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08 dezembro 2012

Fato da Semana

Fato: Normatização para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte pelo Conselho Federal de Contabilidade

Qual a relevância disto? As empresas de micro e pequeno porte representam um importante quantitativo do número de empresas existentes em qualquer país do mundo. Para o profissional contábil, este grupo de empresas corresponde a um importante mercado de trabalho. A norma contábil para este tipo de empresa, emanada do IASB e adotada pelo Conselho Federal de Contabilidade, possui 190 páginas. É isto mesmo, leitor, 190 páginas (Resolução 1255, do CFC).

É óbvio que esta grande quantidade de páginas torna inviável a adoção da contabilidade. A realidade é que a contabilidade destas empresas é terceirizada, onde o profissional faz dezenas de escriturações, cobrando um preço reduzido e tendo que ganhar dinheiro pela escala. A Resolução 1255 certamente não seria adotada.

Agora o Conselho (via aqui) aprovou um modelo contábil para microempresa e empresa de pequeno porte, denominado ITG 1000. O endereço do conselho ainda não disponibilizou a resolução, mas o comunicado informar que se trata de um modelo simplificado para escrituração e elaboração de demonstrações contábeis.

a partir da aprovação da ITG 1000, fica instituído um tratamento contábil diferenciado para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com aplicação já para o exercício social a ser encerrado em 31/12/2012

O CFC, enquanto órgão normatizador e regulador da Contabilidade no Brasil, entende que a instituição de um "Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte" tem como lastro a necessidade da concessão de tratamento diferenciado para esse segmento de empresas, conforme determinação constitucional, sem que isso venha significar a possibilidade de ausência de escrituração contábil, ou a sua manutenção sem observância aos Princípios de Contabilidade.

É bem verdade que a estrutura conceitual do Iasb não usa o termo Princípio, que o Conselho, no seu comunicado, utiliza.

Positivo ou negativo? – Pior do que estava não poderia ficar. A Resolução 1255 estava fadada ao fracasso. Insistir no erro é bobagem. Por este motivo a norma é positiva.

Desdobramentos – O principal desdobramento é a maior chance de ser adotado na prática. Mas será adotada por todas as empresas? É difícil fazer uma suposição agora, mas provavelmente isto levará algum tempo.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – As empresas Xerox, Fiat, Telecom e Nasdaq foram listadas pelo articulista contábil da Bloomberg pelo fato de que
Apresentaram uma grande remuneração para seus executivos
Estão sujeitas a baixa contábil
São empresas altamente lucrativas

2 – As empresas BDO China Dahua, Deloitte Touche Tohmatsu Certified Public Accountants, Ernst & Young Hua Ming, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian
Foram acusadas pela SEC de violar a legislação dos EUA
Foram elogiadas por evidenciar os papéis de trabalho
Não cumpriram a legislação da China

3 – As empresas acima argumentaram que não podiam atender a SEC em razão
Do contrato assinado com as empresas auditadas
Do grande volume de trabalho
Do segredo de Estado

4 – A Ernst Young concordou em pagar mais de cem milhões de dólares canadenses devido ao escândalo contábil da
Citibank
RBS
Sino-Forest

5 – O Ministério Público do RS denunciou dez pessoas por uso de informações privilegiadas envolvendo as ações da Mundial. O escândalo ficou conhecido como
Bolha do Alicate
Telefone sem fio
Terra à vista

6 – Num seminário realizado esta semana nos Estados Unidos, com a presença do presidente do Iasb, a SEC informou que
Ainda não decidiu pela convergência
Decidiu não realizar a convergência
Decidiu realizar a convergência em 2015

7 – Pão de Acúçar, Carrefour e Walmart são, na ordem, os maiores do varejo em
Ativo
Endividamento
Receita

8 – Esta semana dois ex-funcionários foram contratados: a ex-presidente da CVM e o ex-contador da SEC. Eles irão trabalhar
Na empresa de consultoria, ambos os casos
Num conselho de administração e numa empresa de auditoria, na ordem
Numa universidade e noutro órgão regulador, na ordem

9 – 1,8 bilhão é um número comentado relacionado com o HSBC. Este valor trata-se:
Da multa a ser paga por lavar dinheiro do tráfico e dos terroristas
Da provisão que será realizada este ano pelo prejuízo com derivativos
Do lucro obtido, mesmo após a crise financeira

10 – Com respeito a votação do governo, sócio majoritário da Eletrobrás, sobre os contratos de concessão, a CVM
Afirmaram que a controladora não deveria votar
Afirmaram que a controladoria deveria votar
Não conseguiram concluir se a controladora deveria votar

Pobreza e alocação da atenção


Some Consequences of Having Too Little



Resumo:

Poor individuals often engage in behaviors, such as excessive borrowing, that reinforce the conditions of poverty. Some explanations for these behaviors focus on personality traits of the poor. Others emphasize environmental factors such as housing or financial access. We instead consider how certain behaviors stem simply from having less. We suggest that scarcity changes how people allocate attention: It leads them to engage more deeply in some problems while neglecting others. Across several experiments, we show that scarcity leads to attentional shifts that can help to explain behaviors such as overborrowing. We discuss how this mechanism might also explain other puzzles of poverty.

As melhores fotos de 2012









Mais fotografias, aqui

Valor Contábil e valor ...

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o valor contábil reconhecido no balanço da Cesp para a hidrelétrica Três Irmãos não serve como parâmetro para o pagamento de indenização pelo governo federal. "Esse valor do balanço não pode ser usado para a indenização, porque estão incluídas aí todas as ineficiências do processo de construção"(...)

Tolmasquim explicou que a usina Três Irmãos levou 19 anos para ser construída pela Cesp e, por conta disso, comparou a implantação da hidrelétrica com a construção de uma igreja, cujas obras começam e param diversas vezes. "Quando se para uma obra, fica-se pagando juros sobre juros", argumentou. O presidente da EPE, porém, disse que a ineficiência no processo não é culpa da Cesp. "Às vezes, as ineficiências não são culpa da empresa. Às vezes, a culpa é dos diversos governos que passaram", contemporizou. A hidrelétrica Três Irmãos, que faz parte do Complexo Ilha Solteira, entrou em operação comercial no ano de 1993.

Para que a Cesp renovasse a concessão de Três Irmãos, o governo propôs uma indenização de R$ 1,7 bilhão, enquanto que o valor registrado no balanço da Cesp é de R$ 3,5 bilhões. [1] (...)

Segundo Tolmasquim, esse valor é muito superior ao custo de instalação das hidrelétricas mais recentes que estão em construção no País [2]. Como exemplo, o presidente da EPE afirmou que o custo do kW instalado em Belo Monte é de R$ 2,2 mil, enquanto que em Jirau é de R$ 3,8 mil e em Teles Pires, R$ 2,1 mil.

