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25 agosto 2025

Mensuração dos custos climáticos torna-se mais sofisticada

Na medida em que a sociedade se interessa pelo impacto ambiental das mudanças recentes na Terra, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para estimar os custos climáticos. O LiDAR é uma dessas tecnologias.

Basicamente, a tecnologia — cuja sigla vem de Light Detection and Ranging — mapeia o solo com laser de alta resolução, por meio de drones e aeronaves, comparando imagens antes e depois dos eventos para identificar mudanças, mesmo que sutis, na superfície. Assim, os danos são quantificados mais rapidamente e com maior precisão do que pelas imagens de satélite.

No caso de Los Angeles, em janeiro de 2025, a tecnologia estimou a destruição de 16 mil estruturas, com perdas calculadas em 60 bilhões de dólares.

(Parabéns para o blogueiro, que não fez nenhum trocadilho do Lidar) 

Executiva mulher dura menos no cargo

Do Estado de S Paulo


(...) a pesquisa “Índice Global de Rotatividade de CEOs”, mapeamento global da consultoria especializada em lideranças Russell Reynolds com profissionais de 25 países, incluindo o Brasil. As informações do estudo, lançadas em julho, retratam a observação e a avaliação de 1.142 transições de gestores e gestoras de empresas de capital aberto nos últimos sete anos.

Segundo os dados mais recentes, no primeiro semestre de 2025, as mulheres representaram somente 9% das nomeações para CEO e contabilizaram apenas 11% entre os presidentes nomeados em todo o ano de 2024.

Os homens, uma vez nomeados, costumam permanecer na presidência por aproximadamente oito anos, enquanto as executivas permanecem por cerca de cinco anos, conforme a média observada desde 2018.

O resultado ocorre tanto quando a empresa vai bem, ou quando vai mal. Enquanto a demissão corresponde a 24% da saída dos homens, o percentual é de 32% nas mulheres.  

Eis a fonte: Ferreira, Shagaly. Gestão de mulher como CEO de empresa dura  anos a menos, 21 de agosto de 2025. Imagem aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

24 agosto 2025

História da contabilidade: balanço da Estrada de Ferro D. Pedro II

 Se um balanço de um banco parece tímido para os dias de hoje, o mesmo não se pode dizer do balanço da Estada de Ferro D. Pedro. Estamos no ano de 1860, logo no início do ano, dia 14 de Janeiro, quando é publicado no Correio Mercantil mais de uma página do relatório da empresa. Um print das duas páginas, para se ter uma noção da quantidade de informações, boa parte um descritivo das atividades:

Eu deixei marcado o trecho onde se encontra a informação do relatório do segundo semestre de 1859. Isto quinze dias depois de encerrado o semestre. Das sete colunas da primeira página, quase quatro são informações da empresa. Agora a página seguinte:

Aqui já aparece informações em quadros. Há dados físicos - carga transportada, por exemplo, e financeiros. O mais importante é a relação receita e despesa:

A apresentação é mensal e por tipo de receita e tipo de despesa. 
 

História da contabilidade: balanço do Banco do Brasil

 Eis que no dia 8 de janeiro de 1860, no Correio Mercantil, encontro publicado o balanço do Banco do Brasil:

Algumas observações: 

1. O balanço é de "dezembro de 1859". Ou seja, foi publicado oito dias depois da data de fechamento. Aqui tem um erro teórico, pois deve ser o balanço de 31 de dezembro de 1859 e não dezembro.

2. No ativo, há o caixa das filiais de São Paulo e Ouro Preto

3. Além do caixa, tem-se as barras de ouro

4. Era uma instituição bem capitalizada, com um capital que correspondia a quase 45% do ativo. 

 

História da contabilidade: Profissional não especializado

A ideia de que um profissional qualquer deve ser especializado em algo parece normal nos dias de hoje. Um contador faz a contabilidade, mas provavelmente conhece muito mais uma subarea, como auditoria ou tributos.

No passado, um trabalhador fazia de tudo um pouco. E a ausência da especialização abria mais possibilidades. Eis um anúncio que achei no Correio Mercantil de 8 de janeiro de 1860:

Cuida da saúde, inclusive homeopatia, pode gerir uma fazenda, fazer escrituração e outras coisas mais. 
 

Há espaço para pesquisa qualitativa?


Eis parte do resumo:

Foram analisadas 522 teses, das quais 364 utilizaram a estratégia de pesquisa quantitativa, o que corresponde a cerca de 70% das teses analisadas. Ainda, 114 teses utilizaram a estratégia qualitativa (cerca de 22% das teses analisadas) e 44 teses utilizaram a estratégia mista (cerca de 8% das teses analisadas). Assim, notou-se a maior procura pela estratégia quantitativa, desproporcional às demais e com incremento nos últimos anos, reforçando a ideia de formação de “ilhas” de conhecimento ou “tribos” de pesquisadores. Pode-se também inferir que tal predileção tem conexão com a ideia de produtivismo acadêmico. 

Faz sentido, já que a abordagem quantitativa é mais objetiva e direta. A pesquisa qualitativa, por sua vez, é de fato mais complexa. No entanto, percebe-se uma insatisfação por parte dos avaliadores: para eles, nada parece estar suficientemente adequado para merecer aprovação. Imagem aqui

IPO da Aramco, seis anos depois

As ofertas públicas iniciais costumam ser eventos extravagantes. Mas, mesmo para os padrões hiperbólicos desse tipo de operação, com banqueiros desesperados para despertar interesse, a família real saudita foi além quando colocou à venda ações da gigante do petróleo Aramco. Só que não funcionou na época — e não está funcionando agora.

N


a véspera do IPO de 2019, um dos mais altos membros da realeza saudita advertiu que “aqueles que não subscrevessem” a oferta ficariam “roendo os dedos” de arrependimento. A avaliação de US$ 2 trilhões buscada pelos sauditas se materializaria “em poucos meses”. A mensagem era clara: compre agora ou fique de fora.

