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13 setembro 2022

Moral tributária, Multinacionais e Big Four

Uma pesquisa da OCDE indicou que as autoridades fiscais possuem uma percepção negativa das empresas multinacionais quando se trata de impostos.  Esta percepção também alcança as chamadas Big Four, quatro grandes empresas de auditoria (Deloitte, EY, KPMG e PwC) quando se trata de confiança e impostos. Mas o estudo diz que há opiniões positivas sobre a Big Four em termos de seguir a letra da lei e apresentar conformidade formal. 

O destaque do relatório parece ser a falta de comunicação e de confiança dos funcionários fiscais com as multinacionais e as Big Four. O resultado variou conforme o local da pesquisa, sendo que o menor índice foi obtido no Caribe e na América Latina. 

É importante notar que o foco do relatório foi a moral tributária e as empresas multinacionais. A questão da moral tributária não tem sido objeto de atenção, mas o relatório reconhece que há uma mudança em razão da crescente importância para os investidores e para as multinacionais do tema ESG. 

O relatório reconhece que o tema "moral tributária" é importante para os países em desenvolvimento. E existem poucas pesquisas:

Embora exista um interesse crescente no moral tributário das EMN (multinacionais), há pesquisas relativamente limitadas sobre o tema. Embora o corpo de pesquisas sobre moral tributária tenha aumentado nos últimos anos, muito disso se concentrou em indivíduos, em vez de tentar entender quais fatores podem influenciar o moral tributário das empresas, especialmente EMNs, como o moral tributário pode variar entre países e regiões, e como isso pode ser aprimorado.


17 abril 2019

Taxando as multis

As empresas multinacionais possuem diversos mecanismos para evitar ou reduzir os pagamentos de tributos. O Google transferiu, em 2017, 23 bilhões de dólares para as Bermudas, via uma empresa com sede na Holanda. Este é somente um exemplo.

Há um grupo de defende a tributação "unitária" das multinacionais. A taxa efetiva mínima de impostos seria estabelecida em todo mundo, o que reduziria o incentivo na utilização das transferências de recursos entre subsidiárias. E acabaria com a luta, entre países, para redução nas alíquotas.

Um dos problemas da proposta é como alocar a receita entre os países. Critérios como receita, número de empregados ou número de usuários poderiam ser usados. Esta discussão encontra-se detalhada em um artigo do Project Syndicate. Há uma certa simpatia pela medida por parte de alguns países da OCDE, que pretende padronizar algumas regras. Apesar disto, creio que a pressão das empresas e o interesse dos paraísos fiscais tornam inviável esta discussão; e muitos dos reguladores possuem vínculos com estas empresas.

13 janeiro 2019

Mudança? - Parte 2

Anteriormente comentamos que os efeitos da Operação Lava Jato ainda não tinha chegado nas empresas multinacionais. Mas que o executivo de uma empresa que aparentemente comandou uma rede de corrupção na Petrobras teria sido detido nos Estados Unidos.

Agora, a empresa multinacional Trafigura recusou a ordem judicial de entregar os e-mails de dois ex-executivos acusados de corrupção, segundo a Reuters.Há uma desconfiança que as mensagens podem ter evidências que outros executivos da Trafigura sabiam dos subornos pagos para executivos da Petrobras.

Agora, os promotores estão almejando seus maiores alvos ainda - multinacionais que fizeram negócios com a Petrobras nas últimas duas décadas. Os promotores brasileiros alegam que a corrupção ocorreu em solo norte-americano e que o dinheiro foi lavado através de bancos americanos e europeus, o que poderia ampliar bastante a investigação.

23 julho 2018

Lucro Perdido das Nações

Entre 1985 a 2018, a alíquota de imposto de renda mundial caiu de 49% para 24%. Recentemente, os Estados Unidos reduziram sua alíquota. Parece existir uma guerra tributária para atrair os investimentos das empresas.

As empresas multinacionais estão usando alguns países para fugir dos impostos que deveria arrecadar em outros locais. O problema da Apple, Irlanda e Comunidade Europeia diz respeito a isto. Um dado interessante mostra que a Google teve receita de 19 bilhões de dólares em Bermudas, onde a alíquota para empresa é de zero por cento.

