Síria. Fonte: aqui
13 dezembro 2024
12 dezembro 2024
Por que nenhuma empresa trilionária está sendo criada na Europa?
Segundo um artigo recente de Olivier Coste e Yann Coatanlem, dois investidores franceses, essas respostas perdem o ponto central: o motivo pelo qual mais capital não é direcionado para ideias de alto risco na Europa é que o custo do fracasso é alto demais.
Coste estima que, para uma grande empresa, realizar uma reestruturação significativa nos EUA custa à companhia aproximadamente dois a quatro meses de salário por trabalhador. Na França, esse custo médio é de cerca de 24 meses de salário. Na Alemanha, 30 meses. No total, Coste e Coatanlem estimam que os custos de reestruturação sejam aproximadamente dez vezes maiores na Europa Ocidental do que nos Estados Unidos.
Considere um exemplo simples. Duas grandes empresas estão avaliando se devem ou não buscar uma inovação de alto risco. A probabilidade de sucesso é estimada em uma chance em cinco. Se tiverem sucesso, elas obtêm um lucro de $100 milhões, e o investimento custa $15 milhões.
Uma das empresas está na Califórnia, onde, se a inovação fracassar, o custo da reestruturação é de $1 milhão. A outra empresa está na Alemanha, onde a reestruturação é 10 vezes mais cara, custando $10 milhões (uma estimativa conservadora).
O valor esperado desse investimento na Califórnia é um lucro de $5 milhões. Na Alemanha, o valor esperado é um prejuízo de $3 milhões.
Gukesh é o novo campeão mundial de xadrez
Como alguém que adora assistir a partidas de xadrez ao vivo, acompanhei ao longo das últimas semanas a disputa entre Ding e Gukesh pelo título mundial de xadrez. Talvez meu entusiasmo não tenha sido tão intenso desta vez, em razão da ausência do melhor jogador de todos os tempos, o norueguês Magnus Carlsen. Diante da falta de um concorrente à sua altura, do cansaço representado pela preparação para um título e de seu maior interesse por outras atividades, incluindo o xadrez rápido, Carlsen simplesmente deixou a disputa de lado há dois anos. Isso levou o título a ser decidido entre o chinês Ding e o russo Nepomniachtchi, com vitória de Ding.
Agora, Ding estava colocando o título novamente em disputa. No torneio de candidatos, fortes desafiantes se enfrentaram, mas o favorito Caruana, o segundo melhor do mundo, e Nakamura, o terceiro, não venceram. O resultado coube ao jovem indiano Gukesh, de apenas 18 anos. Na verdade, há tempos o xadrez mundial tem sido dominado pelo país asiático. Jogadores de alto nível não faltam para dar continuidade à herança de Anand, ex-campeão mundial, que ainda hoje compete, ocupando um honroso 10º lugar entre os melhores do mundo. Anand preparou seus sucessores, como Erigaisi (21 anos, atualmente 4º no ranking mundial), Pragga (17 anos, 14º no mundo, com um futuro brilhante), Aravindh (23º), e Vidit (24º). Assim, a Índia conta com seis jogadores entre os 25 melhores do mundo.
Entre o torneio de candidatos e a disputa pelo título passaram-se alguns meses. O desempenho de Ding nesse período não foi muito bom, e alguns chegaram a apontar Gukesh como amplo favorito. Ding iniciou o confronto com 2728 de rating, contra 2783 de Gukesh, uma diferença de 55 pontos — comparável à diferença entre Gukesh e Carlsen (2783 contra 2831). Contudo, logo na primeira partida, Ding venceu. O empate veio na terceira, com uma vitória do indiano. Na 11ª partida, Gukesh tomou a liderança, mas na seguinte o chinês venceu, deixando o confronto empatado novamente.
Na manhã de hoje, tivemos a 14ª partida, com o placar ainda igualado. Essa seria a última partida disputada no formato clássico. Caso permanecesse empatada, partidas rápidas seriam jogadas no dia seguinte até que houvesse um vencedor. Ding é considerado um jogador de rápidas superior a Gukesh, o que tornava a disputa ligeiramente favorável ao chinês.
A partida estava no 55º lance, em equilíbrio, quando Ding ofereceu a troca de torres, prontamente aceita pelo indiano. Com um peão a mais e bispos de mesma cor no tabuleiro, a análise feita pelos computadores indicou que o equilíbrio da posição, antes avaliado em -0,5, desapareceu. A nova análise mostrava uma vantagem de -3,37 para as pretas, o que equivale a uma vantagem de mais de três peões — algo enorme em partidas de alto nível. Após a troca de torres, três lances depois, Ding reconheceu a derrota.
Gukesh chorou ao conquistar o título. Há um vídeo na internet em que um garoto indiano, o próprio Gukesh, diz que gostaria de ser o mais jovem campeão mundial de xadrez. Alguns anos depois, o sonho do garoto tornou-se realidade. Parabéns ao novo campeão mundial!
Os intangíveis na contabilidade
A questão dos intangíveis ainda permanece como um problema para a contabilidade financeira moderna. A frustração leva-nos a pensar, como alardeia Baruch Lev, que estamos vivendo o fim da contabilidade, que não consegue registrar esse ativo tão importante. Ao mesmo tempo, observamos uma paralisia nos reguladores, que sequer conseguem decidir se os intangíveis devem ou não ser amortizados.
O resultado é que o tratamento contábil atual para os intangíveis é muito limitado. Geralmente, reconhecemos os desembolsos com uma máquina, mas não fazemos o mesmo com a construção de uma marca. Observe que, quando há uma aquisição de uma empresa, podemos ativar a diferença entre o valor pago e o contábil. Já quando a empresa investe na construção de sua marca, isso é levado diretamente ao resultado. Para piorar, os ágios pagos nas aquisições são registrados em datas distintas.
É importante notar que a questão dos intangíveis é uma questão de mensuração. Há muito tempo sabemos de sua existência, mas temos dificuldade em medi-los.
Um relatório do IVSC, uma entidade preocupada com a mensuração, trouxe uma reflexão sobre a necessidade de ajustar os padrões contábeis para tornar os ativos intangíveis mais tangíveis. O relatório, denominado Perspective Paper, apresenta as principais descobertas sobre os intangíveis, classificando-os em quatro tipos: capital humano, valor de marca, tecnologia e dados.
É importante salientar que o documento defende não somente que valores sejam reconhecidos no balanço, mas também que exista um mecanismo para transferir ao resultado os valores que não irão mais gerar riqueza futura para a entidade, através do processo de amortização.
