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03 janeiro 2007

Créditos vencidos


Deslancha a venda de créditos vencidos
3 Janeiro de 2007
Valor Econômico

O forte crescimento das operações de crédito abriu espaço para a expansão de um novo negócio no mercado brasileiro: a venda de operações vencidas, ou NPL,s na sigla em inglês para "non performing loans", para reduzir o volume de calote nos balanços dos bancos. Especialistas calculam que o volume de negócios com créditos inadimplentes pelo menos dobrou no ano passado para R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões em comparação com R$ 5 bilhões de 2005.

Os bancos têm interesse em vender essas operações mesmo com deságio para limpar o balanço, recuperando ao menos parte da perda, e, eventualmente, auferir vantagens fiscais. Investidores, inclusive fundos estrangeiros, compram os créditos na expectativa de ter sucesso na cobrança.

O novo mercado tem um potencial expressivo de negócios, afirmou o diretor responsável pela área de reestruturação de créditos da KPMG, Salvatore Milanese.

O crédito para pessoa física cresceu cerca de 160% desde 2001 atingindo R$ 240 bilhões em junho. Com isso, cresceu a inadimplência também. No mesmo espaço de tempo, o estoque de créditos com atraso de 90 dias a 180 dias cresceu 75% apenas nos 25 maiores bancos, de R$ 18,1 bilhões para R$ 31,7 bilhões, sem contar o que foi baixado para prejuízo, informou Milanese.

O potencial é muito maior, disse o especialista, levando em conta o volume de créditos já baixados para prejuízo. A legislação permite que o crédito seja retirado do balanço e baixado como prejuízo após 360 dias de atraso, sendo então contabilizado na conta de compensação. O diretor da KPMG calcula que o volume baixado para prejuízo seja equivalente a dez vezes o valor do crédito classificado na categoria H, que inclui as operações com atraso superior a 180 dias e é a pior da escala de nove degraus do BC, que começa em AA. Os 25 maiores bancos analisados pela KPMG contabilizaram na categoria H cerca de R$ 15 bilhões. O potencial para negociação no mercado de créditos inadimplentes sobe então para R$ 150 bilhões.

A maior parte das vendas de créditos vencidos e não pagos tem sido realizada "in house", isto é, para uma empresa do grupo. Foi o que fez no ano passado o Banco Itaú, ao vender R$ 1 bilhão em créditos vencidos para uma securitizadora do conglomerado. Segundo o consultor Gustavo Durazzo, a securitização in house é uma prática relativamente antiga de "administrar os resultados do balanço e aproveitar benefícios fiscais". Mas, acrescentou Milanese, a Fazenda "não vê com bons olhos as vendas in house e tem orientado os bancos a evitar essa alternativa".

A nova tendência é a venda dos créditos para investidores e empresas especializadas, inclusive do exterior. Nos Estados Unidos, esse mercado movimenta US$ 3 trilhões. Uma das operações mais comentadas do ano passado foi a venda de uma carteira de R$ 1,7 bilhão de saldo contábil de operações de crédito não pagas de 711 mil clientes do ABN AMRO Real.

A executiva do banco Cynthia Camargo explicou que o principal objetivo do banco ao vender os créditos foi reduzir os custos de operacionais de cobrança e processamento de carteira. Além disso, o banco pretendia se concentrar na originação do crédito e canalizar os esforços das terceirizadas para cobrar dívidas com prazos menores de atraso, quando as chances de recuperação são maiores.

"A venda abre espaço para aproveitar oportunidades de crescimento. Mas, é preciso amarrar tudo muito bem para evitar problemas", disse Milanese.

O benefício fiscal é ponto importante da operação e pode ser planejado, segundo os especialistas. A legislação limita os prazos e condições em que créditos em liquidação podem ser deduzidos. Se a crédito for vendido, porém, o deságio é dedutível no ato. "O spread costuma triplicar", disse Milanese, acrescentando que o momento ideal para fazer isso é pouco antes do fechamento do balanço.

A Lei 9.430 só permite baixar o crédito a prejuízo após 360 dias de atraso; antes disso apenas em determinadas condições. Enquanto o crédito não é baixado, o banco precisa fazer as provisões exigidas pelo Banco Central (BC), acumulando créditos tributários. O crédito tributário, porém, tem um peso de 300% para efeito do cálculo do capital mínimo de adequação dos bancos às regras da Basiléia.

