Translate

26 janeiro 2011

Por que o texto técnico é tão chato?

O texto técnico geralmente é mais chato que um texto jornalístico ou que um livro de divulgação científica. Existem algumas boas razões para que isto ocorra.

Em primeiro lugar, é muito difícil escrever fácil, de forma simples, sem perder a precisão. Assim, muitos cientistas, que são especialistas em fazer pesquisas, têm uma grande dificuldade de escrever seus relatórios numa linguagem acessível. Muitos pesquisadores achavam as aulas (e as regras) de português desnecessárias. Afinal, "qual a necessidade de um contador saber escrever? Ele precisa saber fazer os lançamentos contábeis, nada mais que isto".

Uma segunda explicação possível para a nossa questão é que as pessoas que escrevem textos técnicos acham que seus artigos devem ser "chatos". Muitas vezes as pessoas não querem que outros estudem com profundidade suas pesquisas ou relatórios, mas querem que os mesmo sejam elogiados. Uma forma de fazer isto é tornar o texto hermético, ou seja, difícil de ser compreendido. As pessoas associam textos complicados com textos de boa qualidade, o que nem sempre é verdade (veja o exemplo da postagem de hoje sobre o comunicado da CVM). Em certos casos, uma forma de aprovar um texto sem muita dor de cabeça para o autor é torná-lo inacessível. Se eu uso um monte de fórmulas quantitativas no meu texto, as chances do mesmo ser aceito num periódico aumenta, mas provavelmente a possibilidade de difusão das suas conclusões é menor.

Mas acredito que exista outra explicação: o texto científico deve ser preciso. E fazer um texto preciso exige muitas vezes repetição de palavras. Veja o seguinte exemplo, muito comum nas dissertações, artigos e outros textos científicos: "as empresas americanas foram usadas como amostra na pesquisa". Que empresas são essas? No meu dicionário, América significa uma porção de terra que vai da Patagônia até o Alasca. Mas parece que algumas pessoas acham que a América é sinônimo de "Estados Unidos". Para resolver este problema, outras pessoas escrevem: "as empresas norte-americanas foram usadas como amostra na pesquisa". Ou seja, a pesquisa contou com empresas do Canadá, Estados Unidos e México. Mas não é isto que era para ser dito. A solução seria escrever: "as empresas dos Estados Unidos foram usadas como amostra na pesquisa" ou "as empresas estadunidenses foram usadas como amostra na pesquisa". Agora chegamos à precisão necessária. Mas para isto, o texto ficou mais chato, com certeza, pois "estadunidenses" é muito mais esnobe e complicado que "americanas".

Finalmente, a linguagem científica, como qualquer outro tipo de comunicação, está carregada de abreviações, atalhos e termos técnicos que afastam o leitor comum. Falamos em "ceteribus paribus" e o entendimento é imediato para quem é da área. Escrever sobre impairment é natural para quem conhece, mas é "grego" para quem possui pouco conhecimento contábil. Para entendermos certos textos é necessário um mínimo de conhecimento do linguajar usado.

CVM prorroga prazo para as IFRS

Usando como justificativa as dificuldades que as empresas estão enfrentando para fazer a contabilidade pelas IFRS, a CVM decidiu prorrogar o início das normas internacionais no Brasil. O novo prazo é o seguinte:

as companhias abertas poderão reapresentar os seus ITR de 2010, comparativamente com os de 2009 também ajustados às normas de 2010, até a data da apresentação do 1o ITR de 2011

Entendeu? Não fique chateado, pois parece que a imprensa econômica também não conseguiu entender direito (aqui, aqui e aqui, por exemplo), tanto é assim que preferiu reproduzir integralmente a frase da CVM. A CVM afirmou que o prazo será até a data da apresentação da primeira informação trimestral de 2011, ou seja, lá para os idos de abril.

A pergunta que não quer calar: qual foi a real necessidade de prorrogar o prazo? Nós sabemos que algumas empresas brasileiras já estão fazendo a contabilidade segundo as normas internacionais. Entretanto, parece que outras empresas não conseguiram fazer o dever de casa. Algumas possíveis respostas:

Primeiro – as empresas possuem atividades complexas e a adoção das IFRS exigiria realmente mais tempo. Esta possibilidade é questionável, já que sabemos que outras empresas conseguiram implantar as normas internacionais, algumas delas de grande porte.

Segundo – as empresas não acreditaram que as normas seriam realmente exigidas no Brasil e não deram prioridade necessária ao processo de convergência. Esta hipótese é mais plausível, mas é difícil comprovar na prática que uma empresa fez "corpo mole".

Terceiro – A implantação das normas exige, além de aspectos técnicos, a implantação das normas exige algum tipo de expertise, como, por exemplo, experiência em adoção de normas de outros países, que somente algumas empresas.

Terceiro setor: valor dos voluntários

Na contabilidade do terceiro setor, o ideal seria que a entidade fizesse uma estimativa de quanto gastaria caso necessitasse pagar os serviços voluntários. Os voluntários geralmente prestam serviços para entidades do terceiro setor e, ou cobram um valor muito abaixo do mercado ou não cobram nenhum valor.

A questão é a dificuldade de fazer este cálculo. Uma notícia recente mostra que a Cruz Vermelha – e sua correspondente Crescente Vermelho – fizeram esta estimativa:

Se o trabalho realizado no mundo todo pelos 13 milhões de voluntários da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelhotivesse que ser pago, custaria US$ 6 bilhões, segundo o primeiro estudo realizado pela entidade para avaliar a atividade. O relatório calcula pela primeira vez a proporção entre o número de empregados da Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e o número de voluntários que dão "pelo menos quatro horas de seu tempo por ano", que se situa em 20 ativistas não remunerados por cada assalariado.

Esta proporção alcança taxas muito mais elevadas nas duas regiões do mundo menos desenvolvidas: um empregado por cada 327 voluntários na África, e um contratado por cada 432 voluntários no Sudeste Asiático. "Na Ásia e África há uma cultura muito ampla de ajuda comunitária, e infelizmente as pessoas estão muito acostumadas a catástrofes e a dar o pouco que têm para melhorar a situação", explicou Susie Chippendale, uma das coordenadoras do relatório.

Por regiões, dos 13 milhões de voluntários, 3,1 milhões são do leste da Ásia; 2,8 milhões do sudeste asiático; 2,7 milhões do sul da Ásia; 1,4 milhão da África Subsaariana; 1,3 milhão da Europa; 710 mil dos Estados Unidos e Canadá; 527 mil do Magrebe e do Oriente Médio; 217 mil do Leste Europeu e Ásia Central; 165 mil da América Latina; 72 mil do Caribe; e 54 mil do Pacífico.

Por setores, 36% dos voluntários colaboram no setor sanitário; 27% no socorro, gestão e preparação para desastres; 12% na inclusão social; e os demais se dividem entre um variado número de atividades.

Segundo a entidade, o objetivo do relatório não é apenas determinar o custo real do voluntariado, mas chamar a atenção dos governos para que reconheçam a utilidade e importância dos voluntários, tanto pelo indicador econômico para o país, como pelos valores humanos que representam.

Receita e Serviços Contábeis

Desde que foram constatados problemas na distribuição de informações sigilosas de contribuintes através do mau uso do sistema da Receita Federal, a instituição, amparada pelo artigo 5º da MP 507 e regulamentações, passou a exigir que a liberação de informações de terceiros seja feita através de uma procuração pública, ou seja, lavrada em cartório por tabelião. Essa determinação, porém, vem complicando a atuação de quem trabalha junto à Receita Federal, como as empresas contábeis. A estimativa da Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas) é que isso cause atraso em pelo menos 40% das questões ligadas à contabilidade das empresas.

