Precisando estudar para prova. Procrastinação
16 março 2021
15 março 2021
VPL e Impairment
No recente caso julgado pela CVM sobre o teste de impairment na Petrobras, um ponto foi discutido era a análise feita pela área interna, sobre o investimento a ser realizado pela empresa, e o teste de impairment. Especificamente, a discussão centrou no fato de que a área responsável pela decisão de investimento, no início do milênio, usou uma taxa de desconto para analisar a decisão de colocar recursos na Comperj e na Refinaria Abreu e Lima que era diferente daquela usada no teste de impairment.
Na realidade, as decisões de VPL e o teste de impairment estão vinculados, mas não se confundem. Espera-se usar o valor presente líquido como critério de decisão de investimento antes da decisão. Após a decisão de investimento, o VPL deveria focar nos fluxos futuros de caixa. O teste de impairment deve analisar os ativos da empresa sob a ótica de geração de caixa futuro - valor em uso - ou sob a forma de venda - valor de troca, comparando com o valor contábil - valor histórico, em alguns casos.
Muitas vezes uma decisão ruim pode não passar pelo crivo do VPL, mas não significa, necessariamente, que deva produzir uma perda em razão do teste de impairment.
Eis um exemplo numérico onde isto fica mais claro. Uma empresa faz a análise de aquisição de uma máquina no valor de $300, com vida útil de dez anos, sem valor residual. Esta máquina irá gerar um caixa de $48 por ano e a taxa de desconto é de 10%. Ao fazer a análise da decisão de investimento, a área técnica calculou que a máquina terá um retorno um pouco maior que 6 anos. Mas a taxa interna de retorno é de 9,61%, indicando que a aquisição não passa no critério técnico da empresa.
[O valor da taxa interna de retorno pode ser obtido em uma planilha Excel com o seguinte comando: =TIR(-300;48;48;48;48;48;48;48;48;48;48)].
Ao calcular o valor presente líquido, o resultado é negativo, com um valor de -5,06.
[O cálculo no Excel é feito da seguinte forma: =VPL(10%;48;48;48;48;48;48;48;48;48;48)-300]
Ou seja, a empresa não deveria comprar a máquina. Mas muitas vezes a gestão de uma empresa não segue as indicações da área técnica, e toma decisões sem levar em consideração seus cálculos. Vamos imaginar que no dia 1o. de janeiro, a administração da empresa decidiu comprar a máquina, mesmo existindo uma análise técnica em sentido contrário.
Ao final do ano, é feito o teste de impairment da seguinte forma:
1) Calcula o valor de troca - vamos admitir, para simplificar, que este seja igual ao valor contábil.
2) Determina o valor em uso - usando os dados estimados, a máquina irá gerar um fluxo de caixa de $48 para os próximos nove anos. O valor presente será então de 276,43, admitindo a mesma taxa de desconto.
3) Estima o valor contábil. A máquina foi adquirida por $300 e tem vida útil de 10 anos. Isto corresponde a uma depreciação de 30 por ano. O valor contábil será de $270.
Uma vez que o valor em uso é maior que o valor contábil, não haverá redução do valor do ativo. O que ocorreu aqui? Parte do problema da decisão tomada pela empresa foi para o resultado através da depreciação. O teste de impairment não revelou a decisão ruim que foi realizada pelos gestores no passado.
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Dois novos dados sobre a questão da sustentabilidade
Duas informações em um artigo do Accounting Today mostra o interesse pelo tema da sustentabilidade.
(...) a Fundação IFRS divulgou recentemente uma primeira análise de alguns dos resultados que recebeu durante o período de consulta. “Eles compartilharam que receberam 576 cartas de comentários, um pouco de interesse, o que era de se esperar”, disse Parham. “Essas respostas indicaram uma demanda crescente e urgente para melhorar a consistência global e comparabilidade nos relatórios de sustentabilidade, realmente reforçando o que a IFRS [Fundação] havia descoberto naquele exercício de força-tarefa. E também observaram uma demanda para que a Fundação IFRS desempenhe um papel. Mais uma vez, isso foi consistente com o que a força-tarefa descobriu em sua investigação preliminar sobre o problema. ”
Produtividade da pesquisa em Finanças durante os tempos da pandemia
O gráfico foi construído através de uma pesquisa com os membros da AFA, a associação dos EUA de finanças. A produtividade foi considerada muito pior, especialmente para as mulheres (parte esquerda do gráfico, sendo a barra mais escura as mulheres). Poucos consideraram que a pandemia melhorou a produtividade.
14 março 2021
Normas do setor público e IFRS
No mundo ideal, as normas contábeis do setor público deveriam ser equivalentes as do setor privado. Mas há diversas razões para isto não ocorrer (recomendo a leitura do capítulo Setor Público do livro de Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva, 4a. ed).
A figura abaixo é o resumo destas diferenças. Obtido de um relatório do IFAC, nos trechos azuis é onde não existe convergência.