Entretanto, apesar de o documento citar algumas possibilidades para diferentes situações, a impressão que temos após sua leitura é que ainda não há um método eficaz para promover a ativação de itens relacionados aos principais intangíveis. Ou seja, a promessa de tornar o intangível mais tangível parece bastante distante. É cansativo ler que um dos pontos levantados seja o tradicional “precisamos de mais informações”. Acredito que já temos informações demais. Talvez devêssemos começar sugerindo a capitalização das despesas com publicidade ou, então, a amortização dos ágios. O que talvez não seja viável é esperar enquanto presenciamos o fim da contabilidade.
Chat GPT no judiciário argentino
Em Buenos Aires, o Ministério Público adotou o ChatGPT para redigir sentenças em casos administrativos e tributários, substituindo o sistema PROMETEA, lançado em 2017. O PROMETEA era um sistema de IA que previa sentenças padronizadas com 90% de precisão, aumentando a produtividade em até 300%. No entanto, exigia constantes treinamentos para novas categorias de crimes, o que tornou seu uso menos viável a longo prazo.
Com o ChatGPT, o tempo para redigir sentenças foi reduzido de uma hora para cerca de 10 minutos. Desde maio, foram redigidas 20 sentenças, todas revisadas por advogados. A nova ferramenta tem democratizado o acesso à IA generativa, mas também gerado preocupações sobre privacidade de dados, possíveis vieses e "alucinações" do modelo, que podem levar a informações falsas em cerca de 17% dos casos.
Especialistas destacam a necessidade de maior alfabetização digital para o uso responsável da IA. O Ministério Público está desenvolvendo processos de anonimização para proteger dados sensíveis e considera manter o PROMETEA em casos críticos, como violência doméstica e questões de gênero, devido à sua menor margem de erro. Para muitos, a transição representa um avanço global, mas traz desafios éticos e técnicos que exigem atenção contínua.
Os cassinos e o ambiente controlado
Na internet, os sites de compras são cuidadosamente projetados para estimular o consumo. No entanto, estratégias como essa já eram utilizadas nos cassinos, onde o ambiente é meticulosamente preparado para maximizar os gastos dos jogadores.
Uma das estratégias adotadas pelos cassinos é a ausência de janelas e relógios. O objetivo é fazer com que os jogadores percam a noção do tempo, incentivando-os a permanecer mais tempo jogando.
Embora pareça estranho, já que muitas pessoas possuem relógios em seus celulares ou dispositivos eletrônicos, há indivíduos que não utilizam relógios ou os deixam inacessíveis. Para esses casos, a ausência de luz natural e de referências externas ajuda a criar uma ilusão temporal. Além disso, outros elementos trabalham em conjunto com essa estratégia, como cores cuidadosamente escolhidas, a disposição dos serviços e o barulho constante das máquinas.
11 dezembro 2024
Mistério no GPT
Um problema descoberto pelos usuários ao usar o ChatGPT: ele trava ao mencionar alguns nomes. Em alguns casos, o Chat responde que não pode gerar uma resposta, encerra a conversa e forçando o usuário a iniciar uma nova janela. A empresa responsável pelo Chat não comenta o assunto.
O nome mais citado é David Mayer. Talvez seja um aventureiro e ambientalista britânico, descendente da família Rothschild. Ou quem sabe um membro checheno do Estado Islâmico. Uma investidora em IA encontrou outros nomes que geraram reação semelhante, incluindo alguns que solicitaram remoção dos seus dados pessoais na Europa. Um site, o 404 Media, encontrou o problema com dois professores
de direito chamados Jonathan Zittrain e Jonathan Turley. O primeiro escreveu um artigo sobre o controle da IA.
O fato mostra como sabemos pouco sobre o funcionamento da ferramenta e que devemos desconfiar dos resultados fornecidos.
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Quem inventou as partidas dobradas - 5
Alan Sangster, em The Emergence of Double Entry Bookkeeping, analisa um livro-razão de cambistas-banqueiros de Florença, datado de 1211. Esse registro é anterior aos documentos comerciais também de Florença, como os de Rinieri Fini e irmãos (1296-1305) e de Giovanni Farolfi (1299-1300). Essa é uma das primeiras questões abordadas no texto. A análise do documento leva Sangster a concluir que ele representa um exemplo típico da aplicação do método das partidas dobradas.
Um dos argumentos apresentados no artigo é que o método empregado no documento de 1211 é semelhante ao encontrado em registros posteriores. Apesar de algumas contas não seguirem um formato rígido e da ausência de numeração nas páginas, Sangster conseguiu reorganizar o conteúdo em uma notação mais moderna, utilizando apenas os elementos presentes no pergaminho. Isso reforça a ideia de que o método das partidas dobradas já existia, no mínimo, desde 1211, provavelmente em Florença.
Outra questão importante discutida pelo autor é: por que o método das partidas dobradas surgiu justamente em Florença? Esse tema já foi amplamente debatido na literatura. Alguns autores sugerem que a adoção dos números hindus no comércio, após a aprovação do Papa Silvestre, foi um fator influente. Outros destacam os empreendimentos comerciais, como os narrados por Marco Polo. Entre os séculos IX e XI, as feiras se consolidaram como centros comerciais no norte da Itália. Para que essas feiras funcionassem, era necessária não apenas uma estrutura física, mas também um sistema jurídico que garantisse a segurança das transações.
O escambo, ou troca direta de mercadorias, era ineficiente para o desenvolvimento do comércio, pois exigia que ambas as partes tivessem algo de interesse mútuo. A moeda surgiu como solução, mas na época havia muitas variações de moedas em circulação, o que dificultava sua conversão e tornava seu uso incerto devido à qualidade e autenticidade inconsistentes. Nesse cenário, os banqueiros-cambistas desempenharam um papel central ao fornecer serviços de troca de moedas e registrar transações como depósitos. Esse sistema mitigava os problemas das moedas e oferecia um mecanismo de conversão confiável.
Conforme as feiras cresciam, os cambistas começaram a atuar como intermediários financeiros, oferecendo empréstimos e gerindo depósitos. No entanto, para que essas atividades prosperassem, era necessário um sistema jurídico que protegesse tanto os cambistas quanto os credores. É aqui que entra o direito consuetudinário, um conjunto de normas baseadas em costumes e práticas aceitas como obrigatórias por uma comunidade. Em cidades como Florença, esse arcabouço jurídico proporcionava proteção aos cambistas-banqueiros, garantindo a validade dos registros contábeis nos tribunais.
Sangster argumenta que os tribunais reconheceram os lançamentos contábeis dos cambistas-banqueiros como documentos probatórios de transações, mas isso só era possível quando os registros seguiam o padrão do método das partidas dobradas, que exigia contrapartidas para cada lançamento. Esse reconhecimento jurídico foi fundamental para a prevalência do método em cidades como Florença, onde o direito consuetudinário estava mais consolidado, em contraste com outras cidades, como Gênova.
