Por que eu quero este emprego? Dinheiro
14 junho 2023
13 junho 2023
Americanas, novela continua - 3
O presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Aécio Prado Dantas Junior, compareceu a uma audiência pública na Câmara dos Deputados, a convite da CPI das Americanas, para prestar esclarecimentos sobre o processo de fiscalização relacionado às supostas inconsistências contábeis da empresa Americanas S.A. Ele explicou que, após a detecção das inconsistências, o Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro instaurou um processo administrativo para apurar a conduta dos profissionais envolvidos.
Dantas destacou que, como entidade fiscalizadora da profissão contábil no Brasil, o CFC está seguindo o devido processo legal, garantindo o direito ao contraditório e à ampla defesa dos profissionais e empresas envolvidos. Ele ressaltou que, caso sejam comprovadas infrações, serão aplicadas penalidades que variam desde advertência e multa até a cassação do registro profissional.
Baseado CFC. Foto: Priscilla Du Preez
Americanas, novela continua - 2
A Americanas entregou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 13, documentos com trocas de e-mails que indicam que a diretoria tinha uma versão falsa do balanço da empresa para ser apresentada ao Conselho de Administração e ao mercado. As mensagens também trazem indícios de participação das empresas de auditoria PriceWaterhouseCoopers (PwC) e KPMG na elaboração de documentos com redações favoráveis à empresa.
Os bancos Itaú e Santander são apontados como responsáveis por suavizar o texto das cartas de circularização, usadas como parte da auditoria, em relação aos financiamentos para o pagamento de fornecedores conhecidos como “risco sacado”.
O CEO da varejista, Leonardo Coelho, citou à CPI trocas de e-mails entre os auditores da KPMG e a diretoria da Americanas nas quais a intenção era amenizar os termos da carta da auditoria sobre os resultados da companhia. O texto, que originalmente continha a expressão “deficiências significativas” foi depois entregue com o termo “recomendações que merecem a atenção da administração”. Coelho explicou que a troca foi estratégica: a primeira versão precisaria ser comunicada ao Conselho de Administração; a segunda não necessariamente traria essa exigência.
Sobre outra troca de e-mails, desta vez entre a PwC e a diretoria da Americanas, Coelho diz que o documento carece de contexto, mas que pode indicar que a auditoria teria sugerido como redigir questões ligadas a operações de risco sacado de forma que as operações não ficassem tão claras. Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para mudanças na redação da empresa.
O texto inicialmente dizia: “Confirmamos que não temos, junto aos bancos com os quais temos relação, operações contratadas de antecipação de fornecedores nas quais é oferecido risco de crédito da companhia, operações denominadas ‘forfeit’, ‘confirming’, ‘risco sacado’ ou ‘securitização de contas a pagar’”.
Com a sugestão, a versão ficou: “Informamos que não temos conhecimento de que as operações de cessão de crédito realizadas a pedido de fornecedores informadas por certos bancos com os quais a companhia opera possuem qualquer anuência da companhia ou envolva a assunção de risco de crédito por parte da companhia”.
Outro documento apresentado por Coelho mostra o ex-diretor Timotheo Barros perguntando a um colega de diretoria: “Como estamos com bancos para retirar das cartas a informação das operações com fornecedores, vida/morte para nós?”
As trocas de e-mail também sinalizam mudanças no texto dos bancos em suas cartas de circularização, a pedido da empresa, para suavizar registros das operações de crédito que eram reportadas de forma errada pela companhia em seu balanço. São apresentadas versões de cartas do Itaú e do Santander. (...)
Em nota, a KPMG afirmou que “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.
Também em nota, a PwC disse que “não comenta temas de clientes por questões de confidencialidade e regras de sigilo profissional”.
O Itaú Unibanco declarou que “as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017, traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas “risco sacado”. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores.
Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário.
“O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada pela companhia ao mercado no dia de hoje”, diz em nota.
O Santander disse que a própria Americanas ressaltou os “esforços da diretoria anterior para ocultar do mercado a real situação de resultado e patrimonial da companhia”.
“Isso, por si só, comprova taxativamente que a única e exclusiva responsabilidade pelas ‘inconsistências contábeis’ é da Americanas, por intermédio da sua antiga diretoria. O Santander acrescenta que as cartas de circularização são apenas uma entre muitas fontes de auditoria e que sempre informou integralmente todos os saldos das operações da companhia no Sistema Central de Risco, mantido pelo Banco Central, que inclusive poderia ser fonte de auditagem”, afirmou o banco.
