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21 janeiro 2021

Mais informação é mais informação de baixa qualidade


Uma lei da economia pode ajudar a explicar como prevalece, nos dias atuais, as informações de baixa qualidade. Entre ler um artigo da New Yorker, preferimos ler a última fofoca de uma pretensa celebridade. A Lei de Gresham foi proposta para produtos tangíveis, mas pode ser aplicada para a informação. 

Atacada pela competição acirrada do ciclo de notícias diárias, a notícia sofre com a Lei de Gresham, um conceito financeiro que afirma que o dinheiro ruim tira o dinheiro bom até que só o dinheiro ruim reste. A Lei de Gresham pode explicar por que o consumidor mediano lê informações de baixa qualidade online. Na Internet, o conteúdo de baixa qualidade expulsa o conteúdo de alta qualidade, já que os artigos mais lidos são polarizadores e emocionalmente chocantes. Primeiro, eles distorcem a verdade eliminando nuances e adicionando carga emocional a tópicos importantes. Se você verificar quase todas as publicações importantes, verá que as histórias mais populares são opinativas e causam medo. Eles nos atraem porque influenciam nossos instintos básicos de maneiras irresistíveis.

(...) Mas, na prática, aconteceu o contrário. Em vez de informar o público, os jornalistas são forçados a manipular algoritmos de mídia social, divulgando histórias e escrevendo manchetes enganosas. Um repórter da Vox me disse que eles têm que escrever dez títulos para cada postagem que escrevem. A Vox escolhe o título que atrai mais engajamento, dependendo da plataforma. Desesperados por cliques, os repórteres tendem a sombrear suas manchetes com medo e indignação. 

Mas isto não é de todo ruim. 

Para o consumidor de notícias consciente, nunca houve melhor época para estar vivo. A Internet está repleta de informações de alta qualidade, de modo que os consumidores de informações mais experientes têm acesso a mais conhecimento de alta qualidade do que em qualquer momento da história humana.

Portanto, pule o ciclo de notícias, mas reduza o consumo medido. Ignore as recomendações da sociedade sobre o que consumir e atualize seus hábitos de aprendizagem como se estivesse sacudindo um esboço. Lembre-se de que o que você deve consumir não se parece em nada com o que foi ensinado a consumir. Rebele-se contra os holofotes tradicionais, encontre alguns curadores confiáveis ​​e, em vez disso, trace seu próprio caminho. (...)

Na Internet, sua taxa de aprendizado é limitada não pelo acesso às informações, mas por sua capacidade de ignorar distrações. As pessoas que você segue online são um indicador importante de seu sucesso, sua saúde e sua felicidade. 

Abrace a responsabilidade pessoal. Ignore a junk food, siga as pessoas certas e beba profundamente suas recomendações.

29 setembro 2020

Uma preocupação relevante


Os reguladores estão sempre preocupados em preencher a qualidade questionável de algumas normas pedindo que as empresas apresentem mais informações. É raro ver uma preocupação com o excesso de informação. Mas um documento do Securities and Markets Stakeholder Group, de 14 de setembro deste ano, chama a atenção para explorar a sinergia (nunca gostei desta palavra) entre diferentes peças da legislação. Isto inclui os relatórios de evidenciação sustentável. Em um determinado trecho o SMSG diz que uma grande preocupação é com a "sobrecarga de informação". 

A frase In der Beschränkung zeigt sich der Meister foi usada no documento. 

15 janeiro 2020

excesso de informação

Researchers in China have investigated what we mean by “information overload” in the context of a social media application, WeChat. Their findings have implications for those who use and run such services as well as other researchers in the field and psychosocial practitioners.

Writing in the International Journal of Mobile Communications, the team reports how the amount of information received and the length of content correlates with user perceptions of information overload as one might expect. However, the number of subscriptions within the service that a user has was not a significant factor in this perception. However, the perception of information overload was associated with negative emotions and an increased (but ongoing) intention to discontinue usage. Negative emotions and this urge to disconnect from the service was higher with a higher level of experience.

Information overload has been defined as the point at which users of any given service receive so much information in a short space of time that they no longer have the capacity to process all of that information satisfactorily and this leads to stress or anxiety and diminished decision-making ability for those people.

“Living in a [so-called] digital society, we are bombarded with information whether or not we actively seek it,” the team writes. “We are all affected by the increasing number of sources from which information emanates.” They add that “Recognising the antecedents and consequences of information overload can help us to prevent it or at least deal with it.”