A aceitação dos livros-razão bancários como prova em tribunais não apenas incentivou a uniformidade dos registros entre os cambistas, mas também explica a preservação desses documentos históricos. Em outras palavras, a confiança no sistema contábil dos cambistas foi essencial para o desenvolvimento e expansão do método das partidas dobradas no início do século XIII.
Dito de outra forma, o que no Brasil do século XIX ficou conhecido como escrituração mercantil teve origem na prática dos cambistas-banqueiros medievais. Esses profissionais eram confiáveis para os participantes do comércio, oferecendo serviços financeiros completos, que incluíam depósitos, empréstimos e a resolução de disputas.
Em resumo, o registro mais antigo conhecido do método das partidas dobradas é de 1211. Florença, junto com outras cidades comerciais que se destacavam pelas feiras, foi o centro dessa inovação, que surgiu na contabilidade dos cambistas-banqueiros, e não nos registros de comerciantes ou do governo. O reconhecimento do direito consuetudinário foi um fator-chave para sua criação e disseminação.
Katy Hudson versus Katie Taylor: a discussão sobre o uso do nome Katy Perry na Austrália
Uma decisão do judiciário da Austrália favoreceu a cantora Katy Perry. Para quem não sabe, Katy Perry é uma cantora e compositora norte-americana, nascida em 1984, que alcançou grande sucesso com músicas como "Firework", entre outras.
Katy Hudson, seu nome de batismo, esteve envolvida em uma batalha legal contra Katie Taylor, uma empresária australiana que possuía uma linha de roupas. O conflito surgiu porque Taylor utilizava o nome "Katie Perry" em sua empresa, o que gerava confusão entre os consumidores, apesar da diferença sutil na grafia dos nomes.
Em 2014, durante uma turnê na Austrália, Katy Perry vendeu produtos associados à sua marca. Nove anos depois, em 2023, Taylor decidiu processar a cantora, alegando violação de sua marca registrada. Curiosamente, em 2009, Katy Perry havia oferecido a possibilidade de compartilhar a marca, mas Taylor recusou a proposta.
Embora a justiça inicialmente tenha favorecido Katie Taylor, Katy Perry recorreu e, agora, conseguiu reverter a decisão. O tribunal anulou a suposta infração de marca registrada e cancelou o registro de marca de Katie Taylor, permitindo que a cantora use seu nome artístico para vender produtos na Austrália.
Este caso ilustra como a proteção de marcas e a gestão de ativos intangíveis, como nomes comerciais, são cruciais tanto na indústria do entretenimento quanto no mundo corporativo.
Fraudes, IA e viés
Eis a notícia:
Um sistema de inteligência artificial usado pelo governo do Reino Unido para detectar fraudes no sistema de benefícios está demonstrando viés com base na idade, deficiência, estado civil e nacionalidade das pessoas, revelou o The Guardian. Uma avaliação interna de um programa de aprendizado de máquina, utilizado para analisar milhares de solicitações de pagamentos do crédito universal em toda a Inglaterra, constatou que ele selecionava incorretamente pessoas de certos grupos com mais frequência do que outros ao recomendar quem deveria ser investigado por possível fraude.
A influência de sistemas de inteligência artificial na identificação de fraudes é um tema relevante para a contabilidade, pois envolve auditoria, controle interno e governança. O uso de IA em processos de detecção de fraude não deveria comprometer a justiça e a conformidade.
10 dezembro 2024
Sorte e ser um artista de sucesso
Um longo artigo da Business Insider comenta como um músico consegue fazer dinheiro nos dias atuais. O resumo está lá no final:
Ainda assim, a habilidade com redes sociais só pode ajudar até certo ponto em meio a algoritmos imprevisíveis, às demandas incessantes de fãs ávidos por conteúdo e à multidão de outros músicos talentosos competindo por atenção. "Existem três coisas que você precisa para ser um artista de sucesso," diz Violet. "Primeiro, você precisa de uma arte incrível. Sua arte precisa ser melhor do que sua habilidade como influenciador, então ela precisa ser realmente excepcional. Segundo, você tem que ser um vendedor. E, para pessoas que são artistas entrando no mundo dos influenciadores, isso é algo difícil de aceitar."
"A terceira coisa," ela acrescenta, "é que você precisa ter sorte."
Híbrido ou presencial? Um experimento
Trabalho híbrido ou presencial? Um experimento realizado pela Trip.com, uma agência de viagem online mundial, separou 1.600 funcionários em dois grupos: um que trabalhou cinco dias na semana e outro que compareceu no trabalho segunda, terça e quinta, e trabalhou remoto quarta e sexta.
Seis meses depois, os resultados indicavam que não existiu diferenças significativas em termos de produtividade. Mas o índice de satisfação no trabalho foi melhor no trabalho híbrido. Também a rotatividade foi menor no híbrido.
Resta saber se não há um efeito Hawthorne (foto) no experimento.
Mudanças futuras no RA
Do site do CFC:
O International Accounting Standards Board (Iasb) concluiu a tomada de decisão técnica sobre a versão revisada da Declaração de Práticas das IFRS 1 - Relatório da Administração. Agora, passará para a fase de elaboração, com a expectativa de que a Declaração de Práticas atualizada seja publicada no primeiro semestre de 2025.
A decisão de aprimorar o documento atende à demanda por melhores informações sobre os fatores que afetam ou poderiam afetar a capacidade de uma empresa de criar valor e gerar fluxos de caixa, inclusive no longo prazo. Ao finalizar o projeto, o Iasb fez melhorias específicas em suas propostas para apoiar o alinhamento com as Normas de Divulgação de Sustentabilidade IFRS e melhorar a conectividade nos relatórios das empresas. A publicação desta Declaração de Práticas também será um trampolim para uma maior integração nos relatórios no futuro.
O Iasb pretende que a Declaração de Práticas revisada forneça um recurso abrangente para reguladores e empresas para apoiar a melhoria e um maior alinhamento global em comentários da administração e relatórios semelhantes.
Confesso que achei a linguagem artificial. O link de origem, sim é uma tradução, empregou os mesmos termos. (E o curioso é que o CFC disse que "A reprodução deste material é permitida desde que a fonte seja citada.")
Sempre tive dúvidas se as empresas não deveriam ter um espaço onde pudessem ser livres para divulgar o que bem entende. Esse espaço seria o relatório da administração. Mas creio que a iniciativa do Iasb é contrária a isso.
Nova SEC?
