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05 julho 2012

"Você confia em mim?"

Essa foi a pergunta que o Aladin fez à princesa Jasmine antes dela subir no tapete mágico dele. Histtória ultrapassada. Mágico mesmo é tapetinho projeto por Shin Yamashita, um estudante de Design no Instituto de Tecnologia de Kyoto. Babemos:




Manipulação da Libor

Bob Diamond, de 60 anos, renunciou ao cargo nesta semana após o Barclays ter concordado em pagar quase um bilhão de dólares em multas por manipular as taxas de juros que são referência no sistema global financeiro.


Políticos britânicos consideram o caso como um símbolo de uma cultura de cobiça que tem manchado todo o sistema financeiro. Jornais destacaram os e-mails revelados no caso, que mostram operadores se parabenizando por manipular números.


Pensativo e mostrando humildade perante o comitê parlamentar, o homem que até terça-feira era um dos executivos financeiros mais bem pagos e poderosos e dono de uma reputação agressiva, reconheceu o comportamento "indesculpável" de seu grupo de operadores.


"Quando leio os e-mails desses operadores, fico fisicamente doente", disse Diamond. "Esse comportamento foi repreensível, foi errado. Peço desculpas, estou decepcionado e muito bravo".


Ele disse que os envolvidos na manipulação das taxas de juros estariam sujeitos a investigação criminal e devem ser tratados com severidade. A contravenção "não representou a companhia que eu amo tanto", disse o executivo norte-americano.


Mas ele também insistiu que o Barclays estava sendo usado como bode espiatório por ter cooperado com as autoridades a ajudar a revelar suas infrações.


"O foco desta semana tem estado sobre o Barclays porque foi o primeiro", disse Diamond, descrevendo anos de cooperação com agências regulatórias para revelar a prática.


A decisão do banco de cooperar com reguladores aparentou ter sido feita para limitar os danos causados pela polêmica, mas o tiro saiu pela culatra, prejudicando a reputação do banco e custando a Diamond seu emprego, disseram analistas do setor.


O Barclays reconheceu que seus operadores agiram conjuntamente com outros a fim de manipular a London Interbank Offered Rate, ou Libor, a taxa que grandes bancos dizem emprestar uns dos outros e que serve de referência para trilhões de dólares em contratos globais.


Além dessa manipulação, que aconteceu de 2005 a 2009, o banco britânico também admitiu que suas contribuições para as taxas Libor no alto da crise financeira de 2008 fizeram seu balanço parecer mais robusto.


Fonte: Reuters

Lucro em Filmes

A seguir, um texto muito interessante sobre os problemas da indústria do cinema:

Estou tentando compreender dois fatos aparentemente inconciliáveis. Primeiro, "Homens de Preto 3" já faturou mais de US$ 550 milhões nas bilheterias de todo o mundo. Segundo, embora um representante da Columbia Pictures, a produtora do filme, tenha me dito recentemente que o filme "agora está no azul", parece que até recentemente o estúdio podia perder dinheiro com ele. Como isso é possível?

Não é tão complicado. O custo de produção ficou perto dos US$ 250 milhões; as despesas mundiais de marketing devem ter sido parecidas; e uma grande proporção do dinheiro arrecadado com a venda de ingressos vai para as salas de cinema e as distribuidoras locais. (...)

Todos os negócios requerem certa dose de adivinhação, mas prever as futuras bilheterias de cinema é um ramo especialmente opaco. [1] (...)

O motivo pelo qual a maioria dos estúdios termina no azul quase todos os anos é que encontraram maneiras de, no jargão do setor, monetizar os fluxos auxiliares, vendendo direitos de TV e de distribuição no exterior, criando videogames, atrações de parque de diversões e outros produtos vinculados aos seus filmes. [2]

E os grandes sucessos, por raros que sejam, continuam a bancar o custo de muitos fracassos.[3] Mas os lucros não são enormes. (...)


Outro motivo para que os estúdios continuem no topo é que desafiá-los não vale o risco, para a maioria dos empresários (mesmo os maiores sucessos precisam de anos, às vezes uma década, para recuperar seus custos [4]). (...)

Fabrizio Perretti, professor de administração de empresas na Università Bocconi, na Itália, diz que Hollywood agora está mesmo se destruindo. Porque obter financiamento e audiências se tornou mais difícil, as empresas concorrem para produzir filmes maiores e mais caros enquanto eliminam os riscos, o que explica o motivo para que cada vez mais filmes dependam de propriedade intelectual existente.

Dos cem filmes de maior faturamento em todos os tempos (levando em conta a inflação), 18 são continuações, e mais de metade foi lançada depois de 2000. [5]

Lucro de estúdios de cinema é gerado por receitas auxiliares de filmes - ADAM DAVIDSON - DO "NEW YORK TIMES" - Folha de S Paulo


[6]



[1] Tenho dúvidas se difere muito de outro tipo de indústria, como moda ou eletrônicos.
[2] Será que a relação não é contrária? Os fluxos auxiliares permitem que a indústria possa produzir filmes mais caros.
[3] Isto é parecido com o que ocorre na indústria farmacêutica, onde os remédios de sucesso bancam os fracassos de pesquisa.
[4] Tenho dúvidas. Existe uma grande concentração de receita na primeira semana de exibição. Além disto, o lançamento de produtos auxiliares ocorre muito próximo ao lançamento do filme (um sucesso passa na TV em menos de um ano após sua exibição no cinema).
[5] O correto seria levar em consideração o poder de compra da população.
[6] Existe um sítio chamado Junk Chart. Este infográfico mereceria estar numa postagem de lá. Observe que o infográfico não diz nada. É horrível. De um lado, os custos (salários, distribuição, viagens, locação etc) e do outro "para onde vai a bilheteria" (estúdios, salas e distribuidores) e "como os estúdios cobrem a diferença". Não faz nenhum sentido isto. Deveria ter do lado direito as "receitas", mas não é isto que ocorre. Além disto, a figura não informa nada sobre valores. Mas aí já seria pedir de mais.

IPO do Manchester United

O Manchester United é um dos clubes mais bem sucedidos do futebol mundial. Agora, o clube inglês fez o pedido de oferta pública inicial nos Estados Unidos.

A finalidade é obter recursos. Apesar da oferta, a família Glazer, atual proprietária, irá manter o controle do clube. O esquema de venda será de um tipo de ação onde cada ação corresponderá a um voto; as ações da família Glazer corresponderão a 10 votos por cada ação. Este tipo de situação é comum no mercado dos Estados Unidos.

No passado orientei um aluno de mestrado, Renato Amador, que desejava avaliar os clubes de futebol do Brasil. Diante da qualidade das demonstrações contábeis existentes, o trabalho acabou sendo sobre o Manchester. Fiquei impressionado com a sua organização. Meu orientando solicitou as demonstrações contábeis do clube e as recebeu em sua casa.

Vestidos e recessão

Já comentamos diversas vezes no blog sobre índices econômicos alternativos, como o índice batom ou índice cueca. Estes índices apresentam, de maneira interessante, o que está ocorrendo no cenário econômico.

A queda na venda de vestidos femininos é um alerta recente para os problemas da economia. Segundo este índice, se as mulheres deixam de comprar seus vestidos isto seria um sinal de que a economia estaria em recessão. A lógica é que as mulheres, numa situação de recessão, irão reduzir seu consumo pessoal; além disto, em muitas famílias, são as mulheres que cuidam do orçamento doméstico. O corte na compra de vestidos femininos é um sintoma de que a economia não está indo muito bem.