Ainda o aeroporto do México
O governo anterior do México decidiu construir um imenso aeroporto na cidade do México. O aeroporto, localizado em Texcoco, foi cercado de controvérsias, seja de natureza ambiental, seja em relação ao tamanho do seu orçamento. Durante as eleições presidenciais, o candidato Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, defendeu a interrupção das obras e uma investigação sobre os valores já pagos e a serem pagos. Eleito, Amlo realmente paralisou as obras e fomentou uma investigação.
Acontece que o cancelamento de uma obra possui custo e este seria também a situação do aeroporto. O governo mexicano fez um cálculo para tomar sua decisão. Em fevereiro, um relatório de um auditor especial do legislativo fez uma estimativa e chegou a um valor três vezes maior: 331 bilhões de pesos ou quase 90 bilhões de reais. E logo depois foi destituído do cargo.
O governo mexicano negou pressão para destituir o auditor. O profissional defendeu seus números, afirmando que trata-se da metodologia onde se usa os custos contábeis e econômicos:
“la Auditoría utilizó una metodología económica, que observan los costos económicos y no solo los contables” [sic]
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Tributos na Europa
A União Europeia tomou medidas para tentar extrair mais impostos de algumas empresas que utilizam paraísos fiscais. Segundo o The Guardian, as medidas obrigam as empresas multinacionais a evidenciar os impostos pagos em cada um dos estados membros do bloco e nos paraísos fiscais.
Esta evidenciação poderá esclarecer como empresas como Apple, Facebook e Google conseguem reduzir sua carga tributária, através da transferência de lucros de países como França e Alemanha, para países como Irlanda, Luxemburgo e Malta.
A norma foi proposta há cinco anos e o próximo passo é ampliar o alcance para todos os países, não somente os países que compõe a Comunidade. Votaram contra a medida os seguintes países: Alemanha, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Suécia, República Tcheca, Hungria e Chipre. Votaram a favor: Eslovênia, Áustria, Finlândia, Grécia, Dinamarca, Estônia, Romênia, Polônia, Holanda, Itália, Espanha, França, Bulgária e Bélgica.
A regra terá validade para empresas com faturamento anual acima de 750 milhões de euros.
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13 março 2021
Musk e a rede social
No passado, o executivo Elon Musk disparou algumas mensagens no Twitter que provocaram uma reação do regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos. A SEC fez um acordo com Musk, que deveria ser mais contido nas suas mensagens.
Na semana passada, um investidor entrou com queixa contra Musk e o conselho da empresa para assegurar o cumprimento do acordo. Conforme a queixa, Musk fez várias postagens no Twitter que provocaram uma alteração no preço da ação da empresa. No dia 1o. de maio de 2020, Musk escreveu uma mensagem dizendo que o preço da ação esta alto demais. Isto provocou uma queda de 13 bilhões no valor de mercado da empresa.
O processo mostra como mensagens de executivos em rede social pode ter uma relevância cada vez maior; isto tem influência sobre o trabalho do setor responsável pela divulgação de divulgação de informação ao mercado. O caso de Musk mostra que isto nem sempre funciona. No caso dele, seu grande número de seguidores e o fato de ser um executivo sinônimo da empresa potencializa o efeito de uma mensagem em rede social.
Imposto, custo histórico e valor de mercado
Eis a notícia:
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 12, que o governo deve anunciar uma medida que vai permitir cobrar no Imposto de Renda uma taxa pela valorização dos imóveis declarados. Em live do site Jota, o ministro defendeu que é melhor atualizar os preços dos imóveis regularmente e pagar "extraordinariamente" cerca de 3% a 4% do valor do que pagar 15% de Imposto de Renda sobre Ganho de Capital apenas quando for feita a venda do bem.
Em termos contábeis, o ministro está defendendo o abandono do custo histórico para um valor de mercado. O problema óbvio que surge é como calcular este valor. Isto talvez seja muito complexo para o sistema tributário brasileiro. Outro ponto é como fazer com quem sofreu desvalorização do seu imóvel, depois do bem ter sido valorizado para fins tributários.
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Rir é o melhor remédio
Este é um Rir diferente. O Good Fortune Burger, de Toronto, Canadá, mudou o nome dos sanduíches
para nomes relacionados com "artigos para escritório". Com isto, a pessoa pode incluir mais facilmente sua conta no relatório de despesa da empresa. Alguém pode questionar uma batata fritas com parmesão, mas não um CPU Wireless Mouse.
12 março 2021
Investir em Bitcoin faz sentido
Um texto do Accounting Today deixa claro que a decisão de investimento em Bitcoin, por parte de uma empresa, pode trazer, na contabilidade, a volatilidade, em caso de perda, mas o custo histórico, em caso de ganho. Ou seja, investir em bitcoin traz todas as desvantagens, mas nenhuma das vantagens. Isto em termos contábeis.
Recentemente, a Tesla anunciou que irá comprar 1,5 bilhão na moeda digital e irá aceita como forma de pagamento. Faz sentido? É preciso cuidado aqui.
Nos Estados Unidos, o bitcoin é considerado um ativo intangível. Na aquisição, registra o valor pelo custo histórico. Se o preço subir, isto não irá aparecer no balanço. Mas se cair, isto deverá ser registrado.
