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02 setembro 2022

Fasb irá estudar as criptomoedas


Do Accounting Today

O Fasb, na sua reunião de 31 de agosto, decidiu restringir o escopo proposto de seu projeto de ativos digitais - formalmente lançado em maio - para se concentrar especificamente em criptomoedas.

O conselho concordou com cinco critérios específicos para o que a orientação ainda cobre. Para estar dentro do escopo proposto, o ativo deve: 

Atender à definição GAAP de um ativo intangível (que exclui ativos financeiros); 

Não fornecer ao detentor do ativo direitos executórios ou reivindicações sobre bens, serviços ou outros ativos subjacentes (como em um contrato); 

Foram criados ou residem em um livro distribuído ou "blockchain"; 

Seja protegido através da criptografia; 

e, Seja fungível.

A colega de prática do FASB, Sally Bishop, disse durante a reunião que a equipe recomendou esses critérios por vários motivos. O requisito de ativos intangíveis, disse ela, funcionaria para excluir coisas para as quais já existem orientações, como valores mobiliários e moeda fiduciária, que serviriam para reduzir a confusão e a complexidade. (...) Ela também mencionou que exigir que o ativo esteja em uma blockchain exclui outros ativos possíveis, como software, mídia ou dados, que a equipe achou que confundiriam o problema. Finalmente, ao exigir que o ativo seja fungível, o conselho não precisa considerar tokens não fungíveis, que ainda é um mercado muito novo e ainda não exige atenção.

(Tradução: LingVanex)

Trump poderá entregar seu imposto de renda

A recusa do ex-presidente Trump de entregar as demonstrações contábeis parece estar chegando ao fim. Uma tradição dos presidentes dos EUA foi interrompida na gestão passada, com a recusa do republicano em fornecer as informações. Isto atiçou a curiosidade. Eis um texto do Jornal Econômico:

A disputa dessas informações remonta a abril de 2019, quando a comissão emitiu uma intimação para aceder a essas informações como parte da investigação sobre os conflitos de interesse do ex-Presidente, bem como sobre a existência de transações “para seu próprio benefício” e sobre os laços financeiros com organizações estrangeiras.

Trump e a Mazars USA – a empresa de contabilidade utilizada pelo ex-Presidente e pelas suas empresas – processaram o então líder da comissão, o democrata Elijah Cummings, na tentativa de bloquear a intimação.

“Após inúmeras vitórias judiciais, a comissão chegou a um acordo para obter os principais documentos financeiros que o ex-Presidente Trump tentou esconder do Congresso”, disse hoje a comissão, num comunicado.

De acordo com o comunicado, esses documentos tornarão mais fácil para a comissão perceber a conduta do ex-Presidente republicano e garantir que futuros inquilinos da Casa Branca “não abusem da sua posição de poder para benefício pessoal”.

A Comissão de Supervisão tinha solicitado, em março de 2019, à Mazars USA as declarações da situação financeira e as auditorias preparadas por Trump e algumas das suas empresas, incluindo a do Hotel Trump International, localizado no centro de Washington, como noticiou na época o jornal The Washington Post.

O jornal revelou que, por mais de uma década, a Mazars USA e uma empresa antecessora assinaram as declarações financeiras que Trump usou para aceder a crédito, algumas das quais incluíam “exageros ou imprecisões”.

Em agosto de 2021, a Justiça norte-americana já tinha decidido que a comissão tinha motivos legislativos válidos para solicitar esses documentos e o acordo agora alcançado sublinha que Trump concordou em não interpor recurso nos tribunais de Washington e que a Mazars USA concorda em entregar os documentos à comissão “o mais rápido possível”.

A resolução deste conflito não afeta uma outra batalha legal entre Trump e outra comissão do Congresso, que há anos pede ao ex-Presidente que torne públicas as suas declarações de rendimentos.

Trump foi o primeiro Presidente dos EUA desde Gerald Ford (1974-1977) que não tornou pública a sua declaração de rendimentos todos os anos, uma tradição que os seus antecessores consideraram parte do seu dever de transparência e prestação de contas à população.

Frases sobre Dados (Ciência de Dados)

Quinze frases famosas sobre dados 


1. "As coisas só são feitas se os dados que coletamos puderem informar e inspirar aqueles que estão em condições de fazer a diferença" Mike Schmoker, Author.  