Fonte da figura: aqui

04 julho 2012

Rir é o melhor remédio

Truques da Mente

Talvez nós possamos dizer que os mágicos são os profissionais que se aproveitam da falta de racionalidade plena das pessoas. Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, dos truques revelados em programas de televisão e com a propagação da crença na ciência pela sociedade, os mágicos ainda são admirados e exercem uma grande atração em todos os públicos.

O livro Truques da Mente mostra como funciona a mágica. Ou seja, como os mágicos conseguem “enganar” as pessoas, seja através de ilusões de ótica, cognitivas, multissensoriais, mnêmicas, entre outras. O arsenal de truques usados pelos mágicos é revelado e explicado no livro. No capítulo dez, por exemplo, os autores explicam a correlação ilusória (que também chamamos de espúria), que está associada a superstição.

Para quem gosta de mágicas, este livro é altamente indicado. Em cada capítulo os autores aprofundam um tema, mostrando como os mágicos se aproveitam da inocência das pessoas. Ao longo do texto, através de alertas de Spoiler, os autores mostram como funcionam os principais truques. Veja o seguinte vídeo, disponível na internet (e no sítio do livro):





Neste truque o mágico utiliza a luz negra, ou a luz ultravioleta. O mágico cobre o palco de veludo negro; os objetos que “aparecem” também estão encobertos com veludo negro, assim como os ajudantes que transitam no fundo do palco. Os detalhes do truque o leitor poderá encontrar no livro (página 28 e 29).

A mágica é um assunto tão sério que os autores explicam como ela foi usada durante a guerra fria para passar mensagens aos espiões, sem que o inimigo desconfiasse (página 260 e seguintes).

Ao final da leitura percebemos como somos fáceis de sermos enganados.

Truques da Mente – Stephen Macknik, Susana Martinez-Conde & Sandra Blakeslee. Zahar, 2010.

Automóveis

Um texto do jornal Estado de S Paulo (2 de julho de 2012, Indústria Automobilística teve isenção de R$1 milhão por emprego criado):

Desde o início da crise financeira internacional, o governo brasileiro abriu mão de R$ 26 bilhões em impostos para a indústria automotiva [1]. Ao mesmo tempo, o setor criou 27.753 novas vagas de trabalho, o que equivale dizer que cada nova carteira de trabalho assinada pelas montadoras custou cerca de R$ 1 milhão em renúncia fiscal aos cofres públicos. [2]

As medidas de estímulo à venda de veículos nos últimos três anos e meio [3] também contribuíram para a remessa de US$ 14,6 bilhões ao exterior [4], na forma de lucros [5] e dividendos, para as matrizes que contavam prejuízos com a queda na receita nos Estados Unidos e na Europa. O lucro enviado para fora do País fica próximo do valor que as empresas deixaram de pagar em impostos [6].


[1] Esta informação foi obtida como? Lembro que uma das justificativas da criação da DVA era a possibilidade de verificar a contribuição que uma empresa estrangeira estaria trazendo para o país. Entretanto, o modelo de DVA não permite obter esta informação. O texto da reportagem não informa onde o autor do texto obteve o dado. Num gráfico afirma que a fonte foi o CAGED, a Receita Federal, o Banco Central e a Anfavea
[2] Considerando 35 anos de trabalho, isto corresponde a R$2300 por mês para cada empregado.
[3] Considerando 2008, seriam 4 anos e meio
[4] A comparação com a remessa de lucros é injusta. O autor da reportagem poderia comparar com qualquer item (despesa, receita etc), mas ao comparar com a distribuição de resultado cria um viés negativo no texto.
[5] Fiquei pensando como é remeter lucros para o exterior. Sendo entidades separadas, somente seria possível remeter dividendos.
[6] Mais adiante o texto ressalta que a indústria de automóveis tem uma cadeia produtiva longa e os benefícios devem incluir os aspectos positivos diretos. Mas também deve-se levar em consideração os custos da política, em especial o custo de oportunidade.

Despreparo Comercial

Editorial, O Estado de S.Paulo, 27 de maio de 2012

Um levantamento do Fórum Econômico Mundial situa o Brasil em 84.º lugar em uma lista de 132 países classificados de acordo com sua capacitação comercial. Houve um avanço de três posições em relação à pesquisa anterior, de 2010, realizada com 125 países. Mas a melhora é quase insignificante, quando se considera a distância entre o Brasil e dezenas de competidores desenvolvidos e em desenvolvimento.

Vários dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras nem são mencionados no estudo. Há referencias a tarifas, por exemplo, mas não aparece, na pesquisa, uma comparação direta entre o sistema tributário brasileiro, complexo, pesado e incompatível com as necessidades de integração nos mercados globais, e os de outros países participantes do comércio internacional. Se esse e outros componentes importantes do custo Brasil fossem considerados, a classificação brasileira provavelmente seria ainda pior.

O relatório pode surpreender por causa da classificação nem sempre boa de algumas das maiores potencias econômicas e comerciais. Não há, no entanto, relação necessária entre a capacitação para o comércio e o tamanho da economia. Os Estados Unidos, maior potência do mundo, ocupam o 23.º posto.

Cingapura, Hong Kong, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia surgem nos cinco primeiros lugares. O Canadá só aparece em 9.º e o Reino Unido, em 11.º. Em 13.º está outra grande potência, a Alemanha, seguida imediatamente pelo pequeno Chile, em excelente posição no quadro geral. O latino-americano seguinte é o Uruguai, 40.º colocado. O preparo para o comércio é determinado por atributos independentes do tamanho, como a qualidade da política econômica, a burocracia, o ambiente regulatório e a infraestrutura.

A classificação do Chile, em 14.º lugar, à frente de várias das maiores e mais desenvolvidas economias e muito longe da maior parte dos latino-americanos, ressalta a importância de um governo leve, pouco intervencionista, comprometido com a integração internacional e bastante eficiente para manter um importante fundo soberano, conhecido por seus investimentos em vários países da região. A posição da Argentina, em 96.º lugar, ressalta o peso do intervencionismo e de uma burocracia montada para emperrar o comércio tanto à custa dos parceiros, como o Brasil, quanto dos empresários nacionais, protegidos por barreiras, mas com enormes dificuldades de acesso aos mercados externos.

O Brasil vai mal na maior parte dos requisitos considerados na pesquisa. A classificação geral de 84.º lugar é dada pela média das classificações de vários atributos. Quando se trata de disponibilidade e uso de tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, a economia brasileira aparece em 53.º lugar. Um dos componentes desse item é o uso da internet para atividades de negócios e nesse aspecto a posição é a de número 28. Mas a situação é desastrosa, quando se trata de várias condições dependentes de forma direta da intervenção governamental.

O País aparece em 104.º lugar no item "acesso aos mercados interno e externo", porque as tarifas são muito altas pelos padrões internacionais (114.º posto). As barreiras já eram muito altas e algumas ainda foram elevadas no ano passado. O cenário também é muito ruim quando se examinam a eficiência da administração aduaneira (99.º lugar) e os procedimentos de importação e exportação (101.º posto).

Em outros estudos comparativos, elaborados com objetivos mais amplos, o Brasil também aparece em classificação muito ruim, principalmente por causa da qualidade da administração pública. O setor empresarial privado normalmente recebe uma avaliação bem mais favorável do que o governamental. Pode haver deficiências nas empresas, mas o poder de competição da indústria e da agropecuária é geralmente razoável - e em alguns casos muito bom - quando se consideram as atividades apenas no interior das unidades produtivas. Esse contraste aparece apenas parcialmente nesse estudo sobre capacitação nacional para o comércio, mas, ainda assim, é bastante sensível.

