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26 dezembro 2012

Brasil, país das piruetas contábeis


O ano de 2012 vai chegando ao fim, misturando ingredientes de frustração e inquietação, quem sabe desproporcionais aos desacertos. Ou não.
Tudo parecia encaminhado, inclusive com certo triunfalismo, com a economia em pleno emprego e a inflação estranhamente sonolenta diante do comportamento sofrível das finanças públicas. Até que o anúncio do crescimento do PIB no terceiro trimestre caiu sobre as autoridades como um viaduto. Foi muito pior que os desabamentos provocados pelo mercado financeiro, pois nada pode ser atribuído à volubilidade dos especuladores: toda a culpa cabe ao nosso vetusto IBGE, onde trabalham vastas quantidades de técnicos da melhor qualidade e muitos simpatizantes do partido do governo, de tal sorte que as dúvidas sobre a sua isenção são semelhantes às que podem ser atiradas sobre o STF no julgamento do mensalão. Não há desculpas, portanto. Nada obstante, o ministro da Fazenda solicitou uma revisão dos dados, como se estivesse diante de seu alfaiate.
O fato é que sumiram as certezas sobre a fórmula do crescimento. O que parecia um assunto simples - fazer obra, assinar cheques e esquentar a demanda - agora se encontra imerso em mistérios. O crescimento acelerado pode ter se tornado um desafio comparável ao que foi a inflação no passado. Afinal de contas, não seriam ambos, o crescimento e a estabilização, problemas de coordenação macroeconômica? Não seria a macroeconomia nada mais que um exercício sobre interação e interdependência entre pessoas e empresas, e sobre expectativas e desconfianças sobre as ações dos vizinhos, diante de autoridades tentando conduzir a multidão?
É nesse terreno que a nossa experiência com a estabilização encerra algumas lições úteis, muitas das quais associadas a uma palavra que tem sido muito pronunciada ultimamente: confiança.
A confiança costuma ser descrita como flor delicada, assunto subjetivo, matéria de psicólogos, mas nem por isso deixa de ser seriamente sacudida por prejuízos. É curioso que o anúncio do PIB, em conjunto com os efeitos da MP 579 sobre a Eletrobrás, tenha dado novos sentidos, por exemplo, à operação de capitalização da Petrobrás: a despeito das boas intenções, o prejuízo ao patrimônio público ultrapassou R$150 bilhões (queda próxima de 50% no valor de mercado da empresa), sem contar a confusão dos royalties.
Se o leitor era investidor nessas companhias e, portanto, confiava que elas eram bem geridas, o que esperar de seu "ânimo vital" para investir depois dessa tunga?
Em termos mais gerais, os investimentos das empresas em máquinas e edificações vêm caindo há cinco trimestres seguidos, a despeito dos diversos pacotes associados às concessões em infraestrutura, do hiperativismo seletivo do governo e de os desembolsos do BNDES terem triplicado nos últimos 3 ou 4 anos.
Não há dúvida de que há algo de subjetivo e complexo nas decisões de investimento, os tais "espíritos animais" de que falava Keynes, que as autoridades não têm conseguido operar. O governo se esforça para mostrar que sua índole é "pró-mercado", chama o setor privado para investir em sua companhia, mas não consegue adesões. Procura o corpo a corpo, conversa com o ex-ministro Delfim Netto, como se isso o ajudasse a entender os códigos do capital, e o efeito parece o oposto. Como fazer com que milhões de potenciais investidores se convençam ao mesmo tempo de correr os riscos inerentes à adesão às orientações governamentais?
Nesses termos, o problema é muito parecido com o da estabilização, o que não deve surpreender os estudantes de macroeconomia em dia com suas leituras. É nesses termos que a experiência da URV pode ser útil para os desafios que as autoridades têm diante de si.
São várias as lições, a primeira, a mais básica, é que os fundamentos têm de estar no lugar, ou seja, o tripé precisa estar na posição correta e as contas fiscais arrumadas e sem as piruetas contábeis dos últimos tempos. A segunda é que a adesão precisa ser voluntária, o governo convida, mas não impõe nem intimida, não cria dependência, e tampouco faz convites indecorosos. A URV era um conceito horizontal: moeda estável para todos, jogo limpo, regras claras, sem interferências espúrias e jogadores especiais ou privilegiados. Não havia seletividade nem caminhos mais curtos: todos iguais diante da moeda e da lei. Jogo limpo, a regra do mundo plano e globalizado. O governo orienta, cuida do estádio e do gramado e não se mete a cobrar escanteios. E quanto mais gente adere, maior o incentivo a aderir, fenômeno que se conhece como "externalidade de rede", sempre observável em problemas de coordenação econômica.
A URV do crescimento ainda está para ser inventada; e certamente não se chama PAC.

Coursera

Coursera: cursos e universidades

Conheça o Time

Até poucos anos atrás, a prática do e-learning era vista com desconfiança tanto por docentes como por alunos, acostumados com o ensino presencial.

Hoje, diversos portais reúnem estudantes do mundo todo e oferecem cursos de inúmeras disciplinas. É o caso do portal Coursera, lançado em abril, que já conta com mais de 1,8 milhão de alunos.

Os temas vão de sustentabilidade a pensamento matemático, de lógica a mitologia romana. Basta se inscrever e assistir às classes (ou aguardar a disponibilização do curso, informada no próprio site).

Sem qualquer custo, é possível assistir a aulas da Universidade de Harvard, da Universidade Johns Hopkins e de várias outras instituições renomadas, com direito a certificado. Quem tiver dificuldades com inglês, pode pedir o apoio de colegas no fórum – afinal, não há restrição de nacionalidade.


Fonte: Aqui

25 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Feliz Natal!!!


E um abraço especial para você!

BRICs: "conceito" sem sentido

BRICs, the now familiar term for Brazil, Russia, India, China and the growth of their economies and influence, have formalized their club and extended their reach by inviting South Africa to join. But do their meetings and joint statements really allow them to punch above their individual weight? What do these countries share beyond a common interest in bolstering their global clout?