Pelas nossas estimativas, cerca de 40% dos lucros das multinacionais foram artificialmente transferidos para paraísos fiscais em 2015. Essa evasão fiscal maciça - e a incapacidade de contê-la - estão, na verdade, levando cada vez mais países a desistir de tributar empresas multinacionais. O declínio da alíquota do imposto corporativo é o resultado de políticas falhas em países com impostos altos, não um subproduto necessário da globalização.

21 fevereiro 2014

Lucros no exterior

O prazo para que as empresas possam abater prejuízos obtidos em países estrangeiros do lucro apurado em outros pode ser aumentado pelo Congresso. A possibilidade foi aberta pelo governo pela primeira vez com a Medida Provisória 627, editada em novembro do ano passado, mas estava restrita a um período de teste de apenas quatro anos. Valeria, portanto, apenas até 2017. O relatório da MP, que será apresentado nesta quarta-feira (19) pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), irá alongar o prazo para 2020

Fonte: Aqui

19 outubro 2013

Governo facilita pagamento de tributos

As empresas brasileiras com filiais ou coligadas em outros países terão até oito anos para pagar tributos sobre os lucros referentes às atividades internacionais. Na próxima semana, o governo editará uma medida provisória (MP) com o novo regime de tributação para os lucros do exterior. A MP também ampliará, de dez para 15 anos, o prazo do parcelamento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devido pelas companhias.

Atualmente, o governo cobra a diferença entre os impostos pagos lá fora e os tributos devidos no Brasil. A diferença é quitada no ano seguinte à apuração no balanço da companhia. Com a MP, as empresas poderão parcelar os tributos sobre o lucro em oito anos, pagando parcelas de 2,5% mais juros nos sete primeiros anos e uma parcela final de 82,5% no oitavo ano.

O pagamento será atualizado para variação do câmbio e pela Libor (taxa de juros variável internacional). O benefício não vale para filiais e coligadas instaladas em paraísos fiscais e para rendas passivas (não relacionadas à atividade da empresa, mas à valorização de ativos e a receitas financeiras). Nesses casos, as empresas terão de pagar integralmente os tributos no ano seguinte ao registro do lucro no balanço.

Além de parcelarem o pagamento do IR e da CSLL, as empresas poderão abater do cálculo do lucro no exterior os dividendos recebidos pela matriz no Brasil e o pagamento do IR retido na fonte sobre o pagamento de juros, royalties e serviços. Segundo a Receita Federal, os itens devem ser descontados da tributação sobre o lucro porque o imposto foi pago em uma etapa anterior (na fonte).

Segundo o secretário executivo interino do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, a mudança tem como objetivo aproximar a legislação brasileira da de outros países, que oferecem incentivos para as empresas que instalam subsidiárias no exterior. "Existem países como Japão, China, Argentina e Holanda que não tributam os lucros do exterior. A medida vai melhorar a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional", justificou.

O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, ressaltou que a legislação é fruto de dois anos de discussão com o setor privado. De acordo com ele, era necessário modernizar a tributação de lucros no exterior, porque o nível de internacionalização das empresas brasileiras cresceu nos últimos anos, gerando disputa judicial. "Muitas empresas passaram questionar na Justiça se a variação cambial deveria ser computada como lucro e se a cobrança de lucros no exterior não implicava dupla tributação", explicou.

Por causa das contestações na Justiça, a Receita estima que o montante da dívida das empresas com filiais ou coligadas no exterior com o Fisco esteja entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões, em valores corrigidos e acrescidos de juros e multas. Na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.865, que institui o parcelamento dos débitos das companhias em até dez anos, com desconto nas multas e nos juros, desde que o empresário desista da ação na Justiça.

A nova MP ampliará os benefícios da renegociação. O prazo do parcelamento será ampliado de 120 meses (dez anos) para 180 meses (15 anos). Além disso, o governo permitirá que o empresário use o prejuízo do ano anterior para abater até 30% da dívida total no pagamento à vista. O desconto podia ser aplicado no pagamento a prazo. Segundo Barreto, o governo pretende arrecadar de R$ 5 bilhões a R$ 8 bilhões apenas com o parcelamento.