Acesse o relatório do World Economic Forum na íntegra

Mestrado e Doutorado - USP

Já estão disponíveis os editais de mestrado e doutorado em contabilidade da Universidade de São Paulo. A primeira etapa ocorrerá em setembro, quando será aplicado o próximo teste da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração – ANPAD.

03 julho 2012

Rir é o melhor remédio

CVM

O cargo de diretor da CVM que era de Alexsandro Broedel Lopes, para área relacionada com as normas contábeis, já possui indicação da presidência da república: trata-se de Ana Dolores Moura Carneiro de Novaes.

Ao saber que a indicada era doutora em economia, procurei seu nome da plataforma Lattes, onde estão a base de currículos dos acadêmicos. A resposta foi negativa (figura). Não que ter o currículo na plataforma Lattes seja relevante. 


Mas encontrei o currículo da nova diretora no sítio da CPFL, onde era conselheira:


Nascida em 23/01/1962 na cidade de Recife – PE
Doutora em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley em 1990 e advogada formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2008. Em 1999, adquiriu o direito de usar a designação CFA – Chartered Financial Analyst outorgada pela Association for Investment and Management Research (AIMR) dos Estados Unidos. Foi Analista de renda variável do Banco de Investimentos Garantia entre 1995 e 1997, e Diretora de Investimentos do Pictet Modal Asset Management entre 1998 e 2003. Trabalhou no Banco Mundial em Washington, D.C. entre 1991 e 1994, tendo ainda lecionado macroeconomia na Universidade Federal de Pernambuco no 1º semestre de 1991, e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2003. Entre 2008 e 2010, foi sócia da Galanto Consultoria, do Rio de Janeiro e desde 2010, é sócia da Oitis Consultoria, para serviços e aconselhamento na área de governança corporativa. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), da Metalfrio e da Condor, e participa do Comitê Financeiro e do Comitê de Auditoria da CCR. É membro do Conselho de Administração da CPFL Energia desde abril de 2007.



RIs

Primeiro texto

A pesquisa "Qualidade das informações - transparência e integração nas divulgações das companhias abertas" trouxe ainda como destaque, no que diz respeito à qualidade da informação fornecida, que 67% dos pesquisados acreditam que os resultados do exercício são as informações que consideram mais importantes, enquanto que 62% apontam o panorama estratégico da organização a informação mais relevante e 36% apontam a governança corporativa. [1]


"A pesquisa tem por intuito mostrar as tendências das discussões mundiais [2] e o que se tem visto é em direção aos relatórios integrados, mostrando, além das informações numéricas, as informações de governança corporativa, de sustentabilidade e de risco que estejam em linha com as melhores práticas internacionais, disse o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), Ricardo Florence.

Segundo


A internet é considerado o meio mais utilizado e eficiente para a comunicação com o mercado pelas áreas de relações com investidores (...)


Segundo a Deloitte, 60% dos relatórios anuais das empresas já podem ser acessados digitalmente e pelos meios impressos, enquanto 37% são publicados unicamente no formato eletrônico, contra apenas 3% que os apresentam somente no formato impresso.


Das empresas que participaram da amostra, 52% indicaram que gastam mais de R$ 500 mil por ano na produção de seus relatórios; outras 26% investem até R$ 300 mil. [3]

[1] Epa! Não bate em 100%.
[2] A pesquisa não é no Brasil?
[3] gastam... investem ...

Ambev

A Ambev tornou-se a empresa mais valiosa do mercado acionário, ultrapassando a Vale do Rio Doce. A revista Exame explica isto:

Há duas explicações para a incrível valorização da empresa. A primeira é interna. A Ambev é a cervejaria mais eficiente do mundo. Para cada real que entra da venda, 48 centavos são lucro puro — margem um pouco menor que a de um iPhone, produto um tanto mais inovador que uma latinha de Skol.

O desempenho é resultado de uma cultura de alta pressão. Na Ambev, todos os funcionários têm metas e bônus anuais. Os altos executivos podem receber até 18 salários extras por ano. Por outro lado, um dia de trabalho pode chegar a 12, 14, 16 horas. (...)

A segunda explicação tem a ver com a natureza do mercado financeiro. Em períodos de incerteza na economia, os investidores procuram os papéis mais estáveis, como os de cervejarias. Suas vendas, afinal, são menos dependentes do vaivém da economia que outros mercados, como eletrodomésticos ou automóveis.



Existe outra explicação, que o texto da reportagem chega a comentar: o desempenho ruim no mercado da Vale e Petrobrás, as empresas mais valiosas do mercado até recentemente.

Braskem

O governo atua na economia tem a tendência de proteger os produtores, mas não os consumidores. Veja o exemplo da Braskem:

(...) a união com a Quattor rendeu tudo o que se poderia esperar: de fato, nasceu ali um dos mercados mais concentrados do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, há cerca de 30 petroquímicas que produzem resinas plásticas e a maior, a Exxon, tem menos de 15% de participação de mercado. No Brasil, a Braskem tem 68% do mercado, e nos seus principais segmentos só concorre com empresas estrangeiras que exportam para o Brasil. Segundo a clientela da Braskem, a união com a Quattor, como era de esperar, distorceu os preços no setor. O preço médio das resinas subiu 18%no Brasil desde janeiro de 2010, enquanto caiu ou subiu de forma modesta no mercado internacional, segundo um recém-concluído relatório da Abiplast, entidade que reúne os fabricantes de plásticos, ao qual EXAME teve acesso. De novo, é algo até certo ponto natural num mercado tão concentrado.

À época da fusão com a Quattor, a Braskem chegou a dizer a clientes que os preços cairiam após a integração, porque seus custos diminuiriam com a sinergia gerada (que, segundo a empresa, foram de 400 milhões de reais). Para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que aprovou a operação, o poder de fogo da Braskem seria regulado pelo mercado externo: se os valores subissem aqui, as fabricantes de plásticos poderiam comprar a resina no exterior. Mas, como o recente aumento de preços demonstra, não é bem isso que vem acontecendo: importar resinas como as produzidas pela Braskem não é tão simples quanto parecia.


Muito poder, pouco dinheiro - 27 de Junho de 2012 - Exame - Daniel Leb Sasaki

Astrologia

Em finanças o conceito de racionalidade está muito associado ao mercado acionário. Mas será que o mercado é realmente racional? Veja o seguinte trecho:


(...) Mas não são apenas os números que ajudam na hora de investir. É possível fazer um mapa astrológico do investidor que vai determinar o perfil de empresa que mais se assemelha a ele e, assim, garantir maiores retornos. “Existe a análise mercadológica que olha o ciclo planetário em relação aos segmentos de atividade e a avaliação da pessoa ou da empresa”, explica Maurício Bernis, presidente da AstroBrasil. O especialista conta que os clientes dele se utilizam do mapa como uma ferramenta complementar às outras formas de análise. Quem se interessa por astrologia vai poder investir, talvez, ainda neste ano, em um clube de investimento que utilizará análises dos astros sobre os papéis. O clube, que tem como parceira a corretora Magliano, já está aprovado.

Consulte números, dados e até os astros para investir em ações - 25 de Junho de 2012 - Brasil Econômico - Natália Flach

Balanço Único

Uma reportagem do Valor Econômico (Crise reforça urgência de balanço único, 29 de Junho de 2012, Mitchel Diniz) discute a necessidade de padronização da contabilidade pública (que o texto denomina de "balanço único"):

A crise financeira que assola a Europa fez com que os governos do continente passassem a discutir com mais urgência um tema que costumava ser relegado ao segundo plano: a necessidade de um modelo de contabilidade pública mais transparente e internacionalmente aceito.