The most durable thing about the BRICs is the acronym itself. They cannot be ignored — emerging markets accounted for two-thirds of global economic growth over the past five years, a figure that could rise to as much as 75 percent by 2015. But combining individual countries into classes based on catchy acronyms adds neither influence to their groupings nor insight into their futures.
There are four main reasons why the BRICs will never function as a single coherent interest group.
First, we often say BRICs when we really mean China. In the post-World War II era, the Group of 7 major industrialized countries set the international agenda, and the United States was the driving force. But China’s dominance of the BRICs is even more pronounced. With a G.D.P. of $7.3 trillion, the Chinese economy is the second largest in the world — and larger than all the other BRICs put together.
South Africa’s economy is roughly equivalent to that of China’s sixth largest province. Developments inside China — from its resource appetites and cyber capacity to its political and military might — will drive the actions of the other BRICs. Russia, India and Brazil will be responding to China, both cooperatively and antagonistically, much more than they will coordinate with it.
Second, when it comes to their political systems, the BRICs are apples and oranges…and pears and pineapples. Brazil and India are democracies; Russia and China are autocracies.
But Brazil’s democracy is much more centralized and less diverse than India’s. Uttar Pradesh, India’s most populous province, has roughly the same population as all of Brazil (and four times South Africa’s). With more than a dozen official languages and a remarkably decentralized structure, India is a challenge all its own. It is also the least international in its outlook: despite a population of 1.2 billion people, India has about the same number of diplomats as little New Zealand.
In Russia, Vladimir Putin uses hollow democratic institutions to secure one-man rule. China’s leadership is a cohesive group of party men, aligned in their most basic interests, who negotiate over the details of reform to preserve an increasingly untenable status quo rather than to undertake a large-scale overhaul. The bottom line: if you wanted to pick four major global economies with as little as possible in common in their politics, the BRICs would be a decent bet.
Third, their economic systems are wildly different as well. In Russia and China, the state is the dominant force in the economy. There are significant economic reasons for both to move away from a state capitalist system that will decay over time, but both governments have political incentives to keep things as they are to protect the near-term security of their governments. Brazil and India lean closer to free market capitalism than to the state-dominated variety.
Nor are the BRICs particularly tied to one another. Brazil has deepened commercial ties with China, its largest importer, but Russia accounted for only about 2 percent of China’s trade in 2011, and China and India have no bilateral trade agreements. There are still no direct flights between Beijing or Shanghai and Mumbai. Each BRIC depends more on its ties with America and Europe than with other members of its club.
Finally, there is the difference in their most immediate needs. Russia and Brazil are major resource exporters. China, on the other hand, is the second largest importer of crude oil, and India is fourth. But beyond the competing interests of buyers and sellers, there are the frictions within these groups.
India and China are not yet seriously competing with one another for resources, but as the demographics shift in the two countries and as India becomes more urban and spends more on its infrastructure, the frictions will grow. Take water, for example: China and India are home to 37 percent of the global population, but only 10.8 percent of its water. The population will grow — and so will strains on that water as industrialized processes and more upscale (and water-intensive) eating habits take hold.
For its part, Russia is increasingly threatened by the energy revolution taking place in the Western hemisphere. Moscow depends on oil sales for state revenue, and the break-even oil price at which Russia’s budget balances has skyrocketed from $34 a barrel in 2007 to $117 in 2012. Brazil, by contrast, has enough energy to fulfill its own needs and to sell beyond its borders. As the geopolitics of energy and basic resources like food and water shift dramatically over the coming decade, differences among the BRICs will only grow.
In short, the BRICs can agree to disagree with the global status quo. They will sometimes use their collective weight to obstruct U.S. and European plans. But the BRICs have too little in common abroad and too much at stake at home to play a single coherent role on the global stage.

Luzes de natal

E a todos vocês, queridos leitores, um feliz natal!


24 dezembro 2012

Always look on the bright side of life...

Rir é o melhor remédio

Natal

Árvores de Natal



Inspirada na série Doctor Who




PIB, inflação e desemprego



Custos Anuais do Papai Noel

An accounting firm has come up with a number for how much Santa's entire operation costs each year.

Fonte: CNN

O Papai Noel burla o Fisco?

Do blog "Boring is Optional"

I am indebted to that satirical and very funny tax sage, Murphy Richards, of the Justice for Taxes Network for inspiring this festive blog post. He has noted the following in his tweets:
Being mythical puts Santa outside the scope of UK taxes. It may be legal but it is immoral and therefore it is illegal and Father Christmas is a tax evader.
This lead others to comment:
@BrownsAccounts: Hodge #PAC questions Father Xmas re #tax #avoidance, deliberately creating losses by giving things away

@jmalitrg: Being Laplander and non-dom and spending so little time in UK chimneys he has no perm establishment so he is ok

@jmalitrg: A General Anti Abuse of Rudolf (GAAR) provision will catch him.....
Addendum
The front cover of Private Eye's Christmas edition follows a similar theme. Maybe it inspired Murphy Richards. It shows Santa flying across the sky in his sledge with the now ubiquitous ill-informed illogical commentators saying what they think:


23 dezembro 2012

Frase


Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Dave Brubeck



Dave Brubeck, pianista, compositor e lenda do jazz, faleceu este mês aos 91 anos. Foi homenageado pela revista britânica The Economist com reportagem na edição impressa. "Tomou"o lugar de Oscar Niemeyer. O vídeo acima é um concerto gravado num programa da televisão norte-americana: Jazz Casual. O nome do grupo é Quarteto de Brubeck. Formado por: Brubeck no piano, Eugene Wright no baixo, Moe Morello na bateria e Paul Desmond (autor da música) no sax alto . Eles executam o clássico "Take Five". Fantástico!

Um execução de 2009 da mesma música no Festival de Jazz de Montreal:



Abaixo outras música com Dave:




Brasil:baixo crescimento, inflação em alta, protecionismo e estatismo



O "pibinho" de 2011 tinha a desculpa de se seguir ao "pibão" de 2010. Na média, ainda estava de bom tamanho. Mas, face aos decepcionantes números do terceiro trimestre, a renda per capita pode até diminuir em 2012. Como se não bastasse, as expectativas de crescimento para 2013 se reduzem a cada rodada das projeções encomendadas pelo Banco Central.

Não é só o PIB que decepciona, mas também a inflação. Ano passado tivemos 2,7% de crescimento com 6,5% de inflação. Este ano deveremos ter 1% de crescimento com 5,7% de inflação - valor ainda superior à meta de 4,5%, que é elevada para o padrão de nossos parceiros comerciais.