Valor contábil de Três Irmãos não vale para indenização - Por Wellington Bahneman e Luciana Collet

[1] Durante a implantação das normas internacionais era possível ajustar o valor contábil, através do deemed cost. Aparentemente o governo não se atentou para isto. A discussão poderia ter sido resolvida antes.
[2] Isto é custo corrente.

07 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio





Filmes como códigos

EUA e China

O organismo regulador do mercado acionário norte-americano iniciou processo administrativo contra os braços chineses das grandes empresas mundiais de auditoria, sob a acusação de que elas se recusaram a entregar documentos exigidos em investigações de fraudes contábeis.

O caso revela divergências entre os governos dos dois países em relação ao grau de transparência de companhias abertas e poderá inviabilizar a negociação de ações de empresas da China em Bolsas dos Estados Unidos.

As auditoras sustentam que são impedidas pela legislação chinesa de apresentar a documentação exigida, que é classificada como "segredo de Estado" - um amplo e nebuloso conceito usado pelo governo como instrumento de controle político e econômico.

Patrick Chovanec, professor da Universidade Tsinghua, considera que o impasse entre a SEC e as autoridades de Pequim é um "Armageddon contábil", que poderá obrigar o cancelamento do registro em Bolsas norte-americanas de todas as companhias abertas chinesas, incluindo pesos pesados como Sinopec, China Unicom e China Life.

Anunciada anteontem, a ofensiva da Securities and Exchange Commission (SEC) atinge as operações chinesas da BDO e das quatro gigantes globais de autoria: Deloitte Touche Tohmatsu, Ernst & Young, KPMG e PricewaterhouseCoopers.

As cinco empresas são acusadas de violar legislação do mercado acionário, segundo a qual firmas estrangeiras de contabilidade devem atender às solicitações da SEC de papéis de auditoria relativos a qualquer companhia listada em Bolsas dos EUA.

Segundo nota publicada no site da SEC, os documentos foram requeridos na investigação de nove empresas chinesas que têm ações no mercado americano. As cinco auditoras se recusaram a atender à solicitação.

O diretor da Divisão de Sanções da SEC, Robert Khuzami, afirmou que o acesso aos papeis é essencial para o organismo cumprir sua função de proteger os investidores de fraudes contábeis. "Firmas que realizam auditorias sabendo que não podem cumprir as leis que exigem acesso a esses papeis de trabalho enfrentam sérias punições."

Ofensiva. Paul Gillis, professor de contabilidade da Universidade de Pequim, diz que a ofensiva da SEC marca o começo do processo de cancelamento dos registros dos braços chineses das empresas de auditoria junto aos órgãos reguladores norte-americanos, o que provavelmente também levará à saída das companhias chinesas das Bolsas dos Estados Unidos.

Chovanec e Gillis observaram que as restrições no acesso a documentos contábeis pode afetar companhias multinacionais que atuam na China e precisam auditar suas operações locais. Para fazer o trabalho, as firmas de autoria precisam estar registradas no Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), um organismo subordinado à SEC. Mas é pouco provável que obtenham ou mantenham esse status caso sejam condenadas sob a acusação de desrespeitarem a legislação norte-americana.

A PricewaterhouseCoopers divulgou nota na qual afirma que há um conflito entre as leis dos EUA e da China, que precisa ser resolvido pelos governos dos países. A Deloitte lamentou que os as autoridades não tenham conseguido chegar a um acordo sobre o assunto, mas se disse esperar que uma solução "diplomática" seja alcançada.

Segundo Chovanec, os gestores dos braços chineses das auditorias foram alertados pelas autoridades de Pequim de que poderão ser condenados à prisão perpétua caso entreguem documentos que obtiveram no exercício de seu trabalho.


CLÁUDIA TREVISAN, CORRESPONDENTE /PEQUIM - O Estado de S.Paulo - 5 de dez de 2012

HSBC

Acusou-se o HSBC nos Estados Unidos de lavagem de dinheiro e apoio ao terrorismo. Como consequência, sua nota de crédito foi cortada em meados do ano. Em novembro o HSBC anunciou uma provisão para a multa esperada.

Agora surgiu a informação que o HSBC deverá pagar uma multa de US$1,8 bilhão num acordo com as autoridades policiais. Este acordo deverá ser anunciado formalmente na semana que vem, segundo informou a Reuters. A provisão era de 1,5 bilhão.

Indústria


[...]Yet 3D printing is just one of many production technologies and trends which are transforming the way companies will be able to make things in the future. The old rules of manufacturing, such as “you must seek economies of scale” and “you must reduce unit-labour costs”, are being cast aside. New machines can print every item differently. More flexible robots are getting cheaper and better at doing all the boring and dirty stuff.
Add to that another 1.8 billion consumers who will join the global marketplace in the next 15 years and “Manufacturing the Future”, a new report by the McKinsey Global Institute, has good cause to be optimistic. Demand will grow not only for basic goods (which are typically made in developing countries) but also for the costly, innovative gadgets and high-tech products that rich countries make. McKinsey reckons that rich countries will keep making such products better than anyone else.
Developing countries will continue to increase their share of global production. Measured by nominal value added, by 2010 China had surpassed Japan to become the second-largest manufacturing nation, after America. A decade earlier it was in fourth place. In the same period, Brazil jumped from 12th to 6th and India from 14th to 10th. Britain slipped from 5th to 9th.
As countries get richer, manufacturing tends to account for a smaller share of their GDP. The point at which this decline starts varies (the share usually peaks at 20-35%), as does the rate of decline. In the 15 largest manufacturing economies, manufacturing’s share of GDP ranges from 33% in China to 10% in Britain (see chart).
Rich countries’ relative position may be slipping, but their absolute manufacturing output is rising quite fast. What has fallen is the number of workers needed on the factory floor. Even though some manufacturing is returning to America and Europe from places where it had been offshored, such as China, this trend will not recreate all the factory jobs that once existed.
[...]In the future, McKinsey predicts there will be more jobs for robots. Since 1990 the cost of automation has fallen relative to labour by 40-50% in the rich world, it says. The rise of the machines will continue in rich countries, and they will make inroads into developing ones. Wages in emerging markets are soaring. One Chinese manufacturer is talking of hiring 1m robots. Still, robots need people to build, program and maintain them. Humans have no cause to hold their heads in their hands.

Rodízio

O Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas dos Estados Unidos (PCAOB, na sigla em inglês) vai enfrentar dificuldades se quiser implantar um sistema de rodízio obrigatório de firmas de auditoria, comentou hoje o membro do conselho Jay Hanson, segundo informações do “Journal of Accountancy”.

Questionado sobre o assunto em evento realizado em Washington, Hanson disse que a adoção da regra é improvável. “Não acho que vamos avançar nesse sentido”, avaliou. A conferência tratava de questões relacionadas ao PCAOB e à Comissão de Valores Mobiliários (SEC).

