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02 dezembro 2020

Coisas que aprendi remando


Há três anos resolvi praticar um esporte diferente: o remo. A pandemia afastou da atividade, mas sempre pensei em postar sobre as coisas que aprendi remando. 

1. Remo é fácil - Eu lembro que há muitos anos tive vontade de aprender tênis. Fui conversar com um professor e ele disse: em seis meses você estará trocando bola. Achei muito longo e complicado, apesar de ser, até certo ponto, verdadeiro. O remo é um esporte fácil de aprender e praticar. Um neófito conseguirá aprender os movimentos em menos de uma hora. Depois disto, é só entrar em um barco e aproveitar. 

2. Remo é um esporte para panturrilha e abdômen - Esta talvez seja a maior surpresa para aqueles que nunca fizeram este esporte. As pessoas pensam que um remador precisar ter braços fortes. Mas o local onde o remador senta no barco é móvel e isto faz com que os músculos mais exigidos sejam a batata da perna e o abdômen. 

3. Existem dois tipos de remadores - A melhor classificação de remador é aquela que separa os praticantes em dois grupos: aqueles que nunca viraram seu barco e os que já viraram. Basta um descuido ou um vento mais forte para você sair do primeiro grupo. No meu caso, aconteceu no dia que estava mudando para um barco mais leve e o tempo mudou. É bastante vergonhoso chegar todo molhado. 

4. Você pratica o esporte com o tênis desamarrado - Uma das regras de segurança é que você deve subir no barco com o tênis desamarrado. O remador tem os pés presos ao barco e caso "a canoa virar", o remador não fica preso ao barco. É uma medida de segurança. 

5. Quanto mais fino o barco, mais rápido e mais instável - Os iniciantes geralmente apreendem o equilíbrio com barcos mais largos. À medida que praticam a atividade, vão evoluindo para barcos mais estreitos. Estes barcos são rápidos, mas também são mais instáveis, exigindo maior equilíbrio. 

6. Você anda de ré - Remar é como andar de carro de marcha ré. Isto significa que você não está olhando para onde está indo, sendo necessário ter um certo senso de localização. Os iniciantes tendem a virar muito a cabeça, tentando ver se o barco está indo em linha reta. Por conta disto, eventualmente há acidentes como: tocar o barco na margem (ou em uma ilha), passar perto de outro barco, remar de forma sinuosa, etc. 

7. O remo pode ser praticado coletivamente - O normal é a prática do remo individual, mas existem possibilidades de praticar o esporte com mais pessoas. O mais divertido, na minha opinião, é a canoa havaiana, com 12 ou mais pessoas.

8. Não é um esporte caro - Em um clube de remo, você paga a mensalidade e pode usar os barcos. No clube que praticava, isto dava direito a usar o equipamento a qualquer hora do dia, entre seis da manhã até as seis da tarde, sem limite de horário. Não há um "exigência" de um roupa específica (pode ser interessante, mas não é fundamental). 

9. Remadores detestam usar coletes - Remadores são propensos ao risco. Não gostam de usar coletes - acham que atrapalham os movimentos. Eu sempre usei: mesmo sabendo nadar, o colete pode ser sua salvação em caso de passar mal durante a atividade. É interessante que, por diversas vezes, pessoas perguntavam se eu sabia nadar. Por estar usando meu colete.

10. Velocidade do vento - A velocidade do vento pode determinar a qualidade da pratica do remo. Quando a velocidade é baixa, a água fica calma e é bastante tranquilo remar. Se estiver ventando muito, a água fica turva, aumentando o risco do barco virar. Geralmente o serviço de meteorologia divulga esta informação. 

11. Saindo contra o vento - O ideal é sair para remar na direção contrária ao vento. É aplicação prática do ditado: "para baixo todo santo ajuda". Quando você estiver voltando, é bastante provável que o vento esteja favorável; você está mais cansado, o vento a favor vai ajudar. 

12. Remar é relaxante - Além da atividade física, o remo é bastante relaxante. Se você fizer a atividade em um lago, por exemplo, enquanto pratica o esporte, poderá contemplar a natureza. Quantas vezes estava remando e pensando em um dia escrever um texto sobre as coisas que aprendi remando...