2. "Torture os dados, e confessará qualquer coisa". Esta frase é bem famosa, atribuída da Ronald Coase

3. "Os dados são o novo óleo". Outra frase clássica, atribuída a Clive Humby, matemático

4. "Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis". Muito boa, de George E. P. Box, estatístico britânico

5. "Se temos dados, vamos olhar para os dados. Se tudo o que temos são opiniões, vamos com as minhas". Ótima. Do executivo Jim L. Barksdale.

6. "Intuição é pensar que você sabe, sem saber por que você sabe". De Daniel Kahneman, ganhador do Nobel e psicólogo 

7. "Big Data são como sexo na adolescência: todos falam sobre isso, ninguém sabe realmente como fazê-lo, todos pensam que todos os outros estão fazendo e todos dizem que estão fazendo". (Dan Ariely, pesquisador)

8. "Em Deus nós confiamos". Todos os outros trazem dados". Do executivo Barry Beracha

9. "Os erros que usam dados inadequados são muito menores do que aqueles que não usam nenhum dado". De Charles Babbage, grande inovador do século XIX

10. "Cavalheiros, vocês precisam colocar a placa de blindagem onde os furos das balas não estão, porque é onde os furos ocorreram nos aviões que não retornaram". De Abraham Wald, que alertou para um erro brutal que seria cometido na segunda guerra, relacionado com o viés de seleção

11. "É um erro capital teorizar antes de se ter dados". De Sherlock Holmes. Muitos pesquisadores acreditam que a teoria deve aparecer antes dos dados. Mas há exemplos clássicos onde ocorreu exatamente o contrário.

12. "Nenhuma grande decisão de marketing jamais foi tomada sobre dados qualitativos". De John Sculley, executivo. Esta eu tenho dúvidas sobre sua validade.

13. "Você pode ter dados sem informações, mas não pode ter informações sem dados". Do escritor Daniel Keys Moran

14. "Os dados batem as emoções". De Sean Rad, um dos fundadores do Tinder

15. "No mercado de trabalho do futuro, qualquer decisão tomada sem dados é apenas um tiro no escuro". De Duncan Brown e Andy Durman. Também tenho dúvidas, mas faz parte da lista

Rir é o melhor remédio

 

A briga faz uma vítima: a paz (detalhe da pomba)

01 setembro 2022

Trabalho contábil é miserável

Um artigo analisou o trabalho contábil tem sido popularizado como miserável. Anteriormente, neste blog, lembramos de uma cena do Monty Phyton que reflete este estereótipo. 

Na prática, realmente o trabalho contábil é sedentário, repetitivo, centrado em regras e rígido. Ou seja, isto corresponde a ideia popular da contabilidade. Mas tudo leva a crer que o trabalho não é "miserável", mas dentro da média de outros trabalhos. Pessoas mais preparadas para tolerar trabalhos com estas características - como o fato de ser repetitivo - pode sair melhor, afirma uma pesquisa.

Eis o resumo:

Popular culture portrays accounting as a miserable job. Accounting research evaluating the boring “beancounter stereotype” argues that it is wrong and costly because it reduces the appeal of accounting to high quality students and exacts a psychological toll on accountants who are thus stereotyped. In this study, we empirically test the basic question: is accounting a miserable job? We use data from a variety of sources that enable us to measure workplace misery and model it as a function of work tasks and personal characteristics of workers across occupations. We find that accounting work is particularly sedentary, rigid, repetitive, constrained, and rules-centric; characteristics that are consistent with the accounting stereotype and that prior work outside of accounting has shown are associated with workplace misery. However, we find that accounting is not a miserable job. In univariate and multivariate tests, we find that accounting has misery values that are either near the average or are better than average for comparison jobs. This apparent paradox could be a positive consequence of accounting stereotypes, which may facilitate the matching of potentially miserable work with people who are most prepared to tolerate it. Indeed, we present longitudinal evidence suggesting that accounting attracts people with personalities suited to repetitive and rules-centric work and who have psychosocial histories that make them robust to stress. Workplace misery is costly to workers, employers, and society and accounting stereotypes have value if they facilitate informed career selection.