Países tentam rastrear fortuna de Saddam

Jamil Chade

Investigadores de vários países que tentam traçar o percurso da fortuna de Saddam Hussein lamentaram a morte do ex-ditador. Eles temem perder o rastro do dinheiro, que a revista Forbes estimou em 2003 em pelo menos US$ 2 bilhões - há versões de que seria de US$ 7 bilhões. Na Suíça, nos EUA e em outros países, as buscas continuam. Enquanto isso, governos e grupos já se apresentam como “legítimos herdeiros” dos recursos.

Segundo a empresa de espionagem americana Kroll, Saddam acumulou uma fortuna graças ao tráfico de petróleo, de cigarros e cobrando entrada em lugares santos para xiitas. A Kroll calcula que um volume substancial ainda esteja depositado em contas secretas em paraísos fiscais em nome de sociedades e fundações. De acordo com a Forbes, a fortuna de Saddam chegou a US$ 20 bilhões nos anos 80, mas foi reduzida com as guerras e com o embargo econômico imposto pela ONU ao Iraque após a invasão do Kuwait, em 1990.

Na Suíça, o principal processo aberto em relação ao Iraque se refere ao programa da ONU de troca de Petróleo por Alimentos, que vigorou durante a década de 90 e teria sido a forma que o ex-ditador encontrou para desviar quase US$ 2 bilhões. O programa foi criado pela ONU para possibilitar que o embargo imposto ao Iraque em 1990 não significasse o fim do abastecimento de alimentos para a população. O acordo estabelecia que Saddam poderia vender petróleo em troca de alimentos e remédios.

Mas, nos bancos suíços, parte do dinheiro depositado por empresas de todo o mundo como pagamento por petróleo iraquiano nunca foi transformada em alimento. Alguns dos processos indiciaram executivos de companhias que teriam colaborado com o esquema de corrupção. O problema é que as contas encontradas em diversos países europeus estavam em nome de sociedades ou fundações, que agora estão sendo investigadas para saber quem mais teria direitos sobre os recursos. “A morte de Saddam pode dificultar as investigações, mas os processos que já estão abertos em relação ao programa Petróleo por Alimentos não vão parar”, disse ao Estado um representante da Justiça suíça.

Mesmo que o dinheiro seja encontrado, a disputa não cessará. A outra briga será em relação a quem terá direito a utilizá-lo. Cerca de 40 países se queixam de que as dívidas do Iraque com seus governos e empresas precisaria ser quitada com o dinheiro roubado por Saddam.

Funcionários na ONU defendem que os recursos sejam usados na reconstrução do país.

Nos tribunais iraquianos, um processo que chamou a atenção nos últimos dias é o que foi aberto contra o banco francês BNP Paribas, que teria cooperado com Saddam no desvio de recursos do programa Petróleo por Alimento.


Fonte: Estado de S. Paulo, 03/01/2007

Gosto nas palavras

Como os neurônios associam gosto às palavras

Fernando Reinach*

Quando somos estimulados através de um sentido percebemos o estímulo através do mesmo sentido. Se nos mostram uma imagem, “vemos” a imagem, e se colocam um chocolate em nossa boca sentimos “gosto” de chocolate. Entretanto, um pequeno número de pessoas tem seus sentidos “cruzados”. Algumas, quando ouvem uma nota musical “vêem” uma cor. Outras, quando ouvem uma palavra sentem um gosto específico. Pela primeira vez um experimento permitiu dissecar quando o cérebro realiza estas associações cruzadas.

O experimento foi realizado com seis pessoas que associam palavras a gostos. Essas pessoas “sentem” um gosto quando falam uma palavra. Quando mostramos a elas a figura de um chocolate, elas falam a palavra “chocolate” e sentem gosto de chocolate. Esse efeito ocorre também com outras palavras que possuem sílabas semelhantes. Quando mostramos a figura de um chocalho ou de um cachalote, no momento em que elas falam a palavra associada à imagem elas sentem o gosto de chocolate.

Para cada uma dessas seis pessoas os cientistas selecionaram centenas de imagens onde cada imagem era associada a uma palavra e a um gosto. Quando elas viam uma das cartelas elas a identificavam pronunciando a palavra e reportavam o respectivo gosto.

Feita essa enorme tabela que relacionava figuras, palavras e gostos, os cientistas mandaram as pessoas para casa.