Segundo Hanson, para que o rodízio mandatório fosse aprovado, o comitê teria de provar estatisticamente que a solidez contábil de uma empresa é beneficiada pela troca de auditores — e que essas melhorias ultrapassariam os custos necessários para se mudar de firma.

Em agosto do ano passado, o PCAOB pediu para que as companhias comentassem sobre o assunto e opinassem sobre as possíveis melhorias em objetividade, independência e profissionalismo que o rodízio obrigatório poderia trazer às auditorias.

“Temos muito a fazer antes de realmente propor ou adotar o rodízio”, disse Hanson. “Sou cético, com todos os problemas que temos que enfrentar”, continuou. Porém, ele foi enfático ao dizer que apenas uma opinião, e não a posição do conselho.


Rodízio de auditores é improvável nos EUA, diz especialista - 6 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Renato Róstas

Contratações 2

A ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Maria Helena Santana, vai presidir o recém-criado Comitê de Governança Corporativa do Grupo Pão de Açúcar.

O comitê será responsável por garantir a aplicação de regras internas de transparência e de respeito aos acionistas minoritários, além da comunicação com o mercado financeiro e da solução de conflitos de interesses do grupo varejista.


Folha de S Paulo

Contratações 1

Em fevereiro deste ano o então contador da SEC, James Kroeker, fez uma declaração que pareceu que os Estados Unidos iriam aderir as IFRS. Na ocasião um dirigente da Deloitte acredita também nisto, conforme postamos:

Uma declaração de um executivo da Deloitte afirma que os termos usados por Kroeker, o contador chefe da SEC, confirma claramente que os EUA irão usar as IFRS.

Em junho Kroeker deixou seu cargo na SEC. Nesta época a SEC divulga um relatório com críticas as IFRS e sem um posicionamento formal quando a convergência.

Agora a Deloitte anunciou formalmente que o ex-contador chefe da SEC será seu funcionário a partir de janeiro.

Congestionamentos e pedágio urbano


Na economia, há, em geral, dois tipos de bens em que a alocação dos recursos não ocorre de forma eficiente: os bens públicos e os recursos comuns. O ar que respiramos é um bem público: ninguém pode ser impedido de usá-lo e o uso por um individuo não diminui a disponibilidade para outro. Como ninguém paga pelo ar que respira, o mercado não pode fornecê-lo de forma eficiente. Os peixes no mar são exemplo clássico de recurso comum: ninguém pode ser impedido de pescar, mas, quando alguém o faz, reduz a disponibilidade de peixes para outras pessoas. Como os indivíduos não pagam para usufruir de um recurso comum, há uma externalidade negativa -  excesso de pesca, neste caso, pois existe um desalinhamento entre os interesses privados e o ótimo social. Em ambos os casos, o mercado falha devido a ausência de direitos de propriedade; portanto, o governo pode, às vezes, melhorar o resultado.

A rua podem ser bem público ou recurso comum. Quando não está congestionada, é um bem público: o uso por alguém não afeta outras pessoas. Caso contrário, é um um recurso comum: o uso por indivíduo torna a rua mais congestionada, gerando externalidades negativas para outros motoristas- poluição, perda de tempo, etc. Para solucionar esse problema ,o governo pode aumentar os impostos sobre a gasolina (medida impopular e imperfeita) ou cobrar pedágio em áreas com trânsito mais caótico. Várias cidades já utilizam pedágio urbano, como é o caso de Londres, para reduzir os congestionamentos. Neste vídeo, Jonas Eliasson apresenta o resultado satisfatório do uso do pedágio urbano em Estocolmo na Suécia.

Para saber mais, leia este trabalho, que não li ,sobre o tema: Discussão Econômica sobre a Tarifação de Congestionamentos como Instrumento de Regulação do Tráfego Urbano

Varejo

Em R$ bilhões. Fonte: Estado de S Paulo, 6 de dezembro de 2012.

Meta atuarial

(...) A taxa atuarial está associada à remuneração de mercado dos ativos financeiros. Há cinco anos, dadas as condições da economia brasileira, o patamar de 6% ao ano era considerado uma premissa conservadora.

Em novembro de 2007, por exemplo, as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTNs-B) - títulos públicos de longo prazo, baixo risco e corrigidos pelo IPCA - com vencimento em maio de 2035 eram vendidas pela taxa média de 6,74% ao ano nos leilões periódicos do governo. Qualquer fundo de pensão poderia comprar aqueles papéis para remunerar as reservas acumuladas e garantir o pagamento futuro das aposentadorias aos participantes do plano.

Naquele contexto de mercado, a meta atuarial de 6% ao ano representava uma margem de segurança de 0,7 pontos percentuais (p.p.) sobre os juros das aplicações financeiras de quase 30 anos de prazo e baixo risco de crédito. No entanto, como os juros caíram drasticamente no Brasil nos últimos anos, aquele antigo conforto desapareceu.

Em novembro deste ano, a taxa média do leilão da NTN-B com prazo de vencimento em agosto de 2040 foi de 3,99% ao ano. A queda de 2,74 p.p. das taxas de juros em relação a 2007 foi o detonador para a mudança dos parâmetros dos cálculos atuariais.

O participante deve ficar atento, porque a nova regulamentação do CNPC pode trazer impactos. Quanto menor a taxa de juros usada para os cálculos atuariais, maior o passivo do fundo de pensão.

Para entender o mecanismo, imagine uma entidade de previdência que precise garantir aposentadoria de R$ 1.250 por mês para 500 funcionários vinculados ao plano, durante 30 anos - um total de R$ 225 milhões.

Se a taxa atuarial for de 6% ao ano mais inflação, o valor presente do compromisso desse fundo de pensão hipotético seria de R$ 106 milhões. Significa que, para fazer frente aos desembolsos previstos no futuro, a entidade deveria possuir aquele valor em caixa, aplicado em alternativas conservadoras, rendendo juros de 6% ao ano mais inflação.

Mas se a taxa atuarial cair para 4,5% ao ano, o valor presente do compromisso do fundo de pensão com o pagamento das aposentadorias aumenta para R$ 125 milhões, alta de 18%. Isso porque, no novo cenário, a remuneração das reservas acumuladas em caixa é menor. Portanto, são necessários mais recursos financeiros para fazer frente ao mesmo cronograma de pagamentos previsto para os benefícios futuros.

Na prática, os fundos de pensão equilibram as contas dos compromissos com as aposentadorias ao longo do tempo, levando em conta, também, eventuais mudanças na expectativa de vida dos participantes, ajustes nos montantes das contribuições ou nas regras de pagamentos de benefícios. Essa forma de cálculo atuarial mais complexa é fundamental para manter o plano equilibrado.

A queda dos juros fez com que a margem de erro na gestão financeira dos investimentos dos fundos de pensão ficasse muito menor. E isso vale tanto para os planos de benefício definido - nos quais a entidade garante o valor da aposentadoria do participante -, quanto nos planos de contribuição definida - em que o montante do benefício depende da taxa de retorno dos investimentos. (...)