(Foto: Célio Dias, atleta. Professor de remo do clube onde aprendi remo)

Podcast Ciência Aberta


O podcast Ciência Aberta foi um dos mais ouvidos no Spotify, categoria Science, este ano. É uma grande conquista da ideia da professora Dra. Ducineli Regis Botelho. Criado na metade do ano, em plena pandemia, o podcast tem uma estrutura bem interessante. Um ou dois alunos de graduação leem uma dissertação ou tese. A partir da leitura, elaboram questões para o aluno e seu orientador. Estas perguntas são respondidas como se fosse um bate papo. 

Como as questões são apresentadas pelos alunos, há uma curiosidade natural no diálogo que se estabelece entre entrevistadores, discente da pós-graduação e orientador. Alguns dos episódios duraram quase uma hora e meia; outros ficaram mais curtos. Talvez exista aí uma fase natural de consolidação do podcast. 

Até o Ciência Aberta, eu confesso que não tinha escutado nenhum podcast. Depois da iniciativa da Ducineli, isto pareceu ser algo natural; uma atividade que pode ser feita enquanto você caminha ou está lavando os pratos sujos. Você pode encontrar os episódios em diversos serviços de podcast. 

(Folder com a imagem da minha participação com a Mariana Bonfim)

30 novembro 2020

Reduzindo a zero a pegada de carbono do Brasil


Em um momento que se discute a questão ambiental, um artigo de opinião de David Fickling para Bloomberg destaca a posição brasileira. A tese central é que o Brasil estaria em uma posição excelente, entre as grandes economias, para ter uma "pegada de carbono" zero. Se isto fosse a vontade do governo. 

A possibilidade do Brasil zerar suas emissões "seria muito mais fácil do que a maioria". Para isto, o país conta com uma geração de energia principalmente de origem hidrelétrica: 64% da nossa energia é proveniente de barragens.  Energia eólica, solar e nuclear respondem por 21% do total. Os combustíveis fósseis são responsáveis por 15%. Esta matriz energética foi construída há muitos anos. 

O artigo é longo, mas vale uma leitura. Onde o país pode melhorar? Fickling lembra que nossas exportações agrícolas possuem problemas ambientais, mas que podem ser corrigidos com uma melhoria na produtividade. 

A carne bovina brasileira é uma das mais intensivas em carbono do planeta. Cada quilo de gado brasileiro criado em terras recém desmatadas adiciona até 726 quilos (1.600 libras) de emissões de carbono equivalente para a atmosfera, de acordo com um estudo de 2011 . Em partes mais estabelecidas do país, ele requer apenas cerca de 22 quilos de CO2, e fazendas em outros países exigem metade disso, com alguns números chegando a 3 quilos .

Ou seja, se o país corrigir a baixa produtividade da pecuária, isto pode reduzir o desmatamento e a emissão do metano proveniente do gado. 

Contabilidade - uma forma de "incentivar" o problema ambiental seria com o aumento da produtividade da pecuária. Nós temos algumas grandes empresas processadoras de proteína (como gostam de serem chamadas) na bolsa de valores. Obrigar a relatar as emissões de carbono pode ser um caminho para esta melhoria. 

Imagem: aqui



Rir é o melhor remédio

 


Sarcasmo

29 novembro 2020

Licença Social para Funcionar


Um texto sobre a Shell traz um termo bem interessante:

“Licença social para funcionar” é uma das forças vitais das marcas. Supostamente [o termo foi] cunhado pelo CEO canadense de mineração James Cooney em 1997 após um desastre; o conceito é basicamente o quanto o público está disposto a abraçar (ou pelo menos tolerar) como uma indústria opera.

A gigante do petróleo [Shell] decidiu pesquisar seus 551.000 seguidores no Twitter sobre o que eles estavam dispostos a fazer para reduzir a poluição do carbono como parte de um estranho debate de energia. A estrutura da pesquisa girou em torno de escolhas pessoais, o que há muito é uma tática de desvio da indústria do petróleo para evitar o escrutínio de seu modelo operacional. (Curiosidade: a pegada de carbono pessoal foi uma ideia popularizada pela BP)

No caso da Shell, sua pesquisa fez florescer milhares de reações iradas. (...) este foi um sinal claro do desaparecimento da licença social da indústria do petróleo.

