ednilto:
Obrigado por me convidarem para essa entrevista, não sei se sou a melhor pessoa para isso, mas espero poder incentivar alguém, mais uma vez obrigado e vamos que vamos que o doutorado nos espera.


Para acessar outras entrevistas, clique aqui.

16 fevereiro 2014

Entrevista: Francisco Félix e o app Controller

O Francisco Felix é contador no Brasil e nos Estados Unidos, possui certificação IFRS pela Association of Chartered Certified Accountants - ACCA, experiência de 6 anos em empresa de auditoria Big Four e mais de 11 anos na área de Controladoria de empresas multinacionais americanas. Ele participou da criação do conteúdo contábil do aplicativo "Controller, CPC - IFRS - USGAAP" que você pode conhecer acessando a Google Play Store.

O Francisco foi super atencioso e nos concedeu uma entrevista para aprendermos um pouco mais sobre a vida de um contador envolvida no mundo dos apps para celulares.

Blog_CF: Como foi participar do primeiro aplicativo de contabilidade disponível para celulares?
Francisco:
O trabalho foi muito gratificante, pois eu tive a sorte de encontrar o parceiro ideal no desenvolvimento deste aplicativo. A empresa Martin.labs me ajudou a equilibrar o aspecto técnico contábil/financeiro com a jogabilidade e interatividade típicos dos games mais populares. Por exemplo, o usuário pode compartilhar o resultado de seus testes com colegas do facebook e ainda participar de um ranking semanal. Alguns headhunters e profissionais de recursos humanos tem se interessado em fazer parte da nossa comunidade no linkedin para a identificação de profissionais que buscam o aprendizado contínuo.

Blog_CF: Qual foi a sua principal dificuldade?
Francisco:
No geral a principal dificuldade foi reduzir o tamanho das perguntas/respostas para os testes se tornarem mais dinâmicos e com uma linguagem mais clara. Do ponto de vista técnico, o tema que tive mais trabalho foi relacionado com o US GAAP e as suas semelhanças e diferenças com o IFRS. Não existe apenas um livro, site ou material específico que indique todas estas diferenças de pronunciamentos contábeis. Para a formulação destas perguntas/respostas foi necessário à tradução de textos em inglês e consultar diferentes fontes de pesquisa. Este trabalho de tradução acabou resultando em outro tema do aplicativo relacionado com os testes de termos técnicos de contabilidade/finanças em inglês.

Blog_CF: Em que você se inspirou para criar os testes?
Francisco:
 A ideia surgiu graças a minha filha de 3 anos. Gostamos muito de brincar de “perguntas e respostas” e assim nasceu à ideia de criar testes de múltipla escolha no estilo "show do milhão”. Eu pensei em um jogo de tabuleiro, software, mas após o contato com o Ricardo Prado da Martin.labs, ele me forneceu uma visão de como funciona um mercado de games e me convidou para iniciar esta parceria através de um app para android. Com a participação dos demais desenvolvedores (Ricardo Kobayashi e Gil Bueno), o aplicativo foi ganhando um novo formato e ideias de temas foram surgindo. O aplicativo possui temas que envolvem contabilidade brasileira, IFRS, US GAAP, impostos, termos técnicos em inglês e assuntos gerais. Através destes testes, o usuário pode conferir o seu nível de atualização e identificar necessidades de estudo. O aplicativo pode economizar o tempo de estudo antes de uma reunião, entrevista, concurso público, prova ou exame do CFC.

Blog_CF: Percebemos que, a cada dia mais, o app vem ganhando popularidade entre os contadores. Como você se sente tendo feito parte de algo tão inovador?
Francisco:
Estou muito feliz com o crescimento da popularidade. Após um mês do lançamento, a versão gratuita do aplicativo ultrapassou 1.000 instalações na Google Play Store. Pretendemos lançar uma versão para iOS e manter o trabalho continuo de atualização do app.

Blog_CF: Francisco, parabéns pelo seu trabalho. Deixamos nossos desejos de sucesso. Obrigado por participar desta entrevista com o blog.
Francisco:
Eu agradeço a oportunidade desta entrevista. O aplicativo foi feito com muito trabalho e respeito que sinto pelos colegas de profissão. Ficarei feliz se alguém for promovido no futuro devido ao conhecimento obtido com o aplicativo.