Auditoria de algoritmos
Por mais de uma década, jornalistas e pesquisadores têm escrito sobre os perigos de depender de algoritmos para tomar decisões pesadas: quem é preso , quem consegue um emprego, quem consegue um empréstimo - mesmo quem tem prioridade para vacinas COVID-19.
(...) A grande questão desde então: como resolvemos esse problema? Legisladores e pesquisadores têm defendido auditorias algorítmicas, que dissecariam e testariam algoritmos para ver como eles funcionam e se estão cumprindo seus objetivos declarados ou produzindo resultados tendenciosos. E há um campo crescente de firmas de auditoria privadas que pretendem fazer exatamente isso. Cada vez mais, as empresas estão recorrendo a essas empresas para revisar seus algoritmos, principalmente quando enfrentam críticas por resultados tendenciosos, mas não está claro se essas auditorias estão realmente tornando os algoritmos menos tendenciosos - ou se são simplesmente boas relações públicas.
É uma discussão importante. Uma das profissionais citadas no texto é Cathy O ' Neil, autora de Algoritmos de Destruição em Massa. (Ela também foi palestrante TED)
Sobre o efeito Dunning-Kruger
O efeito Dunning-Kruger é uma das pesquisas comportamentais mais citadas. Inicialmente a pesquisa venceu o IgNobel, mas posteriormente foi levada a sério, sendo usada para explicar muitas coisas. Um texto da McGill tenta desfazer um pouco do mito do efeito Dunning-Kruger. Eis um trecho interessante:
O erro mais importante que as pessoas cometem sobre o efeito Dunning-Kruger, de acordo com o Dr. Dunning, tem a ver com quem é vítima dele. “O efeito é sobre nós, não sobre eles”, escreveu-me ele. “A lição do efeito sempre foi sobre como devemos ser humildes e cautelosos conosco.” O efeito Dunning-Kruger não tem a ver com pessoas burras. É principalmente sobre todos nós, quando se trata de coisas nas quais não somos muito competentes.
Em poucas palavras, o efeito Dunning-Kruger foi originalmente definido como um viés em nosso pensamento. Se eu sou péssimo em gramática inglesa e recebo ordens para responder a um questionário testando meu conhecimento da gramática inglesa, esse viés em meu pensamento me levaria, de acordo com a teoria, a acreditar que obteria uma pontuação mais alta do que realmente teria. E se eu for excelente na gramática do inglês, o efeito dita que eu provavelmente subestimaria um pouco o quão bem eu faria. Posso prever que obteria uma pontuação de 70%, enquanto minha pontuação real seria de 90%. Mas se minha pontuação real fosse de 15% (porque sou péssimo em gramática), poderia pensar mais de mim mesmo e prever uma pontuação de 60%. Essa discrepância é o efeito, e acredita-se que seja devido a um problema específico com a capacidade de nosso cérebro de avaliar suas habilidades.
11 março 2021
Conclusões de experimentos são válidas
Um dos principais métodos de pesquisa em finanças comportamentais, o experimento, teve sua validade testada e aprovada. Um artigo do American Economic Review deste ano (vol. 111, n. 2, fevereiro, 2021) Erik Snowberg e Leeat Yariv verificaram se experimentos possuem validade. Para isto, eles testaram o comportamento humano de alunos versus outras populações e a conclusão é que os resultados são confiáveis.
Os experimentos de laboratório têm algumas vantagens importantes, permitindo aos pesquisadores coletar grandes quantidades de dados em um ambiente totalmente controlado pelos pesquisadores. Mas os críticos argumentaram que as pessoas no final da adolescência e início dos 20 anos provavelmente fazem escolhas diferentes da população em geral. Além disso, há dúvidas sobre se os participantes do laboratório se comportam de maneira diferente no laboratório do que em outros ambientes e se há algum viés de seleção com os alunos que se inscrevem para esses estudos. (...)
O ambiente em que a pesquisa foi administrada também não pareceu importar. Yariv e Snowberg convidaram quase 100 alunos do Caltech para responder à pesquisa novamente, mas desta vez em um laboratório. Novamente, suas respostas foram virtualmente idênticas às fornecidas fora do laboratório.
Concentração de citações
Uma análise de mais de 26 milhões de estudos científicos publicados por mais de 4 milhões de pesquisadores entre 2000 e 2015 descobriu que, em 2015, os 1% dos autores mais citados representavam 21% de todas as citações.
Essa desigualdade de citações tornou-se mais extrema com o tempo, e a participação de cientistas nos Estados Unidos nas citações está caindo.
(...) Nielsen e Andersen também encontraram uma diminuição na participação de citações dadas a artigos de autoria dos Estados Unidos e um aumento nas citações de artigos de autoria da Europa Ocidental e Australásia. As maiores concentrações de pesquisadores de 'elite de citações' estavam na Holanda, Reino Unido, Suíça e Bélgica.
Um problema da pesquisa é que os autores só levaram em consideração os pesquisadores que tinham mais de cinco publicações na base de dados. Mas esta limitação é compreensível, já que a qualidade dos dados pode piorar.


