Zhang, X., Ma, L., Zhang, G. and Wang, G-S. (2020) ‘An integrated model of the antecedents and consequences of perceived information overload using WeChat as an example’, Int. J. Mobile Communications, Vol. 18, No. 1, pp.19–40.

18 maio 2018

Excesso de informação científica

Nos dias de hoje não podemos reclamar do acesso as informações de pesquisas publicadas recentemente. Entretanto, em muitos casos, estas informações são mera distrações para o que é realmente importante. Um texto de Anne-Wil Harzing oferece alguns conselhos para se manter atualizado nas novas publicações relevantes, aproveitando o que a internet tem de melhor a oferecer.

Harzing começa lembrando do tempo onde a sobrecarga de informação não era um problema expressivo. As pesquisas envolviam ir à biblioteca e folhear os periódicos disponíveis. E no caso de interesse, tirar cópia dos artigos. E somente dos artigos relevantes, já que o custo era elevado.

Nos dias atuais, estamos estressados com medo de perder a última novidade. Entre as dicas citadas, gostei da discussão sobre “redes sociais”. De pronto, não confunda vida pessoal do cientista com pesquisa científica. Muitas vezes seguir um pesquisador em uma rede social não garante que você tenha acesso as novidades da ciência. Pelo contrário, talvez você fique sabendo que o professor gosta de vinho ou que estava na praia lendo um livro. Veja o que Harzing diz sobre o ResearchGate:

“Não acompanho quase ninguém no ResearchGate e desabilitei 95% dos alertas, incluindo os alertas de seguidores que informam quando alguém lê ou cita seu artigo, bem como o tipo de alerta gratuito “você / seu papel é / é o melhor”. Mas mesmo assim, ainda recebo vários e-mails por semana, pois eles não têm uma função de "resumo". Os alertas de mídia social normalmente fornecem informações de baixa qualidade que desviam sua atenção de qualquer pesquisa em que você esteja trabalhando e o tenta a fazer login novamente para verificar toda a atividade. Isso é bom se sua intenção é distração e diversão, mas não se for para manter-se atualizado com pesquisas sérias.

04 maio 2017

Links

Os trabalhadores poetas chineses (via marginal revolution)

Magnachip, da Coreia, comprava seus produtos 

Atletas da NFL irão vender seus batimentos cardíacos

Pirâmides que se perdem no Egito: como é possível?

Apesar da grande quantidade de informação, os usuários estão buscando mais

Balanço e Emoji

O site Quartz resolveu resumir 40 demonstrações contábeis para que o leitor pudesse ler em dois minutos. Para isto usou o emoji (aquelas carinhas do celular, que expressa . Abaixo, o resumo do site (na língua original):

Techstravaganza
Alphabet: Feeling very, very lucky 🤑
Microsoft: Clouds good, computers not so much 😐
Amazon: Resistance is futile 🤑
Intel: Chipping off 😰
Baidu: Bai-don’t 😰
Expedia: Sales up, losses down 😐
GoPro: Not dead yet 😐
Nokia: “Some challenges remain” 😐
LG Electronics: Premium washing machines 🤑
Samsung: ~Explosive~ profit growth 🤑
Nintendo: Zelda to the rescue 😀

Big banks
Deutsche Bank: Low expectations, met 😐
BBVA: Gracias a Mexico 😀
Lloyds: Balance-sheet balancing act 😐
Nordea: Leaving Sweden? 😐
Nomura: Business outside Japan 😀

Big oil
Total: Allez le oil price 🤑
Marathon Petroleum: Surprise! A profit 😀
Gazprom: Those gassy Europeans 😀

Airports, airplanes, air-things
Southwest Airlines: Not great, but not United 😐
American Airlines: Pay the pilots 😰
Lufthansa: Profits at last! 😀
Heathrow: “Best year ever” 🤑
Raytheon: Political turmoil=Tomahawk missiles 😀
Airbus: More like Air-bust 😱

Drugs
AbbVie: Holy Humira! 🤑
Bayer: Stroke-prevention pills 🤑
AstraZeneca: Expired patents 😰
Bristol-Myers Squibb: You say Opdivo, I say Eliquis 😀

What to wear
Under Armour: Ugly shoes, ugly earnings 😱
Hermès: Handbags in Asia 🤑

What to eat
Starbucks: Venti ambitions, grande growth 😐
Domino’s Pizza: Piping-hot profits 😀
GrubHub: Mmm, non-GAAP adjusted Ebitda 🤑
Pret a Manger: Coconut milk FTW 🤑

Best of the rest
Comcast: Get Out! 😀
Ford: Warranty woes 😰
UPS: Saturday shifts 😐
WPP: US ad budgets 😰
Dow Chemical: The world wants silicone 😀

13 março 2017

Paradoxo da Escolha

The Economist (via Estado de S Paulo), faz uma análise sobre a grande produção cultural decorrente da internet e seus problemas. Atenção para o conclusão:

(... )A questão é que essas tecnologias têm um efeito paradoxal: embora ampliem a gama de escolhas dos usuários, concentram sua atenção nas criações mais populares e nas maiores plataformas. Seja porque o entretenimento é uma atividade social, ou porque as pessoas não sabem o que fazer diante da profusão de opções que têm à disposição, o fato é que acabam recorrendo aos rankings e aos algoritmos de recomendações de plataformas como Netflix, YouTube e Spotify para se orientar e decidir qual será a próxima dose de conteúdo a ser consumida. Por causa disso, são justamente os títulos mais conhecidos que se destacam e acabam atraindo novos usuários.

Em outras palavras, as grandes marcas continuam a prosperar. Dos milhares de filmes lançados mundialmente no ano passado, as cinco maiores bilheterias foram de produções da Disney. Na outra ponta do espectro, a “cauda longa” das criações voltadas para pequenos nichos de consumo revela-se extremamente rarefeita. No ano passado, segundo a empresa de pesquisas de mercado Nielsen, os americanos adquiriram cópias digitais de 8,7 milhões de músicas, quase 5 milhões a mais do que em 2007. Mas o número de faixas cujas vendas superaram as cem cópias manteve-se inalterado: 350 mil. E o número de músicas que tiveram uma única venda aumentou de 1 milhão para 3,5 milhões. Os artistas desconhecidos continuam penando para chegar às paradas de sucesso.

Quem ganha e quem perde com isso? Os consumidores são os maiores beneficiários. (...) Do lado da produção, sairão ganhando as empresas que tiverem fôlego para continuar despejando recursos em produções “premium” – o domínio da Disney nas bilheterias, por exemplo, foi garantido com a compra da Marvel, da Lucasfilm e da Pixar –, ou que tenham plataformas com grande número de usuários, como Facebook e YouTube, ou, ainda, que sejam capazes de se encarregar tanto da distribuição, quanto da criação de conteúdo, como Amazon e Netflix pretendem fazer. Essa é a lógica por trás da oferta de US$ 109 bilhões que a AT&T fez pela Time Warner em outubro do ano passado, unindo a maior operadora de TV paga dos EUA a um de seus maiores estúdios de cinema e televisão.

O princípio remoto. Por outro lado, as perspectivas não parecem animadoras para as operadoras de TV a cabo, que são o modelo de negócio mais lucrativo da história do entretenimento nos EUA. A fórmula de seu sucesso, que consistia em acrescentar cada vez mais canais aos pacotes oferecidos aos consumidores, e, assim, elevar os preços das assinaturas, já não rende frutos. Atraídos por serviços mais baratos e flexíveis, oferecidos pela internet, os americanos começaram a cortar o cabo da TV a uma taxa superior a 1 milhão de domicílios por ano (os eventos esportivos com transmissão ao vivo são um dos últimos pilares que mantêm o sistema em pé).

O declínio da TV paga é um bom exemplo do paradoxo da escolha. É possível que as pessoas nunca tenham tido tantas coisas para assistir e escutar, mas há um limite para a quantidade de conteúdo que elas conseguem consumir. E as escolhas que os consumidores fazem acabarão por concentrar o poder nas mãos de gigantes como Disney, Netflix e Facebook. Em vez de democratizar o entretenimento, a internet deve fortalecer uma oligarquia.


O texto não cita, mas a leitura de A Cauda Longa, de Chris Anderson, é bastante apropriada.

25 agosto 2016

A maior mentira da internet

Obar e Oeldorf-Hirsch fizeram um experimento para testar se as pessoas realmente estão atentas as “políticas de privacidade (PP)” e aos termos de serviço (TS), muito comuns na internet. Mais de 70% ignoraram as PP, selecionando entrar; e mesmo aqueles que resolveram ler, o tempo médio foi de 73 segundos; tendo por base o tamanho do texto, esperava-se 30 minutos para efetuar a leitura. Os TS também tiveram o mesmo resultado: levou-se 51 segundos para “ler” um texto que deveria consumir 16 minutos. (via BB, que escolheu a foto dos irmãos Max)

06 novembro 2015

Materialidade

O quanto uma informação é vital para os investidores depende muito de como definir uma informação de “material” ou “imaterial”.

