Com a mudança tributário para 2026 uma boa fonte para acompanhar o que está acontecendo é o site do Alexandre Alcântara. Ele tem postado com regularidade as principais notícias do assunto. Você pode acessar o site aqui. Lá tem a regulamentação do IBS, a central de conteúdo do CGIBS, o piloto do sistema de apuração do IBS, entre outras notícias.
16 dezembro 2025
Cartão vermelho para reguladores como UEFA
Em abril de 2021 doze clubes da Europa, os mais ricos, anunciaram a intenção de formar uma competição fora da estrutura da UEFA, a entidade responsável por gerenciar o futebol europeu. Com os protestos dos fãs e o apoio de políticos, a UEFA e a FIFA ameaçaram os clubes com sanções severas. Em poucos dias, os clubes recuaram.
No entanto, o assunto chamou a atenção do Tribunal de Justiça Europeu (TJE) em razão do papel da FIFA e da UEFA como guardiãs, reguladoras e participantes comerciais, o que gera conflito de interesse nas diferentes funções. O Tribunal passou a buscar a lei da concorrência em regulamentos específicos, atuando na fiscalização da estrutura das federações de futebol. Seu entendimento era que o poder de autorização da FIFA e da UEFA infringia a lei da Comunidade Europeia por não ter critérios transparentes nem salvaguardas processuais, funcionando como um bloqueio indevido à concorrência e à inovação.
Eis um trecho que discute o assunto:
O que [a lei de concorrência] exige é que o exercício do poder de gatekeeper [guardiã] seja limitado por padrões substantivos e salvaguardas processuais. As decisões de autorização devem basear-se em critérios transparentes, objetivos, não discriminatórios e proporcionais; as partes afetadas devem ter acesso a uma revisão judicial eficaz; e as federações não podem usar a sua posição reguladora para proteger os seus interesses comerciais da concorrência por rivais inovadores, privando assim os consumidores de maior escolha ou formatos mais inovadores. [...] O que começou como uma recalibração da abordagem da lei de concorrência à governação desportiva está a cristalizar-se num quadro doutrinário mais vasto para limitar os atores privados que ocupam posições de gatekeeper de facto. A função quase-constitucional que a lei de concorrência da UE agora desempenha pode revelar-se relevante onde quer que entidades privadas exerçam autoridade quase-pública.
Fiquei imaginando se isso poderia aplicar, algum dia, a Fundação IFRS. Trata de uma entidade privada que está regulando a contabilidade, mas também tem participação comercial nos produtos gerados, na medida que cobra do usuário externo o acesso as informações. Devemos lembrar que a FIFA é uma entidade sem fins lucrativos, mas que funciona como um monopólio do esporte.
Ataque cibernético através do Kindle
Essa é uma novidade. Uma falha crítica no Amazon Kindle foi confirmada após uma demonstração na Black Hat Europe 2025, onde o pesquisador Valentino Ricotta expôs vulnerabilidades que permitiam acesso total à conta Amazon de um usuário. O ataque era possível através do download de um livro eletrônico ou arquivo de áudio malicioso, que explorava falhas no software do Kindle para roubar cookies de sessão.
A boa notícia é que Ricotta reportou as falhas à Amazon de forma responsável. A empresa liberou correções de segurança automáticas para todos os dispositivos Kindle afetados, garantindo a proteção dos clientes e recompensando o pesquisador com US$ 20 mil.
15 dezembro 2025
Economia da Celebridade
Sobre a economia da celebridade
Em 2025, Taylor Swift consolidou-se como fenômeno cultural e econômico global, protagonizando dois anúncios de grande impacto: o lançamento do álbum The Life of a Showgirl e o noivado com o jogador Travis Kelce. Esta pesquisa teve como objetivo analisar os efeitos econômicos, midiáticos e simbólicos desses acontecimentos, tratando-os como instrumentos ativos de criação de valor. O estudo utilizou como método principal a Análise de Conteúdo (Bardin, 2016), complementada por técnicas de sistematização metodológica em ciências sociais aplicadas (Martins; Theóphilo, 2009), estratégias de pesquisa em contabilidade (Ott, 2012) e princípios de elaboração de pareceres contábeis (Crepaldi, 2019). O corpus contemplou documentos primários como comunicados oficiais, relatórios de plataformas de streaming, rankings musicais e métricas verificáveis de redes sociais e merchandising, além de reportagens de veículos reconhecidos. Os resultados confirmam a hipótese de que os anúncios não apenas refletiram o sucesso prévio da artista, mas funcionaram como alavancas de engajamento e monetização: recordes digitais, pré-vendas esgotadas, picos de audiência e aumento expressivo nas vendas associadas à NFL. Conclui-se que Taylor Swift exemplifica um modelo contemporâneo de economia da celebridade, no qual vida pessoal, carreira artística e estratégia contábil convergem para produzir valor econômico, cultural e simbólico em escala global.