O mundo lá fora também não anda bem. Mas quem anda realmente mal são os países industriais, especialmente a Europa. Os países emergentes mantêm taxas de crescimento superiores às do Brasil, com inflação mais baixa. E nossos vizinhos na América Latina vêm apresentando um desempenho econômico vigoroso, que parece ignorar as mazelas do mundo desenvolvido.

Precisamos olhar para nosso próprio umbigo para tentar decifrar de onde vem essa doença brasileira de baixo crescimento com inflação elevada.

Recapitulando. Desde o pós-guerra até 1980, o país sustentou taxas de crescimento admiráveis. Mas em 1981, houve um colapso da acumulação de capital, detonado pela crise da dívida externa. A ela se seguiu o descontrole inflacionário, a partir do fracasso do Plano Cruzado. O período entre 1981 e 1993 ficou conhecido como a grande década perdida, que durou até o dragão da inflação ser domado pelo Plano Real, em 1994.

Na falta de um ajuste fiscal consistente, a estabilização do Real se sustentou na âncora cambial e nos juros elevados. O ambiente externo não ajudou, com sucessivas crises no México, no Sudeste Asiático e na Rússia. Em consequência, o crescimento se manteve baixo. Após a crise cambial de 1998, um novo tripé de política econômica foi adotado: superávit nas contas primárias do governo, câmbio flutuante e metas de inflação. As contas externas melhoraram, mas o crescimento continuou a decepcionar.

Enquanto persistiu o "medo do Lula", o investimento não reagiu às reformas liberalizantes implantadas no governo FHC. Tudo pareceu mudar para melhor em 2005. O medo de Lula passou, as commodities entraram em ciclo de alta, o capital externo voltou a fluir para o país.
O crescimento se acelerou e até mesmo a crise financeira mundial de 2008-2009 pareceu ser uma "marolinha", pois o país dela se recuperou com galhardia em 2010. Desde então, entretanto, só dá "pibinho" atrás de "pibinho", sem folga na inflação. Que se passa?

Com o benefício do retrovisor, o que os números sugerem é que o sucesso do período 2005-10 explica-se por uma recuperação cíclica do investimento e do emprego, no contexto de uma enorme bonança externa.

No primeiro trimestre de 2004, o investimento fixo foi de apenas 15,3% do PIB. Essa taxa cresceu continuamente (exceto em 2009), até atingir 19,5% por cento do PIB no final de 2010.
No início de 2004, a taxa de desemprego estava em torno de 12%. Desde então, ela se reduziu ano a ano, até chegar a 5,3% em outubro de 2012.

A produtividade do trabalho se beneficiou da transferência de mão de obra de atividades informais para as formais. Investimento em alta, desemprego e informalidade em queda permitiram maior crescimento.

O crescimento desse período foi também sustentado por uma enorme bonança externa: preços das commodities em alta e forte entrada de capital externo.

Todas essas fontes de crescimento perderam força. O desemprego está no limite, conforme atestam as constantes reclamações de falta de mão de obra. Também a possibilidade de transferir trabalhadores das atividades informais para as formais se reduziu. A disponibilidade de mão de obra tende a limitar o crescimento do PIB como antes não o fazia. A bonança externa arrefeceu. Os preços das commodities estabilizaram-se quando não caíram. O financiamento externo se reduziu.

O potencial de crescimento do PIB passa doravante a depender da própria capacidade do país de elevar o investimento e aumentar a produtividade. Maiores estímulos à demanda somente tenderão a piorar a inflação.

Diversos fatores estão paralisando os investimentos. Proeminente entre eles está a dificuldade do governo federal de executar os investimentos programados no orçamento, exceto pela construção de moradias (que pouco agrega à capacidade de crescimento do país). "Não é dinheiro que falta, é a capacidade de execução", já disse a presidente da República a este jornal.

A execução estatal é ruim, mas igualmente danosa é a relutância do governo em transferir os projetos de infraestrutura para a iniciativa privada.

A privatização foi demonizada pelo PT e a presidente Dilma incorporou essa herança maldita. As licitações saem a fórceps e, quando saem, têm uma formatação inadequada - como ilustrado pelo caso do petróleo do pré-sal, das estradas federais, dos portos e aeroportos. As parcerias público-privadas, que deslancham em Estados e municípios (nas áreas de saneamento, saúde e segurança), no governo federal delas nem se ouve falar.

A esses fatores se soma o populismo de querer segurar a inflação com o controle de preços das estatais e das concessionárias de serviços públicos. Disso resulta perda de capacidade de investir, no governo e fora dele.

Se o investimento não ajuda, a produtividade também não. Há muitos fatores em causa, mas eles podem ser resumidos num só, porque os demais, de uma forma ou de outra, dele resultam: o Brasil é a economia mais fechada do mundo.

Isso se comprova nos dados do Banco Mundial, nos quais o país aparece com a menor relação entre importações e PIB entre todos os países para os quais esses dados existem. Igualmente, os números de 2010 da Penn World Tables, da Universidade da Pensilvânia, mostram que entre os 169 países considerados, o Brasil ocupa a 169ª colocação tanto no que se refere à penetração das importações no mercado interno quanto à participação da soma das exportações com as importações no PIB.
Mas nem precisaria de números, porque sabemos ser esse o país que na ditadura implantou a retrógada lei da informática (ainda parcialmente em vigência), uma das mais equivocadas políticas de substituição de importações de que se tem notícia na história.

Apesar de estarmos no país que menos importa no mundo em relação ao tamanho de seu PIB, tanto industriais quanto governo não cansam de lamentar a "invasão dos importados".

A presidente da República e o ministro da Fazenda ficaram famosos por cunhar expressões como "tsunami monetário" e "guerra cambial", sem falar no "dumping chinês". Recentemente, a presidente da República adaptou uma boutade do ex-ministro Delfim Netto para explicar que não queremos mais ser "o último peru no Natal [dos exportadores estrangeiros]".

O objetivo declarado da política industrial do governo - nas áreas da saúde e da eletroeletrônica, por exemplo - é reduzir o déficit comercial setorial.

Automóveis produzidos no país são beneficiados pela redução do IPI desde que cumpram estritos requisitos de conteúdo nacional. Parceiros internacionais da Petrobras na exploração do pré-sal têm que satisfazer uma rígida pauta de substituição de importações, sob risco de fortes penalidades. Produtos nacionais que obedeçam aos requisitos de conteúdo nacional podem ser vendidos ao governo com 25% de sobrepreço. Cem produtos tiveram suas tarifas de importação recentemente aumentadas e outros cem estão na fila. Os exemplos se multiplicam.