Fonte: Brasil Econômico

18 outubro 2013

Multis brasileiras e corrupção

Um estudo da Transparência Internacional divulgado nessa quarta-feira, 16, na Alemanha, mostra que as principais multinacionais brasileiras precisam aprimorar os mecanismos de combate à corrupção, aumentar a transparência organizacional e a prestação de contas sobre suas atividades no exterior. O levantamento - Transparência em Relatórios Corporativos: Avaliando o Mercado das Multinacionais Emergentes - faz uma análise da ética nos negócios por parte das 100 maiores companhias internacionais de 16 países emergentes.

Para a Transparência Internacional, as grandes empresas do Brics - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e de países como Chile, Hungria, México, Turquia e Malásia, entre outros, ainda são pouco transparentes e estão distantes dos modelos de combate à corrupção e de abuso de poder adotados na Europa e nos Estados Unidos. Em uma escala de 0 a 10, na qual as maiores notas indicam mais transparência, a média das 100 companhias foi de 3,6 e apenas 1 em 4 multinacionais receberam nota acima de 5.

As empresas brasileiras estão bem aquém dos critérios defendidos pela Transparência Internacional. A nota média das 13 companhias analisadas foi de 3,4 - acima apenas do índice das 33 estatais chinesas analisadas, quando se considera os cinco países do Brics. A mais bem classificada no ranking, a Marcopolo, está em 30.º lugar, com nota 4,8, e apenas uma das empresas, a Votorantim, tem regras explícitas de proibição ao pagamento de propina a agentes públicos. O pior desempenho entre as brasileiras é o da Odebrecth, com 0,2 na escala da entidade. (...)


Fonte: Estado de S Paulo, Multis brasileiras têm nota baixa contra corrupção - Jamil Chade - 17 de outubro de 2013

06 setembro 2011

Custo Brasil

Companhias mundialmente conhecidas hesitam em adentrar o complexo mercado nacional – que, mesmo em franca expansão, ainda é preterido devido ao custo Brasil.

Em plena crise e ante a ameaça de recessão nas economias desenvolvidas, seria lógico pensar que, para lucrar, multinacionais teriam de ir aonde o dinheiro está. Hoje, este destino preferencial responde pelo nome de mercados emergentes, dentre os quais se destaca o Brasil. O próprio autor do termo BRIC, o economista do Goldman Sachs (ex-JP Morgan) Jim O’Neill, afirma que o país é o lugar para se estar na atualidade. Porém, nem todos concordam com a afirmação. Há grandes empresas que, por razões distintas, resolveram não surfar nessa onda. O site de VEJA fez uma seleção de companhias mundialmente famosas – e que tem fãs ardorosos entre os brasileiros – que fizeram essa opção e tentou entender seus motivos. São elas: H&M, Ikea, Best Buy, Abercrombie & Fitch, Vodafone, Tesco, J.C. Penney, Metro AG, além dos hotéis Ritz-Carlton e Four Seasons.

É fato que, para cada caso, há uma razão específica para não se estar no Brasil: desde a estratégia de expansão focada em outros locais até a escassez de capital para investir em tempos de crise. O problema é que o país, tampouco, facilita este cenário. No caso do varejo de vestuário, a alta carga tributária, a valorização imobiliária, o custo para importar peças da China, ou produzi-las internamente, fazem com que as empresas tenham de mobilizar um capital muito grande para entrar no mercado nacional. Para conseguirem margens satisfatórias, acabam praticando preços muito superiores aos vigentes em outras praças e correm o risco de errarem na estratégia e fecharem as portas, como ocorreu com marcas como Ralph Lauren e Miss Sixty.


Leia a reportagem na íntegra

20 julho 2011

Pesquisa e Desenvolvimento

Por Pedro Correia


No artigo intitulado "Foreign acquisitions, domestic multinationals, and R&D", os autores buscaram examinar o que acontece nas atividades de P & D de empresas suecas,após a aquisição por uma multinacional estrangeira.É importante ressaltar que multinacionais de origem sueca, como Volvo, Saab, Asea, e Astra foram adquiridas por estrangeiros e, portanto, não são mais suecas.Ademais,eventos semelhantes são observados e debatidos em muitos outros países.