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou recentemente a intenção de nomear Paul Atkins como próximo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC). Atkins, conhecido por sua postura favorável à desregulamentação, deverá adotar uma abordagem menos rigorosa em comparação com o atual presidente, Gary Gensler. O comissário da SEC, Mark Uyeda, expressou entusiasmo com a nomeação, destacando sua experiência anterior com Atkins e antecipando uma transição significativa na liderança da SEC.
A SEC é o órgão do governo responsável pela fiscalização do mercado de capitais dos Estados Unidos.
09 dezembro 2024
Conflito de interesse no Itaú 2
Conforme era esperado, a CVM abriu processo administrativo para investigar as denúncias feitas pelo Itaú contra seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, e o consultor, Eliseu Martins.
Há pouco tempo, o Itau tinha demitido o diretor de marketing por uso irregular do cartão corporativo. Mas o caso agora parece ser mais grave, pois há uma petição formal por parte do Itaú e o envolvimento de Eliseu Martins, um dos maiores nomes da história da contabilidade do Brasil.
No mercado, o preço da ação do Itau apresentou um pequeno aumento. Isso poderia ser um indicativo de que a reação do mercado foi favorável. Aqui um link bastante favorável ao Itaú.
Os valores envolvidos parecem ser significativamente baixos em comparação com o impacto gerado pela situação. É possível que a atitude do Itaú esteja relacionada a questões internas, possivelmente influenciadas pela saída de Broedel, o que acabou afetando Martins. Em outras palavras, essa postura pode refletir as decisões de alguns diretores da instituição. No entanto, essa é apenas uma hipótese.
Reabertura de Notre Dame
A catedral de Notre Dame foi reaberta depois de uma extensa restauração. Em 2019, um grande incêndio destruiu parte da igreja, um símbolo muito conhecido em todo o mundo. Na época, fizemos diversas postagens no blog comentando sobre o desafio contábil que um sinistro como esse representava para a contabilidade (aqui, aqui, aqui e também aqui).
Na restauração, um dilema básico é se reproduz exatamente a estrutura que existia antes do incêndio ou se constrói um novo templo, com todas as benesses que a modernidade proporciona. Geralmente a decisão é intermediária, tentando preservar as características que tornaram a catedral famosa, com materiais e técnicas próximos ao original de 1163, quando foi construída, mas aproveitando para incorporar algumas modernidades, como uma estrutura mais preparada para um incêndio. Há uma estimativa de 15 milhões de visitas no ano após a reabertura.
Coisas que aprendi em 2024
Uma tradição de final de ano que leio com atenção é a lista de 52 coisas que aprendi de Tom Whitwell. A lista começou em 2014, mas chama atenção para fatos curiosos. Se quiser conferir a lista completa de 2024 clique aqui, onde há o link para cada um dos fatos. Eis uma pequena amostra de alguns fatos:
- Para destacar a evasão fiscal, a Coreia do Sul introduziu placas de carro neon verde feias para carros de empresa com valor superior a US$ 58.000. As vendas de carros de luxo caíram 27%.
- No início dos anos 1980, em São Francisco, várias gangues que cortavam assentos operavam no sistema de transporte BART, gerando taxas extras e horas extras para reparos. Elas usavam padrões específicos de cortes para que as equipes de reparo soubessem quem pagar pelo favor.
- Tabloid é uma linguagem de programação baseada em manchetes sensacionalistas: "Todo programa deve terminar com POR FAVOR, CURTA E ASSINE, porque você precisa crescer sua audiência."
- Em 1800, 1 em cada 3 pessoas no mundo era chinesa. Hoje, é menos de 1 em cada 5.
- Pessoas com sobrenomes começando por U, V, W, X, Y ou Z tendem a ter notas 0,6% mais baixas do que aquelas com sobrenomes de A a E. Sistemas modernos de gestão de aprendizado classificam trabalhos alfabeticamente antes da correção, então os últimos são avaliados por corretores cansados e irritados. Alguns professores invertem a ordem para Z a A, e os resultados se invertem.
- O técnico do Arsenal, Mikel Arteta, contratou uma equipe de batedores de carteira profissionais para roubar telefones e carteiras de seus jogadores durante um jantar, para ensinar a importância de estar sempre alerta e preparado.
- Nos anos 2020, mais de 16% dos filmes têm dois pontos no título (como Superman: Man of Steel), um aumento de quase 300% desde os anos 1990.
- Entre os anos 1920 e 1950, milhões de "inimigos do povo" — frequentemente elites educadas — foram enviados a campos de prisioneiros na União Soviética. Hoje, as áreas ao redor desses campos são mais prósperas e produtivas do que áreas similares.
- Em 2024, cerca de 10% do PIB de Anguilla virá de taxas pelo domínio .ai.
Mais dois países entram no clube das economias hiperinflacionárias
Da newsletter da EY:
A Nigéria e o Egipto têm agora uma taxa de inflação acumulada de três anos superior a 100%.
Os dados publicados pelos governos da Nigéria e do Egipto indicam que a taxa de inflação acumulada a três anos de cada país excedeu 100% em 31 de Agosto e 30 de Setembro, respectivamente.
A ASC 830, Foreign Currency Matters [norma do Fasb sobre o assunto], exige que uma entidade estrangeira em uma economia altamente inflacionária remensure suas demonstrações financeiras usando a moeda de relatório de sua controladora a partir do início do período de relatório, incluindo períodos de relatório intermediários, após o período em que a economia se torna altamente inflacionária. Uma economia é considerada altamente inflacionária quando tem uma taxa de inflação acumulada de aproximadamente 100% ou mais durante um período de três anos. (...)
A publicação mais recente publicada pelo Grupo de Trabalho de Práticas Internacionais (IPTF) após a sua reunião de maio de 2024 inclui dados para países que se previa atingirem taxas de inflação cumulativas a três anos superiores a 100% no ano em curso ou que deveriam ser monitorizados de outra forma. Espera-se que a IPTF emita uma publicação atualizada em dezembro.
Foto: aqui
Complexidades das normas ambientais preocupa
As regulamentações de ESG (Ambiental, Social e Governança) estão evoluindo rapidamente no mundo todo, exigindo maior responsabilidade das empresas para monitorar e reportar seus impactos ambientais. Eis aqui um exemplo de como haverá uma necessidade de harmonização nas normas que estão sendo emitidas nesse momento pelos reguladores:
No Reino Unido, a declaração das emissões de escopo 1 e 2 é obrigatória, enquanto o escopo 3, que abrange emissões indiretas na cadeia de suprimentos, é voluntário. Isso é um diferente na União Europeia (UE), da qual o Reino Unido fazia parte até recentemente, onde as regras são mais rígidas, como a CSRD (Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa), a CSDDD (Diretiva de Devida Diligência em Sustentabilidade Corporativa) e a EUDR (Regulamento Europeu de Desmatamento), que entrará em vigor em 2025.