Meta atuarial menor implica cuidado maior - 5 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Marcelo d'Agosto

06 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Se os contadores estivessem na capa da Vogue:


Por Neil Kerber

Twitter no Brasil

O Twitter abriu um escritório no Brasil e anunciou Guilherme Ribenboim como o novo diretor-geral da empresa no Brasil (ex responsável pela operação do Yahoo na América Latina).

Já existem escritórios no Japão e no Reino Unido, além do inicial criado nos Estados Unidos. Segundo o InfoMoney isso faz parte da “estratégia da empresa para atrair mais pessoas para a rede, além de expandir as parcerias com anunciantes e agências de comunicação e se aproximar de usuários brasileiros”.

O Terra acrescenta que “não foi divulgado o investimento ou o número de usuários do microblog no País. Conforme o Twitter, o Brasil é um dos cinco maiores mercados no mundo. E um levantamento da empresa Semiocast indica que o Brasil tem 33 milhões de usuários, sendo o segundo maior país com presença no serviço.”.

Em 2012 os tópicos mais comentados no Twitter pelos brasileiros foram:
1º O segundo jogo da decisão da Copa Libertadores da América (3.548 tuítes por minuto).
2º O ultimo capítulo da novela "Avenida Brasil" (3.031 tuítes por minuto).
3º O primeiro jogo da final da Copa Libertadores da América.
4º Morte do humorista Chico Anysio.

Ator mais bem pago

O ator Eddie Murphy foi eleito o ator mais bem pago: para cada $1 que pagam pelo cachê os filmes rendem $2,30. Katherine Heigl está em segundo (3,4 para cada $1), Reese Witherspoon (3,9 para $1), Sandra Bullock (5 para 1), Jack Black (5,2 para 1). Ou seja, são os atores superestimados.

Chefes, Paternidade e Salários


[...]A study to be published next month inAdministrative Science Quarterly looks at what happens to workers’ pay when a male boss has a child. Researchers tracked salaries at every firm in Denmark with more than ten employees between 1996 and 2006. (They confined themselves to male bosses partly because the sample of female bosses was too small.)
Male bosses, it turns out, pay themselves significantly more once they become fathers. Even after controlling for factors such as age, length of tenure and the performance of the firm, the study found that bosses with daughters pay themselves 3.5% more than childless ones. If they have a son, that increases to a hefty 6.4%. David Ross of Columbia Business School, one of the authors, says all fathers feel a duty to support their families. For grunts this means working harder. Bosses have the more agreeable option of raising their own wages
This is bad news for underlings. That extra money comes out of workers’ pockets, the study finds. Staff employed by a father are typically paid less. The amount depends on such things as the sex of the baby and whether it is his first child. Male employees bear the brunt: if the boss’s child is a son, for example, they can expect 0.5% less salary than if he hadn’t reproduced.
Female staff fare better. After their boss’s first child, they can expect to be paid a little more. Mr Ross speculates that this might be because, having seen their wives go through childbirth, they start to respect women more. Alas, such goodwill doesn’t last. Once the boss has a second child, female workers’ wages are likely to fall, just like men’s.

Prodígio do xadrez

O jogador de xadrez noruguês Magnus Carlsen está perto de quebrar um recorde mundial. O atual número um do rating poderá atingir mais de 2851 pontos caso tenha um bom desempenho num torneio que está sendo realizado em Londres. Esta pontuação é o valor máximo conseguido por um jogador, recorde de Kasparov de 1999.

Com 22 anos apenas, Carlsen tem até agora no torneio três vitórias e um empate. E faltam quatro jogos ainda. O rating provisório no torneio do jogador é de mais de 3 mil pontos. Os jogos acontecem diariamente, começando as 12 horas de Brasília.

SEC ainda indecisa

Durante a conferência da AICPA, a entidade que congrega os contadores certificados dos Estados Unidos, as divergências sobre a adoção das normas internacionais por parte dos Estados Unidos ficaram visíveis. O presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, novamente insistiu neste ponto. Já a presidente do Fasb, Leslie Seidman, afirmou que os Estados Unidos necessitam de algo mais preciso do que as orientações gerais das normas do Iasb. Isto parece deixar claro que as duas entidades estão se afastando de um projeto conjunto.

Mas a decisão sobre o assunto cabe a SEC, a CVM dos Estados Unidos. Num relatório em julho a entidade não se pronunciou diretamente sobre o assunto, mas indicou os pontos negativos e positivos sobre o assunto. A SEC, também presente no evento, E a incerteza da SEC não tem ajudado a convergência. O contador chefe da SEC indicou que é necessário esperar por uma decisão da entidade. Mas ele reconhece que esta é a mais importante decisão contábil que entidade irá tomar desde sua criação, na década de trinta do século passado.

Leia mais sobre o assunto aqui e aqui

05 dezembro 2012

Niemeyer

Amo Brasília. Então parece não ter como não gostar da obra de Oscar Niemeyer, que faleceu ontem. Adoro ver a Catedral, o Teatro Nacional, os Ministérios.

Não entendo de arquitetura, mas em 2008 postamos sobre um trabalho acadêmico sobre os mais importantes arquitetos do mundo:

David Galenson faz pesquisas com artes (música, pintura e agora arquitetura). Apesar de questionável, em The Greatest Architects of the 20th Century, ele aponta Le Corbusier como o maior arquiteto do século, seguido por Frank Wright e Ludwig Mies van der RobeFrank Gehry e Renzo Piano são os maiores ainda vivos. 

Apesar de questionável a metodologia de seleção dos arquitetos, o resultado indica que Oscar Niemeyer não está na lista final. Morando numa cidade onde a presença da arquitetura é enorme, a ausência de Niemeyer deixa-me surpreso. Qual a razão? O fato dele ser um discípulo de Corbusier, não um pioneiro? A sua associação com regimes totalitários? Ou ser um arquiteto do terceiro mundo? Ou a dificuldade de adaptação do ser humano que usa seus prédios (quem trabalha num prédio projetado por ele sabe como isso é um problema)? Ou talvez a falha da metodologia?

Rir é o melhor remédio


Adaptado daqui

O que não te ensinaram na pós-graduação IV


Notas: Os seus alunos aprendem de acordo com o retorno que recebem. Um trabalho com a devida nota e apontamentos é uma ferramenta de feedback importante. A prova é uma forma de comunicação entre você e o aluno. Essa é a forma pela qual você descobre o que os alunos realmente sabem e que princípios e conceitos eles não assimilaram. Não use apenas monitores ou assistentes para a correção das provas das suas turmas.

