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25 janeiro 2018

Rir é o melhor remédio

(A partir de fotografias que já publicamos antes neste blog)

Solvência, Comparabilidade

A noção de solvência de uma instituição financeira é um dos pilares da regulação bancária do mundo atual. Basicamente, isto é derivado do acordo de Basileia II. Este acordo permitiu que os bancos usassem uma abordagem de risco interno para “quantificar seus requisitos de capital de risco”. O acordo de Basileia incluiu uma abordagem simplificada que poderia ser usada por instituições menores.

Ao optar por isto, prejudicou a comparabilidade e incentivou os bancos a usar suas estimativas de maneira favorável. Mais ainda: os índices extraídos desses modelos passaram a depender da origem da instituição. Este debate é importante para a contabilidade não somente pela discussão relacionada com a regulação, mas também pelo fato de que algumas normas contábeis caminham por usar modelos “internos” de risco, o que afetaria a comparabilidade. (Mas ajudaria na relevância e na representação fidedigna?)

Dois pesquisadores fizeram uma análise comparativa do risco na comunidade europeia para tentar verificar se a sede do banco (e a origem da supervisão bancária) afeta o resultado. E a resposta foi positiva, já que as próprias regras internas mudam. Os pesquisadores usaram dados de mais de 130 bancos, de 24 países europeus. E isto tem efeito sobre o risco bancário de cada país:

há diferenças estatisticamente significativas e economicamente importantes relacionadas ao país em que o banco está sediado. Isso fornece evidências de que os padrões são implementados de forma diferente da jurisdição para jurisdiç
ão.

24 janeiro 2018

Oscar vai para ...

O Oscar de 2017 teve como destaque uma empresa de auditoria. Para quem não lembra, no momento da entrega do prêmio de melhor filme, ocorreu uma confusão envolvendo o funcionário da empresa responsável pelo "ritual do envelope", a PwC.

Agora foram anunciados os candidatos ao prêmio e o fato ocorrido no ano passado é lembrado. Apesar do problema ocorrido, a organização não considerou isto grave o suficiente para trocar a auditoria. A PwC adotou "novas" regras para evitar o problema e o erro humano. A Academia de Cinema, responsável pela premiação, parece que considerou o problema como um "simples erro humano"

"Ainda assim, foi um grande erro humano, e foi um erro humano muito público"

Rir é o melhor remédio


Materialidade

A empresa de mineração Rio Tinto comprou, em 2011, em Moçambique, uma mina de carvão por 3,7 bilhões de dólares. O negócio foi péssimo para a empresa e seus acionistas e dois anos depois vendeu-se a mina por 50 milhões. A SEC, no segundo semestre de 2017, acusou a empresa e seus executivos de fraude.

Agora, o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos rejeitou os argumentos da empresa e dos executivos. Um deles indicava que o problema representava somente 3% dos ativos da empresa. A SEC considerou que a questão da materialidade deve ser decidida por um juri.

Empréstimos para estados e municípios

O TCU estaria investigando os empréstimos dos bancos públicos federais para estados e municípios. Somente a Caixa Econômica teria concedido empréstimos de 3,4 bilhões de reais em 2017. A União é o acionista controlador da instituição financeira e assumiria o risco de um eventual calote. Além disto, a concessão de empréstimo estaria sendo usado de maneira política por parte do governo:

a intenção dos técnicos do TCU é avaliar a postura dos bancos na concessão desses empréstimos, principalmente diante da “solução” encontrada por eles para driblar o endurecimento das regras do Tesouro, de conceder financiamentos sem garantia da União. Essas operações não são ilegais, mas têm maior risco. O temor do TCU é que uma dose exagerada desses empréstimos pode comprometer a saúde financeira das instituições e onerar a União.


Ameaça da Amazon

Segundo o jornal El Mundo, o presidente do El Corte Inglés, Dimas Gimeno, está aproveitando o encontro de Davos para alertar sobre a competição, em desigualdade de condições, com a Amazon. Isto parece estranho, já que a rede espanhola de distribuição, fundada em 1940, possui receitas de 14 bilhões de euros. Mesmo que este valor seja bastante expressivo, significa um pouco mais de 10% da receita o distribuidor online.