Mas não é só no governo. Estudo recente da Fiesp, por exemplo, assusta-se com o aumento dos componentes importados na produção agrícola e adverte: "Parte das importações é necessária, mas é preciso mensurar os riscos dessa crescente dependência. Nosso estudo é um alerta."

A atitude é que importar é coisa ruim, supostamente porque subtrai mercado à produção brasileira e reduz o emprego.

Trata-se de uma postura que privilegia problemas conjunturais de falta de demanda, de que não padecemos, em detrimento da necessidade, que temos, de participar mais ativamente do comércio internacional para o país poder voltar a crescer.

Carece fazer compreender que, nesses tempos de cadeias produtivas globalizadas, é a importação que faz a exportação.

A Embraer está aí para comprovar essa tese. Mas, no clima protecionista que impera em Brasília, dá até medo de arguir que a Embraer só é a potência que é porque importa 95% das peças dos aviões que produz. Mesmo porque a Embraer já sofre para comprovar que contabilmente consegue superar o índice de 60% de nacionalização do produto final exportado, sem o qual não teria acesso aos financiamentos do BNDES.

Entre as piores consequências do fechamento às importações está o fato de, há anos, os preços dos bens de capital subirem mais do que os preços dos bens de consumo e serem hoje muito superiores aos preços de seus similares internacionais, conforme documentado em pesquisas recentes. Vinicius Carrasco e João Manoel do Pinho Mello mostram que os vergalhões de aço custam duas vezes mais no país do que no resto do mundo.

Regis Bonelli e eu estimamos que o preço das máquinas nacionais é cerca de 30% superior aos similares importados. Como se não bastasse pouparmos pouco, o poder de compra dessa poupança é reduzido pelo elevado preço dos bens de capital produzidos no país, que resulta da falta de concorrência gerada pelo fechamento da economia às importações.

Enquanto o governo ambiciona fechar o país ainda mais, querendo produzir todas as partes de todos os produtos aqui dentro, no resto do mundo desenvolvem-se as cadeias produtivas internacionalizadas, através das quais os países se especializam não só em diferentes mercadorias e serviços, mas em diferentes etapas do processo produtivo. Essas cadeias se definem em três grandes regiões: a América do Norte, a Europa e a Ásia.

Na América do Sul, Chile, Peru e Colômbia tratam de nelas se integrar, pois já entenderam que é assim que se incorpora o progresso técnico e se aumenta a produtividade. Enquanto isso, na companhia de Argentina, estamos perdendo o trem da história. 

Precisamos dar um novo rumo à economia se quisermos aumentar o investimento e a produtividade. Por um lado é preciso romper com o estatismo. Por outro, com o protecionismo.Definir uma estratégia de integração competitiva do país à economia internacional, que tenha como metas reduzir a carga tributária das empresas à metade e dobrar a participação do comércio exterior no PIB.

Difícil imaginar que o atual governo abrace essa proposta, pois vem seguindo, com gosto, exatamente o caminho oposto. Quem sabe se, com os "pibinhos" se repetindo e a inflação continuando elevada, o país não resolve mudar de rumo nas eleições de 2014?


22 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Fonte: Adaptado de Tim Whyatt

Fato da Semana


Fato: O impairment potencial de duas das maiores empresas brasileiras, a Petrobras e a Vale.
A Petrobras  pagou, no passado, US$ 1,18 bilhão por uma refinaria nos Estados Unidos. Agora, sabendo que o negócio é inviável, a empresa decidiu vender o ativo e a única proposta foi de US$ 180 milhões. A contabilidade deveria registrar um prejuízo de US$ 1 bilhão no teste anual de impairment. A Vale anunciou esta semana que o teste realizado na empresa deverá resultar numa baixa de 4,2 bilhões de dólares nos ativos de alumínio e em Onça Puma.

Qual a relevância disto? O teste de impairment talvez tenha sido a grande inovação da adoção no Brasil das normas internacionais do Iasb. Tanto é assim, que foi, efetivamente, a primeira norma contábil traduzida pelo CPC e recebeu o número 1. Os efeitos do teste mostram decisões desastradas realizadas no passado pelas empresas. No custo histórico, essas decisões somente apareciam quando da venda do ativo.
Na Petrobras a empresa ainda não anunciou a baixa contábil, mas isso parece ser uma questão de tempo. A Vale, que possui menos influencia governamental, já deu a notícia.

O leitor dos jornais (e os próprios jornalistas) começa acostumar com este tipo de notícia.

Positivo ou Negativo? É positivo para a contabilidade por revelar os efeitos das decisões ruins que foram realizadas no passado. Passa um atestado de incompetência (ou outra “coisa”) dos gestores. 

Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – Algumas empresas internacionais anunciaram a antecipação dos dividendos. Parece presente de Natal, mas o verdadeiro motivo está relacionado com
Impostos
Mudança nos segredos bancários da Suíça
Protesto dos minoritários

2 – A Receita Federal brasileira autuou a empresa Fibria em 1,666 bilhão de reais em razão de uma permuta de ativos. A Fibria é resultante da junção, no passado, de duas empresas brasileira que atua principalmente no setor de
Papel e Celulose
Confecção de tecidos
Soja e derivados

3 – Uma entidade dos Estados Unidos alertou que as normas internacionais emitidas pelo Iasb estão ganhando força. Esta entidade é
CFO
Big Four
Fasb

4 – A discussão sobre o baixo crescimento da economia revela a necessidade de se conhecer melhor a variação de um item contábil das empresas, que não é calculado no Brasil, mas bastante difundido no exterior. Este item é
Estoques
Ativo Permanente
Receita

5 – Esta celebridade afirmou que se seu contador estiver na dúvida, diz para pagar a mais seus impostos:
Arnold Schwarzenegger
J.K. Rowling
Brigitte Bardot

6 – Esta instituição financeira deverá pagar US$1,5 bilhão pela manipulação na taxa de juros Libor:
RBS
UBS
Citibank

7 – Além das padronização das normas contábeis, está chegando ao Brasil a padronização:
Da avaliação de empresa
Das técnicas de auditoria por amostragem
Da contabilização dos estoques

8 – Um passivo a descoberto de 1,5 bilhão foi – até o momento – calculado nesta instituição financeira:
BVA
BMG
Panamericano

9 – Este conhecido ator internacional está mudando seu domicílio em razão do aumento dos impostos:
Gerard Depardieu
Philippe Noiret
Vittorio Gassman

10 – A profecia do fim do mundo não aconteceu. Nesta semana, a bolsa de valores:
Caiu, talvez indicando que a crença do fim do mundo pudesse afetar os negócios
Caiu até sexta, mas diante da continuidade do mundo, aumentou neste dia.
Cresceu durante a semana, mas caiu levemente na sexta.