09 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte I

Todos nós temos sonhos. Poucos têm coragem para conquistá-los. Enquanto alguns culpam o passado, o destino, ou simplesmente se acomodam, outros vão atrás e conseguem o que querem, inspirando tantas outras pessoas a serem mais perseverantes e determinadas. Nós já falamos sobre o Ednilto Pereira Tavares Júnior na postagem “Venha Competir no Programa Multi UnB, UFPB, UFRN”. Isso foi quando ele defendeu a dissertação para completar o mestrado em Ciências Contábeis. Mês que vem nosso protagonista começará as aulas para se tornar doutor em contabilidade e, após persegui-lo incessantemente, conseguimos uma entrevista para o blog. Eu sempre me emociono com as histórias dele. Esse goiano engraçado e brincalhão, quando fala sobre contabilidade, consegue emocionar os mais desatentos e inspirar os mais desnorteados. Que tal invadir um pouco a vida dele conosco!? Vamos lá!

Blog_CF: Ednilto, nos conte um pouco sobre a sua história. Como foi a sua formação em contabilidade? Em que momento você decidiu se tornar professor?
Ednilto:
Minha história com a contabilidade não é algo muito romântico ou amoroso. Não daria um filme ou uma cena de novela. Eu geralmente brinco que fui criado dentro de um escritório de contabilidade, pois meu pai era técnico. No ano em que nasci ele conquistou o título de bacharel. Então comecei desde muito cedo trabalhar no escritório, junto a meu pai. Lembro-me que eu fazia diversos serviços de “badeco”, como preencher folhas e cartões de ponto, datilografia (essa geração atual não acredita que já se fazia uma ela contabilidade antes de existirem os computadores).

Com o passar do tempo fui conhecendo o que era realmente a contabilidade e as obrigações acessórias do contador. Dizem que filho de peixe, peixinho é, então comecei a ver a contabilidade como sendo aquilo que eu deveria fazer, como se fosse continuar o legado do meu pai. Foi simplesmente por esse motivo que decidi que cursaria ciências contábeis.

Agora a parte engraçada começa: eu sabia exatamente que curso fazer, mas a maior certeza era que eu não queria ser o tradicional contador. Parece incoerente, não? Alguém decide cursar contabilidade e não quer ser contador. Sei que, especialmente os com pouco contato com as ciências contábeis, devem me achar louco ou desajustado. Ou ainda alguém com problemas psicológicos e uma necessidade incalculável de agradar o pai. Risos.

Mas vejam só... No primeiro dia de aula da graduação – lembro-me como se fosse hoje – o professor Ricardo Borges de Rezende (que futuramente se tornaria mestre pelo mesmo programa que eu) perguntou o que cada aluno desejaria ser. Como sempre, havia o grupo dos contadores, dos auditores, dos aficionado por concursos e carreiras públicas, e eu. Não, eu não estava “sem grupo”, apesar de ter parecido naquele momento. Eu entrei na quota dos sonhadores: ser professor. Naquele tempo eu não sabia ao certo porque afirmei querer ser professor. Talvez fosse algo mais forte que eu se manifestando ali. Mas então respondi, e fui o único.

Blog_CF: Foi ali que você decidiu que faria, também, o mestrado?
Ednilto: Depois daquilo, depois de entender e aceitar o meu destino, comecei a traçar minha meta de vida: terminar a graduação, cursar uma especialização e, dali, começar a lecionar. Talvez, com alguns anos de experiência, cursar o mestrado. Já pensou? Mestre Ednilto. O detalhe é: sempre achei o mestrado ser algo inatingível. Pensava assim porque sempre ouvia as pessoas dizerem que aquilo não era para mim (então o que era para mim?).

Fiz lá a minha graduação e no último ano um professor me incentivou a prestar o processo seletivo para o mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esse professor, naquela época, também prestaria o mesmo processo seletivo. Devo muito a ele, o hoje professor da Universidade Federal de Goiás e mestre Ednei Morais Pereira.