El sucesor de Isidoro Álvarez no plantea el desafío como una guerra contra los distribuidores online, sino para conseguir un terreno de juego igual para todos en el que sean posibles también acuerdos entre distribuidores convencionales y gigantes tecnológicos. Una muestra es el presidente de WalMart, Greg Foran, que puso en marcha un acuerdo el pasado año con el presidente de Google, Sundar Pichai, ambos presentes también en Davos.

23 janeiro 2018

Rir é o melhor remédio

Três memes inocentes...


PCAOB e KPMG 2

O Going Concern faz um resumo bastante detalhado da relação existente entre Brian Sweet, Cynthia Holder e Jeffey Wada, os dois primeiros ex-funcionários do PCAOB e depois contratados pela KPMG, e o último funcionário da entidade regula as empresas de auditoria, e David Middendorf, Thomas Whittle e David Britt, os três da KPMG.

Reproduzo a seguir o detalhamento da notícia divulgada ontem pela Reuters (vide aqui).

In 2015, when it looked like Sweet would be taking a role with the firm, he made his first mistake: “Sweet […] copied [PCAOB] Documents, as well as other confidential documents, from Sweet’s PCAOB computer to a personal hard drive.” These included “internal PCAOB manuals and guidance; […] comment forms issued in connection with inspections on which Sweet had worked; [and] a list of KPMG engagements to be inspected by the PCAOB in 2015.”

During Sweet’s first week on the job, in early May 2015, Middendorf asked him at lunch “whether a particular Issuer would be the target of a PCAOB inspection; and […] more generally, which KPMG engagements would be subject to inspection that year.”


Middendorf spoke to Sweet later that week, “[telling] Sweet to remember where Sweet’s paycheck came from and to be loyal to KPMG.”

Just a few days later, “Whittle asked Sweet for the list of engagements to be inspected by the PCAOB in 2015, most of which had not yet been officially noticed for inspection by the PCAOB. Whittle told Sweet that Sweet was most valuable to KPMG at that moment and would soon be less valuable.”

The next day, Whittle requested “the banking inspection list.” After discerning that Whittle meant the “inspection list,” Sweet sent it over and said, “Just so you know, it is actually the full list of anticipated inspections (including non-banks). I’d appreciate the team’s discretion to make sure it isn’t too widely disseminated.” Whittle said he understood “the sensitivity” but sent it to Middendorf anyway, writing in an email, “The complete list. Obviously, very sensitive. We will not be broadcasting this.”

The next month, June 2015, Sweet discussed the list with David Britt and wrote in an email, “Please note there is some sensitivity with these, and some of the teams have not yet been officially notified by the PCAOB, so please, use your discretion with this info.” Sweet went on to share the 2015 list with at least one partner who was not yet aware that his/her engagement would be selected for inspection.

That same month, Sweet used confidential PCAOB “risk factors” with a KPMG partner and the data firm that was helping the firm predict which audits would be selected for inspection.

Immediately upon his start at KPMG, Sweet started angling to bring Cynthia Holder to the firm. He wrote to her in an email “I’ve got a meeting set up with the head of the group tomorrow, and pulled together a list of potential hires . . . and put you as the #1 target!!!!)”

A couple weeks later, Holder told the PCAOB Ethics Office that she was “contacted today by a recruiter for KPMG asking if I would be interested in a job at the Firm. I told them that I was not interested . . .” Had she not lied about this to the Ethics Office, she would’ve been immediately removed from any work involving KPMG.

While she was inspecting KPMG, Holder used her position to share confidential info with Brian Sweet, including this gem: “Sweet asked HOLDER to provide Sweet

with an internal, confidential PCAOB Part II deficiencies comment form. On or about May 12, 2015, Holder used her personal email address to email Sweet at his personal email address and provided the requested document. The subject line of the email read ‘Anonymous Email.’ The body of the email consisted solely of an image of a winking-smiley face, and attached the confidential document Sweet requested.”