Como o CFO Journal informou na terça-feira, pelo menos meia dúzia de entidades de normatização, incluindo criadores de regras contábeis, SEC e bolsa de valores, possuem algumas diretrizes sobre quais informações devem ser apresentadas aos investidores e quando. (...) As empresas estão cada vez mais preocupadas com que tantas interpretações diferentes de materialidade seja parte do problema ele [Tom Quaadman] disse.

Aqui algumas das definições de materialidade de cinco diferentes reguladores:

Suprema Corte dos EUA:
Em 1976 o juiz Thurgood Marshall escreveu esta definição de materialidade na decisão TCS Industries, Inc. versus Northway Inc. e tem sido considerada nos casos de fraudes de valores mobiliários:

“An omitted fact is material if there is a substantial likelihood that a reasonable shareholder would consider it important in deciding how to vote.”

Comissão de Valores Mobiliários (SEC)
A SEC atualizou sua definição de materialidade ao longo dos anos para alinhar mais com a Suprema Corte. De acordo com a entidade de proteção dos investidores dos EUA a informação é material se:

“when used to qualify a requirement for the furnishing of information as to any subject, [materiality] limits the information required to those matters to which there is a substantial likelihood that a reasonable investor would attach importance in determining whether to purchase the security registered.”

Financial Accounting Standards Board (FASB)
O FASB recentemente propôs deixar seu próprio padrão de materialidade e adotar o padrão da Suprema Corte para deixar claro que materialidade é um conceito jurídico. O conceito atual:

Information is material if omitting it or misstating it could influence decisions that users make on the basis of the financial information of a specific reporting entity. In other words, materiality is an entity-specific aspect of relevance based on the nature or magnitude or both of the items to which the information relates in the context of an individual entity’s financial report. Consequently, the Board cannot specify a uniform quantitative threshold for materiality or predetermine what could be material in a particular situation.

International Accounting Standards Board
O Iasb está considerando alterar seu padrão de materialidade de forma que ele possa focar na informação “que possa ser razoavelmente esperada” para influenciar os investidores e explica que a materialidade pode ser aplicada como um filtro nas demonstrações financeiras. De acordo com a estrutura conceitual atual do Iasb para demonstrações financeiras:

“Information is material if omitting it or misstating it could influence decisions that users make on the basis of financial information about a specific reporting entity. In other words, materiality is an entity-specific aspect of relevance based on the nature and magnitude, or both, of the items to which the information relates in the context of an individual entity’s financial report.”

Public Company Accounting Oversight Board
Auditores e seus clientes corporativos, por extensão, também devem considerar a materialidade quando eles decidem como irão avaliar os livros de uma empresa. O PCAOB inclui a definição da suprema Corte dos EUA mas fornece suas instruções específicas para os auditores:

To obtain reasonable assurance about whether the financial statements are free of material misstatement, the auditor should plan and perform audit procedures to detect misstatements that, individually or in combination with other misstatements, would result in material misstatement of the financial statements. This includes being alert while planning and performing audit procedures for misstatements that could be material due to quantitative or qualitative factors.
…To plan the nature, timing, and extent of audit procedures, the auditor should establish a materiality level for the financial statements as a whole that is appropriate in light of the particular circumstances. This includes consideration of the company’s earnings and other relevant factors. To determine the nature, timing, and extent of audit procedures, the materiality level for the financial statements as a whole needs to be expressed as a specified amount.

Fonte: WSJ

18 abril 2015

Notas Explicativas

Um estudo mostrando os efeitos da nova norma de notas explicativas criada no ano passado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) deverá ser divulgado até o final de maio mostrando efeitos positivos. Num levantamento inicial com 23 empresas, a CVM constatou uma redução, em média, de 9% na quantidade notas divulgadas nos balanços anuais de 2014 ante 2013.

De acordo com o Superintendente de Normas Contábeis e Auditoria da CVM, José Carlos Bezerra, foi uma redução positiva, mas ainda não dá para ter um diagnóstico. “Os dados são rudimentares e levou em conta apenas a quantidade e não a qualidade”, diz o dirigentes da autarquia.