Resolução 1418

A Resolução 1418, de dezembro de 2012, institui modelo contábil para empresa de pequeno porte e microempresas. É o reconhecimento por parte do CFC de que não é viável aplicar as normas internacionais para estes estabelecimentos. De forma simplificada, estas empresas devem usar o regime de competência e evidenciar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e Notas Explicativas. Só isto.

Existem alguns pontos “polêmicos” na referida resolução:

Princípios de Contabilidade – mesmo com a estrutura conceitual não admitindo mais esse termo, estrutura esta que é do CPC, a resolução 1418 ainda insiste. O mais estranho é que seriam os “princípios de contabilidade aprovados pela Resolução 750/93”, conforme item 8. O "detalhe" é que a resolução 750 foi revogada pela 1282. Ainda, o termo “princípios de contabilidade” é oriundo da 1282 (e não da 750). Pisada de bola feia.

Anexo – O texto usa “anexo” quando o correto seria “apêndice”.

Plano de Contas Simplificado – a resolução foi audaciosa ao propor um plano de contas. Seria um ponto positivo se o plano de contas fosse razoável, mas não é. Ter uma conta denominada de “outros créditos” é difícil de aceitar. Ter no grupo do patrimônio líquido a conta Lucros Acumulados, que foi revogada pela 11.638, também. (Afinal a lei é maior que a resolução do CFC). Colocar no anexo que a Demonstração do Resultado é de “31.12.x0” mata de tristeza qualquer professor sério de contabilidade. É um gravíssimo erro conceitual, inadmissível numa resolução como esta. Considerar despesa financeira como “operacional” também é difícil de aceitar.

Por fim, notem que, na última página, o revisor "comeu mosca": Despeas.

Renda do trabalhador brasileiro

O rendimento mensal dos trabalhadores brasileiros aumentou entre 2000 e 2010, conforme mostraram nesta quarta-feira os novos dados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE. Apenas os empregadores viram seus ganhos caírem 18,6%, contra alta de 15,8% dos empregados. Os por conta própria tiveram ganho de renda menor, de 6,5%. E os militares e funcionários públicos ganharam mais, com alta de 40,9%, seguidos dos trabalhadores domésticos com carteira assinada, com elevação de 33,9%. Ainda assim, em 2010, esse grupo de empregados recebia em média R$ 640 por mês. Como é um segmento altamente informal, com somente 33,8% com carteira assinada, o salário era de apenas R$ 393, em média.



Fonte: aqui

21 dezembro 2012

Google: Zeitgeist 2012



Acesse o site Zeitgeist 2012 e veja o que o mundo pesquisou em 2012.

Rir é o melhor remédio


Normas para PME

Os pequenos e médios empresários não serão mais obrigadas a seguir as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS, do inglês), adotadas no Brasil a partir de 2008 com a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral.[1]

Na quarta-feira (19), o CFC (Conselho Federal de Contabilidade) aprovou uma resolução que institui um modelo específico para as PMEs. [2]

Novas normas contábeis dão transparência e crédito

As novas normas simplificam a vida do pequeno empresário, ao resumir as 230 páginas do código anterior para apenas 26 e limitar as suas obrigações contábeis.

As PMEs já seguiam uma versão resumida das normas internacionais --a completa tem cerca de 3.000 páginas.

Segundo Hélio Coraza, funcionário do CFC, o empresário de pequeno porte ainda é obrigado a fazer o balanço patrimonial, demonstração de resultados e notas explicativas.

Procedimentos que exigem um detalhamento maior das variações no patrimônio, como a demonstração de fluxo de caixa, do resultado abrangente e das mutações do patrimônio líquido não serão mais obrigatórios, segundo Coraza.

Para a CFC, a resolução foi aprovada levando em consideração a realidade de movimentação das empresas de porte menor e o esforço que elas teriam de empreender para seguir as normas internacionais, dentro de uma estrutura reduzida. [3]


[1] Na realidade nunca estiveram.
[2] Foi na quarta, dia 5 de dezembro, conforme aqui
[3] Mais do que isto, o fato de que as empresas de pequeno porte possuem uma relação custo benefício contrário as normas completas.

A Resolução será publicada hoje, conforme notícia daqui

Vale

A empresa Vale anunciou, num fato relevante, que concluiu a avaliação anual de ativos de alumínio e de Onça Puma. O resultado será o reconhecimento de um impairment (redução do valor recuperável do ativo) de US$ 4,2 bilhões. Isto naturalmente terá influencia no resultado da empresa em 2012.

Segundo a mineradora, os problemas com os dois fornos de Onça Puma determinaram a paralisação total das operações de ferro-níquel desde junho de 2012.

Após estudar o caso, a Vale resolveu reconstruir um dos fornos, com custos estimados em US$ 188 milhões em 2013, com a retomada das operações esperada para o último trimestre do ano que vem.

"Dado este evento e diante da atual situação de mercado para ferro-níquel, a valoração de Onça Puma determinou a necessidade de reconhecimento de impairment antes de impostos de US$ 2,848 bilhões", explica a companhia, em nota.

Em 30 de setembro de 2012, o valor contábil de Onça Puma era de US$ 3,778 bilhões.

Além disso, a Vale diz ainda que a volatilidade dos preços do alumínio e as incertezas macroeconômicas na Europa contribuíram para a redução do valor de mercado de sua participação de 22% na Hydro ASA (Hydro), produtora de alumínio norueguesa, a um nível inferior ao valor contábil do investimento.

"Com base nos preços das ações da Hydro em 30 de setembro de 2012, estamos reconhecendo impairment antes de impostos de US$ 1,3 bilhão, o que afetará nosso lucro no quarto trimestre de 2012".


Apesar dos referidos impactos, a mineradora afirma que permanece confiante nos fundamentos de longo prazo do mercado global de níquel. [1]

Fala também que acredita no potencial dos ativos da Hydro, para criar valor significativo para o acionista, como resultado de uma combinação de recursos naturais e liderança tecnológica de alumínio.