Para o presidente da Fenacon, Valdir Pietrobon, "é preciso afastar o joio do trigo". "Um fato isolado de quebra de sigilo fiscal, denunciado em plena campanha presidencial, não pode servir de base para publicar uma norma que limita o exercício profissional de pessoas sérias. A procuração pública para representar terceiros perante o Fisco é um retrocesso, é um procedimento complexo, burocrático e oneroso para o cidadão", analisa.

A Fenacon contesta a necessidade dessas procurações em função não só da burocracia, mas pela responsabilidade legal já exercida pelo setor das empresas contábeis. "Quem trabalha com questões de sigilo fiscal tem a responsabilidade sobre as informações que coleta. É uma responsabilidade sob a responsabilidade já existente", afirma Pietrobon.

O assessor jurídico da Fenacon, Josué Tobias, avalia que a MP é um desvio de finalidade. "Dada inexistência de relevância e urgência, a mesma não pode criar restrições em matéria relativa a direitos da cidadania. Isso indiretamente cria "taxas" para o cidadão exercer o direito de petição de obtenção de certidões, o que é vedado pela Constituição Federal", afirma Tobias. Além disso, o assessor afirma que isso viola o principio do devido processo legal substancial, proporcionalidade, razoabilidade e isonomia. "As entidades de classe podem adotar medidas judiciais coletivas em favor dos profissionais que estas representam, assim como individualmente qualquer empresa, cidadão ou profissional", afirma Tobias. (Paranashop -19 jan 2011)

Futebol e problemas contábeis

A contabilidade no futebol parece estar sempre envolvida em problemas com a lei. A notícia de que o ex-presidente da Federação Mineira de Futebol, Elmer Guilherme Ferreira foi condenado a dois anos e três meses de prisão, é mais uma no meio. O crime: sonegação fiscal. Ele e o ex-tesoureiro, foram acusados pelo Ministério Público Federal de:


fraudar a contabilidade da FMF para sonegar impostos e desviar recursos. Entre as irregularidades apuradas pela Receita Federal estão a falta de declaração de diversos pagamentos recebidos pela entidade e uso de notas fiscais frias, inclusive de empresas inativas e até de uma mineradora. 
Ainda segundo a denúncia do MPF, os acusados também fraudaram documentos para declarar pagamentos por serviços que nunca foram prestados, gastos elevados com compras de ingressos e ainda a compra de uma propriedade rural inexistente no Mato Grosso, pela qual a entidade "pagou" mais de R$ 4 milhões. (
 Ex-dirigente condenado por sonegação -
MARCELO PORTELA - Da Agência Estado – BH)

25 janeiro 2011

Frase


Se não fosse pelo futebol, o que Ebere Orji estaria fazendo?
Estaria estudando para ser contadora, porque gosto muito de contabilidade. Agradeço a Deus por ter conquistado fama e honra com o futebol. Ainda estou trabalhando duro para em breve ter ainda mais êxito no esporte. (
Orji: "Nigéria não teme ninguém" – Fifa.com, 24 jan 2011)

Rir é o melhor remédio





Fotos de René Maltête

Teste 416

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira (Banco Santos) foi despejado de sua mansão por não pagar aluguel. O valor da dívida era de R$3 milhões. Junto com esta notícia, ficamos sabendo diversas coisas interessantes. O teste de hoje é completar os espaços a seguir com os números correspondentes:

Quantas peças de arte deveria ter na mansão?
Qual o tamanho do closet, em metros quadrados, da mansão?
Quantos ternos e gravatas existia na mansão de Edemar? (É a mesma quantidade de roupas e sapatos da sua esposa)

Para ajudar, as respostas das perguntas são (não nesta ordem) 220, 500 e 4.000.


 

Resposta do Anterior: Está em 43o. Fonte: aqui (via blog do Jomar)

Por que você deve desconfiar das descobertas da ciência?

O café faz bem para saúde. O café faz mal. Beber uma taça de vinho pode ajudar no envelhecimento. A bebida pode provocar conseqüências ruins para a saúde das pessoas. Deparamos regularmente com conclusões diferentes obtidas pela ciência. Isto acontece em qualquer campo, incluindo a contabilidade. Existem algumas possíveis explicações para isto.

Em primeiro lugar, qualquer pesquisa está sujeita a erros decorrentes da coleta dos dados, que foi realizada incorretamente. Nestes casos, as conclusões fatalmente estarão erradas também. Uma situação típica é quando usamos dados das empresas, mas não consideramos as empresas que deixaram de existir no período de tempo que estamos analisando. Isto recebe o nome de viés de sobrevivência: consideramos somente as empresas que sobreviveram no tempo, mas não aquelas que fracassaram.

Segundo lugar, mesmo que o pesquisador não cometa erros na coleta de dados, mesmo assim existirá um erro normal da pesquisa. Assim, quando trabalhas com uma significância estatística, estamos considerando que existe a possibilidade de que as conclusões ocorreram pelo acaso. Geralmente os pesquisadores trabalham com 5% de probabilidade. Isto indicaria que existe possibilidade, mesmo que pequena, de que as conclusões ocorreram em razão do acaso. Assim, talvez de cem trabalhos publicados sobre os efeitos do parecer negativo de auditoria sobre as ações, cinco poderão indicar conclusões errôneas por conta deste acaso estatístico.

Uma forma de evitar este problema é através de uma análise chamada meta-análise. Esta técnica junta todas as pesquisas sobre o mesmo tema e permite inferir em qual conclusão confiar. Mas a meta-análise depende de um fato: todas as pesquisas que foram feitas devem ser publicadas. Mas isto não ocorre e este é o terceiro fato.

Chegamos então à seleção na publicação. Se um editor de um periódico recebe cem trabalhos sobre os efeitos do parecer e cinco deles indicam algo contrário ao previamente estabelecido, as pesquisas que contrariam o status quo provavelmente irão receber mais atenção do editor. Isto parece com o caso do editor de um jornal: o fato de que um cachorro mordeu uma pessoa não é interessante, mas que uma pessoa mordeu um cachorro é. O mesmo ocorre com as pesquisas. Assim, uma pesquisa confirmatória possui menos chance de ser publicada que uma pesquisa que contesta o status quo.

O último aspecto refere-se às delimitações da pesquisa. Quando um pesquisador escolhe trabalhar com os efeitos do parecer de auditoria sobre a cotação das ações, as conclusões serão válidas para as empresas abertas. Se outro pesquisador usar outra amostra, as conclusões terão maiores chances de serem diferentes.

Poligamia e Big Love

A série Big Love, que passa na televisão a cabo, mostra uma família e a discussão sobre poligamia. Eis alguns argumentos econômicos:

Alguns economistas, incluindo o vencedor do Prêmio Nobel Gary Becker, em seu Treatise on the Family, têm argumentado que a poligamia deveria aumentar a procura de mulheres e aumentar a eficiência do mercado de casamento.
A restrição do Governo nos contratos de casamento limita a escolha individual. Em princípio, a possibilidade de desfrutar de mais de uma esposa poderia incentivar os homens a um maior esforço competitivo com os outros. Algumas mulheres podem preferir a partilhar um marido rico a ter um marido desempregado e pobre todo seu. 

[Mas] a união poligâmica dá muitas vezes aos homens idosos o direito de coagir as mulheres jovens em relações de submissão e de controlá-las e seus descendentes. (The Economics of Big Love, New York Times, Nancy Folbre, 24 jan 2011)

O Canadá está pensando em aceitar a poligamia, já que algumas religiões (mulçumanos e algumas dissidências dos mórnons) aceitam. A aceitação decorreria da liberdade religiosa. Estudos passados mostram que a introdução da monogamia na Europa no início da Idade Média reduziu a desigualdade entre os gêneros, o conflito social e ajudou no desenvolvimento.