Depois de muitos meses, cada uma das pessoas do grupo foi convidada a voltar ao laboratório e a identificar a palavra associada a cada uma das figuras. Na maioria dos casos a palavra associada à imagem era lembrada facilmente e o gosto, confirmado.

Entretanto, em 89 casos, as pessoas não se lembravam imediatamente da palavra, como ocorre com todos nós quando tentamos nos lembrar do nome de uma pessoa. Nestes casos costumamos dizer que a “palavra está na ponta da língua”, mas não nos lembramos dela.

Desses 89 casos, em 15 ocasiões as pessoas nunca se lembraram da palavra e nos outros 74 casos as pessoas se lembraram da palavra após alguns minutos. Quando ocorria esse lapso de memória, os cientistas perguntavam à pessoa se apesar de não se lembrarem da palavra elas sentiam algum gosto. Na maioria dos casos as pessoas sentiam o gosto “correto” mesmo não se lembrando da palavra.

IMAGEM E CONCEITO

Esse resultado demonstra que a associação cruzada ocorre antes de a palavra estar disponível no cérebro para ser pronunciada. Provavelmente é o momento em que o cérebro associa a imagem a um conceito existente na memória, mas antes desse conceito ser associado a uma palavra.

É fácil de entender: imagine duas pessoas que falam línguas diferentes. Mostramos a elas a figura de uma vaca. Ambas vão associar esta imagem à memória de um animal, a brasileira subseqüentemente associa essa imagem à palavra “vaca” e a inglesa, à palavra “cow”.

O que o experimento parece demonstrar é que existe uma etapa no processamento da memória que ocorre antes dessa memória ser associada a uma palavra. É nessa etapa que, no caso das pessoas pesquisadas, a informação retirada da memória é associada, de maneira cruzada, a um sabor.

É com experimentos como este que os cientistas estão aos poucos dissecando como funciona nosso cérebro. Mais informações em: The taste of words on the tip of the tongue. Nature volume 444, página 438, de 2006.

02 janeiro 2007

Concentração no ensino


Cenário atual do setor de ensino superior privado
O Estado de São Paulo

Foi fácil prever o fim da expansão da demanda para o setor. Bastou acompanhar os indicadores demográficos, de matriculados no ensino médio e de renda. Dessa forma, desde 2001 já sabíamos que a partir de 2005 o crescimento da demanda de ingressantes seria muito pequeno, quando comparado com o período de 1997 a 2003, que chegou a ser de mais de 150% no total.

Também foi fácil concluir que muitas instituições de ensino superior (IES) iriam passar por dificuldades a partir de 2005. E, inclusive, ousar prever o fechamento de algumas centenas dessas instituições. Bastou para isso perceber o movimento de abertura de novas IES e do aumento do número de cursos e vagas, muito acima dos porcentuais de crescimento da demanda. Bastava um simples raciocínio para verificar que uma brutal "diluição da demanda" se estava configurando no horizonte das IES privadas, com conseqüente aumento da taxa de ociosidade para patamares insustentáveis (hoje mais de 50% das vagas do setor privado estão ociosas).

Atualmente, no entanto, ocorre um movimento mais impactante do que os descritos acima, que não foi identificado nem previsto por ninguém. Trata-se da consolidação do setor. A consolidação aqui se refere ao movimento de ampliação, aquisição e fusão de IES, gerando grandes instituições que passam a concentrar boa parte do alunado do País. (...)

De um lado, temos as grandes IES, em permanente expansão com o objetivo de atuarem em todo o território nacional. Nessa categoria estão a mantenedora da Universidade Estácio de Sá, com os seus 180 mil alunos espalhados por 56 unidades em 11 unidades da Federação. Está igualmente a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) com seus mais de 50 mil alunos, presente em seis Estados e também no Uruguai.

Além das grandes IES, surgem no mercado as "holdings educacionais", que, em sua maioria, são conjunto de instituições mantidas pela mesma mantenedora, que passam a atuar no modelo de holding. (...)

O resultado disso (além da consolidação) é a geração de economia em escala com pressão sobre os valores médios de mensalidades, que tenderão a cair ainda mais, dificultando a vida das pequenas IES.

Há pouco tempo não se falava em "economia de escala" do setor, pois o maior custo é a folha de pessoal e nesta não se aplicava o ganho em escala. Com a inserção das novas tecnologias da informação no contexto da relação ensino-aprendizagem, integradas a projetos de unificação de matrizes curriculares, o ganho em escala passou a ser mais significativo no setor educacional.