Figura Pública: Esteja atento. Como professor você é uma figura pública. Seus alunos passam 40 horas ou mais por semestre te olhando enquanto você fala. Essa experiência os marca de forma indelével. Você perceberá que anos depois, quando te abordarem e te chamarem pelo nome, esperarão que você se lembre deles. Você, claro, usualmente não se lembrará. A aparência e as vestimentas deles serão diferentes. O ponto é: o seu comportamento em locais públicos é notado quando você menos espera.

Eventos: Participe de palestras e congressos. Quando pessoas de primeira linha são convidadas a palestrar, seja na sua área ou não, tente ao máximo comparecer. Quando você era aluno, pessoas intelectualmente importantes apareciam no campus para palestrar ou passar um ou dois dias com professores e alunos. Frequentemente se tornaram eventos memoráveis para você. Você comparecia só para ver quem era aquela pessoa. Agora que você é um professor, não se sinta ocupado demais para estar presente em tais momentos. Mesmo que o assunto não pareça interessante para você, vá. O que você irá ouvir, se cuidadosamente prestar atenção, é como os palestrantes pensam sobre o mundo, como lidam com problemas, como trabalham neles. Constantemente você aprenderá coisas novas que alterarão a sua perspectiva sobre a sua área de ensino e pesquisa.

O que não te ensinaram na pós-graduação I, II, III

Bolha do Alicate

O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ofereceu denúncia na última sexta-feira (30) contra dez pessoas, pelos crimes de formação de quadrilha e manipulação do mercado, sendo duas dessas pessoas acusadas também de "insider trading" - uso de informação privilegiada - envolvendo as ações da Mundial (MNDL3).

Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgadas na tarde desta terça-feira (4), além de penas de prisão, os denunciados poderão ser condenados a penas de multa que podem atingir até três vezes o lucro obtido com as irregularidades. Procurado pelo Portal InfoMoney, a assessoria de imprensa da CVM não soube especificar quem são os acusados.

"Bolha do alicate"

A fabricante de válvulas, talheres, alicates e produtos de beleza viu seu valor de mercado crescer artificialmente quase 3.000% de fevereiro a junho de 2011, despencando cerca de 85% em apenas uma semana após essa longa alta, indo da faixa dos R$ 7,00 para R$ 0,90, resultando em fortes perdas para diversos investidores - o que ficou conhecido como "bolha do alicate".

Atualmente, as ações MNDL3 são negociadas entre R$ 0,15 e R$ 0,17, com um fraco volume financeiro.


Ministério Público denuncia 10 por "bolha do alicate" - 4 de Dezembro de 2012 - BOL

Gostei do nome Bolha do Alicate.

Eletrobras

Com menos de 24 horas para analisar argumentações contra e a favor, a área técnica e o colegiado da CVM não conseguiram [1] concluir a priori que a União, controladora da Eletrobras, deveria ser impedida de votar a proposta de prorrogação dos contratos de concessão atingidos pela Medida Provisória 579, por conflito de interesses.

Mas a CVM “reconheceu a importância de evoluir na discussão acerca do conflito de interesses nas sociedades de economia mista”.

Entre os pontos que devem entrar em consideração, segundo a CVM, está o artigo 238 da Lei nº 6.404/76, que expressamente autoriza o controlador a “orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação”.

Em relação ao caso concreto da Eletrobras, a superintendência de relações com empresas da CVM seguirá analisando as circunstâncias e “de posse de mais elementos poderá formar seu juízo conclusivo quanto à matéria”.

Há pelo menos dois pontos em questão que poderiam ser analisados nessa operação específica.

Um é o plano do governo de reduzir a tarifa de energia em 20% e, como controlador da Eletrobras, votar para que a companhia aceite uma receita mais baixa por seus serviços daqui para frente.

Nesse caso, tal como faz com a Petrobras e o preço da gasolina, a União usa uma empresa de economia mista para atingir objetivos de política pública [2]. Mais especificamente, reduzir os custos de produção da indústria brasileira e manter os índices de preços em torno da meta de inflação. Do ponto de vista das empresas mistas, isso pode significar tanto uma perda efetiva como também um ganho menor do que o potencial caso a decisão fosse contrária à determinada pelo governo.

Um segundo ponto é a Eletrobras assinar um contrato com a União que lhe obrigará a registrar uma baixa contábil bilionária no valor de seus ativos — conta do balanço formada por bens e direitos [3], que foram constituídos por alguma razão e, normalmente, após um desembolso efetivo. A perda será inferior aos R$ 18 bilhões inicialmente anunciados porque o governo decidiu dar uma indenização maior para ativos de transmissão, mas não deixará de ser relevante.

Ao aceitar o valor definido pelo governo (que nem ela mesma conhece [4]), a Eletrobras abre mão de ser remunerada por esses ativos, que durante anos foram registrados na sua contabilidade e aceitos pelo governo - seja via Aneel, como reguladora, ou pela própria União, como controladora, ao aprovar as contas anuais da empresa [5].

Como na contabilidade não existe débito sem crédito [6], vale destacar que a própria União é a contraparte dessa perda bilionária. Assim, se a Eletrobras perde alguns bilhões, o governo ganha a mesma quantia do outro lado (ao reduzir um potencial desembolso) [7].

Dito de outra forma, se a União tivesse uma contabilidade baseada na competência, a indenização devida às concessionárias de energia pelos ativos não amortizados estaria há anos registrada no passivo — idealmente, pelos mesmos valores da contabilidade das empresas. Ao determinar um valor menor que o esperado pelas empresas para pagar como indenização, o governo reduz esse passivo e registra a diferença como ganho [8].

Não fica claro como essa receita contábil extraordinária do Tesouro atende o interesse público.

Se a Eletrobras resolvesse “vender” uma nota de R$ 100 para o governo por R$ 40, todo mundo ia achar estranho. Mas como não se trata de dinheiro vivo, mas de um ativo fixo, de valor mais controverso, o tratamento é outro.

A Eletrobras argumentou que os valores registrados eram estimativas, já que não se conhecia o critério que seria usado pelo governo para a indenização. A empresa também pontuou que essa perda (ou ganho do governo) será registrada com ou sem prorrogação dos contratos de forma antecipada, já que o Ministério de Minas e Energia disse que o critério para reembolso será o mesmo quando vencerem as concessões em 2015. Assim, a perda teria sido imposta à empresa pela União como governo (como ocorreria num caso hipotético de aumento de impostos) e não como acionista ao aceitar a prorrogação antecipada.

Mas a pouca disposição da Eletrobras em contestar o método de cálculo escolhido chamou a atenção [9]. Uma evidência de que havia espaço para discussão é que, após críticas e questionamentos administrativos apresentados por outras empresas (que não têm a União como controladora), o governo reviu valores e decidiu aumentar a indenização em alguns bilhões de reais - não sendo necessário nem mesmo entrar com uma ação judicial, cujo “desfecho seria desconhecido”, segundo a Eletrobras.