A EUDR exige que empresas europeias garantam que suas cadeias de suprimentos sejam livres de desmatamento e que os produtos estejam em conformidade com as legislações locais, abrangendo matérias-primas como café, cacau, óleo de palma e produtos derivados. A não conformidade pode resultar em multas de até 4% do faturamento e confisco de produtos.
Para atender a essas exigências, as empresas precisam realizar auditorias internas rigorosas e adotar softwares avançados de gestão de dados e análise de riscos. Contadores desempenham um papel central no cumprimento das normas, e plataformas automatizadas de ESG serão essenciais, especialmente diante da escassez de profissionais qualificados, um desafio crescente no Reino Unido.
Queijo Minas é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Desde a última quarta-feira, o queijo Minas artesanal foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O produto é fabricado desde o século XVIII, mas somente em 2002 o processo de produção artesanal foi reconhecido no Brasil pelo Iepha como patrimônio imaterial brasileiro.
A diferença entre o queijo Minas e outros queijos artesanais brasileiros está na adição de um fermento natural, que confere ao produto seu aroma, sabor, odor e textura característicos.
Com o reconhecimento do queijo, o Brasil agora conta com sete patrimônios culturais imateriais reconhecidos internacionalmente: além do queijo, a arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (desde 2003), o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (desde 2005), o Frevo (desde 2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (desde 2013), a Roda de Capoeira (desde 2014) e o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão (desde 2019).
Como filho de um ex-fabricante de queijo, considero a notícia interessante. No entanto, confesso que desconheço os benefícios práticos de tal título, além de despertar uma curiosidade natural.
08 dezembro 2024
Conflito de Interesse no Itaú
O sábado de manhã surpreendeu o mercado financeiro e a comunidade contábil com a notícia de uma denúncia contra o ex-diretor financeiro do Itaú, Alexsandro Broedel. Para o Itaú, a questão envolve um possível conflito de interesse na atuação de Broedel, uma vez que ele autorizou a contratação do professor Eliseu Martins. Até aqui, nada de extraordinário, considerando que Eliseu, um dos maiores nomes da contabilidade brasileira, possui um currículo que justifica qualquer contrato. No entanto, o Itaú alega que Eliseu Martins tem uma relação societária com Broedel, o que violaria as normas internas do banco. Assim, surge a acusação de conflito de interesse.
Broedel deixou o Itaú em junho e irá assumir uma posição no Grupo Santander, na Espanha. A investigação teria começado após fornecedores denunciarem o ex-diretor. O Itaú comunicou os fatos à CVM e ao Banco Central, solicitando uma apuração, e contactou a sua empresa de auditoria para analisar os potenciais impactos nos resultados. Como os valores envolvidos são relativamente pequenos diante do tamanho da instituição, uma eventual republicação das demonstrações financeiras foi descartada.
De um lado, temos uma das maiores instituições financeiras do país, com presença em 21 países, 55 milhões de clientes, e operações em banco de varejo, corporativo, seguros e outros serviços. Do outro, dois profissionais de destaque na área contábil. Eliseu Martins dispensa apresentações: autor de livros, artigos e professor renomado, é considerado um dos principais nomes da contabilidade brasileira, ao lado de Sérgio de Iudícibus. Ambos foram fundamentais para a excelência da Universidade de São Paulo na área contábil. Eliseu já ocupou cargos importantes como diretor do Banco Central e da CVM. Por sua vez, Broedel construiu uma carreira notável, com doutorado pela USP e atuação na Fundação IFRS, além de sua posição de destaque no Itaú até recentemente.
Nos próximos dias, podemos esperar uma guerra de versões e acusações. Após a divulgação da denúncia pela imprensa, Broedel e Eliseu emitiram notas sobre o caso. A denúncia pode, inclusive, afetar a possibilidade de Broedel assumir o cargo no Santander, na Espanha.
Uma das críticas a Broedel é que, enquanto atuava como executivo do Itaú, ele teria emitido pareceres contábeis para outras empresas. Essa questão deve gerar um debate extenso, já que o banco possui um amplo leque de operações, o que pode gerar sobreposição entre seus negócios e os pareceres realizados por Broedel. Isso, de fato, pode configurar um conflito de interesse incomum para um executivo.
Por outro lado, a defesa dos denunciados argumenta que Eliseu prestava serviços ao Itaú há décadas e que os pagamentos estavam, aparentemente, de acordo com as normas da instituição. A alegação de que Broedel teria uma sociedade com Eliseu pode ser facilmente confirmada ou descartada com base nos registros documentais preenchidos por Broedel no passado. Outra acusação é de que o banco contratou 40 pareceres, recebeu 36 e encontrou apenas 20 deles. Eliseu Martins alega que alguns pareceres foram entregues de forma oral. Este ponto será analisado pela justiça, que deverá decidir sua validade. Embora a justificativa de Eliseu pareça plausível, ela pode não ser considerada adequada legalmente.
Há algo peculiar na postura do Itaú. Sabe-se que os valores envolvidos são pouco materiais, mas divulgar o caso pode comprometer a credibilidade da governança da instituição. O esperado seria que a entidade conduzisse uma investigação interna, adotasse as medidas cabíveis e mantivesse a situação sob discrição. Contudo, em vez disso, o banco protocolou uma ação na justiça e comunicou o caso aos reguladores, gerando maior repercussão.
Em meio a essa controvérsia, o caso levanta questões importantes sobre governança corporativa, ética profissional e os limites das relações entre executivos e fornecedores. Independentemente do desfecho, ele serve como um alerta para a necessidade de maior transparência e rigor nos processos internos das organizações, especialmente em grandes instituições financeiras como o Itaú. Cabe agora à justiça e aos órgãos reguladores conduzirem uma investigação imparcial, garantindo que os fatos sejam devidamente esclarecidos e que eventuais responsabilidades sejam atribuídas de forma justa e adequada.
02 dezembro 2024
Quem é o Dono de uma Conta em Rede Social?
Afinal, quem é o dono de uma conta em uma rede social? A resposta a essa questão determinará onde o ativo deverá ser registrado: nas demonstrações financeiras da pessoa que criou a conta ou nas da empresa proprietária da rede social.