Wall Street não comprou — e não perdeu nada com isso. Nos últimos cinco anos e meio, as ações da Aramco tiveram desempenho inferior ao de todos os concorrentes. Hoje, a empresa recorre a dívidas para bancar seus dividendos; suas ações caíram ao menor patamar em cinco anos, e o volume negociado está em queda — um sinal de que investidores locais e estrangeiros estão evitando o papel.

Saudi Aramco Gets Wall Street’s Thumbs Down — Again — Javier Blas - Bloomberg.  

Na época, o blog acompanhou de perto a questão contábil da IPO da Aramco. Era uma empresa boa, por ser monopólio. Não parecia ser necessário captar dívida para pagar dividendos. 

Contabilidade e um mundo tomado por convicções e não fatos


No final de 2024, um episódio trágico marcou o setor de saúde norte-americano: o CEO da UnitedHealthcare foi baleado em Nova Iorque, a caminho de uma conferência de acionistas. Cinco dias depois, a polícia prendeu um suspeito que carregava consigo um manifesto contra o sistema de saúde. De acordo com as investigações, ele teria agido movido pela crença de que o setor é parasitário e dominado pela ganância. Hoje, aguarda julgamento, podendo inclusive enfrentar a pena capital.

Mas, e a contabilidade? Se de fato foi o autor do crime, parece não ter sequer olhado as demonstrações financeiras da UnitedHealthcare. O grupo liderado pela vítima registrava uma margem líquida de 6,11% — um resultado modesto dentro do mundo corporativo. Outras empresas do setor operam com margens até menores. Os números, frios e objetivos, narram uma realidade muito diferente daquela construída na mente do suspeito.

O episódio revela algo incômodo: ainda que a contabilidade se esforce em mostrar a realidade econômica, sua linguagem raramente convence quem já está tomado por convicções.

Imagem: aqui 

Lições que podemos aprender com as fraudes


Segundo Tim Harford são: 

A realidade física importa – não basta olhar as demonstrações contábeis que trazem a representação de uma realidade física, mas olhar a realidade física por si mesma. Há um exemplo clássico de Tino DeAngelis, que dava como garantia o óleo de soja que tinha no estoque. Estava tudo registrado nas demonstrações e o banco aceitou a garantia. Por via das dúvidas, o banco mandou alguém fiscalizar a existência do produto. Nos tanques, um filete de óleo boiando no topo e água na parte de baixo. A instituição deixou de olhar além da demonstração e além da superfície do tanque.

Desconfiar das apostas – Quando alguém oferece uma aposta para você, desconfie se ele já não sabe a resposta. O exemplo de Harford é de um musical, em que uma pessoa aposta com outra que um restaurante vende mais strudel que cheesecake. Se a aposta está sendo oferecida, é porque já se sabe a resposta. Se um mágico pede para você escolher uma carta e retira uma carta do baralho sem olhar, a chance de sua carta não é 1 em 52. É o que o mágico deseja.

Aprendemos muito observando as falhas e os detalhes – Alguns países perceberam que muitos negócios estão na ilegalidade não pela vontade dos donos, mas porque o sistema de registro de uma empresa e suas obrigações é tão complexo que desanima o processo de andar dentro das normas. Esses países reduziram a burocracia como uma medida de incentivo para a economia.

Imagem aqui 

Mapa Mundi Histórico Online

 No site OldMapsonline nós temos um instrumento didático e interativo bem interessante:

Na figura, posicionei o tempo em 1800, na região da América do Sul. Escolhi a opção Rulers, que define os governantes. Nesse período, a então colônia do Brasil era governada por José Luis de Castro, vice-rei nomeado. O mapa mostra a fronteiro do país naquele momento, algumas pessoas importantes e batalhas que ocorreram no ano. 

Clicando no nome de José Luis, uma pequena bibliografia. E eis o mapa da Europa em 1493, um ano antes da publicação da Summa:

Veneza era governado por Barbarigo e o Papa Alexandre VI era o líder da igreja Católica. 

23 agosto 2025

Efeito rede e dificuldade de sair das mídias sociais


As mídias sociais têm efeitos de rede poderosos: quanto mais pessoas estão em um serviço, mais valioso ele se torna. Mas isso cria um problema de aprisionamento: sair significa abandonar seus amigos, sua comunidade e seus clientes.

Cory Doctorow 

 

Rir é o melhor remédio

O que motiva você ser um auditor? Eu sempre fui apaixonado em encontrar os erros dos outros
 

22 agosto 2025

Maiores remunerações de atletas por modalidade esportiva

A tabela mostra as maiores remunerações anuais de atletas por modalidade esportiva, em 2025. 

Em razão da audiência de cada esporte, dos contratos de TV e dos patrocínios corporativos, alguns atletas ganham realmente um salário elevado. A maior remuneração é do português Cristiano Ronaldo, com impressionantes US$ 234 milhões. Muito distante, Shai Gilgeous-Alexander, do basquete, com US$ 71,25 milhões, e Shohei Ohtani (MLB), com US$ 70 milhões.  

ChatGPT no exame de suficiência

Eis trecho da pesquisa: 

A pesquisa analisou o desempenho do ChatGPT na resolução de questões relacionadas ao Exame de Suficiência em Contabilidade nos períodos de 2023/1 e 2023/2. (...) Os resultados revelaram que as questões práticas resultaram em erros quando respondidas pela inteligência artificial. Esses erros foram principalmente atribuídos a interpretações inadequadas, falta de análise das informações e limitações no conhecimento contábil, o que resultou, por exemplo, no uso incorreto de fórmulas. A inteligência artificial demonstrou limitações no conhecimento técnico contábil, refletindo-se em um índice de precisão de apenas 46%. 

(Eu não consegui localizar a versão do GPT usada e isso pode ter contribuído para uma precisão tão baixa, contrário do que eu esperava.)

21 agosto 2025

Frase


uma análise bombástica do MIT sobre projetos-piloto de IA em ambientes corporativos, que constatou que 95% das implementações empresariais estão atualmente fracassando.