Atualmente, os 27 países da União Europeia possuem métodos contábeis [1] bastante diferentes. Mas, com a economia do grupo abalada, um estudo em curso pela Eurostat [2], a agência de estatísticas do bloco, está avaliando essas diferenças para que um padrão seja adotado.

Em entrevista ao Valor, o líder global da área de contabilidade do setor público da firma de contabilidade Ernst & Young, Thomas Müeller-Marqués Berger, que ajuda a conduzir o estudo, disse que os políticos europeus estão mais dispostos a ouvir os argumentos dessa discussão. "Na Alemanha, por exemplo, as pessoas perguntam por que o governo está financiando a Grécia, a Espanha. Querem saber o que está sendo feito com o dinheiro delas. Isso realmente reforça o debate sobre transparência na contabilidade pública", afirmou.[3]

Berger explica que o estudo da Eurostat avalia as diferenças na contabilidade em vigor nos países do bloco em relação às Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público (ou Ipsas, na sigla em inglês). Essas normas são emitidas pela Federação Internacional deAuditores (Ifac) e visam estabelecer um padrão internacionalmente aceito para a contabilidade pública, semelhante ao que já ocorre no setor privado com o IFRS (International Financial Reporting Standards).[4]

As Ipsas se baseiam na adoção da contabilidade por regime de competência que, na avaliação do Ifac, facilita o acompanhamento das obrigações e da dívida dos governos, sendo mais eficaz em expor implicações econômicas.

"Regime de caixa não será a base no futuro. Então será necessário mudar. Se para as Ipsas ou algo parecido, ainda não sabemos, mas certamente está indo nessa direção", disse Berger, sobre o andamento do estudo da Eurostat.

O líder global da Ernst & Young esteve no Brasil para o um congresso regional sobre contabilidade pública, em Santa Catarina. Esse tipo de encontro ficou mais frequente no país, que está em processo de convergência às Ipsas.

"O objetivo é discutir as normas com os atores da adequação", diz Luiz Mário Vieira, membro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), outro palestrante do evento do qual Berger participou.

Mas o coordenador geral de Normas de Contabilidade aplicadas à Federação do TesouroNacional, Paulo Henrique Feijó, reconhece que o processo de convergência é complicado. "O setor público é sempre mais complexo para mudar uma cultura", afirmou. O cronograma inicial, que previa a implementação das novas normas de contabilidade para Estados e União em 2012, sofrerá atrasos. "Não queremos convergência da boca para fora", diz Feijó. [5]

Estava prevista para hoje a divulgação pelo Tesouro do Balanço do Setor Público Nacional(BSPN), referente ao ano de 2011. A demonstração consolida os resultados contábeis de todas as entidades do setor público. No ano passado, quando foi divulgado pela primeira vez, o BSPN contou com dados de 4.949 municípios brasileiros.

No balanço deste ano, os anexos explicativos trarão o resultado de uma pesquisa de "maturidade da gestão contábil" feita com entes da Federação, com o objetivo de qualificar as notas do balanço e fazer um "diagnóstico" dos municípios.

Paulo Henrique Feijó antecipa que o nível de maturidade da gestão contábil no Brasil é baixo. "Tem um viés muito orçamentário, não olha o aspecto patrimonial. Apenas o que entra e sai. É [uma gestão contábil] meio míope", conclui.[6]


[1] O texto quer dizer: Regimes de competência versus regimes de caixa
[2] Conforme postagem anterior neste blog http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2012/06/normas-contabeis-do-setor-publico-e.html a Eurostat é a entidade responsável pela estatística da Comunidade Européia.
[3] A contabilidade pelo caixa consegue responder razoavelmente esta questão. O problema é mais complexo.
[4] Na realidade o IPSAS persegue as IFRS.
[5] É uma notícia ruim, mas era difícil crer que o setor público conseguiria implantar as normas em 2012. Minha previsão é se conseguirmos em 2015 já será uma grande vitória.
[6] É verdade. Isto já ocorre há muito tempo.

Repressão Financeira

Brasil deve ter foco em investimento e eficiência
Autor: Edward Amadeo
Valor Econômico - 25/06/2012
Edward Amadeo é economista da Gávea Investimentos.



(...)No Brasil, o consumo continua indo bem. O que vai mal são os investimentos, o que parece incrível em um país estável, com bons empresários e rico em recursos escassos. O que pode estar errado?

As crises dos EUA e da Europa contribuem. A apreciação do real também, mas isso só afeta a manufatura, quando a desaceleração é mais disseminada. O último candidato da lista, que não é circunstancial, é o mau estado da infraestrutura, a baixa produtividade do trabalho e os elevados custos de produção.

O governo tem dificuldades para investir em infraestrutura. Faltam recursos devido ao excesso de transferências de renda. Mas há também restrições legais e institucionais, além do vírus da corrupção, contra o qual a presidente tem lutado, mas sem o qual o software do investimento público não roda.

Para lidar com essas restrições o governo insiste na repressão financeira com recursos do Tesouro, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), subsidiando investimentos via BNDES, a construção civil via Caixa Econômica Federal, e a agricultura via Banco do Brasil. Repressão financeira significa que os poupadores e contribuintes são obrigados a se contentar com uma combinação de retorno e risco determinados pelo governo, que, supostamente sabe onde é melhor investir.

Mas essa opção tem problemas. Primeiro, salvo em casos especiais, é uma forma ineficiente de intermediação financeira e alocação de capital. Segundo, segmenta o mercado de crédito entre os beneficiários do subsídio e a imensa maioria de empresas que se financiam no mercado. Terceiro, atrofia o mercado de capitais. Quarto, afeta a política monetária do Banco Central, elevando a taxa de juros. O resultado prático é que no lugar de incentivar a competição e a inovação com condições isonômicas, o governo privilegia os oligopólios.

Cada vez mais acionados para incentivar o investimento, as desonerações tributárias, a proteção tarifária seletiva e os índices de nacionalização formam um emaranhado de efeitos cruzados que ninguém pode dizer qual o impacto global. O certo é que produzem um sistema de incentivos que faz da eficiência uma meta secundária. Resultado, eles comprometem a eficiência produtiva e elegem beneficiários, ignorando a pluralidade silenciosa de empresas e trabalhadores que pagam o ônus de preços mais elevados e pior qualidade de insumos e equipamentos. Em resumo, os sistemas de financiamento do investimento e de incentivos setoriais são ruins para a distribuição de renda e péssimos para a eficiência e o crescimento econômico.

A fadiga da economia também aparece na combinação de atividade fraca, mercado de trabalho forte e a produtividade em desaceleração, senão caindo. Enquanto o desemprego era alto e havia excedente de recursos humanos, a produção aumentava com a sua absorção. Isso acabou, o desemprego não pode continuar a cair ao ritmo dos últimos anos sob risco de produzir aceleração da inflação ou esmagamento dos lucros.

Produtividade em baixa e salários em alta põem pressão nos custos das empresas. No setor de serviços, protegido da concorrência internacional, o aumento de custos se transmite para os preços. No setor manufatureiro, exposto à competição, não há como repassar os custos, e quem sofre são as margens de lucros. Tanto a inflação quanto o esmagamento de lucros são ruins para o investimento e o crescimento.

Enfim, cristalizou-se entre nós uma forma de induzir o investimento que talvez não esteja dando certo. Há muito para se discutir sobre o sistema de financiamento de longo prazo, as políticas tributárias e tarifárias setoriais, o modelo de investimento em infraestrutura, e os elevados custos de produção.

