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05 novembro 2006

Ainda Bolívia

O artigo a seguir, de Norman Gall, coloca que o acordo de nacionalização foi uma vitória política do presidente Morales. Fica claro que é um jogo entre as duas partes, onde a Bolívia precisa do dinheiro para financiar os gastos estatais e a Petrobrás, principalmente, precisa do gás para suprir as empresas brasileiras. As palavras de Ricupero parecem sensatas. Além disto, é interessante notar o índice de aprovação política do presidente boliviano, em queda.

Gás da Bolívia: conflitos e contratos

Norman Gall

O acordo de nacionalização das companhias petrolíferas que operam na Bolívia proporciona uma vitória política muito necessitada ao presidente Evo Morales, cujo governo vem se enfraquecendo com disputas locais e ideológicas que têm testado sua credibilidade. Agora, o foco estará nos investimentos futuros necessários para reverter os esperados declínios na produção e em como atender à crescente demanda doméstica e de exportações.

O acordo de última hora sobre o gás, assinado sob pressão por 10 empresas estrangeiras para cumprir o prazo de 28 de outubro imposto pelos bolivianos, proporciona benefícios de curto prazo a ambas as partes, mas não conseguiu pôr fim às pretensões de ambos os lados. Tanto o governo boliviano como as companhias, especialmente a Petrobrás, precisam muito da continuidade das operações. A Bolívia precisa do dinheiro das exportações de gás para financiar seu governo, ao passo que a Petrobrás precisa do gás boliviano, por enquanto, para alimentar as indústrias no Brasil. Com um peso menor na produção boliviana de gás, a British Gas (BG) tem um papel importante na economia de São Paulo via sua subsidiária Comgás, que depende das importações de gás boliviano.

Referindo-se aos novos contratos, o embaixador Rubens Ricupero, especialista em comércio que preside o Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, advertiu que “acordos firmados sob pressão contêm sempre os germes de futuros conflitos”.

Versões diferentes surgiram rapidamente sobre o que foi acordado em duas questões-chave: investimentos futuros das companhias, e se estas conservam o direito, tal como dispõem os contratos anteriores, de apelar para uma arbitragem internacional em qualquer disputa com o governo ou com sua companhia petrolífera estatal, Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

Autoridades da YPFB admitem livremente que a Bolívia não dispõe de capacidade técnica e financeira suficiente para desenvolver e operar sua própria indústria de petróleo e gás. Depois das tentativas anteriores de nacionalização em 1937 e 1969, seguidas por acusações de excesso de pessoal e corrupção na YPFB, o papel da companhia estatal, encolhida nos últimos anos, tem se limitado a supervisionar as atividades de operadores estrangeiros. Os novos contratos do gás estão sujeitos à aprovação do Congresso boliviano e às decisões de uma nova Assembléia Constituinte convocada por um referendo organizado por Evo para “refundar” a república.

Agora, os planos de novos investimentos das companhias precisam ser aprovados pela YPFB. Nos cinco meses desde que decretou a nacionalização, em 1º de maio, os índices de aprovação do presidente Evo caíram de 81% para 50% em cinco cidades importantes, segundo a Mori, uma empresa internacional de pesquisas de opinião, e as expectativas são de que ela caia ainda mais nos próximos meses. Enquanto isso, os que acham que a Bolívia avança na direção errada aumentaram de 19% para 59%.

O acordo do gás com 10 companhias estrangeiras pode ajudar a reverter essas tendências. Entretanto, Evo está envolvido em conflitos em várias frentes. Ele disse ao jornal francês Le Monde que “20 especialistas, veteranos militares”, vieram de Santa Cruz para matá-lo num comício político. Alguns dias antes, em meio a rumores de um golpe de Estado, o presidente Hugo Chávez da Venezuela advertiu que “a Venezuela não ficará de braços cruzados se o governo da Bolívia e o povo da Bolívia forem atacados de fora ou de dentro”.

As convulsões da política boliviana produziram seis presidentes desde 2001. A Bolívia vem enfrentando uma agitação quase contínua desde que a violência da rua forçou a renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada em outubro de 2003, em meio a furiosos protestos nacionalistas contra seus planos de exportar gás pelo Porto de Arica, no Chile, um vizinho odiado desde que a Bolívia perdeu suas terras costeiras para o país na Guerra do Pacífico (1879-1984). Em Arica, os suprimentos bolivianos seriam transformados em gás natural liquefeito (GNL) e embarcados em navios especiais para ser entregue em portos do México e da Califórnia. Agora, esses mercados estão sendo abastecidos por GNL indonésio.

A queda de Sánchez de Lozada encerrou duas décadas de estabilidade para a Bolívia. Entre 1978 e 1982, sete presidentes governaram o país. Contudo, junto com o resto da América Latina, a Bolívia alcançou o governo por consentimento dos governados nos anos 80, uma herança preciosa da civilização ocidental, em contraste com os regimes militares que prevaleceram na maior parte da região nas décadas de 60 e 70. A Bolívia experimentou duas décadas de democracia constitucional desde 1982, que presenciaram seis sucessões ordeiras de presidentes livremente eleitos. Ela superou a hiperinflação, conquistando a estabilidade da sua moeda e dos preços. Nas duas últimas décadas, a mortalidade infantil caiu pela metade, a matrícula escolar cresceu de maneira acelerada e as redes de transportes, comunicações, eletricidade e saneamento básico se expandiram, melhorando o padrão de vida num país muito pobre.

Apesar das agitações políticas e mudanças de governo, o desempenho macroeconômico da Bolívia melhorou, influenciado, em grande parte, por um aumento de sete vezes nos volumes de gás exportados desde 2000. A inflação está baixa (3%), apesar dos percalços causados pelos freqüentes conflitos e bloqueios de estradas. A moeda está estável. Sem os impostos e royalties do petróleo e do gás, o déficit do setor público estaria em torno de 10% do PIB durante esses anos em vez de em 3,5% em 2005. Economistas do Banco Mundial prevêem um superávit fiscal de 6% em 2006.

No entanto, o governo de Evo tem sido acusado tanto por torcedores como por adversários de usar uma retórica incendiária enquanto parece incapaz de tomar medidas efetivas. Seu veículo eleitoral, o Movimento ao Socialismo (MAS), é menos um partido estruturado que uma coalizão desses grupos de interesses que já estão clamando por vantagens políticas:

1. Os plantadores de coca (cocaleiros) da região semitropical do Chapare que constituíram a base de sustentação política de Evo desde o início da década de 1990.

2. A Federación de Juntas Vecinales (Fejuve) de El Alto, o gigantesco subúrbio aimará de La Paz, cuja população passou de 11.000, em 1950, para aproximadamente 800.000 hoje, desenvolvendo uma máquina política na qual predominam os pobres cujas greves, marchas e bloqueios de estradas desempenharam um papel-chave para forçar as renúncias dos presidentes Sánchez de Lozada em 2003 e Carlos Mesa em 2005.

3. As cooperativas de mineiros que forneceram tropas de choque em sublevações políticas recentes e no mês passado provocaram choques com os empregados assalariados da Coimibol, a companhia mineradora estatal, sobre o acesso a ricos veios de estanho da mina Huanuni, resultando na morte de 16 trabalhadores e 67 feridos. Em resposta, Evo anunciou que renacionalizaria toda a indústria da mineração, medida que ele posteriormente adiou para o ano que vem.

4. Diversos sindicatos de camponeses e de professores.
Atualmente, o principal teatro dos conflitos é a Assembléia Constituinte, criada por um estatuto que requer maiorias de dois terços para promulgar provisões constitucionais. O MAS conquistou maioria simples na Assembléia, mas não conta com os dois terços necessários para impor sua vontade, paralisando os procedimentos nos últimos três meses. O MAS insiste em que a maioria simples é suficiente para aprovar provisões individuais e afirma que a Assembléia tem poderes transcendentes sobre todas as outras instituições governamentais.

Essas pretensões são contestadas por quatro Departamentos (Estados) das planícies - Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando - onde está concentrada a maioria dos recursos naturais da Bolívia, incluindo petróleo e gás, que buscam uma “autonomia” regional para reduzir os poderes do governo central. Na última semana, o governo anunciou que proporia à Assembléia uma reorganização do território da Bolívia em 42 “regiões” de uma maneira que reduziria os poderes das administrações departamentais.

As táticas agressivas de Evo contra o Brasil, apesar da resposta conciliatória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostram a vocação da coalizão do MAS mais para atacar que para construir relações e instituições estáveis. Antes de Lula e a Petrobrás começarem a receber um tratamento rude pelos bolivianos depois do decreto da nacionalização em 1º de maio, Marco Aurélio Garcia, principal assessor de Lula sobre política latino-americana, dizia a visitantes que Evo e o MAS eram a grande esperança de estabilidade na Bolívia.

As ameaças continuaram sobre o confisco forçado das refinarias adquiridas pela Petrobrás em 2000. “Se eu fosse o Brasil, daria as duas refinarias de presente (para a Bolívia) se estamos pensando em nos ajudar a reduzir as desigualdades sociais”, disse Evo numa coletiva à imprensa dois dias depois do anúncio do acordo. “Se alguma companhia não firmasse o contrato, as Forças Armadas estavam preparadas para exercer os (nossos) direitos de propriedade.” O Exército boliviano ocupou por um breve período as instalações da Petrobrás no campo de gás de San Alberto quando Evo decretou a nacionalização.

Nesse clima de incertezas, o novo acordo do gás oferece, a curto prazo, um aumento da receita do governo do MAS, mas deixa sem respostas questões importantes a serem acertadas para assegurar o abastecimento de gás da Bolívia e de seus vizinhos além dos próximos cinco anos. Fontes do setor insistem que os novos contratos não comprometem as companhias com investimentos futuros, concentrando-se no aumento da arrecadação fiscal para a Bolívia com base em volumes produzidos de petróleo e gás, taxas de recuperação de diferentes campos e compensação para as companhias por custos correntes e investimentos prévios. Todos os recursos obtidos com as vendas de gás são depositados numa conta fiduciária gerenciada pela YPFB, que assina os cheques de desembolso para as companhias.

O ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse que o novo acordo triplicará a receita de gás do governo, para U$ 1,1 bilhão, enquanto as companhias investiriam U$ 3,5 bilhões nos próximos três anos para aumentar a produção. Ele antecipou investimentos de U$ 900 milhões pela Repsol, BG e British Petroleum no campo de Margarita, e outros U$ 586 milhões por Total, Exxon-Mobil e BG no campo de Itaú, ambos no departamento meridional de Tarija.

Os investimentos em exploração e produção caíram drasticamente nos últimos anos, de aproximadamente U$ 600 milhões anualmente em 1998-1999 para U$ 200 milhões em 2005. Antes de assinar os novos contratos, a Petrobrás reduziu seus investimentos planejados na Bolívia para 2006-2010 de U$ 2 bilhões para apenas U$ 90 milhões. Das 38 plataformas de perfuração em operação em 2004, restam somente 3. As companhias só estão investindo o suficiente para manter a produção corrente e cumprir as obrigações contratuais.