Fonte: aqui 

Excesso de escolha na compra online

Veja que curioso:

Um estudo de campo (via aqui) em larga escala, que analisou a experiência de mais de 1,6 milhão de consumidores, revelou que, no ambiente do comércio eletrônico, oferecer duas opções é o ponto ideal para maximizar conversão de interesse em compras. O aumento para três ou quatro recomendações, mesmo que pareça uma forma de ampliar a atratividade, gerou efeito oposto: a probabilidade de busca e de compra caiu de forma significativa. Esse fenômeno é explicado pelo conceito de sobrecarga de escolha (choice overload), em que o excesso de alternativas leva o consumidor à paralisia ou à desistência.

Os resultados mostraram que esse efeito foi mais intenso em categorias de produtos de maior preço, bem como em beleza, eletrônicos e alimentos, sugerindo que, em contextos de maior risco financeiro ou de satisfação pessoal, os consumidores ficam mais vulneráveis ao arrepentimento antecipado — o receio de tomar a decisão errada. Curiosamente, o impacto foi menor em setores como vestuário e acessórios, onde fatores subjetivos de estilo e gosto pessoal podem tornar a multiplicidade de opções menos opressiva.

O estudo reforça que menos pode ser mais: limitar as alternativas apresentadas não apenas reduz a ansiedade do comprador, mas também melhora as taxas de conversão e a experiência geral no comércio digital. 

O assunto não é novo. Em 2004 foi lançado um livro que trata do assunto: The Paradox of Choice: Why More Is Less”, de Barry Schwartz. Muito bom, vale a pena a leitura para quem interessou pela pesquisa:


 

Random Forrest no trabalho do auditor

O resumo: 


 Diante da incerteza econômica global, a auditoria financeira tornou-se essencial para a conformidade regulatória e mitigação de riscos. Os métodos tradicionais de auditoria manual estão cada vez mais limitados pelos grandes volumes de dados, estruturas empresariais complexas e evolução das táticas de fraude. Este estudo propõe uma estrutura de auditoria financeira empresarial orientada por IA e de identificação de alto risco, utilizando aprendizado de máquina para melhorar a eficiência e a precisão. Com um conjunto de dados das quatro grandes firmas de auditoria (EY, PwC, Deloitte, KPMG) de 2020 a 2025, a pesquisa examina tendências em avaliação de risco, violações de conformidade e detecção de fraudes. O conjunto inclui indicadores como número de projetos de auditoria, casos de alto risco, instâncias de fraude, violações de conformidade, carga de trabalho dos funcionários e satisfação dos clientes, capturando tanto os comportamentos de auditoria quanto o impacto da IA nas operações. Para construir um modelo robusto de predição de riscos, três algoritmos — Support Vector Machine (SVM), Random Forest (RF) e K-Nearest Neighbors (KNN) — são avaliados. O SVM usa otimização de hiperplanos para classificações complexas, o RF combina árvores de decisão para lidar com dados não lineares e de alta dimensionalidade com resistência ao overfitting, e o KNN aplica aprendizado baseado em distância para desempenho flexível. Por meio de validação cruzada hierárquica K-fold e avaliação com F1-score, acurácia e recall, o Random Forest alcança o melhor desempenho, com F1-score de 0,9012, destacando-se na identificação de fraudes e anomalias de conformidade. A análise de importância das variáveis revela frequência de auditorias, violações anteriores, carga de trabalho dos funcionários e avaliações dos clientes como principais preditores. O estudo recomenda a adoção do Random Forest como modelo central, com aprimoramento de variáveis via feature engineering e implementação de monitoramento de riscos em tempo real. Esta pesquisa traz contribuições valiosas sobre o uso de aprendizado de máquina para auditoria inteligente e gestão de riscos em empresas modernas.

Transformando o abstract de um artigo em um clip de música

Obviamente não é uma proposta "séria". Mas aqui uma amostra de um resumo de um artigo científico sendo "transformado" em um videoclip. (via aqui)


 

Wikipedia x IA


Jimmy Wales, o fundador da Wikipedia, acredita que a enciclopédia padrão da internet — e um dos maiores repositórios de informação do mundo — poderia se beneficiar de algumas aplicações de IA. Os editores voluntários que mantêm a Wikipedia em funcionamento discordam fortemente dele.

O debate contínuo sobre a incorporação de IA na Wikipedia em diferentes formas ressurgiu em julho, quando Wales publicou em sua página de usuário na Wikipedia uma ideia sobre como a plataforma poderia usar um modelo de linguagem de grande porte como parte do processo de criação de artigos.

Como usuário da enciclopédia - e no passado, por breves momentos, criador de artigos - sou contra a proposta, se envolver a criação de conteúdo. É uma garantia contra a alunicinação dos mecanismos de Inteligência Artificial. Mas quando refletimos mais, é muito difícil de manter longe do instrumento, já que as "fontes primárias" estão usando a IA para criação dos textos: artigos de jornais, pesquisas acadêmicas etc. Como garantir a qualidade?  

Fonte da notícia: aqui 

Mas antes postamos que a Wikipedia tinha recuado, depois de criarem um projeto neste sentido.

Ambiente e IA: dados de consumo não são alarmantes

Um dos pontos controversos da Inteligência Artificial refere-se ao consumo de energia do seu uso. Já postamos isto anteriormente no blog (aqui, aqui, aqui, por exemplo). Agora, o Google anuncia não somente o valor do consumo de cada consulta, como também a metodologia usada. A informação foi obtida via MIT Technology Review 


O Google acaba de divulgar um relatório técnico detalhando quanta energia seus aplicativos Gemini utilizam em cada consulta. No total, o prompt mediano — aquele que se encontra no meio da faixa de demanda energética — consome 0,24 watt-hora de eletricidade, o equivalente a ligar um micro-ondas padrão por cerca de um segundo. A empresa também forneceu estimativas médias para o consumo de água e as emissões de carbono associadas a um prompt de texto no Gemini.

É a estimativa mais transparente já divulgada por uma Big Tech com um produto de IA popular, e o relatório inclui informações detalhadas sobre como a empresa calculou sua estimativa final. À medida que a IA vem sendo mais amplamente adotada, cresce o esforço para entender seu uso de energia. Mas tentativas públicas de medir diretamente a energia usada pela IA têm sido dificultadas pela falta de acesso completo às operações de uma grande empresa de tecnologia.

