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12 julho 2019

Leasing, IFRS 16 e Portugal

Um artigo de um jornal português sobre a norma de Leasing.

A IFRS 16 – Locações entrou em vigor a 1 de janeiro de 2019 e teve os seus reflexos na publicação das contas das empresas no primeiro trimestre do ano. Segundo alguns analistas o objetivo da norma não foi totalmente atingido. Qual a razão para que tal tenha acontecido?

A IFRS 16 requere que os locatários contabilizem todas as locações (“operacionais” e “financeiras) com base num modelo único de reconhecimento no balanço. Assim, na data de início da locação, o locatário reconhece a responsabilidade relacionada com os pagamentos da locação e o ativo que representa o direito a usar o bem subjacente (ROU), durante o período da locação.

Simultaneamente, é reconhecido o custo do juro sobre o passivo da locação e a respetiva amortização do ROU. O objetivo pretendido com a norma seria permitir a comparabilidade: i) das demonstrações financeiras através do registo em balanço de todos os ativos e passivos das locações, independentemente da forma de detenção dos ativos e do seu financiamento; e ii) dos indicadores de performance das empresas (KPI’s).

Da análise das contas do primeiro trimestre das principais operadoras de telecomunicações europeias, pode concluir-se que os maiores impactos da aplicação da referida norma, resultam do registo em balanço dos contratos de arrendamento de infraestruturas (sites) de rede móvel e rede fixa, lojas, edifícios, data centres e da apresentação em resultados da amortização do ROU e dos juros do passivo da locação. Simultaneamente, verifica-se que alguns KPI’s anteriormente usados para a avaliação da performance das empresas e acompanhados pelos stakeholders, foram agora significativamente alterados, dificultando a comparabilidade das empresas do setor, no que se refere à análise do grau de alavancagem e da avaliação das empresas. Como consequência e exemplo, algumas empresas passaram a apresentar o EBITDA AL (EBITDA After Leases), um novo KPI que difere significativamente do atual EBITDA, agora sem os gastos de arrendamentos e juros, ou seja, de montante significativamente superior ao EBITDA AL. Será o início do regresso ao passado e dar-se-á a substituição deste KPI pelo Cash Flow?

Apesar das Normas Internacionais de Contabilidade pretenderem a harmonização das informações financeiras apresentadas pelos emissores de valores mobiliários na União Europeia e garantir uma maior transparência e comparabilidade, é necessário a definição de um modelo “único” de divulgação das contas ao mercado e dos KPI’s apresentados, de modo a que uma nova norma, como a IFRS16, não prejudique a comparabilidade das empresas do setor.


Jornal Econômico (Portugal) - Jessica Pereira

25 janeiro 2018

Solvência, Comparabilidade

A noção de solvência de uma instituição financeira é um dos pilares da regulação bancária do mundo atual. Basicamente, isto é derivado do acordo de Basileia II. Este acordo permitiu que os bancos usassem uma abordagem de risco interno para “quantificar seus requisitos de capital de risco”. O acordo de Basileia incluiu uma abordagem simplificada que poderia ser usada por instituições menores.

Ao optar por isto, prejudicou a comparabilidade e incentivou os bancos a usar suas estimativas de maneira favorável. Mais ainda: os índices extraídos desses modelos passaram a depender da origem da instituição. Este debate é importante para a contabilidade não somente pela discussão relacionada com a regulação, mas também pelo fato de que algumas normas contábeis caminham por usar modelos “internos” de risco, o que afetaria a comparabilidade. (Mas ajudaria na relevância e na representação fidedigna?)

Dois pesquisadores fizeram uma análise comparativa do risco na comunidade europeia para tentar verificar se a sede do banco (e a origem da supervisão bancária) afeta o resultado. E a resposta foi positiva, já que as próprias regras internas mudam. Os pesquisadores usaram dados de mais de 130 bancos, de 24 países europeus. E isto tem efeito sobre o risco bancário de cada país:

há diferenças estatisticamente significativas e economicamente importantes relacionadas ao país em que o banco está sediado. Isso fornece evidências de que os padrões são implementados de forma diferente da jurisdição para jurisdiç
ão.

06 janeiro 2015

Ilusão da comparabilidade e "auditibilidade" nas Demonstrações Financeiras

Tom Selling, membro do Standing Advisory Group do PCAOB, argumenta que não há comparabilidade e "auditibilidade" das demonstrações financeiras. A argumentação é embasada com um exemplo sobre o teste de impairment. O texto é excelente.