A figura abaixo mostra a importância das multinacionais estrangeiras e suecas no setor manufatureiro do país. Ambos os tipos de multinacionais respondem juntas por cerca de 80% do emprego total no setor. No entanto, a contribuição relativa dos dois grupos mudou bastante na última década. Enquanto as multinacionais suecas foram responsável pela maioria do emprego no início de 1990,no início dos anos 2000 as estrangeiras dominavam esse quesito. Esta mudança se deve principalmente a aquisições de empresas multinacionais suecas por estrangeiros.




Bandick e Gorg (2010) e Bandick e Karpaty (2010) constataram que tais aquisições não resultam em reduções no emprego ou fechamento de fábricas. No entanto,o que acontece com as atividades de P& D,nas empresas que,anteriormente eram multinacionais suecas? Afinal, o adquirente ,normalmente possui essas atividades em seu país de origem. Será que as atividades P & D são realocados para o país de origem do novo proprietário, retirando da Suécia essa atividade de extrema relevância? Ou será que a localização de P & D é mantida e até mesmo expandida,devido à aquisição estrangeira?

Em uma rápida comparação,as multinacionais estrangeiras e suecas realizam maiores investimentos em P & D (medido como a razão de gasto em P & D sobre o total de vendas em uma empresa) que as não-multinacionais.No entanto, não há diferença estatística significante nos gastos de P & D entre multinacionais estrangeiras e suecas. Esta simples comparação, obviamente, não permitem qualquer conclusão sobre o potencial efeito de uma aquisição externa nas atividades P & D de multinacionais suecas.



A fim de resolver este problema, os autores empregam uma estratégia empírica, que envolve a construção de um grupo contrafactual de controle, ou seja, empresas que possuem características semelhantes as empresas alvos de aquisição, mas que não foram adquiridas por estrangeiros. Para esses dois grupos de: empresas adquiridas e grupo controle, a diferença no crescimento da intensidade de P & D antes e após a aquisição são então comparados.

Os resultados sugerem que as atividades de P & D em empresas suecas não diminuem após serem adquiridas por um proprietário estrangeiro. Ao contrário, os resultados econométricos sugerem que a P & D aumentam de intensidade entre 3% a 10% após a aquisição estrangeira. Embora estes efeitos sejam mais fortes para a aquisição de empresas suecas não-multinacionais do que para as multinacionais suecas, é importante ressaltar que mesmo para a aquisição de multinacionais suecas o efeito em P & D é geralmente positiva, nunca negativa.


Assim, os resultados sugerem que os temores de que a aquisição de grandes multinacionais suecas por proprietários estrangeiros poderia levar a um deslocamento das atividades de pesquisa e desenvolvimento para o exterior parecem infundadas.

22 junho 2009

Contabilidade em multinacionais

Você é um político da oposição num país em desenvolvimento rico em minério. Você quer determinar exatamente quanto de imposto é pago e quais os lucros obtidos por uma empresa gigante de mineração. O problema é que você não consegue. Na verdade ninguém consegue.

Nos países mais pobres, as empresas não têm obrigação de divulgar qualquer uma destas informações. Concessão de mineração secreta é ofertada muitas vezes entre as empresas e os políticos corruptos. A sociedade civil não dar uma olhada no que os governos não podem ser responsabilizados.

(...) Os contadores fiscais que usam uma complicada teia de empresas para esconder pagamentos através de mecanismos de preços de transferência poderão em breve ser uma coisa do passado.

(...) A decisão do governo britânico de colocar o relatório de país por país relato na agenda da próxima semana os ministros das finanças G20 é um desenvolvimento significativo. Ele foi justamente saudada pelas entidades do terceiro setor.


Multinationals face exposure: Paying fair Country-by-country reporting - 16 June 2009 - The Guardian - 20

06 abril 2009

GM do Brasil

'GM do Brasil tem muita liberdade'
O Estado de São Paulo - 6/4/2009
Sonia Racy

Enquanto a matriz, nos EUA, luta pela sobrevivência, o presidente da GM daqui, Jaime Ardila, avisa: no País a empresa está segura e não sofre os problemas de lá

A General Motors vive, nos Estados Unidos, seu inferno astral. Semana passada, circulavam dúvidas quanto à capacidade de a montadora continuar operando por lá, mesmo depois de Barack Obama ter dado 60 dias para apresentação de novo projeto de viabilização.