Multis brasileiras e bancos


Internacionalização das empresas leva bancos brasileiros ao exterior
Valor Econômico

À medida que mais empresas brasileiras tornam-se multinacionais, os bancos estão reforçando a estrutura para acompanhá-las.

As instituições mais ativas no atacado estão avalizando empréstimos em moedas exóticas e fechando parcerias com instituições de varejo no exterior que praticamente não atuam nos mercados internacionais.

Clima


Artigo na Gazeta de hoje questiona as mensurações sobre o clima no planeta:

"A afirmação de que o século XX, a década de 90 e o ano de 1998 foram os mais quentes do milênio, implica que as temperaturas dos últimos mil anos são conhecidas o suficiente para permitir uma comparação precisa das temperaturas do século XX, com os séculos, décadas e anos anteriores. Este não é o caso. Uma série de medições diretas das temperaturas só existe a partir do ano de 1861. E há razões para questionar a precisão destes dados para o cálculo de temperaturas médias globais".

Estes resultados são forte evidência de que o clima do século XX foi normal, e se manteve dentro do intervalo experimentado nos últimos mil anos".

31 dezembro 2006

Pesos e medidas


A The Economist (16/12/2006, p.75) comenta a questão de mensuração dos índices de bolsa de valores. Esses índices tem sido usados como parâmetros do mercado. A questão é quando uma das ações sofre uma alta, o índice também aumenta. Mas isso não seria coerente no mercado eficiente pois os preços estão adequamente mensurados.

Como alternativa tem sido sugerido índices fundamentais. Mas isso parece não resolver os problemas pois para construir esses indices são necessários assumir alguns fundamentos que serão usados.

(Vide Fundamental Indexes. Institutional Investor´s 5th annual exchance traded Fund review, para um estudo de Robert Arnott e John West).

Na linha de novidada, o NYTimes apresenta um novo método para avaliar empresas novas. Clique aqui para mais detalhes

Rir é o melhor remédio 28

Ainda área pública

A crise aérea trouxe a questão do desempenho na Anac. O balanço, publicado no Estado de ontem, é o seguinte:

Os aeroportos brasileiros estão no meio da maior crise da história, mas a Anac está gastando mais dinheiro em passagens e diárias de viagem do que com o pagamento de pessoal e a fiscalização das empresas do setor aéreo. A conclusão é do site Contas Abertas, ao analisar os números do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que reúne dados da execução orçamentária dos órgãos da administração pública.

Até o dia 27 de dezembro, segundo o Siafi, a Anac já gastou R$ 10,5 milhões na rubrica "Passagens Aéreas e Diárias", o que representa 15% de todo o orçamento do órgão. No mesmo período, no programa "Fiscalização da Aviação Civil", foram gastos R$ 7,4 milhões.

Flexibilidade na gestão pública

A falta de flexibilidade na área pública faz com que entidades busquem alternativas, algumas delas no "limite da legalidade". Segue trechos da reportagem do Estadão de hoje:

Modelo concede flexibilidade a hospitais públicos
Karine Rodrigues

(...)Sem deixar de ser públicos, hospitais e outras unidades de serviços de saúde e pesquisa, sempre atolados em burocracia, orçamentos minguados e corporativismo, podem ganhar em 2007 um estatuto que promoveria uma reviravolta na vida administrativa dessas instituições. Depois de um ano inteiro de discussão, a Casa Civil está finalizando uma proposta para criar as fundações governamentais de direito privado. O novo modelo precisa ser discutido e votado por deputados e senadores para entrar em vigor.

Submetidas a um contrato de gestão, as fundações hospitalares ganhariam autonomia administrativa e financeira. A grande novidade: na parte de recursos humanos, a contratação continuaria sendo feita por meio de concurso público, mas os funcionários passariam a ser regidos pelas normas dos trabalhadores do setor privado, isto é, pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). As fundações poderiam estabelecer livremente os valores dos salários, diferenciar as remunerações conforme o mérito de cada um e até demitir, caso as metas acertadas em contratos de gestão não sejam cumpridas.

"Elaboramos uma alternativa que agrega autonomia, agilidade para os gestores, maior produtividade e responsabilização, além de um melhor controle de gastos", resumiu ao Estado Pedro Barbosa, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ele foi o coordenador do grupo criado para conceber o modelo, que é uma adaptação de uma figura jurídica já existente na legislação brasileira.