No final das contas, a pergunta é se iremos revisitar esses temas para desenvolver um modelo que induza os investimentos e a produtividade, ou se iremos simplesmente dobrar a aposta do crédito e do consumo.

Maldição dos Recursos Naturais

Já comentamos no blog a denominada "maldição dos recursos naturais" (por exemplo, aqui, aqui, aqui e aqui). A presença de riqueza, como petróleo e minério de ferro, não é garantia de desenvolvimento. Pelo contrário, a riqueza "fácil" desestimula os agentes a buscarem mais educação e trabalho, que possam garantir um bem estar social no longo prazo. Eis um exemplo típico disto:

O município de Coari [na Amazônia], onde fica a maior base de produção da Petrobras, também se vale dos royalties e tributos oriundos do petróleo. Por isso, tem o segundo maior PIB per capita do Amazonas. Só fica atrás de Manaus. Ali, no meio do nada, alcança R$ 16,4 mil, quase o triplo da renda por habitante das cidades vizinhas de Tefé e Carauari.

O problema é que a irradiação da riqueza funciona bem no papel. Na vida real, Coari parece nunca ter visto a cor de uma gota do ouro negro. A cidade é uma fonte tão profícua de hidrocarbonetos como de escândalos. No fim de 2011, a frota de 46 veículos da administração local foi apreendida judicialmente por falta de pagamento. Os salários do funcionalismo, a maior fonte de empregos do município, atrasam até quatro meses. Essa disparidade entre o potencial dos royalties e seus efeitos práticos na vida das populações não é privilégio do município amazonense. É comum nas cidades fluminenses sob a influência da bacia de Campos. Estudado por cientistas, o fenômeno foi batizado de paradoxo da abundância.


A floresta e o petróleo - 26 de Junho de 2012 - Época Negócios - CARLOS RYDLEWSKI

02 julho 2012

Rir é o melhor remédio


Crescimento Econômico da China

Conforme comentamos anteriormente, os superávits comerciais chineses pouco contribuem para o crescimento econômico da China. Na ausência de um estado de bem-estar social semelhante aos países ocidentais, as famílias chinesas, há décadas, poupam recursos para satisfazer suas necessidades da saúde e seguridade-social. Desde 2004, com as taxas de juros de depósitos bancários negativas, a poupança doméstica elevou-se substancialmente nos últimos 8 anos. Portanto, desde os anos 80, a base do crescimento econômico chinês está na combinação de alta poupança doméstica e taxa bruta de investimento elevada. Como corolário, a taxa de consumo doméstica é muito baixa. Ademais, a taxa de investimento é superior ao período de "milagre econômico" de países asiáticos como Coreia do Sul e Japão.


Predadores e Professores


Predators and Professors - 18 Junho de 2012

Simon Johnson, a former chief economist of the IMF, is co-founder of a leading economics blog, http://BaselineScenario.com, a professor at MIT Sloan, a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics, and co-author, with James Kwak, of White House Burning: The Founding Fathers, Our National Debt, and Why It Matters to You.

WASHINGTON, DC – Are America’s great universities still the stalwart custodians of knowledge, leading forces for technological progress, and providers of opportunity that they once were? Or have they become, in part, unscrupulous accomplices to increasingly rapacious economic elites?

Towards the end of Charles Ferguson’s Academy Award-winning documentary Inside Job, he interviews several leading economists regarding their role as paid cheerleaders for the financial sector’s excessive risk-taking and sharp practices in the run-up to the crisis of 2008. Some of these prominent academics received significant sums to promote the interests of large banks and other financial-sector firms. As Ferguson documents in the movie and in his recent sobering book, Predator Nation, many such payments are not fully disclosed even today.

Predation is an entirely appropriate term for these banks’ activities. Because their failure would traumatize the rest of the economy, they receive unique protections – for example, special credit lines from central banks and relaxed regulations (measures that have been anticipated or announced in recent days in the United States, the United Kingdom, and Switzerland).

As a result, the people who run these banks are encouraged to assume a lot of risky bets, which include pure gambling-type activities. The bankers get the upside when things go well, while the downside risks are largely someone else’s problem. This is a nontransparent, dangerous, government-run subsidy scheme, ultimately involving very large transfers from taxpayers to a few top people in the financial sector.

To protect the scheme’s continued existence, global megabanks contribute large amounts of money to politicians. For example, JPMorgan Chase CEO Jamie Dimon recently testified to the US Senate Banking Committee about the apparent breakdown of risk management that caused an estimated $7 billion trading loss at his firm. OpenSecrets.org estimates that JPMorgan Chase, America’s largest bank holding company, spent close to $8 million in political contributions in 2011, and that Dimon and his company donated to most senators on the committee. Not surprisingly, the senators’ questions were overwhelmingly gentle, and JPMorgan Chase’s broader lobbying strategy appears to be paying off; “investigations” of irresponsible and system-threatening mismanagement will likely end up as whitewash.

In support of their political strategy, global megabanks also run a highly sophisticated disinformation/propaganda operation, with the goal of creating at least a veneer of respectability for the subsidies that they receive. This is where universities come in.

At a recent Commodity Futures Trading Commission roundtable, the banking-sector representative sitting next to me cited a paper by a prominent Stanford University finance professor to support his position against a particular regulation. The banker neglected to mention that the professor was paid $50,000 for the paper by the Securities Industry and Financial Markets Association, SIFMA, a lobby group. (The professor, Darrell Duffie, disclosed the size of this fee and donated it to charity.)

Why should we take such work seriously – or any more seriously than other paid consulting work, for example, by a law firm or someone else working for the industry?

The answer presumably is that Stanford University is very prestigious. As an institution, it has done great things. And its faculty is one of the best in the world. When a professor writes a paper on behalf of an industry group, the industry benefits from – and is, in a sense, renting – the university’s name and reputation. Naturally, the banker at the CFTC roundtable stressed “Stanford” when he cited the paper. (I’m not criticizing that particular university; in fact, other Stanford faculty, including Anat Admati, are at the forefront of pushing for sensible reform.)

Ferguson believes that this form of academic “consulting” is generally out of control. I agree, but reining it in will be difficult as long as the universities and “too big to fail” banks remain so intertwined.


01 julho 2012

PHD Comics - O Filme


Queridos leitores,

para os obsecados com o PHD Comics como eu, o filme foi lançado!!! (Não sei se só eu estava desatualizada... só percebi hoje). Por enquanto não há legendas em português, mas sim em inglês, espanhol, russo, grego!! xD eu achava que seria mais complicado, mas a película está disponível por US$ 9 aqui. Vamos lá? xD Eu cuido da pipoca e vocês das bebidas. Com certeza o seu orientador irá perdoar essa pausa na sua dissertação. A causa é mais que justa! É quase que um trabalho exploratório...!

Trilha sonora:

Rir é o melhor remédio



Fonte: Depósito de Tirinhas

Embaraço

O Business Line, um jornal da Índia, chama atenção para um aspecto que passou desapercebido nas demonstrações contábeis do Iasb, a entidade responsável pelas normas internacionais: uma disputa fiscal com a receita inglesa. O valor, de 460 mil libras, corresponde ao salário de um dos seus conselheiros. Ou seja, não é substancial. Entretanto, sabendo que a maioria dos seus funcionários (conselheiros, inclusive) tinham vínculo com as big four, a situação é considerada "embaraçosa" por Richard Murphy, vinculado ao fisco inglês.