A situação no Brasil, no entanto, é diferente. A operação local, como as de outras subsidiárias, é financeiramente independente. A Deloitte & Touche fez uma auditoria ampla na contabilidade da montadora e deu parecer favorável à sustentabilidade da filial brasileira. “Legalmente - e temos pareceres jurídicos dizendo isto - as leis brasileiras não permitem que uma concordata lá fora tenha impacto por aqui. Estamos absolutamente tranquilos”, contou à coluna o colombiano Jaime Ardila, presidente da empresa no Brasil. Aqui vão os principais trechos da entrevista:

Barack Obama forçou mudanças na GM americana. O que o senhor achou disso?
Concordo com as recomendações do presidente. É preciso gerar mais caixa, reduzir o nível das dívidas, acelerar a reestruturação operativa e buscar carros com maior eficiência. Aliás, neste último quesito, o Brasil pode ajudar em termos tecnológicos, com nossos carros menores.

Mas trocar um dirigente, Rick Wagoner, por outro, Fritz Henderson, que trabalhou a vida inteira na GM, muda algo?
A substituição foi simbólica e política, na busca pelo apoio do público. Obama deixou claro que ajudará a GM.

Se a empresa entrar em recuperação judicial, como ficam vocês no Brasil?
A Deloitte & Touche acaba de fazer uma auditoria também nas contas da GM Brasil. Nossa posição é sólida. Não creio em impactos maiores.

E se a GM de lá resolver vender vocês aqui?
(risos). Ela não vai fazer isto. Nos planos da GM estão à venda as marcas Saab, Hummer e Saturn.

Existem planos para abrir outra fabrica da GM no Rio Grande do Sul?
Nada a comentar, não podemos comentar.

A GM investe com recursos próprios?
Normalmente, sim. Mas agora temos também projetos com o BNDES.

Estão conversando com eles?
Estamos, provavelmente já poderemos falar sobre coisas concretas no segundo semestre.

Qual o grau de liberdade que a GM Brasil tem frente à matriz americana?
Hoje nós temos muita liberdade financeira, no dia a dia do negócio, em relação aos grandes recursos, ao capital. Mas não temos isso no desenvolvimento de produtos.

Por quê?
Para não haver sobreposição de trabalhos, a área é coordenada pela matriz. A GM se parece muito ao governo de um país. A burocracia é gigante.

O senhor esteve trabalhando no mundo inteiro. O brasileiro vê o carro de maneira diferente de outros?
Não há muita diferença. O consumidor brasileiro gosta de carro como produto de transporte, uma necessidade. É a segunda necessidade mais importante, depois da moradia.

Mas na hora de montar o carro ou definir acessórios, por exemplo?
Os brasileiros gostam muito de motores, de rendimento e de tecnologia. Nos Estados Unidos, as pessoas estão mais preocupadas com o interior do carro, com o acabamento. Ah, lembrei: os brasileiros gostam também das rodas. Este tipo de detalhe não preocupa tanto em outros lugares.

Os problemas das montadoras americanas começaram com os japoneses invadindo os EUA, muitos anos atrás. Porque os EUA nunca invadiram o Japão?
É muito difícil invadir o Japão. Eles têm muitas barreiras protecionistas, barreiras culturais, o preço da terra. São todos organizados para que só as companhias japonesas fiquem. Mercado japonês fala japonês. E é quase impossível comprar terrenos para ter concessionárias.

Na China vocês entraram...
É um modelo diferente. A China fez parcerias com empresas de fora. Hoje a GM tem 50% do mercado local. Lá somos líderes.

Eles não estão sentindo a crise?
China e Brasil são os países que estão se defendendo melhor. Eles têm uma coisa muito parecida com o Brasil: diminuíram o imposto de renda dos carros e o impacto foi o mesmo daqui. As vendas se recuperaram, abriram créditos para os consumidores. Desde janeiro, fevereiro, pela primeira vez na história o mercado chinês foi maior que o americano.

O que você acha da política automotiva brasileira?
Ela montou uma boa proteção para a indústria, criou tecnologia e garante empregos. Tem também grandes investimentos. E mais. O desenvolvimento tecnológico faz do Brasil, hoje, um dos cinco principais centros do mundo. E desenvolvimento significa design, engenharia.

Na América Latina há países que cobram menos imposto que o Brasil?
Sim, Peru e Chile são mercados totalmente abertos.