My inspirations for this post are the maiden speech of the SEC’s new chief accountant James Schnurr, and the joy of paying only $2.02/gallon at the pump.
As for Mr. Schnurr, I plan to dissect his remarks more fully in a blog post to come, but for now I’ll confine my review to his mentioning comparability of financial statements no less than seven times, e.g., “Comparability is a hallmark of U.S. financial reporting…”
As to the relevance of my satisfying gas station experience, the financial reporting implications of the 50% decline in oil prices over the past six months make for a timely illustration for why Mr. Schnurr’s statements about comparability are nothing more than hot air.

Why Comparability of Financial Statements is an Illusion

There are many, many reasons why financial reports are not comparable.  Tops on my list, though somewhat off topic, is the absence of adjustments for inflation.  No respectable economist would ever dream of comparing trends in costs or revenues without adjusting for inflation; so it really irks me that in accounting, we never adjust for inflation.
Truly, by ignoring the necessity for inflation adjustments, it makes the accounting profession (including our august chief accountant) look like a bunch of simpletons.  Some will argue over implementation details, but accounting for inflation is no harder or easier than dealing with multiple currencies (yet, see here and here for how the FASB managed to screw that up, too).
Adjustments for inflation are merely a pre-condition for making comparisons. Let’s get back to the drop in O&G prices that have made many of us joyous, but must surely frustrate the managers of companies whose recent investment decisions were predicated on higher and steadier prices.  These managers have many hard operational and strategic choices to make; and to make matters worse for them — e.g., the threat to their earnings-based bonus checks — they also have to deal with the accounting question of asset “impairment.”

[...]

But seriously, the above example plainly illustrates that even the most assiduous application of GAAP will not produce comparable information.  Impairment is just one of many examples that we can all think of.

Why Financial Statement Audits are an Illusion
Which brings me to the second, and main point that I want to make: the impairment test is not auditable.  

[...]

Financial accounting standards like the one for the impairment of long-lived financial assets defeats, instead of promotes, comparability.  And, especially when facts and circumstances indicate to any extent that the past is not indicative of the future, not even the most independent and technically competent auditor on the planet could reliably assess the “reasonableness” of management’s estimates of variables like future oil prices.

[...]

Nothing I have written here concerning the lack of comparability of financial statements is something that Mr. Schnurr doesn’t already know.  Instead of disingenuously blowing smoke about comparability being a hallmark of U.S. GAAP he should at least be raising real issues and getting the PCAOB and FASB to actually do something about them.

17 dezembro 2014

Curso de Contabilidade Básica: Comparabilidade

A comparabilidade permite que o usuário da informação contábil possa avaliar melhor o desempenho de uma empresa. Quando ocorre uma mudança na forma de mensuração, por exemplo, o ideal seria a apresentação das informações do passado sob a mesma métrica. Esta alteração na forma de medir pode ocorrer por vários motivos e o usuário espera que a mudança seja para melhor informar a situação da empresa.

Mas nem sempre a comparabilidade é respeitada. E isto cria dificuldades para avaliar o desempenho da empresa. Veja o caso da empresa Log Commercial Properties. Esta empresa pertence ao grupo MRV Engenharia e atua na incorporação, construção e aluguel de imóveis, incluindo galpões industriais. No final do segundo semestre de 2014 a empresa resolveu mudar a forma de avaliar seus investimentos em propriedades, do método de custo pelo valor justo.

A alteração irá aumentar o patrimônio líquido, de 740 milhões para 1.204 milhões de reais, um valor expressivo para uma empresa que possui um ativo de R$2,5 bilhões. A empresa não irá reapresentar as informações comparativas e simplesmente fazer o ajuste. Isto naturalmente impede uma comparação. A favor da empresa seria realmente difícil refazer todas as demonstrações anteriores, já que esta diferença provavelmente estaria diluída em diversos exercícios sociais.

Nestas situações, o usuário deve ter um imenso cuidado na comparação das informações entre o exercício social findo em 31 de dezembro de 2013 e os valores posteriores.

09 maio 2014

Curso de Contabilidade Básica: Mudança Contábil

A mudança contábil numa entidade pode gerar um problema de comparabilidade das informações ao longo do tempo. Mas a empresa, sempre que for necessário, deve fazer alterações na sua contabilidade para expressar melhor o seu desempenho. Cabe ao analista fazer as devidas adaptações na sua análise para refletir melhor o que ocorreu na empresa.