Fato Relevante

(...) O conceito de fato relevante é notadamente subjetivo quando se trata tanto da influência nas cotações dos valores mobiliários quanto das decisões de investimento. Tal subjetividade, naturalmente, gera algumas dúvidas bastante comuns, dentre elas: "Quando, exatamente, um fato se consuma como relevante?"; "Um fato precisa estar concretizado para ser considerado relevante, ou a mera expectativa de sua ocorrência já deve ser divulgada ao mercado?".

A resposta teórica é simples, mas sua aplicação prática nem sempre é fácil. A própria CVM, em um de seus julgados, afirmou que a ocorrência de um fato relevante, muitas vezes, não é representada por um evento objetivo localizado no tempo que, de forma clara e definitiva, estabeleça seu acontecimento. Pelo contrário, na maior parte das vezes a consumação de um fato relevante trata-se apenas da conclusão de uma sucessão de eventos relevantes.

Desse modo, a caracterização de um fato como relevante torna-se questão polêmica e de difícil identificação, provocando uma discussão ainda longe de ser pacífica na jurisprudência. Controvérsias à parte, o fato é que, para ser considerada relevante, a informação necessita de um caráter preciso, de materialidade ou objetividade. Não deve, portanto, se referir a meros rumores, estudos iniciais ou planos cuja probabilidade de serem concluídos é pequena ou incerta. Segundo a CVM, "a informação deve ser disponibilizada tão logo mereça esse nome, isto é, desde que não se trate de mero projeto inicial e desconexo, mas se tenha traduzido em objetivo concreto da administração ou do controlador".

A legislação deixa para a própria administração das companhias a tarefa de decidir, caso a caso, o momento da consumação de um fato como relevante. Para tanto, a administração deve analisar se a probabilidade de a operação ser concluída é alta e se a finalização dessa mesma operação trará impactos significativos sobre os negócios da empresa, afetando as cotações de seus valores mobiliários. (Como identificar um fato relevante - Alexandre Carvalho Pinto Rios - 27|12|2010- Dica de Pedro Correa, grato)

Talvez para a empresa responder a seguinte pergunta poderia ajudar nesta questão: o fato irá afetar de maneira significativa o preço da ação da empresa? Em caso afirmativo, trata-se de um fato relevante, que deve ser divulgado assim que possível. Caso contrário, a divulgação pode ocorrer em respeito ao mercado (e para evitar problemas futuros), mas não como fato relevante.

Palmeiras


No último domingo, três dias antes de deixar a presidência do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo assinou uma confissão de dívida do clube com a Traffic no valor de aproximadamente R$ 11 milhões. 
A maior parte desse dinheiro, segundo os cartolas, foi emprestada pela empresa ao clube, que usou a verba para pagar os salários de Vanderlei Luxemburgo quando ele era o treinador. Belluzzo tinha sido orientado por seus diretores a não assinar a confissão. 
Não há um contrato específico entre a parceira e o Palmeiras nesse valor. Havia uma contabilidade entre as duas partes (1). A Traffic emprestava quantias para o Palmeiras pagar quando pudesse, principalmente quando vendesse jogadores. 
Com a proximidade da troca de presidente, a empresa quis se resguardar e cobrou o clube, que não tinha dinheiro. A solução para evitar o risco de calote foi a confissão da dívida. Não há desconfiança sobre a legitimidade da pendência entre os palmeirenses. Mas Belluzzo foi orientado a deixar para seu sucessor a missão de fazer a conferência de valores, pois a contabilidade é complexa (2) e poderia haver alguma divergência. O débito aparece em alguns balancetes do clube (3). 
No final, a confissão da dívida serviu como argumento para a nova diretoria rejeitar os pedidos de alguns conselheiros que queriam um novo contrato reduzindo o salário de Felipão. Um dos argumentos para rejeição é o seguinte: se o clube ainda terá de gastar tanto dinheiro por causa de um ex-treinador, seria injustiça diminuir os ganhos de quem ainda sua a camisa pelo Palmeiras. (Palmeiras confessa dívida de R$ 11 mi com a Traffic referente a Luxemburgo - Por Perrone)


 

Meus comentários

(1) A contabilidade deveria ser registrada baseada numa documentação. Ou um recibo de depósito do dinheiro na conta do clube. Mas parece que isto não ocorreu. Será que a Traffic emprestava o valor em moeda corrente e o dinheiro não transitava pela conta corrente do clube?

(2) Realmente deve ser complexo determinar quanto de dinheiro a Traffic repassou para o clube.

(3) Observe a redação da notícia: "aparece em alguns balanços do clube", mas não em todos.

Bolsa de Valores em Angola

A abertura e funcionamento de uma Bolsa de Valores em Angola não será efectivada no presente ano, como é desejo de algumas instituições financeiras, anunciou o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República.

Para Carlos FCeijó, está claro que a situação comercial, empresarial e jurídica não permite que possamos ter em 2011 uma Bolsa de Valores em Angola, porque a abertura de uma Bolsa de Valores implica que existam empresas que reúnam um conjunto de requisitos.

"Temos algumas dúvidas que boa parte das empresas angolanas [1] já têm os requisitos exigidos para entrar numa Bolsa de Valores".

De acordo com Carlos Feijó, só podem intervir na Bolsa de Valores Sociedades Anónimas e não as empresas públicas e há um conjunto de requisitos que em termos de contabilidade, em termos de registos das acções, de títulos que é necessário averiguar empresa por empresa qual delas tem condições de ser elegível à Bolsa de Valores. (...) (Bolsa de Valores adiada

1 – Otimismo. No Brasil, somente algumas poucas empresas possuem condições.

Os melhores cursos


O gráfico mostra a distribuição das notas dos cursos, segundo o tipo de instituição de ensino. No Brasil, a qualidade no ensino ainda significa uma instituição pública. Dos cursos avaliados pelo MEC nas instituições públicas, 36% receberam nota 4 ou 5. Nas instituições de ensino privada este percentual foi de 5%.

Na área de contabilidade, dos vinte melhores cursos, 14 são de instituições públicas (sendo duas estaduais e uma municipal).

O melhor jogador de tênis


Um trabalho acadêmico, usando análise de rede, procura determinar quem foi o melhor jogador de tênis do mundo. E a resposta foi surpreendente Jimmy Connors. Apesar de Connors possuir um recorde em número de torneios, foi Federer que mais venceu os torneios mais importantes.

Mas a surpresa continua no ranking. O segundo melhor jogador, pela pesquisa, foi Ivan Lendl, apontado no quadro como estadunidense, mas na realidade checo (ele naturalizou em 1992, já no final da sua carreira). McEnroe, o argentino Vilas e Agassi completam os cinco melhores do mundo. Na lista aparece o espanhol Miguel Orantes, em 16º, na frente do atual número um do mundo, Nadal. Aparece também Raul Ramirez, um mexicano, mas não Gustavo Kuerten.

O principal problema da listagem é a ausência do talvez melhor tenista de todos os tempos: o australiano Rod Laver, que venceu os torneios mais importantes do mundo (Austrália, Roland Garros, Wimblendon e US Open) no mesmo ano. Este feito, que Laver conseguiu duas vezes, nem Connors, nem Federe ou Nadal conseguiram.

24 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio


Economista e Pessimismo

Por que a moeda brasileira chama-se Real?

Em 1994, o governo Itamar conseguiu implantar com sucesso um plano de estabilização monetária no Brasil. Até então, o país convivia com uma elevada taxa de inflação, que chegou a atingir a 80% ao mês no final do governo Sarney. Ao escolher o nome da moeda, optou-se pelo nome "real". Existem algumas possíveis explicações para esta escolha.