Depois de uma revisão para baixo das reservas, a Bolívia logo poderá não estar produzindo gás suficiente para atender nem a demanda doméstica, nem os compromissos de exportação. Qualquer aumento da capacidade de produção e exportação da Bolívia demandará grandes investimentos em infra-estrutura, especialmente em poços e oleodutos, envolvendo períodos prolongados de planejamento e construção antes de sua entrada em operação.

“Há pouca ou nenhuma consciência pública na Bolívia sobre o desafio pendente da capacidade de entregar gás natural”, disse Carlos Alberto López, um veterano consultor. “O governo continuou insuflando as expectativas públicas de aumentar a produção de gás, anunciando quase semanalmente novas iniciativas de industrialização, novos projetos de exportação e assinando cartas de intenção com novos investidores e compradores. Todos esses pronunciamentos giram em torno da ilusão geral de que o país possui reservas quase inesgotáveis de gás.”

Os compromissos da Bolívia se expandiram rapidamente com um contrato assinado recentemente pelos presidentes Evo e Néstor Kirchner da Argentina que elevaria as exportações de gás da Bolívia para a Argentina, que precisa desesperadamente de novos suprimentos de gás, de 4,5 milhões de metros cúbicos (mm³) diários hoje para 27,7mm³ até 2010 a um preço de U$ 5 por milhão unidades térmicas britânicas (BTUs), cerca de 20% mais do que o Brasil está pagando hoje. Atualmente, a demanda por gás boliviano é cerca de 1,5mm³ superior a sua capacidade de produção e entrega de 37,5mm³, um déficit que experts independentes acreditam que aumentará para 8,2mm³ até 2010, mesmo sem a nova demanda acrescentada pelo recente acordo com a Argentina, já que sua participação de 30% do novo preço na boca de poço de U$ 4,75 seria quase o dobro do que receberam em 2002 de 68% do preço de boca de poço de U$ 1,17 nas exportações para o Brasil.

Pelos novos contratos e legislação, a YPFB controlará a comercialização de todo o gás boliviano, permitindo-lhe jogar Brasil e Argentina um contra o outro. Os 27,7mm³ prometidos à Argentina até 2010 são aproximadamente equivalentes ao que o Brasil importa hoje da Bolívia. “A competição entre Argentina e Brasil pelos escassos recursos bolivianos no médio e curto prazo poderia colocar a Bolívia numa posição mais forte para pedir novos reajustes de preços, na medida em que ela será incapaz de atender plenamente aos volumes dos dois contratos de exportação pelo menos até 2010”, segundo um novo relatório da Cambridge Energy Research Associates (Cera).

“Esse período infelizmente coincide com um situação de aperto nos mercados energéticos de Chile, Brasil e Argentina que já está compelindo esses governos a recorrerem a combustíveis mais caros, importações de GNL e medidas de administração de demanda.”

Respondendo a essas incertezas, o Brasil está planejando dois terminais de GNL para importar 20mm³ diários até 2008-2009 e está acelerando o desenvolvimento de grandes descobertas de petróleo e gás na Bacia de Santos. A Argentina importou gás boliviano e depois reexportou boa parte dele ao Chile até que os problemas de abastecimento da Argentina, agravados por preços domésticos artificialmente baixos e uma demanda em forte expansão, forçaram uma redução das exportações para o Chile. Agora, o Chile está construindo uma usina de regasificação de U$ 400 milhões para importar GNL, e manifestou interesse em comprar gás boliviano. Mas o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, disse que “primeiro precisamos resolver o problema marítimo”. Ultimamente tem ocorrido discussões discretas entre líderes bolivianos e chilenos sobre a hipótese do Chile ceder uma faixa da sua costa ao longo da fronteira com o Peru para atender à antiga reivindicação boliviana de uma saída soberana para o Pacífico.

Evo e o MAS estão na encruzilhada entre confronto e cooperação. Seus apoiadores mais radicais resistirão à cooperação, a menos que Evo consiga mostrar claramente as vantagens de desenvolver uma relação operacional viável com companhias e governos estrangeiros. Do contrário, os problemas da Bolívia se multiplicarão.

(1) Fundación Milenio, Boletín Mensual. La Paz, agosto-setembro 2006/p.8

(2) Fundación Milenio, Informe de Milenio sobre la Economia en el Primer Semestre de 2006, La Paz, setembro 2006/ p. 80.

(3) Dados do Banco Central da Bolívia, Sexta Revisão do Acordo de Standby do FMI (novembro de 2005), e Juana Patrícia Jiménez, Trayectoria Macroeconomica. La Paz: Fundación Milenio, maio 2006.

(4) “El Gobierno planea crear 42 regiones y otro nivel de poder”, La Nación. La Paz, 2 de novembro de 2006.

(5) “Bolívia recibirá U$ mil millones”, La Republica. Lima: 2 de novembro de 2006.

*Norman Gall é diretor-executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Ele passou três semanas na Bolívia, onde faz pesquisas desde 1965.

Econometria

Nunca é demais citar novamente os dois papers de Kennedy sobre econometria (em PDF e inglês):

Sinning in the Basement: What are the Rules? Ten Commandments of Applied Econometrics

Oh no! I got the wrong sign! What should I do?.

Mudança de Clima

Para quem se interessa sobre contabilidade ambiental, Stern Review Report está disponível para download ou para compra.

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Hipótese dos Mercados Adaptáveis

Este é um dos temas que provavelmente ainda vamos ler muito no futuro. Desde que foi criada a Teoria de Carteiras (CAPM, em particular), esta teoria vem recebendo inúmeras críticas. Na década de 1970 apareceu as Finanças Comportamentais como uma tentativa de explicar certas anomalias no comportamento humano. Uma possível vertente deste estudo tem sido realizado pela neuroeconomia, que estuda como o ser humano toma suas decisões.

Recentemente apareceu uma nova linha de estudos, promovida por Andrew Lo, da Hipótese dos Mercados Adaptáveis. A reportagem a seguir, publicada no Valor Econômico de 19/9, faz um breve resumo do que seria isto:

Viver e aprender

Por Danilo Fariello
Quando dois aviões atingiram o World Trade Center, em um dos maiores atentados terroristas da história, os mercados mundiais desabaram. Seus efeitos duraram vários dias e alguns analistas acharam que nada voltaria ao que era antes pelo receio de novos ataques. Cinco anos e vários atentados depois - incluindo um em Madri e outro em Londres -, os agentes do mercado já não reagem com a mesma apreensão aos riscos do terrorismo. Esse comportamento ratifica uma nova teoria que estuda a ação dos investidores no ambiente econômico e que pode ajudar na montagem de estratégias de investimento tendo em vista mudanças globais, permitindo até tirar proveito delas.

As teorias que pregam que decisões econômicas não são pautadas apenas por motivos racionais já são bastante respeitadas entre agentes do mercado financeiro. Prova disso é seu desenvolvimento e questionamento, que resultaram na criação da nova Hipótese dos Mercados Adaptáveis (HMA), consolidada em artigo recente de Andrew Lo, economista do MIT Sloan School of Management. Sua tese é um meio do caminho entre aqueles que acham que o mercado é puramente racional - adeptos da Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) - e os que acham que ele seria totalmente irracional, dadas as características psicológicas inatas de cada agente. A nova tese, segundo Lo, permitiria entender melhor fenômenos cíclicos da economia, como bolhas, e melhorar a administração de investimentos.

A HMA prevê, em resumo, que o mercado financeiro tende à racionalidade até que surjam alterações de conceitos básicos que tornem as previsões irracionais. Os agentes econômicos passariam por processos de adaptação a novas realidades. Exemplos recentes são a bolha da internet e reviravoltas do mercado com os atentados.

A tese clássica prevê que os agentes do mercado sempre agem racionalmente ao aplicar recursos, buscando a melhor relação entre retorno e risco. Já a psicologia comportamental diz o contrário, ou seja, que os agentes sempre agem movidos por emoções pessoais, como egoísmo, competição, medo e euforia. A HMA prevê ciclos, que, quando alterados, elevam a motivação irracional dos agentes do mercado, explica Ilan Ryfer, sócio responsável por estratégias de investimento da corretora Hedging-Griffo. Conforme a situação se acomoda ou torna-se mais corriqueira, os agentes vão retomando a racionalidade. Até que ocorra uma nova ruptura, como nos atentados.

Avanços tecnológicos, como a bolha das empresas pontocom no início da década, seriam o motivo mais comum de mudanças de ciclos econômicos que aumentam a irracionalidade do mercado. "No começo da onda de internet, as empresas do setor eram avaliadas muito acima de seu valor patrimonial e, atualmente, muitas não valem tanto ou desapareceram", diz o economista Ryfer. No entanto, ele avalia que a identificação de um novo período irracional, como o da atual bolha dos imóveis americanos, é difícil de ser comprovado ao longo do processo.

Segundo a tese dos mercados adaptáveis, pequenos ciclos em mercados e setores específicos ocorrem sistematicamente, oferecendo brechas para a busca de lucros mais altos com possíveis distorções irracionais o tempo todo. Mas a tese pura da psicologia comportamental prevê que não necessariamente um mercado com valores distorcidos por questões irracionais migrará para a racionalidade, lembra Vera Rita Ferreira, psicóloga econômica e representante nacional da Associação para Pesquisa em Psicologia Econômica (Iarep, na sigla em inglês). Exemplos são a bolha da internet, que demorou anos para estourar ou a bolha imobiliária nos EUA atualmente, já sinalizada há anos.

A HMA tem raiz na psicologia evolucionista, que prevê o aprendizado das pessoas, num paralelo com a teoria de Charles Darwin, explica Roberta Muramatsu, pesquisadora de finanças comportamentais e professora de economia do Ibmec-SP e do Mackenzie. Por essa teoria, certas pessoas teriam traços que os auxiliariam a identificar melhor os movimentos do mercado. "Esse é um dos motivos porque alguns gestores e investidores prosperam e outros não."

Copiar estratégias desses vencedores ajuda, mas é preciso compreender também que o ambiente econômico está em constante mutação e a mesma estratégia poderia não funcionar numa segunda vez, diz a economista. "Não dá para termos a pretensão de nos adaptarmos na mesma velocidade do ambiente", afirma Roberta, acrescentando porém que "também não somos fadados à irracionalidade".

A tese dos mercados adaptáveis traz aos estudos das finanças comportamentais o entendimento de que não são apenas as pessoas que interferem na economia, mas que o próprio ambiente é fator que influencia o comportamento financeiro, diz Roberta. "Hoje, temos de responder muito rápido a decisões econômicas, portanto podemos agir mais irracionalmente frente a uma novidade" explica. "Mas acredito na otimização e maximização das decisões com o tempo."

A tese evolucionista já é antiga nos debates sobre psicologia, embora controversa, mas sua incorporação reforça a aceitação de temas relativos à mente no universo dos economistas, diz Vera Rita. A tendência é que a discussão se amplie para além da psicologia econômica tradicional. Na semana passada, o psicólogo Waldemar Magaldi Filho lançou o livro "Dinheiro, saúde e sagrado", sobre o valor cultural, consciente e inconsciente, do dinheiro na vida das pessoas, tendo base nas teorias de Carl Gustav Jung, dissidente das teses de Sigmund Freud.