E o México?
Tem menos imposto que o Brasil, muito menos. O Brasil tem os impostos mais altos na hora de vender.

Quanto por cento das vendas da GM mundial são fruto de vendas no Brasil?
O maior mercado está nos EUA. Mas para nós, o Brasil é o terceiro mais importante. O primeiro são os EUA, em segundo vem a China.

Qual a fatia que a GM tem do mercado americano?
Tem 21%, é líder. Líder na China e nos EUA.

E quando será líder no Brasil?
É uma coisa curiosa, essa ânsia não existe só no setor automotivo, mas em qualquer outro setor. Todos buscam a liderança. Eu acho que prestígio tem que vir antes de ser a maior no mercado. É o prestígio que transmite confiança aos consumidores. É mais importante ser o melhor, não o maior.


Dois comentários: (a) O executivo não respondeu de forma objetiva quando perguntado sobre o valor do mercado brasileiro; (b) A GM do Brasil não divulga as suas demonstrações contábeis. Como posso saber se a situação dela é razoável ou não?

12 janeiro 2009

As empresas fechadas e a Lei 11.638

Quando da aprovação da lei 11.638 um dos destaques foi a questão contábil das empresas fechadas. Os otimistas enxergaram que a lei permitiria, finalmente, que conhecêssemos os números de grandes empresas que não possuíam capital negociado na bolsa de valores. Entretanto, a lei falava da obrigação em fazer, mas não em publicar.

Desde que o processo de alteração da Lei 6404 começou existia claramente uma resistência das empresas fechadas em divulgar seus resultados. O tempo permitiu perceber que estas empresas nunca tiveram interessadas em publicar seus resultados. Pelo contrário.

Um texto interessante, do jornal Valor Econômico, discute esta questão. É óbvio que o Valor tem interesse nesta questão (assim como a Gazeta, a Exame ou a Economatica), pois tem receita na venda de informações contábeis.

Eis alguns trechos mais relevantes:

No Brasil, grandes empresas fechadas também mantêm sigilo dos números
5/1/2009
Valor Econômico

Procure nos vários anuários de empresas disponíveis no mercado, o "Valor 1000", por exemplo: a GM aparece na lista com uma receita líquida de vendas de R$ 19,5 bilhões em 2007, 17,5% acima de 2006. O capital é americano. E é só. As colunas subseqüentes na tabela que lista as maiores empresas do país - lucro líquido, margem líquida, rentabilidade do patrimônio líquido, nível de endividamento, liquidez etc. -, todas com traço. Sabemos, a partir de um crescimento significativo da receita, que a montadora está fazendo mais dinheiro. Deduzimos pelos números publicados nos Estados Unidos - onde ela tem ações negociadas em bolsa - que as operações brasileiras dão lucro, mas não quanto. Então, o que sabemos? (...)

A parte da lei que interessa às companhias de capital fechado é a que exige daquelas com receita bruta acima R$ 300 milhões ou ativos de R$ 240 milhões a escrituração de demonstrações financeiras pelas novas regras, com a checagem de auditor independente.

O plano ambicioso de acadêmicos, auditores e profissionais do mercado de capitais ficou parado no Congresso por anos a fio, naquele processo de envelhecimento natural, de corte e costura e de tira-e-põe que não raramente transforma bons projetos em caricaturas.

No projeto original, as empresas fechadas teriam que publicar seus balanços, como se fossem companhias de capital aberto. Na tramitação, sob forte lobby das grandes companhias, o "publicar" foi definido como tornar disponível na internet, ou seja, sem custos, se o documento fosse colocado no site da própria empresa. No texto que virou lei, essa parte foi simplesmente eliminada, o que sugere que o problema dessas empresas não é o custo de publicação. O que incomoda, mesmo, é revelar seus números. (...)

Independentemente da lei, as montadoras e as outras empresas fechadas poderiam dar um novo significado ao conceito de responsabilidade social. A checagem das contas já é um avanço, porém parece uma incoerência, ou pelo menos um desperdício, auditar um balanço e guardá-lo na gaveta, já que a idéia não é abrir mais um mercado promissor para as firmas de auditoria.