20 agosto 2025

Uma crítica aos mercados de previsões

Um texto (aqui) observa que os prediction markets (mercados de previsão) estão em alta: plataformas como Polymarket e Kalshi movimentam cerca de US$ 30 milhões por dia e Kalshi possui avaliação de mercado de US$ 2 bilhões. Reguladores como a SEC e a CFTC parecem ter desistido de tentar limitar sua expansão, especialmente no que tange ao seu uso similar ao de apostas esportivas, desafiando regulamentações estaduais. Apesar de, na teoria, esses mercados agregarem informações de forma eficiente — conforme defendido por economistas como Robin Hanson —, o autor afirma que, na prática, eles não entregam previsões confiáveis e podem até representar um risco à sociedade.

Ele compara os mercados de previsão aos mercados financeiros, destacando quatro características de mercados eficientes — produtos padronizados, alta liquidez, baixos custos de transação e participantes heterogêneos — e observa que os prediction markets carecem desses elementos essenciais. Em especial, faltam hedgers naturais, ou participantes com diferentes perfis de risco, o que compromete a utilidade real desses mercados.

Sem diversidade nos agentes, os prediction markets acabam dominados por especuladores e apostadores recreativos (“noise traders”), criando uma dinâmica disfuncional, onde o único fluxo constante provém de novos entusiastas dispostos a perder dinheiro. Essa dependência de “dinheiro ingênuo” torna esses mercados vulneráveis à manipulação e incapazes de fornecer previsões robustas.


Passivo de pensões e a falta de representação fidedigna

O resumo está aqui 

Relevance and faithful representation are identified by standard-setters as fundamental qualitative characteristics for useful accounting information. We critically assess whether current pension measurement guidance under International Financial Reporting Standards (IFRS) and US generally accepted accounting principles (GAAP) results in pension measurement that achieves these characteristics. We argue that: (1) conceptual justification is inconsistent with current guidance; (2) IFRS and US GAAP provide differing justifications; and (3) existing guidance applies inconsistent measurement principles and uses principles that are inconsistent with other standards. We conclude that current guidance does not achieve representational faithfulness. Next, we introduce two alternative approaches to pension liability measurement—going concern and settlement—which use consistent measurement principles and thus are more representationally faithful than current standards. We summarize empirical evidence, suggesting that both alternative measures demonstrate stronger relevance to equity and debt investors than current measurement. We conclude by recommending that standard-setters: (1) use settlement measurement for pension liabilities; and (2) require disclosures that would enable users to re-estimate pension liabilities using different parameters that would suit their particular needs and consider the characteristics of the plans themselves. We believe that our recommendations would improve the relevance and faithful representation of pension liabilities.

Contabilidade Eleitoral

Eis um resumo da notícia:


A Comissão de Contabilidade Eleitoral do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) realizou uma reunião em 19 de agosto de 2025 para preparar a entrada em vigor da Norma Brasileira de Contabilidade Eleitoral — NBC‑TPE 01, aprovada em 2024 e que passará a vigorar em janeiro de 2026. Durante o encontro, foram debatidas estratégias para sua ampla divulgação e aplicabilidade por contadores, tanto na esfera pública quanto privada. O evento também reforçou a importância de capacitação profissional e será tema central do I Seminário Nacional de Contabilidade Eleitoral, que busca consolidar a norma como referência na prestação de contas e na transparência eleitoral.

Imagem: aqui  

Exemplo de como o interesse financeiro pode prejudicar a qualidade da informação: Rotten Tomatoes

O Rotten Tomatoes é uma das plataformas de crítica mais conhecidas do cinema e da televisão. Criado em 1998, reúne resenhas de críticos profissionais e avaliações do público, atribuindo notas que resultam no índice “Tomatometer”. Esse indicador tornou-se referência global para medir a recepção de filmes e séries, influenciando tanto a decisão de espectadores quanto o desempenho comercial de produções. Sua importância está em condensar múltiplas opiniões em uma métrica simples e acessível, permitindo rápida percepção sobre a qualidade percebida de uma obra no mercado audiovisual.

O Rotten Tomatoes é uma referência, juntamente com o ImdB. Com seu crescimento, o Rotten terminou sendo comprada pela Fandango Media. Esta empresa, por sua vez, é especializada na venda de ingressos de cinema, controlada pela NBC Universal (75%) e pela Warner (25%). A aquisição ocorreu em 2016. 

Na newsletter de Daniel Parris, de hoje, ele faz uma análise sobre o impacto da compra pela Fandango. Eis a evolução das notas do Rotten ao longo do tempo:

Veja que a média das notas, em torno de 50 a 60 entre 1998 a 2014, aumentam com o tempo e hoje estão mais próximas dos 70 do que antes. Será que os filmes melhoraram? 

Há algo adicional na análise de Parris: a correlação entre as notas dos críticos e as notas do público. É certo que nem sempre o público entrega uma nota alta para Cidadão Kane, que os críticos adoram. Mas a divergência não é tão expressiva assim, conforme o gráfico:

A correlação entre as notas, entre 0,6 e 0,8 em todos os anos, começa a cair a partir de 2016 e agora está em 0,4. O que ocorreu? Parece que não mudaram a metodologia, algo que poderia ser feito, mas poderia significar a perda de credibilidade na informação. 

Se antes de 2016 a média de críticas por filme estava entre 100 a 130, com a aquisição a Fandango ampliou o número de pessoas que opinam. E muitos dos novos "críticos" não eram provenientes de uma fonte "confiável". Ou seja, o aumento da nota dos filmes decorre da incorporação de novos avaliadores, muitos deles sem um bom preparo para tal. 

Como afirma o autor: 

Segundo uma análise da Vulture em 2023, agências de PR passaram a cortejar ativamente críticos de veículos menores para inflar as notas do Tomatometer antes do lançamento de um filme. Surgiu, aparentemente, uma espécie de “indústria paralela” voltada a recrutar não–Top Critics para garantir o selo “fresh” na fase pré-lançamento — recurso que os estúdios então usam como gancho de marketing.