Balanço Social

Uma reportagem do mês passado afirma que a publicação de relatórios com ações sociais é pequeno no País. Isto pode significar espaço para crescimento nesta área:

Balanço social ainda pode crescer

Estudo mostra que apenas 29% das empresas publicam relatórios de ações sociais

Andrea Vialli

A publicação de balanços sociais - documentos nos quais as empresas prestam contas de sua atuação social e ambiental - ainda está longe de fazer parte da realidade das companhias brasileiras. 'Houve um 'boom' na publicação desses balanços entre 1999 e 2003. Hoje há poucos avanços', diz Claudia Mansur, coordenadora de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

Segundo Cláudia, a exceção fica para as micro e pequenas empresas, que se mostram a cada dia mais atentas à responsabilidade social, até por exigência de seus clientes. 'É nas pequenas empresas que a publicação dos balanços tende a crescer, puxada pelas cobranças das grandes empresas que compram seus produtos', explica. O Ibase, ONG criada pelo sociólogo Herbert de Souza, foi a primeira instituição a apresentar, ainda na década de 1990, um modelo de balanço social para os grupos brasileiros.

A mais recente pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, ligado à Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, divulgada na semana passada, dá uma mostra da pouca penetração dos balanços sociais entre as empresas brasileiras. Entre os 3.110 grupos de todo o País ouvidos pela pesquisa - todos retirados do cadastro da ADVB -, apenas 29% publicam balanços sociais.

O estudo mostra, por outro lado, que o investimento empresarial em projetos sociais está crescendo: o gasto das empresas com esses projetos aumentou 28% no ano passado em relação ao ano anterior. Mas a publicação dos balanços só cresceu um ponto percentual: em 2004, 28% das empresas apresentaram o documento.

Segundo Livio Giosa, diretor do Instituto ADVB, as empresas mais dependentes do mercado internacional - basicamente, as exportadoras - têm uma preocupação maior de publicar o documento, já que pode se tornar um verdadeiro cartão de visitas em alguns mercados. Na Europa, por exemplo, pode se tornar um importante diferencial na hora de fechar negócios. 'As empresas de capital aberto também têm mostrado mais preocupação com a publicação do balanço social', diz Giosa. 'No mundo inteiro, os investidores estão mais atentos a esse tipo de informação.'

No Brasil, um dos termômetros para se avaliar a preocupação das empresas em publicar esses documentos é o prêmio anual Balanço Social, que avalia os melhores relatórios. Este ano, foram premiadas empresas como Samarco Mineração, Usiminas e Banco Itaú.

Mas o número de inscritos caiu sensivelmente este ano: foram 69, ante 166 no ano passado e 167 em 2004. De acordo com Cláudia, do Ibase, uma das entidades que promovem o prêmio, a redução ocorreu porque o regulamento da premiação se tornou mais rigoroso e também por causa da estagnação no número de empresas que publicam esses balanços.

MODELO INTERNACIONAL

Fora do Brasil, a Global Reporting Initiative (GRI), entidade que fornece um modelo internacional para publicação de balanços sociais, fez algumas mudanças nas regras. Agora, as empresas preenchem uma planilha que fica disponível para consulta no site da entidade - uma reivindicação feita pelo mercado financeiro, em busca de maior transparência. 'As empresas tendem a ficar mais expostas, o que facilita a análise dos bancos e investidores', explica Christopher Wells, superintendente de risco socioambiental do ABN Amro Real.

O modelo da GRI é considerado complexo, e são poucas as companhias no Brasil que adotam o padrão: 19, incluindo empresas de capital nacional, como Petrobrás e Natura, e multinacionais com operação no País, como a Philips. No mundo todo, são 895 empresas.


Fonte: Estado de S. Paulo, 09/10/2006

Enquanto isto, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE), que contempla as empresas com responsabilidade social, tem apresentado desempenho superior a própria Bovespa, conforme reportagem a seguir do Jornal do Commercio, de 26/10/2006. Temas para pesquisa!

Responsabilidade social, às vezes, rima com lucro

Fundo do Itaú, um dos seis com foco em ética empresarial, supera o Ibovespa


JULIANA ENNES
DO JORNAL DO COMMERCIO

O mercado financeiro, dito frio e impessoal, foca-se cada vez mais em preocupações sócio-ambientais. Apesar de o mercado no Brasil ainda ser muito pequeno, a perspectiva é de crescimento contínuo na área de investimentos socialmente responsáveis. A rentabilidade do Fundo Itaú Excelência Social, no acumulado do ano, foi superior tanto ao IBrX-50 - índice utilizado como parâmetro - quanto ao Ibovespa, principal benchmark do mercado de Bolsa no Brasil. No período, de acordo com dados do Itaú, a valorização do FIES foi de 19,22%, enquanto o IBrX-50 obteve ganhos de 15,72%, até o último dia 19, e o Ibovespa subiu 16,31%.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa ainda não é utilizado como parâmetro para a maioria dos fundos que visam empresas com responsabilidade social. O índice, criado há menos de um ano, começou a valer somente no dia 1º de dezembro de 2005, com parâmetros semelhantes ao Dow Jones - mais importante indicador da performance financeira das empresas líderes mundiais em sustentabilidade, lançado em 1999 . Para o mercado, o índice brasileiro ainda precisa ser ajustado. A rentabilidade foi bastante superior aos demais índices, com ganhos de 24,24% no ano, o que foi considerado pontual.

- O ISE precisa de avanços. Já foi um bom começo a sua criação, mas é preciso ajustar não somente a composição da carteira, como o peso das empresas. Cerca de 60% do índice são compostos por ações de bancos, por exemplo. O Brasil ainda está engatinhando em termos de investimentos socialmente responsáveis - disse o superintendente de operações de Renda Variável do Itaú, Walter Mendes. Com a dificuldade de utilização do ISE como referência, os bancos criaram critérios próprios de seleção das empresas em que aplicar recursos. Leva-se em conta a governança corporativa, práticas sociais e gestão ambiental. Há também critérios de eliminação. Não se aplica em empresas ligadas a vício, como álcool, fumo e jogos; além de excluir também indústrias bélica e de energia nuclear.


Preocupação reflete onda vinda do mercado externo

O crescimento da preocupação com a responsabilidade social no Brasil vem de experiência vivida no exterior. Nos últimos 10 anos, o volume em investimentos socialmente responsáveis teve forte elevação. Dos US$ 24,4 trilhões de administrados nos EUA, até o final de 2005, 9,4% são investimentos socialmente responsáveis, de acordo com a Nelson Information"s Directory of Investiment Managers, citada pelo Itaú. Nos mercados emergentes, este montante ainda é muito inferior. Também em 2005, este tipo de investimento somava US$ 2,7 bilhões. Os dados no Brasil são mais atualizados, sendo difícil a comparação, já que a tendência é de constante crescimento do segmento. De qualquer forma, para ilustrar como o País ainda está começando a enxergar essa importância, apenas 1,4% da indústria brasileira de fundos foca empresas socialmente responsáveis, somando R$ 390 milhões, dos atuais R$ 28,5 bilhões. No Brasil, aplicações socialmente responsáveis ainda são sinônimo de investimentos em ações. Isso faz com que, apesar da rentabilidade positiva obtida até então, seja considerado produto de risco. Já entre fundos de ações, o investimento, no longo prazo, é considerado de médio risco. Portanto, por mais que o acesso esteja cada vez mais fácil, não é qualquer investidor que está disposto a colocar dinheiro em aplicações socialmente responsáveis.


Fundos éticos somam seis no Brasil

Atualmente, há seis fundos no Brasil voltados exclusivamente para empresas socialmente responsáveis. O pioneiro foi o ABN Amro, que lançou o fundo Ethical em 2001. Sua participação atual no segmento é de 28%, e a rentabilidade de 17,53% este ano. Em 2004, o Itaú lançou o FIES e já tem 57% do patrimônio líquido. As outras instituições, com lançamentos mais recentes, ainda em 2006, e por isso, com participação menor no mercado, são Bradesco (5%), Banco do Brasil, HSBC (6%) e Safra (4%). Não por acaso, os bancos que lideram o ranking de ativos no país.

Palavras

Interessante uma declaração do presidente da Petrobrás a Folha de São Paulo no dia 1o. de novembro:

"A Petrobrás não está perdendo dinheiro nas atividades de exploração e produção de gás na Bolívia".

Considerando que os recursos aplicados anteriormente representam custo perdido, a afirmação pode estar correta. Entretanto, o próprio relatório anual de 2005 alertava para os riscos da Bolívia.

A reportagem também comenta que o presidente da Petrobrás afirmou ser boa a rentabilidade da empresa, algo em torno de 15% ao longo de 30 anos de vigência do acordo. Uma afirmativa desta deveria ser comparada com o custo de oportunidade de investimento de igual risco e condições. Talvez 15% seja pouco diante do risco envolvido na operação.

04 novembro 2006

Pequeno teste

A questão da amortização do ágio no Itaú. Teste seus conhecimentos. Clique aqui

Links

Links

Uma entrevista de Eugene Fama para Financial Engineering News, onde conversa sobre "efficient markets hypothesis" ou hipóteses do mercado eficiente. Fama é um dos autores mais citados na área de finanças, tendo publicado cerca de cem artigos. - Clique aqui

Notícias censuradas, incluindo a presença de tropas norte-americanas no Paraguai - Clique aqui

A história do FBI nasceu com a contratação de contadores - clique aqui

O que faz um país rico? Recursos humanos - clique aqui

03 novembro 2006

Condenado por Fraude

Segundo informa a imprensa, Sanjay Kumar, ex-diretor-executivo da companhia Computer Associates (CA) recebeu a condenação de doze anos de prisão. Motivo: envolvimento em uma fraude contábil, com valor estipulado de mais de US$ 2 bilhões. As irregularidades ocorreram entre 1999 e 2000.

Fatos da Semana

Fatos da Semana:

1. Lucro das companhias aéreas

2. Prejuízo do setor de turismo

3. Setor financeiro bate recorde de valor de mercado

4. A espera pela assembléia da Telemar

5. Pressão para mudar a política econômica

6. Orçamento público brasileiro é eleito um dos mais abertos do mundo

Efeito dos controladores de Vôo

O problema dos aeroportos, com a greve dos controladores de vôo e seus efeitos para as empresas.

De um lado, o prejuízo na ocupação dos hotéis (Clique aqui). O setor de turismo tem perdas em razão dos cancelamentos. Provavelmente a perdas serão também de médio prazo, com a redução do número de pessoas que neste momento estão fechando pacotes nas agências de viagem.

De outro lado, as companhias aéreas estão alegando prejuízo, com aviões parados no chão ou com o maior consumo de combustível para o caso de aviões que têm dificuldades de obter autorização para pouso. Entretanto, a TAM anunciou lucro recorde, de R$421 milhões.

Ainda Petrobrás e Bolívia

Reportagem de hoje do Valor Econômico comenta a negociação da Petrobrás:

Fonte: Negociação do gás recomeça e Bolívia quer reajuste de 25%, de Cláudia Schüffner:

Nota-se o seguinte:

1) A mudança do local da reunião, que foi transferida do Rio para La Paz. Isto pode ser um sinal de quem está mandando na pauta de negociação;

2) A Bolívia que um aumento no preço de 25%. Isto representa um despesa adicional para Petrobrás de $250 milhões, que será, obviamente, transferida para o consumidor. Lembre-se: o consumidor é principalmente do Estado de São Paulo, que pode coincidência, votou na oposição. Ou seja, o problema político do aumento do preço pode ser repartido com a oposição.