Além disto, segundo Murphy e a partir das informações do BL, a estimativa do passivo tem sido subestimada.

Capturando o Sol










Feliz Dia para todos. Com muito sol !

Desonestidade dos políticos


A desonestidade dos políticos - RENATO JANINE RIBEIRO
VALOR ECONÔMICO - 25/06

Tony Blair é alvo de três romances contra marqueteiros


No Brasil, quando falamos em desonestidade dos políticos, entendemos que eles são corruptos e roubam dinheiro público. No Reino Unido, entende-se que eles - ou ele, um modelo em especial, Tony Blair - mentem à sociedade. No Brasil, o descontentamento se expressa em postagens mal escritas e em artigos repetitivos nos jornais. Na Inglaterra, o protesto resultou em literatura - e da boa. Conheço três livros a respeito, dos quais dois foram transpostos para o cinema. São "O Fantasma", de Robert Harris, publicado em 2007 e depois filmado por Polanski (como "O Escritor Fantasma"), e "A Pesca do Salmão no Iêmen" (2006), de Paul Torday, que virou o filme que acaba de estrear em nosso país, com o impossível nome de "Amor impossível", dirigido por Lasse Hallström.

Falta ir para o cinema o melhor desses bons livros, "The Uncommon Reader", de Alan Bennett (2007). O autor imagina que a rainha Elizabeth começa a ler e isso muda sua vida, tornando-a mais crítica dos fatos e ao mesmo tempo, talvez, uma pessoa melhor. O título é um jogo de palavras. Na Inglaterra, "common" é o plebeu. Por isso, a Câmara dos Comuns é eleita pelos plebeus, os não nobres, a maioria esmagadora da sociedade. A rainha é a mais "uncommon" das pessoas, porque está no auge da nobreza - mas a rainha leitora também se torna uma pessoa incomum, porque começa a pensar por si mesma. Daí que, no final do livro, ela observe que seu décimo primeiro-ministro, o governante marqueteiro, tem auxiliares ignorantes e que se orgulham disso. Nenhum deles tem cultura. Todos somente se preocupam em marketing.

(...)Em "Amor impossível", só está interessado em imagens que rendam dividendos políticos. A história é a mais cômica das três: um rico xeique iemenita se dispõe a pagar a fortuna que for necessária para criar e pescar salmões no Iêmen - um país que não tem a água nem a temperatura adequadas para criar esses peixes típicos de lugares frios. O governo britânico, desejoso de mostrar uma cooperação bem sucedida com um país árabe, seja qual for, obriga um cientista a entrar nesse projeto absurdo. E a assessora de imprensa do premier não recua diante de nenhum expediente para conseguir notícias favoráveis à imagem do governo.

Agora, a questão que cabe é: por que os britânicos convertem seu descontentamento com um governo que acabou mal em boa literatura, e nós não? Nos Estados Unidos o ótimo Philip Roth faz algo parecido, com a crônica, bem em filigrana, dos anos neoconservadores em seu país. Isso aparece no fundo de seus livros, como quando ele menciona o processo movido contra Clinton devido a seu romance com uma estagiária. Mas ignoro uma produção literária ou mesmo artística em outros países que se compare ao modo como os britânicos transformam os anos de seu descontentamento em literatura.

Como ficamos nós? Do período de FHC, restaram as tiras poéticas de Luís Fernando Veríssimo, "As cobras", dizendo que o então presidente estava se descuidando do "social" (que despencava da árvore, caía num rio etc.). Da gestão Lula, nada. Um escritor notável, que é João Ubaldo Ribeiro, não perdeu ocasião de atacá-lo em sua coluna nos jornais, mas suas crônicas não se alçam ao nível de seus romances, não indo além do plano de algum comentador habitual. Por que não temos uma literatura que trate, com qualidade, da nossa política? Sei que não é fácil. Parece que nos acostumamos mais ao discurso semi-difamador, em vez de nos dispormos a um texto criativo. Curiosamente, os romances britânicos que mencionei são muito críticos. Condenam Blair sem piedade, mesmo que nunca mencionem seu nome. São ferozes com o marketing político que, aliás, hoje é uma prática quase unânime no mundo. Só que eles criticam bem. São sofisticados. Dá prazer lê-los. Ficarão, creio eu, nas estantes dos livros que vale a pena ter, mesmo daqui a décadas.

Links

Movimento por um Brasil literário

Troca de cartões postais (em inglês) – os usuários cadastrados trocam cartões postais (de verdade, via correio, old style). Assim há a possibilidade de receber cartões de todo o mundo e compartilhar os de sua cidade.

30 junho 2012

Rir é o melhor remédio

A hierarquia das necessidades do indivíduo, de Maslow, nos novos tempos:
Baseado no gráfico daqui, a partir da figura da Wikipedia

Teto salarial do servidor público

Valor Econômico - 25/06/2012
Opinião
Página A14


O país foi surpreendido na semana passada com a notícia de que uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de emenda constitucional que acaba com o teto salarial dos servidores públicos brasileiros. A proposta ainda será submetida ao plenário da Câmara dos Deputados e, se aprovada, passará também pela apreciação do Senado. Há, portanto, um longo percurso pela frente. É importante observar, no entanto, que o limite remuneratório para os funcionários públicos, na prática, não existe.

A Constituição estabelece, em seu artigo 37, que o subsídio mensal do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) é o teto da remuneração de todos os servidores públicos, incluídas no cálculo as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. Como esse dispositivo nunca foi regulamentado, cada um dos Poderes interpreta o texto constitucional à sua maneira.

No Senado e na Câmara, por exemplo, uma gratificação por exercício de função não entra no cálculo do limite. Os servidores com essa gratificação, e são centenas deles, podem ultrapassar o teto, que hoje está em R$ 26,7 mil. Os senadores podem também acumular a remuneração pelo exercício do mandato com uma aposentadoria. Muitos deles foram governadores e possuem aposentadoria pelo cargo que exerceram.

No Legislativo, numerosos servidores se aposentam e retornam à ativa para exercer cargo em função comissionada. Eles passam a acumular os proventos da aposentadoria com a remuneração do cargo que assumiram. Muitas vezes eles trocam apenas de Casa: os que eram servidores da Câmara ocupam cargo em comissão no Senado, e vice-versa. Com a entrada em vigor da lei de acesso à informação, as mesas da Câmara e do Senado anunciaram que divulgarão os salários de seus servidores, o que poderá explicitar essa situação.

No Judiciário, o assunto é regulado pelas resoluções 13 e 14 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Pelas regras em vigor, o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal poderá ultrapassar o limite remuneratório se estiver no exercício de função no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela qual recebe uma gratificação. Um servidor aposentado do Judiciário pode, por exemplo, fazer um concurso para juiz. A remuneração no cargo de magistrado não será somada aos proventos da aposentadoria para o cálculo do teto.

O entendimento do Executivo é diverso, pois o governo federal não aceita a acumulação dos proventos de aposentadoria com o de remuneração por exercício de função comissionada. É pedido ao funcionário que declare se tem outra fonte de renda. Os computadores são programados para fazer o cruzamento com outras fontes de informação, de tal forma que a situação irregular é identificada. O corte é feito automaticamente.

No Executivo, a ultrapassagem do teto se dá de uma forma mais sutil, que beneficia apenas os funcionários do escalão superior, aqueles que participam dos conselhos de administração e fiscal de empresas públicas e de economia mista. Essas empresas pagam jetons pelas participações nos conselhos, o que leva esses funcionários - ministros, secretários-executivos de ministérios, secretários e subsecretários - a acumular supersalários, alguns deles mais do que o dobro do subsídio de ministro do STF.