O debate surgiu no contexto da falência de Alex Jones, uma figura controversa nos Estados Unidos, conhecido como apresentador de rádio, cineasta e criador do site Infowars. Ele ganhou destaque como uma voz proeminente no mundo das teorias da conspiração, promovendo ideias polarizadoras e sem base factual. Em outras palavras, Jones se tornou um grande disseminador de desinformação, embora com uma audiência significativa.
Em um dos casos mais polêmicos, Jones afirmou que o massacre em uma escola ocorrido em 2012 seria uma farsa para promover o controle de armas. No incidente, 20 crianças e 6 adultos foram mortos. As famílias das vítimas processaram Jones e venceram uma ação judicial, resultando em uma indenização de US$ 1,5 bilhão. Incapaz de pagar o montante, Jones declarou falência, e seus bens foram leiloados, incluindo o Infowars. O The Onion, um site de humor baseado em notícias do mundo real, decidiu adquirir o Infowars, com planos de transformá-lo em uma paródia.
Jones não aprovou a transação e entrou com uma ação para bloquear a venda. Para que a venda fosse concretizada, o X (antigo Twitter) precisaria transferir os usuários associados ao Infowars — ou seja, os seguidores de Jones — para o novo proprietário.
Em um caso semelhante, uma decisão judicial determinou que a massa falida era proprietária de uma conta no X, e não o executivo que a administrava enquanto trabalhava para a empresa. A X argumenta que as contas não pertencem aos usuários e, portanto, não podem ser vendidas.
Fonte: Newsletter NYTimes
Consequências indiretas do PIX
Eis o resumo:
Neste artigo, utilizamos um instrumento e dados bancários a nível individual no Brasil para examinar os efeitos de uma nova tecnologia de pagamento, o Pix, na utilização de outras tecnologias de pagamento e seu impacto no setor bancário. Encontramos evidências de que o Pix aumenta o uso das quatro tecnologias de pagamento mais comuns no Brasil entre indivíduos e empresas. Além disso, nossas evidências empíricas sugerem que o Pix contribui para o aumento no número de contas bancárias, seu uso e o acesso ao crédito, beneficiando diferentes tipos de bancos. Os resultados indicam que a implementação de novas tecnologias de pagamento traz vantagens não apenas para empresas e indivíduos, mas também para a indústria bancária e de pagamentos em geral.
O trabalho comnpleto pode ser acessado aqui
Perdão para o filho
É uma tradição dos Estados Unidos que tem sido adotada por outros países. Algumas semanas antes de deixar o cargo, o chefe da nação perdoa pessoas que foram condenadas. Nos Estados Unidos há o caso famoso do presidente Ford perdoando o criminoso Nixon. Agora o atual presidente assinou o perdão do seu filho, Hunter Biden, que tinha sido condenado por evasão fiscal e porte ilegal de armas. Anteriormente, Biden afirmou que não iria interferir em nome do seu filho.
Caso não fosse perdoado, Hunter poderia ter uma pena que chegaria a 25 anos de prisão. No caso da fraude fiscal, o próprio Hunter declarou culpado. Na sua declaração ao fisco, Hunter colocou que visitas a clubes de strip e outros itens como despesas dedutíveis.
30 novembro 2024
Rir é o melhor remédio
Um contador na casa dos sessenta anos vende parte de seu escritório. Ele mantém alguns clientes preferidos e para de pagar suas anuidades ao Conselho.
Ele diz a um amigo: "Meus clientes não se importam se continuo pagando minhas anuidades, etc., e não preciso da pressão de possíveis fiscalizações". O amigo o lembra que ele não poderá mais se descrever como Contador Registrado nem fornecer referências que dependam dessa descrição.
Algumas semanas depois, o contador encontra seu amigo novamente. "Lembrei-me do que você disse sobre referências, então, da última vez que me pediram uma, simplesmente coloquei Ex-Contador Certificado."
"Como seu cliente reagiu?" perguntou o amigo.
"Oh, acho que ele ficou satisfeito. Ele não disse nada, mas o ouvi mais tarde dizendo a alguém que eu era um EXcelente contador."
Adaptado de Boring is Optional
Direito de um rio
A cidade de Barranquilla, na Colômbia, concedeu ao Rio Magdalena os mesmos direitos legais que um cidadão, visando protegê-lo da degradação ambiental. Uma decisão judicial de 2019 reconheceu que as futuras gerações possuem direito a um ambiente limpo e sustentável.
O Rio Magdalena, que atravessa 22 dos 32 departamentos da Colômbia e afeta diretamente cerca de 80% da população, enfrenta sérios problemas de poluição e sedimentação, comprometendo ecossistemas, meios de subsistência e o comércio. A atribuição de direitos legais ao rio busca enfrentar esses desafios, promovendo a proteção dos ecossistemas e melhorando sua navegabilidade.
Para representar e proteger o rio, foi criada a "Comisión de Guardianes del Río Magdalena", composta por representantes do governo nacional e da sociedade. Essa comissão é responsável por desenvolver e supervisionar um plano de proteção abrangente, com duração de uma década, financiado pelo Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Em 5 de março de 2024, a Quinta Comissão do Senado aprovou o plano, indicando apoio político à iniciativa. No entanto, persistem desafios, como preocupações sobre possíveis conflitos com a Corte Constitucional da Colômbia e interesses econômicos relacionados à navegabilidade do rio para o comércio.
Fonte: aqui
28 novembro 2024
Northvolt: A Promessa Verde que Enfrenta a Falência
A empresa sueca de baterias Northvolt entrou com um pedido de proteção contra falência. Havia grande expectativa de que a empresa representasse uma nova era no desenvolvimento de tecnologia ambiental para a Europa, atuando como fornecedora de montadoras de veículos elétricos. A Northvolt atraiu US$ 15 bilhões em investimentos, possuía uma carteira de pedidos avaliada em US$ 50 bilhões e um valor de mercado de US$ 20 bilhões. Nada mal.
A empresa também recebeu muitos incentivos governamentais, incluindo US$ 1 bilhão da Alemanha. No entanto, uma série de incidentes de segurança, problemas de produção e atrasos nos prazos levou ao pedido de proteção contra falência.
Os acionistas enfrentaram perdas significativas. Um deles, a Volkswagen, viu sua participação de 1,4 bilhão de euros desvalorizar para menos da metade. Já o Goldman Sachs registrou um prejuízo de US$ 900 milhões.