3) A direção afirma que não aceita o aumento.

4) Um relatório do banco Credit Suisse, citado na reportagem, "calcula que o novo preço do gás é de US$ 3,37 por milhão de BTU na "cabeça do poço" na Bolívia, depois dos impostos, e sem incluir os custos de transporte pelo gasoduto da GTB, e no Brasil pela TBG, que opera o Gasbol. Com o transporte, o gás chega a São Paulo por US$ 5,20 e a esse preço são acrescidas as tarifas das distribuidoras locais." . Não seria custo?

5) O preço do gás boliviano em São Paulo não estaria distante do preço do mercado no mercado norte-americano. Entretanto, acredito que análise deve ser feita em termos do custo de oportunidade, comparando com alternativas disponíveis.

6) O relatório do Credit Suisse conclui que nas condições atuais as empresas podem recuperar custos de US$ 316 milhões por ano e ter uma margem de lucro de US$ 104 milhões/ano, o que é um boa margem. Deste total, 35% são da Petrobras

7) Nestas condições, o governo da Bolívia recebe US$ 600 milhões por ano pelos dois maiores campos do país.

8) Estes valores estão próximos as condições ocorridas nos últimos anos. Mas se o preço do petróleo cair para US$ 30 o barril Brent. Ou seja, é uma aposta.

Fraudes na Internet

Um dos grandes problemas com os anúncios na internet é a aparente facilidade de medir o retorno. Entretanto, os anunciantes estão exigindo que as empresas online contratem auditores para verificar a contagem dos anúncios e visitantes.

Como se sabe, a publicidade na internet é baseada em cliques. Quando um usuário entre no endereço e clica o anúncio tem-se a geração de receita para as empresas online. A questão é que as medidas dos endereços não são confiáveis: um mesmo usuário, que utiliza dois computadores diferentes, é contado em duplicidade.

Leia a reportagem a seguir do New York Times, publicado no Estadão de 3/11/2006, p. B7:

Anunciantes querem garantias na internet

Grandes empresas começam a exigir uma contagem mais rigorosa dos acessos a seus anúncios nos sites

Louise Story

Empresas de internet têm tido um grande sucesso em vender espaço publicitários, em parte porque, supostamente, a eficácia desses anúncios é medida com facilidade. Mas os especialistas em marketing, mesmo continuando a deslocar mais dinheiro para a publicidade online, começam a exigir melhores comprovações de resultados.

Um grupo de grandes empresas, entre elas a Kimberly-Clark, a Colgate-Palmolive e a Ford, disse que, em meados de 2007, exigirá que os agentes de publicidade online contratem auditores para verificar as contagens de seus anúncios e do número de visitantes. E analistas dizem acreditar que o aumento dos anúncios online a longo prazo dependerá da avidez de grandes anunciantes como esses.

Em reação às dúvidas dos anunciantes, empresas de internet como Google, Yahoo e LookSmart começaram a se reunir com grupos industriais para responder questões básicas sobre como funciona a publicidade baseada em cliques. Outras empresas estão preocupadas que a chamada fraude do clique possa estar elevando suas contas de publicidade e, por isso, compartilham seus dados de anúncio confidenciais com as rastreadoras de cliques, que tentam descobrir a freqüência de tais cliques fraudados.

Há uma variedade de motivos por trás da fraude do clique. Às vezes, círculos de pessoas participantes da fraude clicam em anúncios de redes de publicidades afiliadas - como a Google AdSense - para que esses hospedeiros de sites façam mais dinheiro (o qual, às vezes, é compartilhado com os membros do círculo).

Um outro motivo é derrubar um anúncio de um concorrente de um site mais cedo, pois muitos anúncios são postados com o acordo de ficarem no ar só até terem atraído determinado número de cliques.

Mesmo empresas de medição online com reputações sólidas como a Nielsen/NetRatings, estão passando por novas homologações para provarem que suas contagens estão dentro dos padrões exigidos.

A elevação de 30% na receita de publicidade na internet nos últimos três anos provocou estremecimento em muitas pessoas da mídia. Cada vez mais, as empresas tradicionais de mídia têm visto anunciantes e consumidores passaram para a mídia eletrônica, e essa transferência tem encolhido seus rendimentos e influído negativamente no preço de suas ações.

Mas a verdade é que a internet ainda atrai apenas uma parte minúscula do total de gastos com anúncios.

No ano passado, os anúncios na web corresponderam a apenas 4,7%, ou seja, US$ 12,5 bilhões, dos US$ 267 bilhões gastos com publicidade nos EUA, segundo o Interactive Advertising Bureau (Instituto de Publicidade Interativa), uma associação de classe dos agentes de mídia online.

A Procter & Gamble, que foi a maior anunciante do país no ano passado, gastou em 2005 US$ 33,4 milhões em anúncios online, o que representa menos de 1% do seu orçamento publicitário, que foi de US$ 4,6 bilhões. A General Motors, a segundo maior anunciante, gastou US$ 110,5 milhões online, ou seja 2,5% do seu total de US$ 4,35 bilhões, segundo a TNS Media Intelligence.

'A natureza dessas organizações não é estar na ponta de uma grande revolução, mas sim assumir uma abordagem que visa uma maior precisão nisso', disse John Swallen, vice-presidente sênior de pesquisa da TNS. Esses grandes anunciantes 'precisam e querem mais prestação de contas para tomar suas decisões quanto ao dispêndio com publicidade'.

CONFIANÇA

Michael Zeman, diretor da Starcom IP, concorda que as medições nos sites nem sempre são confiáveis. Por exemplo, alguns sites de mídia contam uma pessoa específica como dois visitantes se essa pessoa utilizar tanto o computador doméstico como o do trabalho para visitar um mesmo site, disse.

O Interactive Advertising Bureau (Instituto de Publicidade Interativa) dos Estados Unidos foi procurado no início do ano por vários grandes agentes de mídia preocupados com a questão. O instituto juntou esses agentes numa carta pública declarando que a publicidade na web precisa ter seu sistema de rastreamento de anúncios monitorado e homologado pela Media Rating Council, uma entidade sem fins lucrativos com sede em Nova York. Esse conselho tem o rastreamento de mídia homologado desde a década de 1960 e é o principal árbitro do rastreamento de sites na web.

'Queremos deixar claro publicamente que esta é uma questão importante para nós', disse Braid Santeler, diretor de mídia e gerenciamento de relacionamentos da Kimberly-Clark, uma das empresas que quer a auditoria das contagens de anúncios dos sites online.

George Ivie, diretor-executivo do Media Rating Council, disse que os agentes de publicidade online demoraram para auditar seus números porque os anunciantes não exigiam isso. 'Ninguém está impingindo a questão', disse Ivie. 'Eles não estão dizendo que não vão comprar se não tiver credenciais'.

O grupo de Ivie e o instituto também estão comandando uma tentativa de criar padrões para anúncios que dependem de cliques e formaram um grupo para discutir a questão. Entre outras tarefas, é muito provável que o grupo estabeleça a definição de cliques válidos, inválidos e fraudulentos.

Mas, embora anunciantes e agentes da publicidade online digam que medições mais padronizadas irão ajudar, especialistas argumentam que as discussões tendem a durar para sempre. 'Vimos conversando sobre a medição na mídia impressa e na televisão há anos', disse Barbara Bacci Mirque, vice-presidente-executiva da Associação Nacional dos Anunciantes. 'Provavelmente, vamos discutir as medições online também durante anos'.

Rir é o melhor remédio - 22


O retrato de uma apresentação num congresso acadêmico. Diversas vezes passei por esta situação...

Bolsa de Nova Iorque e a Contabilidade

Recentemente tem-se observado uma tendência das empresas mundiais de escolherem a bolsa de Londres em lugar do mercado norte-americano, ou seja, a bolsa de Nova Iorque. Possíveis explicações podem ser encontradas para este fato, mas a maioria delas tem sua origem na questão regulatória: o mercado norte-americano está muito regulado devido a Sox e existe uma grande quantidade de possibilidade de processos judiciais no direito norte-americano, alguns deles desnecessários.

Duas outras possíveis causas tem sido citadas para tentar explicar esta preferência por Londres: a globalização do mercado de capitais e a incompatibilidade dos padrões contábeis. O prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, sugeriu, de forma polêmica, que os padrões norte-americanos são incompatíveis com os padrões mundiais, propostos pelo Iasb.

Isto despertou reações pois provavelmente não é verdade que os padrões do Iasb sejam melhores (ou piores) que os do Fasb. As pesquisas existentes não são conclusivas. Além disto, existe todo um movimento para compatibilizar ambos os padrões.

Nintendo opta pelo simples e barato

Reportagem do Wall Street Journal mostra que a Nintendo está na contramão no setor de games.

Nintendo tenta reinventar mercado com videogame mais simples
November 3, 2006 4:05 a.m.

Por Yukari Iwatani Kane e Nick Wingfield
The Wall Street Journal

Vinte anos depois de comandar o mercado de consoles de videogame e as tardes dos adolescentes, a Nintendo Co. está parada no terceiro lugar, ultrapassada pela Sony Corp. e a Microsoft Corp.

Agora, a Nintendo está tentando reinventar o mercado indo atrás de um público pouco explorado — pessoas com mais de 25 anos. Num novo console a ser lançado este mês, a empresa está buscando simplicidade, em vez do poder de computação e dos gráficos velozes que puseram suas rivais na frente.

A empresa ainda vai vender os clássicos jogos de tiros e novas edições de seus sucessos dos anos 80, como Super Mario Brothers. Mas a Nintendo vai passar de joysticks e polegares ágeis para um novo tipo de controle que os jogadores movimentam no ar. Eles podem ficar em pé na sala de estar e imitar o movimento de lançar uma vara de pescar, arremessar uma bola de boliche ou fazer um voleio no tênis — e ver isso acontecer na tela da TV.

Se a arriscada estratégia da Nintendo for bem-sucedida, pode pôr em questão a idéia dominante na indústria de videogames, que movimenta US$ 17 bilhões por ano: a de que o sucesso está na máquina mais rápida, mais poderosa possível, seja qual for o custo. É por isso, em parte, que a Sony domina o setor desde 2000 com seu PlayStation 2, uma máquina tão poderosa que o governo japonês temia que pudesse ser usada para o desenvolvimento de armas avançadas. O PlayStation 3, que será lançado nos Estados Unidos uma semana antes do novo console da Nintendo, é ainda mais poderoso. A Microsoft, segunda colocada, está usando uma estratégia similar com seu Xbox 360, lançado ano passado.
[nintendo]

À medida que mais consumidores se sentem alienados por aparelhos cada vez mais complicados, algumas empresas estão tentando ganhar uma vantagem competitiva fazendo designs mais claros e simples. A Nintendo espera que uma inovação menos complexa consiga ter tanto impacto no mercado quanto a velocidade maior de um chip de computador — e a um custo menor.