Segundo o vice-coordenador de assuntos internacionais do CPC, Nelson Carvalho, esse é um processo que requer tempo e não é possível mudar da noite para o dia. “Estamos acostumados, desde 1976, com normas contábeis baseadas em regras, e o IFRS trouxe normas contábeis baseadas em bom senso”, diz.

O coordenador da Fundação de Apoio ao CPC, Alfried Plöger, explica que as notas explicativas deveriam priorizar a relevância, mas preocupadas em serem autuadas pela CVM pela falta de alguma informação, as empresas exageram na quantidade de notas explicativas.

O coordenador do CPC, Edison Arisa, disse ainda que agora o grupo de trabalho irá começar a olhar as demonstrações financeiras trimestrais e também irá analisar os formulários de referências que precisam ser enviados à CVM. “Vamos ver como fazer para maximizar a informação que está em diversos lugares de forma coordenada”, diz, ressaltando ainda que os balanços do primeiro trimestre deste ano já serão analisados.

Sobre os temas que serão debatidos pelas duas entidades ao longo do ano, está o IFRS15 que irá alterar o reconhecimento das receitas. “É uma norma nova, grande e tem a ver com as várias formas do reconhecimento da receita”, diz Carvalho, ressaltando que o tema será analisado até, no máximo, o início de 2016 para vigência em 2017.

Hoje, a linha de receita do balanço não discrimina de a origem de cada valor. “Se uma empresa aluga uma máquina, esse valor é incluído na linha de receita. Com a mudança, isso irá para uma linha de sub-receita”, informou.


Redução de notas explicativas já beneficia balanço de empresas - Alessandra Taraborelli - Brasil Econômico

17 novembro 2014

Redução da quantidade de informação

Na semana passada a CVM editou uma Orientação Técnica sobre a divulgação contábil “de propósito geral”. A finalidade da norma é a redução da quantidade de informação que atualmente está sendo divulgada pelas empresas. As diversas entidades estão estudando o assunto, incluindo o Iasb e o Fasb. A norma é proveniente do CPC e esta entidade entendeu ser possível editar uma norma brasileira somente com os pronunciamentos existentes. Além disto, o CPC indicou que pode “levar certo tempo até que o IASB conclua os projetos em andamento relacionados a esse tema”.

Para aqueles que não têm tempo ou paciência de ler as nove páginas do documento podem ser resumidas em: divulgue aquilo que for relevante para o usuário. Como a relevância está relacionada com a importância sobre o processo decisório do usuário, a resolução não resolve uma questão primordial, já existente na estrutura conceitual: como saber o que é relevante para o usuário? Afinal não existe único usuário e a empresa não tem condições de saber o que passa pela cabeça deste indivíduo.

02 abril 2014

Peso das Demonstrações Contábeis

Recentemente a CVM anunciou que está estudando medidas para redução da quantidade de informações disponibilizadas para os investidores. De igual modo, o Iasb também está analisando medidas que possam reduzir as notas explicativas, a principal culpada pelo grande aumento na quantidade de páginas disponibilizadas para os usuários. Aparentemente os órgãos reguladores parecem que desejam que os usuários tenham menos informação.

Mas parece que realmente existe algo errado com as empresas. A possibilidade de divulgar as informações principalmente na rede social reduz enormemente o custo da informação. Além disto, o “Control C, Control V” estimula que as informações que eram relevantes no ano passado sejam reproduzidas este ano. Mais páginas para os analistas lerem.

Dois aspectos devem ser considerados. Em primeiro lugar, o excesso de informação parece que não ajuda muito a qualidade da análise. Algumas pesquisas já mostraram que aumentar a quantidade de informação não significa, necessariamente, melhorar a qualidade da decisão. Em segundo lugar, o aumento dos números de páginas, num mundo com excesso de informação, não significa que as empresas estão atraindo a atenção dos analistas. Muito provavelmente os usuários não irão ler mais páginas sobre a empresa. Isto tem sido objeto de estudo da economia da atenção. Como o tempo do usuário é constante, sua opção é entre ler páginas maçantes de demonstrações contábeis versus curtir fotografias de amigos numa rede social.

Veja o exemplo da Petrobras: sua demonstração financeira padronizadas possui 118 páginas. Mais 75 páginas do relatório de administração, totaliza quase 200 páginas para conhecer o desempenho da empresa no fechamento do ano. Mas isto não é privilegio de uma estatal: as demonstrações do Bradesco contam com 130 páginas do relatório de sustentabilidade e 146 das demonstrações contábeis.

Uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos mostrou que o tamanho do relatório pode indicar mais do que um excesso de informação. Segundo Tim Loughran e Bill McDonald, da Notre Dame, o tamanho da informação contábil pode revelar sobre as perspectivas da empresa. Comparando o tamanho dos relatórios com a volatilidade do mercado, eles descobriram que o tamanho ajuda a entender a volatilidade do mercado. Ter menos informações para analisar faz com que a avaliação da empresa seja feita de forma mais simples e natural.

Leia mais em LOUGHRAN, Tim; MCDONALD, Bill. Measuring Readability in Financial Disclosures. Journal of Finance, 2014. (Uma versão pode ser encontrada aqui. Um resumo menos técnico pode ser encontrado aqui).

17 março 2014

Excesso de evidenciação

Uma pesquisa conduzida pela KPMG e o Financial Executives Research Foundation verificou a apresentação das demonstrações contábeis nos Estados Unidos. Entre as grandes empresas ocorreu um aumento na evidenciação de 16% entre 2004 a 2010, sendo que as notas explicativas cresceram 28% no período.

Esta constatação, e outras realizadas em outros países, mostram a razão pela qual algumas das entidades reguladoras, inclusive a CVM no Brasil, estão tentando normatizar o crescimento de volume de informação. O Fasb já disponibilizou um documento, de 41 páginas, sobre o assunto que você pode acessar aqui.

06 fevereiro 2013

Observações sobre notas explicativas

Foi postado recentemente no blog um texto da revista Capital Aberto. O assunto era a grande quantidade de notas explicativas nas demonstrações contábeis. O texto, no entanto, merece alguns comentários.

Em primeiro lugar, a questão do excesso de notas explicativas não é exclusividade brasileira – como as vezes deixa transparecer o texto – nem é recente. Veja a frase a seguir:

Criadas para complementar as demonstrações contábeis em tópicos que necessitam de esclarecimentos extras, elas sofrem atualmente de verborragia a redundância.

Ou mais adiante:

A dificuldade das empresas em escreverem uma boa nota explicativa também está ligada ao processo de adaptação do mercado brasileiro à produção de demonstrações financeiras no novo padrão contábil. Diferentemente do modelo de contabilidade antigo, baseado em regras predefinidas, os IFRS exigem do emissor do balanço uma análise sobre a essência econômica das transações. Para justificar as decisões tomadas, os contadores podem estar dando mais voltas que o necessário.

As IFRS podem ser acusadas de muitas coisas, menos de serem indutoras do aumento da quantidade de páginas.

A segunda questão diz respeito ao que se espera das notas explicativas. Num primeiro momento, afirma-se que:

O grupo defende que as notas divulguem apenas fatos relevantes novos e informações complementares às publicadas anteriormente. Dados apresentados em períodos anteriores poderiam ser encontrados com um simples direcionamento para o local onde se encontram.

Na opinião de Eliseu Martins, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos maiores especialistas brasileiros em IFRS, a nota explicativa "só deve conter o que interfere diretamente no processo de investimento".

Aqui temos um grande problema. Antigamente, as demonstrações contábeis eram detalhadas. Com o passar do tempo e o aumento da complexidade do ambiente de negócios, as demonstrações quantitativas ficaram mais enxutas, sendo colocados nas notas explicativas os detalhes. A proposta do grupo que está estudando o problema é inadequada. Se desejar conhecer qual o método de avaliação do inventário da empresa deveria consultar os relatórios onde isto foi informado. Se a empresa já possui dez exercícios que não muda o método de inventário, o usuário deverá procurar por relatórios de dez exercícios até encontrar esta informação.

A frase do Eliseu Martins esconde um grande problema: quem está produzindo os relatórios não sabe o que o usuário deseja. E provavelmente nunca saberá, pois estamos tratando de usuários, no plural. Com necessidades distintas. Assim, imaginar que aquele que produz o relatório terá condições de antecipar as necessidades dos usuários é temerário. De igual modo, é praticamente impossível separar aquilo que interfere na decisão de investimento do que não interfere.

O terceiro aspecto é decorrente do conservadorismo necessário ao que produz a informação. O texto lembra isto timidamente:

As notas longas demais e pouco elucidativas são, em alguns casos, incentivadas pelos próprios contadores e auditores. Com medo de represálias dos reguladores, esses profissionais preferem pecar pelo excesso.

A discussão é muito mais complicada do que faz parecer o texto.