O resultado: o Rotten deixou de ser confiável como fonte confiável sobre a qualidade de um filme. 

Nos anos recentes as fontes de avaliação de obras de arte foram criticadas. O Imdb, concorrente do Rotten, agiu de forma estranha no filme Pequena Sereia. O próprio Rotten já está sendo olhado com desconfiança há tempos. 

Não deixa de ser um alerta sobre a relevância da reputação na contabilidade. No primeiro capítulo de Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva recordam que as empresas de auditoria costumam afirmar que seu maior fiscalizador é justamente a reputação. Para o profissional, o simples medo de perdê-la seria suficiente para induzir atitudes de busca pela qualidade.

Apesar das críticas ao Rotten Tomatoes, a ferramenta continua sendo utilizada por falta de um substituto à altura. De modo semelhante, ainda associamos a Big Four à qualidade, mesmo quando o temor de perder reputação já não parece exercer o mesmo peso.

Nos anos 1980, a contabilidade foi sacudida pelo livro Relevance Lost, que acusava a área de ter perdido importância. A crítica dialoga com a história recente do Rotten: ambos enfrentam questionamentos sobre sua relevância, ainda que continuem sendo referências em seus campos.

 

Agosto, mês das crises


Interessante, pois agosto é um mês que dá medo:

Agosto é um ótimo momento para uma crise financeira. O colapso asiático de 1997, a crise russa de 1998, o “quant quake” de 2007, a crise das hipotecas de 2008, a crise da dívida grega em 2011 e a queda das ações chinesas em 2015 começaram ou se aprofundaram no auge do verão. No agosto passado, o índice de volatilidade conhecido como “índice do medo” de Wall Street registrou seu maior salto diário.

O culpado é uma tempestade perfeita de liquidez escassa e psicologia nervosa. Embora os computadores possam negociar sem férias, os humanos que os programam desaparecem em agosto. Gestores de portfólio que já acumularam ganhos no ano tornam-se conservadores sem seus chefes por perto para dividir os créditos — ou a culpa. Os que permanecem conectados tendem a ser menos experientes e a reagir de forma precipitada.

Como observou recentemente o The Bulwark, agosto também se tornou um “caldeirão de controvérsias” na política, quando menos pessoas estão prestando atenção, mas aquelas que permanecem estão profundamente comprometidas em amplificar o ruído diário.

Neste agosto, a lenha já está empilhada, e não faltam faíscas. O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira em Jackson Hole é um alvo tentador para o presidente Donald Trump. O mercado precificou em 85% a chance de um corte de juros no próximo mês e reagirá mal a qualquer tom mais duro. O entusiasmo com a inteligência artificial vem mascarando pontos de fraqueza corporativa enquanto as tarifas continuam a pesar. As tensões comerciais com México, Canadá e Índia fervem enquanto as tarifas corroem as margens corporativas. Pode-se pensar que 2021 foi o auge da mania dos investidores de varejo, mas isso seria um engano. Some-se os alertas de estrategistas de Wall Street sobre ações supervalorizadas e temos todos os ingredientes para outro colapso de verão. Os chefes nos Hamptons talvez queiram vigiar a loja mais de perto este ano.
 

Lizz Hoffman, Semafor Business Editor . Imagem Wikipedia

Rir é o melhor remédio

Será que é só comigo que acontece? Pelo cartoon, não. Quando vejo o celular e aparece alguém "digitando", durante muito tempo, a angústia bate. 

19 agosto 2025

Mestre em contabilidade é o novo Controlador-Geral de SP (e nosso amigo!!!)

É com muita alegria que compartilhamos uma excelente notícia: nosso querido amigo Rodrigo Fontenelle, atual Controlador-Geral de Minas Gerais, foi convidado pelo governador Tarcísio de Freitas para assumir o cargo de Controlador-Geral da Controladoria-Geral do Estado de São Paulo (CGE-SP).

Trata-se de um cargo de enorme relevância, responsável por zelar pela integridade, transparência e eficiência da gestão pública em um dos maiores estados do país. Essa nomeação reflete não apenas a confiança em sua competência técnica, mas também o reconhecimento nacional de sua trajetória dedicada ao controle e à boa governança. Mais ainda, demonstra o respeito à profissionais tecnicamente qualificados e realmente preparados para tamanha responsabilidade.

Rodrigo é mestre em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília (Programa Multi UnB/UFPB/UFRN) e chegou a iniciar o doutorado em Gestão Pública, mas optou por se dedicar integralmente à honrosa responsabilidade de liderar a Controladoria-Geral de Minas Gerais, oportunidade que surgiu na mesma época.

Além da carreira sólida e respeitada, Rodrigo é simplesmente uma pessoa ótima! Inteligente, carismático, brincalhão, camarada, bom amigo mesmo. Quem já conviveu pessoalmente com ele sabe da seriedade com que encara os desafios, mas também da leveza, estilo e bom humor que carrega consigo.

Além da minha ligação, o professor César teve a chance de ser um tanto seu mentor e dar sugestões preciosas na caminhada do Rodrigo como mestrando, trocando ótimas ideias e incentivos. Mesmo após o encerramento do mestrado, a ligação e admiração entre eles continuou então sei que falo por nós dois quando disserto com entusiasmo sobre a capacidade e carisma do Rodrigo. Para completar, o livro de auditoria escrito por ele chegou a ser, inclusive, utilizado como fonte de pesquisa para o próprio professor César, quando responsável pela parte de planejamento e orçamento na UnB. 

Olha, o Tarcísio realmente soube escolher!

Orgulho não define! Parabéns, Rods, pela merecida nomeação. Que você siga exercendo com a mesma maestria, ética e inspiração tudo aquilo a que se propõe. Vai lá e arrasa!!!