Lá fui eu atrás das informações para a turma que começaria em 2009. O teste Anpad dava pontos a mais, então o fiz. Passei na prova aplicada pelo Programa Multi e não fui eliminado. Meu desempenho na prova de inglês foi sofrível! Mas a minha história ainda não havia acabado. Fui para a fase seguinte que consistia em uma entrevista que também envolvia análise de currículo. Esse foi um momento marcante de tão duro. Foi então que percebi claramente como eu era fraco. Obviamente eu reprovei, mas ao relembrar, a minha reação natural é rir.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas, na verdade, Ele escreve certo em linhas certíssimas. Somos nós os analfabetos que não conseguem ler.

A decisão então ficou marcada na minha alma. Eu faria o mestrado. Alguém acreditou em mim e eu passei a acreditar também. A partir dali comecei a me preparar para o processo seletivo que ocorreria no ano seguinte, para a turma de 2010, a 19ª. Preparei-me durante todo aquele ano, me submeti a situações não muito comuns para sobreviver e, ao mesmo tempo, me aperfeiçoar. Fiz o meu dia parecer ter mais que 24h. Foi um ano difícil e demorado, até que o momento para o qual vinha me organizando chegou.

Lá estava eu, mais uma vez participando do processo do Programa Multi. Fui sendo aprovado, novamente até a bendita entrevista. Não foi simples. Contar histórias não é fácil, relembrar o passado e encontrar as palavras certas para exprimir os nossos sentimentos é algo complicado e provavelmente infiel. É impossível repassar nesta entrevista tudo o que senti desde o dia que decidi me tornar professor até ali, naquele momento. Pessoas na mesma situação não sentem a mesma coisa, o ser humano é complexo e as emoções são tantas que não há palavras o suficiente para expressá-las.

Ali, em 2009, fui novamente reprovado. Você pensou que esta seria uma história de superação? Mas na verdade não foi bem assim. Não a meu ver. O resultado divulgado pela coordenação me considerava reprovado. O detalhe? Descobri que eu havia ficado em décimo segundo lugar. Originalmente havia 12 vagas para aquele ano, mas eu não alcancei a nota mínima. Por pouco. Mas não a alcancei.

Blog_CF: Eu sei o fim da história, nossos leitores também. Mas faltam peças no meio para que a figura se torne visível. O que aconteceu depois dali?

Ednilto: Bom, o que aconteceu é fácil de se explicar, mas intenso de se viver. Sei que o normal seria sentar e chorar. Depois enxugar as lágrimas e partir para outra ou me preparar por mais um ano. Porém, resolvi conversar com a comissão de seleção. Moro em Goiânia, mas parti imediatamente para Brasília. Decidido. Obstinado. A conversa, que durou menos que 30 minutos, não resolveu nada. Falaram-me: entre com um recurso formal. Claro que fui embora, novamente no trajeto Brasília-Goiânia, chateado e derrotista. Todavia, ao chegar a minha casa segui o conselho e fui pesquisar para entrar com o tal recurso. No máximo eu receberia um “não”. Outro para a coleção.

Li e reli o edital, escrevi o recurso, entreguei a Deus (e à Comissão) e fiquei com o coração na mão. Não tive que procurar meu nome na lista. Ligaram-me – me ligaram! – e falaram: você foi aprovado. Quem do programa já recebeu uma ligação para informar a aprovação? Só eu. Acho que sou especial. Risos. 

Claro que algumas pessoas me criticaram por aquilo, como se não houvesse mérito. Farão isso com você. Não é fácil ir atrás dos sonhos. O fácil é desistir. Desistir depois de uma ou duas recusas. Desistir depois que o seu coração é partido. Desistir porque as pessoas acharão algo ruim e te julgarão. Mas eu fui em frente e hoje sou mestre. Cresci e aprendi muito. Conheci pessoas incríveis que acrescentaram à minha vida e sei que acrescentei às delas. Não tenho palavras para exprimir como vale a pena lutar pelos seus sonhos. Lutar de verdade! Com a sua alma, com garra. As recusas não são pessoais. Elas fazem parte do processo.

Blog_CF: Ednilto, sei que ainda há muito nessa história e deixaremos para o próximo domingo. Agradecemos imensamente o seu tempo e as suas palavras.

O Ednilto pediu desculpas pelas respostas longas, mas é totalmente desnecessário já que a história de vida dele é enriquecedora. E eu adoro iografias. *.* Nos vemos domingo que vem para saber a trajetória dele como professor e como ele chegou ao doutorado!

[... continua]

Para acessar as entrevistas anteriores, clique aqui.