Fonte: Estadão
Americanas, novela continua
A Americanas (AMER3) divulgou, em fato relevante publicado nesta terça-feira (13), que um relatório feito por assessores jurídicos da empresa aponta fraude no caso das inconsistências contábeis relatadas pela varejista em janeiro deste ano. A divulgação ainda trata os ajustes contábeis encontrados pela assessoria como preliminares.
“Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da Companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas”, diz o fato relevante entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a empresa, os documentos que deram origem ao relatório (entregues pelo comitê de investigação independente) demonstram os esforços empreendidos pela diretoria anterior da Americanas para ocultar do Conselho de Administração e do mercado a real situação de resultado patrimonial da companhia.
No fato relevante, a Americanas diz que o relatório “indica, ainda, a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes”.
Fonte: Estadão
Vinte anos de mercado - 2
Usando os dados do mercado entre 2003 a 12 de junho de 2023, eu calculei o risco e o retorno.
No período de 2003 a 2023 o índice teve uma varição diária de 0,058%. Mas o desvio padrão desta variações ficou em 0,0152. Há um índice na estatística, o Coeficiente de Variação, que relaciona a dispersão com a média, sendo uma forma fácil de verificar se a variação dos valores durante um período de tempo foi grande ou não. Geralmente os livros de estatísticas dizem que o CV devem ser de 0,3 ou menor. Dividindo 0,0152 por 0,00058 nós temos um valor de 26,25. Ou seja, a volatilidade do índice é muito, muito alta.
Também fiz o modelo para os índices DowJones, o câmbio (euro e real) e as cotações de quatro empresas (Vale, Petrobrás, Ambev e Eletrobras).
O aspecto que gostaria de destacar aqui é a relação entre as médias e o desvio. Há um mantra em finanças que relaciona o risco e o retorno. Quanto maior o risco, maior o retorn. Se o desvio é uma medida de risco, pois expressa a volatilidade, a média seria a medida do retorno a longo prazo. Veja que a primeira linha mostra o câmbio, com uma média de 0,01% e um desvio de 0,010. A última linha tem a ação da Vale, com média muito maior, de 0,06%, e desvio de 0,026, também maior. Maior risco, maior retorno.
Vinte anos de mercado
Há vinte anos ocorreu um troca de governo no Brasil. Eu coletei os dados do mercado acionário brasileiro durante este período e estou compartilhando algumas observações sobre o mesmo aqui. Os dados que analisei começam no dia primeiro de janeiro de 2003 e terminam no dia 12 de junho de 2023. Neste período, o Ibovespa aumentou 941,32%. Isto corresponde a 12,43% de crescimento anual. Parece muito, mas é bom lembrar que este percentual está em termos nominais. Mas quando consideramos que neste período o IPCA sofreu uma variação de 219%, o crescimento real do Ibovespa foi 6,1%. Nada mal. Veja no gráfico a seguir a evolução nominal do Ibovespa e percebam uma grande evolução nos primeiros anos da série (leia-se, entre 2003 a 2008), depois entre 2016 e março de 2020.
Tudo bem que a Selic do período, em termos nominais, rendeu 785%. Ou seja, a bolsa trouxe um rendimento, acima da Selic, de 18%, em vinte anos.
O interessante da pesquisa é quando olhamos a variação diária do Ibovespa. Veja o gráfico abaixo, onde os valores do índice Bovespa estão em termos diários. Este gráfico permite notar os momentos de nervosismo do mercado. Ou seja, quando há intensas variações no Ibovespa. Eu destaquei três destes momentos aqui no gráfico. O primeiro foi durante a crise financeira mundial, de 2008, quando a bolsa brasileira também sofreu com a incerteza mundial. O segundo momento que destaquei no gráfico foi um momento até isolado, um fato político interno: a descoberta das conversas do então presidente Temer com os executivos da JBS. O terceiro momento, com uma incerteza próxima da crise de 2008, foi a pandemia de 2020.
Nada parece ao acaso aqui. Há outras incertezas neste período, mas estes três momentos se destacam. Se olharmos o que ocorreu no mercado acionário no exterior, dois destes três momentos também estarão presentes. Eis a variação diária do DowJones:
A instabilidade de 2008 e 2020 torna-se marcante na série. Eu também fiz a série histórica total do índice DowJones, de 1921 até os dias atuais, e o resultado foi o seguinte:
É lógico que irá aparecer a crise de 1929. Também é possível destacar a crise de 1987. Depois dela, as grandes variações do gráfico são 2008 e 2020. Assim como ocorreu no Brasil.
Esta movimentação no mercado acionário também ocorreu em outros ativos. Usando os dados da cotação do Euro, em relação ao Real, encontramos o seguinte:
Veja que 2008 está presente, mas aqui temos as manifestações populares de setembro de 2015 e maio de 2017.
Para finalizar, eu tomei quatro empresas que tiveram ações negociadas na bolsa brasileira no período de 2003 a 2023.
Há diferenças no comportamento entre elas. Por exemplo, no caso da Vale, além da crise de 2008 e de 2020 há uma grande variação nos dois acidentes com as barragens da empresa. Na Eletrobras, o anúncio da privatização por parte do governo fez com que as ações tivessem uma grande variação no período.
Mas temos aqui um grande resumo do período: em vinte anos de mercado, a crise de 2008 e de 2020 foram os grandes destaques.
12 junho 2023
Europa continua regulando sobre sustentabilidade
Nem mesmo a criação do ISSB impediu a Europa de continuar desenvolvendo normas sobre sustentabilidade. Mesmo com sede em Frankfurt, Alemanha, o novo braço da Fundação IFRS está vendo a Comunidade Europeia continuar seu processo "independente" de emissão de normas sobre o relatório de sustentabilidade.
Agora, a Comissão Europeia lançou uma consulta sobre um projeto de regulamento que complementa a Diretiva Europeia da Contabilidade, abordando as normas de relatório de sustentabilidade. O regulamento exige que empresas listadas, bem como empresas-mãe de grandes grupos, incluam informações sobre sustentabilidade em seus relatórios de gestão.
A Comissão deve adotar os primeiros padrões de relatórios de sustentabilidade, especificando as informações que as empresas devem relatar. O projeto de normas de comunicação de sustentabilidade europeias (ESRS) foi desenvolvido pelo EFRAG e está aberto para feedback até 7 de julho de 2023, um tempo relativamente curto. A Europa tem pressa, pois deseja que o regulamento entre em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024.
Conservador ou Liberal? Depende
Eis o resumo:
We develop a novel measure of political slant in research to examine whether political ideology influences the content and use of academic research. Our measure examines the frequency of citations from think tanks with different political ideologies and allows us to examine both the supply and demand for research. We find that research in Economics and Political Science displays a liberal slant, while Finance and Accounting research exhibits a conservative slant, and these differences cannot be accounted for by variations in research topics. We also find that the ideological slant of researchers is positively correlated with that of their Ph.D. institution and research conducted outside universities appears to cater more to the political party of the current President. Finally, political donations data confirms that the ideological slant we measure based on think tank citations aligns with the political values of researchers. Our findings have important implications for the structure of research funding.
Fifa não comprova que a Copa foi carbono neutro
A FIFA, órgão que comanda o futebol no mundo, enfrenta um problema de corrupção de longa data (leia-se governança), o que resultou na concessão da Copa do Mundo ao Catar, um local inadequado para sediar um esporte de verão. Agora um outro problema, desta vez na letra E de ESG.
A FIFA afirmou que o torneio do Catar seria carbono neutro, mas um relatório confirmou que isso não era verdade, acusando a FIFA de enganar os fãs. A Comissão de Fidelidade da Suíça descobriu que a FIFA violou as regras de concorrência desleal ao fazer alegações não comprovadas e usar medidas de compensação controversas. A FIFA foi advertida a não repetir tais alegações e está considerando um apelo.
Esse veredicto é uma vitória para os ativistas ambientais. Andrew Simms, diretor do New Weather Institute, afirmou que a FIFA usa falsas alegações verdes como substituto para ações climáticas reais. Ele argumenta que é hora de o esporte e seus órgãos de governo acelerarem a transição para uma economia de baixo carbono em vez de enganar o público. Embora a ideia de subornar a FIFA para dizer a verdade possa parecer tentadora, há problemas óbvios com esse plano.
Parece que estamos na transição da fase do marketing verde para a real necessidade de comprovação das afirmações mercadológicas verdes.
Fonte: aqui
Desvio de dinheiro em uma entidade do terceiro setor
A organização GiveDirectly é uma instituição de caridade cujo projeto é, à primeira vista, incrivelmente simples: enviar dinheiro diretamente para as pessoas mais pobres do mundo, para que elas possam gastá-lo no que precisam. A grande ideia por trás disso é que o dinheiro tem menos custos administrativos do que outras formas de filantropia, pode ser usado para quase qualquer coisa e respeita os beneficiários, que sabem melhor do que ninguém do que precisam.
Esta semana, a GiveDirectly está revelando outro aspecto menos discutido da ajuda global: fraude e roubo. Em um relatório detalhado divulgado recentemente, eles explicam como quase um milhão de dólares foi roubado em 2022 dos beneficiários da GiveDirectly na República Democrática do Congo (RDC).
Embora seja menos de 1% do dinheiro movimentado pela GiveDirectly no ano passado, isso teve um impacto enorme nos beneficiários previstos na RDC, onde mais da metade da população vive com menos de US$ 2,15 por dia, e levou a importantes mudanças nas políticas da organização para garantir que isso não aconteça novamente.
O relatório lança luz sobre um problema que quase todas as organizações de ajuda enfrentam, mas que ninguém quer discutir. O medo é que, ao informar os doadores sobre roubos e fraudes que ocorrem sob sua supervisão, eles passem a doar para outras organizações que não falam abertamente sobre essas questões. No entanto, esses são problemas enfrentados por todas as organizações que tentam transferir dinheiro ou qualquer outro tipo de ajuda em grande escala, e somente ao falar abertamente sobre o roubo é possível projetar melhores procedimentos para evitá-lo.
Na República Democrática do Congo funcionários conspiraram para registrar cartões SIM de pagamento em nome dos beneficiários e desviar os fundos. Embora seja um incidente trágico em vários níveis, a GiveDirectly está sendo elogiada por sua transparência ao compartilhar essa experiência e ajudar outras organizações a identificar e resolver vulnerabilidades.
A fraude foi descoberta no início de 2023, mas passou despercebida por cerca de cinco meses devido à participação dos conspiradores em várias etapas do processo de verificação. Aproximadamente 900 mil dólares foram perdidos, afetando 1.700 famílias necessitadas. A GiveDirectly suspendeu temporariamente as operações na RDC para ajustar seus procedimentos.
Adaptado daqui
Psicologia do setor sem fins lucrativos e o overhead
Gneezy convida para um teste interessante: você assiste uma palestra do presidente de uma instituição de caridade e resolve doar mil reais. Quando você vai ao aeroporto, voltando para casa, e entra no avião, encontra seu assento na classe econômica. Então você olha, sentando na primeira classe, o presidente da instituição de caridade que você acabou de fazer a doação. Como você se sente?
Se a resposta tiver algo com arrependido, chateado ou algo do gênero, você não estaria sozinho. As pessoas não gostam que instituições de caridade tenham custos indiretos - o overhead. A despesa de viagem do presidente na primeira classe é um exemplo. Há uma premissa de que quanto menor a despesa geral, administrativa e operacional de uma entidade do terceiro setor, mais eficiente será a entidade. As pessoas são avessas a "contribuir" com os overheads e querem que seus recursos sejam repassados para o beneficiário final da entidade.
Enquanto nas empresas privadas os executivos são compensados com gastos luxuosos e geralmente não são incomodados, no terceiro setor temos uma aversão a este comportamento. Gneezy considera que temos um livro de regras para o terceiro setor e outro para o setor privado. Não julgamos os executivos das empresas pela moderação nos gastos, mas pelos resultados. Mas no terceiro setor prevalece a frugalidade. Entendemos que elevados overheads significa ineficiência e corrupção.
Tendo por base esta ideia, Gneezy conduziu uma pesquisa e procurou verificar se a reação das pessoas à uma campanha de doação seria mais efetiva se fosse dada a garantia de que o valor entregue iria diretamente para a finalidade do programa, livre de despesas gerais.
Este grupo, livre de despesas gerais, corresponde a barra escura do gráfico acima. Neste gráfico, o valor da doação é muito maior quando há uma garantia de seu dinheiro não seria usado para os custos indiretos da entidade.
Para o autor
isso demonstra quão importante é controlar a forma como a história é apresentada. Os três incentivos que testamos nesse experimento de campo eram exatamente os mesmos do ponto de vista econômico tradicional. No entanto, a fonte da aversão aos custos gerais não é apenas se preocupar com corrupção, ineficiências e gastos excessivos. Enfatizar o impacto pessoal dos doadores é importante. Encontre a abordagem que as pessoas se importam e seus incentivos irão mais longe do que nunca.
11 junho 2023
Rankings de Felicidade são tendenciosos
Todos os anos, o Relatório Mundial da Felicidade apresenta uma lista dos países de acordo com seu nível médio de felicidade. São quase 150 países e usualmente os países escandinavos lideram a lista, onde o Brasil estaria em uma posição intermediária. Os países em extrema pobreza ou em guerra estão na parte de baixo da escala.
Medir felicidade é controverso. A pesquisa origina de uma enquete sobre satisfação com a vida: considerando sua vida como um todo e sendo 10 a melhor vida possível e 0 a pior, as pessoas são solicitadas a indicar onde se encontram. Mas será que esta forma de questionar as pessoas não apresenta um viés cultural?
"Como se pode concluir razoavelmente que o país A é mais feliz do que o país B, quando a felicidade está sendo medida de acordo com a maneira como as pessoas do país A pensam sobre a felicidade?", perguntaram os autores de um novo estudo.
Neste estudo, propôs uma metodologia diferente para tentar esta medida. Inicialmente os pesquisadores entrevistaram quase 13 mil pessoas em 49 países para saber os ideais de felicidade da sua cultura. Também procuraram saber sobre o nível de felicidade. Foram duas pesquisas diferentes. A primeira para saber se a pessoa estava satisfeita com a vida. A segunda buscava ter uma escala de felicidade que contemplasse o grupo, em uma medida interdependente. Se na primeira o foco é saber se o indivíduo estava satisfeito com sua vida, na segunda era saber se pessoas ao redor estavam felizes e se a pessoa conseguia fazer outras pessoas felizes.
Os participantes do estudo foram solicitados a responder a cada pesquisa pensando em como uma pessoa ideal ou perfeita responderia, tanto em relação a si mesmos (minha felicidade) quanto em relação à sua família (a felicidade da minha família). Isso foi considerado o ideal cultural de felicidade. Em seguida, eles foram solicitados a responder às pesquisas do próprio ponto de vista, novamente, tanto sobre si mesmos quanto sobre sua família. Isso foi considerado sua felicidade real.
No Japão, as pessoas viam a felicidade como algo compartilhado; na Chechênia viam a felicidade mais como satisfação. Em seguida, foi feito um ajuste nas pontuações levando em consideração as visões de felicidade de suas respectivas culturas.
A pesquisa mostrou que países onde a felicidade está baseada na interdependência, harmonia e relacionamento tinha seu nível de felicidade subestimado no ranking mundial. Naturalmente que isto não encerra a discussão. Há outros aspectos da felicidade que não foram contemplados no estudo. Mas é um primeiro passo neste sentido.
Multa de trânsito de 120 mil euros
Um empresário na Finlândia recebeu um castigo com uma multa de 121.000 €, ou 129.400 dólares, por excesso de velocidade em um país onde os valores são calculados com base na renda, segundo um jornal local, Nya Åland.
"Eu comecei a desacelerar, mas acho que não fiz rápido o suficiente", disse Wiklöf a Nya Åland. “Eu realmente me arrependo do assunto."
Na Finlândia, multas por excesso de velocidade são vinculado ao salário do infrator e à velocidade com que estavam indo quando eles cometeram o crime.
Via aqui. Foto: Taneli Lahtinen
10 maiores empresas do mundo, segundo da Forbes
1. JPMorgan Chase
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 179,9 bilhões
Lucro: US$ 41,8 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 3,7 trilhões
Valor de mercado: US$ 399,5 bilhões
2. Saudi Aramco
Origem: Arábia Saudita
Vendas: US$ 589,7 bilhões
Lucro: US$ 156,3 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 653,8 bilhões
Valor de mercado: US$ 2,05 trilhões
3. ICBC
Origem: China
Vendas: US$ 216,7 bilhões
Lucro: US$ 52,4 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 6,1 trilhões
Valor de mercado: US$ 203,1 bilhões
4. China Construction Bank
Origem: China
Vendas: US$ 203 bilhões
Lucro: US$ 48,2 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 4,9 trilhões
Valor de mercado: US$ 172,9 bilhões
5. Agricultural Bank of China
Origem: China
Vendas: US$ 186,1 bilhões
Lucro: US$ 37,9 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 5,3 trilhões
Valor de mercado: US$ 141,2 bilhões
6. Bank of America
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 133,8 bilhões
Lucro: US$ 28,6 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 3,1 trilhões
Valor de mercado: US$ 220,8 bilhões
. Alphabet
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 282,8 bilhões
Lucro: US$ 58,5 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 369,4 bilhões
Valor de mercado: US$ 1,3 trilhão
8. ExxonMobil
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 393,1 bilhões
Lucro: US$ 61,6 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 369,3 bilhões
Valor de mercado: US$ 439,3 bilhões
9. Microsoft
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 207,5 bilhões
Lucro: US$ 69 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 380 bilhões
Valor de mercado: US$ 2,3 bilhões
10. Apple
Origem: Estados Unidos
Vendas: US$ 385,1 bilhões
Lucro: US$ 94,3 bilhões
Ativos sob gestão: US$ 332,1 bilhões
Valor de mercado: US$ 2,7 trilhões
Fonte: Forbes
10 junho 2023
Corretor de estatística de tese
Statcheck é um pacote em R projetado para detectar erros estatísticos em artigos de psicologia revisados por pares, buscando resultados estatísticos nos artigos, refazendo os cálculos descritos em cada artigo e comparando os dois valores para ver se correspondem. Sua base é a apresentação dos resultados conforme as normas da American Psychological Association (APA). Por este motivo, uma das limitações do Statcheck é só ser capaz de detectar resultados relatados de acordo com as diretrizes da APA. Também não consegue verificar as estatísticas que estejam incluídas em tabelas no artigo. Finalmente, o Statcheck não consegue lidar com correções estatísticas nos testes.
O Statcheck foi criado em 2015 e estudos usando o Statcheck mostraram que muitos artigos de psicologia continham erros no relatório estatístico. Alguns periódicos usam o software como parte de seu processo de revisão por pares.
Um estudo de 2017 mostrou que o Statcheck identificava com precisão mais de 95% dos erros estatísticos. Mas uma análise posterior mostrou que o programa estava identificando apenas 60,4% dos testes. Descobriu-se também que o Statcheck tinha com um viés conservador, não sinalizando muitos testes inconsistentes.
Um dos criadores da ferramenta, Nuijten, analisou sete mil artigos publicados desde 2003 e descobriu que os artigos possuíam 4,5% menos de erros depois que os periódicos começaram a usar o software. Dois outros periódicos, que não usam a ferramenta, tiveram uma redução de 1% somente.
A ferramente está disponível como plug-in para o Word.
Foto: Nathan Dumlao
09 junho 2023
IX Congresso UnB
O Congresso da UnB, que irá ser realizado em novembro deste ano, contará com uma palestra de Patricia Dechow. Graças a persistência da professora Beatriz Morgan, uma das mais citadas pesquisadoras da área contábil - mais de 30 mil citações - aceitou falar no congresso. Em razão dos compromissos acadêmicos na sua universidade, Dechow não poderá estar presencialmente no Congresso. (Mesmo assim, ainda temos esperança que isto possa ocorrer)
Outro palestrante confirmado é Jacob Soll.
Fasb expande sua estrutura conceitual com a questão da entidade
O Financial Accounting Standards Board (FASB), órgão responsável por estabelecer as normas contábeis nos Estados Unidos, expandiu seu "framework" conceitual com informações relacionadas à entidade de relatórios.
O "framework" conceitual ou estrutura conceitual é um conjunto de conceitos fundamentais que orientam a elaboração e a apresentação das demonstrações financeiras. A expansão do "framework" busca fornecer diretrizes mais claras sobre como identificar e avaliar a entidade de relatórios, incluindo a determinação de quais entidades devem ser consideradas separadamente ou em conjunto para fins de relatórios financeiros.
Essa atualização é vista como uma forma de melhorar a qualidade e a consistência das informações contábeis e ajudar os usuários das demonstrações financeiras a tomar decisões mais informadas.