(Fato interessante: a citação inicial é de John Cleese, do Monthy Phyton:)


Mais um vice nomeado para o ISSB, com ausência de equilíbrio geográfico

O ISSB, entidade criada pela Fundação IFRS, nomeou um segundo vice-chairman. Trata-se de Jingdong Hua, cujo currículo inclui uma passagem pelo Banco Mundial. Hua deve atuar em Montreal, onde o ISSB tem um escritório, muito embora a sede esteja em Frankfurt, Alemanha. Segundo alguns sites, Hua serviria de vínculo para as economias emergentes e em desenvolvimento (não são iguais?) e com as empresas de menor porte. A outra vice-presidente, Sue Lloyd, faria a supervisão dos trabalhos e a conexão entre o ISSB e o Iasb. 


Um ponto interessante referente a Jingdong Hua é que em nenhum dos sites divulgou sua nacionalidade. O comunicado para imprensa é omisso. Mesmo o site da IFRS, com as fotografias, permite abrir com a descrição, não sendo possível saber sua origem. Mas a Wikipedia tem esta informação: chinês, com estudos nos Estados Unidos. E sua ocupação é ... banqueiro. (vide aqui para uma visão diferente sobre o ISSB)

Isto é bem interessante, pois há um vínculo cada vez mais forte da China com os emergentes. Além disto, agrada aos banqueiros. Mas será suficiente para termos bons padrões? 

Outro aspecto importante é que o ISSB preencheu todas as cadeiras. Sem a presença brasileira. E vamos unir alguns pontos. Também no último dia agosto os três principais nomes da Fundação IFRS, o presidente dos curadores, do Iasb e do ISSB, estiveram na Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários (ECON) do Parlamento Europeu.

As perguntas do encontro estavam voltadas para o ISSB e sua relação com a Comunidade Européia. A relação entre as normas já existentes na Comunidade e as normas que estão em processo de produção no ISSB foram discutidas. Foi afirmado que o ISSB irá respeitar a soberania da Comunidade e isto não é uma novidade, já que o ISSB é uma entidade do terceiro setor, sem autoridade de impor regras. Mas o ISSB entende que o alinhamento global é algo que vale a pena, mesmo existindo jurisdições com desenvolvimento mais avançado que o atual. 

Ainda sobre este encontro, o ISSB afirma que é "quase" equilibrado em termos de gênero (6 mulheres versus 8) e o IASB está no caminho. E o histórico das pessoas seria diverso. Gostei deste trecho:

Um aspecto adicional que a IFRS Foundation deve considerar é o equilíbrio geográfico. Nesse contexto, foi apontada a nomeação de hoje do segundo vice-presidente do ISSB, que terá uma responsabilidade especial pelas economias emergentes e pelo sul global. 

Traduzindo: para obter o equilíbrio geográfico vamos nomear uma pessoa que irá fazer a ligação com os excluídos. 

Um engano em Criptomoeda

 

Da revista época:

A empresa de câmbio de criptomoedas Crypto.com transferiu acidentalmente quase US$ 10,5 milhões (cerca de R$ 54 milhões) para uma mulher australiana. O valor correto seria de US$ 100, mas no momento da transferência a empresa inseriu o número da conta de Thevamanogari Manivel no campo de valor do pagamento. Com isso, a Crypto.com transferiu um total de US$ 10.474.143,00 à cliente.

De acordo com o Business Insider, o julgamento realizado na Suprema Corte de Victoria (Austrália) revelou que a empresa demorou sete meses para perceber o erro, que aconteceu em maio de 2021. O pagamento só foi identificado no final dezembro, quando a empresa passou por uma auditoria.

Ao perceber o acidente, a Crypto.com lançou uma ação legal contra Manivel, já que ela não sinalizou o erro e chegou a gastar parte dos US$ 10,5 milhões.

Em suas movimentações, Manivel enviou US$ 430 mil para a filha em janeiro. Um mês depois, comprou uma casa de US$ 1,35 milhão em Melbourne e transferiu a propriedade para o nome da irmã, Gangadory, que mora na Malásia, conforme foi relatado no julgamento.

A Crypto.com tentou congelar as contas bancárias das irmãs em março, mas não teve sucesso. O julgamento do caso aconteceu na semana passada, com a Corte exigindo que Gangadory pague à Crypto.com US$ 1,35 milhão, venda a casa comprada e pague juros de US$ 27.369,64.

Dois pontos. Primeiro, a relevância da auditoria (e a necessidade de um sistema de controle de boa qualidade). Segundo, o que ocorreu na contabilidade da empresa, que não percebeu a diferença entre o valor nos registros e a quantidade de moedas existentes? Não existiu a reconciliação?