Mais um detalhe. Este aspecto representa um interessante estudo de caso sobre a questão da padronização. No livro de Teoria da Contabilidade, no primeiro capitulo, discutimos sobre a padronização como uma atividade política. Este e' um exemplo bastante pertinente. No mesmo capitulo discutimos também o fato que a padronização sempre comete injustiça.

22 julho 2008

Cresce as “Estrangeiras” na Global 500

Os Estados Unidos possuem 153 empresas entre as 500 maiores da Fortune. Em 2005, há três anos portanto, eram 176. O Japão perdeu 17 empresas no ranking: hoje são 64, em 2005 eram 81. A China foi o país que mais cresceu e possui hoje 29 empresas. O Brasil tem cinco empresas, três a mais do que em 2005. Fonte: aqui

09 abril 2008

Adeus US GAAP (?)

Especialistas das Big Four dizem que a Securities and Exchange Commission determinar que todas as empresas negociadas publicamente nos Estados Unidos usarem o IFRS é inevitável. (...)


Este trecho faz parte do artigo Goodbye GAAP, de Sarah Johnson, para CFO Magazine (1o. de abril de 2008). A autora lembra que as empresa de auditoria e as empresas multinacionais estão pressionando a SEC no sentido de adotar efetivamente a IFRS. Para multinacionais, manter diversas contabilidades não é eficiente e representa gasto de recurso.

Entretanto Johnson lembra que o processo é caro. Para a Procter & Gamble a convergência deve significar dezenas de milhões de dólares. O Institute of Chartered Accountants in England and Wales estima que empresas européias com receita entre 500 milhões e 5 bilhões de euros devem gastar 0,05% da sua receita no primeiro ano. E o processo de conversão deve levar de 18 a 24 meses, segundo alguns auditores.

Além da questão do custo, Johnson lembra que a maioria dos executivos financeiros estão relutando em aceitar a mudança. Uma pesquisa da Deloitte & Touche encontrou que 20% das empresas (de uma amostra de 300 com receita entre 100 milhões e 10 bilhões de dólares) estão pensando em adotar o IFRS.

A seguir, uma cronologia do processo:

2001: The International Accounting Standards Board (IASB) is established to work on international financial reporting standards (IFRS).

2002: U.S. and international standard-setters issue the Norwalk Agreement to make their current rules compatible.

2002: The European Union (EU) announces its member states must use IFRS for their 2005 financial statements.

2005: SEC chief accountant Donald Nicolaisen releases a road map for allowing IFRS filings without GAAP reconciliation for foreign firms by 2009 (or earlier).

2006: The IASB and FASB agree to work on all major projects jointly.

2007: In April, President Bush announces IFRS will be recognized in the United States within two years as part of an agreement with the EU. In November, the SEC makes that prediction a reality.

2008: The SEC will vote on a proposal mapping out a timeline for moving U.S. companies to IFRS.

2009: The IASB will end its moratorium for when companies need to adopt its new accounting standards. The board had frozen its rules while more countries adopted IFRS.

2011: The earliest that accounting firms and U.S. multinationals estimate large U.S. companies could begin to use IFRS rather than GAAP. Canadian, Indian, and Japanese companies are slated to begin using the global standards.

2013: The earliest projection by accounting firms for mandating that U.S. companies convert their financials to IFRS, with 2015 being the first year smaller companies could follow suit.


A figura abaixo é ilustrativa das diferenças entre o IFRS e o US GAAP.

05 março 2008

Empresa brasileira compra no exterior


Segundo a Bloomberg News, a empresa JBS, a maior produtora de carne do mundo, concordou em pagar 1,27 bilhões de dólares em dinheiro e ações por ativos nos Estados Unidos e Austrália.

JBS wants to expand in the United States, Australia and Europe to bolster sales in markets that restrict imports of Brazilian beef. Smithfield, the largest American pork producer, is exiting the beef business as rising corn costs and surplus production capacity erode profit.


Beef Giant Buys Assets In the U.S. And Australia - The New York Times - 5/3/2008

É interessante notar que se fala muito em Embraer, Vale, Gerdau e outras empresas brasileiras multinacionais e esquecem da JBS.

18 fevereiro 2008

Multinacionais de emergentes

A figura mostra o crescimento da receita das multinacionais dos países emergentes em comparação com a SP500 e a Fortune 500



Aqui, a cotação da carteira.