02 fevereiro 2014

Entrevista: Glauber de Castro Barbosa

O Glauber Barbosa é mestre em contabilidade pela Universidade de Brasília. Enquanto concedia a entrevista o famoso SIAFI resolveu nos boicotar e atrapalhar um pouco, mas mesmo assim conseguimos um bate papo interessante e construtivo.

Blog_CF: Glauber, por onde você anda? Há tempos não o vemos aqui pelo blog.
Glauber: Pois é. Leio o blog todos os dias, mas não tenho tido tempo de contribuir como antes. Atualmente trabalho na Setorial Contábil do Ministério de Educação  – MEC. Aqui somos responsáveis por dar suporte contábil a todas as unidades vinculadas ao Ministério, bem como dar conformidade contábil às operações feitas no Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI, o que possibilita a extração das demonstrações. O início do ano é uma época complicada para os contadores não só na área privada, mas também na pública. Além das atividades que mencionei, também há a análise das demonstrações, mas isso ainda está engatinhando. Aqui a gente respira contabilidade, contudo, indiretamente, pois tudo é feito por meio de sistema (o SIAFI no nosso caso).

Blog_CF: “Respiram contabilidade”. Muito inspirador! Isso quer dizer que vocês também já aderiram as novas normas? Elas já te afetam?
Glauber: Começaram a afetar. Como uma das atividades é dar suporte contábil, nos baseamos sempre nas novas normas (no que já é possível do ponto de vista de sistema). Nessa linha, como o novo plano de contas vai ser implantado em 2015, estamos nos preparando para capacitar todas as unidades. Para isso constantemente participo de seminários, congressos e oficinas ligadas a área pública. A maioria ministrada pela Escola de Administração Fazendária – ESAF.

O mestrado foi essencial para me ajudar a desenvolver a parte de orientação (orientar as unidades), inclusive sou o professor da coordenação. Tenho a missão de ministrar cursos sobre as novidades da área. Outro aspecto que ajudou muito foi na elaboração de manuais, pois que faz um mestrado é treinado a escrever. Isso sem contar as inúmeras outros benefícios que o mestrado traz como o costume de estudar e aprender sempre mais, a vontade de ensinar e passar o conhecimento para frente, a capacidade analítica diferenciada do que aprendemos na graduação, a maturidade e a rede de contatos.

Blog_CF: Você poderia nos falar um pouco mais sobre o sistema utilizado?
Glauber: O SIAFI foi desenvolvido para ser operado na execução da despesa por pessoas sem conhecimento técnico da área contábil e financeira, o que aparentemente é uma vantagem. Claro que sempre nos traz problemas. Esses usuários, por não saberem o que está por trás do sistema, ou seja, as rotinas contábeis, costumam fazer muita lambança, e sobra pra gente quem entende arrumar.

Blog_CF: Que dicas você daria para os alunos que estão hoje na graduação e desejam estar na área pública como você?
Glauber: Aproveitem o curso ao máximo, todas as disciplinas, principalmente as basilares da contabilidade (Gerais e Teoria). Com as novas mudanças na Contabilidade Pública a tendência é que não tenha tanta diferença com a área privada, por isso eu friso novamente: seja muito bom nas matérias basilares, o resto é consequência. Outra dica boa, que pra mim foi importante, é fazer estágio na área. Isso ajuda a aprender, pois vemos na prática tudo o que o professor passa em sala de aula e, as vezes, temos dificuldade em visualizar no mundo real.

Blog_CF: O que você acrescentaria na grade curricular que prepararia melhor os alunos para a vida real?
Glauber: Infelizmente o meu curso foi muito fraco na área de contabilidade pública, o que deveria não ser tão característico já que estudei na Universidade de Brasília. Mas independente do que a sua universidade pode te oferecer, hoje em dia é fácil ter acesso a bons materiais e se aprofundar na matéria que te for interessante ou que você acredite ser importante para o seu futuro profissional. Entendo que as seguintes matérias são importantes para uma boa formação na área pública: Finanças Públicas, Administração Financeira e Orçamentária, Contabilidade Pública e Auditoria Governamental. Caso o seu interesse seja trabalhar como servidor, dê atenção especial a elas.