A Nintendo tem tido lucros saudáveis em parte porque ela conta com produtos que são mais simples e custam menos para fabricar. A despeito de sua terceira colocação, ela teve lucro de US$ 841 milhões para um faturamento de US$ 4,35 bilhões no ano passado. Ela espera que seu novo sistema — chamado de Wii — e seus games sejam rentáveis em um ano.

Em contraste, a Sony e a Microsoft estão gastando bilhões de dólares no desenvolvimento de suas máquinas, com pouco retorno até agora. Os videogames da Sony geraram um lucro de US$ 75 milhões e receita de US$ 8,19 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2006. A Microsoft não lucrou ainda nenhum centavo com sua divisão Xbox, dizem analistas.

No Japão, a demanda por consoles de videogame está em queda. Nos últimos três anos, o número de aparelhos vendidos no país caiu mais de 8%, enquanto cresce o número de pessoas que não estão interessadas em jogar, segundo um levantamento anual feito pela Associação de Fabricantes de Eletrônicos para Entretenimento. As vendas tanto de consoles quanto de games caíram cerca de 20% de 2000 a 2005, para 496,5 bilhões de ienes (US$ 4,3 bilhões).

Nos Estados Unidos, a porcentagem de domicílios com consoles não passou dos 36% nos últimos dez anos, de acordo com a firma de pesquisa de mercado Odyssey LP, de São Francisco. As vendas de consoles nos EUA quase triplicaram no mesmo período, com as fabricantes vendendo mais jogos para o mesmo universo de usuários.

"Todos pensavam que os consumidores continuariam a comprar novos consoles desde que pudessem jogar games mais reais e impressionantes", disse o diretor-presidente da Nintendo, Satoro Iwata, ao Wall Street Journal. Embora os fãs tenham aplaudido os novos jogos, disse, "também havia pessoas que discretamente se afastaram porque eles ficaram complexos demais".


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02 novembro 2006

Auditorias querem proteção do governo!

Auditorias querem proteção de governos em processos judiciais
November 2, 2006 4:05 a.m.

Por David Reilly
The Wall Street Journal

Os negócios estão a pleno vapor nas maiores firmas de auditoria do mundo, por isso a maior prioridade delas na defesa de seus interesses pode parecer irônica: elas querem proteção dos governos em caso de um grande abalo financeiro.

As receitas das quatro maiores firmas de contabilidade — PricewaterhouseCoopers, Deloitte & Touche, Ernst & Young e KPMG — cresceram num ritmo de dois dígitos nos últimos anos, quando as comissões que elas cobram dispararam. Mudanças na legislação americana aprovadas depois de escândalos contábeis desta década resultaram em mais trabalho para essas firmas. Um dos maiores problemas que elas enfrentam atualmente é a falta de pessoal para atender à enorme demanda por serviços.

E no entanto as quatro gigantes querem limitar as indenizações judiciais que investidores e outras partes possam tentar forçá-las a pagar por causa de erros na auditoria de companhias abertas. Sem essa proteção, elas dizem, é só uma questão de tempo até que uma delas seja derrubada por uma gigantesca indenização judicial.
[numbers]

O argumento delas está sendo defendido por um influente grupo formado recentemente para estudar a competitividade dos mercados financeiros americanos, com o estímulo do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson. Espera-se que o grupo vá recomendar nas próximas semanas que o governo aprove novas proteções para as firmas de auditoria. Um comitê criado dentro da poderosa Câmara de Comércio dos EUA está manifestando uma preocupação similar. Na Europa, a Comissão Européia está estudando a questão e deve recomendar limitações às indenizações com que as firmas de auditorias devem arcar.

O risco que as grandes auditorias de fato enfrentam tem estado em grande parte fora do debate sobre a responsabilidade civil delas. A despeito de uma série de ações na Justiça com grandes valores, que resultaram de escândalos corporativos, nenhuma das firmas sofreu um golpe fatal a partir dessas ações. A única grande firma de auditoria que quebrou, a Arthur Andersen LLP em 2002, foi vítima não de uma ação por responsabilidade civil, mas de uma condenação criminal por obstrução de Justiça, que posteriormente foi anulada num recurso.

"Não acho que os auditores tenham uma necessidade real de nenhum tipo de proteção especial", diz Bill Kelley, diretor jurídico da previdência do Estado do Alabama, que processou firmas de contabilidade depois de quebradeiras de grandes empresas. "É preciso que a cobrança das firmas de auditoria seja elevada. Elas são as pessoas de fora das companhias com que nós contamos. É duro ter essa responsabilidade, mas é para isso que elas estão sendo pagas."

As firmas dizem que a proteção especial é necessária porque elas podem ser processadas não somente pelas empresas cujos livros contábeis auditam, mas também por outras partes, como acionistas. Esses investidores, acrescentam as firmas, tentam usar as firmas de auditoria para recuperar perdas que tiveram nas bolsas.

"O custo de nossos serviços de auditoria nunca foi calculado para servir de seguro ao mercado de capitais", disse William G. Parrett, diretor-presidente da Deloitte Touche Tohmatsu, o braço internacional da Deloitte & Touche. "Não acho que estejamos dizendo que não devíamos ter nenhuma responsabilidade, mas ela precisa ser proporcional à nossa participação em qualquer problema."

01 novembro 2006

Sox é relevante para empresa brasileira?

Um estudo que está sendo realizado por um aluno de graduação da UnB, Eric Mattos, com supervisão do prof. Paulo César Mendes, tenta verificar o impacto da SOX nas empresas brasileiras.

Os dados de 2006 mostram que o mercado percebeu positivamente a implantação das exigências da Sox, como é o caso da Gol. Já outras empresas, como por exemplo a Braskem e o Itaú, a implantação da Sox não afetou a percepção do mercado.

Mattos utilizou o estudo de eventos, comparando o comportamento dos preços das ações em relação ao mercado e a data de implantação das exigências da Sox.

Infelizmente as poucas empresas brasileiras implantaram efetivamente a SOX termina por ser uma limitação do trabalho. Isto não impede que no futuro o trabalho de Mattos não possa ter uma amostra maior.

Casamento


De um livro sobre casamento:

"Casamentos representam um negócio de $70 bilhões de dólares (...). Em Brides, Inc., Vicki Howard pesquisa as várias empresas envolvidas para explogoes behind the scenes of the various firms involved--from jewelers to caterers--to explore the origins of the lavish American wedding, demonstrating the important role the wedding industry has played in shaping the traditions that most of us take for granted.

Howard revela que muitos dos nossos costumes e rituais em casamento são produtos de uma campanha de propaganda sofisticada, de promoções e inovações. Traçando a ascensão da indústria do casamento de 1920 a 1950, o autor explica que varejistas, consultores casamenteiros, escritores de etiqueta e muitos outros inventaram tradicões (...)"

Brides, Inc.: American Weddings And the Business of Tradition (Hardcover)
por Vicki Howard

O que determina a qualidade do professor

Numa pesquisa realizada no Canadá, Florian Hoffmann e Philip Oreopoulos, tentaram verificar o que determina a qualidade do professor. Apesar do cuidado dos autores em observar o impacto do status do professor e o seu salário, a conclusão de que estas variáveis não interferem parece questionável e polêmico.

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Rir é o melhor remédio - 21

Petrobrás na Bolívia

A resposta da Petrobrás a sugestão do Evo Morales:

Petrobrás já fala em investir mais

Para presidente da estatal, novos contratos melhoraram as condições vigentes desde o anúncio da nacionalização

Nicola Pamplona

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que os novos contratos assinados com a Bolívia no fim de semana abrem espaço para a retomada de investimentos no país vizinho. A declaração representa uma mudança radical na posição da empresa, que havia suspendido qualquer projeto novo após a publicação do decreto de nacionalização das reservas de petróleo e gás, em maio.

Na avaliação de Gabrielli, os contratos melhoram as condições vigentes desde então e podem garantir segurança jurídica para novos aportes, embora tenha ressaltado que não há, no momento, projetos em análise em território boliviano. 'Uma vez que estiver em funcionamento pleno, este contrato vai permitir a avaliação de novos investimentos no país', afirmou o executivo, em entrevista coletiva na qual apresentou os detalhes dos contratos de exploração e produção.

Segundo o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, os novos contratos assinados pelas petroleiras vão garantir ao país investimentos de cerca de US$ 3,5 bilhões entre 2007 e 2010, mais do que foi investido no período de 1996 a 2004.

Gabrielli frisou que os termos acordados não transformam a Petrobrás em mera prestadora de serviços, posição rechaçada pela empresa desde o início das negociações. Segundo a companhia, os novos contratos são de produção compartilhada, uma vez que a estatal boliviana, a YPFB, ficará apenas com parte da receita sobre a venda da produção.

O novo modelo permite à companhia contabilizar como suas as reservas bolivianas, no entender da área jurídica da estatal brasileira. A explicação é que, segundo as regras da SEC (órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), as empresas de petróleo podem contabilizar reservas se tiverem receita variável, de acordo com os preços de mercado e o volume de produção.

Em contratos de prestação de serviços, como os que a Petrobrás tem no México, por exemplo, a empresa tem remuneração fixa pela operação dos poços, independentemente das cotações internacionais do petróleo ou gás.

Os documentos assinados no sábado, por outro lado, prevêem que 50% da receita será destinada ao governo boliviano sob a forma de impostos. Uma outra pequena parcela fixa será repassada à Petrobrás para cobrir os custos. O restante será dividido entre Petrobrás e YPFB, segundo uma fórmula que considera preços e volumes de produção, investimentos e depreciação dos ativos.

De acordo com a empresa, a fórmula permite rentabilidade de 15% durante a vida útil dos campos de San Alberto e San Antonio. No entanto, a tabela de remuneração varia entre os limites de 2% a 32% da receita destinada à Petrobrás e seus parceiros. Segundo um técnico, porém, é muito difícil que os extremos, tanto o mínimo quanto o máximo, sejam atingidos.

Neste primeiro momento, a remuneração da Petrobrás ficará em torno de 20% da receita dos campos, que produzem uma média de 46 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar dos avanços nas negociações, Gabrielli admitiu, porém, que a situação é pior do que a vigente até março de 2005, quando a Bolívia aprovou a nova Lei dos Hidrocarbonetos. Até então, os operadores dos campos tinham direito a cerca de 40% das receitas - o restante era destinado ao pagamento de impostos.

COM REUTERS


Fonte: Estado de S. Paulo, 01/11/2006

Observe que a empresa pretende contabilizar as reservas. Mas a definição de ativo considera que as reservas só podem ser consideradas no balanço caso exista o controle por parte da entidade.

31 outubro 2006

Petrobrás na Bolívia

Notícia da Reuters. É inacreditável. Cadê o acionista da Petrobrás?

Brasil deveria dar refinarias da Petrobras à Bolívia, diz Morales
Terça, 31 de Outubro de 2006, 17h00
Fonte: Reuters




O Brasil devia dar de presente à Bolívia as refinarias da Petrobras, cujo valor está estimado em cerca de US$ 100 milhões, disse na terça-feira o presidente boliviano, Evo Morales.

"Esse preço para o Brasil não é nada, se eu fosse o Brasil daria as refinarias de presente", disse Morales.

O presidente boliviano afirmou que pretende fechar em breve um acordo com o Brasil para a recompra das refinarias, como forma de reverter o "mau negócio" fechado pelo governos bolivianos passados que as venderam.