A proposta aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados acaba com o teto remuneratório porque permite que os proventos de aposentadorias possam ser acumulados com a remuneração do exercício de cargo em comissão. Acaba também com os subtetos para os servidores dos Estados e dos municípios, que foram estabelecidos pela emenda constitucional 41, no primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de evitar a farra dos supersalários.

Em vez de propor mudanças no texto constitucional, o Congresso Nacional deveria regulamentar o dispositivo da Constituição que estabelece o teto remuneratório e, desta forma, padronizar o entendimento entre os três Poderes. Quando ainda estava no Senado, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, apresentou um projeto de lei propondo essa regulamentação. No projeto, ela especificava tudo o que seria considerado no cálculo do teto e aquilo que ficaria fora. O projeto de Gleisi dorme na gaveta de alguma comissão do Senado, pois não interessa aos senadores que acumulam aposentadoria e remuneração pelo exercício do mandato dar seguimento a ele.

Risco País

Uma listagem de países com maior risco. A presença excessiva de países europeus, entre os 15 com maior risco, é interessante. Mas a listagem é muito polêmica ao incluir países como Coréia do Sul:

1.) Hungria
2.) Itália
3.) Austria
4.) Suécia
5.) Polônia
6.) Finlandia
7.) Espanha
8.) Alemanha
9.) França
10.) Rússia
11.) Noruega
12.) Coréia do Sul
13.) Turquia
14.) Holanda
15.) Brasil

Santander

O Santander (SANB11) não está em situação confortável, mas consegue evitar o pior exatamente por evitar associar-se extremamente à Espanha, que está com seu rating próximo da condição de lixo, aponta a Empiricus. As recentes declarações do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, reforçam a recomendação de venda das ações do banco, enfatizam os analistas Rodolfo Amstalden e Roberto Altenhofen.  Segundo o ministro, o Santander não vai quebrar porque a Espanha não vai deixar. O que levanta a questão: o governo espanhol deixou o Bankia quebrar? Não, mas talvez o Bankia deixe a Espanha quebrar.  Para os analistas, o grupo Santander tem conseguido conservar seu rating acima da nota soberana, exatamente porque possui diversificação geográfica e ser capaz de aliviar o impacto das dívidas espanholas em seu balanço. 


Fonte: Aqui

Mãe das bandeiras

Olha que interessante: da bandeira da Noruega é possível tirar as bandeiras de diversos países: Indonésia, Polônia, Finlândia, França, Holanda e Tailândia. 

29 junho 2012

Rir é o melhor remédio

O tabloide alemão Bild fez uma chamada criativa informando a listagem dos jogadores italianos e desejou uma feliz viagem. A lista, reproduzindo a posição dos jogadores em campo na distribuição dos assentos de um avião, mostrava a confiança na vitória germânica no jogo de ontem pela Eurocopa. Faltou combinar com os italianos, especialmente Balotelli !

Gasto em Educação 2


Uma pesquisa que acaba de ser divulgada mostra que o problema da educação no Brasil  não é a quantidade de recursos: a qualidade do gasto é muito mais relevante.

Claudio Ferraz (PUC RJ), Diana Moreira (Harvard) e Frederico Finan (University of California) mostram em CorruptingLearning: Evidence from missing federal education funds in Brazil  um vínculo estreito entre a corrupção e o desempenho escolar do aluno brasileiro.

A figura 1, a seguir, mostra um indicativo interessante entre uma medida de corrupção e as notas obtidas no PISA. A linha reta é a relação linear existente entre estas duas variáveis: os países com maiores notas no PISA, uma prova internacional de avaliação, são os países com menores níveis de corrupção. Os alunos brasileiros tinham em 2006 uma das piores notas no PISA e o país era um dos mais corruptos da amostra (no gráfico, em destaque, BRA).

A figura 2 é mais reveladora ainda. Novamente as notas do PISA para o ano de 2006 e o volume de gastos na educação primária por criança em relação do PIB per capita. Aparentemente, países que gastam mais com educação apresentam melhores notas nos testes internacionais. É de se notar, no entanto, que o Brasil está muito longo da linha reta: os gastos do país com educação primária estão no meio termo da amostra, mas o desempenho está muito abaixo da média.

Isto significa que países com o mesmo volume de gastos que o Brasil, como o México ou a Lituânia, ou até países que gastam menos que o Brasil, como a Tailândia ou a Turquia, apresentam um desempenho melhor. A figura 3 confirma isto.

Não existe uma relação, no Brasil, entre os municípios que gastam mais em educação e o resultado nos testes de desempenho. Se isto não ocorre, o que explicaria o desempenho do país nos testes?

Pela pesquisa de Ferraz, Moreira e Finan tudo leva a crer que a corrupção possui um papel importante na explicação. Veja a figura a seguir, também retirada da pesquisa destes autores:

Na linha tracejada, o desempenho dos municípios onde não foram constatados problemas na aplicação dos recursos públicos: são os municípios “sem corrupção”. Na linha vermelha, os municípios onde ocorreram problemas no uso do dinheiro do contribuinte. Visualmente é possível notar que os alunos dos municípios onde não foram constatados problemas na aplicação dos recursos tiveram um desempenho superior aos dos lugares com problemas de corrupção.

A pesquisa destaca que não somente a corrupção é a única variável para o desempenho nos testes de desempenho. Outros fatores, como a riqueza do município, o tamanho da população  e a desigualdade de renda também são relevantes na explicação. Entretanto, os diversos testes realizados pelos autores sugerem a existência do vínculo entre aprendizagem e corrupção. Os autores arriscam as seguintes explicações: primeiro, a corrupção pode gerar atraso no pagamento dos salários dos professores; segundo, o desvio de recursos pode comprometer a construção de novas salas de aula ou a aquisição de materiais escolares; e terceiro, a corrupção pode comprometer a merenda escolar, que nas áreas carentes representa um fator importante para os alunos.

Assim, em lugar de batalhar pelo aumento nos gastos na educação, as entidades que estão realmente interessadas no futuro da educação no país deveriam lutar pelo aumento da qualidade nos gastos. 

Gastos em Educação

O congresso nacional está em fase de aprovação de uma proposta que fixa uma meta de 10% do PIB para investimento em educação pública nos próximos dez anos (vide aqui para mais detalhes).

Eis alguns dos cenários possíveis caso a proposta também seja aprovada pelo Senado:

Cenário 1 – A proposta é ignorada na prática – Corresponde a uma lei que não “pegou”, como inúmeras outras existentes no país. Isto ajuda a desmoralizar o poder legislativo. A proposta não seria implantada pelo fato de ser irreal.

Cenário 2 – A proposta é implantada com deslocamento de recursos de outras áreas – O governo cumpre a proposta, mas para isto necessita realocar recursos que atualmente são de outras áreas. O cálculo é de uma realocação de R$85 bilhões para a Educação. Aqui teremos resistência política dos outros ministros. Uma solução paliativa é outros ministérios também efetuarem gastos em educação, para serem computados no total previsto.

Cenário 3 – A proposta é implantada com aumento nos impostos – Uma solução mágica, que os governos gostam. Cria-se uma “Contribuição” para obter recursos para educação, a exemplo das existentes em outras áreas. O contribuinte, já bastante onerado, pagaria mais esta conta. Aqui existe a possibilidade de que os recursos sejam arrecadados, mas não investidos na educação.