Caso o erro não tenha ocorrido, como poderia ser considerado, na contabilidade da Manivel, o valor em excesso? Há um aumento no ativo e o outro lado seria uma receita (ou ganho). Mas seria um ativo.

E depois, quando o tribunal decide a favor da Crypto? 

Foto: Elisa Ventura

PIX e a arrecadação


 Da coluna de Reginaldo de Oliveira

(...) Depois que o Pix foi criado, meio mundo de gente ingressou no sistema bancário e meio mundo de gente está agora fazendo transações financeiras e assim criando uma base de informações preciosas para a Receita Federal. Noutras palavras, milhões de pessoas antes ocultas, agora estão colocando sua vida financeira nas mãos do Fisco. Não demora muito, virá o bote fatal. E novamente, o Fisco vai direcionar todas as suas forças para a população pobre, enquanto o legislador cooptado vai criar infinidades de mecanismos legais para livrar o rico dessa nova taxação.

O entranhamento por completo do Fisco na vida financeira da sociedade vai levar à criação de um tributo nos moldes da CPMF que vai gerar somas astronômicas de arrecadação. Com isso, será possível reduzir a escandalosa tributação do consumo e ao mesmo tempo continuar não tributando o rico. Na verdade, toda essa engenharia confiscatória está sendo desenhada exatamente pela elite aristocrática, através de influenciadores e pseudointelectuais e suas teses mirabolantes que manobram o poder público e a sociedade como um todo.

Isto é bem controverso e acho que faltou considerar a relação custo-benefício. Mas pode fazer sentido, considerando que um dos candidatos para presidente tem como vice o defensor da figura do imposto único. 

Acrescento que o Pix, pela facilidade de uso, tende aumentar o consumo, em relação ao dinheiro vivo. Vale uma olhada nas sociedades que possuem uma resistência as modernidades bancárias, como a Alemanha. 

Foto: Giorgio Trovato

Rir é o melhor remédio

 

Então eu falei para ele que a contabilidade era a representação fiel da realidade.

31 agosto 2022

Sigilo de cem anos

 


Sobre o sigilo de cem anos, prática adotada pelo atual presidente da república, para impedir a divulgação de certas informações: 

(...) A imposição de sigilo de um século ocorreu em diversas situações que ganharam destaque durante o governo Bolsonaro. Relembre quatro casos a seguir:

O cartão de vacinação de Bolsonaro foi colocado em sigilo, em meio à pandemia de covid-19 e no contexto de que o presidente questionava eficácia e segurança dos imunizantes;

O governo determinou sigilo de cem anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome dos filhos Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro;

A Receita Federal impôs sigilo de cem anos no processo que descreve a ação do órgão para tentar confirmar uma tese da defesa do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, sobre a origem do caso das "rachadinhas";

O Exército impôs sigilo de cem anos no processo que apurou a ida do general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello a um ato no Rio de Janeiro com o presidente Jair Bolsonaro e apoiadores do governo.

Também há caso em que o governo tentou manter a informação secreta e depois mudou de ideia — como os dados sobre visitas ao Palácio do Planalto de pastores suspeitos de favorecer a liberação de verbas do Ministério da Educação para prefeitos aliados.

Reportagem do Estadão publicada em maio de 2022 mostrou que, de janeiro de 2019 a dezembro de 2021, durante o governo Bolsonaro, um a cada quatro pedidos de informação rejeitados tiveram como justificativa o sigilo da informação — a taxa é duas vezes a registrada na gestão da petista Dilma Rousseff e quatro pontos porcentuais maior do que a do governo Michel Temer (MDB), segundo a reportagem.

O que diz a lei sobre 'sigilo de cem anos' - O sigilo de no máximo cem anos está previsto na lei que acabou com o sigilo eterno de documentos oficiais — a Lei de Acesso à Informação (LAI). Ela foi sancionada em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff — e foi assinada junto com a lei que criou a Comissão da Verdade.

No artigo 31, a lei prevê que informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem tenham acesso restrito pelo prazo de até cem anos.

Também está lá um trecho que busca conter o uso dessa medida: o texto diz que a restrição de acesso de "informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância".

A advogada Patrícia Sampaio, professora de Direito Administrativo da FGV Direito Rio, explica que essa previsão do sigilo de cem anos na LAI busca proteção à intimidade e à vida privada dos indivíduos, visto que o Estado tem acesso a muitos dados que são pessoais. Por exemplo: alguma doença que você prefere que seus familiares e empregadores não saibam que você tem.