Morales apelou à amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "a quem felicito por sua ratificação, e com certeza a negociação com a Bolívia o prejudicou na campanha".

Segundo ele, a nacionalização dos hidrocarbonetos e os planos de mobilização militar "em nenhum momento eram para fazer faltar gás, e sim para garantir o gás ao Brasil, obrigando o respeito das normas nacionais".

O presidente boliviano também disse que o fechamento dos contratos com as multinacionais, entre elas a Petrobras, evitou uma intervenção militar nas reservas bolivianas de gás natural.

Morales agradeceu o apoio das Forças Armadas à "recuperação dos recursos naturais" e anunciou que na semana que vem submeterá os contratos assinados no fim de semana ao Congresso Nacional, para que sejam ratificados.

"Se alguma empresa não assinasse, estávamos totalmente preparados para exercer nosso direito de propriedade. Dissemos que precisamos de sócios e não de donos para nossos recursos naturais", disse Morales a correspondentes estrangeiros.

"Seguramente teria havido uma ampla mobilização das Forças Armadas para exercer o direito de propriedade, como tem direito qualquer país", acrescentou ele.

Previsões


Previsões para os próximos quatro anos:

1. A Nova Lei das S/A não será aprovada pois outros assuntos dominarão a pauta do Congresso;

2. Teremos problemas contábeis sérios com alguns fundos de pensão, com subestimação de cálculo atuarial e rentabilidade baixa em decorrência de decisões de investimento negativa

3. Haverá uma melhora em alguns pontos da estrutura jurídica, mas isto será pouco expressivo em termos comparativos com outros países

4. O desempenho de estatais será abaixo do mercado. Algumas delas terão problemas de contabilização, com contabilidade criativa

5. O CPC terá uma implantação lenta, apesar da boa vontade de algumas pessoas. O governo não reconhecerá a normatização contábil vinda do CPC

6. A contabilidade pública ainda utilizará o regime de caixa, apesar de algumas pequenas melhorias na sua parte gerencial

7. As vedetes serão empresas com boa governança e vínculo expressivo com o mercado mundial.

Transparência no Orçamento Público


Anteriormente fiz comentário sobre uma pesquisa de transparência do orçamento público no Brasil (clique aqui para ler).

Agora esta pesquisa sob a forma de figura, publicada na The Economist.

Microfinanças


O Nobel da Paz deste ano foi para Muhammad Yunus e seu Grameen Bank para a Microfinanças. Apesar do aspecto social do prêmio, existem alguns questionamentos sobre a validade desta estratégia.

Nesta semana, Becker fez o seguinte comentário sobre a microfinanças:

"Todos os economistas que tem estudado a microfinanças concordam que ela não será mais do que um fator menor para o fim da pobreza em qualquer país. O crescimento econômico requer direitos de propriedade, encorajamento a iniciativa privada, abertura ao comércio internacional, estímulo à educação, regulamentações limitadas e sensíveis e um governo razoavelmente honesto. Microfinanças faz somente uma pequena contribuição (...)"

Estamos no caminho certo?

Informação privilegiada 02


A seguir a continuação da reportagem do Valor Econômico:

Mercado pede punições severas e julgamentos rápidos

De São Paulo
"Aos 'insiders', a cadeira elétrica", diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, gestora do mercado de ações. Sua hipérbole revela o sentimento de muitos investidores frente ao uso de informações privilegiadas. "Isso é apropriação indevida de valores, ou seja, roubo." Para ele, o combate à impunidade é a principal defesa dos prejudicados.

Fatos como esse só são descobertos depois de executados, portanto, é preciso combatê-los a posteriori. Informações privilegiadas são trocadas pelo mercado diariamente entre executivos e funcionários das empresas envolvidas, parceiros e escritórios de advocacia, entre outros. Mas é o uso dessas informações para obtenção de lucro próprio que torna o ato ilegal.

O ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e sócio da Mauá Investimentos, Luiz Fernando Figueiredo, critica o fato de que, no Brasil, é possível protelar durante anos a punição a um caso de informação privilegiada determinada pela CVM, recorrendo à Justiça. Depois de anos se arrastando nos tribunais, a punição perde a eficácia, diz. "É diferente dos Estados Unidos, onde tendo prova o culpado já sai da corretora ou do banco para a cadeia."

A legislação brasileira deveria ser mais rigorosa com esse tipo de crime e tornar a punição pública, diz Figueiredo. Se isso ocorresse, outros pensariam duas vezes antes de fazer o mesmo, acrescenta. "Mas, se o processo demora 20 anos e a pena é leve, a punição não funciona."

O ex-diretor do Banco Central reconhece que a CVM está mais atuante, mas para chegar ao nível dos Estados Unidos a legislação teria de ser mais rigorosa. "Lá fora chega à cadeia, mas aqui, no máximo, há multa e suspensão e, ainda assim, depois de muitos anos", diz ele, lembrando do caso Nahas, que ocorreu em 1989, mas só foi julgado em 1994.

Um gestor lembra do caso da apresentadora de TV americana Martha Stewart como exemplo de punição severa. Ela foi presa por negociar ações de uma companhia farmacêutica após entrevistar um de seus executivos que, durante o intervalo do programa, contou-lhe fatos exclusivos.

A apuração de informações privilegiadas melhorou bastante no Brasil, porque há mais casos de punição e investigação. Mas o problema é que a própria lei tem punição mais branda do que deveria, diz Figueiredo. "Tem de haver punição, senão a regra do jogo perde o sentido e bandido acaba se saindo bem."

(DF, DC e Angelo Pavini)

Informação privilegiada


A redução da quantidade de informação privilegiada é um sintoma de melhoria do mercado de capitais. Se anteriormente a existência de tal fato não ruborizava ninguém, neste momento tal prática tem sido objeto de reportagens e quem sabe um dia será notícia na coluna policial. A seguir uma reportagem interessante do Valor de hoje sobre esta questão:

O perigo da informação privilegiada

Por Daniele Camba e Danilo Fariello
Antes de comprar uma ação, o investidor geralmente analisa os fundamentos da companhia e, se são bons, conclui que o papel deve se valorizar em bolsa e por isso segue adiante. A prática, no entanto, nem sempre é igual à teoria. Muitas vezes uma ação sobe ou desce sem nenhuma relação com fatos públicos, mas sim com acontecimentos que ainda poucos sabem. Investidores usam essas informações privilegiadas (chamadas de "insider information") para negociar ações antes que todo o mercado saiba e, assim, conseguir bons ganhos, sozinhos.

Casos recentes, como o de Telemar e Perdigão, que estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por suspeita de uso de informação privilegiada, mostram que o investidor comum precisa ter cuidado pois, por mais desenvolvido que o mercado seja, o desempenho de uma ação pode variar conforme o fluxo dessas informações entre poucos.

A autarquia vem atuando de forma cada vez mais ativa para fiscalizar e coibir esse tipo de prática. Nos últimos anos, cresceu o número de casos de "insider" julgados. Em 2004, houve só o julgamento da Fator Administração de Recursos (FAR) e de seu sócio, Walter Appel, que foram condenados pelo uso de informação privilegiada na negociação de ações ordinárias (com direito a voto) da Copel. Em 2005, já foram seis casos. Este ano, até julho, foram julgados três e outros seis casos estão sob investigação.

"O uso de informação privilegiada tira a racionalidade do mercado e o direito de todos participarem em igualdade de condições", diz o professor do Ibmec-Rio e ex-superintendente de Relações com Empresas da CVM, Fábio Fonseca.

Este ano, até setembro, 261 ações ou fundos de investimentos caíram numa espécie de filtro da CVM por algum tipo de suspeita de operação irregular, como "insider", manipulação de preços e lavagem de dinheiro, segundo o superintendente de relações com mercado e intermediários da autarquia, Waldir de Jesus Nobre. Apenas em 39 destes havia indícios suficientes de irregularidade, portanto, foram levados à frente com um termo de acusação, que pode ir a julgamento.

No ano passado, a luz amarela da CVM acendeu em 162 ações ou fundos, mas, em compensação, 56 se transformaram em termos de acusação. A autarquia acompanha o mercado diariamente e em tempo real por um sistema que revela o comportamento de todas as ações como volume financeiro, número de negócios e oscilação. O papel cai num filtro e passa a ser observado de perto quando um ou mais indicadores fogem da média dos 60 últimos pregões, diz Nobre.

Indício de algo anormal pode ser considerado, por exemplo, o comportamento de um fundo de renda fixa em setembro. A carteira teve saque de R$ 62 milhões, valor equivalente a 38% da captação líquida no ano. No dia seguinte, o fundo teve perda de R$ 9,9 milhões, ou 0,68% do patrimônio, porque investia em debêntures da CP Cimento que entraram em default. Quem saiu um dia antes, livrou-se do prejuízo.

O passo seguinte é investigar se há motivos para o comportamento anormal. Na maior parte dos casos existe uma explicação pública, como queda nas vendas da empresa ou uma expectativa de um resultado pior no trimestre seguinte, exemplifica Nobre.

O restante são aqueles em que há indícios de que uma ou mais pessoas negociaram as ações com base numa informação que não é de domínio público. É neste pequeno grupo que está a grande dificuldade da CVM em conseguir fatos contundentes que comprovem que houve "insider". "Cerca de 40% desses casos são arquivados por falta de prova", lamenta Nobre.

Um dos grandes problemas é que a investigação da CVM fica restrita aos possíveis envolvidos e apenas no âmbito do mercado. "O melhor dos mundos seria se o 'insider' fosse o diretor da companhia", diz Nobre. "Mas em muitos casos existe toda uma teia de pessoas envolvidas e fica impossível pegá-las sem a quebra de sigilos bancário, telefônico e do cartão de crédito". Ele lembra que, com a implantação da Transferência Eletrônica Disponível (TED), ficou ainda mais difícil chegar na ponta do novelo. "Quando as operações eram pagas com cheque, conseguíamos pelo menos saber de onde saiu e para onde foi o dinheiro", diz Nobre.

Se a prática de "insider" torna o mercado injusto a todos, para o investidor pessoa física é pior, já que ele não está no pregão acompanhando o desempenho das ações de perto. "Quando esse investidor se dá conta, o papel já caiu 20%", diz Fonseca. Mas algumas dicas podem ajudar a evitar essas emboscadas nos investimentos.

As ações de segunda e terceira linhas e com valor unitário baixo estão mais suscetíveis a manipulação, lembra Fonseca, que acompanhou esses casos de perto quando estava na CVM. "Como são ações baratas, com poucos recursos o 'insider' consegue fazer um bom ganho". As vedetes do mercado, no entanto, não estão imunes. Por terem muita liquidez, o "insider" pode passar despercebido, mas terá de gastar alguns milhões para conseguir lucrar significativamente.

Seguindo o ditado de que onde há fumaça há fogo, é importante o investidor estar de olho em mudanças bruscas de volume e preço dos papéis, que podem ser os primeiros sinais de "insider". As ações de empresas ou setores que estejam passando por fusões, aquisições ou reestruturações societárias também são mais passíveis de manipulação, diz Luís Fernando Lopes, do Pátria. Aumentam as chances de manipulação em dias que antecedem a divulgação de balanços ou no vencimento de contratos futuros, diz Lopes. Por isso, o fundo de arbitragem do Pátria não negocia esses ativos nesses momentos.