"Debatemos muito com juristas e outros especialistas. Procuramos uma forma que garanta os princípios constitucionais e a transparência. Não vai resolver todos os problemas, mas, certamente, vai preencher uma grande lacuna", avalia Valter Correia, secretário de gestão do Ministério do Planejamento e membro do grupo que criou o modelo.

CONTRATO E RECEITA PRÓPRIA

A autonomia não vai diminuir o caráter público das instituições, assegura Barbosa, lembrando que o modelo prevê atendimento exclusivo para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), ao contrário do que ocorre hoje em alguns hospitais, como é o caso do Instituto do Coração (Incor). Além disso, a sujeição à administração pública está presente na contratação por concurso público, nas compras realizadas por licitação e no controle de gastos feito pelos tribunais de contas e pelo Ministério da Saúde.

Por ser um modelo com maior autonomia de gestão, orçamentária e financeira, novos dispositivos de acompanhamento, de prestação de contas e de responsabilização serão adotados, como os conselhos de administração. "A contrapartida da autonomia é a responsabilidade", ressalta Francisco Braga, que também é da Fiocruz e participou do grupo. Gestores que descumprirem injustificadamente o que foi acordado no contrato poderão sofrer penalidades ou perder o cargo.

Outra mudança é a forma como as unidades hospitalares estarão vinculadas ao SUS - o que hoje é feito por meio do Orçamento. O modelo desenhado agora estabelece que a ligação será por um contrato de gestão, que determina compromissos, metas, avaliações e responsabilização dos gestores.

Além das receitas públicas, garantidas pelo contrato de gestão, a fundação pode contar também com receitas próprias, decorrentes, por exemplo, de atividades de pesquisa científica e tecnológica e de ensino especializado.

SALÁRIOS DIFERENCIADOS

"Os salários não estarão dentro do Orçamento Geral da União, mas do contrato de gestão. E isso permite maior flexibilidade, vai ser possível realizar pagamentos diferenciados. Hoje há uma dificuldade muito grande de fazer isso com especialistas com altíssima excelência, como no caso da área de oncologia", destaca Correia, do Ministério do Planejamento.

Isso muda a vida dos hospitais porque eles "não vão sobreviver em cima de um orçamento pré-fixado pela União. Vai haver um controle maior sobre seus gastos, com perdas menores", explica o secretário.

Integrante do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e consultor do Ministério do Planejamento, Sábado Girardi acompanhou a elaboração do modelo e frisa que a gestão permanece pública, só que as regras são do setor privado, situação que garante uma maior flexibilidade. "Não é uma camisa-de-força", diz, lembrando como outro ponto fundamental da alternativa o atendimento exclusivo para pacientes do SUS.

Professora de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FVG) e diretora do Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde, realizado em parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Ana Maria Malik vê pontos positivos no modelo, como o contrato de gestão, mas lembra que isso, assim como a contratação pela CLT, não é novidade. "Se conseguir fazer com que os hospitais não entrem em crise por falta de recursos vai ser maravilhoso. Num primeiro momento, porém, vai ser difícil, por isso é preciso continuidade. É importante começar logo no ano que vem, para ter quatro anos para acertar", diz, enfatizando, porém, que a existência de um novo modelo, por si só, não garante nada, se não houver "competência, disposição e boa fé".

RECONTRATAÇÃO

Caso o modelo seja aprovado no Congresso Nacional, será iniciado um processo para conversão das unidades em fundações governamentais de direito privado. Com isso, haverá recontratação de recursos humanos.

Correia, porém, não fala de custos ou investimentos. "Os custos vão depender de cada fundação", diz, explicando que é necessário uma lei complementar para instituir o modelo, e depois, leis específicas para a criação de cada fundação. Ele adianta que a alternativa pode ser adotada também em outras áreas. "Estamos discutindo com os ministérios da Cultura, do Turismo e da Educação."

ILEGALIDADE

Muitas unidades estão ameaçadas de parar, pois suas fundações privadas de apoio estão sendo questionadas pelos órgãos de controle federais.

Fundações como a Zerbini, a Ary Frauzino e a Fundacor, apóiam, respectivamente, o Incor, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL). Porém, segundo o Tribunal de Contas da União, elas exercem atividades incompatíveis, ferindo normas da administração pública.