A Wikipédia lembra que a primeira moeda do Brasil foi o "real", cujo plural era "réis". Nos tempos idos a economia não apresentava tanta instabilidade e usar este nome poderia ser interessante. Mas a escolha baseada no nome de uma moeda que já existiu parece uma grande falta de criatividade. Mas se observarmos o nome das últimas moedas temos: réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro e cruzeiro real. Ou seja, isto mostra que criatividade nunca foi o forte na escolha do nome da moeda no Brasil.

Outra possível explicação é a associação positiva que o nome real traz (ao contrário do nome "cruzeiro", por exemplo). Assim, o dicionário traz realçado, realeza, realidade, realização, entre outras palavras, todas com um aspecto positivo.

Finalmente uma possível explicação tem sua origem na matemática financeira. O termo "real" se contrapõe ao termo "nominal". Segundo a definição clássica de Irving Fisher, a diferença entre os termos corresponde à inflação. Um exemplo: quando calculamos um fluxo de caixa para valor futuro podemos usar uma taxa nominal, que incorpora a inflação, ou uma taxa real, que corresponde a taxa de juros sem a inflação. Observe que o nome Real para nossa moeda cria um pesadelo para o professor e o aluno de matemática financeira, pois temos uma palavra com dois significados distintos: "valores em reais" corresponde o montante em moeda brasileira; "valores reais" diz respeito ao valor quando se usa um fluxo de caixa real, sem inflação.

Teste 415

Uma listagem recente das pessoas mais poderosas na área de contabilidade mostra, claramente, que o lema "rei morto, rei posto" é válido. O atual presidente do Iasb, Sir David Tweedie, deverá ser substituído por um holandês, Hans Hoogervorst, este ano. Em razão disto, a posição de Tweedie entre as pessoas mais poderosas do mundo contábil não foi muito boa. Isto significa que na lista das cinqüenta pessoas mais poderosas, Sir David aparece
entre 10o. e o 20o.
entre 21o. e 30o.
entre 31o. e 40o.
entre 41o. e 50o.

Resposta do Anterior: 3 milhões de dólares. Isto significa que cada ação tem um valor de 120 mil dólares. Fonte: Businessinsider

Links

Contabilidade de opções: controvérsia entre Floyd Norris e David Albrecht 
A Lei de Benford aplicada a fraudes 

Regras contábeis, política, tempo no Fasb e padrões rigorosos 

"Como eu fiz Arafat perder 2 milhões de dólares" 

Manual da redação da Câmara 

Microcrédito

Toda semana, Gary Becker e Richard Posner publicam um texto sobre um assunto na área econômica-financeira. Gary Becker é um dos mais brilhantes economistas, com teorias inovadoras aplicando a teoria econômica a situações como o crime. Já foi premiado com o Nobel na área. Posner é um inovador ao juntar direito e economia.

O assunto da semana é o microcrédito. Para quem não conhece, o microcrédito diz respeito a concessão de pequenos empréstimos a pequenos empreendedores localizados nos países subdesenvolvidos. O assunto virou moda quando da atribuição do Prêmio Nobel da Paz para Muhammad Yunus em 2006.

Na época Posner afirmou que o sucesso da idéia teria que ser demonstrada, já que não existia (não existe) uma evidência empírica sobre a eficácia do microcrédito em estimular a produção e reduzir a pobreza. "Eu não tenho nenhum conhecimento de um exemplo histórico de nação que saiu da pobreza através do crédito de financiamento a pequenos empreendedores", afirma Posner. Uma das razões é o fato da inadimplência ser muito reduzida. Se isto ocorre, é que existe uma grande seleção nos empréstimos, que se imitado por outras microfinanceiras, reduz substancialmente o alcance e a influência do microcrédito. Em 2010, o microcrédito na Índia foi acusado de cobrar taxa de juros elevadas e coagir pessoas. Medidas tomadas pelo governo indiano impuseram limites e controles. O mesmo ocorreu em Bangladesh e Nicarágua.

Recentemente Yunus reconheceu que existem instituições que visam lucro no segmento de microcrédito, que ele chamou de "sua própria raça de agiotas". Isto provavelmente incluiria bancos especializados no segmento, que abriram seu capital. Mas Posner lembra que o Banco Grameen é uma sociedade por ações, não uma entidade do terceiro setor. Isto é uma contradição.

Becker lembra o seu comentário em 2006 quando afirmou que "o crescimento econômico requer direitos de propriedade, incentivo a iniciativa privada, abertura ao comércio internacional, estímulo à educação, uma regulamentação e um governo razoavelmente honesto". Ou seja, microcrédito tem pouco a contribuir para isto. Afirma Becker que "nenhum economista sério na área de desenvolvimento sugere que as micro finanças tenha uma papel importante no desenvolvimento econômico das economias mais pobres". Becker não deixa de reconhecer o papel inovador do Banco Grameen, que descobriu maneiras diferentes que emprestar aos pobres, em especial para mulheres pobres muçulmanas. A solução, para Becker, é incentivar a concorrência entre os credores nas áreas remotas rurais, pois monopólios geralmente cobram taxas de juros elevadas.

Quebra de sigilo

A Justiça Federal quebrou o sigilo bancário e fiscal de empresas do ex-diretor superintendente do banco Panamericano, Rafael Palladino, alvo de inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga suposto rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira do Grupo Silvio Santos.

A abertura de dados de pessoas jurídicas com participação de Palladino foi requerida pelo delegado Rodrigo Sanford, que dirige a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF. Recursos supostamente desviados do banco teriam migrado ou passado por contas de empresas nas quais Palladino tem ou teve participação.

Os arquivos da Junta Comercial de São Paulo indicam Palladino como sócio ou diretor de várias empresas. Em seu nome há firmas do setor imobiliário, postos de combustível e dos ramos de eventos e tecnologia. A Max America Negócios Imobiliários enviou US$ 2,3 milhões para Miami (EUA). A remessa ocorreu entre setembro de 2009 e maio do ano passado, segundo registro lançado na Junta Comercial. (Justiça quebra sigilo de ex-diretor do Panamericano – Estado de S Paulo 23 jan 2011)

O texto não informa quando foi quebrado o sigilo. Se isto ocorreu agora, o atraso pode dificultar a investigação. Indica também que o processo de investigação está muito lento.

Vivendi

Sr. Bronfman, um antigo vice-presidente executivo da Vivendi Universal, foi multado em € 5 milhões e recebeu uma sentença de 15 meses de suspensão por uso de informação privilegiada quando ele era um alto executivo da empresa. Sr. Messier foi condenado a uma pena de prisão de três anos e multa de €150.000.


 

Vivendi and Warner Music chiefs convicted by French court – The Telegraph – 24 jan 2011

23 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio


Removedor de Tatuagem

Mercado de Trabalho

No Brasil, o principal motivo para que as empresas aumentem as contratações é o crescimento dos negócios - razão apontada por 62% dos entrevistados. De acordo com a especialista em recrutamento da Robert Half Marcela Esteves, este não é, entretanto, o único motivo. A demanda por executivos de finanças e contabilidade é impulsionada também pela entrada de empresas internacionais no país- elas buscam profissionais que, além de entender o sistema fiscal e tributário brasileiro, sejam responsáveis pelas primeiras ações dessas companhias no mercado local. "Normalmente são empresas que, antes de pensar em uma estrutura organizacional, buscam os executivos da área financeira. Isso porque eles organizam contratos, negociam com bancos e lidam com fornecedores, por exemplo".