"Agora nós também temos que entender que, quando um indivíduo resolve se lançar na arena pública — concorre a um cargo eletivo, toma posse no cargo eletivo —, até mesmo essa privacidade, essa intimidade, ela é, de certa forma, relativizada", diz. "Não é que ela deixe de existir — o indivíduo continua tendo direito à sua intimidade, vida privada. Mas na relação dele com as coisas públicas, com os recursos públicos, essa intimidade tem que ser relativizada em nome do controle social da atuação dos agentes públicos."

Sampaio resume: "Em um Estado de direito, a publicidade dos atos administrativos e dos representantes do povo são, em regra, públicos. A publicidade é a regra e o sigilo é a exceção", diz.

A professora e advogada lembra que a lei tem dez anos. "Precisamos cuidar para que ela não seja esquecida ou interpretada contrariamente ao seu objetivo".

A professora da Universidade de Brasília (UnB) Andréa Gonçalves — que é especialista em prestação de contas pelo setor público, com foco na área de saúde — afirma que o Brasil é "uma democracia muito jovem" e que, pouco a pouco, foram sendo tomadas medidas focadas em aumentar a transparência — é o caso da LAI, que ela considera "ganho enorme".

"A sociedade tem direito e tem que ter acesso às informações do Estado", defende Gonçalves.

No entanto, a professora da UnB diz que "muito do que a gente observa é ainda traço do patrimonialismo — 'sentei na cadeira e faço do jeito que entendo, do meu jeito'. Isso você observa em todas as áreas".

"Isso vai do nível mais baixo até o escalão mais alto. A gente está falando de informações no nível federal. Imagina lá na prefeitura das cidades menores, onde o prefeito entende que ele é dono da prefeitura e o recurso que foi ele foi atrás, ele gasta como ele quiser, e não vai disponibilizar essa informação."

Foto: Kristina Flour

Fadiga de reuniões

 

Profissionais em modelo híbrido passam duas horas ou mais em videoconferências todos os dias. Uma pesquisa global feita pela Dimensional Research e encomendada pela empresa de tecnologia Cisco com 1.408 executivos de companhias no mundo todo indicou que o excesso de reuniões é um dos motivos que está levando 42% dos profissionais a planejarem deixar o emprego atual nos próximos 2 anos.

Com o trabalho híbrido e remoto, as conversas que eram antes feitas num café ou no corredor viraram reuniões virtuais. E o levantamento mostra como a fadiga das videoconferências prejudica os funcionários, pessoal e profissionalmente. “O principal problema do novo modelo de trabalho remoto e híbrido não é o excesso de reuniões, mas principalmente a sequência de reuniões, uma atrás da outra, sem intervalo”, diz Marcelo Moreira, líder de Engenharia de Colaboração da Cisco América Latina.

Falta tecnologia apropriada

A falta da tecnologia apropriada para as chamadas também é negativa. Quase 70% dos entrevistados usam laptops para participar de reuniões, o que, segundo o especialista, não é o equipamento mais adequado por questões ergométricas, além de causar frustração com má qualidade de áudio e vídeo e ruído de fundo.

Menos da metade dos entrevistados disseram ter a tecnologia necessária para trabalhar remotamente. “A pesquisa mostra que 8 em cada 10 profissionais afirmam terminar o dia de trabalho com dores de cabeça, no pescoço ou ombros, entre outras reclamações relacionadas à saúde física”, diz Moreira.

Com o tempo, esses problemas físicos também podem se tornar questões de saúde mental. “Com isso, o profissional perde o engajamento e a produtividade, afetando as demandas do trabalho.” (...)

Fonte: Forbes

Custos pré-operacionais importam

Notícia da Exame, sobre o custos do Assaí:

O Assaí, que fatura R$ 60 bilhões anualmente e tem mais de 220 lojas no Brasil, estuda abrir uma seção especial no relatório do terceiro trimestre deste ano para explicar os custos pré-operacionais de abertura de lojas, segundo Belmiro Gomes, CEO da companhia. A declaração foi feita em um evento à imprensa nesta terça-feira (30), no qual executivos apresentaram o novo modelo desses estabelecimentos, com foco em mais serviços aos consumidores. (...)

A intenção de apresentar os dados separadamente não vem sem razão. O Assaí tem a meta de inaugurar 40 das lojas adquiridas (ou seja, 60%) até o fim deste ano, o que traz um peso relevante ao balanço quando o assunto é despesa. Hoje, a companhia tem oito mil funcionários contratados para estabelecimentos que ainda não entraram em operação. É um número que representa mais do que o tamanho da companhia inteira em 2011 — e aproximadamente 13% do quadro total de funcionários do Assaí atualmente. Esse gasto com pessoal, somado às reformas, traz custos pré-operacionais 2,5 vezes maiores em relação ao mesmo período do ano passado, por uma razão simples: em 2021, nesse período, eram cinco lojas em fase de construção e, hoje, são 30 só do Extra. Ao todo, a empresa tem 53 obras em andamento.

Olhando principalmente para o efeito das lojas convertidas, o segundo semestre deste ano é o período mais pesado em investimentos. Entre as demais, 21 estão planejadas para começarem a operar a partir do ano que vem e as remanescentes ainda aguardam negociações com proprietários ou licenças fornecidas por órgãos públicos. Questionado a respeito da probabilidade de essas lojas não virem pro portfólio do Assaí, Gomes explica que é baixíssima. O projeto das lojas do Extra, de modo geral, deve durar até o primeiro trimestre do ano que vem.

Até lá, o intuito do disclaimer no relatório é o de trazer ainda mais transparência e clareza para os resultados da companhia, uma vez que as despesas maiores também devem impactar a margem da companhia no curto prazo. No segundo trimestre, pouco desse efeito já apareceu: a margem bruta teve queda de 0,7 ponto percentual e a margem Ebitda ficou estável (queda de 0,1 ponto percentual), para 7,4%, mesmo com a expansão do Ebitda em 29,9%, para R$ 978 milhões.

Para o terceiro trimestre, a conta fica mais pesada porque, além da concentração da aberturas de lojas (que já têm como característica terem preços menores na inauguração) e reformas, o mês de setembro é marcado por promoções de aniversário do Assaí. Tudo isso já estava previsto pela empresa, que chegou a anunciar um guidance para 2022 de uma margem Ebitda 0,5 ponto percentual menor do que a registrada em 2021, o que daria algo em torno de 7% no fim deste ano. (...)

Evidenciação obrigatória e suas consequências

A questão da evidenciação obrigatória é bastante intrigante. Um artigo  mostrou que este tipo de evidenciação pode aumentar o total de informação. Isto é positivo. Mas pode também reduzir os incentivos para que o investidor adquira e produza informação. 


This paper examines whether mandatory disclosure affects the extent to which firms learn from external market participants. Conventional wisdom suggests that mandatory disclosure should increase the total amount of information in financial markets. However, disclosure can also reduce investors' incentives to acquire and produce information. Using the JOBS Act to identify variations in disclosure requirements, this paper finds that firms with reduced disclosure requirements attract more informed investors and learn more from financial markets than those with stricter disclosure requirements. This learning is concentrated among firms that attract sophisticated investors, particularly those with industry expertise, and weakens once firms are forced to disclose more information. Overall, the results suggest that one benefit from regulators’ recent efforts to reduce U.S. firm disclosure requirements is an increase in firm learning.

O artigo ainda não foi publicado. Via aqui. Foto: Markus Winkler

Rir é o melhor remédio

 

Documentos rendem mais

30 agosto 2022

A distância entre a teoria e os livros de Finanças Pessoais


Qual a diferença entre os livros de finanças pessoais e as pesquisas realizadas com um elevado rigor metodológico? Eis uma resposta aos livros de finanças pessoais

Mas a assessoria financeira popular tem dois pontos fortes em relação à teoria econômica. Primeiro, o conselho recomendado é freqüentemente facilmente computável por indivíduos comuns; não há necessidade de resolver um complexo problema de programação dinâmica. Em segundo lugar, o conselho leva em conta as dificuldades que as pessoas têm na execução de um plano financeiro devido, digamos, a uma motivação limitada ou a reações emocionais. Portanto, os conselhos populares podem ser mais úteis na prática para o cidadão comum. individual.

De um modo geral, os livros de finanças pessoais são de baixa qualidade. 

Ensino remoto e invasão da privacidade

Eis a notícia lá de fora:


Um juiz do tribunal federal decidiu na segunda-feira que as varreduras de salas - um componente de muitos serviços de procura on-line - violam a Constituição.