P.S. – Não poderia deixar de registrar um episódio divertido (e compartilhável, sem a equipe de compliance precisar chamar a minha atenção) do nosso mestrado: o Rodrigo foi um dos que me “trolou” porque eu comprei um Kindle em vez de um iPad (na época, lançamentos e com preços parecidos). (Você também, Glauber! 😂) Pouco tempo depois, ele mesmo me pediu o Kindle emprestado para ler um artigo de Contabilidade Avançada em pdf e ainda me deu bronca porque deixei o aparelho sem senha, o que permitiu que ele comprasse um livro na Amazon, só de brincadeira. Eu nem sabia que isso era possível! 😂


Foto do dia da defesa do Rodrigo. Da esquerda para a direita, parte superior: Rodrigo Fontenelle, Glauber Barbosa, Flavia Carvalho, Luiz Felipe Andrade, Giovanni Pacelli. Parte inferior, ao centro: Odair Corrêa e eu, Isabel Sales. Essa foto tem muito peso pesado!!!

Testando a Teoria Contábil através da Inteligência Artificial


Do blog Marginal Revolution uma proposta de Tetlock para testar teorias sociais. Eis um resumo: 

Philip Tetlock, renomado cientista social, aponta uma nova abordagem para testar grandes teorias políticas e econômicas — tradicionalmente difíceis de validar devido às condições ceteris paribus raramente observáveis no mundo real. Em vez de depender de experiências complexas e demorada, ele sugere o uso de modelos de linguagem (LLMs). A proposta envolve instruir a IA a reconstruir as perspectivas de diferentes correntes de pensamento, como o neorrealismo de Mearsheimer dos anos 1990, e testar se a IA pode reproduzir os pressupostos, hipóteses e previsões condicionais dessas escolas. O processo inclui três etapas: (1) validar se os LLMs conseguem passar por um “teste de Turing ideológico”; (2) avaliar sua capacidade de raciocinar para frente e gerar previsões de 2025 a 2050; e (3) pedir que sintetizem os melhores pressupostos e previsões das diferentes escolas, criando um observador ideal capaz de superar cada corrente de forma isolada. Essa estratégia pode acelerar a validação teórica e representar um salto em direção à inteligência super-humana em análise social. 

Fiquei imaginando se isto poderia ser aplicável na contabilidade. Minha impressão era um grande Sim, já que é uma ciência social. Optei por perguntar a própria inteligência artificial se ela era capaz de fazer isso. Lógico que respondeu com um sim. 

Veja a resposta: 

Sim, seria possível aplicar esse tipo de abordagem da Tetlock também na contabilidade, especialmente para testar e comparar grandes teorias contábeis ou pressupostos normativos e positivos.

Como funcionaria

  • Passo 1 – Reconstrução das escolas contábeis
    Um modelo de linguagem poderia ser instruído a “pensar” como diferentes escolas de pensamento em contabilidade (ex.: teoria da entidade, teoria do comando, teoria da propriedade, abordagem normativa versus positiva). Ele teria que reproduzir seus conceitos, princípios e justificativas para decisões específicas.

  • Passo 2 – Teste prospectivo
    A IA poderia ser desafiada a aplicar essas teorias a cenários futuros — por exemplo, como reconhecer passivos climáticos em 2035, como mensurar ativos digitais ou como lidar com moedas digitais dos bancos centrais. Assim, poderíamos comparar como cada teoria geraria diferentes registros contábeis ou divulgações.

  • Passo 3 – Síntese entre correntes
    A etapa final seria pedir que a IA sintetize os melhores elementos de cada escola, construindo uma “contabilidade observador ideal”, capaz de oferecer soluções mais equilibradas para dilemas contemporâneos (como sustentabilidade, valor justo ou relatórios integrados).

Benefício

Esse processo poderia ajudar a identificar lacunas nas normas atuais, explorar impactos de novas práticas e até subsidiar debates em órgãos reguladores como IASB e CPC.

Uma situação proposta seria a seguinte: Crie um exemplo sobre: se tivessemos um crise ambiental, faria sentido reconhecer o Escopo 3 das empresas? A resposta que obtive:

Ótima provocação 👌 Vamos montar um exemplo aplicado, inspirado no método de Tetlock, mas dentro da contabilidade.


Cenário

Em 2030, uma crise ambiental global provoca protestos e pressões de investidores. O debate é: empresas deveriam reconhecer contabilmente o Escopo 3 (emissões indiretas da cadeia de valor)?


📌 Escola Normativa (Princípios da Utilidade e Relevância)

  • Defende que a contabilidade deve informar usuários externos com a máxima transparência.

  • Argumenta que, como o Escopo 3 representa a maior parte da pegada de carbono de várias empresas, não reconhecer seria omitir informação relevante.

  • Proposta: criar passivos ambientais provisionados com base em modelos de precificação de carbono para toda a cadeia.


📌 Escola Positiva (Watts & Zimmerman)

  • Foca em como as empresas realmente se comportam, não no que “deveriam” fazer.

  • Diria que empresas só reconheceriam o Escopo 3 se houvesse pressão regulatória ou incentivos econômicos claros (ex.: imposto sobre carbono transferido aos fornecedores).

  • Conclusão: na prática, as companhias tenderiam a divulgar em notas explicativas em vez de reconhecer no balanço.


📌 Escola Crítica/Sociológica

  • Enfatiza que a contabilidade é também um instrumento de poder e legitimação.

  • Reconhecer o Escopo 3 seria um avanço, mas também redistribui responsabilidades: quem decide como medir as emissões da cadeia? A empresa ou o regulador?

  • Conclusão: poderia haver risco de greenwashing contábil, já que métricas imprecisas podem ser usadas para mostrar compromissos sem efetiva responsabilização.


Síntese

Uma “contabilidade do observador ideal” poderia combinar:

  • A relevância normativa (Escopo 3 é crucial para transparência),

  • O realismo positivo (reconhecimento só se vinculado a políticas de precificação do carbono),

  • E a crítica sociológica (necessidade de mecanismos de auditoria e governança para evitar manipulação).

👉 Resultado: seria plausível reconhecer Escopo 3 como passivo contingente, vinculado a cenários regulatórios e preços de carbono, enquanto se fortalece a divulgação obrigatória padronizada.