(...) O contador, segundo a especialista, é uma peça-chave também para empresas que estão iniciando as operações no país. "Como o Brasil é muito complexo em termos fiscais e tributários, os profissionais dessa área têm bastante trabalho em explicar para os estrangeiros a alta carga de impostos e a exigência tão grande de controles, por exemplo", afirma. (Empresas procuram mais executivos para área contábil – Valor Econômico – 29 dez 2010)

É interessante notar que em nenhum momento comentou-se sobre a adoção das normas internacionais de contabilidade como uma variável que impulsiona o mercado de trabalho dos contadores. Duas explicações: ou realmente a adoção das normas não criou um mercado de trabalho para os contadores ou as pessoas entrevistadas esqueceram este aspecto.

Frase

Daqui para frente, destaca ele [José Carlos Bezerra, gerente de normas contábeis da CVM], a tarefa será participar ativamente do processo de discussão das normas que estão em revisão pelo próprio Iasb - e que não são poucas. "Seremos ativos nesse sentido", diz Bezerra, dizendo que o foro de discussão dessas normas no país deve ser o CPC. Concluída agenda de normas para balanços de 2010 - Fonte: Valor Econômico – 5 jan 2011

O que Bezerra diz é que uma norma do Iasb deve ser discutida no CPC. Considere a situação onde o Iasb coloque uma revisão de norma em audiência pública. Se uma empresa, uma universidade ou uma entidade desejar contribuir ou dar sua opinião sobre a futura norma deve fazê-lo através do CPC. Mas isto contraria o espírito da audiência pública, onde a participação deve ser a mais ampla possível

Mais sobre o projeto de pesquisa

Após a postagem “para começar o projeto de pesquisa”, senti a necessidade de acrescentar mais algumas informações presentes no livro de Nicholas Walliman “Your Research Project”. Isso porque na empolgação do momento embolada com a areia escorrendo pela ampulheta, esquecemos-nos de nos atentar a pontos óbvios e importantes do nosso trabalho.

Para quem esta se iniciando no mundo acadêmico, essa postagem serve como uma rapidíssima aula de metodologia. Para os mais experientes, cairá como uma lista de checagem do que foi utilizado, ou não. Vamos lá!

Título: tem a função de agregar a essência do trabalho. Use poucas palavras: duas linhas bastam. Evite frases com “uma investigação sobre”, “um estudo de”, “aspectos da”, já que são atributos óbvios de uma pesquisa.

Lembre-se: O título será a vitrine do seu trabalho. Com ele, seu público-alvo saberá o que esperar daquela leitura.

Objetivos: são uma introdução ao coração do projeto. Saiba explicar em algumas linhas o que você fará em seu trabalho. Não exagere. Disponha de tempo para que o resultado final não precise ser alcançado em apenas alguns minutos. Permita-se experimentar novas formas, trocar as frases, buscar outras abordagens até que se decida pelos objetivos mais apropriados.

Escolha apenas um objetivo geral. Mais que um significa múltiplas pesquisas. Ao apontar os objetivos específicos, utilize apenas ações principais para a sua pesquisa. “Baixar os dados da amostra”, por exemplo, não deverá ser considerado um objetivo específico. Isso deverá ser descrito na metodologia da pesquisa.

Referencial teórico: é necessário explicar ao leitor a sua proposta e o contexto no qual o problema de pesquisa surge. Você deverá demonstrar que está ciente dos fatores mais importantes que cercam o seu problema e da literatura que significativamente relata isso.
  • Não conclua que seu leitor conhece bem o assunto discutido;
  • Não simplesmente jogue as citações em forma de parágrafos. Saiba tornar o texto fluido e agradável. Utilize uma estrutura lógica.
  • Use as referências de forma eficiente. Não exagere. Seu projeto deve ter em torno de 25 páginas ao todo.
Problema de pesquisa: deve ser o foco da sua proposta, o ponto mais importante. Assim, evite perguntas muito genéricas cujas respostas sejam simplesmente “sim” ou “não”. Saiba valorizar o seu trabalho elaborando uma questão definida e delimitada de forma precisa.

Delineamento da metodologia: essa parte da proposta explica de forma breve o que você pretende fazer para desenvolver sua pesquisa. Pode ser importante que você descreva como terá acesso a certos tipos de informação. Se há problemas de acesso, descreva como serão solucionados. Se você recebeu acesso privilegiado a informações restritas ou obscuras, isso deverá ser reportado.
Cada pesquisa é diferente em sua descrição da metodologia, tendo em vista ser tecida especificamente para a coleta e análise de dados de um problema específico.

Resultados possíveis: o seu projeto é algo como um contrato no qual você se compromete a realizar determinadas tarefas com propósitos definidos. Portanto, controle a sua vontade de exagerar as promessas na tentativa de valorizar o seu trabalho. Apesar de você não conseguir prever quais serão os resultados exatos (se pudesse, pouca razão haveria em continuar a pesquisa), você deverá tentar ser relativamente preciso quanto a natureza e a extensão dos resultados. Certifique-se que os resultados se relacionam diretamente aos objetivos de pesquisa que você relatou no início do projeto. Você poderá ser mais genérico quando descrever o significado geral dos resultados


Lembretes adicionais:
- Sempre verifique as regras formais do seu programa de pós-graduação.

- Preste atenção nos tempos verbais. Seja consistente.

- Peça para que outros colegas de confiança leiam seu trabalho. Comentários diferentes são essenciais, desde que você saiba filtrar corretamente.

- O título, o objetivo e o problema de pesquisa têm necessariamente que estar alinhados entre si.

- Não desperdice tempo. Escreva o seu projeto de uma forma com que ele possa ser utilizado na dissertação sem trabalhos adicionais.

22 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Operação Geleira

Um grupo formado por sete prefeitos, dois ex-prefeitos, servidores públicos municipais e empresários do Piauí foi preso, ontem, pela Polícia Federal (PF) no estado, acusado de desviar pelo menos R$ 3,7 milhões da União. Os suspeitos especializaram-se em comercializar notas fiscais frias — por essa razão, a operação da PF, que contou com a parceria da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF), recebeu o nome de Geleira. (Correio Braziliense – 20 jan 2011 – PF prende 30 por emissão de notas frias)


 

O esquema envolvia 33 empresas que emitiam notas fiscais frias e comercializava com as prefeituras. As empresas que vendiam cobravam 15% do valor. Por este link parece que a maioria eram donos de escritórios de contabilidade.

Hábito

Imagine com seria a vida se você não fosse capaz de se acostumar. O décimo bombom seria tão saboroso quanto o primeiro. O calor sentido ao entrar em um local abafado continuaria a incomodar após horas de exposição. Isso só não ocorre porque nosso cérebro tem uma capacidade enorme de se acostumar. Os cientistas chamam esse processo de habituação.

Quando recebemos um estímulo de maneira repetitiva em um período curto, a resposta que ele provoca diminui: nos acostumamos. O processo de habituação ameniza sentimentos tão distintos quanto o prazer de ingerir alimentos ou a revolta com o baixo reajuste do nosso salário.

Até hoje se acreditava que a habituação dependia de o cérebro receber estímulos diretamente dos sentidos, sejam receptores gustativos ativados ao ingerirmos um bombom ou o sistema visual ao ver impresso o valor do salário. A novidade é que experimentos demonstraram que é possível obter a habituação sem que o cérebro receba estímulo dos sentidos. Basta que imaginemos diversas vezes o estímulo para que o cérebro diminua sua resposta.