Contabilidade pública nos Estados dos EUA


Reportagem do The Milwaukee Journal Sentinel (Study sees big deficit; Accounting method differs from state's, de Stacy Forster, 30/12/2006) mostra a dificuldade de adoção do regime de competência na contabilidade pública norte-americana e os problemas de comparação com o regime de caixa.

Segundo o texto, o estado de Wisconsin terminou o último ano com um deficit de $2,15 bilhões pelos princípios de contabilidade, o que significa cerca de 400 dólares por pessoa. Além desse estado, somente Illinois tem adotado esses princípios.

O fato desses dois estados estarem adotando o regime de competência impede uma comparação com os outros estados que utilizam o caixa como base de mensuração. Ao adotar a competência a área pública evidencia os compromissos que são feitos hoje mas que não são pagos de imediato. Numa analogia interessante, para a reportagem, o regime de caixa seria como se ignorassemos o cartão de crédito nas nossas despesas.

No Brasil, nesse momento de transição política, reportagens mostram a situação financeira dos Estados da federação. Pelo regime de caixa. E ignorando a conta do cartão de crédito.

Sobre a Wikipedia


Do jornal La Nacion:

Wikipedia recauda fondos y sale a competir con Google
Ariel Torres De la Redacción de LA NACION
30/12/2006 (...)

Por eso, la enciclopedia libre no deja de crecer; se ha convertido en uno de los diez sitios web más visitados y sus lectores sacan miles de millones de impresiones de sus artículos cada mes.

La Wikipedia desafía el sentido común. Pero como observó oportunamente Chris Anderson, editor de la revista Wired ( http://www.wired.com [http://www.wired.com] ), se trata de un fenómeno probabilístico: "Google, Wikipedia y los blogs son sistemas que operan sobre una lógica que nos es extraña, la de la probabilidad y la estadística", dice Anderson en su weblog ( http://www.thelongtail.com [http://www.thelongtail.com] ). Es decir, puede que algunos datos no tengan la precisión que esperamos, pero éste es un precio aceptable para disponer de ocho millones de artículos. La Wiki mejora a medida que crece, asegura Anderson.

Los peligros que enfrenta Wikipedia no tienen que ver con su naturaleza cooperativa, sino con los vándalos que desfiguran artículos y publican datos falsos y, sobre todo, con sus costos.

Es que libre no significa gratis. Mantener la Wikipedia durante el período fiscal 2005-2006 costó más de 600.000 dólares. Por eso, hace quince días, la Wikipedia Foundation inició una campaña para recaudar fondos entre sus usuarios. Al cierre de esta edición, ya había recolectado más de 740.000 dólares y todo indica que al menos durante 2007 no necesitará echar mano de banners de publicidad.

Pero el asunto de cubrir al menos los costos está muy lejos de resolverse. El ideal de hacer algo entre todos suena bien hasta que llegan las facturas de hardware y comunicaciones. Wikipedia recibe 2000 solicitudes de página por segundo, y eso no es precisamente barato. Por ahora, ninguna de las organizaciones sin fines de lucro dedicadas a contenidos libres ha hallado la receta mágica contra la bancarrota.

Wales, sin embargo, acaba de anunciar una idea que de tan osada podría funcionar. Competirá con Google.

Con el objetivo de recaudar fondos para la enciclopedia, lanzará un buscador web que hasta ahora se conoce como Wikiasari ( asari en japonés significa ´buscar hurgando ), aunque ése posiblemente no sea su nombre definitivo. Los sitios que aparezcan en Wikiasari serán seleccionados por la gente, no por un motor de búsqueda automatizado como el de Google. Usará, pues, la misma metodología que Wikipedia. (...)

Crise aérea


Do O Globo de hoje sobre as conseqüências da crise aérea:

Com o apagão aéreo, 567 mil pacotes turísticos para o verão deixaram de ser vendidos no país. Só no Rio o prejuízo é de R$35 milhões.

Orçamento de Capital e Dilbert

The problem comes because of a classic agency problem: divisional managers are compensated in part on the basis of the financial performance of their division. Shareholder, in contrast don't care which division the costs and revenues are allocated to, since they have a claim on the cash flows of the entire company. So, the interests of the agents (the managers) diverge from those of the shareholders (the principals) and voila: the managers take actions that shareholders would prefer they didn't.