Also, in one instance Sweet talked Holder out of writing a comment on a KPMG inspection. When Sweet told Thomas Whittle about this, Whittle ” asked whether Sweet had opened his drawer, seen where his paycheck came from, and then advised the PCAOB employee not to write a comment.”
Holder also gave Sweet advanced notice that the PCAOB would be canceling one of its inspections and not replacing it. Sweet shared this information with Whittle and “The PCAOB subsequently notified KPMG that’ it would not inspect Issuer-1.” Sweet also informed Whittle that Holder was the source of all this info to encourage the firm to hire her.

Holder was offered a position with KPMG in July 2015. Before leaving the PCAOB, she copied confidential info to a thumb drive and copied it to her home computer. She then told Sweet about it after she started working at KPMG.

In November 2015, Jeffrey Wada started giving confidential information to Cynthia Holder. Holder passed it to Sweet; Sweet passed it to “relevant KPMG personnel.”

In February 2016, the SEC’s Office of the Chief Accountant called in KPMG for a scolding about their crappy inspection results. It was attended by “KPMG’s CEO, KPMG’s Vice Chair of Audit, and [Middendorf].” There were subsequent meetings as well.

Around this same time, Jeffrey Wada was a little frustrated with this job at the PCAOB, specifically that he didn’t get a promotion. He forward the PCAOB-wide promotion list email that did NOT include his name to Cynthia Holder who forwarded it to Brian Sweet.

About a week later, Wada emailed another PCAOB employee who didn’t get promoted, writing, “:I can’t believe we both got screwed last year.” The email, “[i]ncluded […] a cartoon depicting a man with a screw in his back.” That same month, Wada shared 12 issuers audited by KPMG that would be inspected with Holder.

Meanwhile, back at KPMG, Middendorf, Britt, Whittle and Sweet used this list of 12 to initiate “stealth re-reviews” in order to, chiefly, “[protect] KPMG’s monitoring programs” because negative results would constitute a “systemic failure.” The group agreed that the true nature of the “stealth re-reviews” needed to be a secret.

David Britt told a partner — Partner-3 in the indictment — that “Partner-3’s engagement would be inspected and that [he] could not tell Partner-3 the source of [his] knowledge. [He] also told Partner-3 not to tell any other members of Partner-3’s team.” Britt also lied to another partner — aka Partner-1 — about the reason for the re-reviews. According to the indictment: “Their inclusion in the access request was merely an effort to make the re-reviews look legitimate.”

These re-reviews detected problems in some of KPMG audits and the firm was able to take action prior to inspection and to perform additional work well after audit opinions were issued.

Back to the PCAOB leak — Wada read a preliminary list of audits that would be inspected to Holder in January 2017. Holder shared that info with Sweet, who subsequently took it to Whittle and Britt. They decided to notify partners on this list and to assign additional personnel to those engagements. Whittle asked Sweet to “alter an internal inspections list” to cover their tracks.

Also during this time, Jeffrey Wada was passed over for a promotion again, and he was NOT happy about it. He emailed Cynthia Holder his displeasure and we’re blockquoting it here because it’s so fun:

In February 2017, Wada read Holder a list of “approximately 50 stock ticker symbols, representing the full confidential list of KPMG clients to be inspected by the PCAOB in 2017.” You can guess what happens next, right? Yep, she shared it with Sweet and he shared it with the three musketeers. They discussed “which engagement partners should be notified that their engagements had been selected for inspection.”

A Netflix que quase ninguém vê

A Netflix informou que suas receitas, em 2017, aumentaram em 32%, para 11,7 bilhões de dólares. O mercado reagiu favoravelmente, aumentando o valor da empresa para mais de 100 bilhões. A margem líquida ficou próxima a 5%, com um lucro de meio bilhão.

Mas este sítio aqui não está muito otimista com o desempenho da empresa. No ano passado a Netflix teve um fluxo de caixa livre negativo de 2 bilhões de dólares e a estimativa para este ano é um valor entre 3 a 4 bilhões, negativo. A empresa justifica pelo descasamento entre o fluxo de caixa e a geração de receita: um série leva de 1 a 3 anos para chegar ao público e o crescimento recente fez com que o investimento feito em 2017 só apareça no resultado entre 2018 a 2020.

Isto também afeta seu financiamento: o passivo também aumentou em 2017, mas a empresa foi beneficiada com uma taxa de juros relativamente reduzida.