Apesar de ser uma prática impossível de controlar, as empresas podem fazer a sua parte, dificultando esse tipo de vazamento. Uma saída, segundo o ex-superintendente da CVM, seria a companhia divulgar dados preliminares do balanço o mais rápido possível. Outra prática benéfica seria proibir diretores e executivos de negociar ações em alguns períodos.

Rir é o melhor remédio - 20

30 outubro 2006

Lucro dos bancos deve recuar

Utilizando a amortização de ágios, os bancos reduzirão seus resultados neste trimestre. Veja reportagem do Estado de S. Paulo:

"Lucro dos bancos deve recuar no terceiro trimestre

Instituições resolveram amortizar ágios de aquisições

passadas, mas resultados ainda serão expressivos

Renée Pereira

O balanço dos bancos no terceiro trimestre deve trazer lucros bem menos exuberantes do que nos períodos anteriores. Isso porque as três maiores instituições privadas do País (Bradesco, Itaú e Unibanco) decidiram amortizar ágios de aquisições passadas, como BankBoston, América Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC), que custaram bilhões de reais.

Ainda assim, os analistas acreditam que os números serão positivos. "Se forem excluídas essas amortizações, os ganhos continuarão elevados. Os bancos só estão preparando os balanços para resultados ainda melhores nos próximos trimestres", afirma o analista da Ágora Sênior, Rafael Quintanilha. Além disso, diz ele, a transparência dos bancos vai aumentar com essa operação.

O primeiro grande banco a divulgar balanço foi o Santander Banespa, na quinta-feira. O lucro líquido, de R$ 890 milhões, ficou 38% inferior ao de igual período de 2005, quando houve um lucro extraordinário referente à venda da AES Tietê. Sem esse ganho extraordinário, o resultado seria 11% superior ao do ano passado.

Na terça-feira, será divulgado o balanço do Itaú, que anunciou esta semana a amortização de R$ 2,59 bilhões de ágio pela compra do BankBoston no Brasil, em maio. Isso terá um efeito líquido negativo de R$ 1,76 bilhão no lucro do banco, segundo comunicado divulgado quarta-feira ao mercado.

Sem esse fato extraordinário, a previsão era de lucro de R$ 1,53 bilhão no terceiro trimestre, conforme cálculos da Fator Corretora. O valor seria 12,8% superior ao de igual período do ano passado, quando o banco teve ganho de R$ 1,35 bilhão. Entre janeiro e junho deste ano, o lucro do Itaú atingiu R$ 2,96 bilhões - valor 19,5% maior que em 2005.

Apesar da amortização, especialistas não acreditam em prejuízo no trimestre. Isso porque os bancos têm gorduras para queimar, como provisões e reservas, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. A expectativa dele é que, apesar dos fatos extraordinários, Itaú e Bradesco tenham lucros de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão no trimestre.

No caso do Bradesco, o resultado também será afetado pela amortização de saldo de aquisições passadas, como Amex e BEC, em torno de R$ 1,4 bilhão. A expectativa era de que o banco lucrasse entre julho e setembro cerca de R$ 1,6 bilhão, valor semelhante ao do segundo trimestre de 2006. O balanço do banco sai dia 6.

Outro que também terá impacto maior de amortizações é o Unibanco, cujo resultado será divulgado dia 9. A instituição anunciou na semana passada que vai reduzir de 10 para 5 anos o período máximo de amortização de ágios. Com isso, o resultado do terceiro trimestre refletirá o efeito extraordinário de R$ 464 milhões, destaca comunicado do banco. A previsão da Fator Corretora era de lucro de R$ 557 milhões no trimestre. "

Petrobras cede na Bolívia

Reportagem da folha de S. Paulo de hoje (30/10) comenta o acordo da Petrobrás com a Bolívia. A reportagem afirma que "Mesmo admitindo que o novo acordo reduz os lucros da empresa, a Petrobras avalia que a presença na Bolívia é imprescindível para assegurar o abastecimento de gás boliviano ao Brasil (50% do total consumido) e também para consolidar sua estratégia de empresa com presença cada vez maior na América do Sul."

A seguir a reportagem completa:

"Petrobras cede na Bolívia para manter rentabilidade

Acordos fechados por Evo Morales com empresas precisam passar pelo Congresso

Acordo envolve exploração dos megacampos de San Alberto

e San Antonio, ambos operados pela companhia brasileira

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Nos últimos dois dias do prazo previsto pelo decreto de nacionalização, o governo Evo Morales conseguiu fechar novos contratos de exploração de gás e petróleo com a Petrobras Bolívia e outras nove empresas multinacionais em operação no país.
A empresa brasileira admite que o acordo reduz a rentabilidade das operações, mas considera a presença na Bolívia estratégica tanto para o fornecimento de gás ao Brasil quanto para fortalecer sua presença regional. Os novos contratos ainda precisam ser ratificados pelo Congresso, onde o governo tem maioria.
O acordo com a Petrobras Bolívia envolve a exploração dos megacampos de San Alberto e San Antonio, os maiores do país, localizados no departamento de Tarija (sul), fronteira com a Argentina, ambos operados pela empresa brasileira. Juntos, os dois megacampos produzem cerca de metade do gás boliviano. O contrato assinado com a Petrobras tem vigência de 30 anos.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, classificou o acordo de "ponto de convergência" ao afirmar que a empresa brasileira atuará de agora em diante com "componentes de prestação de serviços", como queria a Bolívia, em troca de assegurar a rentabilidade das operações no país.
Nas negociações, a Petrobras alegou ser impossível a manutenção de uma alíquota de 82%, como queria Morales e que ficou em vigor nos 180 dias de transição (maio a outubro). Essa foi a principal divergência entre as duas partes nos últimos dias de negociação.
De acordo com cálculo da Petrobras obtido pela Folha, nesse período o chamado "government take" -termo usado para definir a parte que fica com o governo na comercialização de gás e petróleo- chegou a 95%, fazendo com que a empresa brasileira operasse no vermelho nestes últimos meses.
Mesmo admitindo que o novo acordo reduz os lucros da empresa, a Petrobras avalia que a presença na Bolívia é imprescindível para assegurar o abastecimento de gás boliviano ao Brasil (50% do total consumido) e também para consolidar sua estratégia de empresa com presença cada vez maior na América do Sul.
Já o presidente da YPFB, Juan Carlos Ortiz, afirma que os acordos com a Petrobras e as outras empresas aumentam o "direito proprietário" da Bolívia nos 69 campos de gás e petróleo do país e aumentam a arrecadação do Estado (leia entrevistas dos presidentes Ortiz e Gabrielli).
Em discurso na madrugada de ontem, o presidente Morales afirmou que os novos acordos com as dez empresas obrigadas a negociar pelo decreto de nacionalização -nenhuma ficou de fora- possibilitarão uma arrecadação adicional de US$ 4 bilhões daqui a quatro anos.
"Dessa maneira, vamos resolver os problemas econômicos e sociais do nosso país."

Controle das refinarias
A Petrobras aceita ceder o controle de duas refinarias de petróleo na Bolívia, dentro dos esforços de entendimento com o país vizinho na área de exploração de gás. "Mas a indenização [do valor investido pela Petrobras nas refinarias] é fundamental", disse ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau . "O acordo foi bom. Petrobras e Bolívia deram demonstrações claras de que superaram suas pequenas diferenças", disse.
"Era tudo o que a Petrobras queria? Não. Era tudo o que a Bolívia queria? Não. Mas foi um acordo pragmático para os dois lados", disse o ministro."

Rir é o melhor remédio - 19


Talvez a melhor tirinha postada aqui do PhD Comics.

Links Interessantes

O valor pago pela empresa YouTube foi excessivo? A utilização do método de múltiplo - Clique aqui
A comparação da economia brasileira com outro país - Clique aqui

Um mapa mundi interativo - Clique aqui

Um medidor da qualidade de um trabalho artístico - Clique aqui

Teste se você é capitalista ou socialista - Clique aqui

28 outubro 2006

Ascensão e Queda do Administrador

A profissão de administrador surgiu com o capitalismo do século XIX. Segundo o estudioso Alfred Chandler Jr., o papel do administrador ficou claro com a expansão da economia nesta época.

Mas hoje temos talvez um novo capitalismo. Robert Samuelson, na revista Newsweek, pergunta se não estamos assistindo a queda do administrador. Para pensar. (Clique aqui para mais detalhes)

O que um químico pensa de um economista

Uma entrevista com o Nobel de Química de 2003 revela o seu desprezo pelos economistas. Veja o trecho:


Stephen Colbert interviews 2003 Nobel Laureate in chemistry Peter Agre:

Colbert: "You said 'anyone who grew up on a farm knows that evolution exists'. Ok, are you saying a monkey can milk a cow?"

Agre: "Well, if I can milk a cow I suspect a monkey as smart as I am can milk a cow."

Colbert: "Are there monkeys as smart as you?"

Agre: "I'm sure there are quite a few, quite a few.

Colbert: "Oh really? mmhum. Do they give a Nobel prize for thowing your own faeces?"

Agre: "........That's the Economics prize, I think."


Fonte: Mankiw

Os dez fatos mais relevantes da semana

10) Os Estados Unidos não pediram extradição do ator Wesley Snipes por fraude no imposto de renda. Ele está filmando na Namibia e a pena prevista para o crime é de 16 anos;

9) O Fed manteve sua política de juros

8) O lucro da Sony caiu 94% por causa dos problemas com as baterias de laptop e o atraso no PlayStation 3

7) Ford teve o pior resultado entre as "big three": perda de $5.8 bilhões no terceiro trimestre. A previsão é que no 4o. trimestre será pior

6) Executivo da Enron, Jeffrey Skilling, foi condenado

5) O mercado imobiliário norte-americano dá sinais de problemas

4) Exxon tem lucro de 10.5 bilhões.

3) Preço do petróleo cai para $60 o barril

2) A maior oferta pública de ações da história é um sucesso: ações do Industrial & Commercial Bank of China

1) A Dow teve outro recorde.

Fonte: Kramer

27 outubro 2006

Rir é o melhor remédio - 18


A irmã do aluno não entende o que ele está fazendo...

Mortos que geram riqueza

A lista dos mortos que conseguem gerar mais dinheiro:

1. Kurt Cobain
2. Elvis
3. Charles Schulz
4. John Lennon
5. Albert Einstein
6. Andy Warhol
7. Dr. Seuss
8. Ray Charles
9. Johnny Cash
10. J.R.R. Tolkien

Clique aqui para ler mais. E aqui

Privatização

Os nossos candidatos fazem questão de afirmar que não favoráveis a privatização. Entretanto, o lance da Vale nesta semana mostrou que a agilidade de uma empresa privada é fundamental nos dias atuais. Ao mesmo tempo, a permanente pendência da Petrobrás na Bolívia - e todos sabemos que ela irá perder ainda mais do que já perdeu com a vitória de Lula no segundo turno - mostra como a política pode influir de forma significativa nas estatais.

O artigo a seguir, do Estado de hoje (27/10/2006, p. B3) mostra que as empresas que foram privatizadas geraram desemprego para os apadrinhados e geraram emprego para os trabalhadores.

Empresa privatizada criou mais empregos

Além de mais eficientes, elas têm mais empregados hoje, diz estudo

Cleide Silva

Grandes empresas brasileiras que foram privatizadas nos anos 90 melhoraram a rentabilidade e a eficiência operacional, sem que isso tenha provocado redução no número de empregados. Pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) envolvendo 13 companhias constata resultados financeiros e operacionais melhores do que quando eram estatais.

A privatização é um dos temas principais na reta final da campanha dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin à Presidência da República. Lula insiste no discurso contrário à venda das estatais e Alckmin, embora defenda o processo, também afirma que não promoveria privatizações. Ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma autocrítica ao seu partido, o PSDB, que, em sua opinião, deveria ter sido mais veemente na defesa das privatizações realizadas pelo seu governo.

O estudo coordenado pela Escola de Administração de Empresas da FGV levou em conta três balanços das empresas anteriores e posteriores à privatização e comparou os resultados em relação aos setores em que atuam. Para William Eid Junior, um dos economistas responsáveis pelo trabalho, as discussões atuais estão muitos voltadas a 'achismos', mas os dados mostram que o País e a sociedade foram beneficiados.

Foram analisados dados como margem líquida, retorno sobre ativos e sobre o patrimônio líquido, receita operacional líquida por empregado, lucro líquido por empregado, investimento sobre vendas e sobre ativos, receita operacional líquida, porcentagem do número de empregados no setor correspondente, endividamento total e de longo prazo e pagamento de dividendos.

No caso da margem líquida - o quanto o lucro representa das vendas -, houve melhora para a maioria das empresas. A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), por exemplo, apresentava margem negativa de 11,3% entre as empresas siderúrgicas. Depois da venda, passou a ser 15,5% positiva (ver quadro). 'As empresas passaram a ser melhor geridas', diz Eid.

O retorno sobre ativos mostra que os acionistas também passaram a receber mais. No caso da Acesita, passou de 2,75% negativos para 4,1% positivos. Na Fosfértil, saltou de 1,18% negativos para 6% positivos. Outro dado de destaque apontado por Eid é o porcentual de empregados por setor, que não apresentou queda na maioria dos casos.

Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e ex-diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - que fez um levantamento próprio sobre os resultados da privatização -, vê como retrocesso a paralisação do processo de desestatização. Ela acredita que falta esclarecimentos à população em geral sobre os benefícios do processo. Pesquisa divulgada ontem pelo Ipespe/Valor mostra que 70% em um total de mil pesquisados desaprovam a privatização de grandes empresas.

Ela também desmistifica o discurso de desemprego pós privatização e cita o exemplo da Companhia Vale do Rio Doce, que tinha 11 mil funcionários em 1997, ano de sua venda, e hoje tem tem 44 mil empregados diretos e 93 mil indiretos.

Além disso, os investimentos do grupo para o período de 2005 a 2010 devem criar mais 33 mil empregos diretos, além do mesmo número de empregos indiretos, num total de 66 mil postos. A executiva ressalta ainda que o setor de telecomunicações empregava 200 mil pessoas antes de 2000 e hoje os números ultrapassam os 300 mil funcionários.

Enciclopédia do Verde

Um projeto independente criou uma enciclopédia do Verde, denominada de Encyclopedia of Earth. Trata-se de uma enciclopédia do tipo Wiki, onde existe a possibilidade de contribuição de diferentes autores. Mas ao contrário da Wikipedia, onde qualquer pessoa pode participar, nesta Enciclopedia a contribuição depende de um cadastro prévio.

A idéia é muito interessante e pode servir para aqueles que pesquisam em contabilidade ambiental. Consultei por exemplo o verbete Green accounting e o mesmo é bastante didático.

Mas já percebi que as vezes é difícil de entrar no endereço.

26 outubro 2006

100a. Dissertação

O mestrado multiinstitucional teve hoje a sua 100a. defesa de dissertação. Para uma ocasião tão especial nada mais justo que uma comissão avaliadora de renome: Prof. Sérgio de Iudícibus, Prof. Jorge Katsumi Niyama (coordenador do programa) e Prof. Paulo Roberto Barbosa Lustosa, orientador de Maria Celeste.

Após a defesa, uma mini-comemoração com os membros da comissão avaliadora, professores da UnB e coordenadores do programa.

Rir é o melhor remédio - 17



Fonte: Slate

EMI e fraude contábil

Uma detalhamento da notícia de ontem, sobre a fraude contábil descoberta na EMI do Brasil:


Gravadora EMI descobre fraude milionária em filial brasileira

Segundo auditoria interna, executivos inflaram as receitas em R$ 48 milhões; integrantes da diretoria foram afastados enquanto empresa investiga a responsabilidade pelo desvio

Jotabê Medeiros

A gravadora EMI, baseada na Inglaterra, anunciou ontem que identificou, em seus controles internos, uma fraude contábil que afeta o relatório de resultados das vendas de discos no Brasil. Segundo comunicado da companhia, a fraude resultou num valor superestimado de receitas de cerca de 12 milhões de libras (cerca de R$ 48 milhões) e inflou os lucros operacionais em 9 milhões de libras (aproximadamente R$ 36 milhões).

A fraude, segundo avaliação do grupo, vai se refletir nos resultados financeiros da companhia no primeiro semestre do ano. A divulgação dos dados fez com que as ações da companhia caíssem cerca de 8,8% na Bolsa de Londres (a empresa detém contratos com artistas de ponta na Europa, como a banda Coldplay, maior vendedora de discos do ano; o ex-beatle Paul McCartney; o produtor Moby e a cantora Joss Stone).

Na nota, o grupo EMI ainda anunciou que está conduzindo uma investigação para apurar responsabilidades e que suspendeu executivos da filial brasileira, mas não divulgou os nomes. O principal executivo brasileiro é Marcos Maynard, presidente da EMI Music Brazil. Procurado ontem pela reportagem, ele não foi encontrado. Sua assessoria disse que todas as informações seriam fornecidas pela EMI internacional.

No início da noite de ontem, fonte da companhia em Nova York informou ao Estado que é 'muito cedo' para avaliar o impacto dos fatos e das medidas que serão tomadas na rotina dos artistas que trabalham para a gravadora. Entre eles, estão alguns dos maiores vendedores de discos do País, como Marisa Monte. Segundo a fonte, todas as investigações serão internas e as medidas consistirão fundamentalmente no afastamento do pessoal envolvido.

Marcos Maynard tornou-se presidente da EMI Brasil em 2004. Antes, tinha trabalhado como principal executivo da Abril Music, da Polygram latina e brasileira e da Sony Music do México. Nessas companhias, trabalhou com artistas de todos os gêneros, como Titãs, Falamansa, Caetano Veloso, Chitãozinho e Xororó, Sandy e Júnior, Ivete Sangalo, Ricky Martin. Ele se reporta a Marco Bissi, presidente e CEO da EMI Music Latin America.

O mercado de música no Brasil está se retraindo progressivamente. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), nos primeiros seis meses do ano as vendas caíram 6,74% em valores totais (em 2005, a queda foi de 12%).

O grupo EMI é uma das três maiores companhias de música do mundo, operando em 50 países, representando 1,3 mil artistas no planeta e contando com cerca de 6,3 mil funcionários. No ano passado, teve receita de cerca de 2 bilhões de libras, gerando um lucro de cerca de 250 milhões de libras. Tem duas divisões - a EMI Music e a EMI Music Publishing.

Ultimamente, como todas as empresas do ramo, tenta desenvolver a venda de música digital, que, segundo declara, registrou um crescimento de 135% no biênio 2005-2006, uma receita de 112 milhões de libras.

Entre os catálogos que a EMI Music administra, estão os de algumas lendas do show biz, como os Beatles, os Rolling Stones e o Pink Floyd. Seu próximo grande lançamento internacional, previsto para o dia 20 de novembro, é Love, novo álbum com canções dos Beatles, o primeiro com som estéreo 5.1, além de DVD com som surround. A EMI também trabalha com diversos selos importantes, como Blue Note, Capitol, Capitol Nashville, EMI Classics, Parlophone e Virgin.

Vale comprou empresa sem ter informações sobre sua contabilidade

Veja que interessante a notícia do Estado de hoje: a Vale adquiriu a Inco sem ter acesso aos números contábeis. Isto pode significar algumas surpressas no futuro próximo:

Só agora Vale terá acesso aos números da Inco

Irany Tereza

Somente a partir de agora a Vale passará a conhecer em detalhes as operações comerciais e contábeis da Inco. São dados que as empresas guardam sob sigilo e que têm acesso liberado apenas mediante um acordo de confidencialidade, assinado durante uma negociação amigável de compra e venda. Como a direção da Vale não chegou a negociar a compra diretamente com a direção da Inco, entrou no processo contando só com as informações públicas.

'Nunca fizemos acordo de confidencialidade com a Inco. Tivemos as informações públicas, não as privilegiadas', revelou ao Estado o diretor-executivo de Participações e Desenvolvimento de Negócios da Vale, Murilo Ferreira. Ele não considera, no entanto, que este fato possa embutir um grande risco. 'A Inco é uma empresa tradicional, com 104 anos, de grande reputação no mercado.'

A operação de compra da Inco começou a ser desenhada em dezembro de 2005. A mineradora foi incluída numa lista mínima de empresas internacionais que poderiam servir à estratégia da Vale de diversificar a produção. 'A partir do ano passado, adotamos uma opção clara de transformação, mas o número de empresas que poderíamos ter como alvo se reduzia bastante. Existem alguns pré-requisitos, inclusive tecnológicos, e tínhamos poucos players no mundo capazes de atender a todos os pontos', comentou o executivo, esquivando-se de dizer quais ou quantas empresas foram analisadas.

Oito técnicos da Vale ficaram incumbidos de examinar em tempo integral a oportunidade. Em maio, a diretoria fez o que Ferreira classificou como 'primeira peneirada' nas propostas. Em 7 de junho, submeteram à apreciação dos acionistas a escolha da Inco. Em 10 de agosto, o conselho de administração aprovou a proposta, que foi anunciada no dia seguinte.

Mas, apesar do ritmo acelerado, a Vale chegava com atraso de meses a uma disputa já instalada entre a Teck Cominco e a Phelps Dodge pela Inco. 'Os recursos (minerais) no mundo estão cada vez mais escassos e a tecnologia de exploração é dispendiosa. Há poucas oportunidades.'

Ele lembra que as maiores incertezas do processo ocorreram durante a disputa com a Phelps e a Teck Cominco. 'Por mais que tivéssemos convicção, não tínhamos o benefício das informações que elas tinham', disse. 'Entramos com uma proposta não solicitada', completou, evitando o termo 'oferta hostil'.

O primeiro contato pessoal entre executivos da Vale e da Inco ocorreu, segundo ele, apenas depois de consumada a compra de 75,66% das ações. Agora, a Vale está empenhada em concretizar a compra integral. Depois, deverá entrar numa fase de calmaria. 'Nossa preocupação, a partir de agora, é tocar os projetos, tanto do grupo CVRD quando da Inco, com tranqüilidade', diz Ferreira.