Conflito na Eletrobras? - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online

[1] A CVM é governo. Será que ela possui independência suficiente para analisar este caso?
[2] Esta é uma situação que um minoritário já sabe de antemão o risco envolvido. Investe numa empresa do governo quem deseja correr um risco.
[3] Ah, este conceito de ativo ... Nem um aluno de graduação usa mais. (Pelo menos não um aluno deste blogueiro)
[4] É interessante (?) que uma decisão deste nível não possui um valor.
[5] Não somente. Especialmente na escolha dos seus dirigentes.
[6] em igual valor.
[7] Mas perde também, já que não terá dividendos desta empresa.
[8] Novamente não é tão simples assim.
[9] É também uma empresa dominada por políticos.

SEC, Auditoria e China

A Securities and Exchange Commission (SEC) abriu processo administrativo contra as unidades regionais chinesas afiliadas às quatro grandes firmas do mercado de auditoria — PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG —, além da BDO.

O processo será movido por causa da recusa dessas firmas de disponibilizar os papéis de trabalho de auditoria de empresas chinesas investigadas por “potencial fraude contábil” contra investidores americanos.

De acordo com a SEC, essa conduta viola o que está previsto na legislação do mercado de capitais dos Estados Unidos e na lei Sarbanes-Oxley.

As empresas que serão processadas são BDO China Dahua Co. Ltd., Deloitte Touche Tohmatsu CPAs Ltd., Ernst & Young Hua Ming LLP, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian CPAs Ltd.

Essas unidades regionais chinesas ficam numa situação delicada, porque o governo da China não autoriza o compartilhamento dessas informações.

“Firmas que conduzem auditorias sabendo que elas não poderão cumprir as leis que requerem o acesso a esses papéis de trabalho estão sujeitas a sanções severas”, afirma Robert Khuzami, diretor da área de fiscalização da SEC.

Conforme documento divulgado pelo regulador americano, um tribunal administrativo vai marcar uma audiência para determinar quais medidas serão tomadas contra essas empresas. Uma decisão inicial deve sair em dez meses.


SEC vai processar filiais chinesas de firmas de auditoria - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres

Participação no Mercado

O gráfico mostra a participação do sistema operacional no mercado. Nos primórdios, predomínio do TRS80. Depois Atari e Commodore. Mas na maior parte do tempo, os sistemas Windows e derivados - de azul claro no gráfico. Apple - de vermelho, sempre foi minoria. Mas nos últimos anos apareceu o Android (verde), que parece ameaçar o domínio do sistema da Microsoft.

Fraude Chinesa

No ano passado divulgamos (aqui, aqui e aqui) no blog o escândalo contábil da Sino-Forest. Esta empresa chinesa foi acusada de fraude pelos reguladores canadenses. Mas o parecer de auditoria, feito pela E&Y, não tinha nenhuma objeção.

A notícia mais recente é que a Ernst Young concordou em pagar 117 milhões de dólares canadenses. Trata-se do maior pagamento que um auditor já fez na história daquele país.

Embonecamento


Em postagem anterior comentamos uma série de termos que às vezes são usamos de maneira intercambiável. Confesso que faltou o termo embonecamento. O dicionário registra que este termo significa enfeitar, tornar enfeitado como uma boneca.

O termo é usado na contabilidade para dizer que uma empresa “enfeitou” seu resultado. O sentido aqui é sempre positivo, ou seja, embonecar significa melhorar os valores apresentados pela contabilidade.

Não existe uma conotação de legalidade ou ilegalidade, ao contrário do termo “fraude” que está associado a algo fora da lei. Corresponderia a tradução do termo em língua inglesa window dressing, que por sua vez teria uma tradução literal de “fachada”, “aparência enganosa”. Este termo não é muito usado nos dias de hoje. 

A foto da esquerda é Alessandra Ambrósio sem maquiagem. Da direita, a mesma pessoa, com maquiagem. 

Negociações com piratas somalis


Seizures of ships by pirates off the coast of Somalia may be down in recent months, but the interest of social scientists and economists in the country is undiminished. Because the place has been so stateless for so long, it provides a testing ground for theories about how people behave in the absence of meddlesome government. One such question is how two parties bargain when neither has good information available. Negotiations between shipowners and Somali pirates fit that description well.
Economists have been interested in the free-market ways of pirates for a while. Last year a team of three published a paper drawing on data from more than 10,000 negotiations that took place from 1575 to 1739 between North African pirates on one side and monks acting for Spanish families on the other. They found that the Spanish managed to pay lower ransoms by dragging talks out. Data on the activities of present-day pirates in Somalia are more, well, patchy. To fill the gap, the authors of a new paper gathered data from pirate negotiators.
They found that Somali pirates pretend to be more sophisticated than they are, whereas shipowners pretend to be poorer. Nowadays both sides have an interest in a speedy resolution, since a prolonged negotiation incurs costs. For the shipowner, the cargo spoils and the ship goes unused. For the pirates, the captured crew must be fed and the ship guarded. And pirates cannot last long without a resupply of qat, which is to them as rum is to Captain Jack Sparrow. Settle too quickly, though, and one side or other is likely to get a poor deal.
Government intervention can create perverse incentives. Spain paid a ransom of $1.2m for a fishing boat, the Playa del Bakio, in 2008—more than twice the amount previously paid for a vessel of that type, setting a new floor price. Indeed, although the number of ships taken is down, the pirates have adjusted by charging more per release. 
[...]

04 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

A verdade sobre o Smartphone

Analistas financeiros e adoção das normas internacionais de contabilidade

A decisão de adotar as normas internacionais de contabilidade (IFRS) tem sido investigada em diversos trabalhos acadêmicos. Estas pesquisas procuram responder a uma pergunta simples: vale a pena um país obrigar suas empresas a usaram as IFRS?

Uma questão simples mereceria uma resposta direta e simples. Mas infelizmente a realidade é muito complicada para termos uma resposta afirmativa ou negativa. Devemos lembrar que estamos estudando um ambiente em constante mutação. E que temos diversas técnicas e dados disponíveis.

Somente após intensas pesquisas, confrontando diferentes análises, é que poderemos responder a nossa pergunta. Mas temos uma luz no fim do túnel: alguns resultados de diferentes pesquisas já estão disponíveis. E alguns destas já estão se tornando “clássicos” na área (vide, Daske, Hail, Leuz, Verdi, 2008; Ball, 2006, por exemplo).

Uma pesquisa de 2009 usou um ponto de vista interessante: os efeitos sobre os investidores estrangeiros. Estes usuários têm dificuldade em analisar as informações contábeis com normas que não conhecem. Se os países possuem regras contábeis diferentes, os analistas provavelmente não acompanharam o desempenho das empresas de outros países. Assim, a convergência poderia fazer com que os analistas seguissem mais empresas de outros países.  E fizessem um trabalho melhor: no caso dos analistas, acertando mais as projeções.