"Os impairments anunciados não terão qualquer efeito no fluxo de caixa da Vale [2] e serão tratados como itens excepcionais. Nossa revisão anual de ativos será concluída em conjunto com a divulgação de nossas demonstrações financeiras de 2012 em 27 de fevereiro de 2013 [3]".

[1] Isto não faz muito sentido, já que se os fundamentos de longo prazo fossem bons não haveria tal impairment.
[2] Diretamente não. Mas o resultado contábil tem implicações sobre pagamentos de impostos, dividendos, etc. Ou seja, afeta indiretamente o caixa.
[3] É interessante que a empresa já antecipou a divulgação do impairment para estes casos.

Felicidade não se compra

O filme A Felicidade não se Compra (It´s a Wonderful Life) é um clássico do cinema (nota 8,7 no imdb) e um filme ideal para assistir no Natal. É realmente emocionante, com uma mensagem muito positiva sobre a vida.

O filme conta a história de George Bailey (James Stewart), um empresário que ajuda a todo mundo. Mas diante de um problema financeiro – um desfalque no seu banco – pensa seriamente em suicídio. Um aspirante a anjo aparece na véspera do Natal para mostrar como Bailey fez diferença na vida de inúmeras pessoas. Sem Bailey a cidade seria outra.

Numa das cenas, George Bailey está diante do conselho do seu banco. Um sítio fez algo bem interessante: preparou o “relatório do auditor” mostrando os problemas existentes no banco de Bailey. Apesar de ser um texto “faz de conta” é muito interessante sua leitura. Se você já assistiu ao filme, leia agora o parecer.

Propriedade Intelectual

Os quatro membros do grupo de economias emergentes conhecido como Bric — Brasil, Rússia, Índia e China — têm mais uma coisa em comum: receberam as piores pontuações em proteção de direitos autorais, patentes e propriedade intelectual em um novo índice lançado nesta terça-feira pela Câmara de Comércio dos EUA. O índice preparado para o Centro Global de Propriedade Intelectual deu notas a 11 países em uma escala de pontos de 0 a 25, com os Estados Unidos recebendo a maior nota geral, 23,73, e a Grã-Bretanha em segundo lugar, com 22,40.
A Índia ficou em último com 6,24 pontos, refletindo suas pontuações baixas em cada uma das cinco categorias examinadas pela Pugatch Consilium, uma empresa internacional de pesquisa e análise especializada em economia do conhecimento. A China ficou em 10º, com pontuação de 9,13, abaixo do Brasil, com 9,57 pontos, e Rússia, com 11,17.


O novo índice foi concebido como uma ferramenta para os formuladores de políticas dos EUA para pressionar por proteções firmes dos direitos autorais dos EUA, patentes e segredos comerciais em acordos de livre comércio e outras negociações internacionais.


Os Estados Unidos, com algumas das mais fortes proteções de patentes, direitos autorais e marca registrada do mundo, tem um estoque total de propriedade intelectual avaliado em cerca de 5,8 trilhões de dólares.


As empresas dos EUA se orgulham de estar entre as mais inovadoras do mundo e veem essa vantagem competitiva corroída pelas fracas leis de propriedade intelectual em outros países.
Mais de 55 milhões de norte-americanos trabalham em indústrias que dependem muito da proteção de direitos de propriedade intelectual, tornando-se uma questão importante para os empregos também.


[...]

Fonte: aqui

Futuro do BNDES


Os vultosos aportes de capital, na forma de dívida de longo prazo, do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) efetuados nos últimos dois anos, totalizando a incrível quantia de R$ 180 bilhões, tiveram o efeito benéfico de convidar a sociedade a pensar com mais atenção os custos de um banco de desenvolvimento nos moldes do BNDES. O banco remunera o Tesouro pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), enquanto o Tesouro paga ao mercado a taxa Selic. Hoje a Selic é 4,5% maior do que a TJLP, de sorte que há um custo fiscal anual (que poderá cair ao longo do tempo, se o spread TJLP-Selic se reduzir) da ordem de R$ 8 bilhões.
No entanto, o custo para a sociedade é maior. O balanço do BNDES nos informa que o passivo do banco com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é de R$ 127 bilhões. O FAT é um fundo formado pelas receitas do Programa de Integração Social (PIS). Por sua vez, a receita do PIS segue de uma contribuição social que incide sobre o valor adicionado. Isto é, trata-se de impostos gerais sobre a produção, análogos ao ICMS ou à Cofins. Do total da receita do PIS, 60% são alocados para o pagamento do seguro-desemprego e de programas de treinamento de mão de obra e 40% são emprestados ao BNDES e, portanto, irá compor o FAT. O BNDES remunera os recursos do FAT depositados no BNDES pela TJLP. É por esse motivo que normalmente as autoridades do governo afirmam que não há subsídio nas operações do BNDES, pois ele capta do FAT pela TJLP e empresta à TJLP mais spread. Do ponto de vista legal a afirmação está correta. Não está correta do ponto de vista do custo de oportunidade do recurso público. A sociedade sempre pode mudar a Constituição e destinar 40% da receita do PIS para reduzir a dívida pública, cujo custo é a Selic. O custo de oportunidade para o setor público da captação do BNDES, seja diretamente pelo Tesouro - como foi o caso com os empréstimos de R$ 180 bilhões -, seja por intermédio do FAT, é sempre a Selic. O balanço do BNDES nos informa que a soma do passivo do banco com o FAT e com o Tesouro é hoje de R$ 342 bilhões. O custo fiscal, dado o spread hoje, entre a Selic e a TJLP é de R$ 15 bilhões. Evidentemente, esse custo está fortemente subestimado, pois parte significativa desse passivo foi capitalizada ao longo de duas décadas à TJLP, e não pela taxa Selic.
Tendo analisado os custos, é inegável que o BNDES foi e é importante instrumento de intermediação de longo prazo numa economia que escolheu em passado não muito distante perseguir um caminho de desenvolvimento "às caneladas". A inflação elevada e crônica além da enorme incerteza quanto aos contratos tornaram absolutamente inviável qualquer intermediação de logo prazo que não fosse de origem pública. Felizmente o quadro hoje é muito diverso. Estamos construindo os mercados intertemporais. O mercado de hipotecas, apesar de ainda pequeno, tem crescido a taxas elevadas e a continuidade de uma política fiscal responsável, que tem caracterizado os últimos 12 anos de políticas econômicas, produzirá a convergência para juros mais baixos em alguns anos. Consequentemente, é o momento de desenharmos uma transição do BNDES a esta nova condição. No meu entender, essa transição deve compreender três elementos.
O primeiro é preparar o banco para que ele tenha padrões de governança equivalentes aos do Banco do Brasil: abra seu capital e participe do novo mercado da Bovespa. Segundo, que ele caminhe para um modelo em que a captação de recursos para empréstimos seja a mercado e que haja, portanto, uma transição que elimine a destinação dos recursos da receita do PIS ao BNDES. Terceiro, que o subsídio aos programas financiados pelo BNDES que o governo deseje subsidiar - os projetos nas áreas de infraestrutura e pesquisa e desenvolvimento tecnológico são os candidatos óbvios - seja por meio de repasses diretos do Tesouro ao BNDES, como já ocorre hoje com o subsídio adicional aos projetos que participam do programa de sustentação do investimento (PSI).
Samuel Pessoa -PESQUISADOR DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA FGV 