Fonte: Aqui

26 janeiro 2008

Vale: ganhadora da semana

No blog Wall Street Journal a Vale do Rio Doce aparece como vencedora da semana. A empresa poderá ser a maior mineradora do mundo com o acordo com a Xstrata. A empresa seria a maior empresa brasileira multinacional e poderia competir com a BHP Billiton e a Rio Tinto. Dois problemas apontados: o acordo ainda está longe e pode afetar o balanço da empresa.

11 janeiro 2008

As multinacionais dos emergentes


A The Economist da semana traz duas reportagens sobre as multinacionais dos países emergentes (The Challengers). O texto procura entender a razão da expansão destas empresas, usando diversos exemplos conhecidos: Tata, Cemex, Mittal e também empresas brasileiras.

O texto lembra o caso da Embraer que "tornou-se a terceira maior empresa fabricante de aviões do mundo, com especialização em jatos regionais. Metade das vendas da Sadia e Perdigão, duas empresas brasileiras de alimentos, o que equivale a cerca de 6 bilhões de dólares, são exportações."

Para explicar este fato, a The Economist usa a consultoria BCG.

"Seus mercados domésticos oferecem diversas vantagens. O crescimento rápido dá as empresas escala e poupa dinheiro para investir no estrangeiro. Os custos são baixos. As dificuldades de operar em um mercado emergente pode tornar os gestores adaptáveis e flexíveis. Finalmente, liberalização gradual dos seus mercados domésticos - como ocorreu na Índia desde o início da década de 1990, deixou-lhes expostas à concorrência das multinacionais. A ameaça à sua posição dominante doméstica tem incentivado seus gestores em aprimorar suas habilidades, tendo-os expostos às melhores práticas internacionais e impulsionando a buscar o crescimento no exterior para compensar a quota de mercado perdida em casa."

Segundo a BCG são cinco estratégias usadas pelas empresas emergentes.

1) Tornar uma marca local em global - o texto cita o caso da empresa chinesa Hisense
2) Transformar a engenharia local em excelência em termos de inovação global. O caso citado é o da Embraer:

"Apoiada pelo governo brasileiro e mais tarde, em grande parte, privatizada, a Embraer ultrapassou da canadense Bombardier e tornou-se líder mundial de fabricação de jatos regionais. (...) Em 2006, mais de 95% dos R$3,8 bilhões de vendas ocorreram fora do Brasil. É um dos maiores exportadores do Brasil, combinando baixo custo de fabricação com P&D avançada. Além disso, a Embraer possui uma joint venture com a China Aviation Industry Corporation II. "

3) Tornar-se líder numa estreita categoria de produto
4) Tirar partido dos recursos naturais domésticos - O exemplo são as brasileiras Sadia e Perdigão


Elas têm construído vendas em todo o mundo para tirar o máximo proveito dos abundantes recursos para a produção de suínos, aves e grãos no Brasil, complementado pela crescente condições ideais e baixos custos trabalhistas. Outra empresa brasileira, Vale, tem explorado as enormes e baratas fontes de minério de ferro para se tornar um dos principais fornecedores do mundo.

5) Novo modelo de negócios - é o caso da Cemex

Em outro texto (aqui) a revista chama a atenção para o fato de que a teoria econômica não considera a possibilidade de países pobres exportarem capital para países desenvolvidos.

P.S. O Rio de Janeiro possui 100 mulheres para cada 86,4 machos. Esta desproporção pode ter várias explicações. A violência seria uma delas? Esta questão intrigante é objeto de artigo na The Economist

01 janeiro 2008

Instinto de sobrevivência

Para reduzir custos de produção e ganhar competitividade, empresários brasileiros têm procurado cada vez mais o exterior. A Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) pesquisou esse movimento e com o resultado do trabalho está lançando o livro Internacionalização das Empresas Brasileiras.


Custo alto leva empresas a optar pela globalização - Fernando Nakagawa
O Estado de São Paulo -1/1/2008

14 dezembro 2007

IFRS ou US GAAP

Um painel nos Estados Unidos discutiu sobre a adoção ou não do IFRS. Um dos painelistas deixou claro que a decisão irá depender de cada caso. Uma empresa como a IBM, multinacional com atuação de muitos países, possui mais vantagens em usar o IFRS do que uma empresa com atuação restrita aos Estados Unidos.

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