Os autores encontraram que a adoção das IFRS atrai os analistas que conhecem estas normas. Mais ainda, que o uso faz com que se melhore a precisão das projeções.  Assim, a pesquisa parece apontar que a convergência facilita a comparação para os analistas financeiros estrangeiros, aumentando a chance de uma empresa local ser acompanhada por este usuário.

Fonte: TAN, Hongping; WANG, Shiheng; WELKER, Michel.  Foreign analyst following and forecastaccuracy around mandated ifrs adoptions , working paper, 2009

Fato mais relevante da história da contabilidade


Qual o fato mais relevante da história da contabilidade brasileira? Provavelmente as respostas irão variar conforme o respondente. Fiz, com meus alunos de Teoria Contábil, uma investigação para saber o que eles achavam. Muitas respostas, a maioria interessante. Uma discente afirmou que a criação dos armazéns alfandegários, juntamente com a chegada do primeiro contador, nas primeiras décadas do domínio português. Outros se lembraram da chegada da família real, incluindo a criação do erário régio e a obrigatoriedade das partidas dobradas. O código comercial, quase cinquenta anos depois, também foi citado. Um discente lembrou-se do desenvolvimento da profissão entre os anos 20 e 30 do século passado. Esta é uma resposta que não estava na minha lista, mas devo reconhecer que faz bastante sentido. Vários deles se lembraram da criação do conselho e da normatização da profissão, em 1946. Um aluno se lembrou do período após 1964, quando o novo governo modernizou o sistema financeiro, criando o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central e passou a obrigar a contratação de auditores.  Sem dúvida nenhuma uma boa lembrança.

Finalmente, as duas principais respostas que obtive: a lei 6404, de 1976, e a adoção das normas internacionais (e criação do CPC).

Ao analisar as respostas dos meus alunos cheguei a uma conclusão: não saberia responder qual o fato histórico mais importante da contabilidade brasileira. Como é bom aprender com os meus alunos.

Petróleo, erro estratégico

Nesta semana, foi publicado um livro que ajudei a organizar, chamado “Petróleo – reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro” (Campus, 2012). A organização foi conjunta com Luiz Paulo Vellozo Lucas e o livro, além dos organizadores, contou com artigos de 19 autores, entre eles alguns dos mais conceituados analistas do setor de energia.
Na sua apresentação, fazemos uma distinção entre erros simples e estratégicos. Uma pessoa pode ir a um restaurante e escolher mal o prato. É algo sem maiores consequências. Já casar com a pessoa errada pode ser fonte de dor de cabeça por muitos anos para ambas partes.
Analogamente, uma empresa pode planejar a produção de um mês julgando que a demanda vai ser X e a demanda ser 10% maior, perdendo a chance de aproveitar melhor o momento, mas podendo se recuperar no mês seguinte. Já o erro poderá ser fatal se ela escolher apostar tudo num produto que está sendo abandonado pelos consumidores.
Esse tipo de equívoco é o que se denomina de “erro estratégico”. Trata-se de atos que moldam a ação de um agente durante anos e podem, no limite, levar à falência (quando se trata de uma empresa).
A comparação é válida para as economias. Um país pode reduzir juros quando deveria aumentá-los ou aumentá-los quando deveria reduzir, mas nada disso é muito grave, pois trata-se de uma decisão errada com efeitos limitados e que pode ser corrigida pouco tempo depois. Opções estratégicas, porém, têm efeitos duradouros.
[...]Os historiadores que analisarem no futuro a primeira década do atual século provavelmente qualificarão de forma parecida a mudança de regime feita pelo Brasil em 2010 no setor de petróleo, quando adotou a partilha e resolveu privilegiar a política de conteúdo local, jogando pela janela um modelo que tinha dado certo durante 13 anos, com resultados espetaculares. Enquanto o modelo de concessão vigorou sozinho, foram realizadas diversas rodadas de licitação, as reservas provadas do país dobraram, a produção elevou-se em 150 % e a arrecadação acumulada da soma da participação especial e dos royalties alcançou mais de R$ 160 bilhões. Tudo funcionava muito bem, até o setor ser atropelado pela agenda ideológica que orientou a mudança de regime.
Confirmando mais uma vez o sarcasmo de Delfim Netto, de que “quando o governo compra um circo, o anão começa a crescer”, a intervenção oficial travou o setor. Embora o cidadão comum possa julgar que o setor de petróleo vai de vento em popa, os fatos demonstram o contrário: as metas de produção não têm sido alcançadas, o país – cada vez mais distante da autossuficiência – importa quantidades crescentes de derivados e as empresas – incluindo a Petrobras – penam por conta do radicalismo da política de conteúdo local. No longo prazo, nada poderia ser mais preocupante do que a redução da área exploratória, do pico de mais de 340 mil km2 em 2009, para apenas um terço disso atualmente, devido à falta de novos leilões nos últimos anos.
A presidente queixa-se da falta de investimentos no país e, nos meios oficiais, as reclamações são contra o ambiente internacional de crise. A questão, porém, é que apesar da crise, há países da América Latina que estão muito bem, com destaque para Chile, Peru e Colômbia. Este último, especificamente, tem uma empresa de petróleo (Ecopetrol) que tem dado um “show de bola” no mercado internacional, seguindo os passos da Petrobras de 1997/ 2009 e rivalizando com ela em valor de mercado, apesar de ter ativos que são uma fração modesta dos ativos da nossa estatal.
Como diz corretamente Wagner Freire, antigo quadro histórico da Petrobras e que ajudou a escrever a história de sucesso da empresa, em um dos capítulos do livro, “as diferenças [entre as empresas] são enormes, mas o que conta mesmo para o valor de mercado é o que o mercado pensa sobre a administração da companhia e o comando do controlador”. Nesse sentido, a combinação de 1) incerteza regulatória; 2) guerra federativa; 3) ausência de leilões; 4) excessos da política de conteúdo local; e 5) controle de preços, está sendo uma “bola de ferro” que impede o retorno do ciclo virtuoso do setor, que poderia ter um papel fundamental para o crescimento do PIB. A revisão do modelo regulatório do setor deveria entrar na agenda, sob pena de perdermos uma oportunidade histórica de utilizar adequadamente a riqueza de nosso solo.