O experimento foi feito com cerca de 50 voluntários e usando os doces M&Ms. Um grupo foi instruído a imaginar por 30 vezes o ato de retirar o doce de um frasco, colocar na boca, mastigar e engolir. Outro foi instruído a imaginar 27 vezes o ato de retirar uma moeda de um frasco e colocá-la em um caça-níquel e em seguida imaginar por 3 vezes que retirava uma bala de um frasco, colocava na boca, mastigava e engolia. O terceiro foi instruído a imaginar 30 vezes que retirava uma moeda de um frasco e a colocava em um caça-níquel.

Balança. Após os exercícios, todos eram postos frente a um pote de M&Ms e informados de que deveriam aguardar até serem chamados. Não era informado se deviam ou não comê-los. Os cientistas queriam saber quantos doces as pessoas de cada grupo comeriam. Isso era determinado quando os voluntários deixavam a sala e a quantidade de M&Ms consumida era determinada com uma balança. Os resultados mostram que os voluntários que imaginaram 30 vezes que estavam comendo M&Ms ingeriam em média 2,21 gramas, enquanto as que imaginaram que manipulavam moedas 30 vezes ou 27 vezes comeram 4,1 gramas. Isso mostra que imaginar que você come M&Ms é suficiente para provocar a habituação, ou seja, diminuir a vontade de ingeri-los.

O experimento foi repetido pedindo a outros voluntários que imaginassem estar trocando os M&Ms de um pote para outro sem levá-los à boca. Nesse caso, quando colocados na frente dos doces, todos (manipuladores de moedas ou doces) ingeriram por volta de 4 gramas.

Em um terceiro experimento, as pessoas eram estimuladas a se imaginar colocando M&Ms no caça-níquel e a ingerir queijo. Quando colocadas em frente ao queijo e aos M&Ms, a habituação ocorria somente em relação ao queijo. Diversas combinações foram testadas e em todos os casos a habituação só ocorria quando a pessoa imaginava o ato de comer.

O fenômeno de habituação, obtido com o ato de imaginar o consumo de alimentos diversas vezes, é o oposto do que ocorre quando se pede para a pessoa imaginar um alimento saboroso (poucas vezes e sem imaginar a ingestão). Nesse caso, ocorre o que os cientistas chamam de sensitização, um fenômeno que leva a um aumento no consumo dos alimentos. É o que ocorre quando observamos a foto de um alimento delicioso: nossa vontade de comer aumenta a ponto de salivarmos. A sensitização explica o sucesso das propagandas.

A descoberta de que a habituação pode ser induzida pela imaginação sugere novas estratégias para reduzir o apetite e permitir a perda de peso. Antes do jantar, vá à cozinha, veja o que vai ser servido, volte para a sala, imagine 30 vezes o ato de ingerir os alimentos, e só depois se sente para comer. O mais interessante é que a descoberta talvez ajude a explicar porque imaginar de maneira repetitiva um determinado comportamento pode reduzir nossa resposta quando nos defrontamos com ele.

Fernando Reinach - O Estado de S.Paulo – 20 jan 2010 – Biólogo - MAIS INFORMAÇÕES: THOUGHT FOR FOOD: IMAGINED CONSUMPTION REDUCES ACTUAL CONSUMPTION. SCIENCE, VOL. 330 

21 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio

Hotéis: Fotos da Propaganda e a Realidade







Por que as pessoas acham que contador é bom em matemática?

Quando falo que sou professor de contabilidade, eu escuto que devo "ser bom em matemática". Por que as pessoas associam o contador com alguém que é bom em matemática? Observe que isto está presente até na própria definição de contabilidade. Meu dicionário Houaiss informa que a contabilidade é a ciência que estuda os métodos de cálculo ou que a contabilidade, no seu uso informal, é o cálculo e planejamento de despesas e ganhos.

Existem três possíveis respostas para esta pergunta. Em primeiro lugar, as pessoas não sabem o que faz um contador. Para não fazer feio, fazem uma associação imediata entre "conta" e a profissão, imaginando que só fazemos contas. Acho esta uma boa explicação para o nosso mistério.

Outra resposta possível decorre da história da contabilidade. A primeira obra publicada com o método das partidas dobradas era um livro de matemática. Durante décadas este livro serviu para propagar e ensinar o método das partidas dobradas. No século passado, uma das primeiras aplicações dos computadores era para ajudar na contabilidade nos cálculos necessários dos lançamentos contábeis. Assim, a contabilidade sempre esteve muito próxima da matemática, a tal ponto que algumas pessoas acreditam que ambas sejam ciências exatas.

Terceiro lugar, talvez as pessoas estejam certas e para ser contador é necessário saber um pouco de matemática. Podemos descobrir isto através de pesquisas, verificando se os bons contadores possuem uma habilidade com números acima da média. Na universidade onde trabalho, eu não consigo distinguir os alunos, e futuros profissionais, como substancialmente melhores em métodos quantitativos. Além disto, conforme uma postagem anterior, sobre um estudo no exterior, mostra que o contador possui uma habilidade quantitativa intermediária. Por isto, talvez esta resposta não esteja correta e devamos conformar com as duas anteriores: ou as pessoas não sabem o que faz um contador ou decorre da vinculação histórica com a matemática.

Contabilidade e Relacionamento

Anteriormente postei sobre uma piada velha sobre a contabilidade. O texto a seguir, de autoria da Claudia Cruz, mostra que é possível ser engraçado e original. Fantástico:

Se você está começando uma relação nova, deve observar a norma CPC 43/IFRS 1 - Adoção Inicial e adotar muita prudência no reconhecimento de ativos e passivos.

Se os dois estão mesmo apaixonados, essa situação deve ser evidenciada com base na norma CPC 04/IAS 38 - Ativo Intangível, porque a paixão não tem substância física, mas faz uma diferença enorme para o "negócio".

Mas é bom lembrar que em todo negócio sempre há risco. Por isso, mesmo com muitos intangíveis contabilizados, melhor fazer Contratos de Seguro (CPC 11/IFRS 4), para evitar perdas maiores no futuro.

Se o casal está percebendo que ambos estão crescendo com a relação, há uma norma a ser observada: CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado. O que cada um tem adicionado à vida do outro?

Se o casal acha que deve oficializar a relação, no processo de reconhecimento, trata-se de uma Combinação de Negócios (CPC 15/ IFRS 3).

Em relação à evidenciação, precisam avisar a todas as partes interessadas no negócio/casamento (amigos e familiares), então adota-se a norma CPC 05/ IAS 24 - Divulgação sobre Partes Relacionadas.

Mas deve-se reconhecer que o casamento tem um custo a ser partilhado, por isso é imprescindível adotar a norma CPC 08/IAS 39 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários.

Porém, se resolverem apenas morar juntos, talvez se deva adotar outra norma: CPC 18/IAS 28 - Investimento em Coligada e em Controlada (vai depender de quem controla quem e em que medida).

Se forem morar juntos, mas a relação for aberta, é necessário observar a norma CPC 19/IAS 31- Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture).

Em todo o caso, como a essência prevalece sobre a forma legal, casando ou morando juntos, alguma estrutura deve ser criada para a convivência ou andamento do negócio, daí algumas normas são necessárias: CPC 27/IAS 16 - Ativo Imobilizado, CPC 28/IAS 40 - Propriedade para Investimento, CPC 16/IAS 2 - Estoques, CPC 30/IAS 18 - Receitas e CPC 20/IAS 23 - Custos de Empréstimos, que foram tomados para as aquisições.

A evidenciação vai depender do regime de partilha adotado (comunhão total, parcial ou separação de bens): CPC 36/IAS 27 - Demonstrações Consolidadas no primeiro caso e CPC 35/IAS 27 - Demonstrações Separadas, nos demais.

Se a relação estiver rotineira, tem que dar um upgrade, tentar evidenciar o verdadeiro valor de tudo que está envolvido, então se resgata o custo histórico e se efetua um Ajuste a Valor Presente (CPC 12).