É importante notar que desde o término do projeto conjunto Iasb-Fasb, a entidade internacional paralisou novas atualizações da sua estrutura conceitual. O Fasb, pelo contrário, continuou na expansão da sua estrutura, já tendo importantes alterações nas definições de ativo, passivo e outros elementos patrimoniais, além da reintrodução dos termos ganhos e perdas na demonstração do resultado. Isto fez aumentar a distância entre as duas estruturas conceituais.
Foto: Ashkan Forouzani
Clima não parece ser um consenso entre os executivos
Através de um texto do Mises (via aqui), vi um link para uma pesquisa da CNBC, de setembro de 2022, sobre o apoio dos executivos para agenda ambiental. Basicamente as empresas adotam "publicamente" políticas ambientais, sociais e de governança, mas nos bastidores este apoio é bem menor.
O resultado de destaque indica que um quarto dos executivos financeiros pesquisados apoiam propostas de evidenciação sobre o clima. Mas não dizem que apoiam medidas contra os fundos de investimento que usam fatores ESG na sua política de alocação de recursos. Afinal, mais da metade (55%) dos CFOs se opõe à regra climática da SEC e 35% dizem que "se opõem fortemente" a ela.
Um ponto muito relevante no resultado: a pesquisa procurou as maiores empresas e obteve somente 21 respostas. Ou seja, é difícil fazer uma generalização do resultado. Mas o texto da CNBC afirma:
Uma questão crítica para os CFOs com a nova divulgação climática da SEC é a falta de uma correlação clara entre os dados climáticos e as demonstrações financeiras.
O maior gestor de investimento do mundo, a BlackRock, parece que recuou na posição favorável ao clima. E isto pode ser um sinal de que há uma reação a preocupação climática dos últimos anos.
Foto: Markus Spiske
Fazendo coisas estúpidas
Qual a razão de uma pessoa inteligente fazer algo estúpido? Não há uma resposta, mas Stumbling and Mumbling tem uma boa discussão para isto.
Em primeiro lugar, a arrogância impede que pessoas inteligentes ignorem os conselhos. Grandes colapsos financeiros geralmente são frutos desta arrogância. Aqueles que acreditam que são líderes tendem a acreditar demais na sua capacidade intelectual e na possibilidade de exercer controle dos eventos. Mas há imprevisibilidade demais no mundo e o ambiente é complexo demais para imaginar que saberemos como o mundo irá mudar no próximo dia. Kahneman chamava isto de ilusão de controle.
Esta ilusão ocorre na política, na economia, em finanças e nas nossas decisões pessoais. Muitos de nós achamos que temos capacidade de exercer o controle sobre o resultado de uma empresa da qual compramos uma ação, achando que é uma barganha.
Stumbling and mumbling lembra o termo Fronese. Ou seja, não basta ter o intelecto. É necessário aplicar esse intelecto no contexto adequado. Fronese pode ser traduzido para sabedoria prática. E isto falta as pessoas "inteligentes".
Entre os anos 60 a 90, os economistas mais inteligentes que foram produzidos pela academia brasileira serviram ao governo. Isto incluía Roberto Campos, Simonsen, Delfim Neto, Langoni entre outros. Mas o resultado desta inteligência foi a produção de uma série de medidas econômicas estúpidas, que conduziram nosso país para uma hiperinflação. A esperteza política de Sarney e a grande arrogância de Collor também não foi suficiente para resolver este problema. Foi necessário um presidente considerado bronco por muitos para termos um plano que finalmente foi um sucesso.
Há uma frase bastante adequada, atribuída a George Orwell: algumas ideias são tão estúpidas que apenas os intelectuais acreditam nelas.
Além da ilusão do controle, há outro elemento importante que leva a decisão estúpida por parte de pessoas inteligentes. A nossa visão de mundo tende a distorcer nossas percepções. Os acadêmicos tendem a acreditar que somente um governo de ilustres seria eficiente. A história brasileira mostra justamente o contrário. Os advogados tendem a valorizar o papel do estado de direito e da mudança legal na transformação da sociedade. Os economistas acreditam que os incentivos são suficientes para que tudo funcione de forma adequada. Os políticos acham que somente através do processo político, da discussão entre seus pares, é que um país irá seguir adiante.
Foto: Michal Matlon















