18 fevereiro 2021
17 fevereiro 2021
Uma história da Mckinsey e da Enron
Da nota de rodapé do artigo do NakedCapitalism
Alguns de vocês devem se lembrar que o prodígio da McKinsey, Jeff Skilling, tinha a Enron como seu cliente e então abandonou o barco [da empresa de consultoria] para se tornar um executivo e posteriormente CEO [da Enron]. Em um encontro de ex-alunos da McKinsey em meados dos anos 2000, uma pessoa falou na sala: “Quantos de vocês trabalharam com Jeff Skilling?”
Cerca de 1/3 das mãos se levantaram.
Próxima pergunta: “Quantos de vocês estão surpresos por ele estar envolvido em algo que não passou no teste de cheiro?”
Nenhuma mão levantada.
Imagem: aqui
McKinsey é uma empresa do mau?
A empresa de consultoria McKinsey é muito, muito influente. Fundada há quase 100 anos, pelo professor da Universidade de Chicago James McKinsey, a empresa presta consultoria estratégica para governos e outras organizações. Como afirma o verbete da Wikipedia:
a empresa está associada com numerosos escândalos notáveis, incluindo o colapso da Enron em 2001 e a crise financeira de 2007-2008. Também está envolvida na controvérsia da Purdue Pharma, a entidade de emigração dos Estados Unidos e regimes autoritários.
Parece forte. Mas um texto do Naked Capitalism é mais ainda: Goldman é mau, mas McKinsey é pior.
É notável a maneira como a McKinsey vai de um desastre em outro, mas consegue se retratar como uma espécie de Zelig da América corporativa: sempre em cena, mas sem fazer nada em particular. Isso apesar do fato (por exemplo) de a McKinsey ter sido a única responsável pelo maior negócio de destruição de valor de todos os tempos (...) que foi a aquisição da AOL pela Time Warner. A McKinsey apresentou a AOL ao conselho da Time Warner cinco vezes e o conselho teve coragem de rejeitá-lo apenas quatro vezes.
Ou que tal a falência da Enron? A McKinsey estava em toda a Enron, tanto quanto a Arthur Andersen, mas não deixou impressões digitais na cena do crime, como assinar os dados financeiros da Enron ... mesmo que fosse amplamente reconhecido como tendo aprovado o tratamento contábil que afundou a Arthur Andersen.
O foco do texto é a crise dos opoides, onde a empresa parece ter desempenhado uma função crucial. Por conta disto, pagou 600 milhões de dólares. Lembram do caso da família Gupta, da África do Sul? KPMG e McKinsey?
E Isabel dos Santos? Uma lista foi postada aqui. A resposta da pergunta do título parece ser óbvia, não?
Linguagem e desempenho: duas pesquisas
Dois artigos interessantes. O primeiro estabelece uma relação entre legibilidade e custo do capital. Eis o abstract:
Using a large panel of U.S. public firms, we examine the relation between annual report readability and cost of equity capital. We hypothesize that complex textual reporting deters investors' ability to process and interpret annual reports, leading to higher information risk, and thus higher cost of equity financing. Consistent with our prediction, we find that greater textual complexity is associated with higher cost of equity capital. Our results are robust to a battery of sensitivity checks, including use of multiple estimation methods, alternative proxies of annual report readability and cost of equity capital measures, and potential endogeneity concerns. In addition, we hypothesize and test whether the nature of the relation between readability and cost of capital depends on the tone of 10-K filings. Our results show that the effect of annual report complexity on cost of equity is greater when disclosure tone is more negative or more ambiguous. We also find that the effect of annual report readability on cost of equity capital depends on the degree of stock market competition, level of institutional investors' ownership, and analyst coverage.
No mesmo periódico, um artigo que analisa a relação entre a linguagem positiva e o retorno do acionista. A conclusão é importante: que exagera na linguagem positiva não entrega resultado. Eis o abstract:
We examine S&P 500 firms over 1999–2014 that characterize their annual performance with extreme positive language. Only 18% of such firms increase shareholder value, while over 80% have either negative or insignificant abnormal returns. Our evidence suggests that firms often base their claims of extreme positive performance on high raw returns or strong relative accounting performance. In comparison to firms that generate positive abnormal returns without boasting, our sample firms tend to have superior accounting performance. We conclude that boasting about performance is rarely associated with value creation and is more consistent with an emphasis on accounting metrics.
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Para o IFAC, mais informação significa melhor comunicação
A IFAC aplaude a liderança do Conselho de Relatórios Financeiros ao estimular essa importante conversa sobre o futuro dos relatórios corporativos. A IFAC apóia a inclusão de uma gama mais ampla de informações nos relatórios corporativos para que as organizações possam se comunicar com mais eficácia - e as partes interessadas possam entender melhor - as perspectivas de criação de valor de longo prazo.
Fonte: aqui
Já destacamos aqui que criar normas pode ser um negócio. Também aqui chamamos a atenção para uma política usada quando não sabemos direito o que fazer: pedimos mais informação
16 fevereiro 2021
Doutorado e Política na Alemanha
Na Alemanha, os políticos parecem gostar de ter um doutorado:
Em 2011, por exemplo, os 622 membros do Bundestag incluíam 115 com doutorado (18 por cento), enquanto no gabinete um surpreendente 10 de 16 ministros (63 por cento) tinha Ph.Ds (...) A própria chanceler Angela Merkel é famosa por ter um Ph.D. em química quântica; seus gabinetes também tiveram diversos doutores em direito, medicina, administração, sociologia, educação e até mesmo teologia.
No parlamento atual, quase 82% dos legisladores têm diploma universitário e cerca de 17% têm Ph.Ds. O antecessor de Merkel, Helmut Kohl, tinha Ph.D. em história; Primeiro-ministro da Baviera - e possível sucessor de Merkel - Markus Söder tem doutorado em direito. No Presidium dos Democratas Cristãos, um órgão de governo que geralmente compreende líderes políticos em nível federal e estadual, três dos sete membros têm doutorado.
O problema para alguns: plágio nos trabalhos.
Sustentabilidade: custo ou investimento?
A sabedoria convencional afirma que limpar o registro ambiental de uma empresa é mais caro do que pagar multas, entrar em acordo com os demandantes ou evitar totalmente a responsabilidade. Esse entendimento guiou décadas de comportamento corporativo, desde o despejo de substâncias cancerígenas no abastecimento de água potável da Califórnia até testes de emissão falsos em carros a diesel .
Mas um crescente corpo de pesquisas desafia essa noção. Desde 2015, estudos sugerem que o custo de melhorar o histórico ambiental de uma empresa não é custo, mas sim um investimento que aumenta os lucros, a eficiência e a competitividade.
Decisões do IFRIC
Enquanto o Board do Iasb recebe toda a atenção, o IFRIC, que tomaria pequenas decisões relacionadas com situações específicas, não recebe muita atenção. Uma publicação do IFRIC (International Financial Reporting Standards Interpretations Committee) apresenta as decisões atualizadas. Um exemplo de como isto pode afetar a vida das empresas foi apresentado aqui. Eis um exemplo:
A decisão da agenda determinou que as criptomoedas devem geralmente ser contabilizadas com base no custo, embora também tenha concluído que uma abordagem de corretor / distribuidor de valor justo pode ser usada em algumas circunstâncias. Mais de 75 por cento dos preparadores estavam usando uma abordagem de valor justo, que deve ser evitada após esta decisão, diz Hardidge.
Ensino a distância e Humor
Eu já tinha notado isto em um curso que ministrei. Parece que humor não combina bem com ensino a distância. É uma pena, pois torna a aula mais burocrática. Um texto do The Conversation apresenta as razões da dificuldade de usar o humor em sala de aula virtual.
1. Pistas são perdidas - o humor depende das pessoas captarem pistas contextuais, como gestos, expressões faciais e postura. O ensino virtual torna isto mais difícil.
2. Problemas técnicos - a qualidade das conexões pode distorcer a voz e imagem do professor e dos alunos, o que prejudica o humor. E o uso de celular não ajuda.
3. O riso é menos contagioso - o humor é contagioso. A presença de colegas em um mesmo ambiente ajuda a aula ser mais engraçada. Mas isto não ocorre na aula virtual. Os problemas técnicos agravam este fato.
4. Efeito da câmera ligada - um estudo mostrou que participantes filmados assistindo uma comédia, quando perceberam a presença da filmagem, riram menos.
5. Muitas distrações - muitos alunos não estão prestando atenção na aula, em turmas remotas. Há interrupções, que inclui animais e crianças.
Imagem: aqui
15 fevereiro 2021
Honestidade e Gênero
Uma pesquisa examinou se o gênero tinha alguma influência na honestidade das pessoas. Para isto, os pesquisadores usaram dados da Itália e da China em situações de trabalho. O resultado foi o mesmo: as mulheres são menos investigadas por corrupção do que os homens, nos dois países.A pesquisa pode ser encontrada aqui e o resumo, em inglês, está abaixo:
Apple e a questão dos impostos na Europa
Acompanhamos no passado o caso da possibilidade da Apple pagar imposto de renda na Europa. A empresa usava um planejamento tributário bem agressivo, usando a Irlanda. Isto foi destaque há anos. Depois, parecia que a Apple tinha vencido o confronto, com o reconhecimento da Europa, que a empresa tinha usado as normas a seu favor. Agora, a notícia de que a Comunidade Europeia está voltando atrás e pedindo o pagamento dos impostos. Eis a notícia da Forbes (imagem aqui)
UE alega erro judicial e pede pagamento de US$ 15,7 bi em impostos pela Apple
As autoridades antitruste da União Europeia alegaram que um tribunal cometeu erros ao suspender uma ordem para que a Apple pagasse € 13 bilhões (US$ 15,7 bilhões) em impostos atrasados na Irlanda e pediram anulação da decisão.
A Comissão está apelando para o Tribunal de Justiça da União Europeia, com sede em Luxemburgo, após uma decisão do ano passado do Tribunal Geral, que disse que o executivo da UE não havia cumprido os requisitos legais para mostrar que a Apple desfrutou de uma vantagem injusta.
Em 2016, a Comissão disse que duas decisões fiscais irlandesas reduziram artificialmente a carga tributária que incide sobre a Apple por mais de duas décadas, que em 2014 era de apenas 0,005%.
“O fato de o Tribunal Geral não ter devidamente considerado a estrutura e o conteúdo da decisão e as explicações nas observações escritas da Comissão sobre as funções desempenhadas pelas sedes e pelas subsidiárias irlandesas da Apple é uma violação do procedimento”, afirmou a Comissão em documento.
A Apple disse que o julgamento do Tribunal Geral provou que sempre cumpriu as leis irlandesas, com o problema sendo mais sobre onde a companhia deveria pagar impostos do que sobre o valor de tais taxas. (Com Reuters)
Custo da energia renovável em queda, mas não significa seu uso
Texto do Popsci destaca que a energia solar ficou barata (postamos sobre isto recentemente). E questiona a razão de não estar usando mais.
Sobre o custo, eis um trecho:
Quando se trata do custo da energia de novas usinas, a energia eólica onshore e a solar são agora as fontes mais baratas - custando menos do que gás, geotérmico, carvão ou nuclear.
Solar, em particular, barateou em um ritmo alucinante. Há apenas 10 anos, era a opção mais cara para construir um novo empreendimento energético. Desde então, esse custo caiu 90%, de acordo com dados do Relatório de Custo Nivelado de Energia e destacado recentemente por Our World in Data . Painéis solares em escala de serviço público são agora a opção mais econômica de construir e operar. A energia eólica também apresentou um declínio dramático - os custos de vida útil de novos parques eólicos caíram 71% na última década.
Existem algumas explicações para isto:
[A Energia] Solar tornou-se barato devido a forças chamadas curvas de aprendizado e ciclos virtuosos (...) Aproveitar a energia do sol costumava ser tão caro que só era usado para satélites. Em 1956, por exemplo, o custo de um watt de capacidade solar era de US $ 1.825. (Agora, a energia solar em escala de serviço público pode custar tão pouco quanto $ 0,70 por watt .)
O ciclo virtuoso, uma das explicações é o seguinte:
Quanto mais painéis eram produzidos para satélites, mais seu preço diminuía e mais eles eram adotados para outros nichos. Como o custo diminuiu ainda mais devido a melhorias tecnológicas e ao aumento das economias de escala, a energia solar foi capaz de finalmente estrear como uma fonte de energia de uso geral viável. Desde 1976, cada duplicação da capacidade solar levou a um declínio médio de 20,2% no preço dos painéis.
Há também o investimento do governo na tecnologia. Entretanto, as fontes renováveis ainda não são adotadas substancialmente na maioria dos países (o Brasil é um exceção). Há alguns desafios tecnológicos (como levar a energia produzida em um lugar para outro ou como armazenar a energia para ser usada quando estiver de noite). A explicação pode estar no custo perdido (o texto não usa este termo e faz uma confusão entre custo e gasto):
“Temos usinas fósseis onde já pagamos para construí-las e o custo de produção de mais uma unidade de eletricidade é mais barato do que usar a infraestrutura existente do que construir uma nova infraestrutura na maioria dos casos. Portanto, considerando que já pagamos o custo inicial dessa infraestrutura de combustível fóssil, a economia ainda não se alinha quando vamos facilitar uma rápida eliminação das usinas de combustível fóssil antes do final de seu ciclo de vida. ”
Isso pode mudar em breve, no entanto. O custo de construção de novas energias renováveis está se tornando cada vez mais competitivo com o custo de adicionar capacidade adicional às instalações de combustíveis fósseis existentes. Na análise da Lazard de 2020, os custos vitalícios (quando incluindo subsídios) de energia são $ 31 por megawatt-hora para energia solar e $ 26 por megawatt-hora para vento. O custo de aumentar a capacidade foi de $ 41 para carvão e $ 28 para gás natural.
Outra questão são os contratos de longo prazo:
Além de já estar fortemente investido em combustíveis fósseis, há muita inércia no sistema devido aos contratos de longo prazo entre concessionárias, produtores de energia e mineradoras. E como o uso total de energia do país não aumenta tanto a cada ano, não há muito incentivo para construir novas energias renováveis.
E a questão tecnológica (comentado anteriormente):
O sol e o vento não são consistentes ao longo do dia ou do ano, e às vezes os melhores lugares para ter energia não têm muitas pessoas morando lá. As partes mais ventosas do país - geralmente nas regiões do interior como as Grandes Planícies - têm menos pessoas para usar essa energia do que as cidades costeiras superlotadas. A envelhecida rede elétrica americana não tem atualmente a capacidade de distribuir energia de fontes renováveis por longas distâncias, diz Matt Oliver, economista de energia do Instituto de Tecnologia da Geórgia.
Esses desafios de intermitência e geografia não são intransponíveis - baterias e água podem armazenar energia e melhores sistemas de transmissão podem ser construídos. Mas as soluções exigirão investimentos maciços para desenvolver e construir a infraestrutura necessária.
Balanço Patrimonial impõe dúvidas sobre o futuro do Barcelona
Clubes de futebol são geralmente mal administrados. Não somente aqui, mas também na Europa. O Barcelona é um caso onde a crise financeira pode significar o fracasso futuro. O texto a seguir faz uma vinculação entre a questão do futebol e a questão contábil.
14 fevereiro 2021
Cafeteria e produtividade
Algumas das pessoas mais bem-sucedidas da história fizeram seu melhor trabalho em cafeterias. Pablo Picasso , JK Rowling , Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Bob Dylan - sejam eles pintores, cantores e compositores, filósofos ou escritores, pessoas de várias nações e séculos usaram sua criatividade trabalhando em uma mesa de café .
Partida Tripla
A "piadinha" eu encontrei em um jornal infantil existente na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. O autor da piada desconhece contabilidade, mas vale a pena transcrever aqui (fiz ajustes para adequar ao português atual e a leitura ficar mais fluída):
As partidas tríplices
O João Firmino, lendo, num jornal da tarde, que certa firma comercial necessitava de um guarda-livros, apresentou-se como candidato. Recebido pelo chefe do estabelecimento e tendo respondido as primeiras perguntas satisfatoriamente, o homem declarou:
- Estou inclinado a dar-lhe o lugar...
Fez uma pequena pausa, para logo prosseguir:
- ... desde que o senhor entende do sistema de partidas dobradas na contabilidade. Entende?
- Sim, entendo.


