Se houver contribuição de terceiros [amigos, familiares, psicólogos] para assegurar a continuidade do negócio, deve-se reconhecer por meio da adoção da norma CPC 07/IAS 20 - Subvenção e Assistência Governamentais.

Se mesmo com upgrades e benefícios negociados [CPC 10/IFRS 2 - Pagamento Baseado em Ações], o negócio/casamento estiver com sua continuidade ameaçada, outras normas devem ser adotadas, porque a maioria das normas é adotada no pressuposto da continuidade.

Se houver negociações favoráveis na tentativa de manter o curso normal das atividades [do casamento], devem ser consideradas as seguintes normas: CPC 23/IAS 8 - Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erros e CPC 24/IAS 10 - Eventos Subsequentes.

Caso se conclua que a continuidade do negócio está realmente ameaçada, as partes devem ser prudentes e, mesmo que não seja exatamente o fim do exercício, levantar Demonstrações Intermediárias (CPC 21/IAS 34) de todos os ativos e passivos adquiridos durante o curso normal do casamento e também buscar Informações por Segmento (CPC 22/IFRS 8) a fim de que nenhum passivo ou despesa do negócio fique de fora do inventário.

Após o levantamento dos ativos e passivos conjuntos, para a partilha é muito provável que as partes sejam prudentes e adotem a norma CPC 25/IAS 37 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, provisionando as prováveis perdas.

No processo de separação propriamente dita, há várias normas a serem observadas: CPC 01/IAS 36 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, para que nenhuma das partes seja forçada a um negócio que não seja feito com base no valor justo dos ativos e passivos envolvidos; CPC 03/IAS 7 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, que evidencia quem de fato gerou e/ou consumiu o caixa e equivalentes de caixa do negócio. Por fim, deve ser adotada a norma CPC 31/IFRS 5 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada.

Após a realização da separação oficial, se uma das partes toma conhecimento de que a outra parte está tentando constituir um novo negócio, deve procurar a terceira parte envolvida e assinar com ela um Contrato de Concessão, nos termos da norma ICPC 01/IFRIC 12. Porém não deve esquecer-se de excluir a cláusula que diz que ao final no prazo da concessão, os ativos retornam ao poder concedente. Lembrete: Na norma que rege os contratos de concessão o que prevalece é o que está no contrato e não a essência!

Links

Previsões para 2011: inclui a compra do Facebook pela Apple 

A tragédia do Rio e a falta de transparência nas doações 

O banheiro de Gaspin, ex-executivo da NBC, que custou 200 mil dólares 

Visita a fábrica de guitarras Fender em 1959: observem o processo de produção  

Capa da Time e o mercado acionário 

A crise dos blogs: aumenta o número de pessoas que desistem de blogar 

Finanças pessoais: uma entrevista interessante com o ex-tenista Boris Becker 

Universidades 2


Mas observe que o gráfico mostra que a produção científica dos Estados Unidos na área de economia tem-se reduzido com o passar do tempo.

Universidades



O gráfico mostra a distribuição dos prêmios Nobeis em ciências pelos países. Os Estados Unidos ganharam 209 prêmios, bem acima da Alemanha (com menos de 80) e Inglaterra. Mas observe que o quarto colocado é a Universidade de Harvard, que possui mais prêmios que a França. Cambridge, com mais de vinte prêmios, tem está na frente da Rússia. A explicação deste desempenho está na segunda figura, que mostra que Harvard possui um orçamento de 25 bilhões de dólares.

Para se ter uma idéia, somente o orçamento de Harvard corresponde a 60% do orçamento total do Ministério da Educação e Cultura.

Carro elétrico

A BBC, querendo promover o carro elétrico, promoveu uma viagem de Londres a Edimburgo. O tempo da viagem foi de quatro dias, com nove paradas de dez horas para recarregar as baterias do Mini elétrico. Na década de 1830 uma diligência fazia o mesmo percurso na metade do tempo, com cinqüenta paradas para mudar os cavalos, cada parada com tempo de dois minutos.

Casa de Banqueiro

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que controlava o Banco Santos, foi despejado da casa em que morava no Morumbi, na zona sul de São Paulo. Ele não pagava o aluguel mensal de R$ 20 mil desde 2004. A dívida já alcançara R$ 1,727 milhão. (Ex-dono do Banco Santos é despejado de casa do Morumbi por dever aluguel – Mário César Carvalho – Folha de São Paulo)

O incrível é a lentidão da justiça nestes casos. E a notícia comprova isto duplamente. Em primeiro lugar, o longo tempo em que ele não pagava aluguel (desde 2004) e somente agora, sete anos depois, foi executado. Em segundo lugar, a gestão da massa falida, que leva anos para finalizar o processo.

Melhores empresas para se trabalhar

A revista Fortune divulgou a lista das melhores empresas para se trabalhar. Entre as empresas de contabilidade, uma surpresa: Plante & Moran ocupou a 26ª. posição. Deloitte, em 63ª., Price em 73ª. , Ernst em 77ª e KPMB em 86ª. também estão na lista.

A Plante & Moran é uma pequena empresa, com 1.478 empregados (compare com os 38.493 da Deloitte, os 28.168 da Price, os 23.102 da Ernst ou os 19.892 da KPMG). Uma informação importante é que a Plante não paga maiores salários. Pelo contrário. Enquanto um assessor de auditoria recebe 64,3 mil dólares na Plante, um administrador da Ernst ganha 102,6 mil dólares.


 

20 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio


A agonia de ficar ao lado de quem não entende de computador

Teste 414

A falecida esposa de Charles Munger, principal assessor de Warren Buffett, deixou como herança 25 ações da Berkshire Hathaway para a Henry E Huntington Library & Art Gallery. Lembrando que uma das características da empresa Berkshire é não fazer split das ações, o valor aproximado da doação é de:

3 dólares
3 mil dólares
3 milhões de dólares


 

Resposta do anterior: O imposto sobre alma é criação de Pedro, da Rússia, que não acreditava em almas; o imposto sobre tatuagem é cobrado no Arkansas desde 2005; o imposto sobre vendas de substâncias ilegais foi cobrado no Tennessee entre 2005 a 2009. Fonte: aqui

Links

A solução do Fasb para Repo irá funcionar?

Como explicar o sucesso de Freakonomics?

Como explicar o APT?

As partes valem mais que o todo?

O Twitter pode ser usado para especular no mercado? O caso do rapper

Quais os melhores salários no futebol?

Um estrangeiro entende o conceito de "motel" brasileiro?

Quais foram as principais multas e acordos da CVM?

Por que a DRE termina no lucro líquido e não no lucro operacional?

O lucro operacional é o resultado obtido pela entidade, antes da distribuição da remuneração do capital de terceiros (despesas financeiras) e capital próprio. Se estivermos interessados no resultado da entidade, o lucro operacional é a parte mais importante da demonstração do resultado do exercício. Entretanto, as pessoas não olham o lucro operacional e sim o lucro líquido. Qual seria a explicação para isto?

Duas respostas que se complementam. Em primeiro lugar é importante relembrar que quando o método das partidas dobradas foi divulgado por Pacioli a principal finalidade era apurar o resultado do empreendimento. Como na época o financiamento por terceiros não era tão relevante, isto significava determinar o resultado do proprietário. Devemos lembrar que o contador era um empregado do dono do negócio e seu trabalho era considerado um segredo. Assim, por tradição, a apuração do lucro líquido tem sido mais relevante que o lucro operacional por séculos. Mudar isto leva muito tempo.