Política Fiscal e a participação da sociedade


Recentemente o governo federal anunciou que não conseguirá alcançar a meta do resultado primário para o setor público de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Apesar dessa notícia não ter sido uma surpresa para quem acompanha as contas públicas, uma análise mais detalhada dos dados assusta e levanta dúvidas sobre a capacidade de o governo federal conciliar sua agenda de aumento do investimento público com redução da carga tributária.
É interessante observar que enquanto todos parecem ter opinião formada sobre taxa de juros e sobre os erros e acertos do Banco Central, o cidadão comum fica alheio ao debate anual do orçamento que é, justamente, a área na qual decisões políticas são mais importantes do que decisões técnicas. Em vez de discutir "juros" (política monetária), o cidadão brasileiro deveria se envolver mais no debate fiscal, pois neste as decisões são políticas. Mas isso não acontece por pelo menos três motivos.
Primeiro, não há dentro do próprio governo um consenso de como as estatísticas fiscais são divulgadas. Por exemplo, a despesa primária (gasto não financeiro do governo federal), em 2011, foi de 17,5% do PIB de acordo com o Tesouro Nacional. No entanto, o Boletim da Secretaria de Comunicação da Social da Presidência da República, Nº 1656, de 13 de novembro de 2012 mostra que: "os investimentos anuais do governo federal em políticas sociais saltaram de 13% do PIB há dez anos para quase 17% em 2012."
[...]Segundo, há ainda no Brasil falta de informação quanto ao custo de alguns programas. Cito dois que passaram a ser importantes: o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES. Independentemente do mérito desses dois programas, o custo deles deveria ser claro para que a sociedade pudesse decidir se quer gastar mais ou menos com esses programas frente a outras despesas e outros investimentos.
No entanto, poucas pessoas têm ideia do custo desses programas. No caso do MCMV, praticamente metade do custo desse programa de 2009 a 2011 foi bancado pelo FGTS. E o seu custo não é pequeno. O custo total desse programa, inclusive os subsídios pagos pelo FGTS, passou de R$ 2,8 bilhões, em 2009, para um valor que ficará próximo a R$ 17 bilhões este ano.
O caso do PSI é ainda mais nebuloso. O governo federal se recusa a dar informações relativas ao custo desse programa. Vale lembrar que os empréstimos do Tesouro Nacional para os bancos públicos saíram de um valor inferior a R$ 10 bilhões, no início de 2008, para R$ 369,1 bilhões, em setembro. É muito provável que o estoque desses empréstimos cresça para meio trilhão de reais nos próximos dois anos. 
Terceiro, apesar de o governo ter um baixo controle sobre a execução orçamentária, já que apenas 10% da despesa não financeira pode ser considerada discricionária, na prática o governo vem utilizando de artifícios que têm tornado a execução das despesas obrigatórias ainda mais rígidas. Um exemplo disso é o crescimento excessivo do saldo de restos a pagar não processados, recursos empenhados de anos anteriores que são pagos no ano corrente.
[...]As despesas de anos anteriores passam a competir com despesas do orçamento do ano e, em algum ano, o equilíbrio precisa vir ou pelo aumento maior da receita ou por uma queda do primário.
Infelizmente, enquanto não houver maior transparência no custo das politicas públicas e no debate e execução do orçamento, o debate fiscal ficará restrito a “especialistas” e não a quem de fato importa neste debate que é o cidadão, que utiliza serviços públicos e paga uma carga tributária de primeiro mundo.


Mulheres e negociações salariais


Although some scholars have suggested that the income gap between men and women is due to women’s reluctance to negotiate salaries, a new study at the University of Chicago shows that given an invitation, women are just as willing as men to negotiate for more pay.
Men, however, are more likely than women to ask for more money when there is no explicit statement in a job description that wages are negotiable, the study showed.
“We find that simple manipulations of the contract environment can significantly shift the gender composition of the applicant pool,” said UChicago economist John List, the Homer J. Livingston Professor in Economics.
List was a co-author of a paper based on a study of people responding to job advertisements in which salaries were advertised either as negotiable or fixed. Women were three times more likely to apply for jobs with negotiable salaries and to pursue negotiations once they applied, the study found.
Among those responding to an explicit salary offer, 8 percent of women and 11 percent of men initiated salary negotiations. When the salary was described as negotiable, 24 percent of women and 22 percent of men pursued salary discussions.
“By merely adding the information that the wage is ‘negotiable,’ we successfully reduced the gender gap in applications by approximately 45 percent,” said List.
Previous studies have shown that men are nine times more likely than women to ask for more money when applying for a job, but this paper is the first to use a field experiment to look at gender differences in the way men and women approach salary negotiations.
[...]The study found that when men determined that salary was fixed, their probability of applying was 47 percent, compared with 32 percent for women. When salary was negotiable, the probability of women applying increased to 33 percent, whereas men’s probability decreased to 42 percent.
Despite efforts to promote gender equality, women make about three-fourths as much as men, surveys have shown. Additionally, women hold only 2.5 percent of the highest paid jobs in American firms. The gap in wages begins when a person is hired, so encouraging negotiations from the beginning is likely to have a long-term impact on salary, List said.
A variety of factors may explain the gender differences in salary, including negotiations after a person is hired and differences in women’s willingness to negotiate for jobs other than the ones advertised, the paper concluded.

Auditoria, China e SEC

O organismo regulador do mercado de ações dos Estados Unidos, SEC, acusou nesta segunda-feira cinco grandes empresas de auditoria de ocultar informações de empresas chinesas registradas nas bolsas americanas.

"Os materiais de auditoria estão sendo procurados como parte das investigações de nove empresas chinesas", disse a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. As cinco empresas acusadas são BDO China Dahua, Deloitte Touche Tohmatsu Certified Public Accountants, Ernst & Young Hua Ming, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian.

Segundo a SEC, foram violadas as leis do Securities Exchange Act e a Lei Sarbanes-Oxley, que exige que empresas estrangeiras de contabilidade pública forneçam informações à SEC quando requeridas.

Investigadores da SEC têm tentado obter essas informações há meses, mas as auditorias têm se recusado a cooperar, diz o comunicado.

"As empresas que realizam auditorias sabendo que não pode cumprir com as leis que exigem o acesso a esses documentos devem enfrentar sanções graves", disse Robert Khuzami, diretor da Divisão de Execução da SEC.

SEC acusa grandes empresas de auditoria de ocultar dados de empresas chinesas
Por AFP


Leia mais aqui, aqui e aqui

03 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Como descrever Breaking Bad para diferentes pessoas. Mais outras aqui.

HP

Os números referentes a aquisição da empresa Autonomy por parte da HP e a recente baixa contábil contam uma história interessante.

Quando a HP comprou a Autonomy, o valor de mercado da empresa era de 5,9 bilhões. A HP pagou 11 bilhões de dólares, um adicional de 5,1 bilhões. O valor contábil da empresa era de 2,1, indicando que o prêmio sobre o valor contábil pago pela HP foi de 8,9 bilhões. Logo após a aquisição, a HP perdeu 15 bilhões de dólares de valor de mercado. É bem verdade que parte da redução do valor de mercado deve-se a outros fatores, mas provavelmente a aquisição talvez tenha influenciado na penalização do mercado.

Na baixa contábil realizada recentemente o valor foi de 8,8 bilhões, sendo cinco bilhões referentes à perda de valor do negócio, em razão de “problemas contábeis”. Observe que este valor é muito próximo ao ágio pago pela HP em relação ao valor de mercado da empresa.

Coincidência?