Now I have the perfect Dilbert cartoon to illustrate the concept



Fonte: Financial Rounds

Expressões do Ano


Da Folha de hoje:

"Expressões e palavras que entraram no vocabulário do brasileiro em 2006

Aloprado - Todo e qualquer petista que impede a vitória de Lula já no primeiro turno. Se não traz prejuízo eleitoral, passa a ser chamado apenas de "companheiro".

Eu não sabia - Expressão que deve ser usada para tentar convencer a opinião pública de que você não tem nenhum controle sobre o que fazem as pessoas que trabalham para você. Afinal, como é possível saber o que se passa na cabeça de um aloprado

Sanguessugas - Não se refere a atacantes gordos e fora de forma, mas a uma das máfias montadas para roubar dinheiro da Saúde. Análoga à máfia dos Vampiros ou à dos anões do Orçamento, empreendimentos suprapartidários que fazem da política brasileira um péssimo filme de terror.

Elite branca - Num país em que o líder do principal partido de esquerda diz que a "espécie humana caminha para o centro", não deveria causar espanto o fato de ter vindo de um governador do PFL, Cláudio Lembo (SP), a expressão que sintetizou e tornou consciente o aumento do conflito social e étnico na sociedade.

Destravar o Brasil - Depois de mais um ano em que a economia do país se comportou como a seleção de Carlos Alberto Parreira na Copa de 2006, este é o novo nome da fórmula mágica para o crescimento. Até agora, a comissão técnica de Lula não conseguiu chegar a uma conclusão sobre que esquema adotar. Alguns esperam que Delfim Neto surja como um Dunga da área e "tonifique" o PIB.

Nunca antes neste país - Nunca antes neste país um presidente usou tantas vezes a expressão "nunca antes neste país". É o modo petista de dizer que fez um choque de gestão à frente da Presidência.

Apagão aéreo - Expressão guarda-chuva, abriga as até pouco tempo também pouco conhecidas "transponder", "ponto cego", "controlador de vôo" e "plano de vôo". Provoca saudade do tempo em que "não decolar" era apenas uma metáfora para descrever o país.

Desligar o transponder - Gíria nova para enfiar o pé na jaca.

RDD e RBD - Não confundir "Regime Disciplinar Diferenciado", rígido sistema penitenciário que causa tanto pânico ao PCC quanto a organização criminosa provocou em São Paulo neste ano, com o grupo "teen" mexicano Rebeldes -embora alguns críticos desejassem aplicar o primeiro ao segundo.

Emo - Novo estilo de música e de comportamento entre os jovens. A atitude é próxima à do presidente Lula nas cerimônias de diplomação para a Presidência da República.

Deixa o homem trabalhar - Parece um lema pós-feminista, mas, como se sabe, é a fórmula que enaltecia o trabalhador Lula na campanha presidencial. Ajudou a destravar a votação.

Você foi mó rata comigo - Aos 64, Caetano Veloso, inmspirado em seu filho, continua liderando o movimento de emancipação masculina no país.

Eu sou o presidente da minha vida - Exemplo de atitude auto-ajuda do ano, o concorrente do programa "Aprendiz" encarou corajosamente o topete de Roberto Justus e "demitiu" o chefe. A idéia pode ter servido de inspiração para os controladores de vôo -e, segundo petistas, para os "aloprados".

Quadrado mágico - Nunca antes neste país jogadores de futebol se pareceram tanto com deputados federais. Muita atenção às próprias finanças, e pouca ao trabalho que era deles esperado.

Se ela dança, eu danço - Expressão "motivacional" do ano. Roberto Carlos (o cantor) gostou da idéia. Já Roberto Carlos (o lateral) ficou ajeitando o meião.

De onde veio o dinheiro? - Síntese da metafísica eleitoral tucana formulada pelo filósofo Picolé de Xuxu. Entrou para o rol das perguntas sem resposta, como "de onde viemos", "para onde vamos" e "que diabos estamos fazendo aqui".

Isso não te pertence mais - Bordão de "Zorra Total" e das perdas da classe média no governo Lula.

Fazer a Cicarelli - expulsar alguém de festa ou fazer sexo na praia. Fonte de problemas, nos dois casos. A moça devia deixar o pessoal se divertir mais, e vice-versa."

30 dezembro 2006

Multinacionais do Brasil


Em 2006, o recentemente superendividado (e caloteiro) Brasil passou a emprestar bilhões de dólares para países ricos . E foi o ano em que os investimentos de empresas brasileiras no exterior ultrapassaram os investimentos estrangeiros no Brasil. (...)