Imagem: aqui 

Painel Imaginário de Conselheiros para ajudar o profissional nas decisões difíceis

 


Criar um painel imaginário de conselheiros é uma técnica útil para ampliar perspectivas e tomar decisões difíceis. Basta pensar em pessoas ou figuras cujos valores e julgamentos você respeita — de familiares a líderes históricos como Lincoln, Buda ou Roosevelt — e se perguntar: “O que você faria?”. A diversidade de vozes torna a reflexão mais rica, pois cada conselheiro abordaria o problema de forma distinta. Essa prática lembra os 6 Chapéus do Pensamento de De Bono e os “conselheiros invisíveis” descritos por Napoleon Hill.

Na contabilidade, por exemplo, um profissional diante da dúvida se deve ou não reconhecer um passivo poderia imaginar o que um auditor rigoroso, um gestor prudente ou um acadêmico da área fariam, ampliando a análise e fundamentando melhor sua decisão.

Tipologia do torcedor


O resumo 

Esta pesquisa tem como objetivo determinar as tipologias de torcedores de basquete e verificar se as variáveis diferem de acordo com essas tipologias. A amostragem por critério, um dos métodos de amostragem intencional, foi utilizada na seleção da amostra para identificar as tipologias dos torcedores. Nesse contexto, 211 torcedores participaram do estudo. A “Escala de Tipologia de Torcedores” foi utilizada como instrumento de coleta de dados. Valores de assimetria e curtose foram examinados para verificar se o conjunto de dados era adequado à distribuição normal. Após essa verificação, utilizou-se uma análise de cluster hierárquica em duas etapas para identificar a tipologia dos torcedores, e as questões da pesquisa foram testadas com análises ANOVA e qui-quadrado.

Como resultado, determinou-se que os torcedores de basquete se dividem em três tipologias: fanáticos, clássicos e sociais. Ao analisar a distribuição dos grupos, verificou-se que a maioria (43,6%) era de torcedores clássicos, e a minoria (20,9%) de fanáticos. Torcedores hooligans com tendências violentas não apareceram neste estudo específico para o basquete. Considerando que a porcentagem de torcedores fanáticos — com médias elevadas em variáveis de comportamento e motivação para apoiar o time — é menor na distribuição de torcedores de basquete, e que os grupos clássico e social, com motivações como entretenimento e socialização em vez do apoio exclusivo ao time, são maioria, pode-se afirmar que atender às expectativas dos torcedores é um fator mais crítico para clubes de basquete do que para clubes de futebol.

A imagem obtida aqui 

Que tal uma tipologia dos profissionais de contabilidade? Fanáticos, clássicos e sociais poderia ser um bom ponto de partida.  

Dólar internacional e seu uso na contabilidade: uma proposta


O dólar internacional (também escrito como international-$ ou int-$) é uma moeda hipotética com poder de compra equivalente em qualquer país, ajustando-se tanto pelas diferenças no custo de vida entre nações quanto pela inflação ao longo do tempo

O seu uso facilita comparações internacionais de valores em diferentes moedas. Por exemplo, enquanto o PIB per capita da Índia parece quase 30 vezes menor que o dos EUA em dólares de mercado, em dólares internacionais essa diferença cai para cerca de oito vezes. A lógica da moeda é o conceito de Paridade de Poder de Compra, que já existe há mais de um século. 

A filosofia é que para comparar economias de forma justa, era preciso ajustar as moedas de acordo com o que realmente podiam comprar em bens e serviços, e não apenas pela taxa de câmbio de mercado. O conceito tem sido usado por entidades internacionais, como Banco Mundial, OCDE e ONU.  

Na contabilidade, nós usamos as taxas de câmbio de mercado. A possibilidade de usar o dólar internacional poderia, quem sabe, trazer uma visão mais fiel da capacidade de geração de valor das entidades em diferentes contextos. 

Os times de futebol mais valiosos (?) do mundo

O Real Madrid é o clube mais valioso do mundo em 2025, com avaliação de US$ 6,75 bilhões e receita de US$ 1,13 bilhão, um aumento de 2 % em relação ao ano anterior. Na sequência aparecem Manchester United (US$ 6,6 bilhões), Barcelona (US$ 5,65 bilhões), Liverpool (US$ 5,4 bilhões), Manchester City (US$ 5,3 bilhões) e Bayern de Munique (US$ 5,1 bilhões). Entre os dez mais valiosos, destacam-se seis clubes da Premier League — incluindo Arsenal, Tottenham e Chelsea — além de dois da La Liga, um da Ligue 1 e um da Bundesliga. A soma dos valores dos 30 clubes mais valiosos ultrapassa US$ 72 bilhões, com média de US$ 2,4 bilhões por club.

Mas você realmente acredita nisto? Se sim, não deveria, pois é um grande chute da Forbes.  Eis o que ela diz sobre sua metodologia:

As avaliações de equipes da Forbes são baseadas no valor empresarial (valor do patrimônio líquido mais dívida líquida), com base em transações históricas e nas projeções econômicas futuras de cada liga e cada equipe. (...) Os valores das equipes incluem a parte econômica dos estádios utilizados, mas não o valor do imóvel do estádio em si. Participações acionárias em outros ativos relacionados ao esporte e projetos imobiliários de uso misto também são excluídas.(...)

Eis a relação:



É possível notar uma clara tendência aqui. Eu destaquei na tabela acima, para facilitar. Em um grande clube europeu, a relação entre o valor e receita está entre 7,91 e 2,62. Isto seria o múltiplo, mas há uma forte variação aqui. Fora dos clubes europeus, a tabela apresenta também oito times dos Estados Unidos. Aqui a relação entre valor e receita vai de 6,67 a 11,22. Parece suspeito. 

18 agosto 2025

Trafigura, petróleo e fraude


A Trafigura no passado esteve envolvida em um esquema no Brasil onde efetuava pagamento de até US$0,20 por barril negociado com a Petrobras. A operação era oculta através de empresas de fachada e contas offshore. No final, a empresa admitiu a corrupção, pagando multa para o Departamento de Justiça dos EUA (US$127 milhões), alem de multa criminal (US$ 80,5 milhões) e confisco de lucros (US$ 46,5 milhões). 