IA no exame da ordem de Portugal
Quem está pagando pela IA?
A questão, talvez, mais importante — quem está pagando por todos os chips, centros de dados e eletricidade que alimentam nossas consultas de IA — é provavelmente a mais complicada de responder.
Os usuários estão certamente arcando com parte da conta; os crescentes números de vendas de empresas como a OpenAI, que está se aproximando de US$ 20 bilhões em receita anualizada, e a Anthropic, que estaria mais perto de US$ 9 bilhões, atestam o facto de que receitas reais estão a ser geradas neste espaço. Mas estes são uma gota no oceano comparado ao que está a ser gasto na criação da infraestrutura de IA, com empresas como a Meta a aparecer em cidades rurais e a construir centros de dados do tamanho de Manhattan.
Na verdade, a era do gigante tecnológico com poucos ativos ("asset-light") acabou oficialmente, com empresas como a Oracle e a Meta a estarem agora entre os negócios mais intensivos em capital no S&P 500. E depois há a OpenAI (empresa privada), que assinou algo na região de US$ 1 trilião em acordos de infraestrutura.
Do ponto de vista contábil, grande parte da "conta da IA" tem surgido até agora na forma de capex (despesas de capital). Quando a Meta gasta US$ 1 milhão em chips de IA da Nvidia, a empresa regista isso como capex. Não afeta diretamente o resultado final da Meta até o próximo período contabilístico, quando os contabilistas começam a reduzir o valor do ativo através da depreciação, ao longo de quantos anos eles acharem que esses chips serão úteis. A Nvidia, por outro lado, pode registar o US$ 1 milhão como receita imediatamente.
Portanto, no curto prazo, os gastos desenfreados em capex na verdade aumentam os lucros no agregado — parte da razão pela qual as empresas americanas e o mercado de ações tiveram um ano tão bom.
É claro que Wall Street está agora a prever custos crescentes: as estimativas para despesas de depreciação para as nove maiores gigantes tecnológicas dos Estados Unidos dispararam, à medida que estas se tornaram proprietárias de ativos físicos extremamente grandes.
A História é Gerada por IA pelos Vencedores
Mas, embora a IA tenha sido uma enorme bênção para muitos negócios americanos, por sua vez ajudando a Big Tech a ficar muito maior este ano, alguns setores sofreram na sombra da tecnologia, e isto sem sequer considerar o impacto nos indivíduos.
Empresas de software como Adobe, Workday e Docusign estão sob pressão, pois a IA reduz as barreiras de entrada nos seus respetivos campos; educadores e editoras também estão a lutar, com a IA capaz de redigir uma dissertação decente ou escrever uma publicação de blog em minutos. Recém-licenciados estão a enfrentar um mercado de trabalho brutal, que muitos estão a culpar a IA, e indústrias inteiras, como consultoria, atendimento ao cliente e, ironicamente, até mesmo desenvolvimento de software, enfrentam ameaças da IA e da automação. Como diz o velho ditado: a única constante é a mudança.
Fonte: aqui
O gráfico resume muito bem o volume de despesas de depreciação e amortização das grandes empresas de tecnologia.
A atração exercida pela IA
Parece tudo tão rápido. A adoção da tecnologia da IA nas tarefas corriqueiras é algo nunca visto. Se o Gmail demorou mais de 4 mil dias ou 12 anos para atingir 1 bilhão de usuários, a mídias sociais chegaram mais rápido, com algo em torno de um pouco mais da metade disso. O TikTok levou cerca de cinco anos e foi algo surpreendente.
Lançado em novembro, o GPT precisou de três anos para atrair a casa de um bilhão. É algo realmente espantoso. O Gemini, do Google, segue a mesma tendência.
O poder da IA ocorre não somente nas empresas, mas também nos computadores pessoais e celulares das pessoas no mundo todo.