Cenário 4 – A proposta é alterada pelo Senado ou é vetada pela presidência – O Senado promove uma redução na proposta original ou então a proposta é vetada pela presidência. No último caso, o Congresso Nacional fica com uma imagem de “bonzinho” para os grupos de pressão.

Conforme postagem a seguir, o problema não é o patamar do gasto em educação, mas a qualidade do mesmo.

Guia do Exame CPA



Acesse o Guia de perguntas frequentes para o Exame CPA

Superendividamento


Valor Econômico - 25/06
Superendividamento
Jairo Saddi, pós-doutor pela Universidade de Oxford, professor de Direito do Insper



(...)O tema do superendividamento é ainda mais relevante em razão da proposta de reforma do Código de Defesa do Consumidor (CDC) elaborada por uma comissão de juristas do Senado Federal e que, de forma minudente, trata do tema. Primeiro, é importante ressaltar que o CDC, ainda que, como afirmou o Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2591, tenha seu "valor constitucionalmente fixado, como cláusula pétrea, garantido como direito fundamental pelo Art. 5º, XXXII da Constituição Federal de 1988", causou profundas mudanças no ordenamento jurídico (e econômico) brasileiro, ampliando direitos (e o contencioso) de consumidores e fornecedores.

Nessa mesma toada, é inegável que o CDC adotou o princípio da "vulnerabilidade do consumidor" (art. 4º), reforçando a ideia de assimetria informacional entre consumidor e bancos ofertantes de crédito, e protegeu os hipossuficientes, compreendidos como a parte fraca da relação de consumo, desinformados e alvos do poder econômico dos bancos.

É ainda imperioso que exista o fortalecimento do contrato e das obrigações que foram ali assumidas

O citado projeto da comissão de juristas estabelece algumas vertentes sobre o superendividamento que valem o debate. Destacam-se os seguintes temas ali estabelecidos: "1) Proibição de promover publicidade de crédito com referência a "crédito gratuito", "sem juros", "sem acréscimo", com taxa zero ou expressão de sentido ou entendimento semelhante; 2) Para a prevenção do superendividamento, impõe a concessão responsável de crédito, em que o fornecedor, além de informar, deve aconselhar o consumidor e avaliar de forma leal as condições deste repagar suas dívidas, sob pena de redução dos juros; 3) Criação da figura do assédio de consumo, definido como pressão ao consumidor, em especial se idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada, para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, em especial se a distância, por meio eletrônico ou por telefone, ou se envolver prêmios; 4) Criação de procedimento intitulado "da conciliação em caso de superendividamento", de forma a estimular a repactuação das dívidas em audiências conciliatórias com todos os credores, onde se elabora plano de pagamento de até cinco anos para quitar as dívidas, preservado o mínimo existencial".

Enquanto a teoria da responsabilidade do banqueiro pela concessão de empréstimo é antiga na Europa, só agora está se sedimentando no Brasil (vide, por exemplo, Clarissa Costa de Lima, "Empréstimo responsável: os deveres de informação nos contratos de crédito e a proteção do consumidor contra o superendividamento" (dissertação de mestrado em Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006) e constitui um tema espinhoso. Por exemplo, o que seria ideal como "aconselhamento" de forma "leal" ao consumidor, ou será que se pode definir "assédio" ao consumidor como o esforço mercadológico de vendas? Em outras palavras, até onde vai a liberdade de iniciativa e a livre concorrência, valores tão caros à democracia e ao desenvolvimento e à legítima proteção ao consumidor?

Além disso, o grande risco de proteção ao superendividamento é literalmente acabar com o acesso ao crédito a quem mais precisa dele. Bancos, como quaisquer agentes econômicos, operam com o objetivo de lucro. Se a expectativa de oferta de crédito acabar na inadimplência, o crédito seca. Por maior que seja a necessidade de ofertar informação e responsabilidade que se pretenda outorgar ao banqueiro, é ainda imperioso que exista o fortalecimento do contrato e das obrigações ali assumidas. Como afirma Enzo Roppo, deveria haver "responsabilidade pelos compromissos assumidos, configurados como um vínculo tão forte e inderrogável que poderia equiparar-se à lei: os contratos legalmente firmados têm força de lei para aqueles que os celebraram" (Enzo Roppo, O contrato (Trad. Ana Coimbra e M. Januário C. Gomes. Coimbra: Almedina, 1988, p. 34-35). O que se pode perceber pelo horizonte vislumbrado é que o debate sobre o assunto está apenas começando.

Qualidade do lucro

EARNINGS QUALITY: ANÁLISE EMPÍRICA DOS ACCRUALS CONTÁBEIS APLICADA AO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO

O lucro é utilizado como fonte principal dos usuários de informações contábeis. Assim, a qualidade do lucro tem relevância no cenário nacional, principalmente no auxílio ao processo decisório. Nesse sentido, o artigo busca verificar a relação entre os níveis de accruals (proxy para qualidade do lucro) e fluxos de caixa de empresas brasileiras, baseando-se na premissa de que maiores accruals acompanhados pormaiores lucros sugerem baixa qualidade dos mesmos. Para isso, foi utilizada estatística descritiva e regressão linear simples. Os resultados indicam que os aumentos nos lucros, acompanhados de aumentos nos accruals sugerem baixa earnings quality. Foi observado, ainda, que empresas com grandes accruals apresentam uma relação inversa com os fluxos de caixas e, também, lucros elevados. Esses resultados sugerem que os valores podem estar sendo influenciados por manipulação dos componentesdiscricionários dos accruals.

Isabel Cristina Henriques Sales, Pedro Henrique Duarte Oliveira, Luciana Miyuki Ikuno, Rodrigo Fontenelle de Araújo Miranda, Jomar Miranda Rodrigues

Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v. 17, n. 1, 2012

28 junho 2012

Rir é o melhor remédio

Gêmeos

Dias

O chefe do International Accounting Standards Board disse nesta terça-feira que é "muito importante" que os EUA adotem as normais de contabilidade internacionais e que acredita que o regulador deve tomar logo uma posição sobre a possibilidade de adotá-las para as empresas estadunidenses.

Hans Hoogervorst disse acreditar que a Securities and Exchange Commission provavelmente irá adotar os padrões globais conhecidos como International Financial Reporting Standards, ou IFRS.

"Agora estamos ouvindo que é uma questão de semanas, senão de dias", disse ele, falando na conferência do The Wall Street Journal em Washington. "Precisamos que os EUA esteja à bordo para ser um padrão verdadeiramente global e eu realmente aprecio a experiência da SEC também."


Fonte: Aqui

Frase

O italiano Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS), fundado em 1472 e considerado o banco mais antigo do mundo [em funcionamento], anunciou nesta terça-feira que pedirá uma nova ajuda ao Estado italiano de 1,5 bilhão de euros e que fechará várias agências e demitirá funcionários para poder equilibrar seus balanços.

Banco mais antigo do mundo pedirá ajuda de 1,5 bi de euros à Itália

O balanço não é por definição equilibrado?

Corrupção e Contabilidade

Ao longo dos últimos anos a palavra contabilidade (além de auditoria e contador) está cada vez menos associada a notícias de corrupção. Em 2005 o número de vezes que estes termos apareciam em notícias vinculadas à corrupção chegou perto de 4 mil vezes. Entretanto, neste ano tivemos o noticiário sobre o "mensalão". A partir de 2009 a redução foi substancial (um pouco acima de 1200 textos), sendo 2010 o ponto mínimo no período (570 textos).

Estar associado com este tema é sempre ruim para a profissão. Mas pode ser positivo, quando a contabilidade é um instrumento de combate à corrupção, o que geralmente não é o caso da maioria das matérias.