Aqui estão alguns fatos sobre a Shell. Os próprios cientistas da empresa alertaram sobre seu papel em impulsionar a crise climática que data pelo menos dos anos 1980 , e ainda assim ela avançou a todo vapor desempenhando esse papel. Suas ações desde 1988 são responsáveis ​​por 2% de todas as emissões globais. É a segunda maior fonte de emissões de propriedade de investidores no mundo naquela época, atrás apenas da Exxon. A Shell também é o sétimo maior contribuinte para a acidificação dos oceanos  desde 1880 . Esta é uma empresa que nunca mereceu a licença social para operar, mas à medida que os impactos da crise climática se tornam mais claros, ela se torna ainda mais restrita.

No seguimento de sua enquete condenada, a Shell tuitou: “Mudar o sistema de energia exige que todos façam sua parte. ... De nossa parte, dissemos na semana passada que a Shell remodelará seu portfólio de ativos e produtos para atender às necessidades de energia mais limpa de seus clientes nas próximas décadas ”.

Como você deve ter adivinhado, um relatório publicado no início deste ano pela Oil Change International descobriu que a Shell, juntamente com todas as grandes empresas de petróleo que propuseram um plano climático, está falhando. No caso da Shell, seus esforços foram considerados “grosseiramente insuficientes” em oito das 10 categorias incluídas na análise. (Era simplesmente “insuficiente” nas outras duas categorias.) As únicas empresas que estão fazendo menos são a Chevron e a Exxon.

28 novembro 2020

Rir é o melhor remédio

 




Rejeição de artigos


Em geral um periódico de boa qualidade tem uma taxa de rejeição de 90% ou mais. Um periódico de boa qualidade este número é menor, algo em torno de 75%. Assim, ter um artigo rejeitado é algo comum. Há histórias de pesquisas fundamentais que foram recusadas pelos periódicos; a teoria das opções é um exemplo.  

Alguns periódicos apresentam esta informação para ajudar o autor na escolha da submissão. Existem sites que também divulgam isto. Há aqui um problema: o que seria rejeição de um artigo? Quando um autor submete um artigo fora das normas do periódico, o texto pode ser devolvido para correções. Este caso entraria na estatística de rejeição? Alguns periódicos consideram que sim, outros só passam a contar a partir da análise do texto. 

Alguns estudos mostraram que a taxa de rejeição estaria em torno de 60% (vide aqui as referências). Mas que artigos submetidos por países como China, Índia e Brasil o nível de aceitação é menor. Por exemplo, artigos de países desenvolvidos tem uma taxa de rejeição média de 50%; já países com piores desempenho - que inclui o Brasil - a taxa de rejeição estaria entre 73% a 81%

Os periódicos abertos possuem uma taxa de rejeição menor. Mas estes periódicos são mais recentes e geralmente estão em áreas onde a aceitação é geralmente maior. 


27 novembro 2020

Resposta do Fasb à crise


Estamos deixando de olhar o que está ocorrendo com o Fasb. Desde 2010, quando o Brasil adotou as normas internacionais do Iasb, passamos a acompanhar de perto o que se passa na Fundação IFRS. (Acho que este blog é uma resistência: entendemos que o Fasb produz normas melhores que o Iasb e estas normas ainda são relevantes para algumas empresas brasileiras). 

Como o Fasb reagiu diante da crise de saúde mundial? Basicamente postergou a adoção de normas que já estavam aprovadas e divulgadas. Algumas destas normas foram elaboradas em conjunto com o Iasb; enquanto o Iasb correu para implantar, o Fasb foi mais lento (menos eficiente?) e em alguns casos não adotou a mesma norma do Iasb (caso do leasing). A primeira atitude do Fasb foi então postergar, ainda mais, a adoção destas normas. Eis um trecho do Accounting Today sobre a questão do Seguros: 

[O Fasb] está adiando a data de vigência de seu padrão de contabilidade de seguro de longa duração por um ano e tornando mais fácil sua adoção antecipada.

No mês passado, os membros do conselho votaram para adiar o padrão em resposta à pandemia de coronavírus. (...) O FASB tem adiado vários de seus padrões este ano em resposta à pandemia COVID-19, incluindo arrendamentos e perdas de crédito, bem como reconhecimento de receita para empresas de franquia. Em julho, propôs atrasar o padrão de seguro após a votação em junho para emitir a proposta

Enquanto isto, o Fasb continuou com a modificação da sua estrutura conceitual (com algumas alterações bem interessantes) (breve iremos postar sobre isto)

(Em tempo, o IPSASB também adiou as datas efetivas de normas para o setor público)

Frase



“Uncertainty is the engine of science, and a sign of knowledgeable humility.” 

(Incerteza é o motor da ciência e um sinal de humildade bem informada) David Spiegelhalter. (The Guardian via e-mail da Nature)

26 novembro 2020

Tesla

A empresa Tesla tem gerado um debate muito interessante. Os interessados em contabilidade deveriam acompanhar mais de perto este debate pelo menos por dois motivos. Primeiro, os números contábeis da empresa são ruins (inclui até acusação de manipulação/fraude contábil), não gerando lucro nem caixa com as atividades operacionais. Mesmo assim, a empresa tem um valor de mercado absurdamente elevado. Segundo, há uma discussão sobre o custo dos produtos fabricados pela empresa, em relação aos seus concorrentes. A seguir, alguns trechos de um artigo publicado por Wolf Richer:

Tesla é um fenômeno sobrenatural, liderada por um cara que anda sobre a água e não está fabricando e vendendo automóveis em uma indústria estagnada ou em declínio, mas está criando milagres com rodas em um universo sem limites. Portanto, entendo perfeitamente que é um sacrilégio mencionar Tesla ao mesmo tempo que a Ford e a General Motors. Mas aqui vamos nós, com sacrilégio e tudo, lado a lado, apenas os números, Tesla, Ford e GM.

A GM informou esta manhã que as receitas globais para o terceiro trimestre ficaram estáveis ​​em US $ 35,5 bilhões, em fortes ganhos de vendas por unidade na China e queda nas vendas por unidade nos EUA, mas com uma mudança para veículos mais caros nos EUA. A GM anunciou anteriormente que as entregas do terceiro trimestre na China, por meio de sua joint ventures, aumentaram 12%, para 771.400 veículos (outras montadoras também relataram grandes ganhos, ano a ano, no terceiro trimestre na China). Nos EUA, as entregas da GM no terceiro trimestre caíram 10% ano a ano, para 665.000 veículos, mais uma vez vendendo mais veículos na China do que nos EUA.

A comparação: Tesla, Ford e GM.

As receitas globais da GM e da Ford foram mais de quatro vezes as receitas globais da Tesla:


O lucro líquido atribuível aos acionistas ordinários no terceiro trimestre da GM foi 13 vezes o da Tesla; e o lucro líquido da Ford foi 42% maior do que o da Tesla:


O lucro por ação no terceiro trimestre da GM foi mais de 10 vezes o da Tesla. O LPA da Ford era menos da metade do Tesla:


Mas a capitalização de mercado da Tesla (preço das ações vezes o número de ações em circulação), apesar de ser uma empresa muito menor, é atualmente 13 vezes a capitalização de mercado da Ford e quase 8 vezes a capitalização de mercado da GM. E é quase 5 vezes sua capitalização de mercado combinada:


O que essa comparação de capitalização de mercado mostra não é que a Ford e a GM estão de alguma forma subvalorizadas por um fator de 100 ou qualquer outra coisa, mas que o preço das ações da Tesla está ridiculamente fora de proporção.

A Tesla tornou carros elétricos (EV) legais e forçou os fabricantes de automóveis antigos a levar os EVs a sério. E agora, depois de anos perdendo tempo, todos estão levando os EVs a sério.

(...) E esses fabricantes de automóveis antigos estão agora investindo muitos bilhões de dólares cada um para projetar e construir EVs. Eles moveram seus cérebros mais brilhantes para o segmento. Alguns desses EVs já estão no mercado, outros estão chegando no mercado.

A competição que a Tesla enfrenta está crescendo e se tornará enorme. Antes era apenas Tesla sozinha, e se você quisesse um EV, teria que ser um Tesla. Agora são todos, em todo o espectro, de carros compactos a picapes.

Nesse aspecto, Musk realizou um milagre: ele criou uma indústria inteira e forçou os gigantes a tirar suas bundas preguiçosas e se mexer. Ele os abalou. E agora eles estão se movendo.

(...) A Tesla agora está enfrentando todos os gigantes que despertou - além de todos os recém-chegados que agora estão lutando na China - o maior mercado de automóveis e EV do mundo - e em outros lugares.

Fabricar EVs é mais barato e simples do que fabricar veículos ICE (veículo de combustão interna) - com a bateria sendo a exceção. O trem de força ICE, os sistemas de combustível, os sistemas de refrigeração, os sistemas de lubrificação, os sistemas de exaustão, a transmissão, o controle de emissões e os sistemas de gerenciamento do motor, etc. são altamente complexos. E tudo isso é jogado fora e substituído por motores elétricos, uma bateria e os sistemas que os controlam e os gerenciam. Grande parte da frenagem é feita por motores elétricos, que geram eletricidade no processo que carrega a bateria, reduzindo não apenas o consumo de eletricidade, mas também a manutenção do freio. A bateria é o ponto crucial, mas essa tecnologia está avançando a passos largos e está sendo comoditizada.

A Tesla está perdendo seu status de pioneira e se tornando apenas mais um competidor em uma indústria dominada por gigantes. A Tesla criou uma marca fabulosa (“Tesla”) e, para pessoas que gostam de comprar marcas fabulosas, isso é uma atração. Mas para outros compradores de carros e caminhões, não é uma atração. O que eles querem é um veículo bem feito, confiável e versátil, apoiado por um serviço competente e de fácil acesso e disponibilidade de peças - que os gigantes vêm aprimorando há décadas.

Voltaremos breve ao assunto

25 novembro 2020

Capa do livro de Teoria da Contabilidade

 

A quarta edição já tem uma capa. Um desenho bem moderno e bonito. Saiu a capa preta das edições anteriores e entra este novo desenho.

Lembrando que a 4a edição traz profundas mudanças na estrutura e capítulos. Espero que todos gostem

Rir é o melhor remédio

 


24 novembro 2020

Treinamento do IPSAS


Um conjunto de textos para treinamento sobre as normas internacionais do setor público. São dez módulos em arquivo PDF com a seguinte estrutura:

1 - Introdução

2 - Ativo

3 - Passivo

4 - Receitas

5 - Despesas

6 - Instrumentos Financeiros

7 - Consolidação e Combinação

8 - Apresentação

9 - Primeira adoção do regime de competência

10 - Outros pronunciamentos

Abertura de capital da Corpel


A notícia não despertaria interesse se o Grupo Cortel não operasse cemitérios, crematórios e funerárias. O Grupo pediu aval para realizar uma oferta inicial de ações (IPO). Eles atuam em quatro estados do Brasil e possuem "10 cemitérios em seu portfólio, também atuando em diversos outros “produtos e serviços atrelados ao luto”, segundo o prospecto preliminar da operação.". 

Nos nove primeiros meses de 2020, o grupo teve receita líquida de R$ 75,9 milhões, ante R$ 55,4 milhões no mesmo período do ano anterior. O lucro líquido foi R$ 21,5 milhões, em comparação com R$ 9,1 milhões de reais na mesma etapa de 2019. 

A empresa planeja expandir suas operações com a aquisição de ativos “em regiões com baixo atendimento profissional de cemitérios e serviços funerários”, mas que possuam população acima de 500 mil habitantes e com PIB per capita acima da média do país. 

(...) Segundo a companhia, se por um lado a epidemia de Covid-19 tem limitado “o tempo do cerimonial fúnebre” para duas horas, podendo “afetar os serviços de maior valor agregado durante este período de isolamento social”, por outro “alguns empreendimentos, já apresentam aumento de demanda e consequentemente aumento em suas receitas”, afirmou a Cortel no prospecto. 

“A expectativa da companhia é que haja um aumento de demanda nos próximos meses em virtude das mortes por Covid-19”, acrescentou a companhia.

Unicórnio

 Unicórnio são empresas novas, com elevado valor. O gráfico mostra os unicórnios mais valiosos em 2020, com a presença de uma empresa brasileira:



Rir é o melhor remédio

 


23 novembro 2020

Contabilidade da Cannabis


A contabilidade pode ser aplicada a qualquer negócio: empresa comercial, uma indústria, o governo, um bordel, aos negócios particulares e em negócios esdrúxulos. Daniel Hood escreve um artigo sobre a dificuldade de ser contador de uma empresa de cannabis nos Estados Unidos. Já discutimos isto aqui, com o caso do Canadá.

A contabilidade para empresa de cannabis é um nicho de mercado interessante. Nos Estados Unidos, alguns estados liberaram a produção e comercialização - sob determinadas restrições - do produto. Durante a pandemia, tudo leva a crer que cresceu o consumo do produto. O consumo do produto parece que resistiu à recessão, embora o abastecimento do mercado ilegal parece ter se aproveitado mais. 

Entretanto, há alguns problemas. Hood lembra que o setor possui um grande problema no acesso aos canais bancários normais: as instituições financeiras estão sob regulamentação do governo federal, que ainda não "legalizou" o negócio. Assim, as transações são basicamente em moeda corrente. E isto traz alguns problemas: roubo, extravio, dificuldade de pagamento de folha e a própria contabilidade. 

Consultoria profissional sobre como administrar um negócio somente em dinheiro é, portanto, crítico para as empresas de cannabis

E auditoria. E uma legislação confusa, onde a ausência de leis federais cria uma série de problemas para as empresas. Em alguns estados, as leis são de responsabilidade dos municípios. E cada localidade tem suas regras. Os softwares específicos possuem bugs e não existe pessoal especializado. 

Pesquisa sobre Covid

 Toda madrugada de segunda, o NBER posta as pesquisas semanais. Algo em torno de 30 pesquisas de excelente nível estão disponibilizadas, antes de serem publicadas nos principais periódicos do mundo. Nesta segunda, chama à atenção (pelo título e resumo) as seguintes pesquisas:

The Value of a Cure: An Asset Pricing Perspective - Viral V. Acharya, Timothy Johnson, Suresh Sundaresan & Steven Zheng procuram determinar o valor da cura de uma vacina para combater o Covid. Usando o preço das ações e as notícias do avanço do estágio de vacinas, os autores fizeram um modelo para precificar os ativos e estimar os ganhos para a economia. Além do valor da cura, a vacina poderia resolver a incerteza decorrente da doença. 

Why Is All COVID-19 News Bad News? Bruce Sacerdote, Ranjan Sehgal & Molly Cook analisam se as notícias sobre o Covid-19, desde janeiro de 2020, são negativas ou positivas. Nos Estados Unidos, 91% das notícias são negativas, versus 54% de fontes fora dos EUA e 65% dos periódicos científicos. A negatividade da imprensa não reage com a mudança de novos casos ou tendências políticas. Parte do resultado é explicada pela preferência dos leitores dos EUA, que preferem notícias negativas: histórias de casos crescentes superam as histórias de casos decrescentes por um fator de 5,5. 

Revenge of the Experts: Will Covid-19 Renew or Diminish Public Trust in Science? - Barry Eichengreen, Cevat Giray Aksoy & Orkun Saka verificaram se epidemias anteriores afetaram a confiança na ciência e nos cientistas. Usando a “hipótese dos anos impressionáveis”, de que as atitudes são formadas de maneira duradoura durante as idades de 18 a 25, os pesquisadores descobriram que isto reduz a confiança nos cientistas e nos benefícios do seu trabalho. E isto é maior nas pessoas com pouco treinamento prévios em ciências. Isto pode afetar, por exemplo, a confiança nas vacinas.

Imagem: aqui

22 novembro 2020

Contabilidade e desenvolvimento econômico


 Os contadores podem dar uma contribuição significativa para a economia nos níveis local, nacional e global, de acordo com um novo relatório da Federação Internacional de Contadores.

Para o relatório , o IFAC se associou ao Center for Economics and Business Research (Cebr), uma consultoria econômica. Em cada medida revisada, a pesquisa encontrou um maior número de contadores correlacionados a um melhor desempenho econômico. Além disso, os contadores que são membros das organizações contábeis profissionais membros da IFAC se correlacionam com um desempenho ainda mais forte nos indicadores econômicos.

Fonte: aqui. Imagem daqui

Aqui no Brasil temos a pesquisa "Onde estão os profissionais contábeis no Brasil" mostrou que quanto maior o IDH, maior a presença de contadores. (vide aqui também)