Em segundo lugar o lucro operacional é mais controverso que o lucro líquido. Devemos incluir ou não as receitas financeiras? E os resultados de atividades não recorrentes? Tanto é assim que modernamente tem-se enfatizado mais a dicotomia resultado recorrente versus não recorrente. No Brasil especificamente tivemos uma "contribuição" da Lei 6404, que considerava como parte do lucro operacional as despesas financeiras. Isto tornou difícil considerar o lucro operacional uma medida confiável. Além disto, convencer as pessoas que o lucro operacional não deveria incluir as despesas financeiras é mais difícil ainda.

Condorsement

O Financial Times (2011 is the year of accounting 'condorsement,' Fitch says; Tracy Alloway, 19 jan 2011) discute a questão da convergência contábil. Lembrando que em 2011 países como Canadá, Coréia e Índia devem implementar as IFRS, o Financial Times afirma que o relevante é a questão "Estados Unidos".

Questões importantes, como a contabilidade de valor justo, ainda provocam sérias divergências entre o Fasb e o Iasb. Mas a Fitch Ratings acredita num meio termo. Segundo um relatório publicado na terça-feira, a Fitch de dois aspectos favoráveis a convergência dos Estados Unidos. Primeiro, existe uma boa vontade dos Estados Unidos em adotar as IFRS e isto incluiria a possibilidade de empresas estrangeiras com ações negociadas na bolsa naquele país usarem as normas internacionais. A própria SEC tem defendido a convergência há anos. O segundo aspecto diz respeito à importante participação dos Estados Unidos no Iasb: quatro membros da diretoria do IASB e cinco membros do conselho de administração, de um total de 15 e 17 membros, são representantes estadunidenses.

Para resolver o problema da convergência do maior mercado acionário do mundo existe a palavra condorsement, junção de convergência (convergence) e aprovação (endorsement). Na prática isto significaria preservar os US GAAP e a IFRS ao longo do tempo, enquanto a convergência ocorre ao longo do tempo. Depois da convergência, o Fasb aprovaria um a um as IFRS, num processo semelhante ao da Comunidade Européia e do CPC, no Brasil. Isto manteria um controle dos padrões que seria adotados nos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo que no longo prazo os Estados Unidos poderão estar convergentes, ao manter uma forte participação no Iasb preserva a qualidade das normas.

Distribuição da GS

O Goldman Sachs informou que pagou 15,38 bilhões de dólares em compensações e benefícios aos funcionários em 2010. Apesar deste valor significar uma redução de 5% em relação ao ano anterior, o valor representa 39,3% da receita, um dos menores valores da sua história. Por empregado, segundo informação do Wall Street Journal, isto representa quase 500 mil dólares, uma redução de 14% quando se compara com 2009. Entretanto, o valor médio, como qualquer média, deve ser tomado com cuidado: afinal, os 475 partners devem receber milhões de dólares.

Apesar da redução, a BBC lembra que o lucro também caiu (38%), assim como as receitas (13%). O anúncio do Goldman poderá provocar uma reação em outras instituições financeiras, que serão pressionadas a remunerar melhor seus executivos.

Entretanto, o Wall Street Journal critica a transparência do resultado da instituição. O jornal compara o Goldman com o Morgan: enquanto as informações contábeis do Goldman somam 15 páginas, a do Morgan chega a 23 páginas, com mais detalhes sobre a receita regional, o setor de crédito corporativo, por exemplo.

Caixa da Apple


Ao final do quarto trimestre de 2010 a Apple tinha em caixa e equivalentes 10 bilhões de dólares. Somando a este valor as aplicações de curto prazo e de longo prazo tem-se 60 bilhões de dólares disponíveis para investimentos futuros. Em relação ao final de 2009 ocorreu um acréscimo de 20 bilhões de dólares (figura). Neste ritmo, ao final de 2011 a Apple poderá ter 100 bilhões de dólares. Na realidade, como o acréscimo de recursos aumentou nos últimos trimestres, talvez a empresa atinja esta marca antes do final do ano.

Os 60 bilhões em caixa, equivalentes e aplicações financeiras são superiores ao valor de mercado de empresas como Visa (60 bilhões), Boeing (53 bilhões), Nike (40 bilhões) e Nokia (40 bilhões).

O valor levanta a questão: a empresa deve fazer distribuição do dinheiro para os acionistas? Afinal 60 bilhões é muito dinheiro, acima das necessidades para investimento da empresa.

Isto depende do cenário futuro da empresa. Se os recursos forem aplicados e gerarem um acréscimo de valor na empresa, é coerente a retenção do dinheiro. Entretanto, dinheiro parado ou com rentabilidade reduzida pode implicar, no médio prazo, na destruição do valor. Veja a posição de Damodaran aqui.

Fatos sobre o Brasil

O índice de desenvolvimento humano da ONU, que mede os padrões de vida com fatores como acesso à educação e saúde, do Complexo do Alemão é próximo ao do Gabão, um dos mais baixos da escala, Em comparação, o índice de desenvolvimento de bairros de luxo do Rio como Gávea e Leblon são maiores do que o da Noruega, o topo no ranking dos países. (via Marginal Revolution)

19 janeiro 2011

Lançamento

Rir é o melhor remédio


Redução de custo

Teste 413

Os governos são inventidos quando o assunto é criar impostos. Da lista abaixo, diga qual situação não é verdadeira:

Imposto sobre Alma - Mesmo se você não acredita na existência da alma, você deveria pagar
Imposto sobre tatuagem
Imposto sobre vendas de substâncias ilegais


 

Resposta do Anterior: 100 libras por dois autores em dez anos. Isto significa dizer que para cada ano de trabalho os autores pagaram 5 libras esterlinas. Fonte: Aqui

Por que falamos “estou em débito com você”?

Em contabilidade, a palavra débito corresponde a um termo neutro. Quando uma empresa compra uma mercadoria, debita estoques e credita bancos, indicando que uma aplicação dos recursos em estoques. Quando se paga uma dívida com o banco, debita empréstimos e credita bancos, mostrando que recursos foram destinados a redução da dívida. Se a empresa obteve receita, debita bancos e credita receita, indicando que valores apareceram na conta corrente da empresa em razão das receitas geradas. Assim, no método das partidas dobradas, o termo é uso de uma maneira neutra, referindo o destino dos recursos. (Para uma explicação mais detalhada, vide o livro de minha co-autoria "Contabilidade Básica".)

Entretanto no senso popular é comum as pessoas falarem: "estou em débito com você". Neste caso, indica que estaria em dívida com alguém. O sentido do termo débito é negativo na linguagem popular. Qual a razão para que isto ocorra?

O dicionário registra que a origem do termo deve-se ao latim debitum que corresponde a uma dívida especial de dinheiro. Do latim existe a palavra debere que corresponde a dever, estar obrigado a alguma coisa. O Houaiss informa que o termo aparece na língua portuguesa em 1485, nove anos antes da publicação do livro de Luca Pacioli. Isto indicaria que o termo já existia antes de ser incorporado pela contabilidade. Assim, talvez o problema esteja no fato da contabilidade ter usado uma palavra errada para referir-se a destino.

Mas o fato de ainda hoje permanecer usando "débito" com o sentido negativo pode ter uma explicação. As pessoas geralmente usam conta corrente numa instituição financeira. Quando um banco retira dinheiro da conta corrente do cliente, em virtude de um pagamento feito com um cheque, aparece no extrato um débito. Observe que neste caso o banco está informando a transação sob sua ótica: saiu dinheiro da conta corrente do cliente e conseqüentemente saiu dinheiro do banco. Assim, as pessoas quando retiram seu extrato observam que ocorreu um "débito" quando o dinheiro saiu da sua conta, que é um evento negativo.