A empresa de negociação de commodities de Cingapura divulgou, no final do ano passado, que o seu resultado líquido reduziu de 7,3 bilhões para 2,8 bilhões. O motivo foi uma perda de 1,1 bilhão por uma fraude na sua operação de petróleo na Mongólia.  


 

A queda (?) da estatística bayesiana

Eu diria, porém, que ela [a estatística bayesiana] diminuiu como participação relativa dentro da estatística. Nos últimos vinte anos, o “bolo” da estatística e do aprendizado de máquina cresceu bastante, e a fatia bayesiana também aumentou em tamanho absoluto, mas ficou menor em relação ao bolo como um todo. O que é natural. Como John afirma, a estatística bayesiana amadureceu — e eu até gostaria de levar um pouco do crédito por isso! — e deixou de ser algo tão novo e empolgante. Ainda há muita pesquisa ativa e muitos problemas em aberto (veja aqui, por exemplo), mas eu diria que o auge da Bayes ocorreu por volta de 2010, antes de os métodos bayesianos se tornarem parte do pano de fundo.

A fonte da citação acima é de Gellman 

Kodak revela problemas de endividamento


A famosa empresa Eastman Kodak, responsável pelo período áureo das máquinas de fotografia não digitais, informou que precisa de dinheiro para quitar suas dívidas. Caso contrário, deverá deixar de operar. A empresa tem uma história de 133 anos e o volume de dívidas de curto prazo chega a 500 milhões de dólares, para uma receita de 1 bilhão e ativos de 2 bilhões. 

Com 3900 empregados, a empresa, ao divulgar a informação, teve uma redução no valor das ações em 26%. 

Fraude na ciência


Um estudo publicado na PNAS revelou que a fraude científica vem crescendo com o auxílio de redes maliciosas, por meio da análise de mais de 5 milhões de artigos em 70 mil periódicos (via aqui). Existem grupos de editores que conspiram para publicar em massa estudos de baixa qualidade, burlando o processo de revisão por pares, muitas vezes com ajuda de intermediários que conectam autores fraudulentos aos periódicos

Esses artigos podem conter dados falsificados, plágio ou imagens manipuladas e sua publicação sistêmica compromete análises científicas, atrasando avanços e tratamentos. Estima-se que até 1 em cada 7 artigos tenha informações falsas, alimentado pela ação de “fábricas de artigos”, periódicos predatórios e “autopromoção” — onde autores também atuam como editores. A inteligência artificial também facilita essa prática ao permitir a duplicação de imagens fraudadas em larga escala.

Imagem: aqui 

Gastos das grandes empresas de IA com segurança... dos seus executivos


Grandes empresas de tecnologia, como Meta, Alphabet, Nvidia, Amazon e Palantir, aumentaram drasticamente os gastos com proteção dos CEOs, ultrapassando US$ 45 milhões em 2024, segundo um levantamento do Financial Times (via aqui). 

Meta lidera o ranking, investindo US$ 27 milhões na segurança de Mark Zuckerberg e sua família, superando todo o orçamento combinado das cinco maiores empresas de tecnologia. Jensen Huang, da Nvidia, viu os custos subirem de US$ 2,2 milhões para US$ 3,5 milhões, enquanto Amazon destinou US$ 1,6 milhão para Jeff Bezos e US$ 1,1 milhão para Andy Jassy. 

Elon Musk teve despesa oficial de apenas US$ 500 mil, mas viaja com até 20 seguranças e chegou a fundar sua própria empresa de segurança, a Foundation Security. 

O aumento é reflexo de ameaças crescentes desde atentados contra executivos, que elevaram consultas e solicitações de segurança executiva. Além do setor de tecnologia, bancos, saúde e mídia também intensificaram a proteção a seus líderes, destacando a percepção de risco elevado no ambiente corporativo atual.

17 agosto 2025

Rir é o melhor remédio

 

Propaganda de uma academia: ninguém é tão ocupado. Se um CEO pode administrar uma empresa com três filhos, trair a sua esposa e ainda ir a um concerto do Coldplay, você tem tempo para fazer exercício. (tradução livre)

Diversificação das Big Four


As quatro maiores empresas de auditoria e consultoria (Big Four) — Deloitte, EY, KPMG e PwC — estão se reinventando com projetos inusitados para combater sua imagem tradicional. A Deloitte lançou um satélite com sistema de ciberdefesa em colaboração com a SpaceX e a Spire; a EY criou a divisão criativa EY Studio+ para marketing e experiência do cliente; a KPMG trabalha com IA médica via Hippocratic AI para aliviar a sobrecarga do sistema de saúde; e a PwC, no Reino Unido, investe em startups por meio do fundo de venture capital Raise | Ventures. Esses movimentos destacam o foco das empresas na tecnologia, inovação e atração de talentos.

Isto é bastante interessante. Os projetos listados mostram que as empresas parecem que não estão contentes com o setor tradicional de contabilidade e consultoria. E querem focar em áreas mais "inovadoras". Aguardar e ver se a aposta vai dar certo. Se tivesse que aposta, escolheria a KPMG, pois parece bem atrativo a aposta, com risco menor que as demais. Satélite? Studio? 

História da contabilidade: anúncio de 1860

 

Do Diário de Pernambuco de 1860 (29 de abril), um anúncio onde um moço com boa letra se oferece para um emprego na área contábil. Veja o destaque para a caligrafia, algo relevante para época. Sua habilidade é a escrituração por partidas simples, algo que também caiu em desuso, que sequer é ensinado. O título é "caixeiro", algo que comentamos em postagem na semana passada

O armazém de trapiche está vinculado ao porto. Ou seja, a pessoa quer trabalhar com o comércio maritimo, provavelmente.

O que achei curioso é o fato de que a pessoa anuncia a oferta das suas habilidade e coloca: quem precisar, anuncie. Parece que ela não quer indicar onde pode ser encontrada.  

Rir é o melhor remédio

 Acho que já postei antes, mas na dúvida: