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03 julho 2008

Marca e registro contábil

Registro de marca no balanço só vale em caso de aquisição
Valor Econômico - 3/7/2008

A nova lei contábil brasileira criou uma nova linha no balanço patrimonial das companhias que está dando o que falar. As empresas contarão agora com uma classe de ativos denominada intangível. Dentro dessa conta estarão, entre outros, as marcas adquiridas por uma empresa. É justamente esse ponto que está gerando confusão. E bastante.

Não está claro para as companhias que esse registro só existirá quando o negócio contar com uma marca proveniente de aquisição. As novas regras não abrangem as marcas desenvolvidas internamente. "Se você não pagou por ela e não pode vendê-la sozinha, não há porque registrar", explicou Francisco Papellás Filho, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). "Logo depois que saiu a lei, o telefone não parou de tocar", contou Eduardo Tomiya, diretor da empresa de consultoria e gestão de marcar BrandAnalytics.

"Existem empresas que possuem pouco patrimônio em ativo fixo, mas uma marca forte e que estavam comemorando." Ele teve que explicar para todos que o registro no balanço só existe se a marca em questão for fruto da compra de outra companhia. A mesma dificuldade foi percebida pela advogada Cecília Manara, do escritório especializado em propriedade intelectual Manara & Associados. "Tem muita gente confusa no mercado.

"O registro dos intangíveis no balanço será regulamentado por uma instrução conjunta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) . A consulta pública sobre esse pronunciamento terminou em maio, mas o CPC ainda está processando as contribuições antes de emitir o texto final do tema. A regra final deve sair em breve, mas não há uma data prevista.

O grupo classificado como intangível contará com outros registros, além das marcas. Eliseu Martins, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração (FEA) da USP e vice-coordenador técnico do CPC, afirmou que nesse item também irão patentes, direitos autorais e até softwares. "Antes ficava tudo separado no balanço. Agora, estarão todos na mesma conta. Trata-se de uma reclassificação.

"Wanderlei Olivetti, da Deloitte, destacou que anteriormente a discriminação de alguns itens ficava confuso entre as linhas do imobilizado, do diferido e dos investimentos, mas a partir da nova lei, terão um lugar específico.O valor de uma marca comprada constará no balanço patrimonial. Quando ocorrer uma aquisição, o preço pago pela empresa adquirida aparecerá nas demonstrações financeiras da compradora em diferentes itens, como aumento do estoque, do ativo imobilizado e agora também do intangível - que inclui ainda o ágio por expectativa de rentabilidade futura. Conforme o perfil de cada negócio, o valor estará mais concentrado em um ou outro item. "Boa parte do valor de uma empresa de cartão de crédito será atribuída à marca e à lista de clientes", exemplificou Tadeu Cendon, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC). Ele destacou ainda que as farmacêuticas, que adquirem diversas patentes de medicamentos, também têm boa parte de seu valor nessa conta.

Tomiya, da BrandAnalytics, lembra porém que a continuidade de uma marca depende muito do uso que é feito dela. "O valor está ligado à tradição, mas precisa ser alimentado constantemente." O executivo disse que não é possível estimar em quanto tempo uma marca pode se deteriorar por falta de uso, mas acredita que isso ocorre rapidamente.A análise do especialista é importante porque em caso de negócios em que a marca adquirida não for utilizada é possível que haja baixa contábil no futuro.

Com o passar do tempo, se aquela marca não puder mais gerar resultados futuros para a empresa que a detém nem ser vendida isoladamente por valor compatível ao pago na aquisição, será preciso fazer esse ajuste nas demonstrações contábeis. A marca não terá valorização no balanço. Eventuais ajustes serão sempre, se necessários, para redução do montante contabilizado. Possíveis benefícios da melhoria da marca seriam obtidos caso houvesse sua venda. Nessa situação, o dinheiro recebido teria impacto no resultado, mas não há correção desse intangível para cima.Na opinião de Cecília Manara, a nova lei, apesar da confusão, está despertando a atenção das companhias para a questão de avaliação da marca. "É uma ferramenta estratégia de decisão. Por isso, é importante para a empresa saber quanto vale sua marca. Até mesmo para negociar melhor uma eventual venda, já que o comprador pagará por ela.

"Até mesmo para o acesso das empresas a crédito, os intangíveis, o que inclui a marca, estão ganhando relevância. Em evento recente sobre o capital fornecido pelos fundos de participação em empresas (private equities), Eduardo Rath Fingerl, diretor da área de mercado de capitais do BNDES, destacou o crescimento da importância do tema. Desde abril, o banco passou a adotar formalmente em suas avaliações das companhias uma metodologia que dimensiona o valor de intangíveis, desenvolvida junto com a Coppe-UFRJ. "Esse é um aspecto cada vez mais importante. Basta ver que antigamente se tombavam edifícios e agora se tombam patrimônios culturais como a bossa nova. É um sinal dessa mudança de paradigma", disse Rath Fingerl. Os intangíveis são um dos critérios usados agora pelo BNDES para se chegar à nota interna que as empresas e projetos recebem. No método desenvolvido, são analisadas questões qualitativas relacionadas à estratégia, ao ambiente, ao relacionamento, à estrutura da empresa e aos recursos humanos e financeiros. Nesses quesitos estão incluídas, por exemplo, a marca e a reputação da companhia, assim como a confiabilidade e a qualificação dos gestores e as estratégias de monitoramento de mercado e administração de riscos. Ou seja, fatores que não são quantificáveis em números hoje, mas que devem ter impacto no desempenho futuro. (Colaborou Catherine Vieira)

Links

1. Fundamentalistas, indices, desempenho e eficiente de Mercado (Sophia Grene - Financial Times - 23 June 2008 - Surveys FNM1 – 10)

2. Executivos Superstars

3. Diretores de cinema revolucionários e evolucionários

4. O Brasil já está adotando o XBRL

5. Mercado de trabalho brasileiro está aquecido, sendo o NY Times

6. Estados Unidos pedem trégua ao Iasb na emissão de normas

7. Álcool Brasileiro: produção e demanda

8. Fluxo de Caixa ou Lucro para avaliar a Amazon?

9. Novas regras para a indústria de petróleo

O futuro da GM 2

Ainda sobre o futuro da GM veja a reportagem do WSJ:

Por que Wagoner resiste à frente da GM?
GEORGE ANDERS
The Wall Street Journal Americas - 2/7/2008

Rick Wagoner pintou um quadro bonito quando assumiu a presidência executiva da General Motors Corp., em junho de 2000. A participação da GM e suas afiliadas no mercado mundial poderia aumentar de 25% para 28%, disse. As margens de lucro continuariam altas. As ações da empresa ficariam entre as 25% com melhor desempenho no mercado. “As oportunidades futuras são virtualmente ilimitadas”, declarou.

As coisas não funcionaram assim. Em vez disso, Wagoner tornou-se o Sísifo da indústria americana, lutando constantemente para corrigir o incorrigível. Às vezes ele consegue um pequeno progresso cortando custos e reanimando a linha de produtos. Só que aí novas crises deixam a GM num estado pior do que antes.

Na semana passada, as ações da empresa chegaram ao ponto mais baixo em 53 anos. Elas caíram 83% desde que Wagoner assumiu. A participação da GM no mercado mundial está em 12,5%.

Na maioria das empresas, acionistas e conselheiros furiosos já teriam chutado o diretor-presidente para fora há muito tempo. Poderiam ter encontrado alguém melhor. Ou teriam feito o jogo do bode expiatório, assim como times perdedores ficam trocando de técnico, sem contar como muitos outros fatores podem estar prejudicando a atuação.

Então por que Wagoner ainda está no emprego? Alguns fatores incomuns que estiveram em jogo na GM nos últimos anos merecem uma olhada mais de perto.

As peculidaridades da empresa começam com sua base de acionistas. Empresas com ações debilitadas geralmente são alvo de investidores ativistas, que adquirem grandes fatias delas e daí partem para mudanças na diretoria. Mas na GM ativistas de renome tiveram tanto impacto quanto uma criancinha estapeando o capô de um utilitário esportivo: uns pequenos estragos na lataria, mas nenhum resultado capaz de mudar o destino das coisas. Carl Icahn fez uma rápida incursão nas ações da GM em 2000. Kirk Kerkorian adquiriu muito mais em 2006. Nenhum liderou um golpe de sucesso; ambos acabaram vendendo.

Parece que ativistas não conseguem fazer consertos rápidos nos grandes problemas da GM, como seus custos com empregados ou mix de produtos. Por isso, a tendência de acionistas frustrados é passar suas ações adiante, em vez de ficar para lutar.

Conselheiros da GM também têm um papel crucial na longevidade de Wagoner. Em vários momentos críticos, o principal conselheiro independente, George Fisher, ex- presidente da Kodak Corp., disse acreditar que a GM está no caminho certo com sua atual liderança. Em entrevistas ao Wall Street Journal em maio e junho, Fisher endossou a estratégia de Wagoner e afirmou que a cotação das ações da empresa não é uma grande preocupação do conselho ou da diretoria.

Os defensores dizem que Wagoner obteve grandes avanços ao negociar custos trabalhistas menores na América do Norte. Também lhe dão crédito pela expansão da GM na China, no Brasil e em outros mercados emergentes, por estimular a empresa a desenvolver carros elétricos e pela melhora das suas posições em rankings de qualidade.

Mas o prejuízo operacional da empresa está corroendo seu caixa, que era de US$ 24 bilhões em 31 de março e vem encolhendo uns US$ 3 bilhões por trimestre. Analistas estimam que ela precisa de pelo menos US$ 7 bilhões em caixa disponível a qualquer momento. Ou seja, ela pode se ver num sufoco para captar mais dinheiro dentro do próximo ano.

A GM poderia fazer muitas coisas para captar recursos rapidamente, como vender ativos ou desmembrar seus lucrativos negócios no exterior. Por volta de 2010, parte da redução nos custos salariais negociados por Wagoner no ano passado deve começar a aliviar a pressão financeira da companhia.

Mas as ações da GM e sua classificação de crédito não dão certeza aos participantes do mercado de que a empresa possa atravessar o próximo período difícil. Se o destino da GM em 2009 depender de sua capacidade financeira, os conselheiros podem querer rever se Wagoner ainda é a melhor pessoa para o trabalho.

Estratégia diferente para Games

A The Economist (Asian invasion, 26/06/2008) mostra uma maneira diferente de ganhar dinheiro com games. Na Ásia, os produtores de games adotam um modelo onde o jogo é distribuído gratuitamente. Para os viciados, pequenos pagamentos são exigidos para que o jogador possa ter acesso a itens extras (personagens, armas e novos ambientes). Esses viciados pagam a diversão gratuita dos outros clientes.

Ainda Exxon Valdez

Conforme postado anteriormente aqui, a Exxon teve uma importante vitória referente ao desastre ambiental com o navio Exxon Valdez. Tim Reason, da CFO (The Exxon Valdez Crashes into Fair Value Accounting, 26/06/2008) lembra que recentemente o Fasb propos mudanças como o valor justo de litígios pendentes são evidenciados.

Levine, who says about a quarter of his practice involves litigation, still says it is possible to apply valuation techniques to litigation. "Valuation is expected future cash flow divided by risk," he says. If it isn't possible to discount the future liability of a lawsuit from cash flows, he says, then investors need as much information as possible to decide how much to increase the risk factor. "Obviously, that is subjective, but the beauty of the market is that it reaches a consensus."

Recursos no Paquistão sob questionamento



Segundo reportagem do Washington Post Staff Writer (U.S. Funding to Pakistan Plagued With Problems, GAO Report Says, Robin Wright, 25/06/2008, A09), mais de um terço dos recursos que a administração Bush investiu no Paquistão desde 11 de setembro de 2001 para ajudar na luta do terrorismo estão sujeitos a problemas contábeis, incluindo duplicação e fraude.

Inbev e Anheuser-Busch


Diante do interesse natural na questão da aquisição da Anheuser-Bush pela Inbev, faço uma listagem de alguns textos encontrados na internet sobre o assunto:

1) Em Who Can Cut More Jobs: InBev or Anheuser-Busch?, Heidi N. Moore faz uma análise sob a ótica do número de empregos que serão cortados nas duas situações (com a compra ou sem a compra). A Anheuser-Busch (AB) anunciou, como contra-ataque a proposta, que irá implementar um programa de corte de custos que implicará, entre outras coisas, na redução de empregos. Entretanto, uma das objeções a aquisição é a possibilidade de existir redução no número de empregados. Os trabalhadores parecem favoráveis a AB independente. Para a administração atual da empresa AB é necessário convencer os acionistas que o corte de custos de 1 bilhão é melhor que uma ação a 65 dólares em dinheiro.

2) No Deal Journal, do Wall Street Journal (Could InBev-Anheuser Brew-Haha Yield a Mexican Beer Giant?) discute a possibilidade da criação de uma empresa Mexicana gigante com a junção da Modelo e Femsa. Talvez as autoridades mexicanas não fiquem satisfeitas em perder as empresas para os estrangeiros e incentive o acordo.

3) Em Anheuser-InBev: August Busch’s Conference Call Blunder, Dennis K. Berman comenta a reação de August Busch IV a um questionamento de um acionista.

4) Segundo Duane D. Stanford e Loveday Morris, a InBev NV necessita de adicionais 7 bilhões para persuader o board a AB, além dos 46,3 bilhões já oferecidos.

5) Para David Silver (Anheuser to In Bev: "This Bud's Not For You") apesar de Warren Buffet ter somente uma pequena parcela de ações da AB, o fato de ser Buffet e ser o segundo maior acionista deve ter uma papel importante no negócio. A direção tomada por Buffet deve ser seguida por muitos outros acionistas.

O futuro da GM


Uma possibilidade, apresenta pela Business Week em A GM-FORD Marriage (via Merging GM with Ford?, Brian White), é a junção da GM e Ford.

A longo prazo é uma opção interessante para ambas. Mas o problema é que a GM necessita de uma solução de curto prazo. White acredita que seja uma distração para ambas.

Para Paolo Pezzutti (Is General Motors Closer to a Default?) a estratégia de resultado baseado em carros grandes está errada no atual mercado.

Greg Bensinger e Jeff Green, da Bloomberg, acreditam que um default na GM seja algo possível de acontecer.

Mas como mudar para adaptar a uma situação de maior eficiência e competição no preço?

Victoria Erhart questiona se a estratégia do carro elétrico poderia ser a solução. A GM está incentivando a divisão Volt na tentativa de derrotar a Toyota.

No Gráfico, a cotação da GM nos últimos dozes meses.

Como calcular o valor de uma Social Networks (SN)

Michael Arrignton propõe, em Calculating the Real Market Value of Social Networks (23/06/2008) uma metodologia para avaliar empresas como Orkut, Facebook e MySpace.

O processo começa determinando o Mercado de cada empresa. Já foi observado que diferentes países possuem diferente Social Networks (SN) predominantes. No Brasil, por exemplo, é o Orkut. Em cada país, Arrignton usou a média de gasto em propaganda, conforme estimativa da PWC. Por exemplo, na Austrália o gasto médio é de 148 dólares. Usando esse valor, multiplou pelo número de usuários, para determinar o valor relativo de um usuário. Assim, o usuário do Orkut no Brasil é diferente do usuário do MySpace nos Estados Unidos, já que gastam de maneira diferenciada. Assim, o Orkut ficou em 14º. Na lista de Arrignton (MySpace ficou em primeiro, com um valor relativo de vinte vezes o Orkut.

O próximo passo foi verificar três negociações ocorridas no mercado (Facebook, Bebo e LinkedIn) e sua relação com o peso estabelecido pelo autor. O preço da Facebook e LinkedIn estão próximos, mas não a Bebo. Como a Facebook foi vendida por 15 bilhões de dólares e a relação entre Facebook e Orkut é de 16,4 para 1, o valor do Orkut é determinado como sendo 916 milhões (ou 15 bilhões por 16,4).

02 julho 2008

Rir é o melhor remédio




Fonte: Aqui

Ainda sobre remuneração

Martin Sullivan, chefe executivo deposto da AIG, poderá receber 68 milhões de dólares conforme a Corporate Library, um empresa de pesquisa em governança. Os seus acionistas perderam 41% do valor de mercado desde que ele assumiu a empresa em março de 2005.

Fonte: Aqui

Ford está queimando o Caixa?

Um dos índices mais interessantes de fluxo de caixa é a “taxa de queima” (aqui).
Segundo o Wall Street Journal (Ford Reels as Truck Sales Plunge --- Soaring Gas Prices Force New Production Cuts; Big Three Facing a Cash Drain, Matthew Dolan, John D. Stoll & Kate Linebaugh, 21/06/2008, A1) questiona se a Ford não estaria queimando seu caixa.

Em 31 de março as reservas de caixa da empresa eram de 33,8 bilhões (GM tinha 23,9 bilhões) e estava gastando muito nos novos modelos. Os executivos dizem que possuem caixa para muitos anos, apesar dos problemas atuais.