Do X para Bluesky
Uma onda de acadêmicos e pesquisadores deixou a plataforma de mídia social Twitter/X, com muitos migrando para o emergente Bluesky, que se assemelha ao Twitter. Parte da atração está na facilidade de criar conexões relevantes por meio de listas moderadas, como o feed de Ciência e os "kits iniciais" de cientistas para seguir. "Eu realmente gostaria que continuasse sendo um lugar de alegria para mim", afirma a pesquisadora de bioacústica Daryll Carlson. Outros dizem que, apesar do aumento de pornografia, spam, bots e conteúdo abusivo no Twitter, a plataforma ainda é uma ferramenta valiosa para a comunicação científica. "Se bons especialistas abandonarem o X, quem fornecerá contribuições baseadas em evidências no X?" questiona o pesquisador de tuberculose Madhukar Pai.
Da Nature
Linguagem para atrair narcisistas na contabilidade
Pesquisas anteriores indicam que executivos narcisistas tendem a se envolver em manipulação de resultados e outros comportamentos organizacionais negativos, levantando questões sobre por que empresas contratam essas pessoas, especialmente para posições contábeis. Utilizando termos de anúncios de vagas reais, categorizados como voltados a candidatos "Flexíveis às Regras" ou "Seguidores de Regras", realizamos estudos de validação que mostram que esses termos variam de forma previsível entre tipos de anúncios, que as pessoas geralmente concordam com nossa categorização e que candidatos "Flexíveis às Regras" são vistos como menos habilidosos gerencialmente, mas com maior tendência a comportamentos antiéticos. Demonstramos que candidatos narcisistas se sentem mais atraídos por anúncios que descrevem o candidato ideal com termos "Flexíveis às Regras", tanto para posições gerais (Experimento 1) quanto para cargos seniores em contabilidade (Experimento 2). Por fim, examinamos características organizacionais que levam recrutadores a usar termos "Flexíveis às Regras" em anúncios para Chief Accounting Officer e descobrimos que esses termos são preferidos em empresas com alto crescimento, alta inovação (Experimento 3) ou quando uma abordagem mais agressiva de relatórios beneficiaria a empresa (Experimento 4). Os resultados sugerem que a linguagem usada pelos recrutadores pode atrair narcisistas com tendência a "Flexibilizar Regras", talvez até de forma não intencional.
Via aqui
Corrupção e punição seletiva
Nenhuma novidade aqui. Um estudo sobre a luta contra corrupção na China, entre 2012 a 2015, encontrou que:
Baseando-se em extensos arquivos de dados publicados durante os julgamentos de corrupção, Lorentzen e Xi Lu estimaram a probabilidade de um oficial ser realmente corrupto. Concluíram que, em grande parte, a campanha anticorrupção mirou oficiais corruptos, incluindo figuras de alto escalão.
Contudo, ao analisar as redes sociais desses oficiais, descobriram que eles pertenciam a blocos rivais de Xi Jinping, enquanto oficiais leais a ele foram poupados, mesmo quando corruptos.
Em outras palavras, os esforços anticorrupção de Xi visaram culpados – mas apenas se fossem aliados de seus rivais. Xi usou a campanha para consolidar poder, mas sem inocentar aliados; ele apenas processou seletivamente os culpados.
O texto de Cory Doctorow foca as promessas de campanha de Trump de combater as elites. E que sua equipe irá escolher, de maneira seletiva, quem será processado. Afinal o processo de monopólio contra o Google começou no seu governo. No passado impediu a fusão da ATT com a Time, como uma punição à CNN, segundo Doctorow.
27 novembro 2024
O problema da Macy´s
A rede de lojas de departamento americana Macy's divulgou na segunda-feira que um funcionário ocultou indevidamente cerca de US$ 154 milhões em despesas, por meio de registros contábeis fraudulentos, ao longo de pelo menos três anos. O indivíduo era responsável pela contabilidade de despesas com entregas de pequenos pacotes.
De acordo com a Isto É Dinheiro, não há evidências de que essa contabilidade incorreta tenha afetado o fluxo de caixa da empresa, o que é peculiar, considerando os padrões usuais de fraudes.
O funcionário em questão já foi demitido. A revelação desse caso atrasou a divulgação dos resultados financeiros da Macy's e provocou uma queda no valor de suas ações. A fraude foi descoberta durante a preparação das demonstrações contábeis do último trimestre.
26 novembro 2024
Sobre a dificuldade (ou impossibilidade) de mensurar uma obra de arte
O caso expõe a dificuldade mensurar, monetariamente, uma obra de arte. Um banana presa a um parede com uma fita adesiva foi vendida, em um leilão, por 6,2 milhões de dólares. A obra de arte, intitulada Comedian, é parte de um conjunto de três. As duas outras foram vendidas por 120 mil dólares.
O comprador, um negociante de criptomoedas, fez a seguinte declaração sobre sua aquisição:
"Esta não é apenas uma obra de arte; ela representa um fenômeno cultural que conecta os mundos da arte, memes e a comunidade de criptomoedas. Acredito que esta peça inspirará mais reflexões e discussões no futuro e se tornará parte da história."
Como uma banana apodrece em poucos dias, há instruções para substituição da banana. Mas isso vale 6,2 milhões?
Bolsa de Pesquisa Ipea: Políticas Públicas
Transparência, hospedagem do site, links afiliados e gratidão
Responsabilização no mundo moderno
Da parte introdutória de The Unaccountability Machine:
Este é um livro sobre a industrialização da tomada de decisões – os métodos pelos quais, ao longo do último século, o mundo desenvolvido organizou sua sociedade e economia para que instituições importantes fossem geridas por processos e sistemas, operando com conjuntos padronizados de informações, em vez de por seres humanos reagindo a circunstâncias individuais. Isso levou a uma mudança fundamental na relação entre os tomadores de decisão e aqueles afetados por suas decisões, a vasta população que poderia ser chamada de ‘os decididos’. Essa relação costumava ser o que chamávamos de ‘responsabilidade’, e este livro trata das maneiras pelas quais a responsabilidade se atrofiou. Em 1954, por exemplo, Sir Thomas Dugdale renunciou ao gabinete britânico devido a algo que ficou conhecido como ‘o caso Crichel Down’ (uma prática incorreta relativamente trivial relacionada a algumas terras agrícolas que haviam sido requisitadas durante a Segunda Guerra Mundial). Não estava claro se ele realmente havia se envolvido na decisão, mas no clima da época, sua posição era insustentável – como ministro responsável, ele carregava a responsabilidade pelo ocorrido. Esse pequeno, mas honroso ato garantiu que o nome de Dugdale viveria eternamente; tanto ele quanto a pequena área de Dorset que provocou sua queda são mencionados sempre que um político britânico moderno evita a culpa.