Para ilustrar esses pontos, considere o exemplo da empresa General Shopping. A empresa possui uma receita de 240 milhões de reais por ano e um ativo total de 2,2 bilhões de reais no final de 2013. No endereço da empresa é possível encontrar uma planilha com uma série histórica de diversas informações (“investidores”, “informações financeiras”, “fundamentos e planilhas”). Retiramos três informações do balanço patrimonial da empresa, constante da planilha, e fizemos a figura abaixo:
A linha verde mostra o total do não circulante. Este grupo representa 82% do ativo. E do não circulante, destacamos as duas principais contas: propriedades para investimento (azul no gráfico) e imobilizado (de vermelho). No balanço anual de 2008 a conta de propriedades para investimento, que até então tinha o valor igual a zero, apareceu com R$695 milhões. E o imobilizado, que apresentava valores expressivos, surge com somente 15 milhões. Durante os três primeiros trimestres de 2009 as “propriedades para investimento” são zeradas e o imobilizado recebe um reforço de muitos milhões. E no final de 2009 “propriedades para investimento” aumenta de zero para 692 milhões, enquanto investimento cai de R$732 milhões (no final do terceiro trimestre de 2009) para R$15 milhões.

Tudo leva a crer que existiu uma mudança nas contas. A empresa informou em 2009 que estava fazendo o registro de imóveis no cartório. Veja como ficou o gráfico somando as duas contas (propriedades para investimentos e imobilizado):
Para este exemplo, a opção mais natural do analista é considerar, na análise histórica, as duas contas como sendo uma só.


02 janeiro 2013

Comparabilidade

Já comentamos isto anteriormente...
Cada vez mais, pesquisa contábil tem mostrado que as IFRS [normas internacionais de contabilidade] falharam em entregar sua promessa de único padrão contábil. Muitos estudos recentes (Kvaal e Nobes, 2010, em Accounting and Business Research, vol 40, n. 2, p. 173-187; e Wehrfritz e Haller, no próximo Journal of International Accounting Auditing and Taxation) relatam que diferentes versões nacionais da IFRS existem atualmente, refletindo um pré-IFRS específico de normas de cada país. O que isto significa? Significa que na Austrália, França, Alemanha, Espanha e Grã-Bretanha, as empresas que estão agora usando as normas internacionais continuam a usar a mesma política contábil anterior a "adoção" das IFRS (...) Aqueles que promovem as IFRS provavelmente o fazem para ganhar dinheiro. Se você não acredita nisto, verifique no website da AICPA e note todo treinamento e oportunidades de publicação promovidos...
Fonte: Aqui

08 novembro 2012

Comparabilidade das informações contábeis


Na história das normas contábeis é possível encontrar características qualitativas da informação contábil. Trata-se de uma relação de fatores que deveriam ser observados na produção das demonstrações contábeis. Estas características surgiram na metade do século XX como substituto dos “princípios contábeis” e foram incorporadas as estruturas conceituais da contabilidade. Assim, tanto o Fasb, entidade que normatiza a contabilidade nos Estados Unidos, quanto o Iasb, que promulga as regras contábeis para diversos países, usam este termo. O Brasil, através do CPC, também incorporou este termo à linguagem contábil.

Na lista das características existe a comparabilidade. Para que usa a demonstração contábil é importante verificar a tendência do desempenho e confrontar com outras empresas. A comparação é crucial para a análise das demonstrações contábeis.

O problema é que a comparabilidade é uma característica qualitativa. Se fosse quantitativa seria possível medir se uma informação é mais comparável que outra. Uma consequência disto é que não podemos dizer, de maneira objetiva, se uma empresa brasileira poderá ter sua demonstração comparada com uma empresa britânica, por exemplo. Também não podemos afirmar se a existência de um CPC ajuda a aumentar a comparação.

Alguns pesquisadores estão tentando transformar as características qualitativas em algo mensurável. As vantagens disto são enormes já que tornam as pesquisas mais objetivas. Recentemente três pesquisadores (um pesquisador da Universidade de Toronto e dois do MIT) fizeram uma proposta para medir esta característica de forma objetiva. Com isto podemos determinar se, por exemplo, se a adoção das normas do Iasb pelo Brasil aumenta a comparação com as demonstrações contábeis de diferentes países. Em outros termos, se for possível medir a comparabilidade será possível verificar seus benefícios.

Usando o lucro como medida a ser comparada, os pesquisadores calcularam a diferença dos lucros previstos. O teste inicial foi em mais de 70 mil empresas. Depois do resultado positivo, testaram também medidas alternativas, que não apresentaram uma resposta melhor.

Para ler mais: DE FRANCO, Gus; KOTHARI, S. P; VERDI, Rodrigo. The Benefits of Financial Statements Comparabilty. Working Paper, 2011.

07 novembro 2012

Comparabilidade com IFRS

A adoção de normas internacionais de contabilidade (as IFRS) trazem alguns benefícios e custos para as empresas. Entre os diversos benefícios, a comparabilidade é aquele que mais sobressai. Se diferentes países do mundo adotam as mesmas normas contábeis é mais fácil para o usuário confrontar as informações contábeis de diferentes empresas oriundas de locais diversos.

O analista pode tomar um balanço de uma empresa inglesa e fazer um estudo comparativo com uma empresa italiana. O cálculo de um índice de análise poderá gerar informação sobre o desempenho mais precisa.

A ideia que a adoção de um mesmo conjunto de normas contábeis pode melhorar a comparação é intuitiva. Uma pesquisa publicada recentemente no Accouting Review mostra que isto está correto: realmente a comparabilidade melhora quando diferentes países resolvem adotar as IFRS. A pesquisa foi um pouco além, ao encontrar que estas normas, além de tornarem semelhantes coisas que são realmente semelhantes, não agem no sentido inverso. Ou seja, não torna coisas diferentes menos diferentes.

É como se as normas contábeis promulgadas pelo Iasb agrupassem adequadamente empresas similares e não permitisse que empresas diferentes fossem também agrupadas.

Para Ler mais: YIP, Rita; YOUNG, Danqing. Does Mandatory IFRS Adoption Improve Information Comparability? The Accounting Review, vol 87, n 5, 2012.

08 maio 2009

Adoção da IFRS

CVM permite, novamente, balanços sem comparação
Valor Econômico - 8/5/2009

Os resultados trimestrais de 2009 já precisam, obrigatoriamente, ser apresentados pelas novas regras contábeis, mas o dado comparativo, ou seja, o do trimestre correspondente do ano passado não precisará ser ajustado aos novos padrões. Isso desde que as notas explicativas detalhem os efeitos que ocorreriam no resultado e patrimônio se as novas regras já estivessem sendo adotadas.

A possibilidade de que os ajustes não sejam feitos foi aberta ontem pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para a autarquia, embora a apresentação do comparativo ajustado à nova contabilidade seja o ideal e o mais recomendado, podem ser apresentados os dados trimestrais de 2008 no padrão anterior, desde que com as devidas notas explicativas.

O gerente de normas contábeis da CVM, José Carlos Bezerra, afirmou que a autarquia vinha recebendo muitas consultas com relação ao assunto, não só de companhias como também de auditores, por isso resolveu se manifestar. Entretanto, a maioria das companhias que já divulgou o balanço do primeiro trimestre ajustou os números.

A falta do ajuste dificulta a análise das demonstrações financeiras, já que a comparação fica prejudicada. O leitor dos balanços terá que buscar informação nas notas explicativas para não comparar dados contabilizados de acordo com regras diferentes.

Bezerra lembra que o prazo de entrega das demonstrações do primeiro trimestre vai até o próximo dia 15. Ou seja, muitas empresas ainda vão entregar os dados. "Buscamos esclarecer essas dúvidas e o Ibracon também está divulgando um comunicado técnico sobre o tema", disse.

O ofício divulgado ontem pela CVM alerta, porém, que está admitindo essa possibilidade no dado comparativo em caráter pontual e que, no próximo ano, os ajustes relativos aos trimestres de 2009, que serão usados para comparação com 2010, serão obrigatórios.

O processo de convergência dos padrões contábeis brasileiros com as normas internacionais foi iniciado oficialmente com a Lei 11.638, assinada no fim de 2007, mas que exigia uma série de regulamentações complementares. Assim, a CVM e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tiveram de correr para emitir uma série de pronunciamentos para balizar a aplicação das regras.

Novas normas foram editadas no ano passado e as companhias tiveram de adotá-las no balanço fechado do ano de 2008, porém os trimestres do ano passado ainda foram divulgados com base nos padrões antigos, gerando o problema comparativo com os períodos deste ano. Mais regras estão sendo emitidas neste ano e serão adotadas a partir de 2010.

Na visão do gerente da CVM, devido ao processo muito atribulado, as companhias podem ter precisado de tempo num primeiro momento para compreender as novidades. "Mas aos poucos as coisas vão entrando nos eixos e sendo assimiladas", disse Bezerra, justificando porque ainda está havendo alguma flexibilidade neste momento, mas lembrando que isso já não será mais necessário no próximo ano.

06 maio 2008

Consertando a contabilidade

Um texto da Bloomberg (Stop Begging Ben for Help Cooking Banks' Books: Jonathan Weil ) sobre a crise sugere algumas possibilidades para aperfeiçoar o sistema financeiro, inclusive a contabilidade. Entre as alternativas, a eliminação da opção pela contabilidade a valor justo. Pelo FAS 159, as empresas podem escolher quais ativos e passivos serão mensurados pelo valor justo. Para Weil, o autor do texto, isso faz a comparabilidade
impossível.

If fair values for a given class of assets or liabilities are reliable enough to let one company use, then everyone should have to use them.