Controle minoritário

O controle minoritário oscila entre o tabu e o fetiche. Quase todos negam a sua existência ou superestimam a sua importância. Pouco se fez, contudo, para compreendê-lo ou para lhe prover regramento jurídico.

O controle minoritário é o poder do acionista, ou do grupo de acionistas, que não detém a maioria das ações votantes, de influenciar permanentemente as deliberações de uma companhia e de eleger a maioria de seus administradores. A existência desse poder é disputada, sob o fundamento de que o artigo 116 (a) da Lei das S.A. caracteriza o controle como um poder permanente, que apenas a maioria das ações votantes é capaz de prover. Esse argumento é frágil.

O controlador sofreu, no Brasil, uma sistemática “demonização”. A Lei 6.404/76 lhe atribuiu amplos deveres e responsabilidades; há quase a presunção de que o controlador abusa de seu poder, em prejuízo da companhia e dos stakeholders. Para essa lógica também contribuíram os casos de imputação de responsabilidade ao controlador, por dívidas da companhia, nos quais se escusaram acionistas minoritários, em vista da falta de ingerência sobre as deliberações e sobre a administração.

Esse estado de coisas, somado à ampla proteção das minorias, diminuiria o interesse pelo controle, para sugerir que mais vale, considerados todos os riscos, ser minoritário do que controlador. Melhor ainda seria cumular a condição de controlador (com todos os seus poderes) e de minoritário (valendo-se de proteção legal, sem se submeter aos deveres do controlador). Essa situação paradoxal pode ser produzida pela conjunção, cada dia mais frequente, de fatores como dispersão acionária, absenteísmo nas assembleias gerais e técnicas de estabilização do controle minoritário.


A crescente dispersão acionária trouxe para a companhia uma grande quantidade de pequenos acionistas, ávidos por dividendos e atentos ao preço das ações, mas profundamente desinteressados das assembleias. O legislador brasileiro, aliás, anteviu essa consequência; permite, nos casos em que a dispersão dá causa ao absenteísmo, uma redução justificada do quórum legal mínimo à aprovação das importantíssimas matérias do art. 137, I a X3.

Diante desse quadro, apenas a coordenação improvável entre os muitos pequenos acionistas ou uma possível tomada de controle por escalada impediria a afirmação do controle minoritário. Essa tomada de controle pode ser contida, todavia, por meio de técnicas de estabilização do controle. A mais notória é a poison pill brasileira. A ideia é simples e eficiente: impor àquele que adquirir determinada quantidade de ações de uma companhia o dever estatutário de realizar uma oferta pública de aquisição das demais ações, por um preço dissuasório, muito superior ao de mercado. Se o gatilho da OPA for baixo (e em alguns casos não passa dos 15%), e se houver um alto índice de absenteísmo na assembleia, é perfeitamente factível deter o poder de controle com uma quantidade minoritária de ações votantes. Fica ainda mais fácil quando autorizada uma redução do quorum legal mínimo.

Tudo isso é ainda muito novo para nós. O controle minoritário não foi efetivamente tocado pelo direito, senão na famosa decisão do colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no caso TIM4. Os votos dos diretores permitem entrever um claro reconhecimento do controle minoritário, mesmo que detalhes técnicos, mais ou menos questionáveis, tenham afastado a aplicação do 254-A e o dever de realizar a chamada “OPA de tag along” naquele caso. É certo, contudo, que as repercussões da disciplina jurídica do controle minoritário desbordam o problema do tratamento do controle, para dificultar também a caracterização, a distinção e o regramento das minorias.


Fonte: Aqui

20 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Para começar a tecer o espírito para 2013!


Fonte: Contratempos Modernos

Como escolher o proceder metodológico para dados numéricos?

Quando fazemos um trabalho acadêmico podemos analisar informações numéricas. Um questionamento normal nesta fase é: qual técnica eu devo usar?

A resposta irá depender inicialmente da finalidade do seu trabalho. Um trabalho realizado para uma disciplina de graduação provavelmente irá exigir técnicas mais simples de análise do que um trabalho de final de curso. No primeiro caso, muitas vezes a estatística descritiva pode ser suficiente para atingir o objetivo de obter uma boa nota. Para um trabalho de conclusão, talvez o cálculo da estatística descritiva seja simplório demais. Saber a expectativa do avaliador é importante neste momento. Mais do que isto, o grau de importância que o avaliador atribui a isto ou ao seu grau de conhecimento. A experiência tem mostrado que avaliadores que conhecem muito sobre tratamento de dados criam expectativas mais elevadas para que o aluno também possa usar melhores técnicas.

A questão da área acadêmica também tem um papel relevante. Algumas áreas do conhecimento o uso do tratamento de dados não está tão disseminado quanto em outras. É mais comum você encontrar trabalhos com uso intenso de estatístico em economia do que em direito. Mas não se iluda: é cada vez mais comum encontrar trabalhos com uso de números em qualquer área.

Para saber o que você deve usar para fazer o tratamento dos dados tenho quatro dicas. A primeira: observe os trabalhos que você utilizou no referencial teórico e siga um caminho próximo. Isto talvez não seja muito criativo, mas pode evitar surpresas desagradáveis. Além disto, você terá o argumento de autoridade para suportar a escolha: “usei o teste de média, o mesmo usado pelo estudo clássico da área”.

A segunda, em alguns programas estatísticos existe uma função de “técnico”. Através de perguntas básicas, o pacote direciona você para o tratamento mais adequado. É o caso, por exemplo, de versões do SPSS, um conhecido pacote estatístico. Alguns livros de estatística também fornecem esta visão geral, indicando algumas das técnicas. Um exemplo é o livro de Análise Multivariada, de Hair.

A terceira sugestão é ler bastante sobre técnicas quantitativas, livros da área ou livros de divulgação científica. A leitura fornecerá base suficiente para entender o que fazer diante de um problema de tratamento de dados. Para aqueles que não gostam de ler, assista Numb3rs. Esta série de policial mostra como um matemático usa diferentes técnicas para resolver problemas reais.

Se isto tudo não ajudar, procure auxílio de um especialista. Alguns deles poderão responder rapidamente o que você deve fazer diante dos números que possui. Em algumas universidades existem empresas de consultoria “júnior”, com alunos de estatística.

Para escolher a técnica:
1. Observe a finalidade do trabalho
2. Verifique se o avaliador gosta de números
3. Saiba se a área do trabalho usa muito técnicas quantitativas
4. Verifique se os trabalhos que são fundamentais na área de pesquisa usam técnicas quantitativas
5. Use a função de técnico de alguns pacotes estatísticos ou os conselhos iniciais de algumas obras
6. Leia bastante sobre o assunto
7. Consulte um especialista

O Fim do Mundo

Diante das especulações sobre a possibilidade do mundo acabar no dia 21 de dezembro de 2012, uma agência do governo dos Estados Unidos, a US Geological Survey (USGS), divulgou um comunicado sobre o fato: Will the World End on December 21?

Logo de imediato reconhece a enorme capacidade do planeta em gerar desastres naturais, a qualquer dia de qualquer ano. Apesar disto, os cientistas estão procurando maneiras de prever os riscos naturais.

A ciência já consegue fazer previsões para terremotos. Mas isto ainda não é totalmente confiável e não existe possibilidade de melhor num futuro próximo. Já as erupções vulcânicas podem ser previstas com monitoração adequada, informa a USGS. Também é possível fazer previsões para deslizamentos de terra,  furacões e tempestades magnéticas. O texto da agência conclui dizendo: esteja preparado para qualquer dia.

Depardieu, tributação francesa e evasão de ricos

Gerard Depardieu, melhor ator francês da atualidade , mudou-se pra Néchin na Bélgica e  renunciou sua cidadania francesa em função do aumento da carga de tributos impostas para os mais ricos pelo governo socialista de François Hollande. Além disso, colocou sua casa, situada na Rue Cherche Midi no bairro de Saint Germain -des-Prés, um dos  mais nobres de Paris, à venda por 50 milhões de euros. Após o primeiro ministro do governo francês ter  chamado a atitude do ator de deplorável, Depardieu enviou carta em resposta ao Le Journal du Dimanche ,  explicando e justificando sua decisão. Veja. Os grifos são meus.



Minable, vous avez dit "minable"? Comme c’est minable.
Je suis né en 1948, j’ai commencé à travailler à l’âge de 14 ans comme imprimeur, comme manutentionnaire puis comme artiste dramatique. J’ai toujours payé mes taxes et impôts quel qu’en soit le taux sous tous les gouvernements en place.
À aucun moment, je n’ai failli à mes devoirs. Les films historiques auxquels j’ai participé témoignent de mon amour de la France et de son histoire.
Des personnages plus illustres que moi ont été expatriés ou ont quitté notre pays.
Je n’ai malheureusement plus rien à faire ici, mais je continuerai à aimer les Français et ce public avec lequel j’ai partagé tant d’émotions!Je pars parce que vous considérez que le succès, la création, le talent, en fait, la différence, doivent être sanctionnés.
Je ne demande pas à être approuvé, je pourrais au moins être respecté.
Tous ceux qui ont quitté la France n’ont pas été injuriés comme je le suis.
Je n’ai pas à justifier les raisons de mon choix, qui sont nombreuses et intimes.
Je pars, après avoir payé, en 2012, 85% d’impôt sur mes revenus. Mais je conserve l’esprit de cette France qui était belle et qui, j’espère, le restera.
Je vous rends mon passeport et ma Sécurité sociale, dont je ne me suis jamais servi. Nous n’avons plus la même patrie, je suis un vrai Européen, un citoyen du monde, comme mon père me l’a toujours inculqué.
Je trouve minable l’acharnement de la justice contre mon fils Guillaume jugé par des juges qui l’ont condamné tout gosse à trois ans de prison ferme pour 2 grammes d’héroïne, quand tant d’autres échappaient à la prison pour des faits autrement plus graves.
Je ne jette pas la pierre à tous ceux qui ont du cholestérol, de l’hypertension, du diabète ou trop d’alcool ou ceux qui s’endorment sur leur scooter : je suis un des leurs, comme vos chers médias aiment tant à le répéter.
Je n’ai jamais tué personne, je ne pense pas avoir démérité, j’ai payé 145 millions d’euros d’impôts en quarante-cinq ans, je fais travailler 80 personnes dans des entreprises qui ont été créées pour eux et qui sont gérées par eux.
Je ne suis ni à plaindre ni à vanter, mais je refuse le mot "minable".
Qui êtes-vous pour me juger ainsi, je vous le demande monsieur Ayrault, Premier ministre de monsieur Hollande, je vous le demande, qui êtes-vous? Malgré mes excès, mon appétit et mon amour de la vie, je suis un être libre, Monsieur, et je vais rester poli.
Gérard Depardieu

Data final: Congressos e Encontros

Provavelmente você, assim como eu, envia os trabalhos para congressos e eventos científicos no último dia. (Sim, há comprovações desse ser o comportamento da maioria).

Para os que são incentivados pelo fim do prazo, seguem abaixo as datas finais de submissão de trabalho para alguns congressos no próximo ano (por ordem cronológica):

ANPCONT (Congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis)
Prazo final de submissão de trabalhos: 15/02/2013

CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE
CONGRESSO USP DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM CONTABILIDADE
Prazo final de submissão de trabalhos: 28/02/2013

ENANPAD (Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração)
Prazo final de submissão de trabalhos: 28/04/2013

Para este ano há, ainda, o CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUSTOS. O prazo final foi adiado para o dia 31 de dezembro de 2012.