Do outro lado do Atlântico, em 1953, o presidente Harry S. Truman tinha um letreiro em sua mesa com a frase ‘The Buck Stops Here’ (A Responsabilidade é Minha). Sessenta e seis anos depois, o presidente Donald Trump refletiu que ‘a responsabilidade é de todos’ quando questionado sobre quem carregava a responsabilidade pelo fechamento do governo. Qualquer pessoa que já lidou com uma corporação ou burocracia de qualquer tamanho, e que tenha mais de quarenta anos, provavelmente tem uma vaga sensação de que você costumava poder falar com uma pessoa e resolver as coisas; o mundo nem sempre foi um labirinto de menus de opções.
As sociedades industriais foram amplamente alertadas de que algo assim iria acontecer. Na década de 1940, a ‘revolução gerencial’ era vista como o resultado provável da crescente complexidade do sistema econômico e da escala das organizações dos setores público e privado que haviam se desenvolvido para lidar com isso. O declínio da responsabilidade individual por decisões impopulares não é – ou não é apenas – uma forma de declínio moral por parte de nossos governantes. É também uma consequência do fato de que há menos tomadores de decisão do que costumava haver. Quase todas as ordens e restrições que afligem o indivíduo moderno, as decisões que costumavam ser tomadas por governantes e chefes identificáveis, agora são resultado de sistemas e processos.
É mais óbvio que algo mudou quando uma decisão que costumava ser tomada por um ser humano é tomada por um algoritmo literal – um programa de computador. Por exemplo, as pessoas se preocupam muito e os legisladores tentam regular a prática de usar inteligência artificial para decidir se você será recusado para um empréstimo ou negado cobertura de seguro. Mas um sistema de tomada de decisões não é apenas um computador. Decisões financeiras e outras têm sido tomadas com base em manuais e listas de critérios desde os dias em que eram registradas com penas de escrever. Os próprios comitês parlamentares que tentam regular a inteligência artificial são vinculados por livros de regras opacos e complicados, projetados para padronizar seus procedimentos e evitar que as decisões sejam atribuídas a qualquer ser humano.
Tenho dúvidas se tudo surgiu da cibernética, como defende o autor. Mas acho interessante a ideia de que pioramos na responsabilização no mundo moderno.
Fraude e gerenciamento
Eis o resumo:
Objetivo: Investigar se em períodos anteriores a fraudes corporativas ocorre aumento no volume de gerenciamento de resultados.
Método: Foram analisadas três diferentes amostras: Amostra 1, contendo todas as empresas não financeiras listadas no Brasil, Bolsa, Balcão (B3); Amostra 2, contendo companhias condenadas por fraude; e Amostra 3, com pareamento entre companhias fraudulentas e não fraudulentas. Para a Amostra 1, foi realizada a regressão Logit para dados em painel; para a 2, foi realizada uma análise descritiva por quartis; e para a 3, foram realizados Z score de Altman, teste U de Mann-Whitney e análise gráfica.
Resultados: De modo geral, demonstram que as empresas que se envolveram em fraudes gerenciam mais do que aquelas que não se envolveram, porém não foi possível identificar o período exatamente anterior ao cometimento da fraude.
Contribuições: A pesquisa apresenta contribuições para organizações e seus respectivos gatekeepers. Podem ser citadas como inovações da pesquisa desenvolvida em relação aos estudos predecessores: (i) propostas diferentes variáveis e modelagens; (ii) pioneirismo no contexto nacional; (iii) promoção de reflexões sobre o impacto da concorrência entre informações fidedignas e qualidade dos lucros.
A Tabela 5 encontra-se a seguir:
24 novembro 2024
Contabilidade e os Incas - 2
Já comentamos antes sobre um objeto usado pelos povos andinos chamado Khipu (ou Quipu) para guardar e comunicar informações. Os khipus eram feitos de cordas ou fios, amarrados, usados para representar números. Uma conexão entre dois khipus históricos trouxe mais informação sobre o mesmo:
(...) Parece que os fabricantes de khipus (“khipukamayuqs”) tomavam decisões deliberadas na construção dessas ferramentas de registro, considerando fatores como cores, direção da torção das fibras, espaçamento e tipo de nós, além da estrutura e posição dos mesmos.
Cronistas espanhóis descreveram várias aplicações numéricas dos khipus, como registros de inventários, censos populacionais e tributos.
Por mais de um século, pesquisadores estudam os khipus buscando padrões. Nas últimas décadas, seus dados foram digitalizados e estão disponíveis em plataformas como o Open Khipu Repository e o Khipu Field Guide.
Em minha pesquisa, analisei dados de dois khipus encontrados no norte do Chile, registrados pela etnomatemática Marcia Ascher e pelo antropólogo Robert Ascher na década de 1970. Um deles é o maior já encontrado, com mais de cinco metros de comprimento e 1.800 cordas. O outro, mais complexo, possui quase 600 cordas organizadas em arranjos intricados. (...)
Ao analisar os dados, percebi que o khipu menor é um resumo e uma redistribuição das informações do maior. Ambos registram os mesmos dados, mas de formas diferentes. (...)
Ainda não sabemos o que os números nesses khipus representam. Talvez o maior registrasse a coleta de alimentos de uma comunidade, enquanto o menor documentasse a distribuição desses alimentos. Ambos os registros seriam importantes para os usuários. (...)
Lindt e os níveis elevados de chumbo e cádmio nos seus chocolates
A renomada fabricante suíça de chocolates Lindt & Sprüngli enfrenta uma ação coletiva nos EUA após testes detectarem níveis elevados de chumbo e cádmio em algumas de suas barras de chocolate amargo. A empresa, conhecida por cobrar preços premium baseados em sua promessa de "excelência" e "ingredientes mais finos", tentou se defender afirmando que tais declarações nas embalagens eram meramente "hipérboles publicitárias" — uma forma de exagero que, segundo ela, não deveria ser levado ao pé da letra.
Essa estratégia foi rapidamente descartada pelos tribunais, que rejeitaram a moção da Lindt para encerrar o caso. De acordo com o tribunal, propaganda exagerada refere-se a afirmações infladas e vantajosas nas quais nenhum consumidor razoável confiaria plenamente. No entanto, a corte considerou que os consumidores podem, sim, ter sido enganados, especialmente porque a imagem de qualidade é o principal fator que sustenta as margens de lucro elevadas da Lindt, conforme observado pelo jornal suíço Le Temps.
A controvérsia envolvendo a Lindt & Sprüngli destaca importantes aspectos relacionados à contabilidade, especialmente no que tange à transparência e à gestão de riscos corporativos. Para mensuração contábil, a ação poderia impactar os ativos intangíveis e o resultado, já que elevadas margens da empresa poderão ser reduzidas. E é bom não esquecer dos efeitos sobre provisões para litígios.









