O segundo fato é o de que os investimentos das empresas brasileiras no exterior devem fechar o ano na casa dos US$ 26 bilhões. Enquanto isso, os estrangeiros terão injetado no Brasil pouco mais de US$ 18 bilhões. É a primeira vez que isso acontece desde que se começaram a fazer estatísticas sobre o comportamento da economia brasileira. A maior tacada aconteceu em novembro, quando a Vale do Rio Doce fechou a compra da canadense Inco, mineradora de níquel, por US$ 18 bilhões. Mas a Vale não está sozinha nisso. Além dela e dos grandes bancos brasileiros, estão despejando dólares no exterior Petrobrás, Votorantim, Gerdau, Embraer, AmBev, Odebrecht, WEG, Marcopolo, Natura, Multibrás, Embraco, Azaléia, Alpargatas... e a lista é enorme.

(...) Muda, também, a geografia da luta por vantagens comparativas e fatias de mercado: “A competição maior da Gerdau não é mais com a Companhia Siderúrgica Nacional, mas com a Arcelor; a da Embraer é com a Bombardier; a da Petrobrás, com as majors do petróleo; a concorrente principal da Odebrecht não é a Andrade Gutierrez, mas a Morrison Knudsen; a da AmBev não é nenhum cervejeiro nacional, mas os gigantes mundiais.”

Fonte: Estado de hoje, Celson Ming

Apple


Do Estado de S. Paulo de hoje

Jobs sabia da falsificação de documentos na Apple

(...) A Apple informou ontem à SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA, que seu presidente, Steve Jobs, tinha conhecimento das fraudes envolvendo a concessão de opções de ações a executivos da empresa. Mas, segundo a Apple, Jobs não se beneficiou financeiramente dessas operações nem “avaliou suas implicações contábeis”. A companhia disse ter total confiança na equipe de executivos.

A fraude cometida pela Apple é relativamente comum entre empresas americanas, principalmente as instaladas no Vale do Silício. Trata-se da vinculação de opções de ações a datas de concessão anteriores favoráveis, a fim de aumentar o prêmio de quem as recebe. A manipulação em si não é necessariamente ilegal, mas leis exigem que as companhias revelem adequadamente a prática em sua contabilidade e descontem qualquer encargo resultante.

(...)

No documento enviado à SEC, a Apple informa que a malversação envolvendo as opções resultará num encargo adicional de US$ 84 milhões. No seu relatório financeiro anual, adiado por causa da investigação sobre as opções, a empresa disse que os ganhos dos anos fiscais de 2006, 2005 e 2004 serão reduzidos em US$ 4 milhões, US$ 7 milhões e US$ 10 milhões, respectivamente.

A investigação interna de três meses levada a cabo pela empresa identificou casos nos quais as datas de concessão de opções foram escolhidas intencionalmente a fim de obter preços de exercício favoráveis. “A comissão especial, seu consultor independente e contadores forenses realizaram uma exaustiva investigação das práticas da Apple de concessão de opções de ações”, afirmaram, em comunicado conjunto, o ex-vice-presidente americano Al Gore, chefe da comissão especial, e Jerome York, chefe da Comissão de Auditoria e Finanças da Apple. Tanto Gore quanto York são membros da diretoria.

“O conselho de administração tem certeza de que a companhia corrigiu os problemas que levaram à revisão do balanço e tem total confiança em Jobs e na equipe executiva.” A fabricante do tocador de música iPod e dos computadores Macintosh é uma das mais proeminentes entre as cerca de 200 companhias que passaram a ser examinadas por causa da antedata de opções de ações. Dezenas de companhias já foram obrigadas a modificar suas declarações de ganhos, eliminando alguns dos lucros registrados, depois que suas manobras com opções de ações vieram à tona.

As investigações na Apple foram iniciadas em junho e, como resultado, a empresa adiou os relatórios do trimestre encerrado em 1º de julho e do ano fiscal terminado em 30 de setembro.

29 dezembro 2006

Ter ações na bolsa de NY


Reportagem do Financial Times (via Blogging Stocks ) mostra o esforço para se manter na bolsa de NY. Uma empresa italiana gastou $40 milhões de dólares para se manter nessa bolsa. Durante o ano inteiro a empresa teve negociação de 2.500 ações.