22 janeiro 2018

Relatório Contábil do Tesouro mostra um governo quebrado

Na coluna de Ribamar Oliveira (4 de janeiro do Valor Econômico, página A2) o destaque é para o realatório contábil do Tesouro divulgado no final de dezembro. Segundo Ribamar:

O Tesouro diz, em seu relatório, que o registro de passivo a descoberto "é comum entre os países que estão implantando as normas internacionais de contabilidade no setor público, como é o caso do Brasil". Mas ressalta que "a extensão tolerável desse passivo a descoberto precisa ser entendida com base em uma análise pormenorizada dos ativos, dos passivos e dos fluxos financeiros do Estado".

O problema não é somente o passivo a descoberto. Segundo a análise, as disponibilidades financeiras estão comprometidas, somente 16% dos créditos tributários e da dívida ativa são recuperáveis, os empréstimos aos Estados e municípios são problemáticos, os dividendos recebidos são decrescentes, a dívida pública aumentou, aumentou o pagamento de precatórios e um grande volume de provisão da previdência não foi reconhecido.

O resultado desse "desequilíbrio estrutural" é o aumento da dívida consolidada líquida (DCL) da União na comparação com a receita corrente líquida (RCL), que é um dos indicadores mais importantes para avaliar a solvência de um ente estatal. No caso da União, o relatório diz que a evolução do indicador nos últimos anos "mostra uma tendência preocupante". A estimativa do Tesouro é que a DCL atingiu 4,01 vezes a RCL no fim de 2017. Até 2013, a DCL acompanhava um valor próximo do dobro da RCL. Em 2001, o governo chegou a propor que o Senado fixasse um limite para a DCL em 3,5 vezes a RCL. O teto nunca foi aprovado. Se estivesse em vigor, a União teria estourado o limite.

PCAOB e KPMG

No primeiro semestre de 2017 postamos que um funcionário da entidade sem fins lucrativos PCAOB, responsável por fiscalizar as empresas de auditorias, repassou informações sobre a fiscalização que estava ocorrendo na KPMG.

Hoje a Reuters informou que foram três funcionários da PCAOB. Dois deles se transferiram para a KPMG e levaram informações confidenciais com eles. Outro tentou deixar a entidade e não conseguiu. Um deles se declarou culpado. Com a informação repassada, a KPMG reforçava os aspectos que estavam sendo investigados. Assim, faz parte da acusação a empresa de auditoria através de três funcionários. Eles se declararam inocentes. No ano passado a própria KPMG demitiu funcionários em razão do escândalo.

Rir é o melhor remédio

Os moradores de Fucking, na Áustria, convivem com um problema: os turistas, que roubam as placas indicativas da cidade. Com 104 habitantes, o roubo significa mais impostos (e atrai turistas). O mesmo acontecia com Shitterton, na Inglaterra. Lá o problema foi resolvido da seguinte forma: a população encomendou um bloco de pedra, de 1,5 tonelada, com o nome da cidade. Problema resolvido.

Outra placa alvo dos "turistas" é o sinal em East Kent, a meia milha de Ham e perto de Sandwich:



Fonte: Aqui

Volatilidade e Bitcoin

Analistas do Deutsche Bank afirmam que há uma relação entre o preço do Bitcoin e a volatilidade do mercado, medida pelo VIX. E que esta relação aumentou nos últimos dias. E a relação seria inversa. Ou seja, quando o mercado apresenta baixa volatilidade, o preço do Bitcoin aumenta.

Segundo o banco alemão, em um ambiente de baixa taxa de juros, baixos spreads e baixa volatilidade, a moedas digitais seriam uma alternativa para tomada de risco para o investidor (e de ganhar dinheiro).

18 janeiro 2018

Rir é o melhor remédio

No dia 13 de janeiro um alerta de nível apareceu no Havaí as 8 horas e 7 minutos da manhã. Meia hora depois, mais precisamente as 8:45, divulgou que a informação era falsa. O gráfico abaixo mostra o tráfego no site Pornhub no período. O alerta reduziu substancialmente o número de pessoas acessando o site. Depois de divulgada que a informação era falsa (ou aliviada a tensão), o acesso aumentou muito acima do normal (cor verde)


Lista: A média de público nos campeonatos de futebol da Europa

A seguir, a lista dos times que conseguem levar mais público nos campeonatos nacionais:


Evidenciação

Um caso interessante envolvendo a SEC, uma empresa e acionistas que desejam maior transparência aparece aqui.