26 janeiro 2014

Entrevista: Radialista Lennyne Sampaio

As sextas pela manhã, mais exatamente às 8h30, alguns alunos e profissionais de contabilidade invadem a Rádio Educadora do Nordeste (950 AM) e com criatividade e inovação, divulgam informações relevantes aos seus ouvintes. Seja pelas ondas de rádio ou aí, pelo wi-fi da sua faculdade, às 8h sintonize e descubra um pouco mais do mundo mágico criado por estudantes da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

A Lennyne Sampaio é a vice-presidente da Empresa Júnior de Ciencias Contábeis - EJCCONT, da UVA, e nos concedeu uma entrevista para adentrarmos esse mundo radialista. Vamos lá?

Blog_CF: Lennyne, como surgiu a ideia da radio?
Lennyne: A iniciativa foi da gestão anterior a minha. Mas foi algo brilhante e que tem sido mantida com entusiasmo, determinação e união de diversas pessoas interessadas em divulgar a contabilidade, contribuir para o acesso à informação, estimular os alunos a se expressarem de formas distintas. Refletindo assim, tem havido o estabelecimento eficaz e duradouro do programa há quase 2 anos.

Blog_CF: O que vocês geralmente colocam no ar?
Lennyne: Os assuntos são bem diversos, mas sempre relacionados à área contábil, de preferência envolvendo assuntos jurídicos ou administrativos. Ontem [24/01] falamos sobre o “Microempreendedor Individual”. Já na semana passada, o tema foi “Marketing: entre o sucesso e o fracasso das vendas”. Também divulgamos notícias e novidades da área contábil.

Procuramos estar atentos as datas, e as obrigações contábeis relacionadas a elas. No fim do ano falamos sobre agendamento e opção do simples nacional, o que é o simples nacional, a quem ele beneficia. Atualmente estamos nos organizando para ajudar os ouvintes com a declaração de imposto de renda.

Blog_CF: Como o público participa? E a comunidade acadêmica?
Lennyne: Os temas são selecionados de forma demandada, por meio de sugestões dos ouvintes. Isso ocorre com a utilização do telefone da rádio educadora (88 3611-1550), e agora também via Facebook (https://www.facebook.com/ejccont.uva).

Dos 12 integrantes da Empresa Júnior, seis fazem parte do Centro Acadêmico, o que torna a integração entre ambos automática e enriquecedora. Há um dinamismo e harmonia que engrandecem as duas entidades e a universidade em geral. Juntos conseguimos divulgar melhor o que está acontecendo, se há cursos e palestras, atividades de capacitação, até mesmo de integração entre alunos. Há uma preocupação constante em, de forma organizada e eficiente, alcançar o máximo de pessoas possíveis. Assim esperamos informar um pequeno empresário sobre algo que ele talvez ainda não saiba, atualizar quem está indo para o trabalho e ouvindo a rádio, ensinar um pouco para quem ainda está começando o curso e nem aprendeu sobre o assunto ainda (o que acaba ajudando os professores e alunos), conscientizar a população da importância do nosso curso e fornecer, ainda, auxílio à população.

Um fator que visamos manter e aprimorar é o dinamismo e a interatividade com as quais elaboramos o programa contabilidade empreendedora. Almejamos o estabelecimento definitivo do nosso programa como referencia de informação legítima e de consulta empresarial gratuita.

Há um apoio extraordinário da comunidade acadêmica. Buscamos sempre um programa em que haja o entrevistador e um entrevistado convidado para um bate-papo. Atualmente os principais protagonistas são empresários e professores universitários.

Blog_CF: Há um engajamento dos alunos da sua universidade?
Lennyne: Sim, mas o nosso público mais engajado e participativo são profissionais da área contábil e empresários.

Os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da UVA, assim como de grande parte dos Universitários em âmbito nacional possuem uma cultura diferenciada e não tão agregada à mídia auditiva. Percebemos então que, atualmente, a rádio, em si, não é atraente a eles. Por isso estamos desenvolvendo outras ferramentas de integração, participando das redes sociais, divulgando aqui no blog. Estamos, ainda, criando o nosso site e futuramente o programa de rádio poderá ser assistido pelo youtube. Esperamos, assim, aumentar nosso fator de impacto.

Blog_CF: Como funciona o relacionamento com vocês e a rádio?
Lennyne: Bem, a rádio fica em Sobral, no Ceará. É uma rádio basicamente católica, mas há momentos destinados a outros assuntos. O nosso é de 8h às 8h30 das sextas-feiras, um acordo feito entre a empresa júnior e a rádio. Não é gratuito, então as despesas da rádio são cessadas com a colaboração de 8 patrocinadores.

O radialista responsável pela rádio educadora do nordeste é o Carlos Gomes, mas o nosso programa Contabilidade Empreendedora é realizado exclusivamente pelos membros da empresa júnior.

Blog_CF: Quem não mora no nordeste, tem como ouvir de alguma forma?
Lennyne: Quem não mora no nordeste pode ouvir o programa pelo site da rádio http://radioeducadora950.com.br/ e futuramente, como comentei, o programa de rádio estará no youtube facilitando o acesso a mais usuários. Esperamos os leitores do blog por lá!

Blog_CF: Lennyne, agradecemos imensamente a entrevista. Foi esclarecedor e inspirador saber dessa história. Espero que nossos leitores participem e apoiem essa iniciativa tão rica. Parabéns a todos vocês, à gestão anterior, aos patrocinadores e a todos que tornam essa iniciativa possível.
Lennyne: Eu que agradeço a divulgação do nosso programa e espero a participação dos autores do blog também! 

Débitos e Créditos,
Contabilidade Financeira

19 janeiro 2014

Entrevista: Francisco Fernandes de Sousa

Multitasking: enquanto nos atendia, Chiquinho continuava a atender demandas.
Francisco Fernandes de Sousa, contador, começou a trabalhar na Eletrobras Eletronorte há cerca de 30 anos. Além de ser gerente na diretoria financeira, Chiquinho, como é conhecido por toda a empresa, tem certificação como consultor SAP/R3 e é um dos principais responsáveis pela configuração dos sistemas financeiros e de custos (módulos FI e CO no SAP).

Blog_CF: Como era a contabilidade na Eletrobras Eletronorte há 20 anos e como é hoje?
Francisco: Antigamente fazíamos tudo "a mão". Há 20 ou 30 anos as contas eram mais simples, mas a falta de uma planilha Excel tornava tudo mais difícil. Risos. Levávamos muito tempo para preparar o balanço. Houve um tempo em que tínhamos alguns computadores para suprir a demanda de todos nós. Havia fila! Hoje acho engraçado relembrar.

Era muito difícil receber a prestação de contas de um engenheiro que estava participando da construção de Tucuruí, por exemplo. Hoje em dia isso é feio com o auxílio do SAP R3, a plataforma que utilizamos na Eletronorte. Com ele cada um tem a devida autorização para fazer o que está dentro dos seus limites. Essas autorizações são sempre revistas pois adotamos a Sarbanes-Oxley, que exige isso.

Por exemplo, quem está em Tucuruí e tem que preencher uma planilha com as horas gastas em cada centro de custos, tem acesso ao TimeSheet. Se ele precisa fazer a solicitação de materiais ao almoxarifado, não vai poder. Isso caberá, talvez, à secretária, ou a quem foi autorizado a seguir com aquela tarefa. Na contabilidade, quem participa do encerramento mensal das contas tem acesso a transações específicas para aquilo. Em um sistema de compras, a pessoa que faz a solicitação, é diferente da que confere e autoriza. Tudo isso dá mais segurança ao usuário, ao sistema e facilita, inclusive, o trabalho da auditoria.

Atualmente a principal dificuldade se encontra nas alterações advindas do IFRS. Temos o impairment, o ativo financeiro, o impacto nas concessões. Isso não existia para nós e a adoção pelo Brasil trouxe uma repercussão tremenda.

Claro que a contabilidade cresceu porque era necessário e acho positiva essa "globalização". Mas quando se trata do dia-a-dia, fica um pouco menos romântico.

Colocar a teoria na prática sem ter um exemplo a seguir é ao mesmo tempo emocionante e arriscado. Investimos muito em treinamento para estar em dia com todas as mudanças e conseguirmos passar tudo tanto para a configuração do sistema, quanto para as demonstrações contábeis, de forma fidedigna. Mas até que o balanço seja oficialmente publicado, há muito debate, reclassificação, revisão. É um trabalho para quem realmente gosta de colocar a mão na massa.

Blog_CF: Para conseguir fazer o que você faz, mexer com contabilidade e com a configuração do sistema, o que é ideal conhecer? O que um aluno deve estudar para ter uma oportunidade similar?
Francisco: Além de ser um bom contador, é necessário que ele faça alguns cursos. A empresa SAP oferece certificações para que a pessoa se torne oficialmente um consultor SAP. O SAP R3 é dividido em vários módulos. A sua certificação dependerá do seu interesse. MM é o módulo de materiais, HR o de recursos humanos. No meu caso, cursei FI (referente ao módulo financeiro) e CO (referente ao módulo de custos). Ideal seria alguém que soubesse uma linguagem de programação denominada ABAP.



Blog_CF: Qual é a maior dificuldade encontrada atualmente na sua área?
Francisco: A falta de profissionais qualificados e a burocracia para suprir os cargos. Desde o vencimento do concurso muitas pessoas saíram, incluindo aquelas em programa de demissão voluntária. Enxugamos os gastos com pessoal, porém houve sobrecarga dos funcionários que permaneceram. Ademais, na minha área, necessito de contadores maleáveis e dispostos. Acreditem, não é fácil encontrar pessoas assim.

A necessidade desse perfil advém do fato de que a contabilidade está em constante atualização. Como comentei, antes do IFRS era muito mais fácil ser um contador. Atualmente precisamos estar sempre em cursos, reuniões, palestras e eventos que envolvem tempo e dedicação. Não só isso, temos que saber como aplicar os conceitos na prática.

A Eletronorte é uma empresa de capital fechado, mas somos parte da Eletrobras, que depende das informações que passamos, da forma como nos comunicamos. Assim, além de um funcionário que esteja sempre disposto a aprender, espero que ele também saiba aplicar a teoria à prática, saiba tomar decisões, entenda de sistemas (pois nos comunicamos em grande parte via SAP R3), saiba trabalhar em equipe.

Blog_CF: Como ocorreu o treinamento dos funcionários para que o sistema fosse adotado de forma eficiente?
Francisco: Nós estamos constantemente desenvolvendo treinamentos para ensinar SAP R3. Cada área com a sua parte, claro. Por exemplo, a gerência de ativos capacita funcionários não apenas da sede, como também das regionais, a lidar com o inventário.

A regra, todavia, é que os colegas ensinem uns aos outros o que sabem. Incentivamos a criação de manuais e passo a passo das tarefas para, caso alguém tenha que se ausentar, ou fique enfermo, tudo possa seguir em frete com tranquilidade.

Mas, sempre que possível, retomamos os treinamentos para haver uma reciclagem constante. Ademais, damos assistência por e-mail e telefone. Algo similar a um help desk.

Blog_CF: Quais dicas você daria para um jovem ainda cursando a faculdade?
Francisco: Inicialmente ressalto que o programa para estagiários na Eletrobras, como um todo, é excelente. Sugiro que fiquem atentos à página da Eletrobras Eletronorte pois logo sairá o edital para novas contratações. Antecipando a pergunta, já simplifico a resposta. O que procuramos em estagiários é a vontade de aprender e o conhecimento contábil e de informática. Não é necessário saber SAP/R3 pois te ensinaremos aqui. A minha filosofia faz com que contratemos estagiários para o crescimento do aluno e não como "mão de obra barata".

Mas de forma mais abrangente, eu aconselho que você, jovem, aprenda a aprender. Estude além do que é exigido para passar em provas, saiba conversar sobre o assunto, interpretar arriscar uma aplicação. Alimente desde o início a sua curiosidade.

Se você já faz estágio, tente sempre procurar alguém que precise de ajuda. Não fique lendo resumos de novela ou esperando o tempo passar. Nesses momento em que você oferece ajuda para outros colegas, você pode aprender algumas coisas que te trarão um diferencial por toda a vida.

Estude inglês (e saiba português!) e informática. Um contador deve saber mexer com ferramentas básicas como Word, Excel e Power Point com excelência. Além disso, aproveite as férias (ou a greve, o sábado de manhã, ou qualquer momento que tenha livre) para fazer cursos de Access ou algum software que te mantenha versado em sistema, melhore o seu currículo e te diferencie ainda mais de seus pares. Mesmo em trabalhos concursados, o seu currículo define a sua caminhada.