Juiz J. Philip Calabrese, do Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte de Ohio ficou do lado com o autor em uma decisão que foi descrita por alguns observadores legais como injetando uma nota de cautela sobre o uso dos polêmicos softwares, que explodiram durante a pandemia. O autor, um estudante da Cleveland State University, foi convidado a fazer uma breve varredura de seu quarto no início de 2021, antes de fazer um teste remoto.

Realmente o ligar da câmera é invasivo. Lembro da primeira pergunta que tive de responder de um aluno durante o início da pandemia: que livros eram aqueles que estavam após a minha imagem? Quase todos alunos desligavam suas câmeras e restava falar para uma tela do computador. 

Também lembro de uma entrevista de seleção da pós-graduação, onde a câmera era obrigatória estar ligada, sendo possível ver o local onde estava a pessoa. Em alguns casos, era possível perceber o ambiente. 

Em casos como este, o objetivo é evitar fraudes nos exames. Um tema bem complicado. 

Efeito do remoto no xadrez


Via Marginal Revolution, uma avaliação do desempenho dos jogadores de xadrez em partidas online, durante a pandemia:

Durante a pandemia do COVID-19, torneios tradicionais de xadrez (offline) foram proibidos e, em vez disso, mantidos online. Exploramos esse cenário único para avaliar o impacto de políticas remotas de trabalho no desempenho cognitivo dos indivíduos. Usando a inteligência artificial incorporada em um poderoso mecanismo de xadrez para avaliar a qualidade dos movimentos do xadrez e erros associados, encontramos uma diminuição estatisticamente e economicamente significativa no desempenho quando um indivíduo compete remotamente versus offline em um ambiente presencial. O tamanho do efeito diminui com o tempo, sugerindo uma adaptação à nova configuração remota.

Foto: Dipesh Shrestha

Emissão por quilograma de alimento

 O OurWorldData criou um gráfico para informar quanto o consumo de um determinado alimento afeta a emissão. Fiz uma seleção pessoal de alimentos e eis o resultado:


A pecuária é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa. Café, salmão e bacon aparecem depois. 

Rir é o melhor remédio

 

Síndrome do impostor é quando você acha que é incompetente, quando não é bem verdade. Não tem nenhuma relação com "não ter ideia do que está fazendo". 

29 agosto 2022

Acordo entre EUA e China permitirá a atuação do PCAOB

São poucas as vezes que uma questão contábil adquire uma importância estratégia, envolvendo duas potências. Este é o caso da inspeção das auditorias que empresas chinesas, com ações negociadas nas bolsas dos Estados Unidos. 

Desde a criação do PCAOB, fruto do escândalo da Enron e da Sarbox, esta entidade dos EUA faz inspeção regular no trabalho das empresas de auditoria. Isto envolve qualquer ativo negociado nos Estados Unidos. Somente dois países no mundo não aceitavam a inspeção do PCAOB, dificultando a verificação da qualidade da auditoria: China e Hong Kong. 

O problema foi sendo levado ao longo do tempo, mas recentemente o governo dos Estados Unidos ameaçou com a retirada de 200 empresas asiáticas do pregão. Sem uma inspeção da qualidade da auditoria, não seria possível continuar a negociação. 

Sexta feira foi anunciado o que parece ser um acordo para permite a fiscalização. Isto fez com que o preço das ações das empresas chinesas tivessem um aumento. O impasse de décadas pode ser resolvido e há um cronograma dos trabalhos iniciarem em setembro, em Hong Kong. 

Da parte chinesa existia uma preocupação com a segurança nacional. O acesso a documentos poderia ser sensível, sob a ótica chinesa. O anúncio informa que não ocorreu nenhuma concessão especial para que a China aceitasse os termos. Como o número de empresas é grande e o tempo sem inspeção também, o PCAOB poderá precisar ter um grande número de inspetores na Ásia para verificar a qualidade das auditorias e isto pode levar meses. O PCAOB pode selecionar a seu critério qual empresa ou auditoria irá investigar. Isto inclui entrevistas com os auditores. 

Obviamente, como isto é um assunto delicado, envolvendo não somente a contabilidade, como as relações internacionais, não será surpresa se ocorrer algum tipo de recuo de uma das partes. 

Fonte: aqui, aqui, aqui, aqui