A empresa AmerisourceBerge atua na área de distribuição farmacêutica. Recentemente a empresa teve que fazer um acordo por não ter um controle efetivo das vendas de substâncias controladas, inclusive opióides, um grupo de medicamentos com efeitos parecidos com o ópio, mas com características químicas diferentes.Além disto, parece existir uma epidemia do consumo desse produto. E algumas pessoas acreditam a evidenciação pode ajudar a reduzir o risco futuro.

Um grupo de investidores propôs votar em uma assembleia sobre estes dois assuntos. O primeiro é maior transparência sobre como a empresa está gerenciando os riscos financeiros e de reputação sobre a epidemia. O segundo assunto é como a empresa lidou com o pagamento do acordo sobre o controle de substâncias feito pelos executivos.

A SEC decidiu que estes dois assuntos devem ser discutidos na reunião anual dos acionistas. O link apresenta mais detalhes sobre o assunto.

Apple e os impostos

Recentemente o governo dos EUA aprovou uma reforma tributária reduzindo alguns impostos. Um dos pontos da mudança tributária é a redução da alíquota favorecendo as empresas multinacionais.

Ontem a Apple anunciou que irá pagar 38 bilhões de dólares em decorrência desta mudança. Isto seria resultado de um lucro de mais de 200 bilhões obtidos no exterior e que a empresa deseja repatriar. A mudança cortou a alíquota de 35% para 21%. Além disto, a empresa pretende fazer elevados investimentos nos próximos anos, estimados em 30 bilhões de dólares nos próximos cinco anos em gastos de capital.

17 janeiro 2018

Valor de uma assinatura

Eis uma história interessante sobre a dificuldade de determinação de valor de um objeto:

O canal Fox Business levou ao ar esta semana a história dos irmãos Landau – Ned, Roger e Steven –, de Teaneck, no Estado de New Jersey, nos EUA. Quando a mãe morreu, em 2010, deixou de herança um aparelho de chá, algumas porcelanas e uma velha pintura descascada que ficava pendurada na sala de jantar.

O quadro sempre causou arrepios em Ned. “Nunca gostei da imagem. Era uma mulher desmaiada numa cadeira, com duas pessoas tentando ressuscitá-la. Quando era criança, nunca entendi direito porque tínhamos uma pintura tão feia na sala”, disse.

A herança foi parar no porão de Roger. O quadro velho, largado debaixo de uma mesa de pingue-pongue. Por quatro anos, as quinquilharias acumularam poeira, até que os filhos decidiram se livrar de tudo.

O leilão foi em setembro de 2015, mas os irmãos nem sequer acompanharam os lances. No salão, tudo aconteceu como previsto. As porcelanas saíram por mais. A prataria, por um pouco menos. O leiloeiro abriu a venda do quadro pelo lance mínimo: US$ 250. “De repente, os lances chegaram a US$ 5 mil”, lembra Nye. “Tudo foi feito pelo telefone. Era uma guerra entre um alemão e um francês. O preço passou de US$ 100 mil.”

Ainda sem entender, Nye colocou a mulher, Kathy, para repetir os lances do francês, enquanto sua assistente, Amy Ludlow, cuidava do alemão. “Quando o preço passou de US$ 450 mil, as pessoas começaram a ficar angustiadas”, disse Kathy. A guerra acabou quando o alemão fez um lance de US$ 1,1 milhão, seguido de uma confissão: o quadro era de Rembrandt.

Os irmãos Landau só ficaram sabendo da venda dois dias depois. O quadro Paciente Inconsciente, pintado entre 1624 e 1625 pelo jovem mestre holandês, foi revendido em 2016 por US$ 4 milhões. Ned Landau, que nunca gostou da pintura, hoje garante que é uma obra-prima. “Não há Rembrandt mais bonito”, disse ele à Fox. / AP

O quadro que ficou no porão, debaixo de uma mesa de pingue-pongue é esse: